TEREZA CRISTINA MOTTA BUDANT
ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS E SUAS IMPLICAÇÕES VOCAIS
NO PERÍODO DA ADOLESCÊNCIA
Monografia apresentada ao CEFAC Centro de Especialização em
Fonoaudiologia Clínica para obtenção
do Certificado de Conclusão do
Curso de Especialização em Voz.
Curitiba PR
1999
Ficha Catalográfica
BUDANT, Tereza Cristina Motta
Alterações Endócrinas e suas Implicações Vocais no
Período da Adolescência
Curitiba Pr, 1999. 32p. Monografia (Especialização)
CEFAC - Centro de Especialização em Fonoaudiologia
Clínica
Descritores: Distúrbios da Voz/ Alterações Vocais/Alterações
Endocrinogênicas.
NLMC - WV 500
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO : Voz
COORDENADOR:
Professora Doutora Sílvia Maria Rebelo Pinho
Mestre e Doutora pela UNIFESP - Escola Paulista
de Medicina, Especialista em Voz e Coordenadora
dos Cursos de Especialização em Voz do CEFAC.
COORDENADOR DE CONTEÚDO:
Deli Montanari Navas
Graduada pela Universidade de São Paulo - USP.
ESPECIALIZAÇÃO em Distúrbios da Comunicação Humana
pela Universidade Federal de S.P. - E.P.M..
Mestranda em Fisiopatologia Experimental da Faculdade de
Medicina da USP
Fonoaudióloga Clínica.
ORIENTADOR METODOLÓGICO:
Maria Helena Untura Caetano
Mestre pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina,
Especialista em Audiologia e Doutoranda em Ciências
na área de Fisiopatologia Experimental da Faculdade de
Medicina da USP.
Aos meus queridos filhos
Pela compreensão e carinho, principalmente durante minhas ausências.
Ao meu marido
Pelo companheirismo, amor e dedicação
Aos meus pais e à minha querida avó
Pelo eterno incentivo e apoio profissional
AGRADECIMENTOS
À professora Sílvia Rebelo Pinho
Por todos ensinamentos passados de maneira clara e carinhosa
À professora Deli Montanari Navas
Pela dedicação e orientação
Ao amigo Dr. José Henrique de Almeida
Pela valiosa contribuição
À amiga Áurea N. Voltarelli de Souza
Pelo grande auxílio durante a pesquisa deste trabalho
SUMÁRIO
1 - Introdução.................................................................................... 1
2 - Literatura..................................................................................... 2
3 - Discussão...................................................................................... 19
4 - Conclusão..................................................................................... 24
5- Resumo......................................................................................... 26
6 - Summary..................................................................................... 27
7 - Bibliografia................................................................................. 28
INTRODUÇÃO
A adolescência é uma época de interessantes transformações, tanto de ordem
fisiológica, anatômica como emocional. Ao escolher o tema "Alterações Endócrinas e
suas Implicações Vocais", encontramos autores focalizando diferentes áreas, e trazendo
novas respostas. As pesquisas baseadas em investigações clínicas destes, englobaram
tanto o desenvolvimento das estruturas laríngeas quanto as modificações hormonais que
ocorrem desde a infância até a adolescência, e seus respectivos transtornos.
Considerando-se as características típicas do período da adolescência, no sentido
da ocorrência de modificações, vamos tentar entender como estas se dão, isolando e
analisando cada aspecto. O conhecimento dos mesmos vai nos auxiliar na melhor
compreensão de todo o processo, a fim de que possamos entender o funcionamento de
todo sistema endócrino e somático; como eles se harmonizam
e como podemos
interpretar a ação de cada um deles, tanto no processo de desenvolvimento normal,
como no patológico.
A compreensão de toda esta “sinfonia” é de grande auxílio no campo
fonoaudiológico, tanto na investigação e encaminhamento como também, no que diz
respeito ao melhor delineamento da terapêutica utilizada quando se trata de alterações
de voz no adolescente.
Ao abordarmos os aspectos relativos à voz, analisando as modificações de
qualidade vocal que ocorrem, principalmente no sexo masculino, emergem perguntas:
Como se dá a muda vocal em indivíduos com problemas endócrinos? Qual a conduta
que o fonoaudiólogo deve ter, considerando o processo terapêutico?
LITERATURA
LITERATURA
WEISS (1950) fez uma classificação ampla dos transtornos vocais na muda,
mas,
nos ateremos àquelas relacionadas às alterações endócrinas. Na
muda
sobrepassada, a voz desce mais de uma oitava no homem, e mais de três ou quatro tons
na mulher, devido à uma maturidade sexual precoce. Apesar de ser pouco freqüente no
sexo feminino, ela pode estar relacionada tanto à aspectos puramente funcionais, como
também à alterações de ovário, supra-renais e hipófise. A muda precoce também pode
se dar devido a uma maturidade precoce, e acontece antes dos doze anos na menina, e
aos quatorze anos nos meninos. Pode ter semelhança com a “macrogenitosomia
precoce” ou Síndrome de Pellizi, tendo como possíveis causas tumor da epífise, tumor
da supra-renal ou tumor ovárico ou testicular. As características desta Síndrome são o
aumento da estatura e da ossificação. Quando houve o aparecimento de evidências
virilizantes antes dos 10 anos nos meninos, deu-se a puberdade precoce, e quando esses
evidências não aconteciam até os 14 anos, dava-se a puberdade atrasada. A precocidade
sexual é quando aparece qualquer sinal de desenvolvimento dos caracteres sexuais
secundários antes da ossificação, maior volume dos órgãos genitais externos sem
desenvolvimento do instinto sexual, aparição precoce dos caracteres sexuais
secundários, precocidade intelectual, desenvolvimento da cartilagem tiróide com
mudança de voz. Na muda diferida, os sintomas são inversos aos anteriores, uma vez
que acontece depois dos 15 anos nos meninos, e após os 13 anos nas meninas, podendo
estar relacionada às disfunções endócrinas como eunucoidismo (efeito da extirpação das
glândulas
sexuais
masculinas
antes
da
puberdade),
distrofia
adiposogenital,
insuficiência tiróidea ou supra-renal. Quando existem alterações funcionais hipofisiárias
ou distúrbio endócrino com hipofunção, pode-se encontrar a persistência da voz infantil,
a laringe se mostra pequena, as pregas vocais estreitas e pequenas, e a voz se mantém
infantil.
Segundo
AMADO (1953),
antes
da
menstruação
algumas
mulheres
apresentavam vozes roucas devido ao desequilíbrio hormonal, observou-se também uma
leve vermelhidão. PERELLÓ (1962) atribuiu à disfonia endócrina
a mudança da
mucosa laríngea. No que diz respeito aos rapazes, é notável o rápido crescimento
laríngeo e de toda estrutura corporal na adolescência. As quebras vocais estão presentes
e podem estar relacionadas à distúrbios de fina coordenação do mecanismo vocal e às
tensões muito comuns nesta época. As cartilagens laríngeas tornam-se mais robustas, o
ângulo tiróideo aumenta, e o “Pomo de Adão” se desenvolve com um aumento
correspondente em comprimento das pregas vocais. Este comprimento tem como
referência mínima 17mm e máxima 23mm. Portanto, a voz masculina desce uma oitava
durante a mutação na puberdade, podendo ser “tempestuosa” ou lenta, sem que com isto
exista alguma patologia, mesmo se acompanhada de laringite e rouquidão. Quanto mais
profundamente desce a voz, maior a dificuldade de adaptação muscular.
