Matusa
Troca de livros ajuda a
elevar o nível cultural
da população
Diversidade
Há 33 anos, a banda
embala as noites da
região sul do estado
Diversidade
Criciúma - 1º semestre de 2010 - Ano 3 - Número 5
Foto: Vicente Ribeiro
Foto: Joana Koscianski
Sebos
Curso de Jornalismo da Faculdade SATC
Ferrovia Tereza Cristina: desde 1957
carregando riquezas pelo Sul de SC
Foto: Rafael Bordini
Thais Nunes
Foto: Thais Nunes
Imagens marcantes
da região durante o
primeiro semestre
Pág. 8
Turismo
Foto: Richard de Luca
Olhar jornalístico
Com encantos naturais e
eventos Torres atrai turistas
durante todo o ano
Pág. 6
2
Ênfase - 1º Semestre 2010
Ênfase - 1º Semestre 2010
Editorial
Notícia a partir de um “clic”
Por Marli Vitali
Todos os dias somos bombardeados por informações de todos os níveis, desde as mais simples
e pessoais, até aquelas que podem provocar mudanças no mundo. Notícias chegam a cada minuto,
basta acessar um site, ligar o rádio, a TV ou até pegar o celular na mão. Esse é um dos grandes desafios do jornalista da atualidade, saber o que busca o
seu leitor. Num simples clic, ele pode circular pelo
mundo virtual da informação, observando rapidamente o que acontece de mais importante no mundo inteiro. Mas a pergunta é: será que é isso mesmo
que ele deseja? Impossível chegar a uma resposta
conclusiva, mas é sempre bom se desafiar. E foi
isso que a Satc fez ao propor uma nova ferramenta
de comunicação. O surgimento do Portal Satc vem
para ser mais que um site de notícias. Surge com a
proposta de preparar, de uma maneira ainda melhor, o futuro profissional do Jornalismo. Além disso, desperta nos acadêmicos o olhar crítico sobre o
que ocorre ao seu redor, na cidade e no bairro onde
vive. E aí está uma das grandes tarefas do profissional da imprensa. Função que nem sempre é fácil, mas que deve nortear o trabalho ético dos bons
profissionais. Boa leitura.
Expediente
Ênfase - Ano III - nº 5 - 1º semestre 2010
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da
Faculdade Satc
DIRETOR EXECUTIVO DA SATC
Ruy Hülse
DIRETOR ADMINISTRATIVO
FINANCEIRO DA SATC
Fernando Luiz Zancan
DIRETOR CORPORATIVO DA SATC
Iraíde Piovesan
DIRETOR DA FACULDADE SATC
Carlos Ferreira
COORDENADORA DO CURSO DE
JORNALISMO
Lize Búrigo
PROFESSORES COORDENADORES
Marli Vitali e Davi Denardi
REDAÇÃO
Alunos do curso de Jornalismo da Faculdade SATC
EDITOR GERAL
José Fernando Sankauskas da Silva
DIAGRAMADORES
Bárbara Elias Winter, Daniela de Oliveira Soares,
Eduardo Prestes Martins, Everson Cleo Porfírio
Alves, Flávia Ronconi Bortolotto, Franciela Lima,
Frank Cortez Geremias, Gabriela Barbetta Woycickoski, Gabriela Horr Back de Andrade Vieira,
George Harrison Santos, Giovana Pedroso, Gustavo Alessio Duminelli, Gustavo Santos da Silveira
Neto, Jéssica de Oliveira Simiano, João Ricardo
Zanini, Juno César Marcelino Mello, Lucas Luis
da Rocha Mendes, Marina da Silva Manganelli,
Priscila Ugioni Ambrósio, Richard Bryan de Lucca, Thaissa Mezzari Buzzi, Tiago de Souza Clezar,
Tiago Giordani Magro, Tiago Maciel Espindola
Satc
Portal Satc: uma
ferramenta multimídia
Meio século rendendo bons frutos
Ex-alunos da Satc são destaque regional quando o assunto é empreendedorismo nos negócios
Por Djonatha Geremias
Por Daniela Soares
união entre tecnologia e educação gerou uma
ferramenta inovadora em
Santa Catarina: o Portal
Satc. O grande diferencial
é a página inicial, de caráter jornalístico, com notícias
elaboradas por estudantes
do curso de Jornalismo da
Faculdade Satc.
