Matusa Troca de livros ajuda a elevar o nível cultural da população Diversidade Há 33 anos, a banda embala as noites da região sul do estado Diversidade Criciúma - 1º semestre de 2010 - Ano 3 - Número 5 Foto: Vicente Ribeiro Foto: Joana Koscianski Sebos Curso de Jornalismo da Faculdade SATC Ferrovia Tereza Cristina: desde 1957 carregando riquezas pelo Sul de SC Foto: Rafael Bordini Thais Nunes Foto: Thais Nunes Imagens marcantes da região durante o primeiro semestre Pág. 8 Turismo Foto: Richard de Luca Olhar jornalístico Com encantos naturais e eventos Torres atrai turistas durante todo o ano Pág. 6 2 Ênfase - 1º Semestre 2010 Ênfase - 1º Semestre 2010 Editorial Notícia a partir de um “clic” Por Marli Vitali Todos os dias somos bombardeados por informações de todos os níveis, desde as mais simples e pessoais, até aquelas que podem provocar mudanças no mundo. Notícias chegam a cada minuto, basta acessar um site, ligar o rádio, a TV ou até pegar o celular na mão. Esse é um dos grandes desafios do jornalista da atualidade, saber o que busca o seu leitor. Num simples clic, ele pode circular pelo mundo virtual da informação, observando rapidamente o que acontece de mais importante no mundo inteiro. Mas a pergunta é: será que é isso mesmo que ele deseja? Impossível chegar a uma resposta conclusiva, mas é sempre bom se desafiar. E foi isso que a Satc fez ao propor uma nova ferramenta de comunicação. O surgimento do Portal Satc vem para ser mais que um site de notícias. Surge com a proposta de preparar, de uma maneira ainda melhor, o futuro profissional do Jornalismo. Além disso, desperta nos acadêmicos o olhar crítico sobre o que ocorre ao seu redor, na cidade e no bairro onde vive. E aí está uma das grandes tarefas do profissional da imprensa. Função que nem sempre é fácil, mas que deve nortear o trabalho ético dos bons profissionais. Boa leitura. Expediente Ênfase - Ano III - nº 5 - 1º semestre 2010 Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade Satc DIRETOR EXECUTIVO DA SATC Ruy Hülse DIRETOR ADMINISTRATIVO FINANCEIRO DA SATC Fernando Luiz Zancan DIRETOR CORPORATIVO DA SATC Iraíde Piovesan DIRETOR DA FACULDADE SATC Carlos Ferreira COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Lize Búrigo PROFESSORES COORDENADORES Marli Vitali e Davi Denardi REDAÇÃO Alunos do curso de Jornalismo da Faculdade SATC EDITOR GERAL José Fernando Sankauskas da Silva DIAGRAMADORES Bárbara Elias Winter, Daniela de Oliveira Soares, Eduardo Prestes Martins, Everson Cleo Porfírio Alves, Flávia Ronconi Bortolotto, Franciela Lima, Frank Cortez Geremias, Gabriela Barbetta Woycickoski, Gabriela Horr Back de Andrade Vieira, George Harrison Santos, Giovana Pedroso, Gustavo Alessio Duminelli, Gustavo Santos da Silveira Neto, Jéssica de Oliveira Simiano, João Ricardo Zanini, Juno César Marcelino Mello, Lucas Luis da Rocha Mendes, Marina da Silva Manganelli, Priscila Ugioni Ambrósio, Richard Bryan de Lucca, Thaissa Mezzari Buzzi, Tiago de Souza Clezar, Tiago Giordani Magro, Tiago Maciel Espindola Satc Portal Satc: uma ferramenta multimídia Meio século rendendo bons frutos Ex-alunos da Satc são destaque regional quando o assunto é empreendedorismo nos negócios Por Djonatha Geremias Por Daniela Soares união entre tecnologia e educação gerou uma ferramenta inovadora em Santa Catarina: o Portal Satc. O grande diferencial é a página inicial, de caráter jornalístico, com notícias elaboradas por estudantes do curso de Jornalismo da Faculdade Satc. O Portal é a nova “cara” da instituição. A Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina (Satc) vem construindo, desde maio de 1959, uma credibilidade admirada internacionalmente, devido aos grandes investimentos em educação aliada à tecnologia. Confiar a imagem da instituição aos acadêmicos do recente curso de Jornalismo mostra a confiança da Satc no trabalho que é realizado. A evolução do “site da Satc” (www.satc.edu.br) para o Portal Satc (portalsatc.com) foi motivada, se- onhecimento, boas ideias e uma grande ousadia. Fatores imprescindíveis para quem busca algo mais, qualidades que são comuns nos empreendedores. Roberto e Antônio Olivo, Lourival Ricardo Casagrande e Vilmar Antônio Innocenti atuam em segmentos distintos, mas têm muita coisa em comum. Sucesso nos