PUSCHEL &
NOWAKOWSKI (1955) relataram um aumento dos
andrógenos nos meninos produzindo calcificação do aparato laríngeo, inclusive anéis
traqueais. A ação dos hormônios sexuais aumenta a força, a potência e a resistência da
musculatura. Devido ao acúmulo de potássio, acontecem modificações tais como
aumento de volume e espessura do músculo tireoaritenoídeo, músculo da respiração e
mucosa laríngea. Sendo assim, o timbre torna-se mais agravado, a ressonância é
toráxica e diminuem os harmônicos agudos de cabeça. Características vocais como
ataque vocal suave, coaptação glótica incompleta, registro de voz elevada foram
relatadas quando administrado estrogênio em homens.
BRONDITZ (1958) constatou que durante a puberdade existe a maturação e
transformação da voz infantil. As pesquisas apontam a ocorrência desse processo, de
maneira geral, entre 13 e 15 anos nos meninos, e 12 e 14 anos nas meninas, a grande
maioria não apresentando quebras sonoras.
Segundo TANNER (1962), a medida do pitch auxilia na tentativa de definir o
estágio de desenvolvimento em que o indivíduo se encontra, uma vez que a mudança da
voz é gradual. Sendo assim, a medida do pitch foi um instrumento adicional na análise
daqueles com problemas de desenvolvimento, síndromes e malformações. A
anormalidade da voz estava presente na maior parte desses casos, e tinha variações
como desvio de tamanho, organização espacial, diferente desenvolvimento da
musculatura, etc, tudo isto relativo aos órgãos da fala.
TANNER (1969) referiu ser a puberdade uma época de grandes mudanças,
tanto de ordem hormonal como morfológica, que podem sofrer influências
psicossociais. Esta pode ter início em diferentes idades, variando de indivíduo para
indivíduo. As mudanças na puberdade acontecem sob influências hormonais, apesar de
que, nem sempre tem-se condições de saber qual o hormônio responsável por
determinada mudança. Existe uma baixa taxa de substâncias estrogênicas dos 3 aos 7
anos, em ambos os sexos; após os 7 anos esta produção aumenta gradativamente até a
adolescência. O primeiro evento da puberdade é o aumento da produção de
gonadotrofina, que está ligada ao aparecimento dos pêlos pubianos. Nas meninas até a
adolescência a secreção de substância estrogênicas aumenta rapidamente e se torna
cíclica, o ciclo do estrogênio é estabelecido quando existe o aparecimento dos seios,
iniciando-se uma expansão do crescimento corporal. Por outro lado, nos meninos a
secreção de testosterona é baixa antes da puberdade, similar aos níveis encontrados na
mulher e na menina, ocorrendo o aumento deste nível durante a puberdade. O maior
crescimento existente no menino se dá devido à ação deste hormônio. O aumento da
musculatura na adolescência é causado pelo androgênio da glândula supra-renal em
ambos os sexos. A testosterona atua como um estímulo a mais nos meninos, sendo que a
perda de gordura, particularmente nestes pode ser devido a este hormônio e a uma
diminuição progressiva do androgênio da supra-renal, além do aumento da secreção do
hormônio do crescimento. Desde o nascimento as mulheres estão algumas semanas à
frente dos homens
quanto à idade óssea. Esta
liderança
vai
aumentando
progressivamente até quando percebemos diferenças de dois anos no aparecimento da
puberdade em relação aos sexos. O primeiro sinal da puberdade, específico do homem,
é a aceleração do crescimento dos testículos e escroto, o crescimento do pênis se dá 1
ano mais tarde. Na mulher, o aparecimento dos seios marca os primeiros sinais
precedendo a menarca. As quebras vocais acontecem relativamente tarde, na
adolescência comparados aos outros eventos, provavelmente causada pela multiplicação
das células da cartilagem tiróide e cricóide, as quais são induzidas pela testosterona.
Existe um aumento relativo e temporário na taxa do metabolismo basal durante a
adolescência, especialmente nos meninos, onde a tireóide se torna mais ativa. Os limites
da maturidade e idade do início da puberdade dependem naturalmente da complexa
interação dos fatores genéticos e ambientais. Segundo o autor, nos últimos 50 a 100
anos a maturidade tem se dado mais precocemente, o que pode ser devido as várias
mudanças ambientais ou pelo aumento médio da estatura. Pesquisas realizadas pelo
autor em 1969 em Glasgow, mostraram que atualmente uma criança de 5 anos era 5 cm
mais alta se comparada a uma criança de 5 anos em 1906, e uma de 9 anos era 8 cm
maior, sendo uma criança de 11 anos 10 cm maior. Uma boa nutrição, particularmente
protéica, na infância é importante. Estudos realizados pelo mesmo autor comparando
mulheres de clima bastante frio e quente demonstrou que o fator climático, no que diz
respeito ao aparecimento da menarca, não tem tanta influência como se imaginava.
SEGRE (1974) fez uma análise do desenvolvimento vocal no indivíduo e
concluiu
que
na
primeira
e
segunda
infância
a
extensão
vocal
aumenta
progressivamente de 3 - 4 tons a 8 - 10 tons e a laringe em relação aos diferentes sexos
varia pouco, esta tem posição alta, a musculatura intrínseca é pouco desenvolvida e a
comissura tiróidea ainda não se faz presente. No período da puberdade a estrutura e a
função laríngea vão se modificando por ação direta ou indireta das glândulas sexuais, a
epiglote aumenta de tamanho, bem como as pregas vocais, de modo diferente segundo o
sexo. No homem, as proporções são maiores, e a voz torna-se bem mais grave.
Dos 9
aos 11 anos a voz desloca-se até o grave, em seguida os tons agudos e graves tornam-se
instáveis até a etapa
seguinte,
onde o grave
adquire
segurança e estabilidade na
emissão. Este processo tem duração em média de 2 a 6 meses no menino. Na mulher a
mutação pode acontecer de 1 a 2 anos antes que no homem, de forma mais lenta e com
mudanças anatômicas e auditivas menores.
VUORENKOSKY (1978), abordou os aspectos relativos à freqüência
fundamental da voz, e constatou que o desenvolvimento desta é caracterizado por várias
mudanças, principalmente levando-se em conta o período da puberdade. Um estudo
realizado por este autor, abrangendo tanto indivíduos normais como com problemas de
desenvolvimento, e também aqueles submetidos a tratamento com hormônio
androgênico, analisou e comparou valores como pitch, freqüência fundamental e a
freqüência mais grave . O aparelho usado foi o Instrumento para medida de Freqüência
Fundamental da Voz, produzido pela A B. Instrumentos Especiais, Stockholm. Este
aparelho possui um microfone que é colocado na garganta do paciente, onde ele faz
emissões de vogal sustentada e variações para o grave e para o agudo. Os resultados
demonstraram um decréscimo na média da freqüência fundamental entre as idades de
três e sete anos, e posteriormente após os 10 anos. Os dados revelaram uma significativa
diferença entre os sexos antes da puberdade, que foi um declínio tanto na freqüência
fundamental como na freqüência mais grave entre os 8 e 10 anos nos meninos. Houve
uma melhor correlação entre mudança da voz masculina e idade óssea do que com idade
cronológica. O que se concluiu ser isto coincidente ao crescimento laríngeo. Outros
achados confirmaram que a queda da freqüência fundamental está ligada aos estágios de
crescimento dos pêlos pubianos, apesar do declínio da freqüência mais grave acontecer
um pouco mais cedo. A maturação de ambas acontecem por volta dos 17,8 anos. A
mudança da voz nas meninas acontece em dois estágios, primeiro antes do
aparecimentos dos pêlos pubianos (por volta dos 11 anos), e depois perto dos 13 anos. A
voz vai se estabilizar imediatamente após o período puberal.
