Trabalho realizado:
no âmbito da disciplina Gestão da Informação,
por Sara Silva
.
Bibliotecas Digitais
Índice
Parte I –
Introdução
1.1 – Definições
1.2 – Exemplos
1.3 – Caracterização
1.4 – Aplicações
3
3
4
5
8
Parte II - Desenvolvimento
2.1 – Tecnologias
2.2 – Competição
2.3 – Mercados
2.4 - Enquadramento legal
2.5 - Perspectivas de evolução
2.6 - Perspectivas de inovação
9
9
10
11
11
12
13
Parte III – Conclusão
3.1 - Impacto para a GI
3.2 - Onde saber mais
14
14
15
Referências
15
Gestão da Informação
MGCTI
2
Bibliotecas Digitais
1. INTRODUÇÃO
“A biblioteca digital... é utópica e tópica,
[existe] em lado nenhum e em toda a parte.”
(Marília Levacov)
Sociedade da informação, auto-estrada da informação, bibliotecas digitais ou virtuais,
são expressões que entram no nosso quotidiano. A grande responsável por esta recente
agitação chama-se Internet. A convergência das tendências para a digitalização da
informação – cada vez maior volume de documentos produzidos desde o início por edição
electrónica e em suporte digital, mas também digitalização de documentos preexistentes
noutros suportes – e para o acesso/distribuição da informação em rede, estão desde já a
revolucionar o universo das bibliotecas e dos livros.
As novas tecnologias da informação estão a criar “bibliotecas sem paredes para livros
sem páginas”. Conhecidas como bibliotecas virtuais estas novas formas e suportes de
apresentar a informação estão a redefinir os paradigmas actuais sobre conceitos como
informação e comunicação e a forma como se relacionam. Desde 1945 com a idealização
de sistemas como o “Memex”1 e, 35 anos mais tarde (1965), o “Xanadu”2, a evolução para
uma crescente interdisciplinaridade e interactividade começava a sentir-se. Esta realidade
fez surgir a necessidade de repensar os modelos éticos, legais, estéticos, culturais,
profissionais e outros, estabelecidos pelo suporte impresso, físico. O próprio âmbito do
trabalho dos profissionais da área está a ser alvo de uma mudança, que é preciso não
descurar.
Como serão no futuro as bibliotecas tradicionais? Qual o seu papel no seio de uma
sociedade digital?, Qual a função do bibliotecário no novo milénio? Como proteger os
direitos de autor e a propriedade intelectual, sem que haja conflito com o direito à
informação? Quem é o dono da informação que está disponível na rede? Estas e outras,
são questões bastante discutidas a levemente abordadas neste trabalho.
1.1
DEFINIÇÕES
Bibliotecas digitais, bibliotecas virtuais, bibliotecas universais: qual a diferença? Se
para alguns os dois primeiros conceitos se confundem, parece que o último reúne o
consenso da maioria. Neste trabalho, foi esta a posição que se tomou, falando-se
indistintamente de bibliotecas digitais e bibliotecas virtuais.
Segundo alguns autores3, bibliotecas digitais são aquelas onde as informações existem
somente na forma digital (suporte magnético, CD’s, Internet, etc.), pelo que estas,
1
Memex Library: “ a microfilm – based device in which an individual stores his books, records, and communications, and which is
mechanized so that it may be consulted with exceeding speed and flexibility” in
http://webdeveloper.com/html/html_wg_webhistory.html.
2
Project Xanadu: “unifying system of order for all information, non-hierarchical and side linking, including electronic publishing,
personal work, organization of files, corporate work and groupware” in http://webdeveloper.com/html/html_wg_webhistory.html.
3
Por exemplo, MARCHIORI, Patrícia Z.
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Bibliotecas Digitais
bibliotecas não contêm livros na forma convencional. Para outros4, uma biblioteca digital
está sempre ligada a uma instituição e os seus links apontam para acervos fisicamente
existentes.
Relativamente ao conceito de bibliotecas virtuais, também designadas de bibliotecas de
realidade virtual, defende-se5 que dependem da tecnologia de realidade virtual para
existirem; ou seja, tem de haver um software específico que reproduza o ambiente de uma
biblioteca em 2 ou 3 dimensões, criando um ambiente de interacção com o visitante.
