1 (5) ABSTRACTS WORKSHOP 1-2 DECEMBER 2015 CONTATC VARIATION AND CHANGE IN POST-COLONIAL CONTEXTS: ROMANCE LANGUAGES IN AFRICA O crioulo e o português de Cabo Verde: alguns aspetos do contacto Nélia Alexandre, Universidade de Lisboa, Portugal Nesta comunicação pretende-se abordar a questão do contacto entre o crioulo e o português falados em Cabo Verde como L1 e L2, respetivamente. A formação do crioulo de Cabo Verde e a situação sociolinguística atual do país será apresentada sumariamente. A partir de dados de corpora, o objetivo principal é refletir sobre alguns aspetos morfossintáticos que resultam desse contacto, especificamente, sobre determinação e foco. Conclui-se que há propriedades da gramática do crioulo de Cabo Verde que são mantidas no português falado neste espaço (transfer), mas também que há características novas que não pertencem a nenhuma das gramáticas em contacto. Attitudes and ongoing language shift and maintenance among speakers of Portuguese and Bantu languages in Angola Laura Álvarez López & Anna Jon-And, Stockholm University, Sweden The present paper deals with questions related to language shift, bilingualism and language maintenance by focusing on how speaker’s age and level of bilingualism in Bantu languages and Portuguese relate to self-reported proficiency, use and attitudes toward actual use of these languages in a rural and an urban setting in Cabinda, Angola. The aim is to provide an overview of language use and attitudes by describing tendencies in ongoing language shift and identifying factors that may be favorable for the maintenance of local languages. Participants are bi- or multilingual speakers of Bantu languages and Portuguese as first and second languages, as well as simultaneous bilinguals of Bantu languages and Portuguese. The materials consist of 159 questionnaires, 30 diaries and 64 interviews. The results show that, despite the fact that Bantu languages have generally not been taught in school in Cabinda, students tend to have positive attitudes toward Bantu languages, and respondents are motivated to use these languages more than they do. Consequently, a higher degree of exposure to both languages through bilingual education would probably have positive effects in maintenance of Bantu languages and increased proficiency in both Portuguese and local Bantu languages. Contact, Variation and Change in Post-Colonial Contexts: Romance Languages in Africa Innovative Syntatict Features in the Portuguese of Cabinda (Angola): contrasts and convergences with Brazilian Portuguese Juanito Avelar & Charlotte Galves, University of Campinas, Brazil This paper presents innovative syntactic features in the variety of Portuguese spoken as an L2 in Cabinda, Angola. The data was collected from the corpus elaborated in 2014 by Anna Jon-And, Laura Álvarez López and Torun Reite (Stockholm University). In the first part, we present a list of features that are not found in European Portuguese (variation in the use of number desinence in plural noun phrases, impoverishment of the inflectional verb paradigm, nominative pronouns in accusative and oblique positions, null indefinite subjects in sentences with finite verbs, possessive “ter” as an existencial verb, locative prepositions introducing phrases with directional interpretation, directional verbs with prepositionless complements, among others). Most of these features are also found in Brazilian Portuguese varieties, which reinforces the hipothesis that there is an Afro-Brazilian continuum of Portuguese. In the second part, we focus on the emergence of ter as an existential verb, which is not usual in European Portuguese. Ter is more frequent than haver in Cabinda existential sentences, which strongly sugests us that this same inovation in Brazilian Portuguese is a result of a contact-induced change. Características del español en Guinea Ecuatorial Angela Bartens, Universidad de Turku, Finlandia Empezaremos esta presentación con un breve repaso de la historia del español en África en general y en Guinea Ecuatorial en particular, así como de la situación sociolingüística actual del país. Seguidamente pasaremos a comentar los rasgos lingüísticos más llamativos desde el punto de vista de la norma peninsular, centrándonos en el plano morfosintáctico. En este plano del sistema lingüístico la lengua introducida por los colonos presenta una notable divergencia estructural comparado con