O Portal é a nova “cara”
da instituição. A Associação
Beneficente da Indústria
Carbonífera de Santa Catarina (Satc) vem construindo,
desde maio de 1959, uma
credibilidade admirada internacionalmente,
devido
aos grandes investimentos
em educação aliada à tecnologia. Confiar a imagem da
instituição aos acadêmicos
do recente curso de Jornalismo mostra a confiança da
Satc no trabalho que é realizado.
A evolução do “site da
Satc”
(www.satc.edu.br)
para o Portal Satc (portalsatc.com) foi motivada, se-
onhecimento, boas
ideias e uma grande ousadia. Fatores
imprescindíveis para quem
busca algo mais, qualidades
que são comuns nos empreendedores. Roberto e Antônio Olivo, Lourival Ricardo
Casagrande e Vilmar Antônio Innocenti atuam em segmentos distintos, mas têm
muita coisa em comum. Sucesso nos negócios, a busca
por novidades é a base educacional que foi importante
para que começassem uma
carreira de sucesso.
Com mais de meio século de atividade, a Satc vem
preparando seus alunos
para o mercado de trabalho,
acumulando, ao longo dos
anos, muitos exemplos de
empreendedorismo na região. Os destaques surgem
nos setores mais variados,
desde o metal-mecânico, de
informática ou telecomunicações.
Licenciado em plena me-
A
C
Estágiários do Portal Satc durante entrevista
gundo o diretor corporativo,
Iraíde Piovesan, por alguns
objetivos audaciosos, como
integrar Satc e sociedade,
contextualizar o curso de
Jornalismo e tornar-se fonte
de informação regional. Ou
seja, fazer com que os acadêmicos sintam na prática
como é o exercício da profissão, oportunizando atividades reais, fazer do site
uma vitrine para a sociedade
do curso de Jornalismo e de
toda instituição Satc e ainda
ser referência em notícias
multimidiáticas de web (textos, fotos, vídeos e áudios)
na região sul catarinense.
Segundo Piovesan, o
Portal está caminhando perfeitamente e os objetivos
devem ser atingidos gradualmente. “O novo veículo
servirá para sabermos se a
Satc está antenada com o
mercado. Temos sócios em
outros países que estão satisfeitos em poderem saber o
que acontece aqui por meio
do Portal”, comenta o diretor.
Estrutura atua como redação
“Temos acadêmicos de
toda região sul catarinense
e todos podem enviar suas
próprias matérias. Assim,
temos cerca de cem ‘repórteres’ abastecendo o Portal”,
explica a coordenadora do
Portal Satc e professora de
Redação Jornalística, Marli
Vitali, que, com o professor
de Webjornalismo Cláudio
Toldo, orienta os acadêmicos e supervisiona o material
produzido.
Além disso, a coordenação do curso selecionou, por
meio de avaliação, quatro
acadêmicos para estagiarem no Portal, de segunda
a sexta-feira, dois em cada
período.
Os estagiários e acadêmicos de Jornalismo também produzem matérias em
vídeo e que são publicados
na WebTV Satc. O suporte
e orientações vêm do cinegrafista Adaílton Martinello,
que já trabalha na área há
mais de 20 anos. “Mesmo já
trabalhando há bastante tempo, eu tenho aprendido muita coisa aqui. Questões de
edição de vídeos e manusear
equipamentos mais modernos, por exemplo”, comenta
Martinello.
Com um dos melhores
estúdios de rádio do sul catarinense, o Portal também
possui uma rádio on-line
que funciona durante 24 horas por dia. No começo, a
programação musical predomina, mas o Jornalismo se
faz presente cada vez mais.
Todas as tardes, a partir das
14 horas, e de hora em hora
até as 18, vai “ao ar” o programa Satc Notícias. Aos
poucos, professores e acadêmicos vão preenchendo a
grade de programação com
programas ao vivo e podcasts (gravados) de acordo
com as demandas do curso e
das aulas.
