Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] Dados de referência para Benchmarking Produção de tijolo e abobadilha em Portugal A Unidade de Engenharia e Gestão Industrial do Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro realizou um estudo sobre a produção de cerâmica estrutural em Portugal, particularmente das empresas produtoras de tijolo (furacão horizontal e vertical) e de abobadilha, com dados referentes ao ano de 2004. Pretendeu-se com este estudo criar uma base de dados tão fiável quanto possível, que permita fazer um enquadramento do sector em várias áreas e que possibilite às empresas uma avaliação comparada de desempenho face aos valores apresentados, isto é, fazer benchmarking1. O universo de trabalho foi de aproximadamente setenta empresas, tendo sido calculado que este conjunto reúne as empresas produtoras mais significativas, cujos valores traduzem a realidade correspondente a 95% da produção nacional. Deve no entanto ser referido que nem todas as empresas disponibilizaram dados para todos os itens considerados. Às empresas que se disponibilizaram para fornecer informação o nosso agradecimento, bem como aos colegas das Unidades de Energia e Ambiente do CTCV e à APICER. 1. Caracterização das empresas 1.1 Dimensão em número de trabalhadores Para caracterizar as empresas, em termos do número de colaboradores, estabeleceu-se 5 intervalos e determinou-se a frequência de ocorrência nestes intervalos. A distribuição das empresas2, de acordo com os intervalos de número de trabalhadores, está representada na figura 1. 28 Nº de empresas 24 4 20 3 13 ≤ 20 trab. 16 12 21-30 trab. 12 31-40 trab. 41-50 trab. 8 ≥ 50 trab. 4 24 0 ≤ 20 21-30 31-40 41-50 >50 Nº de trabalhadores Figura 1 – Relação do número de empresas com o número de trabalhadores por empresa Verifica-se que o sector se caracteriza por empresas de pequena e média dimensão, sendo que 66% destas possui um número de trabalhadores inferior a 30. A tendência de um menor número de trabalhadores aparece associada à tecnologia de “carga directa”, inerente ao processo produtivo que se caracteriza por um layout simplificado e menor número de operações com intervenção do trabalhador. 1 Entende-se por benchmarking: “ Processo contínuo e sistemático que permite a comparação das performances das organizações e respectivas funções ou processos face ao que é considerado “o melhor nível”, visando não apenas a equiparação dos níveis de performance, mas também a sua ultrapassagem”. (Comissão Europeia, 1996) 2 Amostra de empresas correspondente a 96% da produção 2004 1 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] 1.2 Capacidade instalada e produções A produção anual de 2004 foi de cerca de 3 364 128 toneladas, valor ligeiramente superior ao registado em 2003, onde foram contabilizadas 3 076 689 toneladas. No entanto, a produção nos anos considerados pouco ultrapassa os 50% da capacidade instalada, a nível nacional, cujo valor se situa em 6 050 000 toneladas. Estes dados referentes a quantidades anuais são calculados considerando um período de trabalho de 330 dias. A figura 2 apresenta as produções 2004 por empresa, por ordem decrescente, e o total acumulado a nível nacional (curva verde) e pode constatar-se que cerca de 30 empresas detêm 80% da produção realizada em 2004. Milhares de toneladas 350 100% 300 80% 250 60% 200 150 40% 100 20% 50 0 0% 1 11 21 31 41 Figura 2 – Produções por empresa e total acumulado 2004 A figura 3 relaciona o número de empresas com a capacidade de produção em 2004. Verificase que neste sector a maioria das empresas tem uma dimensão pequena, apenas 7 empresas produziram quantidades superiores a 100 000 toneladas. 30 3 Nº empresas 25 4 20 ≥ 200 000 ton/ano 15 100000-200000 10 50000-100000 26 18 5 ≤ 50000 0 ≤ 50 50-100 100-200 ≥ 200 Produção 2004 (Milhares de toneladas) Figura 3 – Quantidade produzida em 2004, em toneladas e número de empresas associado A figura 4 apresenta, no mapa de Portugal, a distribuição da produção nacional por distritos, em percentagem do total produzido e em milhares de toneladas, respectivamente. 