Ao abordar diferentes aspectos psico-emocionais relacionados à adolescência,
OFFER (1980) definiu a adolescência como um período de transição entre a infância e
a idade adulta.
Apesar de alguns
autores
sugerirem
ser
este um
período de
questionamentos e ansiedades, OFFER E COL. (1969) demonstraram que nem sempre
isto acontece. A puberdade é uma seqüência de transformações físicas, controladas por
mudanças hormonais. Estas transformações são categorizadas em caracteres sexuais
primários, que seria o desenvolvimento do aparelho reprodutor, e caracteres sexuais
secundários para a mulher é caracterizado pelo crescimento dos seios, para o homem, o
aparecimento dos pêlos faciais e mudança da tonalidade vocal. Sendo assim, na mulher
a puberdade vai dos 8 aos 13 anos aproximadamente. Paralelamente a este
desenvolvimento, ocorre uma série de mudanças psico-emocionais no indivíduo,
juntamente com um período de inevitável sentimento e pensamento que causam conflito
e tensão. Fase em que o adolescente torna-se mais independente, mostrando seus
próprios pensamentos e valores, muitas vezes em conflito com os pais. Suas referências
são os colegas da escola, ou grupos sociais com quem se identificam. Apesar da
importância do apoio da família, eles preferem não estar sob influência desta no
processo de
individualização, essencial na formação da personalidade. Físicamente a
aparência e a popularidade são muito importantes, bem como os aspectos psicoemocionais que envolvem estas transformações. Este período prepara o indivíduo para
a entrada na idade adulta, sendo único para cada geração. O aparecimento precoce ou
atrasado da puberdade, algumas vezes é visto pela família e pelo adolescente como
sendo o início de futuros problemas, principalmente, no que diz respeito aos aspectos
emocionais deste transtorno.
PERELLÓ (1980), relatou estar a puberdade relacionada a uma grande gama de
mudanças hormonais. Os hormônios hipofisiários têm ação direta nas gônadas, onde
existe o amadurecimento das células germinais, e consequentemente as células
endócrinas elaboram os esteróides sexuais. Segundo o autor, nos meninos a muda
acontece entre 13 e 14 anos e as características vocais comumente
encontradas são o
rebaixamento da tonalidade com timbre àspero e rouco, às vezes, com diplofonia. As
evidências
laringoscópicas
revelaram
pregas
vocais
edemaciadas
com
borda arredondada. Na estroboscopia a adução é normal, o tempo de adução é
prolongado, podendo existir desnível entre as pregas vocais.
HASEK, SIGN E MURRY (1980), fizeram um estudo comparativo da
freqüência fundamental de meninos e meninas, relacionando-os com o fator sexo e
idade. Foram avaliadas 180 crianças, sendo 15 meninos e 15 meninas em cada idade,
dos 5 aos 10 anos. As crianças emitiam a vogal /a/ sustentada durante 5 segundos, as
quais foram analisadas por um oscilógrafo ótico (Honeymell, 1508C) e cia “Fast Fourier
Transform Program”, ambos analisando a freqüência fundamental. Os resultados
demonstraram, que a média da freqüência fundamental das meninas de 5 a 10 anos era
significativamente diferente da média dos meninos da mesma idade. Através do teste
Scheffé, observou-se a freqüência fundamental a cada idade, com o objetivo de
determinar em que época esta diferença tornou-se significante. Foi constatado que nas
idades de 7, 8, 9 e 10 anos é que essas diferenças começaram a emergir. Os exames
também demonstraram que num período entre 5 e 10 anos não existiram grandes
modificações na freqüência fundamental no sexo feminino, mas sim no sexo masculino
entre 6 - 8 anos e 9 - 10 anos.
AMADO (1950) apud SANCHES (1981) referiu que o hormônio tiróideo tem
grande importância na fonação, favorecendo a extensão da voz até os agudos. O lóbo
anterior da hipófise é que regula o metabolismo tiróideo. Quando existe um déficit
congênito da função da glândula tiróidea se dá o cretinismo, que tem como
característica a suspensão do crescimento, principalmente altura (nanismo), diminuição
do metabolismo basal, pele inchada, seca e rugosa, insuficiente desenvolvimento dos
genitais, grave retardo mental, e um dos primeiros sintomas é a macroglosssia, o crânio
se encontra volumoso e a raiz nasal se acha fundida na base .SÁNCHES (1981)
apontou a hipófise como o órgão que governa as atividades glandulares , que por sua
vez
está
diretamente
relacionada
às
mudanças
no aparato
vocal, desde o nascimento até a senescência. A laringe está constantemente exposta a
mudanças
de ordem anatômica e fisiológica,
graças à
ação dos
hormônios do
crescimento (somatotrófico) e sexuais (gonadotrófico). O primeiro age no crescimento
da laringe e de toda estrutura corporal, quando os hormônios sexuais permanecem em
estado de latência. É no período da puberdade, que no homem acontece por volta dos 14
- 15 anos e na mulher entre os 13 - 14 anos, que os hormônios gonadotróficos começam
a agir, originando os caracteres sexuais secundários. Desta maneira há um crescimento
notório do órgão vocal, com as pregas vocais chegando até 10mm no homem, quando a
cartilagem tiróide cresce e torna-se saliente formando o “Pomo de Adão”. É evidente,
assim, a mudança do registro tonal no sexo masculino, sendo esta menos evidente na
mulher. O processo da muda se dá num espaço de 6 a 12 meses, segundo o autor, com
períodos de oscilações até estabilizar-se, no caso do homem a voz agrava uma oitava, e
a da mulher 2 ou 3 tons. No período puberal existe a ação tanto dos hormônios
hipofisiários, supra-renais como também do tiróideo e somatotrófico, até que as
cartilagens laríngeas tenham se desenvolvido o suficiente. É quando se estabelece a
identidade psicosocial , momento em que o indivíduo adota características próprias da
fonação segundo o sexo.
DINVILLE (1981) relatou as transformações da voz desde a infância até a
senescência, referindo que a voz reflete o comportamento anatomo-fisiológico do
indivíduo no decorrer de suas transformações. Desta maneira, poder-se-ia observar a
voz aguda do bebê ao nascimento, proveniente de uma laringe alta e pequena, um terço
do tamanho da laringe de uma mulher. Á medida que o indivíduo cresce, a laringe vai
baixando paulatinamente até a puberdade. Até a idade de 6 / 7 anos a voz masculina e
feminina têm muito pouca diferença, apresentam reduzida amplitude e altura, a
intensidade é quase igual em ambos os sexos, com a diferença de um timbre mais grave
nos meninos. Aos 13 anos as características vocais no sexo masculino apresentam
modificações conseqüentes ao crescimento laríngeo, abaixando 1 oitava. Segundo o
autor é preciso considerar a adaptação muscular das estruturas orais, podendo esta levar
de 6 meses à 1 ano e meio, ou mesmo de 6 meses à 3 anos, nos casos extremos.