negócios, a busca por novidades é a base educacional que foi importante para que começassem uma carreira de sucesso. Com mais de meio século de atividade, a Satc vem preparando seus alunos para o mercado de trabalho, acumulando, ao longo dos anos, muitos exemplos de empreendedorismo na região. Os destaques surgem nos setores mais variados, desde o metal-mecânico, de informática ou telecomunicações. Licenciado em plena me- A C Estágiários do Portal Satc durante entrevista gundo o diretor corporativo, Iraíde Piovesan, por alguns objetivos audaciosos, como integrar Satc e sociedade, contextualizar o curso de Jornalismo e tornar-se fonte de informação regional. Ou seja, fazer com que os acadêmicos sintam na prática como é o exercício da profissão, oportunizando atividades reais, fazer do site uma vitrine para a sociedade do curso de Jornalismo e de toda instituição Satc e ainda ser referência em notícias multimidiáticas de web (textos, fotos, vídeos e áudios) na região sul catarinense. Segundo Piovesan, o Portal está caminhando perfeitamente e os objetivos devem ser atingidos gradualmente. “O novo veículo servirá para sabermos se a Satc está antenada com o mercado. Temos sócios em outros países que estão satisfeitos em poderem saber o que acontece aqui por meio do Portal”, comenta o diretor. Estrutura atua como redação “Temos acadêmicos de toda região sul catarinense e todos podem enviar suas próprias matérias. Assim, temos cerca de cem ‘repórteres’ abastecendo o Portal”, explica a coordenadora do Portal Satc e professora de Redação Jornalística, Marli Vitali, que, com o professor de Webjornalismo Cláudio Toldo, orienta os acadêmicos e supervisiona o material produzido. Além disso, a coordenação do curso selecionou, por meio de avaliação, quatro acadêmicos para estagiarem no Portal, de segunda a sexta-feira, dois em cada período. Os estagiários e acadêmicos de Jornalismo também produzem matérias em vídeo e que são publicados na WebTV Satc. O suporte e orientações vêm do cinegrafista Adaílton Martinello, que já trabalha na área há mais de 20 anos. “Mesmo já trabalhando há bastante tempo, eu tenho aprendido muita coisa aqui. Questões de edição de vídeos e manusear equipamentos mais modernos, por exemplo”, comenta Martinello. Com um dos melhores estúdios de rádio do sul catarinense, o Portal também possui uma rádio on-line que funciona durante 24 horas por dia. No começo, a programação musical predomina, mas o Jornalismo se faz presente cada vez mais. Todas as tardes, a partir das 14 horas, e de hora em hora até as 18, vai “ao ar” o programa Satc Notícias. Aos poucos, professores e acadêmicos vão preenchendo a grade de programação com programas ao vivo e podcasts (gravados) de acordo com as demandas do curso e das aulas. No Portal Satc, continuam existindo os sites de Educação, Tecnologia e Institucional, além dos portais dos Colaboradores, Alunos, Professores, Pais, Fornecedores e Clientes, mas todos esses passaram por uma reformulação, tanto no design das páginas quanto no conteúdo. O responsável por isso é o professor de design gráfico Davi Denardi e pelo webdesigner Elias Rafael de Souza. 3 cânica, técnico em eletromecânica e torneiro mecânico, Roberto Olivo estudou na Satc aos 16 anos, juntamente com seu irmão gêmeo Antônio. Percebendo a carência de suprimentos no setor cerâmico, os irmãos criaram, em 1993, a Irmãos Olivo. Hoje a sociedade possui filiais nos estados de São Paulo e Bahia e se expandiu para as áreas de produtos e serviços em borracha e metal-mecânico. “Considero que a Satc foi minha segunda família, porque me impulsionou o conhecimento e abriu minha mente para querer ter meu próprio negócio. A Satc é uma escola com grande potencial”, diz Roberto, que além de ter sido aluno atuou como professor na instituição por mais de dez anos e atualmente emprega um grande número de profissionais formados na escola. Ele atribui o sucesso profissio- Fotos: Daniela Soares Irmãos Olivo emprega estagiários e profissionais que passaram pela instituição nal ao esforço pessoal e ao suporte familiar, pois apesar de não possuírem muitos recursos financeiros seus pais sempre lhes proporcionaram uma boa educação. Após assistir a uma palestra sobre a instituição, Lourival Ricardo Casagrande decidiu que