ESCOLA DE ENFERMAGEM WENCESLAU BRAZ
BÁRBARA OLÍVIA APARECIDA CARNEIRO FELIPE
CARACTERÍSTICAS DOS ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES,
SIGNIFICADOS E SENTIMENTOS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
ACIDENTADOS
ITAJUBÁ
2012
BÁRBARA OLÍVIA APARECIDA CARNEIRO FELIPE
CARACTERÍSTICAS DOS ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES,
SIGNIFICADOS E SENTIMENTOS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
ACIDENTADOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Escola de Enfermagem
Wenceslau Braz como requisito parcial
para a obtenção do título de Enfermeira
com apoio do PROBIC/FAPEMIG.
Orientadora: Profª. M.ª Aldaiza Ferreira
Antunes Fortes.
Coorientadora: Profª. M.ª Ana Maria
Nassar Cintra Soane.
ITAJUBÁ
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação elaborada pela
Bibliotecária Karina Morais Parreira CRB 6/2777 da Escola de
Enfermagem Wenceslau Braz – EEWB
F313c
Felipe, Bárbara Olívia Aparecida Carneiro.
Características dos acidentes com perfurocortantes,
significados e sentimentos... / Bárbara Olívia Aparecida
Carneiro Felipe. – 2012.
87 f.
Orientadora: Profª. M.ª Aldaíza Ferreira Antunes F.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Enfermagem) com apoio do Programa de Bolsa Científica
- (PROBIC/FAPEMIG) Escola de Enfermagem Wenceslau
Braz - EEWB, Itajubá, 2012.
1. Controle de risco. 2. Enfermagem. 3. Acidente
perfurocortantes. I. Título.
NLM: WY 100
DEDICATÓRIA
Ao meu eterno namorado Douglas Roberto Soares da Silva, que, mesmo não
estando mais perto de mim, estás sempre presente em meu coração. Obrigada
pela paciência e dedicação, teu esforço não foi em vão, trago comigo as
lembranças de um amor verdadeiro, que vai além desta vida, sei que DEUS te
usou em Seus propósitos. Então dedico esta vitória á você que foi minha
inspiração para continuar a viver.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a DEUS por sempre estar ao meu lado, nas minhas
quedas, nas minhas fraquezas, nas lutas e controvérsias, vitórias e derrotas. Sei
que, principalmente agora, estais ao meu lado. Obrigada por este presente que
agora Me ofereces, por tudo que vi, ouvi e aprendi. Obrigada pela graça, pela Vida.
Aos meus pais, Aristeu e Lídia, pelo carinho, apoio, amor incondicional e por
acreditarem que eu venceria esta etapa.
Aos meus irmãos, Filipe e Vinicius, que me ajudaram quando estava cansada e sem
forças para lutar.
À minha tia Benedita que com sua compreensão e humildade me ajudou nas horas
difíceis.
Ao meu eterno namorado Douglas Roberto Soares da Silva que mesmo não estando
mais perto de mim, estás sempre presente em meu coração.
À minha orientadora, Profª. Ms. Aldaiza, que, durante o desenvolvimento do
trabalho, manteve-se sempre presente, com paciência, dedicação, incentivo e
profissionalismo.
À Profª. Ms. Ana Maria pela orientação e ajuda devotada a mim durante as etapas
desta pesquisa.
Aos funcionários do Setor de Segurança Especializada de Medicina do Trabalho
(SESMT) do HE de Itajubá, pela paciência e disponibilidade de ajuda.
Aos profissionais de enfermagem que participaram desta pesquisa, aumentando
mais o conhecimento no assunto.
Ao Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio
financeiro na concretização desta pesquisa.
Ao meu revisor, Professor Ronaldo Ribeiro, pela dedicação e assistência.
À Turma 54 que juntos passamos pelas mesmas dificuldades, mas chegamos até o
fim.
Aos familiares e amigos e colegas, que direta e indiretamente, participaram desta
luta, estando sempre presente ao meu lado nos momentos de angústia e dor.
(Bárbara Olívia Ap. Carneiro Felipe)
Trabalho com segurança
Se o presente é sem segurança, o futuro será sem esperança;
Segurança é objetivo de todos;
Não há palavras e nem frases que possam nos manter seguros, há
somente ações;
Seja atencioso, a segurança no trabalho é um bem precioso;
Segurança é saúde. Pratique esta idéia;
Torne a segurança parte do seu dia a dia;
Trabalhe co segurança, pois alguém te espera sorrindo;
Trabalhe com segurança porque alguém espera por você;
Trabalhe com segurança proteja a sua vida;
Seja seguro, aceite o conselho de um amigo;
Você é a ferramenta mais valiosa da empresa, evite acidente;
Abra as portas para a Segurança, você é a chave;
Não destrua em segundos, o que se levou anos para construir;
Perca um segundo na vida e não a vida em um segundo;
Não tente, não invente se não é capaz, chame quem sabe, não
arrisque jamais;
Evite o acidente, o inimigo é voraz;
Por isso pare e reflita a vida é um dom de Deus, cuide bem dela:
trabalhe com segurança.
(Autor desconhecido)
RESUMO
Estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, exploratório, retrospectivo e
transversal, com os objetivos de identificar as características dos acidentes com
perfurocortante ocorridos no Hospital Escola (HE) de Itajubá-MG, conhecer os
significados e os sentimentos dos profissionais de enfermagem desta instituição que
sofreram este tipo de acidente. Realizado com 20 profissionais de enfermagem do
HE que sofreram este tipo de acidente de janeiro de 2009 a julho de 2011. Foram
utilizados dois instrumentos de coleta de dados: um com as características pessoais
dos participantes e as características dos acidentes com perfurocortante, outro
contendo duas questões abertas referentes aos significados e aos sentimentos dos
acidentados. A amostragem foi não probabilística intencional. A análise dos dados
utilizou-se do método do Discurso do Sujeito Coletivo. Os entrevistados tem media
de idade 31,6 anos, 90% do gênero feminino, 70% trabalham no período matutino, o
tempo de trabalho na instituição varia de um a cinco anos, 90% são técnicos de
enfermagem, 40% se acidentaram com agulha. A unidade que mais ocorreu os
acidentes foi no pronto socorro (30%). A área do corpo mais acidentada foi o dedo
indicador da mão esquerda (25%). Os fatores que mais contribuíram para a
ocorrência do acidente foram à ‘correria’ do setor e o não uso de Equipamento de
Proteção Individual (EPI) (35%). 30% afirmaram que no momento do acidente
desprezavam o material perfurocortante. Em relação aos significados para os
profissionais de enfermagem em questão, emergiram as idéias centrais: “tudo de
ruim passa pela cabeça”; “medo, angústia e preocupação”; “momento horrível”;
“depressão e Inconformidade”; “muita raiva pessoal e dos colegas de trabalho”; “falta
de humanidade”; “sem valor para a instituição”; “culpa”, “impotência”. Os sentimentos
vivenciados por ocasião do acidente evidenciaram-se: “medo”, “raiva”, “angústia”,
“desrespeito”, “preocupação”, “descuido pessoal”, “falta de assistência”, “não senti
nada”. Constata-se que o treinamento em serviço, o aperfeiçoamento técnico e a
atualização profissional desenvolvidos pelo setor de educação permanente é
importante para minimização dos riscos de acidentes de trabalho.
Palavras-chave: Controle de risco. Enfermagem. Acidentes perfurocortante.
ABSTRACT
A qualitative study, descriptive, exploratory, retrospective and cross, with a view to
identifying the characteristics of sharps accidents occurred at Hospital Escola (HE) of
Itajubá-MG, know the meanings and feelings of nurses of this institution who have
suffered this type of accident.Study conducted with 20 nursing professionals of HE
that had suffered this kind of accident in January 2009 to July 2011. Two instruments
were used for data collection: one with the personal characteristics of participants
and characteristics of sharps accidents, one containing two open questions about the
meanings and feelings of the victims.The sampling was not probabilistic
intentional.The data analysis was used with the method of the collective subject
discourse.Respondents have mean age 31.6 years, 90% female gender, 70% work
in the morning, the time on the job in the institution varies from one to Five years,
90% nursing technicians, 40% were hurt with needle. The unit that most accidents
happened was in the emergency departament (30%). The more accidented área of
the body was the índex finger of left hand (25%). The factors that contributed to the
accident were the ‘rush’ of the sector and the non use of Personal Protective
Equipment (PPE) (35%). 30% Said that at the time of the accident despised
needlestick. Regarding the meanings to nursing profession in question, the central
ideas emerged: “everything bad is the head”; “fear, distressandpreoccupation”;
“terrible moment”; “depression and nonconformity”; “personal rage and of coworkers”;
“lack of humanity”; “no value to the institution”; “guilt”, “impotence”. The feelings
experienced during the accident became evident: “fear”, “anger”, “distress”,
“disrespect”, “preoccupation”, “personal carelessness”, “lack of assistance”, “feel
nothing”. It is found that in service training, technical improvement and professional
updating developed by the sector permanent education is important for minimizing
the risk of accidents at work.
Key-words: Risk control. Nursing. Needlesticks.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Ideias centrais referentes ao tema 01: “significados do acidente
com perfurocortante para os profissionais de enfermagem acidentados” .......42
Quadro 2 - Agrupamento das Ideias centrais semelhantes ou complementares,
originadas do tema 01: “significados dos acidentes com perfurocortante para
os profissionais de enfermagem acidentados” ....................................................43
Quadro 3 - Ideias centrais, sujeito e frequência das ideias centrais sobre o
tema 01: “significados do acidente com perfurocortante para os profissionais
de enfermagem acidentados” ................................................................................44
Quadro 4 - Ideias centrais e frequência das ideias centrais sobre o tema 02:
“Sentimentos
dos
profissionais
de
enfermagem
acidentados
com
perfurocortante acerca do ocorrido”.....................................................................48
Quadro 5 - Ideias centrais e frequência das ideias centrais sobre o tema 02
“Sentimentos
dos
profissionais
de
enfermagem
acidentados
com
perfurocortante acerca do ocorrido”.....................................................................49
Quadro 6 - Ideias centrais, sujeito e frequência das ideias centrais sobre o
tema 02: “Sentimentos dos profissionais de enfermagem acidentados com
perfurocortante acerca do ocorrido”.....................................................................49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Idade dos profissionais de enfermagem acidentados no Hospital
Escola da cidade de Itajubá-MG, 2009-2011 (n=20) ..............................................37
Tabela 2 - Sexo dos profissionais de enfermagem acidentados no Hospital
Escola da cidade de Itajubá-MG, 2009-2011 (n=20) ..............................................37
Tabela 3 - Período de trabalho dos profissionais de enfermagem acidentados
no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, 2009-2011 (n=20)..........................38
Tabela 4 - Tempo de trabalho dos profissionais de enfermagem acidentados no
Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20)........................38
Tabela 5 - Categoria profissional dos profissionais de enfermagem acidentados
no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20) ..................38
Tabela 6 - Área do corpo acidentada com material perfurocortante pelos
profissionais de enfermagem no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, ano
2009-2011 (n=20) .....................................................................................................40
Tabela 7 - Fatores que contribuíram para a ocorrência do acidente com
material Perfurocortante pelos profissionais de enfermagem no Hospital
Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20).......................................41
Tabela 8 - Procedimento realizado no momento do acidente pelos profissionais
de enfermagem no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011
(n=20)........................................................................................................................41
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..................................................................................................14
1.1
INTERESSE PELO TEMA ................................................................................15
1.2
JUSTIFICATIVA DO ESTUDO..........................................................................16
1.3
OBJETIVOS DO ESTUDO................................................................................17
2
MARCO CONCEITUAL ....................................................................................19
2.1
IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA PARA A PREVENÇÃO DE
ACIDENTES .....................................................................................................19
2.2
CONTEXTUALIZANDO OS ACIDENTES PERFUROCORTANTES ................20
3
REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO ................................................24
3.1
TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .................................................24
3.2
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO .............................................................25
3.2.1
Figuras metodológicas.................................................................................. 26
3.3
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO: PASSO A PASSO...............................27
4
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ....................................................................29
4.1
CENÁRIO DE ESTUDO....................................................................................29
4.1.1
Local do Estudo ............................................................................................. 30
4.2
DELINEAMENTO DO ESTUDO .......................................................................31
4.3
PARTICIPANTES DO ESTUDO, AMOSTRA E AMOSTRAGEM .....................32
4.4
COLETA DE DADOS ........................................................................................33
4.4.1
Procedimentos para coleta de dados .......................................................... 33
4.4.2
Instrumentos de coleta de dados ................................................................. 34
4.5
PRÉ–TESTE .....................................................................................................34
4.6
ESTRATÉGIAS DE ANÁLISE DOS DADOS ....................................................34
4.7
RESULTADOS DA PESQUISA ........................................................................35
4.8
ÉTICA DA PESQUISA ......................................................................................35
5
RESULTADOS .................................................................................................37
5.1
CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANTO AOS SEUS
DADOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS E CARACTERIZAÇÃO DOS
ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES ...................................................37
5.2
TEMAS, IDEIAS CENTRAIS E DISCURSOS DO SUJEITO COLETIVO..........42
5.3
TEMA 01 - SIGNIFICADOS DO ACIDENTE COM PERFUROCORTANTE
PARA OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ACIDENTADOS .................42
5.3.1.1 DSCs referentes às ideias centrais do tema 01 ............................................... 45
5.3.2
Tema 02 - Sentimentos dos profissionais de enfermagem acidentados
com Perfurocortante acerca do ocorrido .................................................... 48
5.3.2.1 DSC referentes às ideias centrais do tema 02................................................. 50
5.4
SÍNTESE DAS IDEIAS CENTRAIS SUBJACENTES AOS DOIS TEMAS
EXPLORADOS.................................................................................................51
6
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................54
6.1
ANÁLISE DOS RESULTADOS REFERENTES ÀS CARACTERÍSTICAS
PESSOAIS E PROFISSIONAIS DOS PARTICIPANTES E ÀS DOS
ACIDENTES COM MATERIAL PERFUROCORTANTE...................................54
6.2
ANÁLISE DOS RESULTADOS PROVENIENTE DOS DOIS TEMAS:
SIGNIFICADO DO ACIDENTE COM PERFUROCORTANTE PARA OS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ACIDENTADOS E OS
SENTIMENTOS VIVENCIADOS POR ESTES PROFISSIONAIS ACERCA
DO OCORRIDO ...............................................................................................58
7
CONCLUSÕES.................................................................................................64
8
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................66
REFERÊNCIAS................................................................................................69
APÊNDICE A - Instrumento de coleta de dados sobre as características
pessoais dos profissionais de enfermagem acidentado e as
características dos acidentes com perfurocortante....................................74
APÊNDICE B - Roteiro de entrevista semi-estruturada...............................75
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................76
ANEXO A - Instrumento de análise do discurso 1 (IAD - 1) ........................77
ANEXO B - Instrumento de análise do discurso 2 (IAD - 2) ........................82
ANEXO C - Parecer Consubstanciado Nº 596/2010 .....................................86
14
1 INTRODUÇÃO
O hospital é um local de trabalho complexo no qual, além de prover cuidados
básicos de saúde, mantém atendimento de pequena e alta complexidade a um
grande número de pessoas. Assim, “o ambiente hospitalar envolve a exposição dos
profissionais de saúde e demais trabalhadores a uma diversidade de riscos,
especialmente os biológicos”. (ALVES; PASSOS; TOCANTINS, 2009, p. 373).
Os referidos autores, em clara alusão ao artigo 19 da Lei n. 8.213, de 24 de
julho de 1991, ressaltam que o acidente de trabalho é considerado como um
acontecimento repentino entre pessoas e/ou pessoas e objetos, podendo causar
lesões corporais ou perturbação funcional que leve a morte ou a perda ou a redução
permanente ou temporária da capacidade para o trabalho, diferenciando de doença
ocupacional, que é insidiosa e adquirida em longo prazo de tempo.
O reconhecimento do risco profissional consiste em prever situações que
poderão ocasionar perdas e danos, com base no conhecimento prévio, visando
adotar condutas para minimizar esses riscos de acidentes com perfurocortantes.
Os profissionais de enfermagem desempenham um trabalho de assistência
direta e contínua ao paciente, tornando-se susceptíveis à contaminação por material
biológico, principalmente em acidentes por inoculação percutânea mediada por
agulhas ou instrumentos cortantes, que são os maiores responsáveis pela
transmissão ocupacional de infecções sanguíneas. (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA,
2007).
Os acidentes de trabalho com material perfurocortante representam grande
risco à saúde da equipe de enfermagem, devido às atividades executadas e às
condições de trabalho vigentes. As causas podem ser associadas às condições
inadequadas de trabalho, a não observância de normas e protocolos, às instruções
incorretas ou insuficientes, à falta de equipamento de proteção, ao descarte
inadequado do material perfurocortante (sendo a agulha o principal material de
contaminação e as mãos o alvo principal) e às falhas na supervisão e orientação da
equipe de enfermagem. (SILVA et al., 2010).
No âmbito hospitalar, os acidentes com material perfurocortante ocorrem com
maior frequência. Com isto, os profissionais de enfermagem estão expostos à
contaminação pelo vírus da hepatite C, síndrome da imunodeficiência adquirida
(AIDS), sífilis e outras doenças contagiosas contraídas pelo contato acidental com
15
sangue contaminado, além de outras ocorrências danosas à saúde do profissional.
(RIBEIRO; SHIMIZU, 2007).
No campo hospitalar, os locais onde os profissionais de enfermagem estão
em contato direto com os materiais biológicos, são: centro cirúrgico, pequenas
cirurgias ambulatoriais, pronto socorro, sala de sutura, expurgo e em laboratórios de
análises clínicas.