No Portal Satc, continuam existindo os sites de
Educação, Tecnologia e Institucional, além dos portais
dos Colaboradores, Alunos,
Professores, Pais, Fornecedores e Clientes, mas todos
esses passaram por uma reformulação, tanto no design
das páginas quanto no conteúdo. O responsável por
isso é o professor de design
gráfico Davi Denardi e pelo
webdesigner Elias Rafael de
Souza.
3
cânica, técnico em eletromecânica e torneiro mecânico, Roberto Olivo estudou
na Satc aos 16 anos, juntamente com seu irmão gêmeo Antônio. Percebendo a
carência de suprimentos no
setor cerâmico, os irmãos
criaram, em 1993, a Irmãos
Olivo. Hoje a sociedade
possui filiais nos estados
de São Paulo e Bahia e se
expandiu para as áreas de
produtos e serviços em borracha e metal-mecânico.
“Considero que a Satc foi
minha segunda família, porque me impulsionou o conhecimento e abriu minha
mente para querer ter meu
próprio negócio. A Satc é
uma escola com grande potencial”, diz Roberto, que
além de ter sido aluno atuou
como professor na instituição por mais de dez anos
e atualmente emprega um
grande número de profissionais formados na escola. Ele
atribui o sucesso profissio-
Fotos: Daniela Soares
Irmãos Olivo emprega estagiários e profissionais que passaram pela instituição
nal ao esforço pessoal e ao
suporte familiar, pois apesar
de não possuírem muitos recursos financeiros seus pais
sempre lhes proporcionaram uma boa educação.
Após assistir a uma palestra sobre a instituição, Lourival Ricardo Casagrande
decidiu que iria estudar na
Satc. Filho e neto de minei-
ros, cursou em 1974 o Técnico em Mecânica e, posteriormente, Administração
de Empresas na Unesc. Há
mais de 20 anos atuando
também no ramo de automação, fundou a empresa
Lógica Automação.
Lourival ressalta a importância ainda hoje da instituição em seu negócio: “90%
dos nossos funcionários
vêm da Satc, seria muito
difícil manter a empresa
sem a mão-de-obra formada pela instituição. Não é
só a formação escolar, mas
de caráter”. Lourival acrescenta ainda que seus filhos
estudam na instituição devido à confiança no ensino e
responsabilidade social.
Setor de informática impulsionado pela educação
Vilmar Inocennti ressalta a importância do estudo
Um dado informal, apurado em uma feira de informática em Criciúma,
revelou que grande parte
dos empresários da área
estudaram na Satc. Dentre
eles está Vilmar Antônio Innocenti, que exerce a função
de diretor-geral da Digitusul
Computadores, na qual trabalha há mais de 20 anos.
Além disso, tem sociedade
em mais três negócios de
diferentes segmentos. “A
Satc foi o berço de tudo,
minha base profissional. Na
época em que estudei na instituição era levado ao pé da
letra a missão de formar seus
alunos”, disse. Innocenti estudou Eletrotécnica na Satc
em 1983 e em seguida formou-se em administração
de empresas pela Escola Superior de Criciúma (Esucri).
Segundo ele, na empresa
em que atua são contratados
ex-alunos da Satc, pela confiança em sua formação.
A Satc se destaca por ter
a educação básica e a profissional. Quando elas caminham juntas fica mais interessante. Se você aprende a
teoria e pode praticá-la, incorpora melhor o conteúdo,
esse é o nosso diferencial”,
afirma o vice-presidente da
Associação Empresarial de
Criciúma (Acic) e diretor de
Relações Corporativas da
Satc, Iraíde Piovesan.
Com o intuito de pro-
porcionar a prática do
aprendizado na instituição,
são utilizados meios como
práticas em laboratórios,
incubadora empresarial na
qual os alunos podem expor
e aprimorar seu empreendedorismo e o recém-inaugurado Núcleo Multimídia
que possibilita o exercício
da profissão aos estudantes
de Jornalismo, entre outras
ferramentas. “A partir do
momento em que o aluno
começa a praticar, o curso
fica mais interessante. É só
uma questão de oportunizar
a prática, e a missão da Satc
é viabilizar oportunidades”,
destaca.
