Definições extraídas do Dicionário de Formação Profissional
• CBO
• Educação
Trabalho e Educação
• Itinerário Formativo Profissional
Família Ocupacional
Treinamento Profissional
• Competência
Normalização das Competências
Novas Competências
Sistema de Desenvolvimento de Competências
•
Qualificação do Trabalhador
Qualificação Formal – Qualificação Real
Qualificação Profissional
FIDALGO, Fernando e MACHADO, Lucília. Dicionário de Formação Profissional. NETE
– Núcleo de Estudos sobre Trabalho e Educação: Belo Horizonte, 2000.
CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES
CBO
A CBO – Classificação Brasileira de Ocupações - consiste na ordenação das várias
categorias ocupacionais existentes no mercado de trabalho brasileiro. Origina-se do
Cadastro Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho e da Classificação
Internacional Uniforme de Ocupações (CIUO) da Organização Internacional do Trabalho,
de 1968. Publicada pela última vez em 1994, foi editada com este título em 1982. A
unidade básica deste sistema de classificação – a ocupação - é entendida como o conjunto
de postos de trabalho semelhantes quanto à sua natureza e às qualificações exigidas dos
seus ocupantes, com base nas tarefas, obrigações e responsabilidades a eles atribuídas. É
um sistema de classificação importante, porque é adotado nas atividades de registro do
Sistema Nacional de Emprego (SINE), de preenchimento do contrato de trabalho, de
levantamento estatístico da RAIS, entre outras atividades. Atualmente, o Ministério do
Trabalho e Emprego está alterando a CBO, em virtude da modernização dos sistemas de
trabalho. Por um lado, trata-se de uma atualização que se justifica diante das modificações
do mundo do trabalho, mas pode representar, a base para que direitos adquiridos pelas
diversas categorias profissionais sejam eliminados, uma vez eliminada a sua referência
legal.
Ver: Relação Anual de Informações Sociais, Sistema Nacional de Empregos, Secretaria de
Políticas Públicas de Emprego.
Bibliografia:
BRASIL. Classificação Brasileira de Ocupações, editada pela Divisão de Classificação Brasileira
de Ocupações do MTE, http://www.mte.gov.br/serv/cbo, 1999.
BRÍGIDO FILHO, R. V. Classificação ou taxonomia das ocupações. Boletim Técnico do Senac, Rio
de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 131-140, set.-dez. 1988.
BRASIL. Portaria nº 1 334, de 21 dez. 1994, Brasília: MTE, 1994.
(MARIA LAETITIA CORRÊA &
LUIZ SARAIVA)
EDUCAÇÃO
Etimologicamente, o termo educação (do latim educatio, educare) tem dois significados.
Significa nutrir e alimentar algo. Significa, também, fazer esse algo sair (para fora de si). É
um fenômeno humano. Refere-se ao conjunto das influências do meio sócio-histórico sobre
os indivíduos, que levam-nos a adquirir ou fazer sair de si as características próprias do ser
humano (atividade, sociabilidade, consciência, liberdade e universalidade), diferenciandoos dos animais. Em um sentido restrito, designa a prática social, voluntária, intencional e
metódica exercida por agentes diversos (família, escola, igreja, partidos, associações, etc.)
através de procedimentos que têm como objeto o homem (crianças, jovens e adultos),
visando despertar, influenciar e canalizar o desenvolvimento das suas potencialidades de
ser humano, em correspondência com as expectativas que tais agentes têm quanto a essas
capacidades. A educação cobre toda a existência humana, tem motivações diversas, assume
diferentes formas, passa por uma tensão particularmente sensível entre as finalidades
humanistas (desenvolvimento do ser humano na sua integralidade) e utilitaristas (em
resposta a uma necessidade prática: econômica, cívica, religiosa, política, etc.). À primeira
finalidade, fala-se de uma educação desinteressada em contraposição à interessada, essa
com fins pragmáticos. Essa tensão se estende nas tentativas de subordinação da educação às
forças de setores dominantes da sociedade e aos seus esquemas de produção cultural, de
pensamento, de sentimento e de ação.
