MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA CURSO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO Sistemas de Informações Geográficas e Sensoriamento Remoto como Ferramentas para a Caracterização da Geomorfologia em Áreas Submersas no Litoral Setentrional do RN (Bacia Potiguar) AUTORA FERNANDA BARBOSA DE LIMA ORIENTADOR Prof. Dr. VENERANDO EUSTÁQUIO AMARO (DG – UFRN) Natal/ RN, Fevereiro de 2005 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA CURSO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO Sistemas de Informações Geográficas e Sensoriamento Remoto como Ferramentas para a Caracterização da Geomorfologia em Áreas Submersas no Litoral Setentrional do RN (Bacia Potiguar) AUTORA FERNANDA BARBOSA DE LIMA Relatório de Graduação apresentado em 25 de Fevereiro de 2005, para a obtenção do título de Bacharel em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. VENERANDO EUSTÁQUIO AMARO (DG – UFRN) Profa Dra HELENICE VITAL (DG – UFRN) Prof. MSc. LEÃO XAVIER DA COSTA NETO (CEFET – RN) Natal/ RN, Fevereiro de 2005 AGRADECIMENTOS A conclusão deste trabalho não seria possível se não tivesse contado com a ajuda de muitas pessoas que doaram um pouco do seu tempo para ouvirem as minhas queixas e pedidos de socorro, por isso gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram na realização desse projeto. Inicialmente agradeço a Deus que nunca me faltou, e reservou mais alegrias do que tristezas em minha vida. Devo-te todas as coisas boas que me aconteceram. Aproveito a oportunidade para agradecer aquela em quem sempre me inspirei para realizar os meus sonhos, pois foi com a sua alma de guerreira que educou seus filhos, mesmo sem saber o que significa sentar num banco de escola. És a minha fortaleza Dona Edite, minha mãe. Ao meu grande amigo Roberto Basílio com quem aprendi a compartilhar meus sonhos e angústias, dividir tristezas e alegrias, de quem passei a gostar como a um irmão, te adoro “kat”. Aos amigos que aqui conquistei Alexandre Ranier, André Luiz, Lindaray, Liliane Carla e Natasha que sempre me deram apoio nas horas de aperreio, valeu a força. A Nilton e Antônio que dispuseram de seu tempo pra compartilhar comigo seus conhecimentos nos softwares Arcview® e Surfer®, pois sem a ajuda de pessoas como vocês meu trabalho seria mais demorado, obrigada. Espero oportunidade para retribuir a ajuda. Algumas pessoas que convivem comigo e que merecem ser lembradas nesse espaço por partilharem das agruras de ser estudante de geologia e se esforçarem para tornar esse caminho menos tortuoso: Allany, Elissandra, Janise, Jucieny, Marcus Vinicius, Vieira. À galera do GEOPRO: Angélica, Armando, Arnóbio, Anderson, Alfredo, Bruno, Clenúbio, Dalton, Michael, Pauletti, Sônia, Tiago. Aos professores do departamento de Geologia, em especial Augusto, Galindo, Michael Legrand, Laecio, Marcela Marques, Ricardo Amaral, Vanildo. Aos funcionários Clodoaldo, José (Dedé), Marcondes, Maria do Ceo, Tásia, Dona Fátima, Seu Inácio. i À tripulação do navio oceanográfico “Astro Garoupa”, especialmente seu comandante José Bittencourt pelo apoio durante o embarque. Ao meu orientador professor Venerando Eustáquio Amaro, que me aceitou como aluna na monografia e me incentivou no aprimoramento deste trabalho. À co-orientadora professora Helenice Vital. O apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo – ANP – e da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP – por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCT. "Se as coisas são inatingíveis... ora Não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos se não fora A presença distante das estrelas”. (Mário Quintana) ii RESUMO A área de trabalho está localizada na porção setentrional do Estado do Rio Grande do Norte, compreendendo parte da plataforma continental interna adjacente à foz do Rio Açu, Município de Macau-RN. O objetivo geral do trabalho foi a aplicação de métodos de geoprocessamento para a integração e análise de informações geológicas e geofísicas pré-existentes, além de dados batimétricos e faciológicos mais recentes, por meio de uma estrutura de banco de dados georreferenciados. Na elaboração do modelo digital de terreno da plataforma foi utilizado mapa batimétrico pré-existente, bem como dados batimétricos coletados em campo por meio de ecosonda, através de digitalização e vetorização para o primeiro, correção no sistema de coordenadas, correção de nível de maré e filtragem para o segundo. Posteriormente foram adicionadas as imagens de satélite Landsat 5-TM, nas composições RGB-521 e RGB-312, resultantes do processamento digital de imagens, para a análise integrada das informações. As principais feições morfológicas realçadas nas imagens foram o paleocanal do rio Açu, linhas de beachrocks, dunas subaquosas, além da variação de profundidade e zonas com sedimentos em suspensão. O desenvolvimento desse tipo de trabalho representa importante subsídio para o conhecimento das áreas submersas, de grande influência na zona costeira, principalmente regiões de intensa atividade econômica, no caso de Macau/RN, onde a pesca e a indústria petrolífera coexistem num ambiente de intensa deriva litorânea. O conhecimento do comportamento dessas áreas possibilita a implantação e monitoramento de novas atividades socioeconômicas, de forma a diminuir os impactos sobre as áreas de proteção ambiental, como por exemplo, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Ponta do Tubarão, e garantindo a manutenção das atividades artesanais, indispensáveis para a qualidade de vida das populações costeiras. Este trabalho está inserido no âmbito do Projeto “Monitoramento Ambiental de Áreas de Risco a Derrames de Petróleo e Seus Derivados (REDE 05/01 – PETRORISCO, FINEP/CTPETRO/PETROBRÁS)”. iii ABSTRACT The study area is located in the northern portion of the Rio Grande do Norte State, including part of the adjacent continental inner shelf to the Rio Açu mouth, city of Macau-RN. The main gool of the study is the application of methods geoprocessing for the integration and analysis of the geological and geophisical, beyond more recent bathymetry and faciologys data, through a georeferencing database. The elaboration of digital terrain model of the shelf involved bathymetry map and data collected in field with ecobathymetry had been used, through digitalization and vectorization for the first one, of the coordinates system correction, of tide level correction and filtering for the second one. Later on the satellite Landsat 5-TM images were incorporated, in the compositions RGB-521 and RGB-312, resultants of the digital image processing were for the integrated analysis of the information. The main enhanced morphologic features was Rio Açu paleo-chanell, aligned beachrocks, subaquous dunes and the depth variation, and plumey with suspended sediments. This work represents important for the knowledge of submerged areas with huge influence in the coastal zone, mainly regions of intense economic activity, as Macau/RN, where artisanal fishing and the petroliferous industry in an environment of intense littoral drift. The knowledge of the behavior of these areas makes possible the implantation and monitoring of new sociol economic activities, to decrease the impacts on the areas of environmental protection, for instance the Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão, and guarantee the maintenance of the artisanal activities, indispensable for the life quality of the coastal populations. The development of these activities is inserted in the scope of “Monitoramento Ambiental de Áreas de Risco a Derrames de Petróleo e Seus Derivados” (REDE 05/01 – PETRORISCO, FINEP/CTPETRO/PETROBRÁS). iv 20 Ladainha Por que o raciocínio, Os músculos e os ossos? O cérebro eletrônico, O músculo mecânico mais fáceis que um sorriso? Por que o coração? O de metal não tornará o homem mais cordial, Dando-lhe um ritmo extra corporal? Por que levantar o braço Para colher o fruto? A máquina o fará por nós. Por que labutar no campo, na cidade? A máquina o fará por nós. Por que subir a escada de Jacó? A máquina o fará por nós. Ó máquina orai por nós. (Cassiano Ricardo) v ÍNDICE Agradecimentos ..............................................................................................................i Resumo ........................................................................................................................ iii Abstract ........................................................................................................................ iv CAPÍTULO I Considerações Iniciais ................................................................................01 1.1 Apresentação e Objetivos..................................................................................01 1.2 Justificativa .......................................................................................................02 1.3 Localização e Vias de Acesso ............................................................................03 1.4 Caracterização Fisiográfica e Socioeconômica ..................................................05 1.3.1 - Clima, Hidrografia e Relevo...................................................................05 1.3.2 - Ventos, Ondas, Correntes e Marés .........................................................05 1.3.3 - Aspectos Socioeconômicos ....................................................................06 1.5 Caracterização Geológica .................................................................................07 1.5.1 – Introdução ............................................................................................07 1.5.2 – Arcabouço Estrutural.............................................................................08 1.5.3 – Evolução Tectono-Sedimentar ..............................................................09 1.5.4 – Litoestratigrafia .....................................................................................11 CAPÍTULO II Metodologia ......................................................................................14 2.1 Introdução ........................................................................................................14 2.2 Levantamento Bibliográfico/Cartográfico ..........................................................16 2.3 Levantamento de Campo .................................................................................16 2.4 Processamento de Dados Batimétricos..............................................................18 2.5 Georrefenciamento e Processamento Digital de Imagens (PDI) .........................19 2.6 Modelo Digital de Terreno (MDT) .....................................................................20 2.7 Integração e Análise de Dados ..........................................................................22 CAPÍTULO III Embasamento Teórico .......................................................................23 3.1 Introdução ........................................................................................................23 3.2 Geoprocessamento ...........................................................................................23 3.3 Sensoriamento Remoto ....................................................................................25 3.4 O Sistema Landsat............................................................................................26 3.5 Processamento Digital de Imagens...................................................................28 3.6 Dinâmica Costeira ............................................................................................28 3.6.1 – Ondas ...................................................................................................29 3.6.2 – Ventos ..................................................................................................31 3.6.3 – Marés....................................................................................................33 3.6.4 – Correntes ..............................................................................................34 3.7 Plataforma continental......................................................................................35 3.7.1 - Plataforma Continental do Rio Grande do Norte ...................................37 CAPÍTULO IV Análise Integrada .........................................................................................40 4.1 Análise e Interpretação das Imagens Digitais do Landsat 5-TM .........................40 4.2 Correlação das Imagens Digitais Lansat 5-TM com Dados Faciológicos e Batimétricos......................................................................................................45 4.3 Integração dos Modelos Digitais de Terreno com as Imagens Landsat 5-TM .....47 4.3.1 - Modelo Digital de Terreno para a Subárea Ponta do Tubarão ...............47 4.3.2 - Modelo Digital de Terreno para a Plataforma Continental Adjacente ao Estuário do Rio Piranhas-Açu ...........................................................................48 CAPÍTULO IV Conclusões e Recomendações ...................................................................52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................55 Lista de Figuras e Tabelas CAPÍTULO I FIGURA 1.1 - Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo........................04 FIGURA 1.2 - Mapa geológico da Bacia Potiguar ........................................................07 FIGURA 1.3 - Arcabouço estrutural da Bacia Potiguar.................................................08 FIGURA 1.4 – Evolução da separação dos continentes Sul-Americano e Africano .......09 FIGURA 1.5 – Carta estratigráfica simplificada da Bacia Potiguar ................................13 CAPÍTULO II FIGURA 2.1 – Fluxograma simplificado da elaboração do trabalho .............................15 FIGURA 2.2 – Sistema Hydrotrac da Odom Hydrographic Systems ............................16 FIGURA 2.3 – Esquema de recepção dos dados pelo sistema Hydrotrac .....................17 FIGURA 2.4 – Mapa de localização dos perfis batimétricos ..........................................17 FIGURA 2.5 – Modo de aquisição de dados batimétricos pelo sensor do ecobatímetro................................................................................................................18 FIGURA 2.6 – Mapa batimétrico da plataforma adjacente à foz do Rio Piranhas-Açu (Costa Neto, 1997) ......................................................................................................20 FIGURA 2.7 – Esquema de etapas seguidas para geração do MDT da área adjacente à foz do Rio Piranhas-Açu ..............................................................................................21 CAPÍTULO III FIGURA 3.1 – Estrutura geral dos componentes de SIG ..............................................24 FIGURA 3.2 – Curvas genéricas de reflectância de alvos..............................................26 TABELA 3.1 – Intervalo espectral e aplicação correspondente a cada banda do sistema Landsat TM .................................................................................................................27 FIGURA 3.3 – Mudança na forma das ondas e na trajetória do movimento executado pelas partículas de água...............................................................................................31 FIGURA 3.4 – Desvio da trajetória de direção dos ventos causado pelo “Efeito de Coriolis” .....................................................................................................................32 FIGURA 3.5 – Efeito de marés resultante da ação gravitacional exercida pela Lua e o Sol sobre a Terra ...............................................................................................................33 FIGURA 3.6 – Subdivisão da plataforma continental ...................................................36 FIGURA 3.7 – Mapa de anomalias fisiográficas e sentido da deriva litorânea...............38 CAPÍTULO IV FIGURA 4.1 - Imagem Landsat 5-TM (13/06/2000) da área da plataforma adjacente à foz do Rio Piranhas-Açu, na composição RGB-521 .....................................................41 FIGURA 4.2 - Comparação entre o volume da pluma de sedimentos em suspensão no paleocanal do Rio Piranhas-Açu ..................................................................................42 FIGURA 4.3 - Composição colorida RGB-312 da Imagem Landsat 5-TM (13/06/2000). ....................................................................................................................................44 FIGURA 4.4 - Resultado do processo de filtragem da Imagem Landsat 5-TM (13/06/2000) ...............................................................................................................45 FIGURA 4.5 - Abrangência do mapa de fácies sedimentares da plataforma continental do Rio Grande do Norte ..............................................................................................46 FIGURA 4.6 – (A) Mapa de contorno gerado no Surfer® 8.0 como resultado do processamento dos dados de perfis batimétricos coletados na subárea Ponta do Tubarão. (B) MDT com sobreposição da composição RGB-521 da imagem Landsat 5TM (13/06/2000) .........................................................................................................48 FIGURA 4.7 - Modelo digital de terreno gerado no Surfer®, com sobreposição da imagem Landsat 5-TM, 13/06/2000 na composição RGB-312.....................................49 FIGURA 4.8 - A) Modelo digital de terreno gerado no Arcview® com sobreposição da imagem Landsat 5-TM, na composição RGB-521. B) MDT gerado no Arcview ® com sobreposição da imagem Landsat 5-TM, na composição RGB-312 .............................50 À minha fonte de inspiração e de esperança, é o seu exemplo de vida e coragem que me leva sempre adiante. AMO-TE MÃE. Todos esses que aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão... eu passarinho! (Mário Quintana) No século XX Homem, não vale o cérebro vulcâneo Votado à ciência que te desconforta, Na vocação para a matéria morta Que extravasa, terrível, de teu crânio. Cogumelo que pensa subitâneo Emparedado em cárcere sem porta, Se preferes a espada, que te importa A grandeza dum átomo de urânio? Foge à extrema penúria que te aguarda A inteligência lúbrica e bastarda, Incauta penetrando abismos tredos... Não prossigas sem Deus, cindindo os ares! Ai da terra infeliz se decifrares Toda a extensão dos cósmicos segredos! (Augusto dos Anjos) CAPÍTULO I Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação I - Considerações Iniciais 1.1 - APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS A plataforma continental setentrional do Estado do Rio Grande do Norte é alvo de atenção da comunidade científica dada a sua importância econômica. Desde as descobertas de Petróleo nos campos offshore da Bacia Potiguar, até o recente crescimento da carcinicultura e turismo, a preservação dos recursos da zona costeira tem sido motivo de preocupação em todos os setores da sociedade. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92) criou a "Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento" e a "Agenda 21", reafirmou esse pensamento, chamando a atenção de vários países para a manutenção de seus recursos naturais e o desenvolvimento sustentável. A região costeira tem atenção especial por parte do governo brasileiro, que implantou o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) pela Lei 7.661 de 16/05/1988, com o objetivo de um melhor ordenamento da ocupação dos espaços litorâneos (MMA 2004). Este relatório representa a monografia requerida pela disciplina obrigatória Relatório de Graduação (GEO-345) para a obtenção do grau de Bacharel no curso de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Integra o Projeto PETRORISCO “Monitoramento de áreas de risco ao derramamento de petróleo e seus derivados” (CTPETRO/FINEP/CNPQ/PETROBRÁS), sendo financiado pelo mesmo. O objetivo geral deste trabalho é a aplicação de métodos de geoprocessamento para a integração e análise das informações pré-existentes, dados batimétricos e faciológicos recentes sobre a plataforma continental setentrional do Estado do Rio Grande do Norte. Várias pesquisas já foram realizadas nessa área da plataforma abordando temas como sedimentologia, petrografia, estratigrafia e geologia do petróleo, sendo sua maioria na zona costeira. Solewicz (1989) identificou as feições fisiográficas submarinas da plataforma continental com o auxílio de imagens de satélite TM-Landsat; Costa Neto (1997) efetuou um estudo sobre a evolução dessas feições através de Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação registros batimétricos e faciológicos; Vital et al. (2002) realizou mapeamento faciológico nesta área da plataforma; Albuquerque (2002) estudou as variações de temperatura das águas oceânicas com a banda Termal do Landsat 5-TM e Guedes (2002) detalhou uma área de influência de dutos no pólo petrolífero de Guamaré. Neste trabalho serão aplicadas metodologias de sensoriamento remoto, processamento digital de imagens, análise de registros faciológicos e batimetria integradas em um ambiente de Sistemas de Informações Geográficas, para uma melhor caracterização das informações de fundo marinho. 1.2 – JUSTIFICATIVA As atividades da indústria petrolífera trazem grandes riscos ao meio ambiente a partir dos processos de extração, transporte, refino até o consumo que gera a produção de gases poluentes na atmosfera. A trajetória de acidentes tem mostrado que os piores danos ambientais ocorrem durante o transporte de combustível, principalmente o transporte por navios petroleiros, que lançam grandes quantidades de óleo nos oceanos. Segundo a AGENDA 21, são despejadas por ano 600 mil toneladas de petróleo no mar, em virtude de operações normais do transporte marítimo, por acidentes ou até mesmo descargas ilegais na lavagem dos tanques. As ações de prevenção para esse tipo de agressão ambiental devem passar por mudanças nas leis ambientais e estudos que levem ao conhecimento das áreas de influência de produção e transporte de petróleo e seus derivados. Na área da plataforma continental setentrional do Estado do Rio Grande do Norte esse fluxo de petróleo decorre dos campos produtores existentes nos municípios de Areia Branca, Guamaré, Macau e Mossoró. Desde a primeira descoberta de petróleo em alto mar, em 1973 no campo de Ubarana, a indústria petrolífera tem se incorporado à economia juntamente com as atividades de pesca, salinas, carcinicultura e turismo, integrando as principais fontes de renda das populações costeiras no litoral setentrional do Estado. Com base nisso, várias pesquisas têm sido desenvolvidas no intuito de se chegar a um zoneamento das áreas de risco a derramamento de petróleo. Trata-se de regiões ao longo da linha de costa que apresentam grande influência dos processos marinhos e, por esse motivo, devem-se estender as atenções dessas pesquisas para as Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 2 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação áreas submersas da plataforma, que apesar da grande influência dos processos marítimos nas zonas costeiras apenas recentemente tem recebido a devida atenção. Os estudos sobre a morfologia de áreas submersas esbarravam nas dificuldades de acesso e na falta de tecnologias que agilizassem os trabalhos de coleta de dados batimétricos. O Sensoriamento Remoto e a Geofísica Marinha representam um importante subsídio para pesquisas nessas áreas, tanto na utilização das imagens orbitais quanto nas aquisições de dados batimétricos do fundo oceânico. A possibilidade de identificação de tipos de substratos sedimentares e profundidade estimada a partir da observação de uma imagem multiespectral ou de um registro batimétrico, reduzem a quantidade de amostragens necessárias e auxiliam nos planos de navegação para os trabalhos oceanográficos. Neste trabalho multiespectrais de pretende-se sensoriamento avaliar remoto a na importância das representação imagens das digitais características batimétricas e faciológicas da plataforma continental adjacente ao estuário do rio Açu, Município de Macau/RN. 1.3 – LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO A área de trabalho está localizada na porção setentrional do Estado do Rio Grande do Norte, delimitada pelas coordenadas UTM 0733738 a 0787977m E e 9433474 a 9487009m N, com a projeção UTM Zona 24-S pelo Datum SAD 69. Trata-se da plataforma continental em frente ao Município de Macau, com acesso pela BR 406, distando aproximadamente 190 km da capital Natal (Figura 1.1). Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 3 Limite da Área Rodovia Asfaltada Cidade Capital do Estado LEGENDA Mossoró Açu Macau 37° Lajes -40 6 NATAL 6° 5° 0 10 Porto do mangue 20Km MACAU 760000 FIGURA 1.1 - Mapa de localização e vias de acesso da área de trabalho. BR-304 BR Galinhos 36° 9480000N 9460000 9440000 Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS Ponta do mel 740000 Ponta do Tubarão 780000E Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 4 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 1.4 - CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA 1.4.1 - Clima, Hidrografia e Relevo A área está inserida no contexto de clima árido a semi-árido, onde se intercalam dois períodos: um seco, de maior duração (7 a 8 meses), e um período pluvial de menor duração e pouco definido entre janeiro e julho. A temperatura média anual é de 27,2º C e umidade relativa de 68%. A precipitação pluviométrica média é de 537,5mm, sendo a máxima de 1.780,6mm e a mínima 53 mm (IDEMA 1999). Albuquerque (2002) realizou análise termal com imagens Landsat 5-TM para a área marítima entre São Bento do Norte e Porto do Mangue encontrando um aumento de temperatura no sentido de leste para oeste, onde as águas de temperaturas mais baixas estariam na porção da plataforma em frente ao Município de São Bento do Norte e as temperaturas mais elevadas na área adjacente aos Municípios de Macau e Porto do Mangue, sugerindo provável influência de corrente oceânica ainda não conhecida. O Rio Piranhas-Açu, principal rio da região, possui um dos maiores estuários do Rio Grande do Norte, sua bacia hidrográfica ocupa uma superfície de 17.498,5 km2, correspondendo a cerca de 32,8% do território estadual (SERHID 2004). Mais dois rios contribuem com o aporte sedimentar da área, são os rios Dos Cavalos e Das Conchas. Vários compartimentos geomorfológicos integram a região costeira entre eles, os tabuleiros costeiros, vertentes, terraços fluviomarinhos e estuarinos, planície de inundação estuarina, restingas e dunas recentes (NATRONTEC 1998). Com base em interpretação de imagens orbitais, Alves (2001) identificou as feições geomorfológicas que predominam na área de estudo: esporões arenosos (sandy spit), ilhas barreira, planície de maré e dunas costeiras móveis ou fixas. 1.4.2 - Ventos, Ondas, Correntes e Marés O litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte é afetado por ventos provenientes de E e NE, segundo orientações de dunas eólicas (Fortes 1987). Medições na região de Galinhos revelam uma velocidade média anual de 6,2 m/s. Estudando a região de São Bento do Norte/Guamaré, Tabosa (2000) constatou, para os meses de março a junho, ventos brandos com velocidade média de 4,8 m/s, ao passo que de agosto a dezembro apresentam-se mais fortes, chegando atingir máxima de 9 m/s. A Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 5 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação proveniência é principalmente de E, para os meses de agosto a abril, e de N, de maio a julho. Ao alcançarem à costa e arrebentarem na praia, as ondas geram correntes que podem se apresentar sob várias formas, dependendo das condições da praia. Ocorrem dois sistemas de correntes induzidas por ondas na região costeira que direcionam os movimentos da água: 1) Correntes longitudinais, geradas por ondas que incidem obliquamente à linha de costa; e 2) Sistemas de circulação em células de correntes de retorno e longitudinais associadas quando as ondas incidem paralelamente à linha de costa. Trabalhos realizados por Lima et al. (2001), indicaram variações na altura das ondas entre 0,2m a 0,5m, na região entre Galinhos-Guamaré e São Bento do Norte. Medidas hidrodinâmicas tomadas numa área de Guamaré por Silva et all (2003) registraram um máximo de 45 cm/s com direção N-NE para as correntes litorâneas em períodos de maré vazante; 12 cm/s na baixa-mar, com direção NW e de 12 a 30 cm/s em períodos de maré enchente, para W-NW. O sistema de marés se caracteriza por semidiurnas, com nível médio de maré na ordem de 133,1 cm, nível médio de maré alta de sizígia de 284,6 cm e amplitude de maré de quadratura 127,79 cm (IDEMA 2002). Esses valores caracterizam um regime de mesomaré. 