tarde” e teve também o da Ivete Sangalo “MTV ao vivo” que me deu outro Grammy”, comenta. Mas em um outro CD do Caetano Veloso, em 2004 - “A foreign Sound”, que demorou quase um ano para finalizar, que Marcelo encontrou alguns “casamentos perfeitos”. Com a confiança do Caetano e do Jaques, ele teve toda a liberdade de criar e pesquisar sons. O casamento do microfone SONY G 800, pré NEVE 1079 com o compressor Anthony DeMaria ADL 150 é perfeito. “Nesses anos todos de áudio não ouvi nada parecido”, salienta. Outras situações especiais também aconteceram ao longo da carreira do técnico. Segundo ele, é muito difícil, quase raro, existir empatia entre músico, técnico e produtor, porém, tem uma história que ele adora contar, afinal levanta a grande e velha polêmica entre o analógico e digital. “Estávamos no estúdio AR e, em especial, nesse trabalho, estávamos gravando com 2 sistemas amarrados pelo smpte: o primeiro - duas studer de 24 canais rodando em 30 e o segundo - um Protools HD em 96 com 48 canais tudo sincronizado. Um dia tivemos a oportunidade de ter no estúdio, se não me falha a memória,16 saxofonistas para gravação de uma música só com eles e Caetano, com um belo arranjo do Jaques. Tudo ia bem até todos virem para a técnica ouvir o resultado. Com aquele arranjo, aquela voz e a linda música, não “Para pintar um quadro temos que ter visualizado uma imagem” tinha como não estar bom...estava muito bom. Aí, depois de todos aplaudirem o resultado, quando eles voltavam para guardar os instrumentos, um músico fez a feliz pergunta: ”foi gravado na fita também”? e eu respondi com muito orgulho: “sim”, aí ele: “posso ouvir?”, eu disse: “é claro”. Podem falar o que quiser mas eu gosto do som da fita, tava ótimo, na mesma hora o músico voltou e chamou todos para ouvir novamente, aí esse músico falou: “agora sim”. Esse músico era o Léo Gandelman”. Nessa mesma música, para usar na mixagem a fita como master, Marcelo teve que editar na mão partes do primeiro take com o terceiro. Na mixagem deste trabalho, André Rafael, dono do AR, com o Sidney Costa, chefe da manutenção, instalaram uma cabeça de 8 canais em 2 polegadas na “OTARI” para que o CD do Caetano Veloso fosse o primeiro CD Áudio em 5.1 gravado e mixado todo analógico do Brasil. “Eu e Jaques falamos com o Bob Ludwig, que achou uma ótima ideia e que estava ansioso para masterizar esse trabalho. Infelizmente a cabeça deu um problema e finalizamos em Protools 192 e em uma máquina que me surpreendeu: “GENEX”, cedida pela VISOM, do meu amigo Carlão. O Bob resolveu usar o áudio do “GENEX”, explica Marcelo. São cerca de 35 anos de carreira, um longo e extenso curriculum e uma bagagem cheia de experiência e knowhow. Conhecimento que não tem preço. Portanto, a dica é importante: “Com todos esses anos de trabalho, gosto de cada dia saber mais, ouvir mais, e gostaria muito que toda essa garotada que está vindo não confiasse tanto nos Plug-ins. Para reproduzir o áudio fiel de um instrumento você tem que já ter ouvido antes, até para saber que microfone usar, tem que frequentar as grandes salas de concerto, ir mais a shows. Hoje na internet já tem disponível várias gravações famosas abertas para ouvir como foi gravada e tentar uma mixagem. Para pintar um quadro temos que ter visualizado uma imagem”, finaliza Marcelo Sabóia. agosto 2010 • www.soundonsound.com.br 109