Não só os profissionais que lidam diretamente com os pacientes, como
médicos, acadêmicos e profissionais da enfermagem, estão sujeitos a contágio por
material biológico. O pessoal dos serviços gerais e da administração hospitalar
também tem que estar cientes quanto à importância de seguir os princípios de
precauções padrões, como medidas profiláticas que se aplicam não somente ao
sangue, mas a todos os fluidos corpóreos, as secreções, as excreções, contendo ou
não sangue visível.
1.1
INTERESSE PELO TEMA
O interesse em desenvolver esta pesquisa surgiu quando fui convidada pelas
docentes responsáveis pelo setor de pesquisa da Escola de Enfermagem
Wenceslau Braz (EEWB) a participar de uma reunião que realizaram com um grupo
de acadêmicos com o intuito de estimulá-los a iniciação científica. Durante esta
reunião foram propostos vários assuntos para nós, acadêmicos, realizarmos estudos
com o acompanhamento e orientação dos referidos docentes.
Dentre os temas apresentados escolhi, sem hesitação, as características dos
acidentes com perfurocortante, os significados e sentimentos dos profissionais de
enfermagem ao sofrerem um acidente, haja vista que já havia vivenciado no meu
emprego um acidente com perfurocortante, em que, na administração de um
medicamento endovenoso, acidentei-me com uma agulha contaminada de sangue
do paciente. Entrei em desespero.
Na ocasião, fiz a notificação do acidente ao técnico de segurança do trabalho
do hospital onde eu trabalhava, sendo realizado o inquérito de notificação de
Acidente de Trabalho. O médico plantonista do hospital solicitou o teste rápido de
HIV, sendo pedida à autorização do paciente fonte para a realização do teste. Após
a autorização, foi colhido sangue do paciente para saber se este era portador de
alguma doença transmissível.
16
Até o resultado do exame, fiquei em angústia profunda e só sabia chorar. Só
imaginava estar contaminada com o vírus do HIV, sem me importava com outras
doenças transmissíveis, como a hepatite C. Com resultado do exame pude ficar
mais tranquila, porém surgiram duvidas que eu não consegui sanar totalmente. Seria
possível este paciente estar na chamada “janela imunológica”? O teste é 100%
garantido? Estas dúvidas persistiram por muito tempo.
Depois do ocorrido, eu mantive um cuidado absoluto na manipulação de
agulhas, lâminas de bisturi e secreções eliminadas pelos pacientes. A sensação de
poder ter adquirido qualquer tipo de doença foi desesperadora.
Para o inicio deste trabalho, busquei por referências e pude perceber que, na
maioria dos casos, o acidente com perfurocortante acontece com a equipe de
enfermagem. Não se sabe com frequência estes acidentes ocorrem com outros
profissionais.
Não há dados que indiquem se os acidentes com perfurocortante ocorram
somente com a equipe de enfermagem, ou se não são notificados os que ocorrem
com outros profissionais. Talvez os profissionais de enfermagem não estejam tendo
treinamento adequado para manusear estes materiais, por isto.
1.2
JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
Segundo Marziale, Nishimura e Ferreira (2004), entre 1985 e 1998, o Centers
for Disease Control and Prevention (CDC) registrou 55 casos confirmados de
infecção pelo HIV e 136 casos de possíveis contaminações entre trabalhadores de
enfermagem e técnicos de laboratórios nos Estados Unidos, onde os acidentes
percutâneos foram associados a 89% dos acidentes registrados. A referida
instituição estimou que 800 trabalhadores de saúde tornavam-se anualmente
infectados, nos Estados Unidos, pelo vírus HIV e que 2 a 4% das infecções pelo
vírus da hepatite C ocorrem em ambiente hospitalar após exposição ao sangue.
Com
a
crescente
preocupação
com
a
transmissão
de
doenças
infectocontagiosas através de acidentes com materiais perfurocortantes e fluidos
corpóreos fez com que os sistemas de vigilância epidemiológica fossem criados na
maioria dos hospitais, principalmente após a expedição, pelo Ministério da Saúde
em junho de 1983, da portaria n° 930, que estabelece que todos os hospitais do
17
Brasil deveriam manter uma comissão de controle de infecção hospitalar. (ANVISA,
2004).
Além disso, o Ministério do Trabalho instituiu as Normas Regulamentadoras
NR4, NR6 e NR7 que obrigam todas as instituições privadas ou públicas que
empregam trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a
criar um serviço especializado de segurança e medicina do trabalho, fornecendo
equipamento de proteção individual (EPI). Dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS) mostram que os profissionais da área da saúde estão submetidos a um risco
de três a seis vezes mais de adquirirem a hepatite B quando comparado com a
população em geral. (MEDEIROS; SCHNEIDER; STEFFENS, 2004)
Em todos os centros de atendimento hospitalar de Itajubá, têm-se riscos de
acidentes com material biológico, sendo que os profissionais de enfermagem estão
expostos direta ou indiretamente a eles.
Nesta perspectiva surgiram os seguintes questionamentos: Quais são as
características dos acidentes com perfurocortante? O que significa para os
profissionais de enfermagem sofrerem acidente com perfurocortante? Que
sentimentos eles vivenciam ao enfrentarem esta situação?
Os resultados deste estudo podem ser de grande valia para a profissão de
enfermagem, haja vista que pode servir de referência para uma maior
conscientização dos profissionais quanto ao manuseio adequado de materiais na
realização de procedimentos de enfermagem, proporcionando, assim, uma
diminuição da ocorrência de acidentes perfurocortantes e do desconforto vivido pela
população que se submete ao teste de HIV após o acidente com perfurocortante.
Este trabalho também poderá servir de referência para pesquisas já
existentes e de alicerce para a realização de novos estudos, uma vez que há poucos
trabalhos com este enfoque.
1.3
OBJETIVOS DO ESTUDO
Este estudo tem como objetivos:
x
identificar as características dos acidentes com perfurocortantes
ocorridos com os profissionais de enfermagem no Hospital Escola da
Faculdade de Medicina de Itajubá-MG;
18
x
x
conhecer os significados dos acidentes com perfurocortantes para estes
profissionais;
conhecer os sentimentos dos profissionais de enfermagem em questão,
diante desta situação.
19
2 MARCO CONCEITUAL
Este capítulo objetiva a análise do marco conceitual que serviu de referência
para os estudos dos fatores que predispõem a acidentes com materiais
perfurocortantes; os procedimentos normalmente empregados no estudo desse
problema; o reconhecimento do risco profissional que consiste em prever situações
ou eventos que poderão ocasionar perdas e danos; as características dos acidentes
com perfurocortantes e os sentimentos dos profissionais perante o acidente com
material perfurocortante.
2.1
IMPORTÂNCIA
DA
BIOSSEGURANÇA
PARA
A
PREVENÇÃO
DE
ACIDENTES
Os trabalhadores de enfermagem no desenvolvimento de suas funções estão
expostos a inúmeros riscos ocupacionais causados por fatores químicos, físicos,
mecânicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais, que podem ocasionar doenças
ocupacionais e acidentes de trabalho. (MAZIALE; NISHIMURA; FERREIRA, 2004)
A prevenção de acidentes de trabalho com material biológico é uma
importante etapa na prevenção da contaminação de trabalhadores da saúde por
patógenos de transmissão sanguínea e outros fluidos corpóreos.
Como destacam Alves, Passos e Tocantins (2009), entre as ações de
biossegurança a serem utilizadas pelos profissionais, podem-se destacar as normas
de precaução básica, como a utilização de Equipamento de Proteção Individual
(EPI), que visam reduzir a exposição do profissional aos agentes biológicos, além da
recomendação dos cuidados na utilização e descarte de material perfurocortante.
Para os autores, a importância da biossegurança empregada nos hospitais
consiste na adoção de normas e procedimentos seguros e adequados para a
manutenção da saúde dos pacientes, dos profissionais, dos estudantes e dos
visitantes.
Como medida de Biossegurança, pode-se destacar as seguintes precauções
padrão: higienização das mãos; cuidados com equipamentos, artigos, roupas
hospitalares e utensílios hospitalares; higienização ambiental; uso dos equipamentos
de proteção individual (EPI); controle de engenharia; conduta ante as exposições
biológicas e imunização. (AMARAL et al., 2005).
20
Porém, segundo Castro e Faria (2008), algumas unidades de saúde tem a
ausência de EPIs, ou a inadequação destes, obrigando, muitas vezes, o trabalhador
a improvisar ou se utilizar de outro EPI que não o adequado. Por exemplo, no caso
de precauções para aerossóis, a máscara ideal seria a “bico de pato”, porém se
utilizam as máscaras simples, por não ter outra. O mesmo ocorre com luvas, avental
e outros.
Outra realidade recorrente, muitas vezes se tem os EPIs adequados, mas o
profissional não os usa, seja por falta de costume; por achar que o mesmo dificulta a
realização das tarefas; simplesmente por displicência ou por falta de conhecimento e
conscientização sobre a importância do uso. (SIMÕES, 2003).
Em ambiente hospitalar, a maior parte dos acidentes ocorre quando o
profissional não está usando EPI, como ao puncionar acesso venoso ou manusear
cateter venoso sem o auxilio de luvas, ao encapar agulhas contaminadas, ao
descartar incorretamente material perfurocortante. (ALVES; PASSOS; TOCANTINS,
2009)
2.2
CONTEXTUALIZANDO OS ACIDENTES PERFUROCORTANTES
A Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, em seu art. 19, define acidente de
trabalho como “aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou
redução da capacidade para o trabalho permanente ou temporária”. (BRASIL, 2001).
Apesar de a definição de acidente de trabalho tornar-se oficial somente em
1991, o Ministério do Trabalho publicou estatística dos registros de acidentes de
trabalho por causas diversas ocorridos nos anos de 1986 a 1996 entre todos os
profissionais ativos no Brasil. (BRASIL, 2001).
Segundo Barboza (2004), foi a partir da década de 1970 que os acidentes de
trabalho com perfurocortante em instituições hospitalares passaram a ser tema, de
forma incipiente, de estudos de pesquisa na década de 70. A temática passou a ser
mais recorrente a partir da década de 1980, com o alarme das publicações e
debates sobre a AIDS, devido ao temor dos profissionais de saúde diante da
possibilidade de se contrair a doença em acidentes com materiais cortantes e
perfurantes contaminados. Desde então é crescente o interesse em se debater e
21
pesquisar com mais profundidade a contaminação com materiais cortantes e
perfurantes em ambiente hospitalar.
São várias as circunstâncias que propiciam condições para a ocorrência de
acidentes com perfurocortantes na área da saúde, o que vai repercutir tanto na
saúde do trabalhador quanto em prejuízos para a empresa. Os acidentes de trabalho
desta natureza, muitas vezes, têm causas associadas à não observância de normas;
à imperícia; condições inadequadas de trabalho; instrução incorreta ou insuficiente;
falhas de supervisão e orientação; falta ou inadequação no uso de equipamentos de
proteção; entre outros aspectos. (BARBOZA, 2004).
Os acidentes de trabalho ocasionados por material perfurocortante entre
trabalhadores de enfermagem são frequentes, devido ao número elevado de
manipulação, principalmente de agulhas, e representam prejuízos aos trabalhadores
e às instituições. Tais acidentes podem oferecer riscos à saúde física e mental dos
trabalhadores.
Os acidentes com materiais perfurocortantes são considerados problema para
os profissionais da área de saúde, pela possibilidade de transmissão ocupacional de
patógenos veiculados pelo sangue, tais como o Vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV), Vírus da Hepatite B (HBV) e Vírus da Hepatite C (HCV). (MARZIALE, 2003)
Marziale (2003) classifica como sérias as consequências fisiológicas desses
acidentes, ocasionando problemas emocionais aos trabalhadores, possibilitando a
contaminação por vírus causadores de patologias letais.
Considera-se o trabalho uma atividade eminentemente social, que exerce um
papel fundamental nas condições de vida do homem. Produz efeito positivo, quando
é capaz de satisfazer às necessidades básicas de subsistência, de criação e de
colaboração
dos
trabalhadores.
Ao
realizá-lo,
o
ser
humano
se
expõe
constantemente aos riscos presentes no ambiente em que trabalha, os quais podem
interferir diretamente em sua condição de saúde. (AMARAL et al., 2005)
Segundo Marziale, Nishimura e Ferreira (2004), a consequência da exposição
ocupacional aos patógenos transmitidos pelo sangue não está somente relacionada
à infecção. A cada ano milhares de trabalhadores de saúde são afetados por trauma
psicológico que perduram durante os meses de espera dos resultados dos exames
sorológicos. Dentre outras consequências, estão ainda as alterações das práticas
sexuais, os efeitos colaterais das drogas profiláticas e a perda do emprego.
22
Os acidentes ocasionados por picada de agulhas são responsáveis por 80% a
90% das transmissões de doenças infecciosas entre trabalhadores de saúde. O
risco de transmissão de infecção, através de uma agulha contaminada, é de um em
três para Hepatite B, um em trinta para Hepatite C e um em trezentos para HIV.
(MARZIALE, 2007)
Os trabalhadores de enfermagem suprem a maior porção do cuidado direto
ao paciente 24 horas por dia nos hospitais e, consequentemente, possuem
constante risco para ferimentos ocupacionais, assim poderão ser os trabalhadores
mais afetados pelos vírus HBV, HCV e HIV. (ARYTHANA; DUARTE; MOREIRA,
2011).
Segundo Amaral et al. (2005), a ocorrência de grande número de acidentes
com materiais perfurocortantes é resultante da falta de esclarecimento dos
profissionais da área de saúde. Assim, os profissionais de saúde necessitam de uma
maior compreensão das normas de biossegurança nas suas práticas, atuando com
mais segurança, prevenindo riscos e promovendo a qualidade de vida.
O profissional de saúde deve desenvolver um senso de responsabilidade com
relação à sua própria segurança e à segurança dos clientes. Para tal, é necessário
obter conhecimentos específicos acerca de como podem ocorrer os acidentes de
trabalho, bem como ser responsável pela manutenção da segurança do ambiente
através das ações educativas.
Sabe-se que as técnicas de engenharia de segurança, os dispositivos de
segurança para o descarte das agulhas e materiais perfurocortantes, os objetos
perfurocortantes com protetores e cabos de segurança e os sistemas de injeções
que não necessitam usar agulhas ajudaram a reduzir o risco de exposição aos
materiais biológicos. Além disso, percebe-se que as instituições de saúde, através
das Comissões de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH), oferecem orientações
quanto às medidas de biossegurança, e esse processo educativo tem contribuído
para reduzir também a incidência da exposição e a contaminação. (AMARAL et al.,
2005)
É importante que os trabalhadores de saúde saibam que, em caso de
acidente com materiais perfurocortantes, é necessário que a ocorrência seja
registrada e que se levem em consideração as condições do paciente, bem como,
deve ser realizado acompanhamento sorológico (Anti HIV, Ag Hbs, Anti HCV, Anti
HBS) deste, ao ter lugar o acidente, e do funcionário que se acidentou, com
23
acompanhamento após dois meses e seis meses da ocorrência do acidente.
(MARZIALE, 2007)
É essencial seguir as orientações do Ministério da Saúde quanto à indicação
da quimioprofilaxia para HIV e recomendações para profilaxia de hepatite B após
exposição ocupacional com material biológico. (AMARAL et al., 2005)
24
3 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO
Este capítulo trata do referencial teórico metodológico abordado, ou seja, a
Teoria das Representações Sociais (TRS), tendo o Discurso do Sujeito Coletivo
(DSC) como método de análise dos dados desta teoria.
3.1
TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
A Teoria das Representações Sociais é um conjunto de conceitos,
proposições e explicações originados na vida cotidiana no desenrolar das
comunicações interpessoais. As representações sociais equivalem à sociedade na
qual vivemos, aos mitos e aos sistemas de crenças das sociedades tradicionais,
podendo, assim, serem vistas como a versão contemporânea do senso comum.
(ANDRADE; DUARTE; MAMED, 2009).
No entender Moscovici (2004), o objetivo das Representações Sociais (RS) é
explicar os fenômenos do homem a partir de uma perspectiva coletiva, sem perder
de vista a individualidade.
Nos últimos anos, o conceito de RS tem aparecido com grande frequência em
trabalhos científicos de diversas áreas.Este conceito atravessa as Ciências
Humanas e não é patrimônio de uma área em particular. Ele tem fundas raízes na
Sociologia e uma presença marcante na Antropologia e na História das
mentalidades.
As RS são uma forma de trabalhar com o pensamento social em sua
dinâmica e em sua diversidade. Auxiliam na construção de uma realidade comum de
um conjunto social e constituem um recurso muito importante para se viver em
sociedade, haja vista que engloba explicações, ideias e manifestações culturais que
caracterizam um determinado grupo. Ela acontece a partir da interação das pessoas
e apesar do homem viver em um ambiente, ele não perde os atributos típicos de sua
personalidade.
Serge Moscovici, em 1961, elaborou a primeira base teórica do conceito,
utilizando estudos na área de psicanálise para chegar as suas conclusões. Para
entender as relações humanas, é necessário fazer uma análise do coletivo,
verificando assim a troca de conhecimentos que as RS são capazes de promover
dentro do grupo. (SÁ, 2004)
25
É válido lembrar que o estudo das RS se mostra importante para
compreender o avanço da sociedade e o comportamento da pessoa inserida num
grupo. Para Sá (2004), as RS têm como objetivo explicar os fenómenos do homem a
partir de uma perspectiva coletiva, sem perder de vistaa inidividualidade. O autor
preconiza que, para o psicólogo social europeu Serge Moscovici, as RS estão
relacionadas com o estudo das simbologias sociais a nível, tanto de macro como de
micro análise, ou seja, o estudo das trocas simbólicas infinitamente desenvolvidas
em nossos ambientes sociais, de nossas relações interpessoais e de como isto
influencia na construção do conhecimento compartilhado e da cultura.