Ver: Direito à educação, 235, Ensino-aprendizagem, Universalização da educação básica.
Bibliografia:
BRANDÃO, C. R. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, v. 20, 1982.
BRUNNER, R. Dicionário de Psicopedagogia e Psicologia Educacional. Petrópolis: Vozes, 1994.
DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo; Brasília: Cortez; MEC &
UNESCO, 1999.
DUARTE, S. G. Dicionário Brasileiro de Educação. São Paulo: Edições Antares; Nobel, 1986.
OIT. Formación profesional: glosario de términos escogidos. Ginebra: OIT, 1993.
(JANETE EVANGELISTA &
LUCÍLIA MACHADO)
TRABALHO E EDUCAÇÃO
Confluência de duas práticas sociais -Trabalho e Educação -, essa expressão pode se referir
a três domínios inter-relacionados: a) um campo conceitual e semântico, em processo de
estruturação, voltado para a sistematização de noções, a atribuição de significados, visando
organizar e fundamentar, com base em resultados de pesquisas teóricas e empíricas,
referenciais teóricos e metodológicos; b) um campo multidisciplinar e aberto de pesquisas
que vem sendo construído pelos estudiosos do trabalho ao incluir a problemática da
educação nas suas investigações e pelos estudiosos da educação nas suas relações com o
mundo do trabalho; c) um campo de ações e experimentações, desenvolvidas em diferentes
espaços e com objetivos variados, que se dedica a aplicar e testar a relevância teórica e
prática, social e educacional, dos conhecimentos que vêm sendo construídos nessa
confluência. Em todos esses campos, as práticas sociais do Trabalho e da Educação são
analisadas e consideradas em sua unidade dialética. São temas de suas preocupações, dentre
outros: o trabalho como princípio educativo; os vínculos entre vida produtiva, ciência,
cultura e humanismo; a constituição histórica do ser humano; formação intelectual e para o
trabalho; a construção da autonomia e da liberdade individual e coletiva no trabalho e na
educação; a emancipação humana; as relações sociais e a educação; a problemática
tecnológica e da organização do trabalho em suas relações com a qualificação do
trabalhador; conteúdos do trabalho e da formação profissional; capacitação e atualização
profissional; escolarização e desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos;
formação geral e formação especial; formação no trabalho ou em serviço; aprendizagem e
exigências de novas posturas comportamentais; dimensões educativas do trabalho coletivo;
re-qualificação pela educação continuada; relação escola-empresa; interação entre trabalho
e educação nas perspectivas multi, inter e trans-disciplinar; espaço do trabalho e sua cultura
pedagógica; desenvolvimento das habilidades do trabalhador; as articulações e contradições
entre educação e os sistemas produtivos; etc.
Ver: Análise do trabalho, Economia do trabalho, Estatuto do trabalho, Mundo do trabalho, Núcleo
de Estudos sobre Trabalho e Educação, Organização Internacional do Trabalho, Pedagogia do
trabalho, Rede Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho, Sociedade do
trabalho.
Bibliografia:
FRIGOTTO, G. (org.). Educação e Crise do Trabalho: Perspectivas de Final de Século. Petrópolis:
Vozes, 1998
LAUDARES, J. B. Dicionário Crítico de Educação: Educação e Trabalho. Revista Presença
Pedagógica. v. 5.nº 27. mai.-jun., 1999.
(SHEILLA MENEZES &
LUCÍLIA MACHADO)
ITINERÁRIO FORMATIVO PROFISSIONAL
TRAJETÓRIA FORMATIVA PROFISSIONAL
Termos que se referem às etapas sucessivas seguidas por um indivíduo no seu processo de
formação profissional. Existem diferentes trajetórias a serem seguidas, a exemplo da
formação universitária, que acompanha as grandes divisões de campos das ciências:
biológicas, exatas, humanas, e outras. No nível macro, a expressão refere-se à estrutura de
formação escolar de cada país, com diferenças marcadas, nacionalmente, a partir da história
do sistema escolar, do modo como se organizaram os sistemas de formação profissional ou
o modo de acesso à profissão. A principal discussão que se trava, sobre esta questão, está
ligada ao confronto entre os sistemas de formação mais generalistas e os sistemas
profissionais que formam qualificações a serem imediatamente utilizadas em certos postos
de trabalho. Esta modalidade reduz, para o patronato, o tempo e o custo da aprendizagem
no local de trabalho; mas reduz, para o trabalhador, sua mobilidade entre diferentes firmas
e/ou processos de trabalho.