iria estudar na Satc. Filho e neto de minei- ros, cursou em 1974 o Técnico em Mecânica e, posteriormente, Administração de Empresas na Unesc. Há mais de 20 anos atuando também no ramo de automação, fundou a empresa Lógica Automação. Lourival ressalta a importância ainda hoje da instituição em seu negócio: “90% dos nossos funcionários vêm da Satc, seria muito difícil manter a empresa sem a mão-de-obra formada pela instituição. Não é só a formação escolar, mas de caráter”. Lourival acrescenta ainda que seus filhos estudam na instituição devido à confiança no ensino e responsabilidade social. Setor de informática impulsionado pela educação Vilmar Inocennti ressalta a importância do estudo Um dado informal, apurado em uma feira de informática em Criciúma, revelou que grande parte dos empresários da área estudaram na Satc. Dentre eles está Vilmar Antônio Innocenti, que exerce a função de diretor-geral da Digitusul Computadores, na qual trabalha há mais de 20 anos. Além disso, tem sociedade em mais três negócios de diferentes segmentos. “A Satc foi o berço de tudo, minha base profissional. Na época em que estudei na instituição era levado ao pé da letra a missão de formar seus alunos”, disse. Innocenti estudou Eletrotécnica na Satc em 1983 e em seguida formou-se em administração de empresas pela Escola Superior de Criciúma (Esucri). Segundo ele, na empresa em que atua são contratados ex-alunos da Satc, pela confiança em sua formação. A Satc se destaca por ter a educação básica e a profissional. Quando elas caminham juntas fica mais interessante. Se você aprende a teoria e pode praticá-la, incorpora melhor o conteúdo, esse é o nosso diferencial”, afirma o vice-presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic) e diretor de Relações Corporativas da Satc, Iraíde Piovesan. Com o intuito de pro- porcionar a prática do aprendizado na instituição, são utilizados meios como práticas em laboratórios, incubadora empresarial na qual os alunos podem expor e aprimorar seu empreendedorismo e o recém-inaugurado Núcleo Multimídia que possibilita o exercício da profissão aos estudantes de Jornalismo, entre outras ferramentas. “A partir do momento em que o aluno começa a praticar, o curso fica mais interessante. É só uma questão de oportunizar a prática, e a missão da Satc é viabilizar oportunidades”, destaca. O diretor atribui o incentivo ao empreendedorismo ao declínio do emprego estrutural, fazendo-se necessário desenvolver o lado empresarial dos estudantes. “Não existe falta de emprego, mas falta de gente preparada. As empresas contratam quem tem competência, e tem competência quem estuda”, acrescenta. Piovesan considera que o ambiente escolar é bastante propício ao desenvolvimento do empreendedorismo, pois o aluno pode desenvolver posições de liderança como presidente de classe, líder de grêmio estudantil ou tesoureiro da turma. “No passado os exalunos da Satc iam embora da região devido às oportunidades. Hoje podemos dizer que 90% dos alunos ficam no Sul do estado. Isso demonstra que a região está crescendo e crescerá ainda mais”, conclui Piovesan.“ 4 Ênfase - 1º Semestre 2010 Opinião Comunidade Quem é realmente o verdadeiro culpado? P or muitos anos “aquecimento global” e mudanças climáticas têm sido motivo de polêmica e muita discussão em todo o mundo. Seja pela superficialidade com que são tratados os acontecimentos, seja pela contrariedade quanto as suas causas. Aquecimento global, como o nome já diz, é o aumento da temperatura terrestre e tem causado diversas alterações no clima mundial. O aumento das temperaturas, o avanço do mar em várias costas mundiais e chuvas extremas são consequências já muito visíveis desse fenômeno. Todos os dias a mídia informa sobre “mais uma catástrofe natural”, o que ela não informa são as causas dessas catástrofes, e se informa as explicações são sempre repetitivas e superficiais. Um exemplo bem comum e intrigante é o de excesso das chuvas e enchentes, principalmente as chuvas que vêm atingindo os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O que mais se ouve nesses casos tanto da população quanto da mídia é o termo “castigado pelas chuvas”, utilizam o termo tendo a população na posição de “vítima”. Vítima por um lado e vilão por outro. Todos reclamam