las lenguas autóctonas, pero también veremos que muchas divergencias son compartidas por variantes L2 del español y, de hecho, resulta imposible argumentar a favor de una explicación monocausal del arraigo de dichos rasgos en la producción lingüística de parte de la población. Hay que subrayar que los niveles de competencia lingüística en español son muy variables entre los hablantes ecuatoguineanos. Entre los fenómenos morfosintácticos más llamativos de esta variante del español se destacan los fenómenos de falta de concordancia (falta de concordancia de número y género en la frase nominal, falta de concordancia entre sujeto y verbo), las divergencias en el uso de pronombres, de los artículos definidos, de las formas verbales y de las preposiciones, así como el empleo de una sintaxis paratáctica. Estas características son compartidas, además de distintas variantes L2 del español, con el portugués angoleño que ha experimentado un desarrollo socio-histórico comparable al del español guineano. Las estructuras hasta el momento solo observadas en el español guineano incluyen, por ejemplo, la negación global. Terminaremos formulando unas breves conclusiones acerca de los mayores retos en el estudio de español ecuatoguineano. Français en contact et nouvelles pratiques linguistiques en Afrique sub-saharienne Carole de Féral, Université de Nice Sophia Antipolis, France Après avoir brièvement exposé les différentes situations sociolinguistiques dans lesquelles se trouve le français en Afrique ainsi que les principales directions de recherche dans ce domaine, je montrerai comment le français en contact avec d’autres langues a pu donner naissance à de nouvelles pratiques linguistiques. Le fait que certaines aient été dotées de noms spécifiques (par exemple nouchi en Côte d’Ivoire et camfranglais/francanglais au Cameroun) met l’accent sur la discontinuité qu’il peut y avoir entre ces pratiques et le français courant et permet à certains acteurs sociaux (linguistes, journalistes, locuteurs) de les considérer comme de nouvelles «langues». Ce phénomène sera discuté et illustré par des extraits de corpus camerounais. 2 Contact, Variation and Change in Post-Colonial Contexts: Romance Languages in Africa Português e línguas bantu em Moçambique: (novas) dinâmicas de uma sociedade multilingue Perpétua Gonçalves, Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique Nos breves 40 anos de Moçambique independente (1975-2015), o contacto entre o português e as línguas bantu tem estado a desencadear alterações importantes a nível das propriedades gramaticais destas línguas e também das dinâmicas socioculturais das comunidades que as falam. Embora estejam em processo há já algum tempo - e não sendo, portanto, totalmente “novas” - algumas dessas alterações não foram ainda objecto de pesquisa sistemática e abrangente. Nesta comunicação, vou analisar questões que sobresssaem nos dados estatísticos dos Censos Populacionais realizados em Moçambique (1980, 1997, 2007). Estes dados parecem revelar aspectos críticos do perfil sociolinguístico da população moçambicana, entre os quais sobressai o declínio das línguas bantu e, consequentemente, a perda de diversidade linguística. Nesta comunicação, vou apresentar algumas hipóteses sobre o papel do uso do português, língua oficia/língua de prestígio/língua “maioritária”, neste processo. A variação no português de São Tomé: efeitos (extra)linguísticos Rita Gonçalves, Universidade de Lisboa, Portugal O PST exibe variação na expressão do argumento dativo com o papel temático de Recipiente ao admitir uma construção de duplo objeto (CDO) (cf. (1)) e duas construções ditransitivas preposicionadas (CDPs): a CDP1 introduzida pelo marcador de Caso a (cf. (2)), e a CDP2 encabeçada pela preposição para (cf. (3)), tanto com NPs plenos como com NPs pronominais (e.g. R. Gonçalves 2010, em prep). Distintamente de outras línguas ou variedades linguísticas com CDO, como o inglês e o português de Moçambique (e.g. P. Gonçalves 2010), o PST não exibe passivas dativas. Neste caso, parece aproximar-se do forro – o crioulo dominante em São Tomé, o qual, apesar de expressar o dativo mediante uma CDO, não exibe passivas sintáticas. Tendo por base dados do corpus de produção oral espontânea do PST (CLUL), e dados elicitados, mostraremos que a distinção entre verbos do tipo dar (core dative verbs) e verbos do tipo enviar/atirar (non core dative verbs), proposta