Ver: Assalariamento, Iniciação profissional, Inserção no mercado de trabalho, Inserção social,
Relação educativa.
Bibliografia:
CRIVELLARI, H. M. T. A Trama e o Drama do Engenheiro: mudança de paradigma produtivo e
relações educativas em Minas Gerais. Campinas: FE/Unicamp, 1998. (Tese de Doutorado)
D’IRIBARNE, A. & VIRVILLE, M. Les qualifications leurs évolutions. In: La qualification du
travail; de quoi parle-t-on? Paris: La Doc. Française, 1978.
GRELON, A. (Org.) Les ingénieurs de la crise: titre et profession entre les deux guerres. Paris:
Editions de l’Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, 1986.
(HELENA CRIVELLARI)
FAMÍLIA OCUPACIONAL
GRUPO PROFISSIONAL
Família ocupacional é o conjunto de ocupações tecnicamente afins que se relacionam entre
si. É uma classificação das ocupações decorrente do processo de análise ocupacional. A
família ocupacional é estruturada pelos níveis de qualificação das ocupações, pelas linhas
de promoção e de transferência e pela comparação entre os conteúdos das ocupações. A
International Standard Classification of Occupations — 1988 (ISCO-88) classifica as
profissões pelo seguinte sistema de grupos: principal, substituto-principal, secundário e
grupos de unidades. Os critérios básicos utilizados para definir o sistema de grupos
profissionais são: o nível de habilidade e o nível de especialização exigidos no
cumprimento de determinadas tarefas e responsabilidades. Observa-se, na análise
profissional atual, uma tendência a se considerar duas dimensões: a área na qual o trabalho
é desenvolvido e o nível de preparação (treinamento ou competência) exigido para o
desempenho do trabalho.
Ver: Análise ocupacional, Classificação Brasileira de Ocupações, Ocupação.
Bibliografia:
INSTITUTO NACIONAL DE EMPLEO - Seminario Internacional de Medio Ambiente y Mercado
de Trabajo: Los desafios de la Formación Profesional La experiencia Española, Rio de Janeiro,
Julio/1999
INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION BUREAU OF STATISTICS - RESOLUTION
CONCERNING
THE
REVISION
OF
THE
INTERNATIONAL
STANDARD
CLASSIFICATION
OF
OCCUPATIONS
(October-November
1987)
http://www.ilo.org/public/english/120stat/res/isco.htm
OIT. http://www.ilo.org
Organización Internacional del Trabajo - CENTRO INTERAMERICANO DE
INVESTIGACIÓN Y DOCUMENTACIÓN SOBRE FORMACIÓN PROFESIONAL What
is
a
classification
of
occupations?
http://www.ilo.org/public/spanish/260cinte/cinterne/comp/xxxx/ing/xxv/index.htm
PUJOL, J. Análisis ocupacional: manual de aplicación para instituciones de formación
profesional.-- Montevideo : CINTERFOR, 1980. 134 p.--(Estudios y Monografías , 48)
SENAI. Análise Ocupacional – elementos – Departamento Regional de São Paulo. Coordenadoria
do Ensino e Treinamento. 1979. (Apostila)
SENAI. Curso de análise Ocupacional. Departamento Nacional. Divisão de Treinamento. 1982
(Apostila)
(JACQUELINE MORENO)
TREINAMENTO PROFISSIONAL
Diz respeito à preparação do indivíduo, com a assimilação de novos hábitos,
conhecimentos, técnicas e práticas, voltadas para a satisfação de demandas no exercício da
profissão. Geralmente, insere–se dentre as práticas implementadas pela administração
empresarial, visando o desenvolvimento de recursos humanos que propicie maior
produtividade do trabalho, mas pode ocorrer também por iniciativa de outras instituições,
tais como agências formadoras, escolas, sindicatos, etc. O treinamento profissional
caracteriza-se também por almejar objetivos bem delimitados e por buscar alcançar uma
operacionalização e aplicabilidade imediatas dos conteúdos e aspectos trabalhados nas suas
atividades. E, exatamente, em razão do pragmatismo que o orienta, tende a ser limitado
enquanto processo educacional e, muitas vezes, é questionado pela maneira imediatista de
lidar com o conhecimento, as atitudes e hábitos a serem desenvolvidos nos treinandos.