Nas meninas as modificações são menos visíveis, pois a voz abaixa 3 notas em média e
a laringe desce 3 cm. À partir deste momento, tanto no homem como na mulher, a
tessitura e extensão vocal são definidas, ou seja, entre 14 e 17 anos a voz se consolida,
tornando-se mais intensa.
MAZZAFERRI (1982) constatou ser a puberdade no homem dividida em fases,
as quais levam aproximadamente 1 ano para se completarem. O desenvolvimento
muscular que ocorre nesta época têm relação com os hormônios androgênicos. Acontece
uma maturação hipotalâmica com uma sensibilidade decrescente do hipotálamo aos
hormônios sexuais, explicando assim, a puberdade. Desta maneira, o desenvolvimento
da puberdade está associado à idade óssea do indivíduo e maturação hipotalâmica. Dos
6 a 12 meses após o início da puberdade, existe uma aceleração do crescimento. O autor
acredita existir algum controle genético que regula o início da puberdade. A obtenção de
um peso crítico a vários fatores ambientais também são considerados influentes na
instalação da menarca.
Em 1983, BOONE relatou a importância de se considerar o aumento do
tamanho da laringe humana no período da puberdade. A variação vocal nos meninos é
na ordem de uma oitava, e nas meninas cerca de 2 ou 3 notas. Esta mudança se dá
durante vários anos, à medida que acontece o crescimento laríngeo, e que tem como
característica rouquidão e quebras de sonoridade temporária. Nem sempre uma voz
inadequada é indicativo de alteração endócrina.
GREENE (1986) fez um paralelo das mudanças vocais ocorridas na
adolescência, tanto no que diz respeito aos meninos como às meninas. É inquestionável
o fato de que a mutação da voz e o tom vocal estão diretamente ligados ao crescimento
da laringe e ao aumento de comprimento das pregas vocais.
NAIDICH & SEGRE (1987) relataram que o primeiro som laríngeo é o grito
ou choro do bebê, que se apresenta agudo devido às características de laringe alta e
pequenas dimensões das pregas vocais. À medida que o crescimento corporal acontece,
o mesmo
acontece
com as estruturas laríngeas,
observou-se que
esta vai
descendo lentamente trazendo pequenas mudanças vocais em direção ao grave. Desta
maneira, na primeira e segunda infância encontra-se a mesma extensão e timbres vocais
tanto no homem como na mulher. O desenvolvimento da laringe e função vocal tem
relação com a atividade das glândulas sexuais e tiróide, principalmente quando observase a inter-relação bastante grande entre vascularização e inervação laríngea e corpo da
tiróide. Quando existe uma disfunção endócrina, nem sempre o sintoma vocal é o
primeiro a aparecer. Para compreender qualquer alteração, é necessário saber como se
dá o desenvolvimento normal destas funções. Processo da muda, que caracteriza-se por
grandes mudanças hormonais e vocais, principalmente nos meninos pode acontecer
entre os 14 e 16 anos, quando a voz desce 1 oitava no homem e dois a três tons nas
mulheres.
WAJCHEMBERG (1992) analisou o aparecimento da puberdade no homem e
na mulher, levando-se em consideração o mecanismo hormonal. A puberdade é o
período compreendido entre infância e idade adulta. É quando, devido às alterações
hormonais, acompanhado de alterações emocionais, acontece o início da fertilidade, do
estirão de crescimento, e o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, tanto
no homem como na mulher. O desenvolvimento destes caracteres é um processo
contínuo, devido à ação do eixo hipotálamo-hipofisiário-gonadal, ou seja, ação dos
esteróides gonadais, testosterona no homem e estradiol na mulher. O desenvolvimento
puberal relaciona-se melhor à idade óssea que à cronológica. Como na menina o
amadurecimento ósseo é mais rápido, explica-se o aparecimento da puberdade mais
precocemente que no homem. Apesar das modificações envolvendo diferentes regiões
geográficas, em relação ao início da puberdade, nos últimos 20 anos houve uma
estabilização, segundo estudos de MARSHALL & TANNER (1987, 1988). Sendo
assim, o autor usa como parâmetro de normalidade para o início da puberdade, 8 a 13
anos nas meninas e 9 a 14 anos nos meninos. Portanto, considerou-se como puberdade
precoce o aparecimento de caracteres sexuais secundários anterior a 8 e 9 anos na
mulher e no homem respectivamente, e o aparecimento posterior à 13 e a 14 anos com
puberdade atrasada. Sob o ponto de vista endócrinológico, a puberdade precoce se dá
pela ativação do eixo hipofisiário gonadal precocemente, sendo a maior incidência no
sexo feminino.
PEDERSEN (1993) descreveu um estudo com meninos de 13 a 15 anos, com
vozes treinadas e participantes de coral. Nesta idade, era quando eles começavam a
parar a atividade de canto, sendo assim, a pesquisa aconteceu tanto quando estavam
ainda cantando como após cessada a atividade. Foram analisados 3 meninos durante 1
ano, com informações colhidas a cada dois meses. A análise foi feita com base no
traçado do fonetograma e na ação dos hormônios sexuais durante a adolescência.
Exames laringoscópicos e estroboscópicos realizados não mostraram alterações. O
resultado revelou uma relação entre os hormônios sexuais (androgênicos), o
agravamento da voz e a mudança na configuração do fonetograma. Outra observação
referida , foi o fato de que após os meninos terem cessado a atividade de canto, houve
uma redução da capacidade de variação da intensidade, especialmente da mudança de
registro. O autor ainda sugeriu ser esta pesquisa um instrumento para futuros estudos
sobre as variações da voz.
BOLTEZAR & COL (1997) apresentaram dados em relação a 4 grupos de
adolescentes de 10 a 17 anos. Os grupos foram separados em: a) sujeitos normais sem
problemas vocais, b) adolescentes com alterações vocais que apareceram no início da
puberdade ou problema de muda vocal, c) adolescentes com problemas funcionais na
voz iniciado antes da puberdade, classificado como disfonia funcional, d) adolescentes
com problemas vocais com presença de nódulos nas pregas vocais. A proposta do
estudo era determinar se havia distinção entre voz normal e aquela com alteração. O
resultado revelou uma perda na estabilidade vocal no que diz respeito a pitch e
loudness, particularmente no pitch, em relação a todo grupo sem distinção. Porém, a voz
feminina mostrou-se mais estável que a masculina .
Retomando as referências de SEGRE (1974),quanto aos transtornos vocais
comuns na época da adolescência, citou no homem a voz eunucóide ligada à patologia
de origem hormonal, podendo existir déficit testicular. Porém os transtornos de ordem
funcional são os mais comuns, como a voz de falsete, a mutação incompleta ou
prolongada e hipermutação.