1.4.3 - Aspectos Socioeconômicos A economia do Estado do Rio Grande do Norte encontra-se em pleno desenvolvimento, as principais atividades concentram-se nas áreas da agricultura, pecuária, pesca, extração vegetal, mineração e mais recentemente o turismo e a carcinicultura. Na área de estudo destacam-se a produção de petróleo e gás, sal e camarão. A produção de gás natural chega a 4 milhões de metros cúbicos por dia, destacando o Estado como o terceiro produtor do Brasil com mais de 3,9 mil poços em operação. São produzidos mais de 95 mil barris/dia de petróleo, colocando o Estado como o segundo maior produtor nacional e o maior produtor em terra. O Município de Macau está inserido na chamada região da Costa Branca, juntamente com os municípios de Galinhos, Guamaré, Porto do Mangue, Areia Branca, Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 6 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação Grossos e Tibau. Essa designação deve-se às dunas brancas e às montanhas de sal que caracterizam o lugar, responsável por 95% do sal marinho produzido no Brasil, sendo Macau o primeiro produtor do Estado. A cidade está praticamente dentro das salinas da Companhia Álcalis, que tem 700 hectares e produz mais da metade dos dois milhões de toneladas por safra. A pesca artesanal é outra importante atividade econômica na região, apresentando produção anual de 1300 ton (IDEMA 2002). 1.5 - CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA 1.5.1 - Introdução A área de trabalho está inserida no contexto da Bacia Potiguar (Figura 1.2), que ocupa uma área de quase 60.000 km2, dos quais 60% correspondem à parte submersa. A Bacia Potiguar localiza-se no extremo E da margem equatorial do Brasil (Araripe e Feijó 1994), limitando-se a W com a Bacia do Ceará pelo Alto de Fortaleza, a E pelo Alto de Touros com a Bacia Pernambuco-Paraíba e a N-NE pela cota batimétrica de 2000m. Sua gênese está relacionada a uma série de bacias Neocomianas intracontinentais, compondo um Sistema de Riftes do Nordeste Brasileiro (Matos 1987). FIGURA 1.2 – Mapa geológico da Bacia Potiguar. SPA= sedimentos praiais e aluviais. Modificado de Dantas (1998). Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 7 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 1.5.2 - Arcabouço Estrutural Bertani et al. (1990) dividiram o arcabouço estrutural da Bacia Potiguar em três unidades principais: grabens, altos internos e plataformas do embasamento (Figura 1.3). FIGURA 1.3 – Arcabouço estrutural da Bacia Potiguar, modificado de Bertani et al. (1990) Os grabens do Apodi, Umbuseiro, Guamaré e Boa Vista, localizam-se na parte emersa da bacia, são lineamentos orientados para NE-SW. Os grabens da parte emersa apresentam direção aproximada a da linha de costa atual. Ambos são assimétricos e encontram-se preenchidos pelos sedimentos do Cretáceo Inferior. As cristas alongadas do embasamento, que separam os principais grabens são denominadas de altos internos, cuja composição vai de gnaisses e migmatitos a xistos que foram soerguidos por falhas normais. Os altos de Quixaba, Serra do Carmo e Macau são os principais e dispõem-se subparalelos aos eixos dos grabens adjacentes. Margeando os grabens centrais estão as plataformas rasas do embasamento de Touros e Aracati. Na parte emersa estão recobertas por sedimentos do Aptiano e Cretáceo Superior, incluindo-se ainda as seqüências terciárias na parte submersa. Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 8 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 1.5.3 - Evolução Tectono-Sedimentar Para Françolin e Szatmari (1987), a formação do rifte Potiguar correlaciona-se com a separação do Gondwana em continentes Sul-Americano e Africano, iniciada no Jurássico Superior a partir de esforços divergentes E-W, que causaram a rotação horária da placa sul-americana em relação à africana (Figura 1.4). O pólo dessa rotação estaria situado ao sul de Fortaleza, no Neocomiano. Matos (1987) postula que esses esforços divergentes originaram os riftes intracontinentais da Província Borborema, como resposta ao processo de estiramento e afinamento crustal da região durante a fragmentação do Gondwana. FIGURA 1.4 – Evolução da separação dos continentes Sul-Americano e Africano, modificado de Françolin e Szatmari (1987). As seqüências sedimentares da Bacia Potiguar estão relacionadas a três estágios tectônicos principais Souza (1982): rifte, transicional e drifte. No estágio rifte, desenvolveram-se as grandes falhas normais e de transferência, com a formação dos principais grabens assimétricos. A sedimentação flúvio-lacustre (Matos et al. 1987) caracteriza-se por progradações de arenitos deltaicos, depósitos de fan-deltas ao longo Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 9 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação das escarpas. O controle da subsidência e sedimentação se dá por mecanismo de extensão e afinamento crustal. O estágio transicional caracteriza-se por subsidência contínua, a partir do resfriamento da crosta, com sedimentação de folhelhos e carbonatos lagunares restritos com influência marinha (Camadas Ponta do Tubarão) em ambiente de tectônica relativamente calma. No estágio Drifte, a subsidência foi controlada principalmente por mecanismos termais e isostáticos, com falhamentos normais ao longo dos lineamentos mais antigos. Duas seqüências sedimentares foram depositadas em ambiente de deriva continental e em mar aberto. A primeira, uma unidade transgressiva albiana a turoniana, é incluída nas formações Açu, Jandaíra, Ponta do Mel e Membro Quebradas (Formação Ubarana), a segunda é uma unidade regressiva ou progradacional incluída nas formações Tibau, Guamaré e Ubarana. Cremonini (1996) sugere a seguinte evolução tectônica para a porção submersa da Bacia Potiguar, próximo ao Campo de Ubarana: • Rifteamento crustal no Cretáceo Inferior (Neocomiano) a partir de esforços distensivos de direção aproximadamente WNW-ESE, que formou falhas normais NE-SW, e de transferência paralelas à máxima distensão. Deposição das formações Pendência e Pescada; • Período tectônico relativamente calmo durante estágio pós-rifte, com deposição da Formação Alagamar e uma megassequência transgressiva (formações Açu e Jandaíra); • Formação da Zona Transcorrente de Ubarana (Mesocampaniano) a partir de movimentos transcorrentes divergentes de direção E-W, com componentes compressionais WNW-ESE e extensionais NNE-SSW, o sentido do movimento é dextral, ocorrendo pequenos rejeitos direcionais; • Processo erosivo de grande magnitude na porção submersa, discordância préUbarana (Cretáceo Superior), sobre a qual foram depositadas as formações Ubarana, Guamaré e Barreiras em ambiente regressivo, além dos basaltos da Formação Macau; Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 10 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação Esforços compressivos E-W (Terciário) promovem a formação de grandes dobramentos com direções principais N 5°-20° E. 1.5.4 – Litoestratigrafia A Bacia Potiguar possui embasamento cristalino composto por gnaissesmigmatíticos do Complexo Caicó, faixa de supracrustais do Grupo Seridó e rochas graníticas brasilianas. Essas unidades de embasamento compreendem a Faixa Seridó (Jardim de Sá 1994), um dos domínios da Província Borborema (Almeida et al. 1977). No Grupo Areia Branca estão reunidas às formações sedimentares de conteúdo essencialmente clástico, são elas: Formação Pendência, Formação Pescada e Formação Alagamar. Formação Pendência (Souza 1982) - abrange a seção não aflorante que recobre o embasamento na parte mais profunda da bacia, composta por intercalações de folhelho cinza esverdeado, siltito cinza e arenito cinza esbranquiçado, de granulometria muito fina a média, calcífero. Apresenta fácies conglomerática, ocorrendo também intercalações com o arenito. O sistema deposicional é o flúvio-lacustre, com turbiditos e leques aluviais. Formação Pescada (Araripe e Feijó 1994) – composta por arenito médio de cor branca e arenito fino cinza, com intercalações de folhelho e siltito cinza, depositados pelo sistema deposicional de leques aluviais coalescentes. Formação Alagamar (Araripe e Feijó 1994) – é composta por dois membros, Upanema e Galinhos, entre os quais está uma seção pelítica, as Camadas Ponta do Tubarão. O Membro Upanema caracteriza-se por arenito, com intercalações de calcário e folhelho, que ocorrem na área norte da bacia; nas Camadas Ponta do Tubarão ocorre calcarenito e calcilutito ostracoidais e folhelho escuro euxínico; o Membro Galinhos é pelítico, com folhelho cinza-escuro e calcilutito creme-claro. As rochas do Membro Aracati, Souza (1982), foram incluídas na Formação Açu. O ambiente deposicional para a Formação Alagamar é o transicional, onde a base do Membro Upanema representa um sistema flúvio-deltáico, as Camadas Ponta do Tubarão um sistema lagunar e por fim, o sistema nerítico para o Membro Galinhos. Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 11 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação O Grupo Apodi reúne as formações Açu, Ponta do Mel, Quebradas, e Jandaíra agora com presença de rochas carbonáticas. Formação Açu – caracterizada por espessas camadas de arenito médio a muito grosso esbranquiçado, intercalado por folhelho e argilito verde claro e siltito castanhoavermelhado. Podendo ser reconhecidas quatro fácies sedimentares Açu 1 a 4 (Castro et al. 1981) as quais identificam um ambiente transicional para a Formação Açu, onde são encontrados os sistemas de leques aluviais, fluviais entrelaçados e meandrantes, além de estuários costeiros. Formação Ponta do Mel (Tibana e Terra 1981) – caracterizada por calcarenito oolítico de cor creme, doloespatito castanho-claro e calcilutito branco, com camadas de folhelho verde-claro, cuja deposição ocorreu em ambiente de plataforma rasa, com planície de maré e mar aberto. Formação Quebradas – anteriormente definida por Souza (1982) como membro da Formação Ubarana, e elevada por Araripe e Feijó (1994) para esta categoria. Caracteriza-se por arenito fino cinza-claro, folhelho e siltito cinza-esverdeado, depositados em ambiente de plataforma e talude, com presença de turbiditos. Formação Jandaíra – composta por calcarenito bioclástico a foraminíferos bentônicos, depositados em ambiente de planície de maré. O Grupo Agulha reúne as rochas clásticas e carbonáticas de ambiente de alta e baixa energia das formações Ubarana, Guamaré e Tibau. Formação Ubarana – espessa seção de folhelho e argilito cinzento, intercalados por camadas de arenito grosso a muito fino de cor branca, siltito cinza-acastanhado e calcarenito fino creme-claro. Formação Guamaré – composta por calcarenito bioclástico creme e calcilutito, depositados em plataforma e talude carbonáticos. Formação Tibau – composta por arenito grosso de leques costeiros, sobrepostos aos basaltos e diabásios da Formação Macau (Farias 1997 apud Alves 2001). Os eventos magmáticos associados à formação da Bacia Potiguar são: magmatismo Rio Ceará-Mirim, 120 e 140 Ma (Projeto Radam Brasil, 1981), magmatismo Serra do Cuó, 84 Ma (Mizusaki 1993 apud Araripe e Feijó 1994); magmatismo Macau, de 29 a 45 Ma, (Mizusaki 1993 apud Araripe e Feijó 1994). O Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 12 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação magmatismo Ceará - Mirim está presente na borda da bacia, ocorre como diques de diabásio toleítico orientados segundo a direção E-W, ou também intercalado nas rochas da Formação Pendências. O magmatismo Serra do Cuó é representado por soleiras de composição básica, que se encontram de forma intrusiva na base da Formação Açu (Oliveira 1992). Para o magmatismo Macau, mais recente, Mayer (1974) definiu como derrames basálticos que ocorrem intercalados com os sedimentos terciários das Formações Ubarana, Guamaré e Tibau. As unidades sedimentares da Bacia Potiguar foram agrupadas na coluna litoestratigráfica (Figura 1.5) de Araripe e Feijó (1994). FIGURA 1.5 – Carta estratigráfica simplificada da Bacia Potiguar, Araripe e Feijó (1994). Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 13 Fernanda Barbosa de Lima Capítulo I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS Relatório de Graduação 14 CAPÍTULO II Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação II - Metodologia 2.1 - INTRODUÇÃO Neste capítulo serão descritas todas as etapas inerentes à elaboração do trabalho, que envolveu metodologias aplicadas à geologia e geofísica marinha, resumidos em trabalhos de campo e laboratório. O fluxograma apresentado na figura 2.1 mostra de forma simplificada, as etapas seguidas neste trabalho. A 1a etapa, revisão bibliográfica, consistiu de pesquisa bibliográfico-cartográfica para a confecção da base cartográfica da área, para isso foram utilizadas as cartas topográficas da SUDENE (1970) SB-24-X-D-II Macau e SB-24-X-D-III São Bento do Norte, em escala de 1:100.000, mapa batimétrico da área (Costa Neto 1997) em escala 1:300.000, juntamente com as imagens de satélite Landsat 5-TM de 13/06/2000. Com a base cartográfica já definida, partiu-se para a 2a etapa, onde foram coletados em campo os dados batimétricos da sub-área Ponta do Tubarão com metodologia específica para áreas submersas. Nessa etapa foi necessário um pré-processamento das imagens digitais necessárias para a visualização da navegação em tempo real. Na 3a etapa, foram realizados os processamentos dos dados batimétricos e das imagens digitais. Numa 4a etapa esses dados tratados foram integrados em ambiente de SIG para a geração dos MDT´s e posteriormente arquivados em ambiente de banco de dados. Por último, na 5a etapa foi realizada a análise integrada de todas as informações levantadas durante a pesquisa, juntamente com a confecção da monografia e publicação de artigos científicos. Capítulo II - METODOLOGIA 14 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação FIGURA 2.1 – Fluxograma simplificado das etapas seguidas para a elaboração do trabalho. Capítulo II - METODOLOGIA 15 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 2.2 - LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO/CARTOGRÁFICO A pesquisa bibliográfica foi realizada durante todo o desenvolvimento do trabalho, para a fundamentação teórica sobre os aspectos de geologia, geomorfologia, sensoriamento remoto, geologia e geofísica marinha, além de trabalhos anteriores realizados na área em questão e em suas proximidades. As informações levantadas nessa etapa são de grande importância para o conhecimento prévio da área. O levantamento cartográfico feito inicialmente possibilitou a integração de cartas topográficas da SUDENE e mapa batimétrico de Costa Neto (1997) juntamente com imagens de satélite para a elaboração da base cartográfica da área. Por se tratar de uma área submersa, as imagens utilizadas foram selecionadas de acordo com a posição de maré, sendo de melhor uso aquelas adquiridas durante a maré baixa. Com base nisso, foram selecionadas nas bandas do visível e infravermelho, as imagens do Landsat 5-TM de 13/06/2000. 2.3 - LEVANTAMENTO DE CAMPO Foi escolhida uma subárea, denominada “subárea Ponta do Tubarão”, onde se coletou dados de batimetria com a utilização de uma embarcação de pequeno porte. O equipamento usado foi o ecobatímetro do sistema Hydrotrac da Odom Hydrographic Systems (Figura 2.2). Esse modelo possui resolução de 0,01m, freqüência de 200 kHz e GPS (Global Position System) acoplado (Figura 2.3). Para o posicionamento dos perfis foi utilizado o sistema GPS da Furuno (modelo GP-31) e posteriormente corrigido com o DGPS (Global Differential Positioning System), de mesma marca (Modelo GR-80). FIGURA 2.2 - Sistema Hydrotrac da Odom Hydrographic Systems, com detalhe para o sensor. Capítulo II - METODOLOGIA 16 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação FIGURA 2.3 - Esquema de recepção dos dados pelo sistema Hydrotrac: onde é acoplado o DGPS, sensor (ecobatímetro ou side scan sonar), e notebook. Os perfis batimétricos foram adquiridos preferencialmente no sentido perpendicular à costa (N-S) e longitudinal (E-W), numa malha regular com eqüidistância de 1 km (Figura 2.4). FIGURA 2.4 – Mapa de localização dos perfis seguidos para a aquisição da batimetria na subárea Ponta do Tubarão. Composição RGB-521 do Landsat 5-TM. Capítulo II - METODOLOGIA 17 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação O princípio da ecobatimetria consiste na emissão de sinais acústicos de alta freqüência, a partir de transdutores RT (transmissão e recepção) posicionados verticalmente para a superfície de fundo, o que gera as informações sobre a espessura da massa de água. A análise da morfologia de fundo é fornecida por um sistema acústico, composto por um gerador de som, um receptor e um registrador gráfico. Através do gerador, localizado na embarcação, são enviados pulsos de som, que transmitidos pela água são refletidos pelo fundo marinho e voltam ao seu ponto de partida (Figura 2.5). A medida da profundidade (d) será dada pelo tempo que o sinal leva entre a transmissão e recepção (2t), usando-se a velocidade do som na água (d=v x t). A velocidade de propagação do som na água do mar é em torno de 1.500m/s, variando de acordo com a profundidade e propriedades da água. FIGURA 2.5 – Modo de aquisição de dados batimétricos pelo sensor do ecobatímetro. O sensor é acoplado numa haste na lateral do barco, ficando abaixo da lâmina d’água de modo a não ser descoberto pela oscilação das ondas. 