Ver: Desenvolvimento de recursos humanos, Gestão de recursos humanos, Recursos humanos,
Desenvolvimento de recursos humanos, Gestão de recursos humanos, Treinamento
comportamental.
Bibliografia:
BOMFIN, D. Pedagogia no Treinamento, correntes pedagógicas no treinamento empresarial. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 1998.
CARVALHO, A. V. Desenvolvimento de Recursos Humanos na Empresa. São Paulo: Pioneira,
1974.
(ANTÔNIA ARANHA)
COMPETÊNCIA
Demonstração, dentro de situações reais, de domínio de conhecimentos e de habilidades, de
condições do agir com eficácia. O termo competência ganhou evidência na década de 70,
no contexto da crise do fordismo, em meio ao debate sobre as mudanças nos processos de
trabalho e sobre as necessidades de novos perfis de trabalhadores. Ele aparece fazendo
contraponto com a noção de qualificação profissional, sob o argumento de que esta teria se
tornado incapaz de dar conta da nova realidade, caracterizada pelo trabalho flexível. A
noção de competência surge inspirada no modelo japonês de organização da produção e
passa a orientar uma nova forma de gestão, controle e organização do trabalho. Essa idéia
ainda carece de uma definição mais precisa. De uma forma geral, designa a capacidade
mobilizada pelos indivíduos ao buscar a realização de uma atividade ou a resolução de
problemas. É o recurso que faz da subjetividade dos trabalhadores um elemento central e
distintivo. Também é identificada como qualificação social (Offe, Touraine) ou
qualificação-chave (Klein). A noção de competência tem sido muito utilizada como
referência, tanto para a organização do trabalho, quanto para as reformas educacionais. A
determinação da competência problematiza as carreiras, as profissões e os salários.
Competência é a capacidade de confrontar as regras gerais com as situações singulares.
Requer visão global e atualizada do trabalho e a arte de tomar a decisão. A noção de
competência permite recompensar cada um segundo seu engajamento subjetivo e sua
capacidade ‘cognitiva’ de compreender, antecipar-se e resolver os problemas de sua função
na empresa.
Ver: Conhecimento tácito, Saber-fazer, Saber-ser, Subjetividade do trabalho.
Bibliografia:
ARAUJO, R. M. L. Competência e Qualificação: duas noções em confronto, duas perspectivas de
formação dos trabalhadores em jogo, Trabalho & Crítica, Niterói; Belo Horizonte: EdUFF;
NEDDATE; NETE, p. 173-186, 1999.
DUBAR, C. La Sociologie du travail face à la qualification et à la compétence, Sociologie du
Travail, Paris: Dunod, nº 2, 1996.
KLEIN, U. A Promoção de Qualificações-Chave através da Aprendizagem Dirigida aos Projetos e
Voltada para a Transferência de Conhecimentos. In: SIMPÓSIO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS
NOVAS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL. Anais... São Paulo, SENAI-SP;
CNI; FIESP, 1991, p. 26 - 34.
MACHADO, L. R. S. Competência e aprendizagem. Belo Horizonte: NETE, 1999. (mimeo)
(RONALDO ARAUJO)
NORMALIZAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
FORMALIZAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
A normalização das competências se refere ao processo de tornar válida, em diferentes
ambientes produtivos, uma competência identificada previamente. Como as competências
não se revelam imediatamente aos sujeitos, a norma também se caracteriza como
formalização de uma representação em torno do que se supõe que um indivíduo deve saber
realizar. O estabelecimento de uma competência normalizada leva em consideração
conhecimentos, habilidades, destrezas e atitudes identificadas através de análises que se
centram nos objetivos produtivos. A atuação dos indivíduos considerados competentes
contribui, também, para firmar critérios de desempenho; formas, tempo e condições de
realização; e definições de mínimos e objetivos. A normalização de competências se coloca
como atividade necessária para a construção de linguagens comuns entre os profissionais
que se ocupam da gestão do trabalho e das atividades de desenvolvimento de competências.