De acordo com os estudos de BRONDITZ (1988), citados anteriormente as
disfunções das glândulas sexuais podem inibir ou atrasar tanto a muda vocal como o
aparecimento dos caracteres sexuais secundários em ambos os sexos. Por outro lado, o
desenvolvimento e crescimento normal da laringe pode acontecer sem que haja um
abaixamento da tonalidade vocal, caracterizado por falsete pós-mutacional, ou a voz
pode descer alguma notas, como na mutação incompleta, ou até mesmo descer abaixo
do nível normal como no caso da “mutação baixa”. Na mulher pode acontecer tanto a
mutação incompleta como um rebaixamento mais intenso da voz que é denominada
mutação perversa. O texto menciona que o adulto com uma alteração vocal pósmutacional, carregava para a vida adulta conflitos emocionais da puberdade, na forma
de um padrão vocal incorreto. E, portanto, disfunções vocais na mutação podem ter
importância no diagnóstico de problemas vocais no adulto.
SANCHES (1981)
relatou que o diencéfalo é o órgão responsável pela
regulação da carga hormonal de andrógenos e estrógenos nos diferentes sexos. Nas
mulheres, tumores masculinizantes no ovário, vão desinibir os hormônios masculinos
trazendo as seguintes características: aumento da musculatura, incluindo músculo
tiroaritenoídeo e prega vocal, resultando em emissões mais graves; desenvolvimento da
tonicidade da musculatura expiratória com aumento da intensidade vocal; as
ressonâncias faciais são modificadas passando preferencialmente a peitoral. O sexo
masculino está sujeito a uma muda vocal precoce, quando há uma hiperfunção córticosupra-renal, ou um tumor localizado na córtex supra-renal. Nestes casos, o adolescente
adquire características orgânico-funcionais e fonatórias precocemente. Quando houver
uma alteração no lóbulo anterior da hipófise, que produz hormônios somatotróficos, as
gônadas não serão estimuladas a entrarem em ação, originando um atraso na muda
vocal. Nos meninos a muda acontece entre 13 e 14 anos, e as características vocais
comumente encontradas são o rebaixamento da tonalidade com timbre àspero e rouco,
às vezes com diplofonia. As evidências laringoscópicas demonstraram pregas vocais
edemaciadas com borda arredondada. Na estroboscopia a adução é normal, o tempo de
adução é prolongado podendo existir desnível entre as pregas vocais.
Segundo GONZÁLEZ (1981), as inter-relações existentes entre o sistema
fisiológico e endócrino justificam alterações endócrinas, muitas vezes acompanhadas de
sinais aparente como o transtorno vocal. Na adolescência, devido às grandes
modificações endócrinas, estas alterações podem acontecer, como nas situações de hiper
ou hipofunção endócrina. Como exemplos de disfunções, o autor citou a Síndrome de
Pellizi, a Síndrome de Frölich, a deficiência do lóbulo anterior hipofisiário durante a
juventudo, o gigantismo, o hipotiroidismo, a insuficiência ovárica e a insuficiência
testicular. Estas alterações têm sintomatologias individuais, porém quanto aos aspectos
vocais, na Síndrome de Pellizi (ou macro genitosomia precoce) e no gigantismo existe
um desenvolvimento precoce tanto no trofismo como na função, levando à uma voz de
freqüência grave. Na Síndrome de Frölich (ou distrofia adipogenital), na deficiência do
lóbulo
anterior
hipofisiário
durante
a
juventude
(ou
eunucoidismo), no hipotiroidismo (ou cretinismo), na insuficiência ovárica e na
insuficiência testicular, haverá um atraso na muda vocal. De uma maneira geral, com
exceção do hipotiroidismo, todas as outras alterações são comuns na fase pré-puberal,
com incidência maior no sexo masculino.
MAZZAFERRI (1982), em seus estudos, constatou que quando há evidências
virilizantes antes dos 10 anos nos meninos, dá-se a puberdade precoce, e quando essas
evidências não acontecem até os 14 anos, acontece a puberdade atrasada. A precocidade
sexual é quando aparece qualquer sinal de desenvolvimento dos caracteres sexuais
secundários antes dos 9 anos. Porém no sexo feminino, tanto as alterações quanto o
estirão de crescimento tendem a aparecer de 6 a 12 meses mais cedo. O hip
severo de longa duração, pode ser a causa da puberdade precoce. O autor
também fez otimismo
referência à importância de uma investigação, no caso da
puberdade precoce no homem, pois esta pode indicar uma doença virilizante da suprarenal ou tumor no SNC, uma vez que apenas poucos casos são de natureza idiopática.
LUCHSINGER & ARNOLD (1965), apud BOONE (1983) referiram
que, quando houver uma disfunção endócrina no adolescente, como nos casos de
anormalidades tiróideas e enfermidades da pituitária, haveria a presença de vozes ou
demasiadamente baixa ou alta para o sexo e idade. Quando o problema resulta em
alteração de massa e tamanho, origina-se provavelmente de algum tipo de modificação
nas características vibratórias da voz. Um bom exemplo é o fato de algumas mulheres
apresentarem uma leve rouquidão durante o ápice da tensão pré-mentrual. MOSES
(1960) relatou um exemplo extremo de causa endócrina, que eram as castrações em
homens antes da puberdade, na ópera primitiva, a fim de que os mesmos não tivessem a
muda vocal. Porém alguns homens podem não experimentar a muda vocal por
conseqüência do pobre desenvolvimento gonadal sexual, o que não tem relação direta
com o caso anterior, cuja causa é provocada.
Em 1984, MYSAK falou sobre as alterações endocrinogênicas, em seu artigo
WEST & ANSBERRY (1968) falaram que a tireóide, as paratireóides, as supra-renais,
as pituitárias e as gônadas são os órgão glandulares que quando alterados podem afetar a
fala. Porém dentro do mesmo artigo é NELSON (1964) que descreveu as patologias
com suas sintomatologias próprias. A glândula pituitária está diretamente relacionada
com o crescimento, portanto na sua ausência ou inadequação tem-se o nanismo
pituitário ou idiopático, que devido ao não crescimento da laringe, tem como
característica vocal a voz aguda, mesmo depois da adolescência. Encontrou-se no
gigantismo, sintomas como a voz agravada, devido à superprodução do hormônio do
crescimento na adolescência. Quando a glândula tiróide se vê alterada, tanto poder-se-á
ter hipo como hipertiroidismo. No hipotiroidismo congênito, LUCHSINGER E
ARNOLD (1965) relataram como sintomas vocais rouquidão, voz aguda ou débil nos
casos de cretinismo subclínico , que é um tipo de hipotiroidismo. No hipertioridismo foi
observado
fadiga fácil
na voz e voz trêmula. A principal função da paratireóide é a
manutenção do equilíbrio do cálcio e do fósforo. Não houve relatos de indivíduos na
adolescência com este distúrbio, ou distúrbios vocais relacionados. Nas alterações das
glândulas supra-renais, tem-se no homem, precocidade no desenvolvimento sexual,
acompanhado de acne e voz profundamente grave, e na mulher presença de voz
masculinizada. Nas disfonias ditas gonadais, o texto faz referência ao hipogonadismo
primário e Síndrome de Fröehlich, como assinalados pela persistência da voz aguda nos
meninos.