2 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] Figura 4 – Distribuição da produção de 2004, por distritos, em percentagem e em milhares de toneladas As maiores produções concentram-se na faixa litoral, nos distritos de Lisboa, Leiria e Aveiro respectivamente, cujos valores somados representam, no total da produção nacional, uma percentagem aproximada de 70%. Cada um destes distritos apresentam, per si, produções acima das 700 000 toneladas. Seguindo uma análise por ordem decrescente, os distritos de Santarém e Setúbal apresentam produções superiores a 200 000 toneladas que, a nível percentual já representam valores abaixo dos 10%. Na figura 5 pode ver-se, por distrito, a tendência em termos de produção de 2004 comparativamente a 2003 e simultaneamente a capacidade instalada das empresas nessas regiões. O gráfico evidencia a retracção de produção registada nos dois últimos anos, face à capacidade produtiva instalada das empresas. Milhares de toneladas Para facilitar a leitura, introduziu-se três mapas nacionais, onde estão assinaladas, por distrito, as produções de 2003, 2004 e a capacidade instalada, respectivamente. 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 A veiro B raga B ragança Co imbra Produção 2003 Faro Leiria Produção 2004 Lisbo a Santarém Setúbal V. Castelo Capacidade instalada 3 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] Figura 5 – Produção de tijolo e abobadilha nos anos de 2003 e 2004 e capacidade instalada, em milhares de toneladas 1.3 Produtividade As empresas contempladas neste estudo são empregadoras de cerca de 2000 trabalhadores. Para relacionar as produções de 2004 com o número de trabalhadores por empresa, recorreuse ao conceito de produtividade que considera o quociente entre a quantidade produzida por empresa e o respectivo número de trabalhadores. Os valores obtidos3 foram agrupados por intervalos e determinada a frequência de ocorrência por intervalo – figura 6. 20 Nº de empresas 16 12 8 4 0 750 - 1550 1550 - 2350 2350 - 3150 3150 - 3950 3950 - 4750 4750 - 5550 5550 - 6350 Produtividade (t/trabalhador) Figura 6 – Valores de produtividade e número de empresas associado O gráfico apresenta maior ocorrência de empresas com valores de produtividade abaixo das 2350 toneladas por trabalhador. 3 Amostra de empresas que representa 96% da produção 2004 4 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] Apenas 3 empresas apresentam valores de produtividade acima das 5550 toneladas, o que, dentro da amostra considerada, merece um destaque de excepção. Como de pode observar no gráfico, a dispersão da amostra é muito grande. Deve referir-se que o valor da mediana4 para a totalidade da amostra é de 1833 toneladas/trabalhador. Relacionou-se também a produtividade com a quantidade produzida em 2004, definidos três intervalos. Calculou-se os valores de mínimo, máximo e o valor da mediana para cada intervalo e os resultados obtidos são apresentados na figura 7. Produtividade (t/ trabalhador) Produção 2004 (toneladas) Mín Máx Mediana ≤ 50000 800 3125 1359 50000 - 100000 1073 3333 2205 2518 6064 3462 ≥ 100000 Figura 7 – Valores de produtividade A mediana dos valores de produtividade correspondentes aos intervalos definidos apresenta uma tendência crescente com o aumento da quantidade produzida, ou seja, as empresas de maior dimensão, em termos de capacidade produtiva, apresentam melhores valores para a relação quantidade produzida/número de trabalhadores - produtividade. 2. Caracterização energética e ambiental 2.1 Tipo de combustíveis Relativamente ao tipo de combustíveis utilizados, verifica-se que 20 empresas utiliza apenas gás natural (GN), estando 4 empresas a utilizar fuel, 3 exclusivamente a coque e 5 declararam utilizar combustíveis sólidos. As restantes 28 empresas recorrem a vários combustíveis, de acordo com as combinações descritas nas figuras 8 e 9: Combustível GN Nº empresas Produção em 2004 (ton/ano) Percentagem da produção nacional 20 1 528 780 45,4% Fuel 4 75 000 2,2% Coque 3 192 200 5,7% Combustíveis sólidos 5 85 154 2,6% Fuel + Coque 7 357 097 10,6% Combustíveis sólidos + (Coque/ Fuel/ Óleo reciclado) 8 338 527 10,1% GN + (Coque/ Fuel/ Combustíveis sólidos) 9 440 226 13,1% Outros combustíveis 4 347 144 10,3% 28 Figura 8 – Combustíveis utilizados na produção de cerâmica estrutural No universo das 28 empresas que utilizam como fontes de energia térmica vários combustíveis, são em maior número (9) as que combinam o gás natural com outro combustível, por exemplo gás natural e coque, ou gás natural e fuel ou gás natural e combustíveis sólidos. No item “Outros combustíveis” foram reunidas empresas que utilizam GPL e óleos reciclados, em exclusivo ou como complemento a outros combustíveis. 