2.4 - PROCESSAMENTO DE DADOS BATIMÉTRICOS Os dados de DGPS foram tratados para as correções necessárias no sistema de coordenadas, além disso, foi necessário fazer a correção de maré e uma filtragem para o descarte de dados que apresentaram discordância de leitura com os demais. A mudança no sistema de coordenadas, para sistema UTM, foi realizada no software Mapinfo®, pois Capítulo II - METODOLOGIA 18 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação os mesmos foram adquiridos no sistema de coordenadas geográficas. A correção de maré deu-se através do gráfico de correção de maré, com redução das profundidades a um Datum constante, cujo zero relativo aproxima-se do zero absoluto estabelecido para o nível médio do mar. Por último, uma filtragem nos dados foi necessária para corrigir possíveis erros de leitura. Feitas todas as correções, os dados foram manipulados no software Surfer® 8.0 para a geração do modelo digital de terreno. No Surfer® foram geradas as malhas para a elaboração do mapa de contorno e Modelo Digital de Terreno da subárea. Dos vários métodos testados o de krigagem mostrou o melhor resultado na definição da topografia. 2.5 - GEORREFERENCIAMENTO E PROCESSAMENTO DIGITAL DAS IMAGENS (PDI) O georreferenciamento foi realizado no ER-Mapper® 6.3, utilizando-se o Datum SAD 69 e Projeção UTM Zona 24-S. Para as devidas correções de distorções espaciais, que são ocasionadas durante a aquisição das imagens devido a fatores como as variações de altitude da plataforma do satélite, a rotação e a curvatura da terra que geram uma imprecisão cartográfica. Todos os mapas e as cartas topográficas também foram georreferenciados no mesmo sistema de coordenadas para comporem o SIG da área. O processamento digital promove um melhor realce visual das informações presentes nas imagens a partir da aplicação de algorítmos de sistemas computacionais específicos. Na imagem selecionada, Landsat 5-TM, foram feitas várias composições coloridas com o objetivo de relacionar a que melhor representasse as feições superficiais da área. Além das composições coloridas foram feitas as modificações de contraste de brilho no histograma da imagem. Essas modificações de contraste baseiam-se em métodos de transformações lineares e não-lineares na radiometria da imagem, contidas no software ER-Mapper® 6.3, programa utilizado neste trabalho. Outros tratamentos essenciais do PDI também se mostraram satisfatórios para a área, como a análise por principais componentes e a filtragem para realce de bordas e eliminação de ruído. Capítulo II - METODOLOGIA 19 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação A análise por principais componentes baseia-se no fato de se extrair de uma grande proporção de informações contidas em cada banda espectral, uma informação comum e altamente correlacionada concentrando-a numa única imagem. O processo de filtragem se faz necessário quando há necessidade de realce de bordas, feições lineares de determinadas direções, padrões de textura, ou de reduzir ou remover ruídos (Maillard 2001). Para as imagens de sensoriamento remoto aplicadas neste trabalho foi utilizado o filtro direcional Prewitt de dimensão 5X5, com bom realce de contraste, destacando as formas de leito submarinas, lineamentos de beach rocks e o paleocanal do Rio PiranhasAçu. 2.6 – MODELO DIGITAL DE TERRENO (MDT) As cartas topográficas da SUDENE e o mapa batimétrico elaborado por Costa Neto (1997) (Figura 2.6) serviram como base de dados para a geração do modelo na área adjacente à foz do rio Açu. Para a subárea Ponta do Tubarão foram usados os dados batimétricos coletados em campo. Em ambos foram testados os métodos de interpolação de GRID e TIN (Triangular Irregular Network), nos softwares Surfer® 8.0 e Arcview® 3.2. FIGURA 2.6 – Mapa batimétrico da plataforma adjacente à Foz do Rio Piranhas-Açu (Costa Neto, 1997). Capítulo II - METODOLOGIA 20 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação Após a digitalização e georreferenciamento do material cartográfico, os mesmos foram exportados para o ArcView® GIS, onde foram vetorizadas as curvas de nível e os pontos cotados. Com esses dados compondo uma única camada (layer) no SIG, foi gerada a malha irregular TIN. Nessa malha a representação é feita pela distribuição de polígonos triangulares, onde os vértices estão sobre os pontos amostrais para compor o modelo, interligados três a três. A partir da criação da TIN tem-se a representação do MDT em 2D e 3D, neste último foi feita à sobreposição das composições coloridas em RGB-521 e -312. Essa operação consiste em adicionar à imagem, que já contém os atributos X e Y (coordenadas geográficas), o atributo Z (elevação). Para melhorar a visualização modificou-se o exagero vertical (500X), conseguindo assim um maior realce na profundidade e melhorando a visualização das diferenças morfológicas do terreno (Figura 2.7). FIGURA 2.7 – Esquema das etapas seguidas na geração do modelo digital de terreno para a área adjacente a foz do Rio Piranhas-Açu com sobreposição da imagem de satélite. No caso da subárea Ponta do Tubarão, os dados batimétricos foram inseridos no SIG em forma de tabela contendo a posição geográfica (X,Y) e a profundidade corrigida (Z). Capítulo II - METODOLOGIA 21 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação A geração e integração do MDT com as imagens de satélite nas composições RGB-521 e RGB-312 também foram testados os dois softwares Surfer® 8.0 e ArcView® 3.2, sendo que neste último as ferramentas permitem uma visualização a partir de maior quantidade de ângulos, o que facilitou as interpretações. Essas imagens foram escolhidas para sobrepor o MDT por apresentarem o melhor contraste de feições na área de trabalho. Para a subárea Ponta do Tubarão o modelo final foi gerado a partir da planilha corrigida de dados batimétricos. No método de malha irregular (TIN) foram utilizadas as ferramentas do ArcView®, porém esse modelo de representação não se mostrou satisfatório em comparação com o modelo GRID gerado no Surfer®. Nesse novo modelo, a malha foi interpolada pelo método de Kriging, que melhor se adaptou a morfologia da área, com tamanho de célula igual a 30 m. Para integração com a imagem de satélite utilizou-se composição RGB-521 em virtude do bom contraste visual dessa imagem para a área. 2.7 - INTEGRAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS Após a conclusão das etapas anteriores, pode-se fazer a análise dos dados gerados, imagens e modelo digital de terreno, estes foram combinados ao mapa faciológico (Vital et al. 2002) para a interpretação da morfologia. A interpretação dos dados seguiu duas fases: primeiro foram analisadas as imagens digitais geradas pelo PDI juntamente com o mapa faciológico da área, em seguida a interpretação do MDT associado à imagem. O modelo digital de toda a área serviu de base para as considerações finais do trabalho. Capítulo II - METODOLOGIA 22 CAPÍTULO III Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação III - Embasamento Teórico 3.1 – INTRODUÇÃO Neste capítulo serão abordados os aspectos teóricos sobre os métodos que constam na execução do presente trabalho: geoprocessamento, sensoriamento remoto, processamento digital de imagem e geofísica marinha. O objetivo dessa abordagem é tomar conhecimento sobre os princípios de funcionamento dos métodos de aquisição de imagens geofísicas marinhas e orbitais, e os processamentos necessários para a interpretação e integração desses produtos. Também se faz necessário um resumo das características dos tipos de sistemas plataformais costeiros, bem como os meios diretos e indiretos de aquisição de informações sobre essas áreas. 3.2 – GEOPROCESSAMENTO Disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica (INPE 2004). Essas ferramentas são os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) que permitem a realização de análises de alta complexidade na integração de diversos dados (mapas, plantas, tabelas, etc.), a criação de bancos de dados georreferenciados e a produção de material cartográfico. O geoprocessamento possui várias formas de aplicações em áreas da agricultura, cartografia, geologia, ordenamento, análise ambiental (Grigio 2003) e gestão territorial, entre muitas outras. De maneira resumida existem três grandes formas de utilização de um SIG: ◦ Produção de mapas – na geração de dados espaciais; ◦ Análise espacial – na combinação de informações espaciais para estudo de fenômenos; ◦ Banco de dados geográficos - funcionando para o armazenamento e recuperação de informação espacial. Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 23 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação Um SIG oferece mecanismos para a combinação de várias informações, por meio de algoritmos de manipulação e análise, permitem consultar, recuperar, visualizar e plotar os produtos gerados (Figura 3.1). FIGURA 3.1 – Estrutura geral dos componentes de SIG. Adaptado de INPE (2004). Os mapas temáticos descrevem de forma qualitativa, como uma grandeza geográfica está distribuída no espaço. Podem ser armazenados em formato matricial (imagem raster) ou vetorial (pontos, linhas ou polígonos). Nesse caso, o mapa faciológico mostra a distribuição dos fácies sedimentares na área de trabalho e o seu armazenamento no banco de dados foi na forma matricial. Os modelos digitais de terreno são usados na representação matemática de uma superfície real, a partir de algoritmos e de um conjunto de pontos (x, y) num referencial qualquer, com atributos (z) que descrevem a variação contínua da superfície, pois é uma solução numérica eficiente para a maioria das funções. A partir deles pode-se obter informações de perfis e seções, podendo criar imagens sombreadas, mapas de declividade e perspectivas tridimensionais. Neste trabalho, o MDT foi utilizado para o Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 24 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação armazenamento dos dados batimétricos e geração de respectivo mapa, além da representação tridimensional em combinação com imagens de satélite. O SIG utiliza uma malha de pontos amostrados no terreno para a geração dos modelos, e essa malha pode ser de distribuição regular ou triangular. As malhas triangulares correspondem a pontos amostrados no terreno, apresentando maior precisão qualitativa, ao passo que em uma grade regular geralmente são obtidas pela interpolação de valores amostrados, apresentando maior precisão quantitativa. Numa malha regular os elementos estão dispostos com um espaçamento fixo, para a malha triangular essa disposição se dá de forma irregular numa estrutura topológica vetorial de arco-nó. Para esse trabalho foram testadas as duas formas de geração e manipulação de modelos de forma a encontrar a que melhor se adaptam as características da área em questão. Geralmente, para a representação de topografia, as malhas triangulares são as mais usadas por representarem melhor a complexidade do relevo sem a necessidade de grande quantidade de dados redundantes. Na grade regular a amostragem fixa dificulta a adaptação de áreas com muita variabilidade no relevo, devido a sua grande redundância. 