O diretor atribui o incentivo ao empreendedorismo
ao declínio do emprego
estrutural, fazendo-se necessário desenvolver o lado
empresarial dos estudantes.
“Não existe falta de emprego, mas falta de gente
preparada. As empresas
contratam quem tem competência, e tem competência
quem estuda”, acrescenta.
Piovesan considera que
o ambiente escolar é bastante propício ao desenvolvimento do empreendedorismo, pois o aluno pode
desenvolver posições de
liderança como presidente
de classe, líder de grêmio
estudantil ou tesoureiro da
turma. “No passado os exalunos da Satc iam embora
da região devido às oportunidades. Hoje podemos
dizer que 90% dos alunos
ficam no Sul do estado. Isso
demonstra que a região está
crescendo e crescerá ainda
mais”, conclui Piovesan.“
4
Ênfase - 1º Semestre 2010
Opinião
Comunidade
Quem é realmente o
verdadeiro culpado?
P
or muitos anos
“aquecimento
global” e mudanças climáticas têm
sido motivo de polêmica e
muita discussão em todo o
mundo. Seja pela superficialidade com que são tratados os acontecimentos,
seja pela contrariedade
quanto as suas causas.
Aquecimento global,
como o nome já diz, é o
aumento da temperatura
terrestre e tem causado diversas alterações no clima
mundial. O aumento das
temperaturas, o avanço
do mar em várias costas mundiais
e chuvas extremas são consequências já muito visíveis desse fenômeno.
Todos os dias a mídia informa
sobre “mais uma catástrofe natural”, o que ela não informa são
as causas dessas catástrofes, e se
informa as explicações são sempre repetitivas e superficiais. Um
exemplo bem comum e intrigante
é o de excesso das chuvas e enchentes, principalmente as chuvas
que vêm atingindo os estados de
São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O que mais se ouve
nesses casos tanto da população
quanto da mídia é o termo “castigado pelas chuvas”, utilizam o termo tendo a população na posição
de “vítima”. Vítima por um lado e
vilão por outro. Todos reclamam
aos órgãos públicos quando suas
casas são invadidas pela água, ou
quando todos os seus bens são
perdidos, mas nem metade deles
faz sua parte com o meio em que
vive. Bueiros entupidos, lixos pelas ruas, descaso com as áreas de
grande vegetação, são essas as verdadeiras causas de enchentes, as
chuvas são sim em grande quantidade, mas isso sempre foi natural.
O governo tem também uma
parcela de culpa, as ruas estão sempre em situação precária e sendo
deixadas de lado, mas, por outro
lado, o governo ter que limpar a
sujeira de quem não cuida de onde
vive não é uma atitude muito correta, sendo assim, quem realmente
Ser ou não ser?
deveria zelar por seu lar
são as “vítimas” da situação.
Olhando por esse
lado o termo “castigado” se encaixaria muito
bem, nada mais sendo
do que o preço pago por
sua falta de cuidado.
Isso não generalizando,
pois há sim quem faça
o que pode e quem se
preocupe com o meio
ambiente. Usando esse
exemplo das chuvas
fica totalmente claro o
que se quis dizer sobre
a contrariedade quanto
às causas do aquecimento global.
No conhecimento comum é apenas
o aumento da temperatura causado
pelo “Planeta Terra”, que resolveu
“castigar” os seus habitantes.
Bom, sim, é causado pelo próprio planeta, mas é um fenômeno
totalmente natural, que sempre
ocorreu, em todas as eras e em todos os tempos, a única diferença é
que agora o planeta é quase totalmente habitado, e é lógico se sente
mais os efeitos por isso, além de
que, o ser humano tem contribuído e muito para o aceleramento e
intensificação desse processo. Então não é correto dizer que a Terra
“castiga” seus habitantes, ela apenas “retribui” os cuidados que se
tem com ela.
