Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
Dados de referência para Benchmarking
Produção de tijolo e abobadilha em Portugal
A Unidade de Engenharia e Gestão Industrial do Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
realizou um estudo sobre a produção de cerâmica estrutural em Portugal, particularmente das
empresas produtoras de tijolo (furacão horizontal e vertical) e de abobadilha, com dados
referentes ao ano de 2004.
Pretendeu-se com este estudo criar uma base de dados tão fiável quanto possível, que permita
fazer um enquadramento do sector em várias áreas e que possibilite às empresas uma
avaliação comparada de desempenho face aos valores apresentados, isto é, fazer
benchmarking1.
O universo de trabalho foi de aproximadamente setenta empresas, tendo sido calculado que
este conjunto reúne as empresas produtoras mais significativas, cujos valores traduzem a
realidade correspondente a 95% da produção nacional. Deve no entanto ser referido que nem
todas as empresas disponibilizaram dados para todos os itens considerados.
Às empresas que se disponibilizaram para fornecer informação o nosso agradecimento, bem
como aos colegas das Unidades de Energia e Ambiente do CTCV e à APICER.
1. Caracterização das empresas
1.1 Dimensão em número de trabalhadores
Para caracterizar as empresas, em termos do número de colaboradores, estabeleceu-se 5
intervalos e determinou-se a frequência de ocorrência nestes intervalos.
A distribuição das empresas2, de acordo com os intervalos de número de trabalhadores, está
representada na figura 1.
28
Nº de empresas
24
4
20
3
13
≤ 20 trab.
16
12
21-30 trab.
12
31-40 trab.
41-50 trab.
8
≥ 50 trab.
4
24
0
≤ 20
21-30
31-40
41-50
>50
Nº de trabalhadores
Figura 1 – Relação do número de empresas com o número de trabalhadores por empresa
Verifica-se que o sector se caracteriza por empresas de pequena e média dimensão, sendo
que 66% destas possui um número de trabalhadores inferior a 30. A tendência de um menor
número de trabalhadores aparece associada à tecnologia de “carga directa”, inerente ao
processo produtivo que se caracteriza por um layout simplificado e menor número de
operações com intervenção do trabalhador.
1
Entende-se por benchmarking: “ Processo contínuo e sistemático que permite a comparação das performances das
organizações e respectivas funções ou processos face ao que é considerado “o melhor nível”, visando não apenas a
equiparação dos níveis de performance, mas também a sua ultrapassagem”. (Comissão Europeia, 1996)
2
Amostra de empresas correspondente a 96% da produção 2004
1
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
1.2 Capacidade instalada e produções
A produção anual de 2004 foi de cerca de 3 364 128 toneladas, valor ligeiramente superior ao
registado em 2003, onde foram contabilizadas 3 076 689 toneladas.
No entanto, a produção nos anos considerados pouco ultrapassa os 50% da capacidade
instalada, a nível nacional, cujo valor se situa em 6 050 000 toneladas.
Estes dados referentes a quantidades anuais são calculados considerando um período de
trabalho de 330 dias.
A figura 2 apresenta as produções 2004 por empresa, por ordem decrescente, e o total
acumulado a nível nacional (curva verde) e pode constatar-se que cerca de 30 empresas
detêm 80% da produção realizada em 2004.
Milhares de toneladas
350
100%
300
80%
250
60%
200
150
40%
100
20%
50
0
0%
1
11
21
31
41
Figura 2 – Produções por empresa e total acumulado 2004
A figura 3 relaciona o número de empresas com a capacidade de produção em 2004. Verificase que neste sector a maioria das empresas tem uma dimensão pequena, apenas 7 empresas
produziram quantidades superiores a 100 000 toneladas.