Por outro lado, também se identifica como sendo biblioteca virtual aquelas que não
estão vinculadas a nenhuma biblioteca do mundo real e sim a um conjunto de sites
organizados por temas.
Dentro dos conceitos supra citados, existem ainda outras categorias de bibliotecas,
nomeadamente:
6
⇒ biblioteca polimídia : este conceito pretende englobar os diferentes tipos de meios
para armazenar informações. Neste sentido, estas bibliotecas contêm informações de
diferentes meios de informação. São similares às bibliotecas tradicionais, contendo
livros que convivem com vídeos, CD-Roms, microfilmes, Internet, etc.
⇒
biblioteca electrónica: refere-se ao sistema no qual os procedimentos básicos de uma
biblioteca (catalogação, pesquisa, etc) são de natureza electrónica, o que exige uma
grande utilização de computadores e das facilidades que eles permitem, por exemplo,
na construção de índices on-line, na recuperação e armazenamento de informações.
Graças à digitalização e às telecomunicações, podemos vislumbrar a realização do
sonho de uma biblioteca universal. Esta mais não será do que a biblioteca digital /virtual
de todos os livros e documentos, guardados em todas as bibliotecas do mundo. Tal
biblioteca não estará numa localidade ou num país, mas consistirá de todos os documentos
disponíveis em rede e, portanto, ela estará espalhada por todo o mundo. Este conceito
revela um maior nível de abstracção, uma vez que parece ser, no limite, utópico, pois está
em causa uma estrutura de suporte digital que reúne o espólio do todas as bibliotecas,
concentrando numa só todos os recursos de informação existentes.
1.2
EXEMPLOS
Dos muitos URL’s por onde naveguei, enuncio apenas alguns daqueles que são de
bibliotecas digitais / virtuais, genéricas ou específicas (de nicho), bem como de sites com
o conceito de biblioteca subjacente.
-
http://www.ibl.pt/bn/apontadores/livros/livros_geral.html
4
Por exemplo, CIANCONI, Regina
MARCHIORI, Patrícia Z.
6
Conceito brasileiro, que significa múltiplos meios de informação.
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Bibliotecas Digitais
-
1.3
http://www.hls.mlanet.org/WebResources/Hosp_libraries.html – listagem exaustiva
de recursos sobre a temática da saúde, medicina e bibliotecas hospitalares
http://www.biblioteca-nacional.pt
http://www-bib.eng.uminho.pt
http://www.cglobal.pucrs.br/bibdigital/bib.html - aqui consegue-se encontrar uma
panóplia de links para bibliotecas digitais, como sejam Bibliotecas Nacionais,
Bibliotecas Públicas, bibliotecas universitárias, e links para bibliotecas virtuais e
electrónicas.
http://www.cg.org.br/gt/gtbv/mundo.htm - idem
http://www.bn.pt/org/pesq_bibl/tematicas,html - idem
http://webdeveloper.com/library/
http://sailor.gutenberg.org/
http://www.alexandria.ucsb.edu/
http://wwws.elibrary.com/
http://bocc.ubi.pt
http://biblioteca.adm.ufrgs,br/links.htm
CARACTERIZAÇÃO
Caracterização Geral
Basicamente a construção de uma biblioteca envolve quatro fases:
1.
Levantamento das informações pretendidas (que difere se se pretende construir
uma biblioteca temática ou uma biblioteca de carácter geral).
2 . Selecção das informações,
3 . Construção da biblioteca,
4 . Divulgação da URL da biblioteca.
Todas estas fases são importantes para o sucesso do projecto. Saber pesquisar
informações, quer em estruturas físicas, quer no ambiente WWW, sendo que neste a
utilização de motores de pesquisa (indexadores)7 é de importância fulcral pode ser
determinante da qualidade e variedade dos conteúdos da biblioteca. Por outro lado,
classificar e organizar a informação, saber da importância que a arquitectura da
informação e o interface da biblioteca representam, conhecer os serviços de divulgação
à disposição para tornar público o seu conhecimento e saber que na internet isso pode
ser feito através de indexadores e de serviços8 que realizam automaticamente o seu
registo nos principais indexadores da rede, são outras competências que também
influem directamente no sucesso do projecto.