A finalidade das RS é tornar familiar algo não-familiar, isto é, uma alternativa
de classificação, categorização e nomeação de novos acontecimentos e ideias, com
as quais não tínhamos contato anteriormente, possibilitando, assim, a compreensão
e manipulação destes à partir de ideias, valores e teorias já preexistentes e
internalizadas por nós e amplamente aceitas pela sociedade.
Portanto, as RS são definidas como sendo uma forma de conhecimento
socialmente elaborado e compartilhado com um objetivo prático e que contribui para
a construção de uma realidade comum a um conjuno social, sendo ela equivalente
aos modos e às crenças das sociedade, ou seja ao senso comum. (ANDRADE;
DUARTE; MAMED, 2009) .
3.2
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
O Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) conceitua-se como sendo uma técnica
de construção do pensamento coletivo que visa revelar como as pessoas pensam,
atribuem sentimentos e manifestam posicionamentos sobre determinado assunto.
Assim trata-se de um compartilhamento de ideias dentro de um grupo social.
Entende-se por discurso todo posicionamento e argumento. O DSC é e pode ser
comparado a um espelho coletivo, como se as pessoas se olhassem e, a partir deste
momento tomassem consciência de como elas são. (ANDRADE; DUARTE; MAMED,
2009).
O DSC é uma proposta de organização e tabulação de dados qualitativos de
natureza verbal, obtidos por meio de depoimentos.
De acordo com Levèfre e Levèfre (2005) após fazer a pergunta aberta, se
juntam os discursos individuais gerados de modo que expressem o pensamento de
26
uma coletividade sobre um dado tema, de forma que esta, fale diretamente.
Conforme os autores, o DSC se trata de um discurso-síntese redigido na primeira
pessoa do singular composto por figuras metodológicas, que serão descritas
posteriormente.
Este método utiliza-se de questões abertas com a intenção de aprofundar as
razões subjacentes à escolha por uma das alternativas de resposta. O que a difere
de uma pesquisa social, que contém apenas questões fechadas que limitam a
expressão do pensamento dos pesquisados, o que não é o objetivo do DSC.
(LEVÉFRE; LEVÉFRE, 2005).
Por serem questões abertas, faz-se necessário a leitura das respostas e a
identificação de palavra, conceito ou expressões que saliente a essência do sentido
da resposta, após isso, temos o que se chama de categoria. A partir de então, é
possível enquadrar os vários discursos em uma das categorias e após podem ser
distribuídas em classes. (LEVÉFRE; LEVÉFRE, 2005).
Para a elaboração do DSC foram criadas três figuras metodológicas, que são
a expressão chave, ideias centrais e discurso do sujeito coletivo.
3.2.1 Figuras metodológicas
Para que o DSC seja confeccionado, fazem-se necessárias algumas figuras
metodológicas, que orientarão o trajeto deste método. São elas: Expressões-chave
(ECHs), Ideias Centrais (ICs), Ancoragens (ACs). (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).
Expressões-chave (ECHs): são pedaços, trechos ou transcrições literais do
discurso, que devem ser sublinhadas, iluminadas, coloridas pelo pesquisador, e que
revelam a essência do depoimento. A ECH é uma espécie de prova discursivoempírica da verdade das ideias centrais e das ancoragens e vice-versa.
Ideias centrais (ICs): IC é um nome ou expressão linguística que revela e
descreve, de maneira simples, precisa e fidedigna, o sentido de cada discurso
analisado e cada conjunto homogêneo de ECH, que vai dar inicio ao DSC. A IC não
é uma interpretação, mas sim uma descrição do sentido de depoimento ou de um
conjunto de depoimentos. As ICs podem ser resgatadas através de descrições
diretas do sentido do depoimento, revelando o que foi dito através de descrições
indiretas ou mediatas.
27
Ancoragens (ACs): AC é a manifestação linguística explicita de uma dada
teoria, ou ideologia, ou crença que o autor do discurso professa e que na qualidade
de afirmação genérica, está sendo usada pelo enunciador para enquadrar uma
situação específica.
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC): É um discurso redigido na primeira
pessoa do singular e composto pelas ECH que tem a mesma IC. (LEFÈVRE;
LEFÈVRE, 2005).
Em todo depoimento, existe uma ou várias ICs, mas apenas em alguns
depoimentos existem o que chamamos de ancoragem. Além do mais, não é muito
fácil detectar quando há no depoimento uma ancoragem, por isso, em muitos
trabalhos com o DSC, os autores não trabalham e não pesquisam as ancoragens.
Ancoragens aparecem quando os depoentes usam de afirmações gerais para
enquadrar situações particulares. Por exemplo, se numa pergunta sobre avaliação
de atendimento encontramos um depoimento como "... eu não fui bem atendido
neste hospital porque o médico nem me examinou; porque médico que é medico
tem que examinar o paciente..." temos uma ancoragem que é: todo atendimento
médico implica, obrigatoriamente, exame do paciente pelo médico. Então a
ancoragem é um tipo particular de IC em que não há exatamente uma afirmação,
mas o enunciado explícito de um valor, de uma crença, de uma ideologia.
(LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).
3.3
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO: PASSO A PASSO
Levèfre e Levèfre (2005) explicam que o DSC é uma estratégia discursiva que
deve seguir os passos descritos a seguir:
1. Analisar as questões isoladamente, isto é, de início analisada a questão 1
de todos os sujeitos entrevistados, a seguir questão 2, e assim
sucessivamente. Dessa forma, o primeiro passo consistiu em copiar
integralmente o conteúdo de todas as respostas referente à questão no
instrumento de análise de discurso 1 (IAD 1) (Anexo A), na coluna ECH
do quadro de apresentação.
2. Identificar e sublinhar em cada uma das respostas, com uma determinada
cor (preto com negrito), as ECH das IC.
28
3. Identificar as IC, a partir das ECH, colocando-se estas no correspondente
quadro elaborado.
4. Identificar e agrupar as ICs, procedendo as “etiquetas” de cada grupo: 1,
2, 3 e assim por diante.
5. Denominar cada um dos agrupamentos 1, 2, 3 e outros que na realidade
implicaram na criação de uma ideia central que expresse, da melhor
maneira possível, todas as ICs do mesmo sentido. Às vezes, todas ou
várias ICs têm mesmo título, ou nome, o que evidentemente facilita o
processo.
6. Construir o DSC. Para isso foi preciso utilizar IAD 2 – Instrumento de
análise de discurso 2 (Anexo B). Foi construído um DSC para cada
agrupamento identificado no passo anterior. Portanto, foram utilizados
tanto IAD 2 quantos eram os agrupamentos.
A primeira etapa para construção do DSC foi copiar do IAD1 todas as ECH do
mesmo instrumento e “colocá-las” na coluna das ECH do IAD2.
A segunda etapa constituiu na construção do DSC propriamente dito de cada
agrupamento.
29
4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
Esta parte aborda o cenário, local, delineamento e participante do estudo,
natureza da amostra e a amostragem, a coleta de dados (que compreende os
instrumentos e os procedimentos para coleta de dados), o pré-teste, a estratégia
para análise dos dados, apresentação dos resultados e a ética da pesquisa.
4.1
CENÁRIO DE ESTUDO
O município de Itajubá situa-se no sul do Estado de Minas Gerais, numa
altitude de 1746 metros no seu ponto mais alto e de 830 metros no ponto mais
baixo, acima do nível do mar, sendo que a área urbana, sem considerar os morros,
fica numa altitude média de 842 metros. Ocupando uma área de 290,45 Km² de
extensão, com população de 90.812 habitantes, de acordo com o IBGE de 2006, o
equivalente a 312,65 hab./km², com taxa anual de crescimento de 1,26% habitantes
por ano. O município é privilegiado em relação à localização, não só por estar
inserido numa rede urbana formada por prósperas cidades de porte médio, cujo
acesso é feito pela BR459. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJUBÁ, 2010)
A cidade possui cinquenta e sete bairros limitando-se, ao norte, com os
municípios de São José do Alegre e Maria da Fé; ao Sudeste, Wenceslau Brás e
Sudoeste com o de Piranguçu; a Oeste, Piranguinho e a Leste com Delfim Moreira,
exercendo influência direta sobre quatorze municípios da micro-região, sendo a sua
população equivalente a 0,47% da população mineira. (PREFEITURA MUNICIPAL
DE ITAJUBÁ, 2010)
É centro de referência em assistência à saúde para dezesseis municípios da
chamada micro região do alto do Sapucaí. A cidade conta com dois hospitais
credenciados pelo SUS – Sistema Único de Saúde, Santa Casa de Misericórdia de
Itajubá e Hospital Escola de Itajubá, da faculdade de medicina de Itajubá, com nível
de atendimento de atenção básica até alta complexidade. (PREFEIRTURA
MUNICIPAL DE ITAJUBÁ, 2010).
30
4.1.1 Local do Estudo
O estudo foi realizado no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG (HE),
fundado em 1975, sendo de caráter universitário e mantido pela AISI – Associação
de Integração Social de Itajubá; possui 13.450 M2 de área construída, estando
localizado no município de Itajubá - Minas Gerais sede micro-regional, sendo
referência direta para quinze municípios com uma população de 220.000 habitantes.
Além de compor um seleto grupo de Hospitais, referência na macrorregião Sul de
Minas Gerais, em procedimentos hospitalares de média e alta complexidade com
regulação direta pelo SUS Fácil. (AISI, 2011)
Classificado como Hospital Geral de Ensino certificado pelo Ministério da
Educação e Ministério da Saúde, conforme Portaria Interministerial nº 2.091 de
28/10/2005, possui cento e trinta e sete leitos ativos de internação, nas
especialidades de Clinica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia, Obstetrícia,
Ortopedia/ Traumatologia, Pediatria e Unidade de Terapia Intensiva, dos quais 102
leitos são destinados ao SUS. O Hospital possui serviço de Alta Complexidade de
referência em Unidade de Terapia Intensiva. (AISI, 2011)
O HE vide Anexo A é referência secundária e terciária na Microrregião de
Itajubá – Sul de Minas Gerais – em atendimentos eletivos e de urgência. O Hospital
está inserido no Programa, da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, PROHOSP. (AISI, 2011)
O estudo foi realizado no setor de Segurança Especializada de Medicina do
Trabalho (SESMT) do Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, por meio de dados
fornecidos sobre os acidentes perfurocortantes ocorridos nesta instituição.
Este setor é um conjunto de ciências e tecnologias e tem o objetivo de
promover a proteção do trabalhador no seu local de trabalho, visando a redução de
acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. É uma área de engenharia e de
medicina do trabalho cujo objetivo é identificar, avaliar e controlar as situações de
risco, proporcionando um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para as
pessoas. Este serviço está previsto na legislação trabalhista brasileira e
regulamentado em uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego, por
intermédio da Norma Regulamentadora nº 4 (NR-4). Essa norma estabelece as
atribuições do SESMT e determina a sua composição de acordo com o grau de risco
da atividade da empresa e a quantidade de empregados. (AISI, 2011)
31
4.2
DELINEAMENTO DO ESTUDO
O estudo foi de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, exploratorio,
retrospectivo e transversal.
De acordo com Triviños (1987) a pesquisa qualitativa se despontou a partir da
decada de 70, nos países da America Latina, como interesse pelos aspectos
qualitativos da educação. Entretanto, possui suas raízes nas práticas desenvolvidas
pelos antropólogos e, em seguida, pelos sociólogos em seus estudos sobre a vida
em comunidade, sendo que só depois irrompeu na ivestigçção educacional.
O pensamento coletivo precisa sempre ser pesquisado qualitativamente,
justamente porque uma variável qualitativa não é pré, mas pós-construida. Desta
forma, quando se pesquisa que as pessoas efetivamente tem, esse algo já esta
completamente dado antes da pesquisa, entretanto, quando se trata de uma
pesquisa acerca do que as pessoas pensam sobre um determinado tema, a variável
existem apenas de modo virtual, necessitando ser reconstruida durante o processo
dde investigação. (LEFÉVRE; LEFÉVRE, 2005).
De acordo com Minayo, et al. (2003), pode-se dizer que a abordagem
qualitativa se refere a uma preocupação com a realidade que não pode ser
quantificada, aprofundando-se nos significados das ações e relações humanas,
processos e fenômenos.
Um trabalho é de natureza exploratória quando envolver levantamento
bibliográfico, ou entrevista com pessoas que tiveram (ou tem), experiências práticas
com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão.
Possui ainda a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
ideias para a formulação de abordagens posteriores. Dessa forma, visa proporcionar
um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que este
possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser
pesquisadas por estudos posteriores. (GIL, 2002). O autor afirma que este tipo de
pesquisa visa proporcionar uma visão geral de um determinado fato, sendo do tipo
aproximativo.
As pesquisas descritivas, por sua vez, caracterizam-se pela descrição de
determinada população ou fenômeno ou, então, estabelecimento de relações entre
variáveis. Utiliza-se de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como
32
questionário e a observação sistemática. Tendo como objetivo levantar opiniões,
atitudes, e crenças de uma população. (GIL, 2002).
Gil (2002) discorre que os estudos transversais envolvem a coleta de dados
em um ponto do tempo e são altamente apropriadas, para descrever a situação, o
status do fenômeno, ou as relações entre os fenômenos em um ponto fixo.
Os estudos retrospectivos, nos dizeres de Polit, Beck e Hungler (2004, p 166),
“começam com variável dependente e olham para traz buscando a causa ou
influência”.
Para Brevidelli e De Domenico (2006) os estudos transversais são aqueles
em que os dados são coletados com um ou mais grupos de sujeitos em um
momento particular do tempo.
4.3
PARTICIPANTES DO ESTUDO, AMOSTRA E AMOSTRAGEM
Os participantes do estudo foram os profissionais da área da enfermagem que
sofreram algum acidente com material perfurocortante, do Hospital Escola (HE) de
Itajubá-MG. A coleta de dados foi realizada após a aprovação do Comitê de Ética
em Pesquisa da EEWB. O local de estudo foi escolhido devido ao fato de a
pesquisadora realizar ensino clínico nesta instituição. Para conhecer os profissionais
de enfermagem que se acidentaram com material perfurocortante no HE, no período
mencionado abaixo, foi solicitado ao SESMT o levantameto desses sujeitos. De
posse da autorização por escrito dada pelo Médico Responsável pelo setor, pode-se
ter início a coleta de dados.
A amostra foi constituída por vinte profissionais de enfermagem de ambos os
sexos que sofreram algum acidente com material perfurocortante, visto que vinte é a
quantidade mínima exigida pela metodologia aplicada.
O tipo de amostragem foi não probabilística intencional.
Os critérios de inclusão para os participantes deste trabalho foram:
x
x
Ser da equipe de enfermagem
Ter sofrido acidente com material perfurocortante no período de Janeiro
de 2010 a Dezembro de 2010, porém com o número insuficiente de
33
participantes, esse período foi alterado para Janeiro de 2009 a Julho de
x
x
2011.
Concordar em participar da pesquisa.
Ser funcionário do HE
Os critérios de exclusão foram:
x
x
Não ser da equipe de enfermagem
x
Não aceitar participar da pesquisa.
x
4.4
Ter sofrido acidente antes e após o período mencionado anteriormente
Não ser funcionário do HE
COLETA DE DADOS
Esta etapa contempla os procedimentos e os instrumentos para a coleta de
dados.
4.4.1 Procedimentos para coleta de dados
Após a aprovação do Comitê de Ètica em Pesquisa, da Escola de
Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB), conforme o parecer consubstanciado n°
596/2010 (Anexo C), foram selecionados no SESMT do HE os profissionais de
enfermagem que haviam se acidentado no período de Janeiro de 2009 a Julho de
2011, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido - TCLE
(Apêndice C)
Após o contato com estes profissionais de enfermagem, foi agenda entrevista
no horário de intervalo do café, como solicitação dos próprios participantes.
Posteriormente a autorização da entrevista, explicou-se o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, bem como os objetivos da pesquisa,
assegurando a privacidade das informações fornecidas, o anonimato por meio de
denominação por números cardinais de acordo com a sequencia das entrevistas (1,
2, 3…); além de garantir sua desistência da pesquisa a qualquer momento sem
causar constrangimento ou danos.
34
As entrevistas foram gravadas, após a concordância do entrevistado. Para tal
foi utilizado um aparelho de MP4. O conteúdo das gravações foi descartado após a
transcrição dos dados.
4.4.2 Instrumentos de coleta de dados
Foram utilizados dois instrumentos, um, composto de duas partes: a primeira
referente as características pessoais e profissionais dos participantes do estudo e a
segunda referente as características do acidente com perfurocortante (APENDICE
A). O outro instrumento (APENDICE B) é um roteiro de entrevista semi-estruturada
composto por duas questões abertas inerentes aos dois últimos objetivos do estudo.
4.5
PRÉ–TESTE
De acordo com GIL (2006), o pré–teste é realizado mediante a aplicação da
entrevista em elementos que estejam respeitando os critérios de inclusão para o
estudo. O autor define o pré–teste como sendo uma prova preliminar, cuja função é
evidenciar possíveis falhas na redação do questionário, tais como: complexidade
das questões, imprecisão na redação, desnecessidade da questão, constrangimento
ao informante, exaustão, entre outros fatores.
Nesta pesquisa foi realizado o pré–teste com dois profissionais de
enfermagem, em que se respeitaram os critérios de inclusão e que não fizeram parte
da amostra.
O pré-teste serviu para verificar a fidedignidade, a validade e a operatividade
das questões, não havendo necessidade de alterações.
4.6
ESTRATÉGIAS DE ANÁLISE DOS DADOS
Para análise dos dados de caracterização pessoal e profissional dos
entrevistados e caracterização dos acidentes com perfurocortantes referente ao
primeiro instrumento. Fez-se um levantamento dos dados para identificar
estatisticamente e descritivamente os dados, utilizando-se de gráficos com programa
Microsoft Excel 2010 e quadros com programa de Microsoft Word 2010.