Metamorfose da
modernidade
Ferrovia Tereza Cristina: uma história de
conquistas e progresso no sul catarinense
Por Flávia R. Bortolotto
Projeto que interligará a ferrovia aos três principais portos de Santa Catarina já existe
T
enho guardada uma
foto do meu aniversário de quatro anos,
que em cima da mesa revela
uma garrafa de Sukita feita de
vidro. Elas sumiram, nunca
mais tomei refrigerante em garrafa de vidro. A modernidade
dos anos 90 trouxe a ilusão dos
descartáveis. Reutilizar é fora
de moda, sem contar o trabalho
que dá. Fabricar garrafas de vidro sai mais caro, mesmo porque guardar as garrafas usadas
para trocar no bar da esquina
virou coisa do passado.
Lavar copos e pratos ocupa
tempo demais, é muito mais
simples jogarmos tudo no lixo
e irmos assistir TV. Por consequência dessas atitudes, hoje
temos toneladas de plástico
boiando nos oceanos. E a reciclagem? O Brasil produz anualmente cerca de três bilhões
de garrafas PET, um produto
100% reciclável, mas o volume de reciclagem atualmente
beira os 50%. A outra metade,
bem, essa tem outro destino...
O meio ambiente. O glamour
dos descartáveis precisa dar
lugar ao reutilizável. Modernidade hoje é tentar deixar o
mínimo do seu rastro no meio
ambiente. Afinal a vida não é
reciclável.
Por Morgana Réus
Ao longe se escuta um
apito. Lá vem o trem que
passa pelos trilhos do Sul
de Santa Catarina. Vanderlei
Castilho Pires e sua família
já estão acostumados com o
barulho faz tempo, desde a
época da Maria Fumaça. Segundo funcionário mais velho da Ferrovia, ele lembra
com entusiasmo como tudo
começou. “Com apenas 16
anos me casei e fui morar
dentro do pátio da estação
ferroviária em Tubarão. A
minha esposa acabou se
acostumando com o barulho
e à noite não era tão difícil
de pegar no sono”, relembra.
Como já diz aquele velho
ditado, “Filho de peixe, peixinho é”, e o resultado para
seu Pires não poderia ser
diferente. “Hoje tenho dois
filhos que trabalham aqui
comigo e tem uma terceira
que também quer investir”,
diz. Naquela época, a Maria
Fumaça transportava passageiros e como ele já trabalhava na ferrovia não pagava passagem. “Todo ano,
eu e minha família íamos
até Porto Alegre de ônibus
e de lá para Livramento de
trem para visitar os familiares. Ah... os verdes campos
da minha terra!”, recorda
seu Pires. Controlador de
Segurança Patrimonial, ele
trabalha na estação de Tubarão e vem a Criciúma uma
vez por semana. Sua função
é fiscalizar o patrimônio, a
faixa de domínio da ferrovia
que constantemente é alvo
de invasões. Pires relata que
algumas famílias sem teto
resolvem alojar-se no local
e sua tarefa é cuidar para
que isso não aconteça.
O comerciante Sidnei
Manoel Mendes mora em
Içara há dez anos e gosta de
ver o trem passar em frente
a sua padaria. “Acho muito
bonito. Tem gente que não
gosta do barulho do trem, já
outros vêm de longe só para
ver. É só questão de se acostumar”, pondera. Mendes
recorda que o meio de transporte da época era o trem ou
o cavalo. “As pessoas que
moravam na serra desciam
até aqui para trocar seus
produtos pelas mercadorias
que não tinham lá”, explica.
Autor retrata a problemática existencial humana
morador de uma grande metrópole, solitário que vive à
beira da depressão. Antônio
Claro, que utiliza o nome
artístico Daniel Santa-Clara, é um ator figurante em
ascensão, casado e que leva
uma vida relativamente
tranquila e feliz. Suas vidas
se encontram e ganham tom
de inquietude e suspense
após o primeiro assistir a
um filme indicado por um
colega de trabalho e se vê
personificado na imagem de
um recepcionista de hotel.