4 A mediana é o centro de um conjunto numérico, isto é, metade da amostra possui valores maiores e a outra metade possui valores menores, isto é, corresponde ao percentil 50. 5 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] 5 3 GN Fuel 4 7 8 28 Co que Co mb. Só lido s Fuel+co que 9 4 20 Co mb.só lido s+(co que/fuel/ó leo ) GN+(co que/fuel/co mb. só lido s) Outro s Figura 9 – Tipo de combustíveis e número de empresas utilizadoras Relacionou-se a quantidade produzida em 2004 com o tipo de combustível utilizado - figura 10e é possível verificar que 45% da produção, realizada por 20 empresas e correspondente a mais de 1 500 000 toneladas, foi feita com gás natural. O gás natural foi também usado por mais 9 empresas que complementam a sua produção de energia térmica com outros combustíveis. No entanto deve notar-se que o recurso aos restantes combustíveis, excluindo o gás natural, é a opção escolhida por 31 empresas, que representam 42% da produção de 2004. GN 3% 2% 6% Fuel 11% Co que 10% Co mb. Só lido s 13% Fuel+co que 10% Co mb.só lido s+(co que/fuel/ó leo ) 44% 45% GN+(co que/fuel/co mb. só lido s) Outro s Figura 10 – Percentagem da produção associada a cada tipo de combustível 2.2 Consumo específico de energia Para o benchmarking energético5, considerou-se separadamente os dois tipos de energia: eléctrica e térmica, e calculou-se separadamente os consumos específicos de energia. Tendo em conta a grande variação existente entre as quantidades produzidas, estabeleceu-se intervalos de produção e, nestes intervalos, foram analisados os consumos específicos e determinados os valores do percentil 5 (P5), do percentil 95 (P95) e o valor da mediana. 5 Amostra de empresas que representa 63% da produção 2004 6 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] Consumo específico de energia Eléctrica (kWh/t) Produção 2004 Térmica (GJ/t) P5 P 95 Mediana P5 P 95 Mediana ≤60000 34,05 80,61 48,30 1,38 2,29 1,56 60000-100000 34,00 59,21 44,83 1,21 1,63 1,37 ≥ 100000 33,30 48,00 38,20 1,02 1,75 1,23 Figura 11 – Consumos específicos de energia P5 – percentil 5: significa que 5% das empresas da amostra têm um valor inferior ao apresentado; P95 – percentil 95: significa que 95% das empresas da amostra têm um valor inferior ao apresentado e que apenas 5% têm um valor superior Entre as empresas produtoras de tijolo, pode considerar-se como empresa bem posicionada no consumo e gestão de energia aquela cujos valores de consumo específico se situem entre 38-40 kWh/t e 1,2-1,4 GJ/t, respectivamente consumo eléctrico e térmico. As empresas cujos consumos se encontrem nestes intervalos estão próximas do valor tabelado pelo RGCE6, 40 kgep/t.. Verifica-se que, na generalidade, as empresas de maiores dimensões conseguem apresentar valores mais baixos de consumo específico de energia. Alguns consumos apresentam valores baixos por influência da existência de sistemas de cogeração. Pelos valores da mediana apresentados na figura 11 pode verificar-se que 50% das empresas que produzem acima das 100 000 toneladas atingem os valores referidos. No entanto deve ser salientado que, no intervalo de produção entre 50 000 e 100 000 toneladas, se encontram também alguns casos de empresas que conseguem obter os valores óptimos. Estes valores reflectem o esforço dessas empresas: na modernização dos equipamentos, com aquisição de maquinaria mais eficiente, ao nível do rendimento energético, nomeadamente nas secções de preparação e conformação de pasta; no cumprimento de um plano de manutenção e acompanhamento do estado dos equipamento; na gestão eficiente do planeamento energético, tanto de energia eléctrica como térmica. 2.3 Custos de energia Incluíu-se no benchmarking energético o indicador do custo de energia eléctrica e térmica por tonelada de produto produzido. Ao nível da energia térmica considerou-se dois conjuntos: as empresas que utilizam gás natural e as empresas que utilizam outros combustíveis. A figura 12 apresenta os valores do percentil 5 (P5) e do percentil 95 (P95), para os custos de energia7 relativos a 2004. Custo energia (€ / t) Eléctrica P5 1,8 GN P95 3,4 P5 4,4 Térmica Outros combustíveis P95 P5 P95 7,2 4,5 6,6 Figura 12 – Custos de energia, em euros por tonelada 6 7 Regulamento de Gestão do Consumo de Energia Amostra de empresas que representa 40% da produção 2004 7 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] P5 – percentil 5: significa que 5% das empresas da amostra têm um valor inferior ao apresentado; P95 – percentil 95: significa que 95% das