por RappaportHovav & Levin (2008), permite dar conta da ocorrência de CDO e/ou CDPs no PST. Para estas autoras, a classe dos core dative verbs, por apenas veicular transferência de posse, pode ocorrer tanto na CDO como na CDP. Por sua vez, a classe dos non core dative verbs, por veicular transferência de posse e envolver movimento do Tema, ocorre unicamente na CDP. No caso do PST, a CDO e a CDP 1 com argumentos [ANIM] apenas ocorrem com verbos do tipo dar, ao passo que a CDP2 com argumentos [+ANIM] envolve as duas classes de verbos (com verbos do tipo enviar/atirar, o argumento [-ANIM] é um Alvo e não um Recipiente – cf. (4)). O cruzamento destes dados com a variável extralinguística nível de escolarização permite-nos verificar que os falantes com escolarização igual ou inferior ao 9.º ano tendem a produzir apenas a CDO, independentemente do tipo de verbo, revelando um maior efeito do contacto com o forro, ao passo que os falantes com escolarização igual ou superior ao ensino secundário tendem a exibir alternância dativa entre CDO e CDP ou a produzir apenas CDPs (ocorrendo a CDP1 unicamente com core dative verbs). (1) a) Entrega senhor uma cerveja. b) Cavalo deu leão pontapé. c) Dou ela uns cinco contos. (2) a) Dão dinheiro às pessoas. b) Dá um bom rendimento ao país. c) Eu pedi-lhe que me levasse para o mercado. (3) a) Entregava o dinheiro para o banqueiro. b) Mãe tem um sobrinho que faz aguardente, vende para ela, ela volta a revender. c) Sempre digo a eles que é para esforçar. (4) a) Angola é que tem que (…) enviar de novo para país. (=para lá) b) Abriu uma janela e atirou-se cá para dentro de casa. (=para cá) 3 Contact, Variation and Change in Post-Colonial Contexts: Romance Languages in Africa A paisagem linguística – um campo para o estudo da variação linguística do Português em Moçambique. Manuel Guissemo, Universidade de Estocolmo, Suécia/Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique Com o advento da globalização, a paisagem linguística tornou-se um campo preferencial para a recolha de dados que permitem a realização de estudos elucidativos dos efeitos da massiva circulação de pessoas e bens em muitas cidades (cf. a título de exemplo Milani 2014, Collins 2007, Backhaus 2007 e Huebuer 2006). Assim sendo, actualmente, os pesquisadores de fenómenos linguísticos não só recolhem dados usando cadernos de tomada de notas e/ou equipamentos de gravação de som, mas também já usam máquinas fotográficas digitais com as quais vão fotografando a paisagem linguística (cf. Blommaert 2013). Durante um ano, de Junho de 2014 à Junho de 2015, por meio de uma máquina fotográfica digital, recolhi dados na paisagem linguística de Maputo, Moçambique, no âmbito do meu projecto de formação em curso no Centro de Estudo do Bilinguismo na Universidade de Estocolmo. No presente estudo, pretendo usar parte desses dados para demonstrar que a paisagem linguística moçambicana é um campo fértil para a recolha de dados que mostram o contacto que a língua portuguesa, língua oficial em Moçambique, esta a ter com outras línguas. Este contacto linguístico pode conduzir a uma posterior variação desta língua. O presente estudo pode ser considerado como uma simples amostra da riqueza linguística patente na paisagem linguística moçambicana que ainda não foi alvo de grandes estudos quer linguísticos quer sociolinguísticos. A evolução do contexto sociolinguístico em São Tomé e Príncipe Tjerk Hagemeijer, Universidade de Lisboa, Portugal O português constitui atualmente a língua materna ou dominante da maior parte da população de S. Tomé e Príncipe, o que faz deste país um caso atípico no plano das antigas línguas coloniais em África, que são tipicamente línguas maternas minoritárias. Nesta comunicação, propomo-nos analisar os fatores que contribuíram para a nativização do português em detrimento das línguas crioulas, que historicamente predominavam nestas ilhas. Oral Portuguese in Maputo from a diachronic perspective Torun Reite & Anna Jon-And, Stockholm University, Sweden The Portuguese spoken in Mozambique represents a variety of Portuguese emerging in a multilingual context shaped by language contact between Portuguese and Bantu languages. Portuguese has diffused in the Mozambican population mainly after the country’s independence in 1975. Since independence, the use of Portuguese in Maputo has spread to almost the entire population of the city and over 40% of the population