30
3
Nº empresas
25
4
20
≥ 200 000 ton/ano
15
100000-200000
10
50000-100000
26
18
5
≤ 50000
0
≤ 50
50-100
100-200
≥ 200
Produção 2004 (Milhares de toneladas)
Figura 3 – Quantidade produzida em 2004, em toneladas e número de empresas associado
A figura 4 apresenta, no mapa de Portugal, a distribuição da produção nacional por
distritos, em percentagem do total produzido e em milhares de toneladas,
respectivamente.
2
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
Figura 4 – Distribuição da produção de 2004, por distritos, em percentagem e em milhares de toneladas
As maiores produções concentram-se na faixa litoral, nos distritos de Lisboa, Leiria e Aveiro
respectivamente, cujos valores somados representam, no total da produção nacional, uma
percentagem aproximada de 70%. Cada um destes distritos apresentam, per si, produções
acima das 700 000 toneladas.
Seguindo uma análise por ordem decrescente, os distritos de Santarém e Setúbal apresentam
produções superiores a 200 000 toneladas que, a nível percentual já representam valores
abaixo dos 10%.
Na figura 5 pode ver-se, por distrito, a tendência em termos de produção de 2004
comparativamente a 2003 e simultaneamente a capacidade instalada das empresas nessas
regiões. O gráfico evidencia a retracção de produção registada nos dois últimos anos, face à
capacidade produtiva instalada das empresas.
Milhares de toneladas
Para facilitar a leitura, introduziu-se três mapas nacionais, onde estão assinaladas, por distrito,
as produções de 2003, 2004 e a capacidade instalada, respectivamente.
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
A veiro
B raga
B ragança
Co imbra
Produção 2003
Faro
Leiria
Produção 2004
Lisbo a
Santarém
Setúbal
V. Castelo
Capacidade instalada
3
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
Figura 5 – Produção de tijolo e abobadilha nos anos de 2003 e 2004 e capacidade instalada, em milhares de toneladas
1.3 Produtividade
As empresas contempladas neste estudo são empregadoras de cerca de 2000 trabalhadores.
Para relacionar as produções de 2004 com o número de trabalhadores por empresa, recorreuse ao conceito de produtividade que considera o quociente entre a quantidade produzida por
empresa e o respectivo número de trabalhadores. Os valores obtidos3 foram agrupados por
intervalos e determinada a frequência de ocorrência por intervalo – figura 6.
20
Nº de empresas
16
12
8
4
0
750 - 1550
1550 - 2350
2350 - 3150
3150 - 3950
3950 - 4750
4750 - 5550
5550 - 6350
Produtividade (t/trabalhador)
Figura 6 – Valores de produtividade e número de empresas associado
O gráfico apresenta maior ocorrência de empresas com valores de produtividade abaixo das
2350 toneladas por trabalhador.
3
Amostra de empresas que representa 96% da produção 2004
4
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
Apenas 3 empresas apresentam valores de produtividade acima das 5550 toneladas, o que,
dentro da amostra considerada, merece um destaque de excepção.
Como de pode observar no gráfico, a dispersão da amostra é muito grande.
Deve referir-se que o valor da mediana4 para a totalidade da amostra é de 1833
toneladas/trabalhador.
Relacionou-se também a produtividade com a quantidade produzida em 2004, definidos três
intervalos. Calculou-se os valores de mínimo, máximo e o valor da mediana para cada intervalo
e os resultados obtidos são apresentados na figura 7.
Produtividade (t/ trabalhador)
Produção 2004 (toneladas)
Mín
Máx
Mediana
≤ 50000
800
3125
1359
50000 - 100000
1073
3333
2205
2518
6064
3462
≥ 100000
Figura 7 – Valores de produtividade
A mediana dos valores de produtividade correspondentes aos intervalos definidos apresenta
uma tendência crescente com o aumento da quantidade produzida, ou seja, as empresas
de maior dimensão, em termos de capacidade produtiva, apresentam melhores valores para a
relação quantidade produzida/número de trabalhadores - produtividade.