Para WILSON & FOSTER (1988), a puberdade masculina era variável tanto
no seu início e duração como na seqüência dos eventos. Quando a testosterona
plasmática era elevada para a idade, resultava em virilização antes da puberdade, que
estava associada à idade óssea. As crianças antes da puberdade são sensíveis à
esteróides sexuais exógenos e podem mostrar sinais de maturidade sexual através de
fontes andrógenas. Sendo assim, a virilização em meninos pode ser evidente e
distinguir-se por volta dos 5 anos, tendo como característica o estirão de crescimento
acelerado, idade óssea avançada, aumento da genitália, acne, mudança da voz e aumento
gonadal. Deve-se considerar algum tipo de ativação prematura nos eixos hipotalâmicospituitários-gonadais, quando pensa-se em puberdade precoce. O texto também fez
referência desta ativação relacionada à tumores do SNC e trauma craniano. A
feminilização em meninos pode acontecer quando o nível do estrógeno aumenta na fase
da pré-adolescência. A deficiência de gonadotrofina, como causa de hipogonadismo nos
homens, pode trazer um padrão de crescimento na infância normal com idade óssea
retardada, podendo vir a ter
falência do processo da puberdade. A deficiência de
gonadotrofina pode ser encontrada em mulheres, apresentando-se com amenorréia
primária, infantilismo sexual com distúrbio do olfato. De uma maneira geral, a
adolescência pode progredir rapidamente ou ter um desenvolvimento vagaroso, sem
presença de distúrbios endocrinológicos. É importante o aconselhamento aos pais e
adolescentes no sentido de tranqüilizá-los, pois algumas vezes o estigma da imaturidade
sexual pode trazer stress emocional, principalmente após os 14 anos.
BRANDI (1990) descreveu as disfonias larigopáticas, falou sobre as estruturas
envolvidas, fez referência ao diencéfalo, local onde se encontra o hipotálamo que é o
órgão que regula a hipófise ou pituitária. LUCHSINGER & ARNOLD (1965),
demonstraram ter esta íntima relação com o funcionamento das glândulas sexuais,
supra-renal, pineal e tiróide. Sendo assim, uma glândula afetada compromete várias
outras. Fica difícil isolar cada glândula a fim de se saber a causa exata de uma
perturbação, como por exemplo a alteração vocal. Esta alteração pode estar ligada
diretamente à padrões esperados em função do sexo e idade do indivíduo, e também
pode acontecer por questões fisiológicas ou endócrinas. o autor referiu que a muda
vocal, principalmente a masculina, está relacionada às funções sexuais, apresentando
instabilidade vocal tonal e enrouquecimento. Quando existe alteração da hipófise, a
produção dos hormônios tirotrópico, gonadotrópico e adenotrópico se vêem perturbados
causando feminilização no homem e masculinização na mulher, com os conseqüentes
sinais vocais. No gigantismo há uma hiperfunção da hipófise antes da puberdade,
levando a mulher à uma voz rouca, muito semelhante à voz virilizada. A puberdade
pineal precoce se dá quando a glândula pineal cessa a inibição da função sexual antes da
puberdade, tornando assim a voz da criança mais grave e espessa. No hipogonadismo há
a falta de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e da laringe, a voz
feminina soa infantil e a masculina aguda. Tumores e disfunções do córtex da suprarenal ocasionam virilização na mulher e caracteres femininos no homem. Nas alterações
da tiróide, encontrou-se o cretinismo que apresentou diferentes fatores envolvidos,
como deficiência mental e auditiva, pequeno desenvolvimento da laringe com sinais
vocais indo desde voz rouca até voz aguda e grave, dependendo dos fatores agravantes.
No mixedema, a voz é fraca e rouca, e a fala é lenta, morosa e disártrica. Nas alterações
das
paratireóides
observou-se
tumores
causando
afonia e às vezes, alterações
auditivas. No caso da hipocalcemia, a voz pode tornar-se espasmódica, e quando há
hipercalcemia a voz pode ser fraca e instável.
BOONE E MC FARLANE (1994) observaram que toda vez que encontraram
indivíduos com voz excessivamente grave ou aguda, podia-se suspeitar se algum
distúrbio endócrino, ou seja, havia um super ou subdesenvolvimento da laringe para a
idade e sexo da pessoa. Um bom exemplo é quando existe um hipofuncionamento da
glândula pituitária que resulta em crescimento retardado da laringe, a voz se apresenta
aguda, podendo haver ausência de caracteres sexuais secundários. Na presença de
tumores da glândula pituitária, tem-se uma puberdade precoce, bem como acromegalia,
segundo STROME (1982). No hipofuncionamento das glândulas supra-renais (Doença
de Addison) pode acontecer a falta de caracteres sexuais secundários, com uma voz prépubescente no sexo masculino. Os tumores no sistema supra-renal provocam excesso de
hormônio da supra-renal levando à virilização e agravamento da voz. Quando a
glândula tiróide produz suficiente tiroxina, tem-se o hipotiroidismo. AROSON (1990)
descreveu como rouca, áspera ou grave, e de altura excessivamente baixa a disfonia no
hipotiroidismo. O oposto ocorre no hipertiroidismo, quando há excesso da função
tiróidea, que resulta em uma voz soprosa que pode carecer de intensidade suficiente.
DISCUSSÃO
Todo período é precedido de uma etapa de desenvolvimento necessário para que
este se faça presente com suas característica próprias. O tema selecionado reúne
pesquisas que englobam todo o desenvolvimento endócrino e somático desde a infância
até a adolescência e como as alterações vocais se relacionam a estes.
Observamos um crescimento considerável na laringe de 0 a 5 anos em ambos os
sexos. Encontramos autores como CRELIN (1973)
e VUORENKOSKI (1978)
mencionando uma diferença de produção vocal a partir do terceiro ano de vida. Já
DINVILLE (1981) e GREENE (1986) concluem não haver diferenças significativas da
infância até a adolescência, exceto pelo fato do menino apresentar a voz um pouco mais
grave. Segundo KENT (1976), existe um declínio gradual na freqüência fundamental
dos 3 aos 11 anos ou 12 anos de idade. Os dados da frequência fundamental estão
diretamente relacionados à mudança no crescimento. VUORENKOSKI (1978) em
relação à freqüência fundamental, também observa uma queda entre 3 a 7 anos, da
mesma maneira que HASEK (1980) menciona que crianças por volta de 7/ 8 anos a
freqüência fundamental começa a se tornar aparente em relação aos diferentes sexos,
bem como há a presença de pequenas quebras de sonoridade. Em seguida, encontramos
BENNET (1983) e FAIRBANKS (1980) fazendo referência à redução da freqüência
fundamental em grupos de 7 a 11 anos quando VUORENKOSKI (1978),
BOLTEZAR & TANNER (1975) relatam que a freqüência fundamental vai decaindo à
medida que as estruturas laríngeas vão crescendo, por ação dos hormônios sexuais e do
crescimento.
HASEK (1980) e VUORENKOSKI (1978) concordam quanto a
modificação da freqüência fundamental da mulher após os 10 anos. BOONE (1983) ao
estudar dados da freqüência fundamental observa um agravamento na voz devido às
mudanças de proporção massa e
tamanho da
laringe.