aos órgãos públicos quando suas casas são invadidas pela água, ou quando todos os seus bens são perdidos, mas nem metade deles faz sua parte com o meio em que vive. Bueiros entupidos, lixos pelas ruas, descaso com as áreas de grande vegetação, são essas as verdadeiras causas de enchentes, as chuvas são sim em grande quantidade, mas isso sempre foi natural. O governo tem também uma parcela de culpa, as ruas estão sempre em situação precária e sendo deixadas de lado, mas, por outro lado, o governo ter que limpar a sujeira de quem não cuida de onde vive não é uma atitude muito correta, sendo assim, quem realmente Ser ou não ser? deveria zelar por seu lar são as “vítimas” da situação. Olhando por esse lado o termo “castigado” se encaixaria muito bem, nada mais sendo do que o preço pago por sua falta de cuidado. Isso não generalizando, pois há sim quem faça o que pode e quem se preocupe com o meio ambiente. Usando esse exemplo das chuvas fica totalmente claro o que se quis dizer sobre a contrariedade quanto às causas do aquecimento global. No conhecimento comum é apenas o aumento da temperatura causado pelo “Planeta Terra”, que resolveu “castigar” os seus habitantes. Bom, sim, é causado pelo próprio planeta, mas é um fenômeno totalmente natural, que sempre ocorreu, em todas as eras e em todos os tempos, a única diferença é que agora o planeta é quase totalmente habitado, e é lógico se sente mais os efeitos por isso, além de que, o ser humano tem contribuído e muito para o aceleramento e intensificação desse processo. Então não é correto dizer que a Terra “castiga” seus habitantes, ela apenas “retribui” os cuidados que se tem com ela. Metamorfose da modernidade Ferrovia Tereza Cristina: uma história de conquistas e progresso no sul catarinense Por Flávia R. Bortolotto Projeto que interligará a ferrovia aos três principais portos de Santa Catarina já existe T enho guardada uma foto do meu aniversário de quatro anos, que em cima da mesa revela uma garrafa de Sukita feita de vidro. Elas sumiram, nunca mais tomei refrigerante em garrafa de vidro. A modernidade dos anos 90 trouxe a ilusão dos descartáveis. Reutilizar é fora de moda, sem contar o trabalho que dá. Fabricar garrafas de vidro sai mais caro, mesmo porque guardar as garrafas usadas para trocar no bar da esquina virou coisa do passado. Lavar copos e pratos ocupa tempo demais, é muito mais simples jogarmos tudo no lixo e irmos assistir TV. Por consequência dessas atitudes, hoje temos toneladas de plástico boiando nos oceanos. E a reciclagem? O Brasil produz anualmente cerca de três bilhões de garrafas PET, um produto 100% reciclável, mas o volume de reciclagem atualmente beira os 50%. A outra metade, bem, essa tem outro destino... O meio ambiente. O glamour dos descartáveis precisa dar lugar ao reutilizável. Modernidade hoje é tentar deixar o mínimo do seu rastro no meio ambiente. Afinal a vida não é reciclável. Por Morgana Réus Ao longe se escuta um apito. Lá vem o trem que passa pelos trilhos do Sul de Santa Catarina. Vanderlei Castilho Pires e sua família já estão acostumados com o barulho faz tempo, desde a época da Maria Fumaça. Segundo funcionário mais velho da Ferrovia, ele lembra com entusiasmo como tudo começou. “Com apenas 16 anos me casei e fui morar dentro do pátio da estação ferroviária em Tubarão. A minha esposa acabou se acostumando com o barulho e à noite não era tão difícil de pegar no sono”, relembra. Como já diz aquele velho ditado, “Filho de peixe, peixinho é”, e o resultado para seu Pires não poderia ser diferente. “Hoje tenho dois filhos que trabalham aqui comigo e tem uma terceira que também quer investir”, diz. Naquela época, a Maria Fumaça transportava passageiros e como ele já trabalhava na ferrovia não pagava passagem. “Todo ano, eu e minha família íamos até Porto Alegre de ônibus e de lá para Livramento de trem para visitar os familiares. Ah... os verdes campos da minha terra!”, recorda seu Pires. Controlador de Segurança Patrimonial, ele trabalha na estação de Tubarão e vem a Criciúma uma vez por semana. Sua função é fiscalizar o patrimônio, a faixa de domínio da ferrovia que constantemente é alvo de invasões. Pires relata que algumas famílias sem teto resolvem alojar-se no local e sua tarefa é cuidar para que