35
Objetivando conhecer os significados e sentimentos dos profissionais de
enfermagem, foram transcritas de forma integral todas as respostas obtidas para o
Instrumento de Análise do Discurso 1 (IAD-1), representando as Expressões Chaves
(ECH), vide Anexo A. Após ter em mãos as ECHs e a leitura de cada uma, iniciou-se
a análise das Ideias Centrais (ICs), tendo em mente que as mesmas representam a
descrição das expressões-chave e sua interpretação. Após a análise das ICs, foi
preenchido o Instrumento de Análise de Discurso 2 (IAD-2), vide Anexo B, que
consiste nas ICs e no DSC. Assim, foi constituído o DSC separadamente de cada
ideia central, com as respectivas ECHs.
Os dados obtidos durante a pesquisa foram analisados e interpretados por
meio da Teoria das Representações Sociais, utilizando do método o DSC descrito
anteriormente no referencial teórico metodológico.
4.7
RESULTADOS DA PESQUISA
De acordo com Lefévre e Lefévre (2005), o DSC pode ser apresentado de
várias formas. Neste estudo o DSC foi apresentado por meio de quadros
correspondentes a cada Ideia Central.
4.8
ÉTICA DA PESQUISA
O presente estudo obedeceu aos preceitos estabelecidos pela resolução n°
196/96 de 16/10/1996 do Ministério da Saúde, que trata de pesquisa envolvendo
seres humanos:
a) a autonomia do participante do estudo foi respeitada pela sua livre
decisão em participar da pesquisa, após o fornecimento das orientações
que subsidiou a sua decisão;
b) a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que
oficializou a decisão do sujeito a participar do estudo, de maneira livre e
espontânea;
c) o princípio ético da justiça fundamenta na equidade foi observado pela
relevância acadêmica e cientifica da pesquisa;
d) assegurou aos sujeitos da pesquisa os benefícios resultantes do projeto,
seja em termos de retorno social;
36
e) respeitou os princípios da autonomia e do anonimato. O anonimato dos
participantes deste estudo foi respeitado, denominando-os por números
ordinais.
37
5 RESULTADOS
Por meio de três etapas distintas serão apresentados os resultados. Na
primeira etapa, serão mostradas a caracterização dos entrevistados, dados pessoais
e profissionais, e a caracterização dos acidentes com perfurocortantes. Na segunda
etapa, serão expostos os dois temas explorados, suas ideias centrais com os
respectivos DSC. Na terceira, será apresentada uma síntese das ideias centrais
subjacentes aos dois temas em questão.
5.1
CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANTO AOS SEUS DADOS
PESSOAIS E PROFISSIONAIS E CARACTERIZAÇÃO DOS ACIDENTES
COM PERFUROCORTANTES
De acordo com a primeira parte do instrumento de coleta de dados referente
às características pessoais e profissionais dos entrevistados, observa-se que a
média de idade dos profissionais acidentados é de 31,6 anos, sendo 50% entre 20 e
29; 25% entre 30 e 39; 20% entre 40 e 49 e 5% entre 50 e 59 anos (tabela 1).
Tabela 1 - Idade dos profissionais de enfermagem acidentados no Hospital Escola da cidade
de Itajubá-MG, 2009-2011 (n=20)
Idade dos profissionais em anos
20-29
30-39
40-49
50-59
Porcentagem
50%
25%
20%
5%
Fonte: Instrumento de pesquisa
Em relação ao sexo dos entrevistados 90% são do sexo feminino e 10% do
masculino (tabela 2).
Tabela 2 - Sexo dos profissionais de enfermagem acidentados no Hospital Escola da cidade de
Itajubá-MG, 2009-2011 (n=20)
Sexo dos profissionais de enfermagem
acidentados
Feminino
Porcentagem
Masculino
10%
Fonte: Instrumento de pesquisa
90%
38
Na tabela 3, é apresentado o período no qual os entrevistados trabalham,
sendo que 10% trabalham no período noturno, 20% no vespertino e 70% no
matutino.
Tabela 3 - Período de trabalho dos profissionais de enfermagem acidentados no Hospital
Escola da cidade de Itajubá-MG, 2009-2011 (n=20)
Período de trabalho
Porcentagem
Matutino
70%
Vespertino
20%
Noturno
10%
Fonte: Instrumento de pesquisa
Na tabela 4, é exposto o tempo de trabalho dos profissionais de enfermagem
na instituição, sendo que 70% dos entrevistados tinham entre 1 a 5 anos de serviço,
15%, de 6 a 10 anos, e 15%, de 11 a 21 anos.
Tabela 4 - Tempo de trabalho dos profissionais de enfermagem acidentados no Hospital
Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20)
Tempo de trabalho na instituição em anos
Porcentagem
1–5
70%
6 – 10
15%
11 – 21
15%
Fonte: Instrumento de pesquisa
Na tabela 5, são apresentadas as categorias dos profissionais de
enfermagem acidentados sendo que: 90% deles são técnicos em enfermagem, 5%,
auxiliares de enfermagem e 5%, enfermeiros.
Tabela 5 - Categoria profissional dos profissionais de enfermagem acidentados no Hospital
Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20)
Categoria profissional
Porcentagem
Técnico de enfermagem
90%
Auxiliar de enfermagem
5%
Enfermeiro
5%
Fonte: Instrumento de pesquisa
39
De acordo com a segunda parte do instrumento da coleta de dados, referente
às características dos acidentes com perfurocortante, verificou-se que os tipos de
materiais perfurocortante (Gráfico 1) dos acidentes são: 65%, de acidentes com
agulha, 25%, com lamina de bisturi e 10%, com lanceta de dextro.
Gráfico 1 - Materiais perfurocortante com que os profissionais de enfermagem se acidentaram
no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20)
Fonte: Instrumento de pesquisa
Estão demonstradas no Gráfico 2, as unidades do hospital onde ocorreram os
acidentes, sendo que: 30% se acidentaram no Pronto socorro, 20% na Pediatria,
15% na Clínica Médica, 05% no Centro Cirúrgico, no 4° Andar, Ortopedia,
Endoscopia e Central de material.
Gráfico 2 - Unidade hospitalar em que ocorreu o acidente com perfurocortante dos
profissionais de enfermagem no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 20092011 (n=20)
Fonte: Instrumento de pesquisa
40
Na tabela 6, está exposta a parte do corpo acidentada, sendo que 25%
sofreram acidente com perfurocortante no dedo indicador da mão esquerda; 20% na
mão esquerda; 15% no dedo polegar da mão direita; 15% na mão direita; 10% no
Braço esquerdo; 10% dedo indicador da mão direita e 5% no dedo médio da mão
esquerda.
Tabela 6 - Área do corpo acidentada com material perfurocortante pelos profissionais de
enfermagem no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20)
Área do corpo acidentada
Dedo indicador da mão
Sujeitos
1, 12, 14, 19,
Total Porcentagem
5
25%
7, 9, 16, 18
4
20%
Dedo polegar da mão direita
2, 4, 10
3
15%
Mão direita
8, 11, 13
3
15%
3, 17
2
10%
5, 6
2
10%
15
1
5%
esquerda
Mão esquerda
Braço esquerdo
Dedo indicador da mão
direita
Dedo indicador da mão
esquerda
20
Fonte: Instrumento de pesquisa
Na tabela 7, são expressos os fatores que contribuíram para a ocorrência do
acidente, sendo que 35% relataram ser por correria do setor e não estava usando
EPI; 25% por descuido e falta de atenção; 20% por não saber manusear material
perfurocortante; 15% estavam desprezando este tipo de material; 10% tinham
pressa em terminar o procedimento e 5% dizem que o setor estava agitado e com
falta de funcionário.
41
Tabela 7 - Fatores que contribuíram para a ocorrência do acidente com material
Perfurocortante pelos profissionais de enfermagem no Hospital Escola da cidade de
Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20)
Fator que contribuiu para a
ocorrência do acidente
Correria do setor e não estava
usando EPI
Descuido e falta de atenção
Não soube manusear material
perfurocortante
Desprezando material
perfurocortante
Pressa para terminar o
procedimento
Setor agitado e com falta de
funcionário
Sujeitos
Total Porcentagem
6, 8, 8, 10, 11,
12, 14
2, 13, 15, 16, 17
5
35%
4
25%
3, 4, 10, 19
3
20%
9, 17, 18
2
15%
1, 5
2
10%
20
1
5%
Fonte: Instrumento de pesquisa
Os procedimentos que eram realizados no momento do acidente estão
expostos na tabela 8, sendo que: 30% dos profissionais de enfermagem afirmaram
estar desprezando material perfurocortante; 20% estavam realizando punção
venosa; 20% tinham acabado de realizar medicação intramuscular; 15% retirando
ponto e 15% fazendo teste de glicose.
Tabela 8 - Procedimento realizado no momento do acidente pelos profissionais de enfermagem
no Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG, ano 2009-2011 (n=20)
Procedimento realizado no
momento do acidente
Desprezando material
perfurocortante
Punção venosa
Tinha acabado de realizar
uma medicação
intramuscular
Retirando pontos
Teste de glicose
(glicosímetro)
Fonte: Instrumento de pesquisa
Sujeito
Total Porcentagem
3, 9, 13, 15, 16,
18
2, 6, 14, 17
6
30%
4
20%
4, 11, 12, 20
4
20%
1, 5, 7
3
15%
8, 10, 19
3
15%
42
5.2
TEMAS, IDEIAS CENTRAIS E DISCURSOS DO SUJEITO COLETIVO
Nesta parte são apresentados os dois temas estudados, com um quadro
representativo de cada ideia central, sujeitos respondentes, assim como, a sua
frequência. A seguir encontram-se, separadamente, as diversas ICs com os seus
respectivos DSC.
5.3
TEMA 01 - SIGNIFICADOS DO ACIDENTE COM PERFUROCORTANTE
PARA OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ACIDENTADOS
Pergunta 01- O que significou, para você, sofrer um acidente com
perfurocortante?
O Quadro 1 expõe as ICs que emergiram do tema 01.
Quadro 1 - Ideias centrais referentes ao tema 01: “significados do acidente com
perfurocortante para os profissionais de enfermagem acidentados”
N°
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Ideias centrais
Muito ruim
Passa muita coisa na cabeça da gente.
Tudo de ruim passa pela cabeça.
Medo de pegar uma doença
Receoso
Insegurança
Morri de Medo
Angustiado
Apavorado
Preocupado
Apreensivo
Tristeza
Pior experiência da minha vida
Horrível imaginar ter adquirido HIV ou outra doença
Sensação terrível
Momento horrível
Foi muito difícil
È difícil
Só sabia chorar
Chorei muito
Deprimida
Chorei de medo e Raiva
Inconformidade
Muita raiva de mim
Muita raiva
43
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
Raiva
Raiva dos profissionais
Falta de humanidade
Constrangimento
Ninguém se preocupa com a gente
Sem valor para instituição
Falta de atenção da minha parte
Devo ficar mais atento
Culpa pela falta de atenção
Culpa
Negligencia em manusear o material
Não sabia o que fazer
Inútil
Impotência
Fonte: Instrumento de pesquisa
Quando há ICs semelhantes ou complementares, Lefévre e Lefévre (2005)
sugerem que um dos recursos disponíveis é agrupá-las, para que não haja ICs
desnecessárias.
O Quadro 10 mostra as ICs originadas do agrupamento das ICs semelhantes
ou complementares.
Quadro 2 - Agrupamento das Ideias centrais semelhantes ou complementares, originadas do
tema 01: “significados dos acidentes com perfurocortante para os profissionais de
enfermagem acidentados”
Ideias centrais semelhantes ou
complementares
· Medo de pegar uma doença
· Receoso
· Insegurança
· Morri de Medo
· Angustiado
· Apavorado
· Preocupado
· Apreensivo
· Tristeza
· Pior experiência da minha vida
· Horrível imaginar ter adquirido HIV ou
outra doença
· Sensação terrível
· Momento horrível
· Foi muito difícil
· É difícil
· Terrível
Ideias centrais originadas do
agrupamento
Medo, angústia e preocupação
Momento horrível e difícil
44
· Só sabia chorar
· Chorei muito
· Deprimida
· Chorei de medo e Raiva
· Inconformidade
· Muita raiva de mim
· Muita raiva
· Raiva
· Raiva dos profissionais
· Falta de atenção da minha parte
· Devo ficar mais atento
· Culpa pela falta de atenção
· Culpa
· Negligência em manusear o material
· Muito ruim
· Passa muita coisa na cabeça da gente
· Tudo de ruim passa pela cabeça
· Não sabia o que fazer
· Inútil
· Impotência
· Falta de humanidade
· Constrangimento
· Ninguém se preocupa com a gente
· Sem valor para instituição
Depressão e Inconformidade
Muita raiva pessoal e dos
colegas de trabalho
Culpa
Tudo de ruim passa pela
cabeça
Impotência
Falta de humanidade
Sem valor para instituição
Fonte: Instrumento de pesquisa
O Quadro 3 exibe as ideias centrais inerentes ao tema 01, originadas do
agrupamento, seus sujeitos e respectivas frequências.
Quadro 3 - Ideias centrais, sujeito e frequência das ideias centrais sobre o tema 01:
“significados do acidente com perfurocortante para os profissionais de
enfermagem acidentados”
N°
Ideias centrais
1
Medo, angústia e
preocupação
2
3
4
5
Momento horrível e difícil
Depressão e
inconformidade
Muita raiva pessoal e dos
colegas de trabalho
Culpa
Sujeitos
1, 2, 3, 5, 6, 8, 9, 10,
11, 12, 3, 14, 15, 16,
18 e 19
1, 8, 9, 17, 18 e 20
Frequencias das
ideias centrais
16
6
2, 5, 6, 7 e 17
5
3, 7, 8 e 12
4
5, 12, 18 e 19
4
45
6
Tudo de ruim passa pela
cabeça
1, 8 e 16
3
7
Impotência
5, 18 e 20
3
8
Falta de humanidade
Sem valor para a
instituição
4
1
9
Fonte: Instrumento de pesquisa
5.3.1.1 DSCs referentes às ideias centrais do tema 01
Este subtópico apresenta os DSCs das ideias centrais emergidas do tema 01.
IDEIA CENTRAL - MEDO, ANGÚSTIA E PREOCUPAÇÃO
DSC
Depois do acidente eu fiquei com medo, com muito medo, por não saber quem
era o paciente, medo de pegar uma doença como HIV ou hepatite, angustiada,
pois não conhecia o paciente. Até os resultados dos exames fiquei apavorado.
A gente fica receoso, fica preocupada mesmo sabendo quem era o paciente. A
gente fica triste mesmo fazendo o teste rápido, tem outras doenças, mais senti
só tristeza mesmo e medo também, mais nada. Na hora bateu uma angústia
[...], mas o que me deixou aliviado foi que o paciente era uma criança de 11
anos, eu fiquei com muito medo porque a criança usava traqueostomia, foi
transfundida várias vezes, tinha bastante problemas de saúde, a mãe usava
drogas e isso me preocupou muito… doenças que poderia adquirir com esse
acidente. [...] Porém, poderia ter sido um paciente soropositivo, mesmo assim
a gente fica apreensivo. [...] Tive muito medo de pegar alguma doença. Fiquei
com insegurança, medo, não conhecia o paciente, mas, e as doenças
transmissíveis?
IDEIA CENTRAL - MOMENTO HORRÍVEL E DIFÍCIL
DSC
46
Difícil! Foi a pior experiência da minha vida, mesmo tendo sido acidentada por
culpa da colega de trabalho, foi horrível imaginar ter adquirido um HIV ou outra
doença. Não gosto nem de lembrar, foi uma sensação terrível. È terrível pensar
que por um descuido você pega uma doença como HIV. Nossa! Nem sei
explicar o que significou para mim, foi um momento horrível. É difícil dizer,
pois na hora a gente nem sabe o que fazer, e depois vem as doenças que
poderia ter pegado pelo acidente.
IDEIA CENTRAL - DEPRESSÃO E INCONFORMIDADE
DSC
[…] Chorei muito depois do acidente, só sabia chorar... fiquei deprimida por
muito tempo, mesmo tomando toda precaução, só pensava no HIV, e agora o
que vai ser de mim. Não conformo que isso tenha acontecido comigo... chorei
muito […]. [...] Fiquei deprimida por muito tempo.
IDEIA CENTRAL - MUITA RAIVA PESSOAL E DOS COLEGAS DE TRABALHO
DSC
No momento fiquei com muita raiva de mim mesmo, pela falta de atenção, e
descuido com o material, com muita raiva dos profissionais que estavam
trabalhando comigo, até por que foi por erro de um deles que ocorreu o
acidente. A gente fica com raiva de não ter prestado a devida atenção. Fiquei
com muita raiva, mesmo tomando toda precaução, só pensava no HIV, e agora
o que vai ser de mim.
IDEIA CENTRAL – CULPA
DSC
Me culpei muito pela falta de atenção. Significou pra mim que eu devo ficar
mais atenta ao realizar os procedimentos, principalmente com perfurocortante.
Senti que foi falta de atenção da minha parte, negligencia em manusear o
47
material sem uso de EPI, com a pressa, e sem funcionários, a gente faz tudo
correndo pra dar conta do serviço. Puxa vida que vacilo que dei, me senti
muito culpada.
IDEIA CENTRAL - TUDO DE RUIM PASSA PELA CABEÇA
DSC
Foi tudo muito ruim pra mim, tudo de ruim vem na cabeça, pois não sabia nada
do paciente. Foi muito ruim.
IDEIA CENTRAL – IMPOTÊNCIA
DSC
Senti impotente, não sabia quem era o paciente, e quando olhei para minha
mão, não sabia o que fazer. [...] Me senti inútil.