declare it to be their first language. This rapid and still ongoing language shift has been presumed to trigger language change at various linguistic levels. This diachronic study aims at shedding light on the development of this linguistic change by analysing data from two different times: 1993-94 and 2007. Except for the project Panorama do Português Oral de Maputo (PPOM), results of which are used for this study, previous research on Portuguese in Mozambique has been limited to the study of one or a few particular grammatical features and has been predominantly qualitative in nature. In contrast this study covers 20 linguistic features at the lexical, lexico-syntactic, syntactic and morphosyntactic levels, and adopts a quantitative and qualitative methodology in the comparison of the diachronic data. This approach provides insights into the stability and direction of change of a broad range of linguistic features as well as into changes in the distribution of innovations. This allows for a characterization of the emerging Maputo variety of Portuguese as well as a general discussion on contact-induced change at different linguistic levels. 4 Contact, Variation and Change in Post-Colonial Contexts: Romance Languages in Africa Alternative forms of linguistic legitimacy in postcolonial Mozambique Cristopher Stroud, University of Western Cape, South Africa/Stockholm University, Sweden The Maputo oral Portuguese corpus (PPOM) was constructed at a specific time and place against a particular understanding of the social life of languages and speakers (Labovian-type sociolinguistics, (typologically based) Pidgin and Creole Studies) and in relation to a body of knowledge on first and second language acquisition in multilingual contexts. It’s purpose was to generate information on the dynamics of existing or emerging practices of oral Portuguese that could (a) contribute to descriptive and theoretical work and (b) offer a robust body of linguistic analysis with which to address issues in the provision of Portuguese in Mozambican institutions, such as the school, teacher training, standardization work etc. This paper will comprise a brief retrospective on the design and purpose of the PPOM project, and offer some thoughts on a notion of ‘alternative sociolinguistic markets’ framed within recent years’ broad perspective on postcolonial, specifically Southern theory. The paper will conclude with a discussion of what implications a Southern theoretical stance may carry for building corpora. Persistence and obsolescence: Italian loans in the Horn of Africa Mauro Tosco, University of Turin, Italy The presentation briefly outlines the history of the Italian involvement in the Horn of Africa, highlighting its short lifespan. After mentioning the restructured Italian varieties once spoken in the Horn (Eritrea, possibly Somalia) on the basis of the scant available material, the presentation focuses on the typology and semantics of the Italian loans with examples from Somali, Tigrinya, Amharic, Oromo, and a few lesser-known languages of Ethiopia. Maybe not surprisingly, it is argued that the actual colonial period does not have much to do with the impact of Italian (nor possibly of other colonial languages); a short exposure time does not impinge on the quantity and establishment of loans; loans in “high” domains are more directly linked to political power and are conspicuous in the language; nevertheless, they face a lesser chance of being preserved against negative political attitudes and language standardization processes in the local languages; conversely, loans entering the language in “low” domains typically belonging to oral discourse are not the direct result of political power; they often do not attract the attention of language standardization processes and have a better chance for survival; still, loans in “low” domains face high competition from developments in technology, economy, and way of life, and are ultimately quite often dropped out of use alongside their referents; typically, their place is taken by loans from new donor languages — again, with direct political power playing a minor role. A Língua Portuguesa em Angola hoje Domingos Ndele Nzau, Universidade 11 de Novembro, Angola A comunicação inclui uma breve trajectória do português em Angola até à actualidade, a fim de destacar alguns casos que vêm caracterizando o propalado português angolano. 5