2. Caracterização energética e ambiental
2.1 Tipo de combustíveis
Relativamente ao tipo de combustíveis utilizados, verifica-se que 20 empresas utiliza apenas
gás natural (GN), estando 4 empresas a utilizar fuel, 3 exclusivamente a coque e 5 declararam
utilizar combustíveis sólidos. As restantes 28 empresas recorrem a vários combustíveis, de
acordo com as combinações descritas nas figuras 8 e 9:
Combustível
GN
Nº empresas
Produção em
2004 (ton/ano)
Percentagem da
produção nacional
20
1 528 780
45,4%
Fuel
4
75 000
2,2%
Coque
3
192 200
5,7%
Combustíveis sólidos
5
85 154
2,6%
Fuel + Coque
7
357 097
10,6%
Combustíveis sólidos + (Coque/ Fuel/ Óleo reciclado)
8
338 527
10,1%
GN + (Coque/ Fuel/ Combustíveis sólidos)
9
440 226
13,1%
Outros combustíveis
4
347 144
10,3%
28
Figura 8 – Combustíveis utilizados na produção de cerâmica estrutural
No universo das 28 empresas que utilizam como fontes de energia térmica vários combustíveis,
são em maior número (9) as que combinam o gás natural com outro combustível, por exemplo
gás natural e coque, ou gás natural e fuel ou gás natural e combustíveis sólidos. No item
“Outros combustíveis” foram reunidas empresas que utilizam GPL e óleos reciclados, em
exclusivo ou como complemento a outros combustíveis.
4
A mediana é o centro de um conjunto numérico, isto é, metade da amostra possui valores maiores e a outra metade
possui valores menores, isto é, corresponde ao percentil 50.
5
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
5
3
GN
Fuel
4
7
8
28
Co que
Co mb. Só lido s
Fuel+co que
9
4
20
Co mb.só lido s+(co que/fuel/ó leo )
GN+(co que/fuel/co mb. só lido s)
Outro s
Figura 9 – Tipo de combustíveis e número de empresas utilizadoras
Relacionou-se a quantidade produzida em 2004 com o tipo de combustível utilizado - figura 10e é possível verificar que 45% da produção, realizada por 20 empresas e correspondente a
mais de 1 500 000 toneladas, foi feita com gás natural.
O gás natural foi também usado por mais 9 empresas que complementam a sua produção de
energia térmica com outros combustíveis.
No entanto deve notar-se que o recurso aos restantes combustíveis, excluindo o gás natural, é
a opção escolhida por 31 empresas, que representam 42% da produção de 2004.
GN
3%
2% 6%
Fuel
11%
Co que
10%
Co mb. Só lido s
13%
Fuel+co que
10%
Co mb.só lido s+(co que/fuel/ó leo )
44%
45%
GN+(co que/fuel/co mb. só lido s)
Outro s
Figura 10 – Percentagem da produção associada a cada tipo de combustível
2.2 Consumo específico de energia
Para o benchmarking energético5, considerou-se separadamente os dois tipos de energia:
eléctrica e térmica, e calculou-se separadamente os consumos específicos de energia.
Tendo em conta a grande variação existente entre as quantidades produzidas, estabeleceu-se
intervalos de produção e, nestes intervalos, foram analisados os consumos específicos e
determinados os valores do percentil 5 (P5), do percentil 95 (P95) e o valor da mediana.
5
Amostra de empresas que representa 63% da produção 2004
6
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
Consumo específico de energia
Eléctrica (kWh/t)
Produção 2004
Térmica (GJ/t)
P5
P 95
Mediana
P5
P 95
Mediana
≤60000
34,05
80,61
48,30
1,38
2,29
1,56
60000-100000
34,00
59,21
44,83
1,21
1,63
1,37
≥ 100000
33,30
48,00
38,20
1,02
1,75
1,23
Figura 11 – Consumos específicos de energia
P5 – percentil 5: significa que 5% das empresas da amostra têm um valor inferior ao
apresentado;
P95 – percentil 95: significa que 95% das empresas da amostra têm um valor inferior ao
apresentado e que apenas 5% têm um valor superior
Entre as empresas produtoras de tijolo, pode considerar-se como empresa bem posicionada
no consumo e gestão de energia aquela cujos valores de consumo específico se situem
entre 38-40 kWh/t e 1,2-1,4 GJ/t, respectivamente consumo eléctrico e térmico. As
empresas cujos consumos se encontrem nestes intervalos estão próximas do valor tabelado
pelo RGCE6, 40 kgep/t..