O crescimento
da laringe
e as mudanças estruturais das pregas vocais podem justificar os dados encontrados
acima pelos autores. Existem diferenças bem definidas em relação à voz do homem e da
mulher adulta, tanto no que diz respeito aos aspectos acúscticos, perceptivos, como na
produção vocal. Segundo MURPHY (1964), LUCHSINGER E ARNOLD (1965), era
muito comum encontrar na literatura que não existiam diferenças na produção vocal
masculina e feminina antes da puberdade. Porém CRELIN (1993) sugeriu que à partir
do terceiro ano de vida existiam diferenças no crescimento laríngeo em relação aos
diferentes sexos. Por outro lado, WEINBERG & BENNET
(1979) relataram a
existência de estudos mostrando que indivíduos com bom treinamento auditivo podem
diferenciar vozes de meninos e meninas antes do período da adolescência.
Quanto ao início da puberdade, autores como MAZZAFERRI (1982) e
TANNER (1969) levantam aspectos como aumento de massa “versus” estrutura
corporal, quando TANNER (1969) ainda ressalta a influência de fatores genéticos
como alterações hormonais lesões cerebrais e aumento médio da estatura, bem como
fatores ambientais, como alimentação, clima e influências psicossociais. A questão
climática sempre foi considerada importante no aparecimento da menarca na mulher,
porém estudos de MAZZAFERRI (1982) e FRISCH (1975) mostram a relação do
início da puberdade e o peso corporal, no sentido de que quanto maior o peso corporal,
mais precocemente a menarca aparece na menina. BOONE (1983), NAIDR E COL.
(1965) e WAJCHEMBERG (1992) concordam quanto ao fato da puberdade ser mais
precoce nas meninas, ao explicar o amadurecimento ósseo mais rápido na mulher.
NAIDR ET AL (1965), relataram em seus estudos que existe pouca diferença
entre a puberdade em meninos e meninas, apesar do início desta ser mais precoce nas
meninas. No que diz respeito ao clima, a diferença entre clima quente e frio é quase
inexistente, o que se observou de uma maneira geral é que a puberdade (menarca) nas
meninas está acontecendo cada vez mais cedo. MC GLONE E HOLLIEN (1963)
observaram o tom vocal das meninas, e concluíram estar no mais alto nível aos 7 - 8
anos, sendo que entre os 11 - 15 anos cai de 2 a 3 semitons, permanecendo no mesmo
nível pelo resto da vida. Dessa maneira aos 15 anos a freqüência fundamental está
estabelecida, com a mutação da puberdade acabada. Não existe uma diferença muito
grande na variação vocal nas meninas, pois o comprimento mínimo das pregas vocais é
12,5mm e o máximo 17mm.
As mudanças vocais que acontecem durante a adolescência são
mencionadas por vários autores, apesar de encontramos pequenas diferenças com
relação ao início destas modificações. WILSON (1972) afirmou que durante a muda
vocal são percebidas asperezas e quebras de sonoridade. DUFFY (1970) sugeriu que as
mulheres passam por uma mutação vocal na época da menarca, apesar desta acontecer
de forma gradual durante muito tempo. GREENE (1986) observa que na menina o tom
vocal está no mais alto nível dos 7 aos 8 anos, e aos 10/15 anos cai de 2 a 3 semitons.
Estudos de PEDERSEN (1993), GONZÁLES (1981), SEGRE & NAIDICH (1987)
confirmam que a mudança de voz nos meninos acontece por volta dos 13/15 anos, com
grande ação dos hormônios sexuais, e nos caso de cantores há uma redução da
capacidade de variação da intensidade e mudança de registro.
BOLTEZAR (1997) realizou um estudo no sentido de caracterizar vozes
patológicas daquelas não patológicas no período da adolescência. Os resultados
demonstraram ser difícil esta separação neste período de transição, porém foi possível
observar a existência de uma instabilidade em relação ao pitch e loudness em ambos os
sexos, sendo mais marcante no sexo masculino. Esta instabilidade é de fácil
compreensão no sentido de que mudanças acontecem em toda estrutura fonatória, sendo
necessário tempo para esta estabilização, tanto no caso da voz patológica como não .
Quanto ao fato das vozes femininas serem mais estáveis que as masculinas,
provavelmente se deve às diferentes proporções de crescimento do aparato fonador de
cada um.
Quanto às alterações endócrinas ocorridas no período da adolescência BERRY
& EISENSON (1956) e SANCHES (1981)
foram bastante esclarecedores
ao
mencionar o fato de que não podemos isolar cada glândula e suas funções a fim de
termos certeza da origem do transtorno vocal. Encontramos relatos de BRANDI em
concordância com BERRY & EISENSON (1956) quando estes descrevem o estreito
inter-relacionamento glandular com a hipófise.
BOONE (1983) é o único autor que menciona a alteração funcional com a
hormonal, esclarece que quando a voz é demasiadamente baixa ou alta com referência
ao sexo e idade, pode estar acontecendo uma alteração endócrina. Nesses casos a
terapêutica deve ser medicamentosa, e quando não existir alteração endócrina, a
terapêutica é fonoaudiológica a fim de restabelecer a função. Vamos encontrar citações
deste mesmo autor e SEGRE (1974) quanto às alterações gonadais e castrações, que
eram comuns na ópera primitiva, como causa da falta da muda vocal por alteração
endócrina no homem. Encontramos em relatos tanto de WEST & ANSBERRY (1968)
como de PERELLÓ (1980), as alterações endócrinas ligadas às disfunções glandulares,
que no caso de uma hiperfunção vai originar um aumento laríngeo precoce com voz
agravada. Quando houver hipofunção a laringe deixa de crescer mantendo uma voz
infantil, isso se deve à estrita relação do hormônio tiróideo e fonação. MAZZAFERRI
(1982), GONZÁLES (1981) e SANCHES (1981) completam que quando existe a ação
dos hormônios somatotróficos e gonadotróficos, a laringe vai crescendo paulatinamente,
bem como toda estrutura corporal, e na disfunção destes vamos ter ou ma voz grave
demais ou aguda demais para a idade.
WJACHEMBERG (1992) faz uma abordagem um pouco diferente dos autores
acima, no sentido que os aspectos bioquímicos e endócrinos envolvidos no
aparecimento da puberdade, quando ativados precocemente
levam à puberdade
precoce. Já WILSON & FOSTE (1988) focalizam a puberdade sob o ponto de vista da
alteração dos hormônios sexuais que vai trazer uma voz virilizada no homem quando o
nível de tetosterona estiver alto, e feminilização quando for o nível de estrogênio alto.
Tanto SEGRE (1974) como PERELLÓ (1980) mencionam que a voz agravada ou
agudizada
nem
sempre é um sintoma de um distúrbio hormonal, podendo o mesmo
acontecer por alteração funcional, que é o caso do atraso na muda vocal. A puberdade
precoce, devido às alterações da
por
supra-renal no
sexo masculino,
é descrito
BOONE & MC FARLANE (1994) e sua relação com a voz falada.
MAZZAFERRI (1982) considera que a puberdade precoce se dá com o aparecimento
de evidências virilizantes antes dos 10 anos nos meninos, porém para PERELLÓ
(1980), isto pode acontecer antes dos 14 anos, ou seja, a referência de idade é um pouco
diferente, assim como a referencia de idade de início de puberdade mencionado por
alguns autores no início desta discussão. Considerando que na adolescência há uma
grande gama de mudanças hormonais, fica fácil entender as alterações decorrentes deste
período.