O romance sugere várias
reflexões e interpretações,
uma delas é a necessidade de encontrar a si mesmo em uma sociedade que
está cada vez mais globalizada, rotulada e mecanizada. Grande parte do
livro descreve a trajetória
de Tertuliano até seu sósia
Antônio, metaforizando a
infinita busca existencial
do homem. A procura pelo
contentamento e realização
pessoal, aceitação social e
construção da identidade.
Ao se encontrarem, confirmam sua inegável igualdade física que se contrapõe
às diferenças comportamentais, dessa maneira suas
personalidades se completam. Outro personagem de
destaque é o Senso Comum,
que em diversos momentos
atua como guia a Tertuliano, sendo que ele ignora
constantemente suas orientações. Ao final a trama
apresenta um desfecho trágico e envolvente.
As 316 páginas do livro
Homem Duplicado transmitem muito mais do que
está representado pelas palavras e ideias do autor da
obra. Faz-se necessário um
exercício de reflexão e contextualização da realidade
vivida por todos nós. Saramago conseguiu registrar
em termos o que muitos
talvez não consigam sentir
no sufoco do cotidiano. A
nossa luta para mudar o que
fomos, entender e aceitar o
que somos e enfrentar sem
medo o que ainda seremos.
Nos trilhos: as riquezas do sul do estado de Santa Catarina
O surgimento da ferrovia
Transporte de carvão para a Usina Jorge Lacerda no município de Capivari de Baixo
Por Daniela Soares
possível que dentre
os mais de seis bilhões de habitantes
do planeta existam duas
pessoas fisicamente idênticas sem nenhuma relação
de parentesco? José Saramago usa esta concepção
como metáfora para explanar a falta e a busca pela
identidade na sociedade
moderna, em seu romance o
Homem Duplicado (2002).
Tertuliano Máximo Afonso é um professor de história secundário, divorciado,
5
Fotos:Rafael Bordini
Por Gabriela Barbetta Woycickoski
É
Ênfase - 1º Semestre 2010
De olho no presente e futuro
Desde sua administração
privada a Ferrovia Tereza Cristina (FTC) investiu
mais de R$ 50 milhões em
locomotivas, vagões, linhas férreas, equipamentos
e manutenção. Com uma
extensão ferroviária de 164
quilômetros, percorre 12
municípios do sul catarinense e vai muito além do
transporte de minérios. Em
2006 iniciou o transporte
de produtos cerâmicos e no
ano passado a ferrovia passou a carregar também arroz
com destino à cabotagem.
São mais de 34 milhões de
toneladas de cargas transportadas.
De acordo com Pires,
a meta da FTC é ampliar
o transporte com a ligação
entre Criciúma e Imbituba
até a região Norte de Santa
Catarina, em Araquari. “O
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva deve anunciar um
pacote de medidas para impulsionar o setor”, afirma.
A Ferrovia Litorânea vai
interligar os portos de São
Francisco, Itajaí e Imbituba. “O projeto já existe, mas
depende muito das questões ambientais”, ressalta
o estudante de Engenharia
Ambiental Rodolfo Medeiros Cardoso, estagiário na
estação de Criciúma. Outro
projeto, ainda em fase de
elaboração menos rápida, é
o prolongamento das linhas
até o Rio Grande do Sul,
de Içara a Canoas, unindo
a região ao Mercosul. Para
o futuro não se descarta o
transporte de passageiros.
Em 1874, o Segundo
Visconde de Barbacena obteve do império a permissão
para construir a ferrovia.
Surgiu a The Tubarao Coal
Mining Company e a The
Donna Thereza Railway
Company Limited. Entretanto, o carvão de Lauro
Müller, por não ter boa qualidade, rendeu somente um
embarque. Treze anos mais
tarde a mineradora faliu.
A Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) foi
criada em 1957 pela solidificação de 18 ferrovias
regionais controladas pelo
governo federal. A partir daí
a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina estabeleceu-se
numa de suas unidades operacionais, sustentando sua
identidade. Logo depois,
foi decidido um modelo de
privatização para a Rede
Ferroviária Federal pelo
Conselho de Desestatização
e a sua concessão foi transmitida para a Ferrovia Tereza Cristina S/A (FTC), no
dia 1º de fevereiro de 1997,
dando início a uma nova
etapa na gestão da ferrovia.