IDEIA CENTRAL - FALTA DE HUMANIDADE
DSC
Senti falta de humanidade e respeito... Muito constrangimento, pois o acidente
em si, não me preocupou tanto. Mas, proceder depois do acidente que me
preocupou, pois fui mal informada em realizar a notificação, parece que
ninguém se preocupa com a gente.
IDEIA CENTRAL - SEM VALOR PARA A INSTITUIÇÃO
DSC
[…] Parece que não temos muito valor para a instituição.
48
5.3.2 Tema 02 - Sentimentos dos profissionais de enfermagem acidentados
com Perfurocortante acerca do ocorrido
Pergunta 02 - O que você sentiu após ter sofrido este acidente?
O Quadro 4 expõe as ICs que emergiram do tema 02.
Quadro 4 - Ideias centrais e frequência das ideias centrais sobre o tema 02: “Sentimentos dos
profissionais de enfermagem acidentados com perfurocortante acerca do
ocorrido”.
N°
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
Ideias centrais
Medo
Insegurança
Apavorada
Apreensiva
Raiva de mim
Raiva profissional
Preocupada
Nervosa
Na expectativa
Chorei muito
Triste
Angústia
Sensação horrível
Falta de respeito
Erro meu
Descuido
Falta de atenção
Necessito de mais cuidado com material
perfurocortante
Senti que não fui bem assistida
Tranquila
Não senti nada
Não fiquei muito tenso
Fonte: Instrumento de pesquisa
O Quadro 5 refere-se as ICs originadas do agrupamento das ICs semelhantes
ou complementares.
De acordo com Lefévre e Lefréve (2005) quando há ideias centrais (ICs)
semelhantes ou complementares um dos recursos disponíveis é agrupá-las, para
que não haja ICs desnecessárias.
49
Quadro 5 - Ideias centrais e frequência das ideias centrais sobre o tema 02 “Sentimentos dos
profissionais de enfermagem acidentados com perfurocortante acerca do
ocorrido”.
Ideias centrais semelhantes ou
complementares
· Medo
· Insegurança
· Apavorada
· Apreensiva
· Raiva de mim
· Raiva do profissional
· Preocupada
· Nervosa
· Na expectativa
· Chorei muito
· Triste
· Angustia
· Sensação horrível
· Falta de respeito
· Mereço respeito
· Erro meu
· Descuido
· Falta de atenção
· Necessito de mais cuidado com
material perfurocortante
· Senti que não fui bem assistida
· Tranquila
· Não senti nada
· Não fiquei muito tenso
Ideias centrais originadas do
agrupamento
Diversos Sentimentos
Descuido pessoal
Falta de assistência
Não senti nada
Fonte: Instrumento de pesquisa
No quadro 6 refere-se as ideias centrais, sujeitos e frequência das ideias
centrais sobre a pergunta em questão.
Quadro 6 - Ideias centrais, sujeito e frequência das ideias centrais sobre o tema 02:
“Sentimentos dos profissionais de enfermagem acidentados com perfurocortante
acerca do ocorrido”
N°
1
2
3
4
Ideias centrais
Diversos
sentimentos
Descuido pessoal
Não senti nada
Falta de
assistência
Fonte: Instrumento de pesquisa
Sujeitos
Frequências das
ideias centrais
1, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 12, 13,
14, 15, 16, 17, 18, 19, 20
16
2, 3, 4, 7, 13
8, 11
5
2
4
1
50
5.3.2.1 DSC referentes às ideias centrais do tema 02
Este subtópico apresenta os DSCs das ideias centrais emergidas do tema 02.
IDEIA CENTRAL - DIVERSOS SENTIMENTOS
DSC
Depois do acidente fiquei apavorada, com medo de pegar uma doença, foi
horrível. Senti medo e insegurança, raiva de mim mesma. Fiquei preocupada,
não tem como não ficar. Conversei com o paciente para fazer o teste rápido e
fiquei apreensiva até o resultado.
Chorei muito com medo de ter me
contaminado, é uma sensação horrível, o medo, a angústia e a dúvida... [...]
Será que aquele paciente tem alguma doença? Na hora fiquei com raiva do
profissional médico [...] Acho falta de respeito com o profissional de
enfermagem. Senti muito medo, por não conhecer o paciente, e triste por
imaginar as doenças que poderia adquirir com esse acidente. Fiquei muito
nervosa, preocupada e angustiada, porque a paciente estava em quarto de
isolamento, e isso me deixou muito apreensiva. Vem muita coisa na cabeça da
gente. Fiquei muito triste com o acontecido, foi tudo muito rápido, quando
cheguei em casa chorei muito. Depois do acidente senti muito medo, bastante
preocupada e na expectativa dos resultados dos exames. [...] Chorei muito em
casa, aí que a gente percebe a responsabilidade que tem. Senti muita angústia
e medo, pensei que ia entrar em depressão, porque só sabia chorar com a
situação, não sabia o que fazer. Nossa! Depois que aconteceu o acidente eu só
sabia pensar nas doenças que poderia pegar, aí fiquei nervosa, não gosto de
lembrar.
IDEIA CENTRAL - DESCUIDO PESSOAL
DSC
Senti que foi um erro meu… pois não estava prestando atenção no
procedimento que estava executando. Descuido, pois deveria ter mais cuidado
ao manusear material perfurocortante. Senti que foi um descuido, falta de
atenção, deveria ter pedido ajuda de algum colega para me ajudar com o
51
material perfurocortante. Percebi que necessito de mais cuidado com o
descarte de material perfurocortante.
IDEIA CENTRAL - NÃO SENTI NADA
DSC
Até que não fiquei muito tenso por ser uma criança, mais pensei no que
poderia acontecer se contaminasse com alguma doença. Como eu já conhecia
a criança fiquei mais tranquila, não senti nada não, pois sabia que a criança
era saudável.
IDEIA CENTRAL - FALTA DE ASSISTÊNCIA
DSC
Senti que os profissionais responsáveis não estão preparados para nos
atender nesta situação, não fui bem assistida, ninguém se preocupa com
nossos sentimentos, agem somente com a parte burocrática e esquecem que
temos sentimentos.
5.4
SÍNTESE DAS IDEIAS CENTRAIS SUBJACENTES AOS DOIS TEMAS
EXPLORADOS
Para os profissionais de enfermagem acidentados os Significados dos
acidentes com perfurocortante foram evidenciados por: “tudo de ruim passa pela
cabeça”, “medo, angústia e preocupação”, “momento horrível”, “depressão e
inconformidade”, “muita raiva pessoal e dos colegas de trabalho”, “falta de
humanidade”, “sem valor para a instituição”, “culpa” e “impotência”, conforme
apresentado na Figura 01.
52
Figura 1 - Ideias centrais dos “Significados dos acidentes com perfurocortante para os
profissionais de enfermagem acidentados”.
Fonte: Instrumento de pesquisa
Os
sentimentos
perfurocortante
acerca
dos
do
profissionais
ocorrido
de
foram
enfermagem
evidenciados
acidentados
por:
com
“diversos
sentimentos”, “descuido pessoal”, “falta de assistência”, “não senti nada”,
como ilustrado na Figura 02.
53
Figura 2 - Ideias centrais dos “Sentimentos dos profissionais de enfermagem acidentados com
perfurocortante acerca do ocorrido”.
Fonte: Instrumento de pesquisa
54
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A interpretação dos dados será realizada em dois momentos distintos. No
primeiro momento serão analisados os dados referentes às características pessoais
e profissionais dos participantes e às dos acidentes com material perfurocortante. A
seguir serão analisados os resultados provenientes dos dois temas: significado do
acidente com perfurocortante para os profissionais de enfermagem acidentados e os
sentimentos vivenciados por estes profissionais acerca do ocorrido.
6.1
ANÁLISE DOS RESULTADOS REFERENTES ÀS CARACTERÍSTICAS
PESSOAIS
E
PROFISSIONAIS
DOS
PARTICIPANTES
E
ÀS
DOS
ACIDENTES COM MATERIAL PERFUROCORTANTE
Sabe-se que os acidentes com materiais perfurocortantes é um dos grandes
riscos de contaminação existentes no âmbito hospitalar, tais como a infecção
hospitalar, a contaminação pelo vírus do HIV e o vírus da hepatite B (HBsAg).
Existem, ainda, outros fatores relacionados às atividades profissionais do
trabalhador do setor de saúde “que podem comprometer a sua saúde e ser um
facilitador para a ocorrência do acidente de trabalho”. (BARBOZA et al., 2004, p.
176).
Os profissionais de enfermagem, em sua atuação no ambiente hospitalar,
enfrentam um trabalho árduo ao exercerem continuamente assistência e vigilância
de enfermagem. Muitas vezes há a necessidade de se agir com rapidez em razão do
número acentuado de clientes e de intercorrências proporcionadas pela alteração do
estado de saúde destes, o que potencializa a ocorrência de acidentes com materiais
perfurocortantes. (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007).
Verifica-se nos relatos dos participantes do estudo, que, entre os fatores que
contribuíram para a ocorrência dos acidentes, ficou evidenciado que a “correria do
setor e o não uso de EPI” representa a maioria. Destaca-se também o “descuido e
falta de atenção”; o fato de “não saber manusear material perfurocortante” e de,
no momento do acidente, “desprezar o material”; “a pressa para terminar o
procedimento” e “ o setor agitado e a falta de funcionários”.
No que se refere à necessidade de agir com rapidez, destaca-se que no
período matutino, a concentração de atividades de enfermagem, tais como banhos,
55
curativos, medicamentos, encaminhamento a exames, exigem mais rapidez no
atendimento, predispondo os profissionais de enfermagem a maior exposição a
acidentes. Tal fato foi constatado na pesquisa, uma vez que 70% dos acidentados
trabalham neste período.
Ressalta-se que a maioria dos acidentes acometeu profissionais do sexo
feminino, 90%, na faixa etária de 20 a 29 anos (50%), sendo a maioria técnico de
enfermagem e com o tempo de trabalho na instituição de 1 a 5 anos (70%). Esta
faixa etária evidencia ser um grupo relativamente jovem que atua nesta área, o que
pode ser explicado pelas características próprias das unidades, uma vez que exigem
elevado grau de agilidade, destreza física e energia. O menor tempo de atuação dos
funcionários na instituição denota insegurança e a pouca habilidade técnica até
então adquirida, potencializando o aumento de ocorrência de acidentes.
No que se refere ao uso de equipamentos de proteção, dos relatos constatase que os profissionais de enfermagem não faziam uso de EPIs no momento do
acidente, o que evidencia a resistência destes em utilizar esses equipamentos de
proteção individual e, ainda, subestimar os riscos de eles a que estão expostos.
A utilização de EPIs protege os profissionais de enfermagem dos riscos
proporcionados pelo seu trabalho, por exemplo, a contaminação pelo vírus da
hepatite B e C, mediante o contato da pele com sangue, hemoderivados ou algum
instrumento infectado por esses fluidos. (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007)
A falta de conhecimento sobre biossegurança, condições inadequadas de
trabalho, sobrecarga horária, o risco de contrair doença e de se acidentar a qualquer
momento, são fatores que fazem com que a grande maioria considere a
enfermagem uma profissão de alto risco. (ALVES; PASSOS; TOCANTINS, 2009).
Segundo Elias e Navarro (2006), o trabalho realizado pela equipe de
enfermagem no âmbito hospitalar é caracterizado por exigências organizacionais
múltiplas, sobrecarga de trabalho, algumas situações conflitantes, tensão e estresse,
tanto pessoal quanto situacional, levando o profissional a um desgaste físico e
mental acentuado, ocasionando, muitas vezes, alterações emocionais, físicas,
imunológicas e até mesmo psicossomáticas, além de propiciar a ocorrência de
acidentes.
A atuação do enfermeiro em Unidade de Emergência, conforme diversos
estudos, é avaliada como desencadeadora de estresse e de desgaste físico e
emocional. Ainda que o exercício da enfermagem requeira boa saúde física e
56
mental, raramente os enfermeiros recebem a proteção social adequada. O estresse
no trabalho deste profissional não é um fenômeno novo, existem diversas doenças
relacionadas ao mesmo. (SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009).
Todo este contexto se mostrou acentuado nos achados na análise dos
setores que mais ocorreram os acidentes com material perfurocortante. Destes
acidentes, 30% ocorreram com profissionais atuantes na Unidade de Pronto
atendimento, enquanto que, nas demais unidades, o percentual menor.
Destaca-se que os profissionais da unidade de pronto atendimento estão mais
expostos a este tipo de acidente, devido à sobrecarga de trabalho; ao grande
número de procedimentos invasivos e a rapidez com que estes são realizados; à
rotatividade do setor e ao grande número de atendimento. Somam-se a tudo isto as
condições de trabalho vigente.
A atividade em enfermagem é reconhecida por vários autores como sendo
uma profissão estressante e sabe-se, também, que a subjetividade influencia tanto
na percepção quanto nas respostas do indivíduo ao estresse, o que torna seus
profissionais em constante exposição a acidentes, sobre tudo pela carga horária
excessiva a que são submetidos.
Haag, Lopes e Schuck (2001) asseveram que a carga horária da enfermagem
é exaustiva; muitos trabalham mais de 44 horas, chegando a ultrapassar a carga
horária de sessenta horas semanais, devido à realização de horas extras, trocas de
plantão ou a dois e até três empregos.
O auto índice de acidentes envolvendo técnicos de enfermagem justifica-se
pelo fato de esta categoria ter contato direto com o paciente por mais tempo,
realizando curativos, administrando medicamentos, o que aumenta a probabilidade
de sofrerem acidentes com perfurocortantes. Este fato difere a atividade do técnico
de enfermagem da do enfermeiro, que se envolve mais frequentemente com
atividades administrativas.
A prevalência de acidentados do sexo feminino se relaciona ao fato de a
equipe de enfermagem ser composta majoritariamente por profissionais deste sexo.
É notório que as mulheres, de maneira geral, constituem maioria na área da
enfermagem. Considerando as diferenças fisiológicas e emocionais, bem como a
necessidade de conciliação entre trabalho doméstico e atividade profissional
(caracterizando jornada dupla e até mesmo tripla), é fácil perceber o porquê do
57
desgaste físico, mental e emocional relacionado ao desempenho de suas funções.
(RIBEIRO; SHIMIZU, 2007).
O trabalho de enfermagem na instituição hospitalar caracteriza-se pelo
cuidado nas 24 horas do dia, permitindo a continuidade da assistência aos
pacientes. Nesse cuidado aos pacientes, os trabalhadores de enfermagem utilizam
instrumentos de trabalho como: agulhas, lâminas de bisturi, tesouras, pinças,
materiais de vidro e muitos outros instrumentos que são perfurantes e cortantes.
Muitas vezes, os pacientes são agressivos, agitados, ansiosos ou em estado crítico,
dificultando a realização dos procedimentos com segurança.
Além
disso,
o
trabalho
de
enfermagem
na
instituição
hospitalar,
caracteristicamente, tem ritmo acelerado, é realizado em pé, com muitas
caminhadas e sob a supervisão estrita; é normatizado, rotinizado e fragmentado.
Isso
contribui
para
a
ocorrência
de
acidentes
envolvendo
os
materiais
perfurocortantes. (GABATZ; et al., 2009)
A afirmação supracitada vem ao encontro dos dados deste estudo, pois, 65%
dos acidentes foram ocasionados por agulha, 25% com lamina de bisturi e 10% com
lanceta de dextro. Mesmo que os resultados mostrem alto índice de acidentes de
agulhas com lúmen, a manipulação dos artigos em geral, independente do nível de
sujidade do material, deve ser feito com o uso dos EPI adequados, atentando-se
para o descarte correto.
Os dados quanto à parte do corpo que mais ocorreram os acidentes, 25% dos
acidentes foram no dedo indicador da mão esquerda. Isso pode estar relacionado
com a não utilização das precauções padrão, como luvas, e com o ato de reencapar
agulhas, demonstrando falta de atenção e desprezo a esse material.
As demais áreas acometidas foram: mão esquerda, dedo polegar da mão
direita, braço esquerdo, dedo indicador da mão direita e dedo médio da mão
esquerda. Isto se explica pelos procedimentos que estavam sendo realizados no
momento do acidente, tendo como maior índice o “desprezar material
perfurocortante”, (30%), e outros como, “realizar punção venosa”, “realização
de medicação intramuscular”, “retirada de pontos” e “realização de teste de
glicose”.
Alguns estudos destacam o descarte inadequado de material perfurocortante
como uma das principais causas de acidente, o que pode acarretar danos não só à
58
equipe de enfermagem, mas também aos demais profissionais no ambiente
hospitalar. (GABATZ; et al., 2009)
Em uma instituição, o processo educativo contribui para a diminuição da
ocorrência desses acidentes com perfurocortantes, aprimorando assim suas
competências e habilidades cognitivas e técnicas.
Para que ocorra a prevenção é necessário investir em treinamentos contínuos
e sistematizados para os estudantes e trabalhadores de saúde, que enfatizem os
métodos de prevenção e os meios para proteção contra as doenças causadas por
acidentes com materiais perfurocortantes e fluídos biológicos. (ARYTHANA;
DUARTE; MOREIRA, 2011)
Para minimizar os acidentes, há a necessidade de, não só promover
periodicamente treinamento em serviço com o objetivo de diminuir a sua frequência,
mas também permitir que os trabalhadores consigam decodificar a organização de
trabalho em que estão inseridos, podendo trabalhar com segurança e encontrar
soluções para sua prática diária. (ARYTHANA; DUARTE; MOREIRA, 2011).
Diante do exposto, conclui-se que os hospitais precisam atentar para o
problema, pois a prevenção ainda é a melhor forma de se evitar acidentes, por meio
da promoção de treinamentos em serviço e do uso de equipamentos de proteção
individual.