Ela é vista como meio para facilitar os processos de identificação, formação, avaliação e
certificação das competências, pois visa estabelecer padrões de desempenho competente.
Em um processo pedagógico baseado na noção de competências, os elementos da norma
servem para a estruturação das práticas e dos currículos.
Ver: Atributos de competência, Avaliação por competência, Balanço de competências,
Desenvolvimento de competências, Educação baseada no desenvolvimento de competências,
Gestão das competências, Modelo da competência, Modelos de desenvolvimento de
competências, Novas competências, Requerimentos de competências, Sistema de
desenvolvimento de competências.
Bibliografia:
CINTERFOR. Las 40 preguntas más frecuentes sobre competencias laborales. 1999.
http://www.cinterfor.org.uy
MACHADO, L. R. S. Competência e aprendizagem. In: OFICINA DE TRABALHO: HISTÓRIA,
CONCEPÇÃO E METODOLOGIA DE CENTROS PÚBLICOS DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL. Belo Horizonte: UNESCO-MTE, jun., 1999. (mimeo)
MERTENS, L. Competencia Laboral: sistemas, surgimiento y modelos. Montevideo: Cinterfor,
1996.
(RONALDO ARAUJO)
NOVAS COMPETÊNCIAS
São os novos atributos solicitados aos trabalhadores principalmente pelas empresas que
privilegiam as técnicas de organização do trabalho orientadas pela experiência japonesa e
associadas ao paradigma da produção flexível e integrada. Essas novas competências
constituem-se como condição para que os trabalhadores se ajustem à nova estrutura
organizacional das empresas. Pode-se encontrar, dentre as novas demandas de
competências, um grande e impreciso leque de capacidades que ora se articulam, ora não,
dependendo da situação de trabalho em que elas sejam demandadas: capacidade de resolver
problemas, espírito de equipe, capacidade de comunicação, sociabilidade, disposição para
aprender, capacidade de gerar e se adaptar às mudanças. Entre outras, essas são algumas
dessas novas competências.
Ver: Atributos de competência, Avaliação por competência, Balanço de competências,
Desenvolvimento de competências, Educação baseada no desenvolvimento de competências,
Gestão das competências, Modelo da competência, Modelos de desenvolvimento de
competências, Novas competências, Requerimentos de competências, Sistema de
desenvolvimento de competências.
Bibliografia:
ARAUJO, R. M. L. As novas ‘qualidades pessoais’ requeridas pelo capital. Trabalho & Educação,
Belo Horizonte: NETE, nº 5, p. 18-34, jan.-jun, 1999, nº 5.
DUGUÉ, É. La Gestion des Compétences: les Savoir Dévalués, le pouvoir occulté, Sociologie du Travail, Paris: Dunod,
nº 3, pp.273-292, 1994.
HIRATA, H. Da polarização das qualificações ao modelo de competência. In: FERRETI, C. et al. Novas tecnologias,
trabalho e educação. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1994. p.128-142.
ROPÉ, F. & TANGUY, L. (orgs.). Saberes e Competência: o uso de tais noções na escola e na
empresa. tradução: Patrícia C. Ramos. Campinas, SP, Papirus, 1997.