6
Ênfase - 1º Semestre 2010
Ênfase - 1º Semestre 2010
Turismo
Sustentabilidade
A mais bela e charmosa praia gaúcha
Torres, na divisa com Santa Catarina, atrai cada vez mais turistas
Foto: Richard de Luca
Investimentos em meio ambiente
trazem nova cara à região Sul
Foto: Vanessa Nórdio
Por Vanessa Nórdio
U
A cidade, dona de uma beleza única, atrai turistas de todo o Brasil e também do exterior. Procura maior durante o verão
Por Richard de Luca
C
onhecida nacionalmente como
a mais bela praia
gaúcha, Torres, no litoral
norte do Rio Grande do Sul,
tem uma beleza ímpar. Com
morros, praias, única ilha do
estado, lagoa e rio, possui
construções históricas, além
da rota de turismo colonial.
A cidade conta com infraestrutura hoteleira, comercial e
gastronômica preparada para
receber até 400 mil pessoas
nos três meses de verão, público também alcançado nas
viradas de ano. A cidade,
que tem registros de habi-
tação desde 1776, tem uma
população normal de aproximadamente 35 mil pessoas
durante o ano.
Os principais pontos turísticos são três: Morro Sul,
Morro do Meio e Morro do
Farol. No último, o movimento é intenso por se ter
uma visão total da cidade.
Neste ponto também é realizada a prática de paraglaider,
esporte radical em que é usado um paraquedas, porém
com motor. Entre os Morros
Sul e do Meio está localizada
a praia considerada mais bonita pelos turistas, a da Gua-
rita, pequena em extensão,
mas que tem a sua beleza na
clareza da água e nos morros
que a rodeiam. O ponto mais
procurado pelos banhistas é
a Praia Grande que tem uma
extensão de aproximadamente 2 quilômetros.
Segundo o turismólogo
Francisco Reis da Silva Filho, 31 anos, a cidade está se
aprimorando quando o quesito é receber o turista. “A
cidade conta com uma ótima
infraestrutura de serviços turísticos, restaurantes, bares e
uma boa rede hoteleira para
receber muito bem quem
vem à cidade”, destaca Silva
Filho. Para ele, o número de
turistas tem uma constante,
não havendo uma baixa e
nem uma grande alta. “Nós
trabalhamos há algum tempo
com um número parecido e
bom de turistas. O maior desafio é atrair mais visitantes
para cá fora do verão que é
a nossa alta temporada”, comenta.
Natureza em alta e preservada. Assim é mais um
ponto especial de visitação,
a Ilha dos Lobos. Além de
ser a única ilha do Rio Grande do Sul, também é espe-
cial por reunir lobos e leões
marinhos, algo inusitado na
costa brasileira.
Os passeios custam em
média R$ 20,00 e têm partida de um barco no rio
Mampituba. Outro ponto
marcante da cidade é a Lagoa do Violão, que tem este
nome pois o seu traçado se
assemelha ao de um violão.
O estudante de Arquitetura
Thiago Noschang se encanta
com a paisagem. “Os morros são, com certeza, a parte
mais bonita pela visão que se
tem da cidade, do mar e do
horizonte”, define.
7
ma paisagem que
causava
tristeza
aos olhos começa a mudar
na região Sul. Aos poucos,
os estragos ambientais provocados pela mineração
do carvão começam a ser
minimizados através das
recuperações. Os engenheiros ambientais da empresa
Comin e Cia, Helvis Comin
e Jefferson Constantino,
relatam a gratificação proporcionada pelo processo
de revitalização. “É uma
recompensa poder observar
que áreas degradadas estão
se transformando em áreas
verdes, revegetadas, além
da presença de uma fauna
diversificada, da água com
melhoria de qualidade, poder observar áreas consideradas de riscos se tornando
valorizadas”, afirmam.