3.3 – SENSORIAMENTO REMOTO Definido especificamente como “a utilização de sensores para aquisição de informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto entre eles” (Crósta 1992), o sensoriamento remoto envolve vários conceitos físicos e matemáticos. Um sensor remoto é um sistema fotográfico ou óptico-eletrônico capaz de detectar e registrar, sob a forma de imagens ou não, o fluxo de energia radiante refletido ou emitido por objetos distantes. Esses objetos possuem propriedades termais que determinarão a absorção, reflexão e transmissividade da energia radiante de superfície, de acordo com o comprimento e a freqüência de onda da energia radiante incidente. Essas medidas são tomadas por radiômetros, sensores que medem, no nível terrestre, a reflectância em intervalos espectrais definidos. Neste trabalho o alvo encontra-se em área submersa, sendo preciso a utilização de bandas onde a água apresente menor coeficiente de absorção. O comportamento espectral da água varia de Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 25 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação acordo com as substâncias presentes no momento do imageamento, como por exemplo, sedimentos em suspensão, matéria orgânica dissolvida e fitoplâncton. A curva de reflectância de um alvo em cada comprimento de onda permite observar esse comportamento, e serve de meio para a escolha das bandas usadas na análise do alvo (Figura 3.2). FIGURA 3.2 – Curvas genéricas de reflectância de alvos encontrados na superfície da terra e suas relações com as bandas do Landsat TM. Florenzano et al. (1988). 3.4 – O SISTEMA LANDSAT O sistema Landsat possui dois componentes principais: o subsistema satélite e o subsistema estação terrestre (segmento solo). O primeiro tem a função de adquirir os dados, e o segundo, processá-los para sua utilização na interpretação das informações. As órbitas do Landsat possuem as seguintes características: • Repetitivas (16 dias); • Circulares; • Heliosincrones, ou seja, sincronizadas com o sol, passando na mesma hora solar em qualquer ponto observado; • Quase polar, permitindo assim uma cobertura completa da terra entre 81°N e 81°S; • Altitude de705 km e uma velocidade equivalente a 7,7 km/seg no solo. Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 26 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação Lançado em 1984, o sistema Landsat 5-TM é composto por 7 bandas espectrais, sendo cada uma correspondente a uma faixa do espectro eletromagnético. Landsat 7ETM+ foi lançado em abril de 1999, com um novo sensor a bordo denominado ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus). A principal diferença entre esses dois sistemas é a adição de uma banda espectral (banda Pancromática) com resolução de 15 m, perfeitamente registrada com as demais bandas, melhorias nas características geométricas e radiométricas, e o aumento da resolução espacial da banda termal para 60 m. O intervalo espectral define a aplicação de cada uma dessas bandas (Tabela 3.1). Interv. Banda Espect. Principais características e aplicações das bandas TM do satélite LANDSAT-5 (µm) 1 2 3 4 5 6 7 Possui grande penetração em corpos de água, com elevada transparência, permitindo 0,45 - estudos batimétricos. Sofre absorção pela clorofila e pigmentos fotossintéticos 0,52 auxiliares (carotenóides). Apresenta sensibilidade a plumas de fumaça oriundas de queimadas ou atividade industrial. Pode apresentar atenuação pela atmosfera. 0,52 - Grande sensibilidade à presença de sedimentos em suspensão, possibilitando sua 0,60 análise em termos de quantidade e qualidade. Boa penetração em corpos de água. A vegetação verde, densa e uniforme, apresenta grande absorção, ficando escura, permitindo bom contraste entre as áreas ocupadas com vegetação (ex.: solo exposto, estradas e áreas urbanas). Apresenta bom contraste entre diferentes tipos de cobertura vegetal (ex.: campo, cerrado e floresta). Permite análise da vanação 0,63 litológica em regiões com pouca cobertura vegetal. Permite o mapeamento da 0,69 drenagem através da visualização da mata galeria e entalhe dos cursos dos rios em regiões com pouca cobertura vegetal. É a banda mais utilizada para delimitar a mancha urbana, incluindo identificação de novos loteamentos. Permite a identificação de áreas agrícolas. Os corpos de água absorvem muita energia nesta banda e ficam escuros, permitindo o mapeamento da rede de drenagem e delineamento de corpos de água. A vegetação verde, densa e uniforme, reflete muita energia nesta banda, aparecendo bem clara nas imagens. Apresenta sensibilidade à rugosidade da copa das florestas (dossel 0,76 - florestal). Apresenta sensibilidade à morfologia do terreno, permitindo a obtenção de 0,90 informações sobre Geomorfologia, Solos e Geologia. Serve para análise e mapeamento de feições geológicas e estruturais. Serve para separar e mapear áreas ocupadas com pinus e eucalipto. Serve para mapear áreas ocupadas com vegetação que foram queimadas. Permite a visualização de áreas ocupadas com macrófitas aquáticas (ex.: aguapé). Permite a identificação de áreas agrícolas. Sensibilidade ao teor de umidade das plantas, servindo para observar estresse na 1,55 vegetação, causado por desequilíbrio hídrico. Esta banda sofre perturbações em caso 1,75 de ocorrer excesso de chuva antes da obtenção da cena pelo satélite. 10,4 - Sensibilidade aos fenômenos relativos aos contrastes térmicos, servindo para detectar 12,5 propriedades termais de rochas, solos, vegetação e água. Sensibilidade à morfologia do terreno, permitindo obter informações sobre 2,08 Geomorfologia, Solos e Geologia. Serve para identificar minerais com íons hidroxilas. 2,35 Favorável à discriminação de produtos de alteração hidrotermal. TABELA 3.1 – Intervalo espectral e aplicação correspondente a cada banda do sistema Landsat TM. Compilado de (http://www.engesat.com.br/satelites/landsat5.htm) Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 27 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 3.5 – PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS A função primordial do processamento digital de imagens (PDI) no sensoriamento remoto é fornecer algoritmos para facilitar a identificação e extração da informação contida nas imagens para posterior interpretação. O olho humano não é capaz de processar a grande quantidade de informações presentes numa imagem em decorrência das distorções e degradações, devido os processos de aquisição, transmissão e visualização de imagens, aumentando ainda mais essa dificuldade. É objetivo principal do PDI a remoção dessas barreiras para facilitar a extração de informações a partir de imagens (Crósta 1992). A interpretação de imagens adequada deve utilizar três propriedades básicas das superfícies representadas: a tonalidade, a textura e o contexto. A tonalidade diz respeito à cor ou ao brilho dos objetos estudados, os tons são dependentes das propriedades de reflectância dos materiais e do intervalo do espectro eletromagnético coberto. A textura é o efeito que o conjunto das feições define a uma área específica. O contexto é a interligação entre os arranjos de tons e texturas, e sua relação com as características físicas da área onde estão inseridos. Para a percepção dessas propriedades faz-se necessário à aplicação das técnicas do PDI: composição RGB, composição IHS, análise por principais componentes, fusão por RGBI, dentre outras. 