(RONALDO ARAUJO)
SISTEMA DE DESENVOLVIMENTO
DE COMPETÊNCIAS
Conjunto organizado de noções, conceitos, relações, métodos, práticas e instituições,
articulados visando organizar, dar coerência e integrar os processos de desenvolvimento das
competências profissionais. Esses processos, para serem implementados, requerem que seja
realizada a identificação e a normalização das competências. Eles desenvolvem a
capacitação dos trabalhadores e o seu acompanhamento em atividades. O sistema de
desenvolvimento de competências também guarda relações com os sistemas de avaliação e
de certificação das competências adquiridas pelos trabalhadores. São formadas construções
teóricas e estabelecidas metodologias de desenvolvimento de competências, que se
apresentam relativamente solidários ideológica e logicamente. Quando o sistema de
desenvolvimento de competências combina normas de competências profissionais para
fundamentar a elaboração de programas, a formação, a avaliação e a certificação, ele pode
ser designado como um sistema normalizado (MERTENS, 1996). Nesse caso, a formação
das competências obedece a uma lógica sistêmica cuja referência é a competência
normalizada.
Ver: Balanço de competências, Certificação profissional, Competência, Desenvolvimento de
competências, Requerimentos de competências.
Bibliografia:
ARAUJO, R. M. L. Competência e Qualificação: duas noções em confronto, duas perspectivas de
formação dos trabalhadores em jogo, Trabalho & Crítica, Niterói; Belo Horizonte: EdUFF;
NEDDATE; NETE, 1999.
CINTERFOR. Las 40 preguntas más frecuentes sobre competencias laborales. 1999. http://www.cinterfor.org.uy
MERTENS, L. Competencia Laboral: sistemas, surgimiento y modelos. Montevideo: Cinterfor,
1996.
(RONALDO ARAUJO &
LUCÍLIA MACHADO)
QUALIFICAÇÃO DO TRABALHADOR
Conjunto de habilidades e conhecimentos adquiridos pelo trabalhador para exercer uma
atividade de trabalho. Trata-se de um processo que se realiza enquanto uma construção
social. Para se colocar em condições de exercer a atividade do trabalho, o indivíduo se
qualifica em espaços diversificados – escola, família, local de trabalho, sindicato,
associações, etc. A qualificação não se cristaliza num determinado tempo, ao contrário, está
em constante movimento em razão do permanente acúmulo de experiências concretas de
trabalho e de vida em geral e da aquisição de novos conhecimentos e habilidades, tanto por
vias formais quanto informais, no trabalho, na escola, na vivência social. Portanto a
inserção social do indivíduo, a sua rede de relações, a sua atividade social em geral são
fatores chaves de aquisição de novos atributos, de qualificação contínua. Desta forma, a
qualificação é uma construção social, ao contrário dos que nela vêem um processo
essencialmente individual. O dimensionamento dos resultados da qualificação e a valoração
do que deve ser incentivado e reconhecido nesse conjunto de atributos são também
produtos de uma relação social, nada tem de neutro ou de tecnologicamente determinado.
Nesses processos, são variáveis intervenientes as formas através das quais se jogam com as
condições de raça, idade, sexo e localização geográfica dos trabalhadores. Mas também tem
peso a força dos trabalhadores na neutralização dessas ingerências.
Ver: Desenvolvimento de qualificações, Qualificação coletiva, Qualificação formal, Qualificação
individual, Qualificação profissional, Qualificação real, Qualificação relativa, Trabalhador
qualificado.
Bibliografia:
ACSELRAD, H. Trabalho, Qualificação e Competitividade. Em Aberto, Brasília, ano 15, n. 65,
jan/mar 1995.
CASTRO, N. Qualificação: qualidades, classificações e ações. In: SEMINÁRIO MIGRATIONS,
TRAVAIL ET MOBILITÉS SOCIALES: méthodes, résultats, prospectives. set., 1991. (mimeo).
MACHADO, L. R. S. Qualificação do Trabalho e Relações Sociais. In: FIDALGO, F. (Org.). Gestão do Trabalho e
Formação do Trabalhador. Belo Horizonte: MCM, p. 13-40, 1996.
VILLAVICENCIO, D. Por una definición de la cualificacion de trabajadores, IV Congresso
Español de Sociologia, Madrid, (mimeo), set., 1992.