7
Alguns exemplos: Alta Vista: URL - http://www.altavista.com
Yahoo: URL - http://www.yahoo.com
Webcrawler: URL – http://webcrawler.com
Sapo: URL – http://www.sapo.pt
Clix: URL – http://www.clix.pt
8
Por exemplo: http://www.submit-it.com
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Bibliotecas Digitais
A maioria dos autores é unânime em afirmar que outras características que definem
uma biblioteca como sendo digital é o facto de poder agregar várias bibliotecas, não
consistindo numa universal, e serem desempenhadas tarefas básicas também
responsáveis pelo seu carácter transformador. Algumas dessas tarefas são:
-
-
-
criar um ambiente compartilhado que estabeleça a ligação entre os utilizadores e as
colecções de informação pessoal, colecções encontradas em bibliotecas
convencionais e colecções de dados usadas pelos cientistas,
desenvolver interfaces de informação geral ou especializada relevantes aos seus
utilizadores,
promover acesso a um grande número de fontes de informação e colecções de
qualidade, ambas em versões on-line, integrando-as com os objectos físicos da
informação,
promover um ambiente que permite a experimentação e incorporação de novos
serviços e produtos,
facilitar a fornecimento, disseminação e uso da informação por instituições, grupos
e indivíduos,
armazenar e processar informação em múltiplos formatos, incluindo texto, imagem,
audio, video, 3-D, etc e
intensificar a comunicação e colaboração entre os sistemas de informação para
benefício da sociedade em geral.
As bibliotecas digitais sendo o paradigma da “sociedade de informação” e
consistindo numa resposta das bibliotecas ao fenómeno da explosão informacional,
alcançaram este nível ao usarem sistemas on-line e por terem incorporado:
-
serviços humanos (como publicações electrónicas, pessoal especializado e
educação `a distância)
conteúdos (fontes primárias, comunicação informal, textos electrónicos)
ferramentas (para uso no browser escolhido)
novos tipos de recursos de informação
novas propostas de aquisição
novos métodos de armazenagem e preservação
novas formas de classificação e catalogação e
novas formas de interacção com os utilizadoress
Com esta nova realidade, surgem novos conceitos de “lugar” e “tempo”. Onde o
documento reside não é importante. O importante passa a ser o acesso e a confiabilidade
da informação. É importante saber quem a produziu, quem a identificou, quem a
seleccionou, quem a disponibiliza e quem garante a sua autenticidade. O conceito de
tempo também se altera. Há uma globalização e uma relativização do tempo: o instantâneo
passa a ser a palavra de ordem.
Cada vez mais há uma posição dicotómica entre posse e acesso. O acesso on-line, além
de poder ser mais barato, possui um potencial impossível de ser igualado pela posse do
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Bibliotecas Digitais
documento impresso. No entanto, o mero acesso à informação on-line não significa que
esta informação seja sempre gratuita.
O hipertexto constitui a forma ideal de texto na biblioteca virtual. A imagem mais fácil
de dizer o que é um texto formatado em hipertexto é a de notas de rodapé que podem ser
consultadas de imediato por quem lê um livro. Estas podem ser textos independentes, uma
imagem, som, vídeo, que, por sua vez, podem também estar formatados em hipertexto e,
assim, remeterem para outros livros, que poderão eventualmente remeter para o primeiro
livro. A organização da biblioteca (arquitectura da informação) é também feita por
hipertexto. Em vez da organização sequencial das bibliotecas tradicionais, por ordem
alfabética ou por anos, a organização por hipertexto é não sequencial, mais ao jeito de
navegação.
Benefícios e vantagens
Os benefícios relativos às Bibliotecas Digitais reflectem-se em dois níveis: interno
(para as próprias bibliotecas) e externo (para os utilizadores).
Estas bibliotecas estão acessíveis aos seus potenciais utilizadores a qualquer hora e de
qualquer lugar; os utilizadores poderão obter informação secundária e de referência, mas
também informação primária (como por exemplo o conteúdo integral de documentos
escritos ou de multimédia, etc); estas bibliotecas permitirão a pesquisa e o acesso às suas
colecções locais ou a qualquer outra fonte de informação existente nas redes de
comunicação onde estejam integradas. O acesso directo à informação, com diminuição (ou
mesmo eliminação) das barreiras do tempo e do espaço, num formato que permite a sua
manipulação, edição e utilização imediata para a produção de novos documentos,
aumentará, pelo menos teoricamente, o poder e a liberdade de escolha dos utilizadores.