6.2
ANÁLISE
DOS
RESULTADOS
PROVENIENTE
DOS
DOIS
TEMAS:
SIGNIFICADO DO ACIDENTE COM PERFUROCORTANTE PARA OS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ACIDENTADOS E OS SENTIMENTOS
VIVENCIADOS POR ESTES PROFISSIONAIS ACERCA DO OCORRIDO
No que diz respeito à influência da subjetividade no exercício seguro da
atividade em enfermagem, Lima, Pinheiro e Vieira destacam que:
A desatenção e o descuido dos profissionais, a tensão, o estresse, o
cansaço e a fadiga são pontos oriundos da condição individual do
profissional, propiciados pela vivência no meio hospitalar ou não, que
possibilitam a ocorrência de acidentes de trabalho com materiais
perfurocortantes, já que o seu manuseio necessita de tranqüilidade,
concentração, atenção e cuidado para que não ocorram erros na realização
da assistência que possam prejudicar a higidez do cliente e a saúde do
trabalhador.
59
[...]Algumas vezes, no entanto, a falta de atenção durante os procedimentos
realizados com o cliente é oriunda do trabalho excessivo e da repetição
mecânica das ações técnicas da enfermagem, que levam à nãoconsideração dos sentimentos e emoções tanto dos profissionais quanto
dos clientes. (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007, p. 209);
Alguns significados para os profissionais de enfermagem, referente ao fato de
terem sofrido o acidente, é evidenciado através do DSC: “medo, angústia e
preocupação”, o que vem ao encontro dos dizeres de Damasceno et. al. (2006),
que relatam que a ocorrência de acidente com os profissionais de enfermagem
envolvendo material biológico, está evidenciada por passarem:
(...) ficar com medo da contaminação no trabalho, ansiedade, depressão e
medo da morte em função da expectativa do resultado do teste anti-HIV,
fantasias de contaminação, preocupação com a vida sexual passada,
presente e futura, receio de reações negativas da família, parceiro e colegas
de trabalho (críticas, discriminação), sentimento de culpa pelo acidente,
raiva do hospital e do sistema de saúde hostil. (Damasceno et. al., 2006, p.
75).
A segunda ideia central de maior frequência foi momento “horrível e difícil”,
que é demonstrado com o DSC: Difícil! Foi a pior experiência da minha vida, mesmo
tendo sido acidentada por culpa da colega de trabalho, foi horrível imaginar ter
adquirido um HIV ou outra doença. Não gosto nem de lembrar, foi uma sensação
terrível. È terrível pensar que por um descuido você pega uma doença como HIV.
Nossa! Nem sei explicar o que significou para mim, foi um momento horrível. É difícil
dizer, pois na hora a gente nem sabe o que fazer, e depois vem as doenças que
poderia ter pegado pelo acidente.
O exposto acima reafirma as palavras de Castro e Faria (2009) que enfatizam
que o acidente com perfurocortantes afeta psicologicamente o trabalhador de
enfermagem. Essa concepção é mencionada pelos trabalhadores acidentados, que
apresentaram medo da contaminação, ansiedade, expectativa do resultado do teste
anti-HIV, preocupação com a vida sexual, dentre outros dados que confirmam o
"impacto" psicológico causado pelo acidente com perfurocortante.
Dada a importância desses significados entres os trabalhadores de
enfermagem, pode-se ressaltar agora o terceiro significado mais frequência:
“Depressão e inconformidade”, que também podo ser relacionado com Damasceno
et. al. (2006) que afirmam:
60
A experiência de passar por um acidente com material biológico provoca
sentimentos e reações totalmente diferenciadas e diversificadas entre os
profissionais acidentados, ou seja, cada indivíduo vivencia o acidente a
partir de seus conceitos, pré-conceitos, valores e conhecimento do assunto.
Podemos inferir que é por conta desta subjetividade que encontramos tanta
diversidade. (Damasceno et. al., 2006, p. 75).
Já os significados para os profissionais de enfermagem terem sofrido um
acidente com perfurocortante relacionado à culpa são obtidos por meio dos DSC:
“Me culpei muito pela falta de atenção. Significou pra mim que eu devo ficar mais
atenta ao realizar os procedimentos, principalmente com perfurocortante. Senti que
foi falta de atenção da minha parte, negligencia em manusear o material sem uso de
EPI, com a pressa, e sem funcionários, a gente faz tudo correndo pra dar conta do
serviço. Puxa vida que vacilo que dei, me senti muito culpada.”
Martino e Misko (2004) afirmam que:
Na enfermagem, vive-se uma realidade de trabalho cansativo e com muito
desgaste devido à convivência com a dor e sofrimento dos clientes. Se o
indivíduo não souber equilibrar bem essa situação utilizando-se de
mecanismos de transferência, pode acometer um estado de ansiedade; que
quando excede o nível mínimo leva a diminuição da capacidade de tomar
decisões, incorrendo em erros adicionais, gerando assim um circulo vicioso,
e a consequentes níveis progressivos de estresse e consequentemente aos
acidentes perfurocortantes. (MARTINO; MISKO, 2004, p. 162).
Os significados vivenciados após sofrer um acidente com perfurocortante
obtidos por meio dos DSC foram negativos em sua grande maioria como pode ser
observado: “No momento fiquei com muita raiva de mim mesmo, pela falta de
atenção, e descuido com o material, com muita raiva dos profissionais que
estavam trabalhando comigo, até por que foi por erro de um deles que ocorreu
o acidente. A gente fica com raiva de não ter prestado a devida atenção. Fiquei
com muita raiva, mesmo tomando toda precaução, só pensava no HIV, e agora
o que vai ser de mim.”
Através
desse
discurso
pode-se
observar
que
a
possibilidade
de
contaminação pelos vírus das hepatites B e C e da AIDS por meio do exercício
profissional propicia aos componentes da equipe de enfermagem manifestação de
sentimentos negativos, como o medo diante da alteração permanente que ocorrerá
em seu estilo de vida, da proximidade da morte e do preconceito de que poderão ser
alvo em seu ambiente familiar, social e de trabalho. (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA,
2007).
61
Por essa razão tanto as instituições quanto os profissionais podem realizar
ações visando à prevenção de acidentes de trabalho com materiais perfurocortantes,
uma vez que este tipo de acidente leva o profissional a momentos de intenso
estresse físico e psíquico, produzindo alterações nos seus relacionamentos, seja de
caráter social ou familiar, e no desempenho de suas atividades profissionais. (LIMA;
PINHEIRO; VIEIRA, 2007)
É evidente que trabalhar com atenção, concentração e com cuidado devem
ser medidas a serem adotadas para atuar em enfermagem, visando reduzir os riscos
de ocorrência de acidentes de trabalho. (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007).
As manifestações dos sentimentos pelos entrevistados, de angústia,
ansiedade, desespero, tensão e tristeza decorrem do medo de terem sido,
possivelmente, infectados pelo vírus HIV em primeira instância e, depois, pelo da
hepatite B e C, em razão de alterações permanentes no modo de viver, oriundas da
infecção por estes vírus.
A AIDS é uma doença incurável e, portanto, reflete o medo pelo sentimento
de proximidade da morte. O medo é reflexo do fato de se estar assustado com algo,
uma dor, rejeição de uma pessoa ou grupo, a perda de alguma coisa ou alguém, ou
o momento de morrer. (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007).
No que se refere a segunda questão do instrumento, Significados dos
acidentes com perfurocortante para os profissionais de enfermagem acerca do
ocorrido, percebe-se que o predomínio de relatos de sentimentos de “medo,
preocupação e angústia, desrespeito e falta de humanidade” é explicado pelo
fato de que os profissionais de saúde possuem maior compreensão dos riscos
acarretados pelo acidente, bem como consciência das possíveis consequências
pessoais
e
familiares.
Neste
panorama,
apresenta-se
ainda
a
falta
de
acompanhamento psicológico, contribuindo para a instalação e permanência de
danos emocionais relacionados à experiência. (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007)
No tocante aos sentimentos dos profissionais de enfermagem acerca dos
acidentes com perfurocortantes emergiram as seguintes ideias centrais: Diversos
sentimentos, traduzidos no discurso: Depois do acidente fiquei apavorada, com
medo de pegar uma doença, foi horrível. Senti medo e insegurança, raiva de
mim mesma. Fiquei preocupada, não tem como não ficar. Conversei com o
paciente para fazer o teste rápido e fiquei apreensiva até o resultado. Chorei
muito com medo de ter me contaminado, é uma sensação horrível, o medo, a
62
angústia e a dúvida... [...] Será que aquele paciente tem alguma doença? Na
hora fiquei com raiva do profissional médico [...] Acho falta de respeito com o
profissional de enfermagem. Senti muito medo, por não conhecer o paciente, e
triste por imaginar as doenças que poderia adquirir com esse acidente. Fiquei
muito nervosa, preocupada e angustiada, porque a paciente estava em quarto
de isolamento, e isso me deixou muito apreensiva. Vem muita coisa na cabeça
da gente. Fiquei muito triste com o acontecido, foi tudo muito rápido, quando
cheguei em casa chorei muito. Depois do acidente senti muito medo, bastante
preocupada e na expectativa dos resultados dos exames. [...] Chorei muito em
casa, aí que a gente percebe a responsabilidade que tem. Senti muita angústia
e medo, pensei que ia entrar em depressão, porque só sabia chorar com a
situação, não sabia o que fazer. Nossa! Depois que aconteceu o acidente eu só
sabia pensar nas doenças que poderia pegar, aí fiquei nervosa, não gosto de
lembrar.
Esses sentimentos estão presentes após a ocorrência destes acidentes,
devido à apreensão pela possibilidade de poder ter sido contaminado com o vírus do
HIV, e muitos não se conformam com fato de o acidente ter ocorrido com eles.
Percebem-se, nos depoimentos, o medo e a preocupação que os
profissionais apresentam no cuidado e na convivência com pacientes que têm
sorologia positiva ao HIV. Também fica claro que temem a possibilidade de
vivenciarem e suportarem o sofrimento, o abandono e a discriminação a que esses
pacientes são submetidos. Eles temem o julgamento dos amigos, do cônjuge e da
sociedade, se forem infectados no acidente de trabalho, pois reconhecem o estigma
das pessoas que são portadoras do HIV. (GABATZ et al., 2009)
Tal preocupação é ressaltada por Silva et al., (2010), ao afirmar que o
predomínio de relatos de sentimentos de medo, preocupação e angústia, é explicado
pelo fato de que profissionais de saúde possuem maior compreensão dos riscos
acarretados pelo acidente, bem como consciência das possíveis consequências
pessoais
e
familiares.
Neste
contexto,
apresenta-se
ainda
a
falta
de
acompanhamento psicológico, contribuindo para a instalação e permanência de
danos emocionais relacionados à experiência.
Quanto ao sentimento de descuido pessoal pode-se evidenciar por meio do
DSC: Senti que foi um erro meu… pois não estava prestandoatenção no
procedimento que estava executando. Descuido, pois deveria ter mais cuidado ao
63
manusear material perfurocortante. Senti que foi um descuido, falta de atenção,
deveria ter pedido ajuda de algum colega para me ajudar com o material
perfurocortante. Percebi que necessito de mais cuidado com o descarte de material
perfurocortante.
Esta ideia, segunda mais frequência, identifica-se com a afirmação de Lima et
al. (2007), ao destacar a importância uso de EPIs e da adoção das medidas
preventivas, nos informes educacionais, pois é importante para a prevenção da
ocorrência de perfurações e cortes com o uso de materiais existentes no meio
hospitalar.
A experiência de passar por um acidente com material biológico provocara
sentimentos e reações totalmente diferenciadas e diversificadas entre os
profissionais acidentados. Cada indivíduo vivencia o acidente a partir de seus
conceitos, valores e conhecimento acerca do assunto.
Apesar de muitos entrevistados relatarem diversos sentimentos, outros
informaram não sentir nada em relação ao acidente. Isso demonstra que nem todos
os profissionais têm consciência do ocorrido, pois, muitas vezes, há falta de
conhecimento e orientação sobre os danos que o acidente pode ocasionar.
64
7 CONCLUSÕES
Os objetivos do presente estudo permitiram as seguintes conclusões:
1. Em relação às características dos participantes do estudo:
x 50% dos entrevistados tinham idade entre 20-29 anos, 25% entre 30-39 anos,
20% entre 40-49 e 5% tinham 50-59 anos, com a média entre eles de 31,6
anos.
x 90% eram do sexo feminino e 10% do sexo masculino.
x 10% trabalhavam no período noturno, 20% no vespertino, 70% no matutino.
x 70% tinha entre 1 a 5 anos de tempo de trabalho na instituição , 15% de 6 a
10 anos e 15% de 11 a 21 anos de trabalho.
x 90% eram técnicos em enfermagem, 5% auxiliar de enfermagem e 5%
enfermeiro.
2. No tocante as características dos acidentes com perfurocortantes:
x 65% se acidentou com agulha, 25% com lamina de bisturi e 10% com lanceta
de dextro.
x 30% se acidentaram no Pronto socorro, 20% na Pediatria, 15% na clínica
médica, 05% no Centro cirúrgico, no 4° Andar, Ortopedia, Endoscopia e
Central de material.
x 25% sofreram acidente com perfurocortante no dedo indicador da mão
esquerda, 20% na mão esquerda, 15% no dedo polegar da mão direita, 15%
na mão direita, 10% no Braço esquerdo, 10% dedo indicador da mão direita e
5% no dedo médio da mão esquerda.
x 35% forma acidentados pela correria do setor e não estavam usando EPI;
25% relataram descuido e falta de atenção; 20% não souberam manusear
material perfurocortante; 15% estavam desprezando material perfurocortante,
10% tinham pressa em terminar o procedimento; 5% relataram que a unidade
estava agitado e com falta de funcionário.
65
3. No que tange aos significados para os profissionais de enfermagem acidentados
emergiram as idéias centrais:“tudo de ruim passa pela cabeça”, “medo, angústia e
preocupação”, “momento horrível”, “depressão e inconformidade”, “muita raiva
pessoal e dos colegas de trabalho”, “falta de humanidade”, “ sem valor para a
instituição”, “culpa”, “impotência”.
4. Quanto aos sentimentos vivenciados pelos profissionais de enfermagem
acidentados foram evidenciadas as ideias centrais: ”diversos sentimentos”,
“descuido pessoal”, “falta de assistência”, “não senti nada”.
66
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa possibilitou conhecer as características dos acidentes
com perfurocortante ocorridos no Hospital Escola de Itajubá-MG, sendo que os
índices de acidentes de maior ocorrência foram na unidade do pronto socorro,
devido a fatores como: correria na unidade, o não uso do EPI, o descuido, a falta de
atenção, não saber manusear material perfurocortante. No momento do acidente
estavam desprezando material perfurocortante, realizando punção venosa, entre
outros procedimentos.
A pesquisa possibilitou, também, conhecer os significados e sentimentos dos
profissionais de enfermagem acidentados com este tipo de material, constatando
que medo, raiva, preocupação e angústia foram sentimentos manifestados tanto nos
significados
quanto
nos
sentimentos
expressados
pelos
profissionais
de
enfermagem.
O sentimento de medo está relacionado, em especial, à possibilidade de
contaminação ocupacional e aquisição de alguma patologia, como hepatite ou AIDS,
afetando o psicológico desses trabalhadores. Além disso, o medo está associado à
possibilidade da ocorrência de outro acidente. Entretanto, é mencionado também
como fator propulsor de acidentes, uma vez que prejudica o trabalhador ao
desempenhar suas funções, favorecendo maiores chances deste agravo.
Em adição, as consequências fisiológicas os acidentes, podem acarretar
severos problemas emocionais aos trabalhadores devido à possibilidade de
contaminação por vírus causadores de patologias letais e envoltas em preconceitos,
como a AIDS.
Os sentimentos de preocupação e angústia vivenciados pelos trabalhadores
estão relacionados diretamente à esfera familiar e social. Porém, devemos
considerar a influência de algumas características que são peculiares de cada
instituição de saúde: processos de trabalho, vínculo empregatício e relacionamento
interpessoal na equipe.
Além dos sentimentos vivenciados por estes profissionais acerca do acidente,
outros achados foram englobados, como a falta de habilidade técnica em manusear
material perfurocortante. No que tange as repercussões favoráveis a conduta do
profissional de enfermagem, destacam-se a necessidade de incentivá-los a atuarem
com mais atenção, precaução e cuidado na manipulação de instrumentos
67
perfurocortante, tão comum no processo de trabalho desta equipe, assim como
conscientizá-los da importância do uso de EPIs .
Neste sentido acredita-se que tal fato leva a considerar que os trabalhadores
e as instituições de saúde necessitam atentarem para o problema, direcionar
medidas para a notificação dos acidentes, melhorar o encaminhamento dos
trabalhadores acidentados e, principalmente, adotar medidas preventivas para
redução dos números destes tipos de acidentes ocupacionais.
Espera-se que novas pesquisas sejam realizadas com este enfoque em
outras realidades, buscando conhecer os significados e sentimentos vividos por
outros profissionais de enfermagem, visto que há poucas pesquisas sobre a
temática em questão.
Por fim, almeja-se que o estudo sirva de referência para posteriores trabalhos
sobre o referido tema, enfatizando e estimulando, também estudos reflexivos e
discussões, resultando em uma melhoria na qualidade de vida e assistência destes
profissionais.
Por estas constatações, verifica-se a necessidade da educação permanente
destes profissionais quanto à saúde do trabalhador, abrangendo os riscos e
prevenções de acidentes ocupacionais, uso de equipamentos de proteção individual
e coletiva, importância da notificação imediata e acompanhamento sorológico
completo, bem como o suprimento da estrutura das instituições em termos de
recursos humanos e materiais. Isso poderá implicar diretamente na diminuição dos
índices de acidentes ou doenças ocupacionais.