Verifica-se que, na generalidade, as empresas de maiores dimensões conseguem apresentar
valores mais baixos de consumo específico de energia. Alguns consumos apresentam valores
baixos por influência da existência de sistemas de cogeração.
Pelos valores da mediana apresentados na figura 11 pode verificar-se que 50% das empresas
que produzem acima das 100 000 toneladas atingem os valores referidos.
No entanto deve ser salientado que, no intervalo de produção entre 50 000 e 100 000
toneladas, se encontram também alguns casos de empresas que conseguem obter os valores
óptimos. Estes valores reflectem o esforço dessas empresas:
na modernização dos equipamentos, com aquisição de maquinaria mais eficiente,
ao nível do rendimento energético, nomeadamente nas secções de preparação e
conformação de pasta;
no cumprimento de um plano de manutenção e acompanhamento do estado dos
equipamento;
na gestão eficiente do planeamento energético, tanto de energia eléctrica como
térmica.
2.3 Custos de energia
Incluíu-se no benchmarking energético o indicador do custo de energia eléctrica e térmica por
tonelada de produto produzido. Ao nível da energia térmica considerou-se dois conjuntos: as
empresas que utilizam gás natural e as empresas que utilizam outros combustíveis.
A figura 12 apresenta os valores do percentil 5 (P5) e do percentil 95 (P95), para os custos de
energia7 relativos a 2004.
Custo energia (€ / t)
Eléctrica
P5
1,8
GN
P95
3,4
P5
4,4
Térmica
Outros combustíveis
P95
P5
P95
7,2
4,5
6,6
Figura 12 – Custos de energia, em euros por tonelada
6
7
Regulamento de Gestão do Consumo de Energia
Amostra de empresas que representa 40% da produção 2004
7
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
P5 – percentil 5: significa que 5% das empresas da amostra têm um valor inferior ao
apresentado;
P95 – percentil 95: significa que 95% das empresas da amostra têm um valor inferior ao
apresentado e que apenas 5% têm um valor superior
A variação dos custos de electricidade está relacionada com:
os horários de funcionamento;
o equipamento de preparação de pasta e conformação;
boa gestão energia.
Relativamente aos horários de funcionamento, a empresa pode conseguir menores consumos
fazendo o deslastre de cargas, de forma a utilizar maquinaria de grande consumo eléctrico em
horas de custo mais barato, sempre que esta medida não cause perturbações no processo.
O custo de energia térmica apresenta um máximo mais elevado para os consumidores de gás
natural. Os valores de consumo de energia térmica estão directamente relacionados com as
características do processo e dos equipamentos de secagem e cozedura.
2.4 A produção de tijolo e abobadilha e o ambiente
De acordo com as especificidades do processo produtivo do sector da cerâmica estrutural,
este caracteriza-se, relativamente aos principais impactes ambientais, por emissões
atmosféricas e produção de resíduos.
As emissões atmosféricas resultam dos processos térmicos: secagem e cozedura e a presença
de determinados contaminantes depende do tipo de combustível e da composição das matérias
primas.
A figura 13 apresenta alguns valores de emissão de poluentes tipicamente encontrados no
sector: partículas, F, Cl, e SO2 (em kg por tonelada de produto).8
Os valores apresentados são indicativos.