Para além de facultar o acesso á informação digital e multimédia, as bibliotecas poderão
também facilitar a sua localização e utilização, uma vez que a informatização dos
catálogos permite não só uma consulta incomparavelmente mais rápida, mas sobretudo
muito mais completa. Da consulta de um catálogo de uma biblioteca pela rede vai apenas
um pequeno passo à consulta das próprias obras. Colocar um livro atrás da respectiva
ficha no catálogo em papel seria impossível, pois seria criar um catálogo tão grande como
a biblioteca. É perfeitamente possível na biblioteca virtual!
Outra força que impulsiona a transição da impressão para a digitalização é a rápida
degradação dos documentos cujo suporte é o papel acidificado. Esta mudança de suporte
implica apenas a preservação da informação e não a preservação física do documento.
Outras vantagens prendem-se com: o custo reduzido, a velocidade do processo, a
amplitude potencial de acesso e disseminação, a inclusão de dados baseados em tempo
(video, audio, etc), a facilidade de actualização e/ou inclusão de novos dados, as funções
de busca e indexação dos artigos e a rede hipertextual com âncoras para outros
documentos afins.
Utilizar um computador realizando as tarefas de forma mais rápida e eficiente, tornará
os profissionais mais produtivos. Com a informação em formato digital é muito facilmente
actualizada, uma vez que há lançamentos de dados que não se repetem.
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Bibliotecas Digitais
O meio electrónico permite a promoção e a “venda” de recursos de informação,
estimulando a criação de novos públicos leitores e permitindo uma interacção inédita entre
autores, editores, leitores, bibliotecários e regiões. Mais ainda, as bibliotecas e os centros
de informação começam a disponibilizar outras informações, de natureza mais
comunitária, como calendários de eventos, informações locais, etc. em formato digital,
criando proximidades virtuais entre os povos das regiões envolvidas
E porque ninguém controla as entradas na biblioteca virtual, ela é o esconderijo ideal
para se viver verdadeiras aventuras e ter descobertas surpreendentes.
Problemas
Como vimos, o suporte digital resolve muitas questões, no entanto cria novos
problemas: a obsolescência das tecnologias de preservação, o armazenamento e a
recuperação (hardware, software, etc) e, dada a facilidade de manipulação de dados, o
problema da autenticidade da informação.
Outro dos grandes problemas relaciona-se com a (des)igualdade no acesso à
informação. Pode mesmo ser posto em causa o acesso a estas fontes de informação por
parte de todos os que não tenham os recursos necessários (económicos, equipamentos,
etc.).
Ao nível da localização virtual, como se pode ter a certeza de que o documento
referenciado continuará amanhã disponível naquele mesmo endereço?
1.4
APLICAÇÕES
A construção de bibliotecas digitais, para armazenar e dar acesso ao cada vez maior
volume de informação multimedia (texto, imagem, som, vídeo, etc) em suportes digitais e
diversos formatos, já se iniciou. Com esta possibilidade, qualquer utilizador do espaço
virtual pode estudar e divertir-se com os recursos de uma biblioteca digital: pode efectuar
consultas, mais ou menos aprofundadas, sobre os mais variados temas nos recursos de
informação digitalizados, como livros, revistas, jornais, vídeos,..., pode ouvir musica,
percorrer itinerários literários, musicais ou artísticos sem estar presente, mas tão somente
saber navegar...
Por outro lado, a possibilidade de divulgação e disseminação de todo e qualquer
trabalho cientifico, artístico ou cultural está, em princípio, garantida... Nesta relação
simbiótica entre autor e meio de difusão estão, à partida, criadas condições para o êxito e
satisfação recíproca. Há, no entanto, problemas de foro legal ainda por resolver, sendo o
mais flagrante a questão dos direitos de autor.
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1
TECNOLOGIAS
A tecnologia faz parte da história das bibliotecas: do scriptorium medieval, à
invenção da imprensa, do monopólio da indústria gráfica ao registo digital da informação,
o conceito de biblioteca foi evoluindo de era em era, alcançando, com o advento da
Internet, um estatuto de globalidade.