A forma de organização do trabalho em enfermagem confirma a necessidade
da educação continuada, enquanto estratégia de fortalecimento, permitindo ao
trabalhador valorizar seu trabalho e sentir satisfação no realizado. Contudo há
grande necessidade da educação permanente, na qual se ressalte que deve exigir a
conscientização dos profissionais de saúde e administradores da instituição em
relação aos riscos da exposição ocupacional a materiais biológicos, tais como
sangue, fluidos corpóreos e a outros aspectos que podem causar danos a saúde do
trabalhador. Precisa-se, também, por meio desta educação, orientar sobre o uso de
EPIs entre os profissionais, descarte correto dos materiais perfurocortante, a
observância dos fatores que vem proporcionando a ocorrência desses acidentes.
Necessita-se também de mais fiscalização do uso de EPI e dos procedimentos que
envolvam uso de perfurocortantes.
68
Por fim, evidencia-se a necessidade não só de oferecer informações que
propiciem as ações de atendimento ao trabalhador que sofre um acidente
perfurocortante, como, também, considerar os aspectos físicos, psíquicos e
emocionais que acompanham esse tipo de situação, incluindo as relações familiares
e sociais.
69
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA Nacional de Vigilância. Anvisa intensifica controle de infecção em serviços
de saúde (ANVISA). Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 3, São Paulo, Jun. 2004.
AISI.
Site
oficial
2011.
Disponível
em:
<http://www.aisi.edu.br/he/index.asp?p=artigos&codigo=1231>. Acesso em: 07 Abr.
2012.
ALVES, A. et al. Acidentes com perfurocortantes em profissionais da área da saúde:
a importância da atuação do enfermeiro do trabalho quanto a promoção e
fiscalização do uso de equipamento de proteção individual e equipamento de
proteção coletivo. Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudo de
Enfermagem e Nutrição, v. 2, n. 2. ago./dez. 2011.
ALVES, S. S. de M.; PASSOS, J. P.; TOCANTINS, F. R. Acidentes com
perfurocortantes em trabalhadores de enfermagem: uma questão de biossegurança.
Revista de Enfermagem da UERJ, Rio de Janeiro, v. 3, n. 17, p. 373-377, jun./ set.,
2009. Disponivel em: <http://www.facenf.uerj.br/v17n3/v17n3a13.pdf>. Acesso em
10 dez. 2010.
AMARAL, S. A.; SOUSA, A. F. S.; RIBEIRO, S. O.; OLIVEIRA, M. A. N. Acidentes
com material perfurocortante entre profissionais de saúde em hospital privado de
vitória da conquista- BA. Sitientibus, Feira de Santana, n. 33, jun./dez. 2005.
ANDRADE, S. M. O. de; DUARTE, S. J. H.; MAMADE, D. M. V. Opções teórico
metodológicas em pesquisas qualitativas: representações social e discurso do
sujeito coletivo. Saúde Sociedade, São Paulo, v. 18. p. 620-26, 2009.
ARYTHANA, A.; DUARTE, B. C.; MOREIRA, D. C. Acidentes com perfurocortantes
em profissionais da área da saúde: a importância da atuação do enfermeiro do
trabalho quanto à promoção e fiscalização do uso de Equipamento de Proteção
Individual e Equipamento de Proteção Coletivo. Revista Eletrônica de
Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição, v. 2, n. 1,
ago./dez. 2011
BARBOSA, M. A.; FIGUEIREDO, V. L.; PAZ, M. S. L. Acidentes de trabalho
envolvendo profissionais de enfermagem no ambiente hospitalar: um levantamento
de banco de dados. Revista Enfermagem Integrada, Ipatinga: Unileste. v. 2, n. 1,
jul./ago. 2009.
BARBOZA, D. B. et al. Acidentes de trabalho com pérfurocortante envolvendo a
equipe de enfermagem de um hospital de ensino. Arquivo Ciência e Saúde, v. 11,
n. 2, abr./jun. 2004.
BENATTI, M. C. C. Acidentes do trabalho entre trabalhadores de enfermagem de um
hospital universitário. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v.
35, n. 2, p. 155-162, jun. 2001.
70
BINDER, M. C. P.; CORDEIRO, R. Sub-registro de acidentes do trabalho em
localidade do Estado de São Paulo, 1997. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 37,
n. 4, p. 409-416, 2003.
BOTTOSSO, R. M. Biossegurança na assistência à saúde. Revista Nursing.
Barueri, v. 70, n. 7, p. 35-92, mar. 2005.
BRANDI, S. et al. Ocorrência de acidente do trabalho por material perfurocortante
entre trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário da cidade de
Campinas, Estado de São Paulo. Revista Escola de Enfermagem USP, v. 32, n. 2,
p.124-33, ago. 1998.
BRASIL, Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil.
Doenças Relacionadas ao trabalho. Manual de procedimentos para os serviços
de
saúde.
Brasília:
MS;
2001.
Disponível
em:
<http://www.opas.org.br/sistema/arquivos/Saudedotrabalhador.pdf>. Acesso em: 19
out. 2010.
BREVIDELLI, M. M.; DOMENICO, E. B. L. Trabalho de conclusão de curso: guia
pratica para docente e alunos da área da saúde, São Paulo: Iátria, 2006.
CANINI, S. et al. Acidentes Pérfurocortantes entre trabalhadores de enfermagem de
um hospital universitário do interior paulista. Revista Latino-Americana de
Enfermagem. n. 10.v.2.p.172-78, mar./abr., 2002.
CASTRO, M. de R. FARIAS, S. N. P. A produção científica sobre riscos
ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores de enfermagem. Revista de
Enfermagem Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, 2008
______. Repercussões do acidente com perfurocortantes para a enfermagem: uma
construção a partir do grupo focal. Revista de Enfermagem Escola Anna Nery. n.
13. v.3. p. 523-529. jul./set., 2009.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Código de Ética dos
profissionais
de
enfermagem.
2007.
Disponível
em:
<www.portalcofen.gov.br/2007/materiais.asp?>. Acesso em: 13 out. 2010.
DAMASCENO, A. et al. Acidentes ocupacionais com materiais biológicos: a
percepção do profissional acidentado. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 1. n.
59.,jan./ fev. 2006.
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA/SES-DF: Cartilha de biossegurança e
quimioprofilaxia da exposição ocupacional ao HIV. 1994. Disponível em:
<http://bvsms.saudes.gov.br/bvs/publicacoes/cd06_02.pdf>. Acesso em: 10 ago.
2010
ELIAS, M. A.; NAVARRO, V. L. A relação entre o trabalho, a saúde e as condições
de vida: negatividade e positividade no trabalho das profissionais de enfermagem de
um hospital escola. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, n. 4, p. 517525, jul./ago. 2006.
71
FERREIRA, M. M. et al. Riscos de contaminação ocasionados por acidentes de
trabalho com perfurocortante entre trabalhadores de enfermagem. Revista LatinoAmericana de Enfermagem, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 36-42, jan./fev.2004.
GABATZ, R. I. B.; NEVES, E. T.; PADOIN, S. M M.; RIBEIRO, A. S. Caracterização
de acidentes com material perfurocortante e a percepção da equipe de enfermagem.
Revista Cogitare Enfermagem, Santa Rosa, out./dez, 2009.
GIL, A. L. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, cap.4, p.42,
2002.
HAAG, G. S.; LOPES, M. J. M.; SCHUCK, J. da S. A Enfermagem e a saúde dos
trabalhadores. 2. ed. Goiânia, 2001.
LEFÉVRE, F.; LEFÉVRE, A. M. C. Depoimentos e discursos: uma proposta de
analise em pesquisa social . Brazilia, DF: LiberLivro, 2005
LEFÉVRE, F.; LEFÉVRE, A. M. C.; TEIXEIRA, J. J. V. Uma proposta de
processamento de dados em pesquisa qualitativa. São Paulo, 2002.
LIMA, F. A.; PINHEIRO, P. N. da C.; VIEIRA, N. F. C. Acidentes com material
perfurocortante: conhecendo os sentimentos e as emoções dos profissionais de
enfermagem. Escola de Enfermagem. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, jun.
2007.
MARTINO, M. M. F. de.; MISKO, M. D. Estados emocionais de enfermeiros no
desempenho profissional em unidades críticas. Revista Escola de Enfermagem:
USP, v. 38, n. 2, p. 161-167, 2004.
MARZIALE, M. H. P. Subnotificação de acidentes com perfurocortantes na
enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem. Brazilia,DF, n. 2, v. 56.mar./abr.
2003.
MARZIALE M. P. H.; ROBAZZI M. L. C. C. Ocorrência de acidentes de trabalho
causados por material pérfuro-cortante entre trabalhadores de enfermagem de
hospitais da região de Ribeirão Preto-SP. In: 11º Seminário Nacional de Pesquisa
em Enfermagem, maio 2001. Belém, 2001.
MARZIALE, M. P. H.; RODRIGUES, C. M. A produção científica sobre os acidentes
de trabalho com material perfurocortante entre trabalhadores de enfermagem.
Revista Latino-Americana Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10, n. 4, p. 144-157,
2002.
MARZIALE, M. P. H.; NISHIMURA, K. Y. N.; FERREIRA, M. M. Riscos de
contaminação ocasionados por acidentes de trabalho com material pérfurocortante
entre trabalhadores de enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem.
Ribeirão Preto, v. 12, n. 1, jan./fev. 2004.
72
MARZIALE, M. P. H.; JESUS, L. C. Modelos explicativos e de intervenção na
promoção da saúde do trabalhador. Acta Paulista de Enfermagem. Ribeirão Preto,
v. 21, n. 4, p. 654-659, dez. 2007.
MEDEIROS, R. M.; SCHNEIDER, V. E.; STEFFENS, A. P.; Precauções universais e
saneamento universal: Considerações sobre resíduos perfurocortantes. Congresso
Brasileiro de ciência e tecnologia em resíduos e Desenvolvimento sustentável.
Florianópolis, 2004.
MINAYO, M. C. de S.; et al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
Petrópolis; Vozes, 2003.
MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigação em Psicologia social. Rio de
Janeiro: Vozes, 2004
PAULINO, D. C. R. et al. Biossegurança e acidentes de trabalho com
perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem de Hospital Universitário de
Fortaleza–CE. Cogitare Enfermagem, v. 13, n. 4, p. 507-513, out./dez. 2008.
PIVETTA, T. A. Acidentes com perfurocortantes entre profissionais de enfermagem:
Uma abordagem necessária. 3° Seminário Internacional sobre o trabalho de
enfermagem. Bento Gonçalves, ago. 2011.
POLIT, D. O. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em
enfermagem: métodos, avaliações e utilização. 5 ed, Porto Alegre: Artmed, 2004.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJUBA. Site oficial – 2010. Disponível em:
<http://www.itajuba.mg.gov.br/localizacao.php.> Acesso em: 07 abr. 2012.
RAMALHO, M. et al. Acidentes com material perfurocortante: exposição a
material biológicos: condutas e prevenção. São Paulo. 2005.
RIBEIRO, E. J. G.; SHIMIZU, H. E. Acidentes de trabalho com trabalhadores de
enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília,DF. v. 60, n. 5,
set./out.2007.
SÁ, C. P. de. Representações sociais: o conceito e estudo atual da teoria. In: SPINK,
M. J. P. (Org.). O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na
perspectiva da psicologia social. São Paulo: Braziliense, 2004. p.19-45.
SCHNEIDER, L. O. D. Risco de hepatite B: trabalhadores do meio hospitalar
precisam se prevenir os perigos de uma contaminação. Revista proteção. São
Paulo, v. 6, p.24-27, 1994.
SECCO, G. P. et al. Acidentes de trabalho em ambiente hospitalar e riscos
ocupacionais para os profissionais de enfermagem. Seminário Ciências Biológicas
e da Saúde. p.19-24, dez.2002.
73
SILVA, T. R. da et al. Acidentes com material perfurocortantes entre profissionais de
enfermagem de um hospital universitário. Revista Gaúcha de enfermagem, Porto
Alegre, v. 4, n. 51, dez, 2010.
SILVEIRA, M. M.; STUMM, E. M. F.; KIRCHNER, R. M. Estressores e coping:
enfermeiros de uma unidade de emergência hospitalar. Revista Eletrônica de
Enfermagem,
v.
11,
n.
4,
p.
894-903,
2009.
Disponível
em:
<http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n4/v11n4a15.htm>. Acesso em: 07 abr. 2012.
SIMÕES, M. et al. O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva
(EPCs) em pacientes ocorridos em um laboratório de saúde pública no período de
maio de 1998 a maio de 2002. Revista Instituto Adolfo Lutz, v. 62, nº 02, p. 105109, 2003.
SOUZA, M. Acidentes ocupacionais e situação de risco para a equipe de
enfermagem: um estudo em cinco hospitais do município de São Paulo.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto, São Paulo, p. 163, 1999.
TEIXEIRA, P.; VALLE, S. Riscos biológicos em laboratórios de pesquisa
biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996.cap
3, p. 41-64.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VENDRAME, A. C. Segurança do trabalho: você só se lembra depois do acidente.
RH em síntese, v. 5, p. 28-32, jul./ago. 1999. Disponível em: <http://www.gestaoerh.
com.br/site/visitante/artigos/legi_001.php>. Acesso em: 16 out. 2010.
VIEIRA, M.; PADILHA, M. I. C. S. O HIV e o trabalhador de enfermagem frente ao
acidente com material perfurocortante. Revista Escola de Enfermagem USP, São
Paulo, v. 42, n. 4.p. 804-10, ago./set. 2008.
74
APÊNDICE A - Instrumento de coleta de dados sobre as características
pessoais dos profissionais de enfermagem acidentado e as características dos
acidentes com perfurocortante
1ª PARTE: CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DOS PARTICIPANTES
1. Idade: ________________________________ 2. Sexo:
3. Período de trabalho: _____________________
4. Tempo de trabalho: _______________________
5. Categoria profissional:________________________________________________
2ª PARTE: CARACTERÍSTICAS DO ACIDENTE COM PERFURO CORTANTE
6. Qual material perfurocortante você se acidentou?
7. Em que unidade do hospital, você se acidentou?
8. Qual área do seu corpo acidentada?
9. Que fator(es) contribuiu(ram) para a ocorrência do acidente?
10. O que você estava fazendo no momento do acidente?
75
APÊNDICE B - Roteiro de entrevista semi-estruturada
QUESTÕES SOBRE O SIGNIFICADO E O SENTIMENTO DIANTE DO ACIDENTE COM
PERFUROCORTANTE
Os trabalhadores de enfermagem no desenvolvimento de suas funções estão expostos a
inúmeros riscos ocupacionais causados por fatores químicos, físicos, mecânicos, biológicos,
ergonômicos e psicossociais, que podem ocasionar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.
Você sofreu um acidente com perfurocortante e passou por momentos que só você pode descrever.
Pensando nisso, responda para mim:
1. O que significou para você sofrer um acidente com perfurocortante?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
______________________
2. O que você sentiu após ter sofrido este acidente?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________
76
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nós, Bárbara Olívia Aparecida Carneiro Felipe, Aldaíza Ferreira Antunes Fortes e Ana Maria Nassar
Cintra Soane, acadêmica e docentes, respectivamente, da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB), de
Itajubá-MG,
estamos
desenvolvendo
uma
pesquisa
intitulada
“Características
dos
acidentes
com
perfurocortantes. significados e sentimentos dos profissionais de enfermagem acidentados”. Para isso,
precisamos que você concorde em participar de uma entrevista conosco, respondendo sobre seus dados
pessoais e questões relacionadas ao tema que estamos pesquisando. Os objetivos deste estudo são identificar
as características dos acidentes com perfurocortante ocorridos no Hospital Escola de Itajubá-MG, conhecer os
significados para os profissionais de enfermagem do Hospital Escola de Itajubá-MG, que sofreram acidente com
perfurocortante, conhecer os sentimentos dos profissionais de enfermagem em questão diante desta situação.
Os resultados deste estudo serão de grande valia para a profissão de enfermagem, haja vista que
poderão fornecer subsídios para uma maior conscientização dos profissionais quanto ao manuseio adequado de
materiais na realização de procedimentos de enfermagem, proporcionando, desta forma, uma diminuição da
ocorrência de acidentes perfurocortantes e do desconforto vivido pela população que se submete ao teste de HIV
após o acidente com perfurocortante
Também, servirá de solidificação para pesquisas já existentes e de alicerce para a realização de novos
estudos, pois há poucos trabalhos com este enfoque.
Para realizarmos este estudo, precisamos que você concorde em participar de uma entrevista semiestruturada composta por três partes, em que a primeira pergunta traz as características pessoais,
características do acidente propriamente dito. A terceira parte será composta por duas questões abertas
relacionadas com os significados e sentimentos dos participantes.
Quero esclarecer que as informações obtidas serão mantidas em segredo e que você não será
identificado em hipótese alguma. É importante salientar que a sua participação é voluntária e a qualquer
momento você terá liberdade de desistir, se assim o quiser.
Você concorda em participar deste estudo?
Este termo de Consentimento pós–informação e Esclarecimento é um documento que comprova a sua
permissão. Precisamos de sua assinatura para oficializar o seu consentimento.
Para possíveis informações ou esclarecimentos a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa da EEWB, pelo telefone (35) 3622-0930 ramal 323.
Agradecemos desde já a sua valiosa colaboração e nos colocamos a sua disposição para outros
esclarecimentos necessários.
Por me achar plenamente esclarecido (a) e em perfeito acordo com este termo de consentimento, eu,
para oficializar minha aceitação como participante dessa pesquisa, assino o presente documento.
NOME COMPLETO: ........................................................................................................................
ASSINATURA: ................................................................................................................................
LOCAL E DATA: ...................................., ......... de ..................................................... de 20...........