isso não aconteça. O comerciante Sidnei Manoel Mendes mora em Içara há dez anos e gosta de ver o trem passar em frente a sua padaria. “Acho muito bonito. Tem gente que não gosta do barulho do trem, já outros vêm de longe só para ver. É só questão de se acostumar”, pondera. Mendes recorda que o meio de transporte da época era o trem ou o cavalo. “As pessoas que moravam na serra desciam até aqui para trocar seus produtos pelas mercadorias que não tinham lá”, explica. Autor retrata a problemática existencial humana morador de uma grande metrópole, solitário que vive à beira da depressão. Antônio Claro, que utiliza o nome artístico Daniel Santa-Clara, é um ator figurante em ascensão, casado e que leva uma vida relativamente tranquila e feliz. Suas vidas se encontram e ganham tom de inquietude e suspense após o primeiro assistir a um filme indicado por um colega de trabalho e se vê personificado na imagem de um recepcionista de hotel. O romance sugere várias reflexões e interpretações, uma delas é a necessidade de encontrar a si mesmo em uma sociedade que está cada vez mais globalizada, rotulada e mecanizada. Grande parte do livro descreve a trajetória de Tertuliano até seu sósia Antônio, metaforizando a infinita busca existencial do homem. A procura pelo contentamento e realização pessoal, aceitação social e construção da identidade. Ao se encontrarem, confirmam sua inegável igualdade física que se contrapõe às diferenças comportamentais, dessa maneira suas personalidades se completam. Outro personagem de destaque é o Senso Comum, que em diversos momentos atua como guia a Tertuliano, sendo que ele ignora constantemente suas orientações. Ao final a trama apresenta um desfecho trágico e envolvente. As 316 páginas do livro Homem Duplicado transmitem muito mais do que está representado pelas palavras e ideias do autor da obra. Faz-se necessário um exercício de reflexão e contextualização da realidade vivida por todos nós. Saramago conseguiu registrar em termos o que muitos talvez não consigam sentir no sufoco do cotidiano. A nossa luta para mudar o que fomos, entender e aceitar o que somos e enfrentar sem medo o que ainda seremos. Nos trilhos: as riquezas do sul do estado de Santa Catarina O surgimento da ferrovia Transporte de carvão para a Usina Jorge Lacerda no município de Capivari de Baixo Por Daniela Soares possível que dentre os mais de seis bilhões de habitantes do planeta existam duas pessoas fisicamente idênticas sem nenhuma relação de parentesco? José Saramago usa esta concepção como metáfora para explanar a falta e a busca pela identidade na sociedade moderna, em seu romance o Homem Duplicado (2002). Tertuliano Máximo Afonso é um professor de história secundário, divorciado, 5 Fotos:Rafael Bordini Por Gabriela Barbetta Woycickoski É Ênfase - 1º Semestre 2010 De olho no presente e futuro Desde sua administração privada a Ferrovia Tereza Cristina (FTC) investiu mais de R$ 50 milhões em locomotivas, vagões, linhas férreas, equipamentos e manutenção. Com uma extensão ferroviária de 164 quilômetros, percorre 12 municípios do sul catarinense e vai muito além do transporte de minérios. Em 2006 iniciou o transporte de produtos cerâmicos e no ano passado a ferrovia passou a carregar também arroz com destino à cabotagem. São mais de 34 milhões de toneladas de cargas transportadas. De acordo com Pires, a meta da FTC é ampliar o transporte com a ligação entre Criciúma e Imbituba até a região Norte de Santa Catarina, em Araquari. “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar um pacote de medidas para impulsionar o setor”, afirma. A Ferrovia Litorânea vai interligar os portos de São Francisco, Itajaí e Imbituba. “O projeto já existe, mas depende muito das questões ambientais”, ressalta o estudante de Engenharia Ambiental Rodolfo Medeiros Cardoso, estagiário na estação de Criciúma. Outro projeto, ainda em fase de elaboração menos rápida, é o prolongamento das linhas até o Rio Grande do Sul, de Içara a Canoas, unindo a região ao Mercosul. Para o futuro não se descarta o transporte de passageiros. Em 1874, o Segundo Visconde de Barbacena obteve do império a permissão para construir a ferrovia. Surgiu a The Tubarao Coal Mining Company e a The Donna Thereza Railway Company Limited. Entretanto, o