O aspecto emocional da voz é mencionado por GREENE (1986), que devido à
mudança vocal ser mais intensa no sexo masculino os transtornos de ordem emocional,
devido à uma alteração, se faz mais presente neste sexo. SANCHES (1981) e
VUORENKOSKI (1978) mencionam a “identidade psicosocial do adolescente”, o que
consideramos de extrema importância, por ser este um período de muitos conflitos e
busca da identidade, a voz de alguma maneira, exterioriza nossos sentimentos. É neste
sentido que nos meninos a mudança estrutural pode acontecer mantendo uma voz
infantil, por razões puramente fisiológicas, que reflete a dificuldade ou não aceitação de
lidar com o “papel” que aquela voz lhe impõe. VUORENKOSKI (1978) abordou a
ansiedade, conflitos e escolha do grupo social a que pertence como aspectos comuns na
adolescência.
HASEK (1980) também comenta sobre as implicações psicológicas de uma voz
não condizente com o sexo e idade da pessoa, seguidos por WILSON & FOSTER
(1988), completando sobre a importância do aconselhamento e orientação ao
adolescente e familiares nos casos de alteração vocal, uma vez que não podemos deixar
de lado os aspectos psico-emocionais.
CONCLUSÃO
Ao se analisar as alterações decorrentes das mudanças hormonais no período da
adolescência, observamos que esta tem relação direta com o crescimento de estruturas e
a muda vocal. Alguns autores referiram que antes deste período algumas mudanças
aconteciam, como por exemplo VUORENKOSKI (1978), citando o fato de que em
mulheres há uma queda da freqüência fundamental por volta de 3 a 7 anos e em seguida
após os 10 anos. Já HASEK (1980) observou o mesmo nas idades de 7 a 8 anos em
relação aos diferentes sexos. Sendo assim, apesar dos nossos ouvidos não estarem bem
atentos, essas mudanças acontecem ainda que em menor grau.
Um novo enfoque é dado, com respeito ao início da puberdade, ou seja, o fator
climático passa a não ter tanta importância como se pensava, dando lugar a uma relação
massa corporal e idade, justificando o aparecimento precoce da menarca.
Estudos demonstraram uma dificuldade em separar indivíduos portadores de
alterações vocais daqueles sem alterações vocais neste período. Os transtornos vocais
presentes no período da adolescência passam a ser mascarados pelas mudanças e
quebras sonoras próprias desta época. Quanto às alterações ligadas a problemas de
ordem hormonal, observou-se que quando estas levam ao aparecimento precoce da
puberdade, a voz apresenta-se agravada em relação à idade do indivíduo. Considerando
que as mudanças hormonais vêm acompanhadas das modificações de aumento de
laringe e espessura da prega vocal, fica fácil de entender todo o processo envolvido. O
aparecimento tardio da puberdade, ou seja, início tardio das mudanças hormonais,
também vai conduzir a mudança vocal tardia, levando o indivíduo a ter uma voz
agudizada em relação à sua estrutura corporal ou idade óssea.
Os casos acima mencionados estão ligados às alterações endocrinológicas, que
podem relacionar-se a um hiper ou hipotiroidismo. EISENSON (1956) e SANCHES
(1981) foram bastante esclarecedores quanto ao fato de não podermos isolar cada
glândula e
suas funções a fim de descobrirmos a origem destes transtornos, visto o
estreito inter-relacionamento glandular existente. Desta
maneira , as
alterações hormonais devem ser tratadas pelo médico com a ação de medicamentos, e
quando houver transtornos vocais de ordem funcional, o que é muito comum no sexo
masculino, caracterizado como atraso na muda vocal, o enfoque terapêutico deve ser
fonoaudiológico, podendo ou não necessitar do acompanhamento psicológico. Sendo a
adolescência uma época de tantos conflitos e inseguranças pessoais, é muito comum a
necessidade da psicoterapia.
Quanto à muda vocal em indivíduos com alterações endócrinas, apesar de
nenhum autor ter feito referência direta a este aspecto, podemos concluir que esta vai
acontecer na medida do atraso ou antecipação do início da puberdade, ou seja, vai
depender da natureza da alteração. A participação do fonoaudiólogo deverá acontecer
quando a alteração for de ordem funcional, sendo esta de suma importância.
RESUMO
O presente trabalho faz uma abordagem de todo desenvolvimento do aparato
vocal, desde a infância até a adolescência, considerando os aspectos endócrinos,
somáticos e emocionais.
As pesquisas mostraram uma pequena variação na freqüênca fundamental
anterior ao período da puberdade, entre 3 e 7 anos.
Na tentativa de levantar possíveis causas que justifiquem o aparecimento cada
vez mais precoce deste período, os autores encontraram a relação peso “versus” massa
corporal. O início da puberdade foi relatado com pequenas diferenças entre os autores
no que diz respeito à idade, porém todos concordam quanto ao fato desta aparecer mais
cedo na mulher, em função da idade óssea.
As mudanças vocais apresentam-se na ordem de 2 a 3 semitons nas meninas, e
uma oitava nos meninos, com presença de quebras de sonoridade.
Devido à estreita relação do hormônio tiróideo e fonação, os estudos
demonstraram que quando houver uma alteração endócrina, haverá uma voz ou
demasiadamente grave ou aguda para idade e sexo do indivíduo, caracterizando o hiper
ou hipotiroidismo. Os autores também fizeram referência às vozes alteradas devido à
problemas funcionais. A terapêutica deverá ser medicamentosa nos casos de alterações
endócrinas, e fonoaudiológica quando houver uma desordem funcional.
Os aspectos psicoemocionais foram mencionados, uma vez sendo a puberdade
um período de conflitos e busca da identidade. Desta maneira, adolescente com voz
alterada pode necessitar de orientação e apoio familiar no decorrer deste processo.
SUMMARY
The present work makes na approach to all the development of the vocal
apparatur, since childhood to adolescence, considering the endocrine, somatic and
emotional aspects.
Researches have shown a slight variation in the fundamental frequency prior to
the period of puberty, between three and seven years of age.
On the attempt of unveilling the possible causes wich can justify the each time
more precocious appearing of this period, researches have found the relation weigh
‘versus’ coporal mass. The beginning of puberty has been accouted with little difference
among researchers in respect to the age. However, they all agree on the fact that it
appears earlier in women, due to the osseous age.
The vocal changes appear in the order of two to three semitones in girls and na
eight note in boys, with the presence of breakings in sonotiry.
Due to the close relation between the thyroid hormone and the speech, studies
demonstrate that when na endocrine disturbance occurs, there will be a voice either too
gravelly or high-pitched for the age and sex of the person, characterising the hyper or
hypothyroidism. Researchers have also made reference to altered voices as due to
functional problems. The terapeutic treatment should be medicated in the cases of
endocrine disturbance, and speech therapy, only when functional disorders occurs.
The psycho-emotional aspects have been mentioned, once puberty is a period of
conflicts and identity search. Therefore, the adolescent with disturbed voice may need
orientation and family support on the elapsing of this process.
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