Poluente
Valor
Unidade
Abrangência na amostra considerada
Flúor
< 0,05
(kg HF/ t)
95% empresas
SO2
< 0,5
(kg SO2/ t)
66% empresas
< 0,2
(kg partículas/ t)
75% empresas
< 0,11
(kg HCl/ t)
85% empresas
Partículas
Cloretos
Figura 13 – Valores de emissão de poluentes gasosos no universo de empresas considerado
Tendo em conta a importância do comércio de emissões, não poderia faltar uma referência à
quantidade de licenças de emissão de dióxido de carbono (CO2), em toneladas por ano,
atribuídas pelo PNALE9.
Foi recentemente publicado em Diário da República - série II, de 13 Setembro 2005, a lista das
instalações participantes no comércio de emissões e a respectiva atribuição de licenças de
emissão de toneladas de CO2.
A figura 14 apresenta o valor total das licenças atribuídas para o sector da cerâmica estrutural,
em particular para as empresas produtoras de tijolo e abobadilha.
Licenças anuais atribuídas (t CO2) para o período 2005-07
Nº empresas considerado
592 625
75
Figura 14 – Licenças de emissão de CO2
O valor característico de emissão de CO2, calculado para o sector da cerâmica estrutural, é de
112 kg CO2 por tonelada de produto produzido10.
8
Amostra de empresas que representa 26% da produção nacional
Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão
10
Valor de referência em “Impactes Ambientais e Comércio de Emissões”, CTCV 2004
9
8
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
Tendo como base este valor de referência, calculou-se os valores previstos de emissão de
CO2, para a produção de 2004 e para a capacidade instalada, de acordo com os valores
previamente apresentados. O objectivo deste exercício foi traçar uma panorâmica do sector
relativamente ao saldo de licenças atribuídas.
Emissão de CO2 (t/ano)
Produção 2004 (t)
3 346 128
Licenças atribuídas/ano
376 782
Capacidade instalada (t) 6 050 000
592625
677 600
Saldo (t CO2)
215 843
½
-84975
¾
Figura 15 – Saldo de licenças anuais de CO2
A figura 15 apresenta o valor das emissões de CO2 correspondentes à produção de 2004 e à
produção máxima, no caso de as empresas estarem a utilizar toda a capacidade instalada.
Comparados os valores com o valor anual de licenças verifica-se que, para a produção de
2004 existe saldo positivo de licenças disponíveis, enquanto no caso de produção à
capacidade máxima existe um déficit de licenças de -84975.
3. Estrutura de custos
A estrutura de custos suportada pela empresa, relativamente ao preço do produto, pode
apresentar oscilações para as várias parcelas.
Tendo em conta a divulgação destes dados numa publicação recente do CTCV – “Impactes
Ambientais e Comércio de Emissões”, utilizou-se como base de cálculo a mesma distribuição
percentual para cada um itens. No entanto, esta fonte assume um preço final do produto que
engloba toda a cerâmica estrutural, incluindo a telha. Considerou-se que este valor estaria
inflacionado, se aplicado ao tijolo e à abobadilha. Deste modo, assumiu-se como valor base
para a distribuição de custos em €/t, o preço de venda do tijolo: 20€ por tonelada, ou seja,
um valor de 0,10€/tijolo11. Os valores são apresentados na figura 16.
€/t
%
Matérias primas
2,3
11
Custos pessoal
5,6
28
Energia (eléctrica e gás natural)
6,6
33
Outros custos
5,6
28
Figura 16 – Repartição de custos na cerâmica estrutural : tijolo
A parcela com maior peso é a atribuída aos custos energéticos e daí que qualquer iniciativa ou
medida no sentido de racionalizar os consumos será sempre de impacto relevante.
4. Aquisição de matérias primas
Relativamente à forma de aquisição das matérias primas utilizadas12, as empresas distribuemse da seguinte forma: matérias primas provenientes de barreiros próprios (P), adquiridas (A),
ou um misto de (P) e (A). A produção 2004 associada a esta distribuição, bem como o número
de empresas respectivo estão representados nas figuras 17 e 18.