carvão de Lauro Müller, por não ter boa qualidade, rendeu somente um embarque. Treze anos mais tarde a mineradora faliu. A Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) foi criada em 1957 pela solidificação de 18 ferrovias regionais controladas pelo governo federal. A partir daí a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina estabeleceu-se numa de suas unidades operacionais, sustentando sua identidade. Logo depois, foi decidido um modelo de privatização para a Rede Ferroviária Federal pelo Conselho de Desestatização e a sua concessão foi transmitida para a Ferrovia Tereza Cristina S/A (FTC), no dia 1º de fevereiro de 1997, dando início a uma nova etapa na gestão da ferrovia. 6 Ênfase - 1º Semestre 2010 Ênfase - 1º Semestre 2010 Turismo Sustentabilidade A mais bela e charmosa praia gaúcha Torres, na divisa com Santa Catarina, atrai cada vez mais turistas Foto: Richard de Luca Investimentos em meio ambiente trazem nova cara à região Sul Foto: Vanessa Nórdio Por Vanessa Nórdio U A cidade, dona de uma beleza única, atrai turistas de todo o Brasil e também do exterior. Procura maior durante o verão Por Richard de Luca C onhecida nacionalmente como a mais bela praia gaúcha, Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, tem uma beleza ímpar. Com morros, praias, única ilha do estado, lagoa e rio, possui construções históricas, além da rota de turismo colonial. A cidade conta com infraestrutura hoteleira, comercial e gastronômica preparada para receber até 400 mil pessoas nos três meses de verão, público também alcançado nas viradas de ano. A cidade, que tem registros de habi- tação desde 1776, tem uma população normal de aproximadamente 35 mil pessoas durante o ano. Os principais pontos turísticos são três: Morro Sul, Morro do Meio e Morro do Farol. No último, o movimento é intenso por se ter uma visão total da cidade. Neste ponto também é realizada a prática de paraglaider, esporte radical em que é usado um paraquedas, porém com motor. Entre os Morros Sul e do Meio está localizada a praia considerada mais bonita pelos turistas, a da Gua- rita, pequena em extensão, mas que tem a sua beleza na clareza da água e nos morros que a rodeiam. O ponto mais procurado pelos banhistas é a Praia Grande que tem uma extensão de aproximadamente 2 quilômetros. Segundo o turismólogo Francisco Reis da Silva Filho, 31 anos, a cidade está se aprimorando quando o quesito é receber o turista. “A cidade conta com uma ótima infraestrutura de serviços turísticos, restaurantes, bares e uma boa rede hoteleira para receber muito bem quem vem à cidade”, destaca Silva Filho. Para ele, o número de turistas tem uma constante, não havendo uma baixa e nem uma grande alta. “Nós trabalhamos há algum tempo com um número parecido e bom de turistas. O maior desafio é atrair mais visitantes para cá fora do verão que é a nossa alta temporada”, comenta. Natureza em alta e preservada. Assim é mais um ponto especial de visitação, a Ilha dos Lobos. Além de ser a única ilha do Rio Grande do Sul, também é espe- cial por reunir lobos e leões marinhos, algo inusitado na costa brasileira. Os passeios custam em média R$ 20,00 e têm partida de um barco no rio Mampituba. Outro ponto marcante da cidade é a Lagoa do Violão, que tem este nome pois o seu traçado se assemelha ao de um violão. O estudante de Arquitetura Thiago Noschang se encanta com a paisagem. “Os morros são, com certeza, a parte mais bonita pela visão que se tem da cidade, do mar e do horizonte”, define. 7 ma paisagem que causava tristeza aos olhos começa a mudar na região Sul. Aos poucos, os estragos ambientais provocados pela mineração do carvão começam a ser minimizados através das recuperações. Os engenheiros ambientais da empresa Comin e Cia, Helvis Comin e Jefferson Constantino, relatam a gratificação proporcionada pelo processo de revitalização. “É uma recompensa poder observar que áreas degradadas estão se transformando em áreas verdes, revegetadas, além da presença de uma fauna diversificada, da água com melhoria de qualidade, poder observar áreas consideradas de riscos se tornando valorizadas”, afirmam. Fundada em 1984, a empresa Comin trabalha exclusivamente com o rebeneficiamento dos depósitos de rejeito de carvão. “A em- presa reaproveita o