77
ANEXO A - Instrumento de análise do discurso 1 (IAD - 1)
PERGUNTA 1: Você que já sofreu um acidente com perfurocortante e passou por
momentos que só você pode descrever. Pensando nisso, responda
para mim: O que significou para você sofrer um acidente com
perfurocortante?
SUJEITO
1
EXPRESSÕES – CHAVE
IDÉIA CENTRAL
Foi muito ruim, na hora eu fiquei *Muito ruim
apavorada, com muito medo….medo de *Medo
pegar uma doença…foi a pior
*Pior experiência da minha
experiência da minha vida.
vida
*Apavorado
2
Fiquei com medo, angustiada, pois não *Medo
conhecia o paciente, tive muito medo de *Angustiada
pegar alguma doença, meu psicológico
ficou por muito tempo abalado… só *Só sabia chorar
sabia chorar.
3
Depois do acidente eu fiquei com medo *Medo
por não saber quem era o paciente, no *Muita raiva de mim
momento fiquei com muita raiva de mim
mesmo, pela falta de atenção, e *Apavorado
descuido com o material, ate os
resultados
dos
exames,
fiquei
apavorado.
4
O constrangimento, pois o acidente em
si, não me preocupou tanto, mais
proceder depois do acidente que me
preocupou, pois fui mal informada em
realizar a notificação, parece que
ninguém se preocupa com a gente, e se
eu pegar uma doença, e ficar doente,
senti falta de humanidade e respeito,
parece que não temos muito valor para
a instituição.
Senti que foi falta de atenção da minha
parte, negligencia em manusear o
material sem uso de EPI, com a pressa,
e sem funcionários, a gente faz tudo
correndo pra dar conta do serviço,
chorei muito depois do acidente, senti
impotente, e medo de pegar uma
doença como HIV ou Hepatite.
5
*Constrangimento
*Preocupada
*Ninguém se preocupa com
a gente
*Falta de humanidade
*Sem valor para instituição
*Falta de atenção da minha
parte
*negligencia em manusear o
material
*Impotência
*Medo de
doença.
*Chorei muito
pegar
uma
78
6
A gente fica receoso né, não conhecia o
paciente, então foi muito difícil para
mim… passa muita coisa na cabeça da
gente, será que me contaminei com
alguma doença? Meu DEUS o que vou
fazer agora, fiquei deprimida por muito
tempo,
mesmo
tomando
toda
precaução, só pensava no HIV, e agora
o que vai ser de mim.
*Receoso
*Passa muita coisa
cabeça da gente
na
*Deprimida
7
Fiquei com muita raiva dos profissionais *Raiva dos profissionais
que estavam trabalhando comigo, ate
*Chorei de medo e de raiva.
por que foi por erro de um dele que
ocorreu o acidente, a gente tenta tomar *Inconformidade
o maior cuidado, mais a equipe também
deve estar atenta, chorei de medo e de
raiva, não me conformo que isso tenha
acontecido comigo.
8
Prestar mais atenção no que estava
fazendo, mesmo tendo sido acidentada
por culpa da colega de Trabalho, é
difícil né, fiquei com muita raiva, medo
insegurança…foi tudo muito ruim pra
mim.
* É difícil
A gente fica preocupada né… mesmo
sabendo quem era o paciente, mas e as
doenças transmissíveis? Será que
peguei alguma doença! ….foi horrível
imaginar ter adquirido um HIV ou outra
doença…não gosto nem de lembra, foi
uma sensação terrível.
*Preocupada
9
* Muita Raiva
*Medo
*Insegurança
*Tudo muito ruim
*Foi horrível imaginar ter
adquirido um HIV ou outra
doença.
*Sensação terrível
10
A gente fica triste né…mesmo fazendo *Triste
o
teste
rápido
tem
outras
doenças….mais senti só tristeza
mesmo, mais nada.
11
Na hora bateu uma angústia….mas o *Angústia
que me deixou aliviado foi que o *Apreensivo
paciente era uma criança de 11
anos…porém poderia ter sido um
paciente soropositivo, mesmo assim a
gente fica apreensivo.
12
Significou pra mim que eu devo ficar *Devo ficar mais atenta
mais
atenta
ao
realizar
os *Medo
procedimentos, principalmente com
perfurocortante, além do medo a gente *Raiva
fica com raiva né…de não ter prestado
a devida atenção.
79
13
Ai! Eu fiquei com medo, por que o *Medo
paciente já havia feito varias transfusão
*Preocupado
de sangue, e tinha tido vários
problemas de saúde, a gente fica
preocupado mesmo.
14
Ai eu fiquei com muito medo porque a * Medo
criança usava traqueostomia, foi *Preocupação
transfundida
várias
vezes,
tinha
bastante problemas de saúde, a mãe
usava drogas e isso me preocupou
muito…doenças que poderia adquirir
com esse acidente.
15
Morri de medo, porque me contaminei *Morri de Medo
com uma agulha que tinha sido usada *Apreensiva
em um paciente com suspeita de
hepatite, fiquei apreensiva e bastante *Preocupada
preocupada.
16
No momento me deu medo, tudo de *Medo
ruim vem na cabeça, pois não sabia *Tudo de ruim vem na
nada do paciente.
cabeça
17
Nossa nem sei explicar o que significou * Momento Horrível
para mim, foi um momento horrível, pois * Chorei muito
sempre fui muito cautelosa, e num
descuido aconteceu, me deu medo,
chorei muito…foi horrível.
18
Me deu uma tristeza, pois não sabia
quem era o paciente, e quando olhei
para minha mão, não sabia o que fazer,
difícil, me culpei muito pela falta de
atenção.
*Tristeza
Na hora não fiquei preocupada, pois os
colegas começaram a falar, que deveria
ter mais cuidado, que poderia pegar
doenças como HIV, Hepatite dentre
outras, ai a ficha caiu. Puxa vida que
vacilo que dei, me senti muito culpada,
e medo também.
É difícil dizer, pois na hora a gente nem
sabe o que fazer, e depois vem as
doenças que poderia ter pegado pelo
acidente, me senti inútil, é terrível
pensar que por um descuido você pega
uma doença como HIV.
*Culpa
19
20
*Não sabia o que fazer
* Difícil
*Culpa
pela
atenção.
*Medo
*Senti inútil
*Terrível
*Difícil
falta
de
80
Pergunta 2: O que você sentiu após ter sofrido este acidente?
SUJEITO
1
EXPRESSÕES – CHAVE
IDÉIA CENTRAL
Senti medo e insegurança, raiva de mim *Medo
mesma.
* Insegurança
*Raiva de mim
2
Senti que foi um erro meu, descuido, *Erro meu
pois deveria ter mais cuidado ao
*Descuido
manusear material perfurocortante.
3
Senti que foi um descuido meu, falta de *Descuido
atenção, deveria ter pedido ajuda de *Falta de atenção
algum colega para me ajudar com o
material perfurocortante (lamina de
bisturi).
4
Senti que os profissionais responsáveis
não estão preparados para nos atender
nesta situação, não fui bem assistida,
ninguém se preocupa com nossos
sentimentos, agem somente com a
parte burocrática e esquecem que
temos sentimentos. Sei que foi um
descuido meu, mas mereço respeito.
* Senti que não fui bem
assistida
*Descuido
*Mereço respeito
5
Fiquei preocupada, não tem como não *Preocupada
ficar né… Conversei com o paciente * Apreensiva
para fazer o teste rápido e fiquei
apreensiva ate o resultado.
6
Chorei muito com medo de ter me *Chorei muito
contaminado, é uma sensação horrível, *Medo
o medo e a angustia, e a duvida será
que aquele paciente tem alguma *Sensação horrível
doença.
7
Na hora fiquei com raiva do profissional *Raiva do profissional
medico, pois não estava prestando *Falta de respeito
atenção no procedimento que ele
estava executando, acho falta de
respeito com o profissional de
enfermagem.
8
Como eu já conhecia a criança fiquei *Tranquila
mais tranquila, não senti nada não, pois *Não senti nada
sabia que a criança era saudável.
9
Depois do acidente fiquei apavorada, *Apavorada
com medo de pegar uma doença, foi *Medo
horrível.
81
*Horrível
10
Senti muito medo, por não conhecer o * Muito medo
paciente, e triste por imaginar as *Triste
doenças que poderia adquirir com esse
acidente.
11
Até que não fiquei muito tenso por ser
uma criança, mais pensei no que
poderia acontecer se contaminasse
com alguma doença.
12
Fiquei muito nervosa, porque a paciente *Nervosa
estava em quarto de isolamento, e isso *Apreensiva
me deixou muito apreensiva.
13
Senti raiva de mim, por um descuido, *Raiva de mim
falta de atenção, percebi que necessito *Falta de atenção
de mais cuidado com o descarte de
*Necessito
de
mais
material perfurocortante.
cuidado com o material
perfurocortante
14
Fiquei preocupada e angustiada, por *Preocupada
não conhecer o paciente, vem muita *Angustiada
coisa na cabeça da gente.
15
Depois do acidente senti muito medo, *Medo
fiquei bastante preocupada e na *Preocupada
expectativa dos resultados dos exames.
*Na expectativa
Fiquei com muito medo, chorei muito *Medo
em casa, ai que a gente percebe a
responsabilidade que tem.
16
*Não fiquei muito tenso
17
Senti muita angustia e medo, pensei *Angustia
que ia entrar em depressão, porque só *Medo
sabia chorar.
18
Fiquei muito triste com o acontecido, foi *Triste, chorei muito
tudo muito rápido, quando cheguei em
casa chorei muito.
19
Depois do acidente fiquei preocupada, *Preocupada
nervosa com a situação, não sabia o *Nervosa
que fazer.
20
Nossa depois que aconteceu o acidente
eu só sabia pensar nas doenças que *Nervosa
poderia pegar, ai fiquei nervosa, não
gosto de lembrar.
82
ANEXO B - Instrumento de análise do discurso 2 (IAD - 2)
PERGUNTA 1: Você que já sofreu um acidente com perfurocortante e passou por
momentos que só você pode descrever. Pensando nisso, responda
para mim: O que significou para você sofrer um acidente com
perfurocortante?
N°
1
2
3
5
6
8
9
10
11
12
13
14
15
16
18
19
N°
1
8
9
17
IDÉIA CENTRAL 1 - MEDO, ANGUSTIA E PREOCUPAÇÃO
Com muito medo… medo de pegar uma doença
Fiquei com medo,… tive muito medo de pegar alguma doença. Angustiada
pois não conhecia o paciente.
Depois do acidente eu fiquei com medo por não saber quem era o paciente.
Ate os resultados dos exames fiquei apavorado.
[…] e medo de pegar uma doença como HIV ou Hepatite.
A gente fica receoso né, não conhecia o paciente.
[…] medo, insegurança…
A gente fica preocupada né… mesmo sabendo quem era o paciente, mas e as
doenças transmissíveis?
A gente fica triste né… mesmo fazendo o teste rápido tem outras
doenças….mais senti só tristeza mesmo, mais nada.
Na hora bateu uma angústia… mas o que me deixou aliviado foi que o
paciente era uma criança de 11 anos… Porém poderia ter sido um paciente
soropositivo, mesmo assim a gente fica apreensivo.
[…] medo…
Ai! Eu fiquei com medo, por que o paciente já havia feito varias transfusão de
sangue, e tinha tido vários problemas de saúde. A gente fica preocupado
mesmo.
Ai eu fiquei com muito medo porque a criança usava traqueostomia, foi
transfundida várias vezes, tinha bastante problemas de saúde, a mãe usava
drogas e isso me preocupou muito…doenças que poderia adquirir com esse
acidente.
Morri de medo, porque me contaminei com uma agulha que tinha sido usada
em um paciente com suspeita de hepatite… Fiquei apreensiva… Bastante
preocupada.
No momento me deu medo.
Me deu uma tristeza, pois não sabia quem era o paciente.
… Medo também.
IDÉIA CENTRAL 2 - MOMENTO HORRÍVEL E DIFÍCIL
Foi a pior experiência da minha vida.
Mesmo tendo sido acidentada por culpa da colega de trabalho, é difícil.
Foi horrível imaginar ter adquirido um HIV ou outra doença. Não gosto nem
de lembra, foi uma sensação terrível.
Nossa nem sei explicar o que significou para mim, foi um momento horrível.
83
18
20
N°
[…] Difícil.
É difícil dizer, pois na hora a gente nem sabe o que fazer, e depois vem as
doenças que poderia ter pegado pelo acidente, […] é terrível pensar que por
um descuido você pega uma doença como HIV
IDÉIA CENTRAL 3 - DEPRESSÃO E INCONFORMIDADE
2
[…] Só sabia chorar…
5
[…] Chorei muito depois do acidente […]
6
Fiquei deprimida por muito tempo, mesmo tomando toda precaução, só
pensava no HIV, e agora o que vai ser de mim.
7
Chorei de medo e de raiva, não me conformo que isso tenha acontecido
comigo.
17
Chorei muito…
N°
IDÉIA CENTRAL 4 - MUITA RAIVA PESSOAL E DOS COLEGAS DE
TRABALHO
No momento fiquei com muita raiva de mim mesmo, pela falta de atenção, e
descuido com o material.
3
7
8
12
Fiquei com muita raiva dos profissionais que estavam trabalhando comigo,
ate por que foi por erro de um dele que ocorreu o acidente.
Fiquei com muita raiva.
A gente fica com raiva né… de não ter prestado a devida atenção.
N°
IDÉIA CENTRAL 5 - CULPA
5
Senti que foi falta de atenção da minha parte. Negligencia em manusear o
material sem uso de EPI, com a pressa, e sem funcionários, a gente faz tudo
correndo pra dar conta do serviço.
12
Significou pra mim que eu devo ficar mais atenta ao realizar os
procedimentos, principalmente com perfurocortante.
18
[…] Me culpei muito pela falta de atenção.
19
Puxa vida que vacilo que dei, me senti muito culpada.
Nº
IDÉIA CENTRAL 6 - TUDO DE RUIM PASSA PELA CABEÇA
1
Foi muito ruim.
8
Foi tudo muito ruim pra mim.
16
Tudo de ruim vem na cabeça, pois não sabia nada do paciente.
N°
IDÉIA CENTRAL 7 - IMPOTENCIA
84
5
Senti impotente.
18
Não sabia quem era o paciente, e quando olhei para minha mão, não sabia o
que fazer.
20
[…] Me senti inútil…
N°
4
IDÉIA CENTRAL 8 - FALTA DE HUMANIDADE
Senti falta de humanidade e respeito... Muito constrangimento, pois o
acidente em si, não me preocupou tanto. Mais proceder depois do acidente
que me preocupou, pois fui mal informada em realizar a notificação, parece
que ninguém se preocupa com a gente.
N°
4
IDÉIA CENTRAL 9 - SEM VALOR PARA A INSTITUIÇÃO
Parece que não temos muito valor para a instituição.
Pergunta 2: O que você sentiu após ter sofrido este acidente?
N°
1
4
5
6
7
9
10
12
13
14
15
16
17
18
19
IDÉIA CENTRAL 1 - DIVERSOS SENTIMENTOS
Senti medo e insegurança, raiva de mim mesma.
[…] Sei que foi um descuido meu.
Fiquei preocupada, não tem como não ficar né… Conversei com o paciente
para fazer o teste rápido e fiquei apreensiva ate o resultado.
Chorei muito com medo de ter me contaminado, é uma sensação horrível, o
medo e a angustia, e a duvida será que aquele paciente tem alguma doença.
Na hora fiquei com raiva do profissional medico, pois não estava prestando
atenção no procedimento que ele estava executando, acho falta de respeito
com o profissional de enfermagem.
Depois do acidente fiquei apavorada, com medo de pegar uma doença, foi
horrível.
Senti muito medo, por não conhecer o paciente, e triste por imaginar as
doenças que poderia adquirir com esse acidente.
Fiquei muito nervosa, porque a paciente estava em quarto de isolamento, e
isso me deixou muito apreensiva.
[…] raiva de mim.
Fiquei preocupada e angustiada, por não conhecer o paciente, vem muita
coisa na cabeça da gente.
Depois do acidente senti muito medo, fiquei bastante preocupada e na
expectativa dos resultados dos exames.
Fiquei com muito medo, chorei muito em casa, ai que a gente percebe a
responsabilidade que tem.
Senti muita angustia e medo, pensei que ia entrar em depressão, porque só
sabia chorar.
Fiquei muito triste com o acontecido, foi tudo muito rápido, quando cheguei
em casa chorei muito.
Depois do acidente fiquei preocupada, nervosa com a situação, não sabia o
que fazer.
85
20
Nossa depois que aconteceu o acidente eu só sabia pensar nas doenças que
poderia pegar, ai fiquei nervosa, não gosto de lembrar.
N°
2
IDÉIA CENTRAL 2 - DESCUIDO PESSOAL
Senti que foi um erro meu. Descuido, pois deveria ter mais cuidado ao
manusear material perfurocortante.
3
Senti que foi um descuido meu. Falta de atenção, deveria ter pedido ajuda de
algum colega para me ajudar com o material perfurocortante.
4
[…] mas mereço respeito.
13
Falta de atenção. Percebi que necessito de mais cuidado com o descarte de
material perfurocortante.
N°
IDÉIA CENTRAL 3 - NÃO SENTI NADA
8
Como eu já conhecia a criança fiquei mais tranquila. Não senti nada não, pois
sabia que a criança era saudável.
11
Até que não fiquei muito tenso por ser uma criança.
N°
4
IDÉIA CENTRAL 4 - FALTA DE ASSISTENCIA
Senti que os profissionais responsáveis não estão preparados para nos
atender nesta situação, não fui bem assistida, ninguém se preocupa com
nossos sentimentos, agem somente com a parte burocrática e esquecem que
temos sentimentos.
86
ANEXO C - Parecer Consubstanciado Nº 596/2010
87
Download

Características dos acidentes