Os primeiros ensaios com bibliotecas digitais foram feitos através da criação de
pequenas bases de dados locais, mas a tecnologia evolui rapidamente nesta área e, num
futuro não longínquo, até cópias tridimensionais estarão disponíveis remotamente. Há
projectos9 que têm previsto (para o corrente ano) a disponibilização de quadros utilizando
uma técnica que se baseia nos CAT e MRI scans, conhecida como Replicator Technology
TM
, que faz o scanning não apenas da superfície dos objectos, mas das suas características
tridimensionais e que será tão facilmente reproduzível como uma fotocópia colorida. A
Apple Computers® já disponibiliza, com o sistema operacional dos seus computadores, o
Quick Time VR TM, uma tecnologia que permite modelar, editar, manipular e reproduzir
vídeo tridimensional.
Uma das maiores queixas relativas à emergência de bibliotecas digitais, é que para as
acedermos é necessário fixar uma série imensa de códigos, bizarros endereços,… Não há
muitos standards (ainda que o Z39.50 seja um bom começo) ou índices abrangentes,
excepto as próprias ferramentas navegacionais genéricas, com diferentes sintaxes e os
múltiplos formatos para encapsular textos (ASCII, Mime, BinHex, EPS, HTML, etc.)
mais os diferentes formatos para imagens, audio e vídeo.
Alguns especialistas10, que, aquando da construção das bibliotecas, resolveram este
problema, optando por ASCII11 puro. Outros optam pelo chamado technology
refreshment, onde os documentos são periodicamente actualizados (em formatos, versões,
programas, etc.).
Uma coisa é, portanto, a criação de bibliotecas digitais, e outra, distinta, é garantir que
os seus registos estejam sempre disponíveis e actualizados.
Noutra perspectiva de análise, a evolução das comunicações On-line foi criando
recursos que os bibliotecários passaram a utilizar, com ftp (e archie), depois gophers (e
veronica, WAIS, etc.), OPACS (e Z39.50) e actualmente WWW (e indexadores como
Yahoo ou robots indexadores como o Alta Vista, Lykos, WebCrawler etc. já visto
anteriormente), integrando-os gradualmente aos recursos Off-Line.
9
Como o projecto Gutenberg – http://promo.net/pg/
Como é o caso dos autores do projecto - Gutenberg – http://promo.net/pg
11
A codificação ASCII, é um standard mais primitivo, mas limitado tecnologicamente no que diz respeito à sua apresentação, mas
muito eficaz quando se pretende apresentar unicamente o conteúdo.
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Bibliotecas digitais: acesso local e remoto
As novas tecnologias da informação que a associação das telecomunicações e da
informática tornou possíveis, como o correio electrónico (e-mail), o protocolo de
transferência de ficheiros (ftp), a ligação remota a computadores (Telnet), e sobretudo a
rede em hipertexto (World Wide Web), são, já hoje, utilizadas pela generalidade das
grandes bibliotecas.
Aceder remotamente a uma biblioteca electrónica é poder consultar informações
das suas obras sem necessidade de deslocamento físico. O detalhe das informações destas
obras pode ir desde a consulta sumária dos “catálogos / índices”, até à consulta integral
das obras. Este acesso remoto assume distintas modalidades: acedê-la por Telnet no
próprio computador, com possibilidade de consulta (normalmente de qualidade pobre),
mas principalmente de transferência de informação, onde o utilizador a possa ler
posteriormente; ou então, o que é actualmente de longe o mais comum, fazer uma ligação
por http a essa biblioteca com consulta extremamente dinâmica, podendo, também,
efectuar transferências de informação (downloads) para consulta posterior.
Informação verdadeira?
Uma das soluções em estudo para resolver o problema da autenticidade da
informação é por meio de algoritmos embutidos no software de criação do documento.
Entre estas propostas uma das mais promissoras parece ser a chamada DTS – Digital Time
Stamp, que utiliza técnicas criptográficas, funcionando como um carimbo que autentica o
documento. Outra possibilidade mais simples é do algoritmo que realiza a soma do
número total de bits de um documento, número este que é então encriptado e incorporado
ao mesmo.
2.2
COMPETIÇÃO
Dadas as vantagens cada vez mais reconhecidas das bibliotecas digitais, os
interesses públicos têm vindo a despertar para este serviço que entra, por natureza, em
competição com outros serviços, tanto do mundo real como do virtual.
Desde logo, as bibliotecas ditas tradicionais entrarão [am] em competição com todos
os tipos de bibliotecas digitais, quer temáticas quer gerais, entre as quais também existirá
uma relação competitiva.