material presente nas áreas degradadas e logo após ou paralelamente à remoção do rejeito mineral são realizados os trabalhos de recuperação ambiental”, destacam os engenheiros. Eles ainda enfatizam que antes de começar o processo de recuperação ambiental a empresa realiza estudos na área degradada e no seu entorno, trabalho que resulta na elaboração de um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), que é submetido à análise e aprovação do órgão ambiental competente. O tempo de recuperação é, logicamente, muito maior que o de destruição e, de acordo com os engenheiros ambientais da Comin, depende de vários fatores, como tamanho da área, quantidade de rejeito, topografia do terreno, condições climáticas e outros. Após o término das obras físicas Localidades degradadas pelo carvão mostram sinais de recuperação do meio ambiente são feitos monitoramentos e possíveis correções por, no mínimo, cinco anos. “Após este período a área é submetida a vistoria pelos órgãos ambientais, que avaliarão se o local está recuperado ou precisa de mais tempo para se estabilizar”, finalizam. Para um dos funcionários da empresa, Ricardo Salvaro Colombo, o processo de recuperação ambiental transforma áreas. “Daqui a algum tempo as pessoas vão perceber a importância do trabalho que estamos fazendo hoje”, assinala. Fotos: Arquivo CSN Balões, passeios e gastronomia farta em Torres Há 22 anos, entre os meses de abril e maio, a cidade tem outro atrativo turístico, o Festival Internacional de Balonismo. Participam do evento pilotos de diversas partes do mundo, como Argentina, França e Espanha. Também é possível voar com os pilotos pagando um valor em torno de R$ 150,00. Realizar um passeio turístico pelos principais pontos turísticos da cidade custa em média R$ 10,00 para um grupo mínimo de oito pessoas. Grupos menores ou pessoas que optarem por um passeio individual podem utilizar o serviço de um guia particular. O profissional cobra cerca de R$ 80,00. Quem quiser realizar a rota cultural, conhecendo um pouco da colonização italiana e alemã no interior do município e descobrir curiosidades, produtos co- loniais e café colonial, tem que desembolsar uma quantia de R$ 58,00. O passeio dura uma tarde. “Quem vê o preço pode achar caro, mas o roteiro conta com transporte, guia especial, visitação e degustação nas propriedades com um ótimo café colonial”, garante o turismólogo. Balões no Festival Internacional de Balonismo Foto: Richard de Luca Terrenos minerados pelas carboníferas recebem novas camadas de solo e vegetação especial. Acima, o antes, durante e depois do trabalho realizado Recuperação envolve cuidados com água e solo A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) também atua no trabalho de recuperação ambiental e tem buscado, de acordo com a assessoria de imprensa, revitalizar as áreas onde, reconhecidamente, atuou no passado. “Atualmente estamos trabalhando em uma área de 220 hectares, no município de Treviso. Em áreas recuperadas, temos, aproximadamente, 460 hectares nos municípios de Treviso e Siderópolis”, enfatiza Flávia Ferreira, assessora da empresa. O diagnóstico ambiental da área impactada, é o processo que dá início à recuperação ambiental. “Neste trabalho são reconhecidas as características originais do local em estudo, as atividades realizadas que impactaram o ambiente e a quanti- ficação e extensão dos seus impactos no solo, nas águas, em ambientes naturais, no patrimônio histórico, cultural e arqueológico”, destaca a assessora. Conhecendo profundamente a área, são propostas, segundo Flávia, ações de recuperação ambiental voltadas ao seu uso futuro em linha com a política da empresa, quando esta é proprietária da área, e de acordo com o Plano Diretor estabelecido, buscando uma conciliação aos anseios da comunidade. 8 Ênfase - 1º Semestre 2010 Mural Cenas do cotidiano observadas pelos acadêmicos de Jornalismo da Satc oldão Geovane R Thais Nun es ia causa Imprudênc Motorista p erde o con BR-101 acidente na trole em M orro Grand Marlon Leandro e Vândalos não perd Camila Marini oam nem os orelhõ es Rafael Maragno im ão Joaqu çã em S ta da ma Colhei Renan Amancio s de 100 km/h Imprudência a mai Diego Moser a -de-mão em Crícium Corrida de carrinho Campanha de vacinação contra o vírus H1N1