empresas da amostra têm um valor inferior ao apresentado e que apenas 5% têm um valor superior A variação dos custos de electricidade está relacionada com: os horários de funcionamento; o equipamento de preparação de pasta e conformação; boa gestão energia. Relativamente aos horários de funcionamento, a empresa pode conseguir menores consumos fazendo o deslastre de cargas, de forma a utilizar maquinaria de grande consumo eléctrico em horas de custo mais barato, sempre que esta medida não cause perturbações no processo. O custo de energia térmica apresenta um máximo mais elevado para os consumidores de gás natural. Os valores de consumo de energia térmica estão directamente relacionados com as características do processo e dos equipamentos de secagem e cozedura. 2.4 A produção de tijolo e abobadilha e o ambiente De acordo com as especificidades do processo produtivo do sector da cerâmica estrutural, este caracteriza-se, relativamente aos principais impactes ambientais, por emissões atmosféricas e produção de resíduos. As emissões atmosféricas resultam dos processos térmicos: secagem e cozedura e a presença de determinados contaminantes depende do tipo de combustível e da composição das matérias primas. A figura 13 apresenta alguns valores de emissão de poluentes tipicamente encontrados no sector: partículas, F, Cl, e SO2 (em kg por tonelada de produto).8 Os valores apresentados são indicativos. Poluente Valor Unidade Abrangência na amostra considerada Flúor < 0,05 (kg HF/ t) 95% empresas SO2 < 0,5 (kg SO2/ t) 66% empresas < 0,2 (kg partículas/ t) 75% empresas < 0,11 (kg HCl/ t) 85% empresas Partículas Cloretos Figura 13 – Valores de emissão de poluentes gasosos no universo de empresas considerado Tendo em conta a importância do comércio de emissões, não poderia faltar uma referência à quantidade de licenças de emissão de dióxido de carbono (CO2), em toneladas por ano, atribuídas pelo PNALE9. Foi recentemente publicado em Diário da República - série II, de 13 Setembro 2005, a lista das instalações participantes no comércio de emissões e a respectiva atribuição de licenças de emissão de toneladas de CO2. A figura 14 apresenta o valor total das licenças atribuídas para o sector da cerâmica estrutural, em particular para as empresas produtoras de tijolo e abobadilha. Licenças anuais atribuídas (t CO2) para o período 2005-07 Nº empresas considerado 592 625 75 Figura 14 – Licenças de emissão de CO2 O valor característico de emissão de CO2, calculado para o sector da cerâmica estrutural, é de 112 kg CO2 por tonelada de produto produzido10. 8 Amostra de empresas que representa 26% da produção nacional Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão 10 Valor de referência em “Impactes Ambientais e Comércio de Emissões”, CTCV 2004 9 8 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] Tendo como base este valor de referência, calculou-se os valores previstos de emissão de CO2, para a produção de 2004 e para a capacidade instalada, de acordo com os valores previamente apresentados. O objectivo deste exercício foi traçar uma panorâmica do sector relativamente ao saldo de licenças atribuídas. Emissão de CO2 (t/ano) Produção 2004 (t) 3 346 128 Licenças atribuídas/ano 376 782 Capacidade instalada (t) 6 050 000 592625 677 600 Saldo (t CO2) 215 843 ½ -84975 ¾ Figura 15 – Saldo de licenças anuais de CO2 A figura 15 apresenta o valor das emissões de CO2 correspondentes à produção de 2004 e à produção máxima, no caso de as empresas estarem a utilizar toda a capacidade instalada. Comparados os valores com o valor anual de licenças verifica-se que, para a produção de 2004 existe saldo positivo de licenças disponíveis, enquanto no caso de produção à capacidade máxima existe um déficit de licenças de -84975. 3. Estrutura de custos A estrutura de custos suportada pela empresa, relativamente ao preço do produto, pode apresentar oscilações para as várias parcelas. Tendo em conta a divulgação destes dados numa publicação recente do CTCV – “Impactes Ambientais e Comércio de Emissões”, utilizou-se como base de cálculo a mesma distribuição percentual para cada um itens. No entanto, esta fonte assume um preço final do produto que engloba toda a cerâmica estrutural, incluindo a telha. Considerou-se que este valor estaria inflacionado, se aplicado ao tijolo e à abobadilha. Deste modo, assumiu-se como valor base para a distribuição de custos em €/t, o preço de venda do tijolo: 20€ por tonelada, ou seja, um valor de 0,10€/tijolo11. Os valores são apresentados na figura 16. €/t % Matérias primas 2,3 11 Custos pessoal 5,6 28 Energia (eléctrica e gás natural) 6,6 33 Outros custos 5,6 28 Figura 16 – Repartição de custos na cerâmica estrutural : tijolo A parcela com maior peso é a atribuída aos custos energéticos e daí que qualquer iniciativa ou medida no sentido de racionalizar os consumos será sempre de impacto relevante. 