Agora, se nos abstrairmos do mundo cujo móbil não é o lucro, verifica-se que
enquanto não existir legislação apropriada e adequada, eventualmente passando pelo
pagamento de taxas para se efectuarem downloads e/ou usufruir-se de um perfil com mais
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acessos, as editoras, as livrarias – virtuais e reais – e mesmo as reprografias12 vêem-se
confrontadas com um “Golias”13 que muito provavelmente não sucumbirá...
Pelo fácil acesso a catálogos de pesquisa imaginamos, igualmente, que portais e
motores de busca possam ver o seu tráfego baixar significativamente…
2.3
MERCADOS
As bibliotecas digitais dirigem-se a diferentes segmentos de públicos, podendo
assim atingir vários mercados.
Estudantes, investigadores, …, enfim, o mundo académico é um público
preferencial pela oferta de serviços, variedade de fontes e de recursos de informação e
pelas maiores facilidades que podem ter para aceder a eles.
Também os autores de obras científicas, culturais, artísticas e outras possuem
vantagens em estar ligados a estas instituições; não só porque poderão ver os seus
trabalhos divulgados com maior diligência do que a que lhes é oferecida (quando é!) no
mundo real, mas também pela facilidade de pesquisa.
De uma forma geral, muitos profissionais, especialmente os designados de
“colarinho branco”, recorrerão a bibliotecas digitais pelas mesmas razões acima citadas,
pelo que também podem ser tidos como um mercado.
Um público potencial poderão ser as pessoas com deficiências. As facilidades de
acesso (em termos de deslocação) favorece as pessoas com dificuldades de mobilidade; o
facto de existir a possibilidade de os textos serem lidos, possibilita o acesso a invisuais e
amblíopes, enquanto que os surdos / mudos, por não terem necessidade de comunicar
oralmente, podem sentir-se motivados para recorrerem a estas bibliotecas.
2.4
ENQUADRAMENTO LEGAL
As mais recentes tecnologias de informação e comunicação provocaram um emergir
de “novos” problemas, cabendo ao Direito a dura tarefa de os resolver. Desde acessos sem
autorização, ao desrespeito pela propriedade intelectual e respectivos direitos, a
cibercriminalidade, protagonizada por hackers ou meros peões, tem sido um problema
difícil de combater. A dificuldade surge por dois lados:
⇒ o facto de estes crimes serem de cariz especial, por não envolverem armas; por
não colocarem em perigo os quatro bens jurídicos mais importantes do Direito Penal - a
12
Depreciativamente, poder-se-á dizer que a biblioteca virtual não passa de uma “fotocopiadora” universal (embora, na realidade,
não existam originais ou cópias), a uma velocidade estonteante, de textos, imagens e sons.
13
Entenda-se esta metáfora vendo a Internet como um concorrente desigual e mais poderoso.
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Honra, a Vida, a Integridade Física e a Liberdade, ou pela extrema facilidade com que se
comete um crime informático, bastando por vezes errar uma tecla.
⇒ pela pouca formação que os legisladores têm nesta área, e pela dificuldade que as
autoridades denotam na interpretação e aplicação da lei neste domínio.
No enquadramento do tema deste trabalho, o crime mais flagrante prende-se com a
violação dos direitos de autor, uma vez que na Internet muita da informação visualizada
pode ser copiada e impressa sem qualquer espécie de controle e sem que nenhum direito
seja pago aos seus autores. A ausência de regras para a produção, difusão e uso da
informação no mundo virtual existe porque a tecnologia de produção de documentos
digitais desenvolveu-se mais rapidamente do que os instrumentos legais para a proteger
pelos motivos acima descritos.
Como disponibilizar a informação evitando que seja modificada ou copiada sem
autorização é o ponto chave de toda a discussão envolvendo a propriedade intelectual,
pelo que as suas novas regras devem procurar um equilíbrio entre a protecção ao direito de
autor e o interesse público maior de assegurar / garantir o mais amplo acesso possível à
informação.