Fundada em 1984, a
empresa Comin trabalha
exclusivamente com o rebeneficiamento dos depósitos
de rejeito de carvão. “A em-
presa reaproveita o material
presente nas áreas degradadas e logo após ou paralelamente à remoção do rejeito
mineral são realizados os
trabalhos de recuperação
ambiental”, destacam os engenheiros. Eles ainda enfatizam que antes de começar
o processo de recuperação
ambiental a empresa realiza
estudos na área degradada e
no seu entorno, trabalho que
resulta na elaboração de um
Plano de Recuperação de
Área Degradada (PRAD),
que é submetido à análise
e aprovação do órgão ambiental competente.
O tempo de recuperação
é, logicamente, muito maior
que o de destruição e, de
acordo com os engenheiros ambientais da Comin,
depende de vários fatores,
como tamanho da área,
quantidade de rejeito, topografia do terreno, condições
climáticas e outros. Após
o término das obras físicas
Localidades degradadas pelo carvão mostram sinais de recuperação do meio ambiente
são feitos monitoramentos e
possíveis correções por, no
mínimo, cinco anos. “Após
este período a área é submetida a vistoria pelos órgãos
ambientais, que avaliarão se
o local está recuperado ou
precisa de mais tempo para
se estabilizar”, finalizam.
Para um dos funcionários
da empresa, Ricardo Salvaro Colombo, o processo
de recuperação ambiental
transforma áreas. “Daqui a
algum tempo as pessoas vão
perceber a importância do
trabalho que estamos fazendo hoje”, assinala.
Fotos: Arquivo CSN
Balões, passeios e gastronomia farta em Torres
Há 22 anos, entre os meses de abril e maio, a cidade
tem outro atrativo turístico,
o Festival Internacional de
Balonismo. Participam do
evento pilotos de diversas
partes do mundo, como Argentina, França e Espanha.
Também é possível voar
com os pilotos pagando um
valor em torno de R$ 150,00.
Realizar um passeio
turístico pelos principais
pontos turísticos da cidade
custa em média R$ 10,00
para um grupo mínimo de
oito pessoas. Grupos menores ou pessoas que optarem
por um passeio individual
podem utilizar o serviço de
um guia particular. O profissional cobra cerca de R$
80,00. Quem quiser realizar
a rota cultural, conhecendo
um pouco da colonização
italiana e alemã no interior
do município e descobrir
curiosidades, produtos co-
loniais e café colonial, tem
que desembolsar uma quantia de R$ 58,00. O passeio
dura uma tarde. “Quem vê o
preço pode achar caro, mas o
roteiro conta com transporte, guia especial, visitação e
degustação nas propriedades
com um ótimo café colonial”, garante o turismólogo.
Balões no Festival
Internacional de
Balonismo
Foto: Richard de Luca
Terrenos minerados pelas carboníferas recebem novas camadas de solo e vegetação especial. Acima, o antes, durante e depois do trabalho realizado
Recuperação envolve cuidados com água e solo
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) também
atua no trabalho de recuperação ambiental e tem
buscado, de acordo com a
assessoria de imprensa, revitalizar as áreas onde, reconhecidamente, atuou no passado. “Atualmente estamos
trabalhando em uma área
de 220 hectares, no município de Treviso. Em áreas
recuperadas, temos, aproximadamente, 460 hectares
nos municípios de Treviso
e Siderópolis”, enfatiza Flávia Ferreira, assessora da
empresa.
O diagnóstico ambiental
da área impactada, é o processo que dá início à recuperação ambiental. “Neste
trabalho são reconhecidas
as características originais
do local em estudo, as atividades realizadas que impactaram o ambiente e a quanti-
ficação e extensão dos seus
impactos no solo, nas águas,
em ambientes naturais, no
patrimônio histórico, cultural e arqueológico”, destaca
a assessora.
Conhecendo profundamente a área, são propostas, segundo Flávia, ações
de recuperação ambiental
voltadas ao seu uso futuro em linha com a política
da empresa, quando esta é
proprietária da área, e de
acordo com o Plano Diretor
estabelecido, buscando uma
conciliação aos anseios da
comunidade.
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Ênfase - 1º Semestre 2010
Mural
Cenas do cotidiano observadas pelos
acadêmicos de Jornalismo da Satc
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Corrida de carrinho
Campanha de vacinação contra o vírus H1N1
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