4. Aquisição de matérias primas Relativamente à forma de aquisição das matérias primas utilizadas12, as empresas distribuemse da seguinte forma: matérias primas provenientes de barreiros próprios (P), adquiridas (A), ou um misto de (P) e (A). A produção 2004 associada a esta distribuição, bem como o número de empresas respectivo estão representados nas figuras 17 e 18. Prod 2004 (milhares toneladas) Matérias primas de barreiros próprios Matérias primas adquiridas na totalidade Matérias primas próprias e adquiridas (P) 1344 (A) 410 (P+A) 1172 Figura 17 – Produção 2004 associada à forma de aquisição de matérias primas 11 12 Considerando o formato mais produzido o tijolo de 11 e assumindo um peso médio de 5kg por unidade Amostra de empresas que representa 87% da produção 2004 9 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] Próprias + Adquiridas; 11 Próprias; 28 Adquiridas; 8 Figura 18 – Número de empresas e tipo de aquisição de matérias primas 5. Equipamento de cozedura A figura 19 apresenta a produção de 2004 realizada nos vários tipos de forno. No universo considerado13, verifica-se que a maioria das empresas (90%) possui fornos de túnel contínuos, 6% possui fornos circulares e apenas 4% tem fornos Hoffmann. Tipo de forno Nº empresas Produção 2004 (milhares toneladas) Forno túnel 48 3052 Forno circular 3 218 2 30 Forno Hoffmann Figura 19 – Tipo de fornos utilizados na produção 2004 6. Colocação de produto no mercado A produção de tijolo e abobadilha é maioritariamente destinada ao mercado nacional. Apenas 5 empresas referiram que uma parte da sua produção é destinada a exportação, assumindo, no entanto, valores residuais. As empresas colocam o seu produto no mercado recorrendo principalmente a armazenistas e revendedores, sendo a segunda opção mais utilizada a venda directa a construtores. A venda a clientes finais é a estratégia utilizada em menor percentagem. 7. Valores de Espanha Com o objectivo de conhecer dados do sector de cerâmica estrutural – produção de tijolo, em Espanha, estabeleceu-se uma parceria entre o CTCV e um gabinete de assessoria técnica que elabora estudos sectoriais da indústria cerâmica, habitualmente publicados na conhecida revista Técnica Cerámica. Apesar de se ter solicitado que os valores tivessem associada a validade estatística ou estivessem relacionados com a dimensão das empresas, os dados enviados são valores médios, nomeadamente para os consumos energéticos e a produtividade, divulgados na figura 20. Produção 2004 (t) 14 276 130 Nº trabalhadores 6072 Produtividade (t/ trabalhador) 2351 Consumo eléctrico (kWh/t) 50 Consumo térmico (GJ/t) Tipo de combustível utilizado 13 1,59 70% empresas GN; 30% outros combustíveis Amostra de empresas que representa 97% da produção 2004 10 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected] Figura 20 – Dados das empresas produtoras de tijolo em Espanha Nota final Este trabalho foi elaborado com uma perspectiva de utilidade, pelo que o seu desenvolvimento se orientou no sentido de disponibilizar informação e fornecer meios que permitam às empresas por ele abrangidas avaliar o seu desempenho e estabelecer uma posição no sector. Assim, acreditamos que a partilha de informação, salvaguardando a confidencialidade, contribui para o fortalecimento das empresas, numa óptica de perceber quais as melhores práticas que conduzem aos melhores resultados. Este é um exercício de benchmarking! Também na formalização de contratos de aquisição de matérias primas e/ou energia, pode este espírito de partilha e conhecimento mútuo contribuir para reforçar a capacidade negocial com fornecedores. Pensamos que o interesse da informação deste trabalho legitima uma intenção de continuidade com uma periodicidade anual ou bianual. O CTCV dispõe dos meios necessários à realização destes exercícios de benchmarking, que serão oportunamente divulgados e para os quais esperamos a adesão das empresas. Coimbra, Setembro de 2005 Eng.ª Ana Sofia Amaral Unidade de Engenharia e Gestão Industrial 11