Desde 1997 que esta questão tem sido tratada nas instâncias Europeias (Comissão
Europeia, Conselho Europeu e a Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento
Europeu), tendo os deputados do Parlamento Europeu dado o seu veredicto final no
passado dia 14 de Fevereiro último. O documento jurídico tenta conciliar os interesse dos
consumidores digitais e dos artistas, criadores, editores e produtores, ao pretender, pelo
lado destes, assegurar uma protecção nos domínios do direito da reprodução, comunicação
ao público e distribuição, e pelo lado dos consumidores, bibliotecas, empresas de novos
média e fabricantes de consumíveis electrónicos, abrir a possibilidade de serem feitas
cópias de obras a título privado14.
2.5
PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO
“The World Wide Web is based on ideas that
were developed over the past fifty-plus years ...”
(David Belson)
De índices de periódicos a sumários e, por fim, full-text e acesso a bases de dados
on-line e/ou na internet, a construção das bibliotecas digitais foi acontecendo aos poucos,
à medida que a evolução da tecnologia disponibilizava novas ferramentas que podiam ser
utilizadas para este fim. Esta construção ocorreu (e ainda ocorre) paralelamente em dois
fronts: Off e On-Line. A parte Off-line iniciou-se com o controlo do inventário e
circulação, depois com a criação de catálogos electrónicos e automatização de actividades
de indexação. Mais tarde acrescentaram-se versões electrónicas de obras de referência,
geralmente em CD-Rom. E, finalmente, o armazenamento e recuperação de versões
electrónicas da própria informação.
14
Por cópia privada deve-se entender uma “reprodução em qualquer suporte para utilização com fins não directamente ou
indirectamente comerciais”.
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Bibliotecas Digitais
Até agora, os documentos digitais, pouco mais têm sido do que réplicas de
documentos em papel. Por exemplo, a ideia de disponibilizar catálogos ou bases de dados
na Internet foi uma decorrência natural. Localizar as informações bibliográficas na
Internet através de catálogos foi uma etapa relativamente rápida. Agora, será uma questão
de tempo a digitalização dos milhões de documentos das maiores bibliotecas do mundo...
É previsível que o recurso sistemático à edição electrónica e aos suportes digitais
provoque uma mudança de paradigma e o aparecimento de novos tipos de documentos e
formas de pesquisa. A conjugação desta tendência com a distribuição em rede pode
resultar no aparecimento de:
- serviços assentes na filosofia de “just-in-time”;
- serviços “a pedido”, como a criação de documentos personalizados a partir da
recolha em várias fontes de informação, envio de documentos e/ou impressão a
pedido;
- promoção de forums com autores e criadores;
- ...
Na tentativa de tornar o acesso mais fácil e apelativo, dever-se-á investir também na
arquitectura da informação, assim como no design gráfico da página, recorrendo, por
exemplo, a artifícios multimedia.
Desta forma, procurar-se-á estabelecer e promover uma maior interactividade com
os utilizadores, criando um ambiente virtual personalizado.
Outra evolução provável é o pagamento de taxas para usufruir de serviços como os
acima citados, e a definição de perfis de utilizadores, que quantos mais acessos quiser
ter, mais terá de pagar, custo este que provavelmente crescerá a taxas decrescentes.
2.6
PERSPECTIVAS DE INOVAÇÃO
“In another 50 years, the Web will likely be
very different, based on ideas that
are being developed today.”
(David Belson)
É possível que se inove através de acessos modificativos personalizados: escolha do
tipo de letra, colocar marcadores nas páginas, tomar notas nas margens das folhas, tudo
isto sem adulterar o versão da biblioteca. Assim, cria-se uma sala de “estudo” para cada
utilizador que o solicite, o que, aliado ao projecto da educação à distância, pode fomentar
novas metodologias de estudo e de leccionação – possibilitando um processo educacional
independente do tempo ou do lugar.
Por outro lado, a locução pode ser inserida, permitindo que o texto seja “lido” com
diferentes vozes, sotaques e idiomas para aqueles com deficiências visuais, crianças ou
qualquer um que quiser “ouvir” o documento (algumas vezes inclusive com a voz do
autor). Isto leva-nos a um momento de síntese entre a literatura oral e a impressa que é
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13
Bibliotecas Digitais
inédito e cujas consequências ainda estão por serem estudadas. O leitor pode, assim,
“contracenar”.
A par da locução, os recursos de informação com muitas imagens podem vir a ser
convertidos em ilustrações animadas, tornando a visualização mais atractiva.