(ANTÔNIA VITÓRIA)
QUALIFICAÇÃO FORMAL
QUALIFICAÇÃO REAL
São noções complementares de um mesmo fenômeno (FREYSSENET, 1998). A
Qualificação Formal é aquela atribuída oficialmente ao trabalhador, seja pela formação
adquirida no aparelho escolar, seja pelo resultado das lutas sociais, sindicais ou não, seja
pelas definições de organismos governamentais ou outras formas similares. A Qualificação
Real se decompõe em: a) qualificação real útil, relacionada ao processo de valorização do
capital, que se refere aos atributos necessários para ocupar ‘corretamente’ um posto de
trabalho; b) outros saberes que não entram no processo de trabalho em questão, por
exemplo: um operário de uma montadora que, durante o final de semana, é guitarrista em
uma banda, ou seja, sua qualificação real é, no conjunto, maior do que a utilizada pelo
capital.
Ver: Desenvolvimento de qualificações, Qualificação coletiva, Qualificação do trabalhador,
Qualificação individual, Qualificação profissional, Qualificação relativa, Trabalhador
qualificado.
Bibliografia:
ALMEIDA, M. & LIEDKE, E. Inovação tecnológica, mercado de trabalho e qualificação. In:
LEITE, M. & NEVES, M. (Orgs.). Trabalho, qualificação e formação profissional. São Paulo;
Rio de Janeiro: ALAST, 1998. p.77-99.
FREYSSENET, M. Peut-on parvenir a une définition unique de qualification? In: La qualification
du travail; de quoi parle-t-on? Paris: La Documentation Française, 1978.
MACHADO, L. R. S. Qualificação do trabalho e relações sociais. In: FIDALGO, F. (Org). Gestão
do trabalho e formação do trabalhador. Belo Horizonte: MCM,1996. p.13-40.
(HELENA CRIVELLARI)
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
O termo remete a diversas idéias: à ação de se qualificar profissionalmente; à formação
considerada apropriada para uma função técnica especializada; ao conjunto dos
conhecimentos e habilidades adquiridos para o exercício de uma profissão; às qualidades de
uma pessoa que exerce uma atividade em correspondência com o que está acordado pelo
meio profissional em que ela se situa. Oposto ao amadorismo e ao diletantismo, o
profissionalismo define o caráter profissional de uma atividade e este é dado por
circunstâncias determinadas: conhecimento específico, formação profissional, carreira,
autonomia, organização coletiva da categoria dos profissionais, etc. A qualificação
profissional, requerida por uma atividade profissional, está, portanto, dentro de um quadro
amplo de relações, no qual se inscrevem as que o trabalhador guarda com os objetos de seu
conhecimento e com as expectativas sociais sobre o que deve conhecer, saber fazer e como
deve se comportar. Essas relações, por sua vez, sofrem repercussões das mudanças na
tecnologia empregada, nos processos de trabalho e na gestão empresarial. Elas têm a ver
com a divisão sexual do trabalho, os fatores étnicos e etários, o prestígio social da
profissão, o jogo de interesses políticos e o poder que possui a categoria profissional na
correlação de forças existentes. A qualificação profissional, nesse sentido, expressa a
combinação, em dado momento histórico, de um conjunto de fatores que constituem as
relações sociais que vivem os profissionais no exercício de sua atividade.
Ver: Desenvolvimento de qualificações, Qualificação do trabalhador, Qualificação formal,
Qualificação individual, Qualificação real, Qualificação relativa, Trabalhador qualificado.
Bibliografia:
ARANHA, A. V. S. Tecnologia e Qualificação Social: a complexidade do desenvolvimento técnico
e sócio-humano. Trabalho & Educação, Belo Horizonte , NETE, nº 3, jan.-jul 1998.
FERRETTI, C. J. Comentários sobre o documento Diretrizes Curriculares para a Educação
Profissional de Nível Técnico - MEC/CNE. Bel Horizonte: NETE, maio, 1999.
http://www.fae.ufmg.br/gtteanped
MACHADO, L. R. S. Qualificação do Trabalho e Relações Sociais. In: FIDALGO, F. (Org.). Gestão do Trabalho e
Formação do Trabalhador. Belo Horizonte: MCM, p. 13-40, 1996.
(ANTÔNIA ARANHA &
LUCÍLIA MACHADO)
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