Prod 2004 (milhares toneladas)
Matérias primas de barreiros próprios
Matérias primas adquiridas na totalidade
Matérias primas próprias e adquiridas
(P)
1344
(A)
410
(P+A)
1172
Figura 17 – Produção 2004 associada à forma de aquisição de matérias primas
11
12
Considerando o formato mais produzido o tijolo de 11 e assumindo um peso médio de 5kg por unidade
Amostra de empresas que representa 87% da produção 2004
9
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
Próprias +
Adquiridas; 11
Próprias; 28
Adquiridas; 8
Figura 18 – Número de empresas e tipo de aquisição de matérias primas
5. Equipamento de cozedura
A figura 19 apresenta a produção de 2004 realizada nos vários tipos de forno. No universo
considerado13, verifica-se que a maioria das empresas (90%) possui fornos de túnel contínuos,
6% possui fornos circulares e apenas 4% tem fornos Hoffmann.
Tipo de forno
Nº empresas
Produção 2004 (milhares toneladas)
Forno túnel
48
3052
Forno circular
3
218
2
30
Forno Hoffmann
Figura 19 – Tipo de fornos utilizados na produção 2004
6. Colocação de produto no mercado
A produção de tijolo e abobadilha é maioritariamente destinada ao mercado nacional. Apenas 5
empresas referiram que uma parte da sua produção é destinada a exportação, assumindo, no
entanto, valores residuais.
As empresas colocam o seu produto no mercado recorrendo principalmente a armazenistas e
revendedores, sendo a segunda opção mais utilizada a venda directa a construtores. A venda a
clientes finais é a estratégia utilizada em menor percentagem.
7. Valores de Espanha
Com o objectivo de conhecer dados do sector de cerâmica estrutural – produção de tijolo, em
Espanha, estabeleceu-se uma parceria entre o CTCV e um gabinete de assessoria técnica que
elabora estudos sectoriais da indústria cerâmica, habitualmente publicados na conhecida
revista Técnica Cerámica.
Apesar de se ter solicitado que os valores tivessem associada a validade estatística ou
estivessem relacionados com a dimensão das empresas, os dados enviados são valores
médios, nomeadamente para os consumos energéticos e a produtividade, divulgados na figura
20.
Produção 2004 (t)
14 276 130
Nº trabalhadores
6072
Produtividade (t/ trabalhador)
2351
Consumo eléctrico (kWh/t)
50
Consumo térmico (GJ/t)
Tipo de combustível utilizado
13
1,59
70% empresas GN; 30% outros combustíveis
Amostra de empresas que representa 97% da produção 2004
10
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
Rua Coronel Veiga Simão, Apartado 8052, 3020-901 Coimbra
Tel: 239499205 Fax: 239499204 Email: [email protected]
Figura 20 – Dados das empresas produtoras de tijolo em Espanha
Nota final
Este trabalho foi elaborado com uma perspectiva de utilidade, pelo que o seu desenvolvimento
se orientou no sentido de disponibilizar informação e fornecer meios que permitam às
empresas por ele abrangidas avaliar o seu desempenho e estabelecer uma posição no
sector.
Assim, acreditamos que a partilha de informação, salvaguardando a confidencialidade, contribui
para o fortalecimento das empresas, numa óptica de perceber quais as melhores práticas que
conduzem aos melhores resultados.
Este é um exercício de benchmarking!
Também na formalização de contratos de aquisição de matérias primas e/ou energia, pode este
espírito de partilha e conhecimento mútuo contribuir para reforçar a capacidade negocial com
fornecedores.
Pensamos que o interesse da informação deste trabalho legitima uma intenção de continuidade
com uma periodicidade anual ou bianual.
O CTCV dispõe dos meios necessários à realização destes exercícios de benchmarking, que
serão oportunamente divulgados e para os quais esperamos a adesão das empresas.
Coimbra, Setembro de 2005
Eng.ª Ana Sofia Amaral
Unidade de Engenharia e Gestão Industrial
11
Download

Estudo Sectorial para o Sector do Tijolo e Abobadilha em