Também a utilização do e-book em sintonia com as bibliotecas digitais pode vir a
revelar-se uma realidade, beneficiando o utilizador que queira ler / estudar em locais sem
ligação ao mundo virtual.
3. CONCLUSÃO
Apesar de todas as vantagens inerentes das bibliotecas digitais, não podemos pensar
que qualquer tecnologia de informação e comunicação que necessite de equipamento,
interface, electricidade, etc, possa substituir inteiramente os formatos impressos. Os
valores estéticos, históricos e afectivos garantem ao livro a sua permanência, apesar da
evolução do formato. Assiste-se à transformação e não à morte do livro.
Por outro lado, estima-se que apenas 1% da informação arquivada no mundo se
encontre em formatos digitais, o qual possui vantagens e inconvenientes, mas provoca já
um grande impacto na Gestão da Informação.
3.1
IMPACTO PARA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO
A sociedade e a economia tornaram-se, cada vez mais, information-based. Se a
necessidade de informação motiva a sua procura, o excesso da mesma desmotiva. Este
paradoxo tende a ser tão mais real quanto maior for a descoordenação e a desorganização
que existe no maior fornecedor de informação: a World Wide Web. As bibliotecas do
mundo virtual podem contribuir para o aligeirar desta situação, instigando e mostrando as
grandes vantagens de ser feita uma Gestão da Informação.
Quando se pensa em bibliotecas, um adjectivo de que nos lembramos para as
qualificar é organização. Elas são, por natureza, as guardiãs dos recursos de informação
escrita criados ao longo da História, o que lhes dá um curriculum inigualável no domínio
da gestão do ciclo de vida da informação, nomeadamente, selecção, tratamento,
armazenamento e respectiva exposição.
Com o advento da Internet, as bibliotecas tomam uma nova estrutura, mas a essência
de funcionamento permanece, apenas com duas excepções: a informação deixa de ser
exposta para ser transmitida e, sempre que os seus recursos não sejam criados na forma
digital, tem que proceder à conversão de formatos.
Gestão da Informação
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Bibliotecas Digitais
O impacto que este serviço provoca na gestão da informação é positivo, porque está a
contribuir para a organização da informação na Internet e a criar hábitos de pesquisa nos
utilizadores. Por outro lado, quem acede a estas instituições confia. Isto é, o grau de
confiança da informação transmitida/acedida é, à partida maior, porque se pressupõe que
já passou por um processo de triagem, conferindo à informação um carácter de maior
precisão/confiança, seja ela fruto de um efeito psicológico do utilizador, ou efectiva. Por
outro lado, a informação não só passa a estar disponível para acesso, como permanece
organizada num só “local”, à partida fixo.
3.2
ONDE SABER MAIS
As moradas abaixo indicam os caminhos virtuais por onde se pode navegar para saber
mais sobre este tema:
- http://www.cglobal.pucrs.br/internet
- http://www.htmlgoodies.com
- http://www.cglobal.pucrs.br/bibdigital/bib/artbibdigwie99.pdf
- http://www.cg.org.br/gt/gtbv/YorkatIBICT/index.htm
- http://www.cglobal.pucrs.br/bibdigital/bib/td.htm
- http://lcweb2.loc.gov/ammem/dli2/index.html
- http://lcweb2.loc.gov/ammem/dli2/html/
- http://www,dli2.nsf.gov
- http://www.clir.org/diglib/dlfhomepage.html
- http://www-4.ibm.com/software/is/dog-lib/index.html
REFÊRENCIAS
-
http://tek.sapo.pt
http://www.terravista.pt7mussulo71139/
http://webdeveloper.com/html/html_wg_webhistory.html
http://www-bib.eng.uminho.pt7Eloy/barata.htm
http://www.cglobal.pucrs.br/bebdigital/bib/conc.htm
http://www.cglobal.pucrs.br/bebdigital/kits/kit1.htm
http://www.ibict.br/cionline/artigos/2629702.htm
http://bocc.ubi.pt/pag/fidalgo-biblioteca.html
http://bocc.ubi.pt/pag/martins-moises-lemos-bibl-babel.html
http://www.usp.br/geral/infousp/rincon/rincon.htm
http://www.ced.ufsc.br/bibliote/degital.html
http://www.epub.org.br/correio/cp990605.htm
http://promo.net/pg/history.html
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Trabalho realizado: no âmbito da disciplina Gestão da Informação