3.6 – DINÂMICA COSTEIRA A região de interação oceano-continente, zona costeira sofre constantemente os efeitos dos eventos marinhos, desde a modelagem da linha de costa, resultado da erosão e deposição, até as influências climáticas em decorrência da variação de temperatura da água do mar. Zona Costeira é a área de interação do ar, da terra e do mar, incluindo seus recursos marinhos e terrestres, renováveis ou não, podendo conter a faixa marítima, o solo e o subsolo marinhos de jurisdição nacional, setores de abrasão e sedimentação, planícies de restinga e sistemas lagunares, planícies e terras baixas sublitorâneas, sob influência das marés, e as bacias hidrográficas do interior dos continentes. A Zona Costeira testemunha o intercâmbio direto entre o continente e o mar, nos planos físico, químico, biológico e geológico, como também nos planos político, Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 28 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação econômico e social. Atualmente, mais da metade da população mundial (caso válido inclusive para o Brasil) vive a menos de sessenta quilômetros da costa e essa relação pode aumentar para dois terços até 2020 segundo a Agenda 21, 2004. A proximidade dessas regiões, densamente povoadas, dos ecossistemas costeiros e a importância deles para a produção de recursos vivos marinhos, condicionam conflitos de interesses entre diversos setores de atividade: urbanização, indústria, comércio, subsistência, serviços portuários, pesca e turismo, expondo e impondo aos ecossistemas e ao meio ambiente, diferentes níveis de modificações e transformações (BDT 2005). 3.6.1 – Ondas As ondas geralmente resultam dos ventos gerados pela troca de calor e umidade entre o mar e o ar, quando o vento sopra durante muito tempo e em altas velocidades na mesma direção, sobre grandes distâncias. São importantes agentes modeladores da linha de costa, uma vez que causam o maior impacto sobre o litoral. Representa o fenômeno ondulatório de transmissão de energia através da matéria. A onda ideal apresenta cristas (parte alta) e cavas (parte baixa). A diferença métrica entre ambas define a altura da onda (H). A distância horizontal entre duas cavas ou duas cristas sucessivas é o comprimento de onda (L), a relação entre essas duas medidas (H/L) é o declive da onda. Um período (T) de onda é o tempo gasto para passar uma onda completa e a freqüência (f) é o número de cristas que passa num determinado ponto em um minuto. Geralmente classificam-se da relação do seu comprimento com a profundidade do fundo oceânico em: ondas profundas, de águas rasas e ondas de transição (Thurman 1997): ◦ Ondas de águas profundas – ocorrem quando a profundidade é maior que a metade do comprimento de onda. Não sendo, portanto afetadas pelo fundo oceânico; ◦ Ondas de águas rasas – ocorrem quando a profundidade é inferior a 1/20 do comprimento de onda, inclusive ondas geradas por ventos na zona costeira, tsunamis e marés; Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 29 Fernanda Barbosa de Lima ◦ Relatório de Graduação Ondas de transição – ocorrem quando a profundidade é inferior à metade do comprimento de onda, e maior que L/20. Nesse caso a velocidade é controlada parte pelo comprimento de onda, parte pela profundidade. A aproximação das ondas no continente pode resultar em efeitos diversos sobre a linha de costa e sobre a própria onda, tais como: refração e difração das ondas, ação hidráulica, abrasão e movimento de sedimentos (Longwell 1975). A refração ocorre quando as ondas começam a arquear-se e os comprimentos de onda tornam-se mais curtos à medida que se aproxima da linha de costa. Raramente o ângulo de aproximação da frente de onda com a costa é exatamente 90°, com isso alguns setores começam a “sentir o fundo” mais cedo, atrasando-se em relação ao resto da onda, fazendo com que ocorra uma curvatura da frente de onda (Longwell 1975). Quando atua de maneira direta, a pressão hidráulica pode comprimir de forma violenta o ar que se encontra nas fissuras das rochas. O ar comprimido tem a competência para empurrar grandes blocos de rochas. As conseqüências desses efeitos resultam no movimento dos sedimentos, que a partir do desgaste das rochas geram partículas que são removidas e arrastadas para o fundo, de acordo com a energia das ondas e correntes. A abrasão é uma importante forma de erosão, pois causa o desgaste das superfícies rochosas por partículas que são empurradas pela ação das ondas (Longwell 1975). A arrebentação ocorre quando a profundidade é inferior a L/20, nesse caso a movimentação das partículas é muito retardada pela ação do fundo marinho. Com isso, as cristas se tornam estreitas e pontiagudas, as cavas ficam curvas e largas. O aumento da altura é seguido pela diminuição do comprimento de onda e pelo aumento no declive (H/L) progressivamente até a quebra da onda na zona de surf (Komar 1998). Durante todo esse processo ocorre uma mudança na trajetória das partículas de água, que de circulares, ficam cada vez mais achatadas (Figura 3.3). Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 30 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação FIGURA 3.3 – Mudança na forma das ondas e na trajetória do movimento executado pelas partículas de água, à medida que chegam a costa e tocam o fundo (adaptado de Longwell 1975). Chaves e Vital (2001) em estudos sobre a dinâmica costeira numa área de Macau, observaram que o maior período de ondas em 2000 se deu no mês de abril (1’ 20, 07”) e o menor no mês de maio de 2001 (33, 36”); a maior altura de ondas foram registradas no mês de novembro (0,722 m) e a menor no mês de maio de 2001 (0,125 m). a velocidade da corrente de deriva litorânea variou de 1,103 m/s (novembro de 2000) a 0,171 m/s (maio de 2001). 3.6.2 – Ventos Os ventos são gerados quando existem diferenças de temperatura e pressão entre duas superfícies. Existem na atmosfera feições relativamente permanentes: centros de alta pressão ocorrem sobre os pólos e em latitudes tropicais, já em regiões equatoriais e subpolares ocorrem centros de baixa pressão (UNISANTA 2004). O ar existente sobre superfícies quentes é aquecido, ficando mais leve e ocorrendo ascenção, enquanto que o ar sobre superfícies mais frias é resfriado, ficando mais denso, ocorrendo descendência. Esse trânsito gera a diferença na pressão do ar à superfície, que tende a ser mais baixa nas regiões de ar ascendente e mais alta em regiões de ar descendente. Com isso são gerados os gradientes de pressão, onde o ar flui das regiões de alta para as de baixa pressão. Quando esse movimento envolve grandes Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 31 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação massas de ar são gerados os ventos globais, enquanto os ventos locais envolvem gradientes em escala local, afetando assim uma área menor. Esses gradientes de pressão geram três sistemas gerais de ventos na atmosfera: ventos alísios, que ocorrem entre 0º e 30º de latitude, soprando do E para o W; ventos do W, entre 30º e 60º de latitude e que sopram do W para o E; e, por último, vento do E nas regiões polares, do E para o W (na meteorologia, os pontos cardeais definem a localização da origem do vento, e não o destino, como geralmente se costuma a usar). Tais sistemas de vento são os principais responsáveis pelo equilíbrio de calor no planeta. O “Efeito de Coriolis” causa o desvio dos ventos para a direita (hemisfério sul) e para a esquerda (hemisfério norte), ocasionando também o desvio das águas superficiais, que geram importantes correntes oceânicas. Sua origem está no fato de que o movimento de rotação da Terra dá-se no sentido de W para E, de modo que um objeto viajando em um curso retilíneo do pólo norte ao equador estará influenciado pela rotação da Terra que gira embaixo dele. O resultado final é que o objeto se desvia para oeste em relação ao seu destino pretendido. Para um observador externo, parece como se o objeto tivesse uma trajetória levemente curvada para W. Do mesmo modo, um objeto movendo-se para o N a partir do equador parecerá se desviar para o E. A regra prática é que no hemisfério norte os objetos se desviam para o lado direito do sentido do movimento; no hemisfério sul, para o lado esquerdo (Figura 3.4). FIGURA 3.4 – Desvio da trajetória de direção dos ventos causado pelo “Efeito de Coriolis” fhttp://geocities.yahoo.com.br/saladefisica5/leituras/coriolis.htm Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 32 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 3.6.3 – Marés A atração gravitacional da Lua e, em grau menor, do Sol sobre os oceanos causa as marés, que é a subida e descida vertical das águas do mar. O Sol, a Lua e a Terra estão, a cada duas semanas, alinhados em situação de lua cheia (Figura 3.5). É nessa ocasião que acontecem as marés de sizígia, quando se podem verificar as maiores amplitudes de maré. No desalinhamento que se observa nas fases de lua crescente e minguante, acontecem as marés de quadratura, momento que não existem grandes variações na amplitude de maré. A água do mar, em A, está mais próxima da Lua, sendo, então, atraída por ela por uma força maior do que nos demais pontos. Por isso essa água sofre uma elevação neste ponto, dando origem a uma maré alta na posição A. No ponto C, oposto, a força gravitacional da Lua sobre a água é menor do que nos outros pontos. Então, em C, por inércia, a água tende a se afastar da Terra, dando origem neste ponto também a uma maré alta. Nos pontos B e D o nível do mar é mais baixo à altura média, dando origem à maré baixa nesses pontos. A atração gravitacional do Sol provoca um efeito semelhante nas águas do mar, se sobrepondo ao efeito produzido pela Lua. Por isto, quando o Sol, a Lua e a Terra estão alinhados, são observadas marés mais elevadas, pois nesta situação os efeitos se somam. FIGURA 3.5 – Efeito de marés resultante da ação gravitacional exercida pela Lua e o Sol sobre a Terra (Geocities, 2004) Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 33 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação Amplitude de maré é a diferença, em metros da altura da água entre uma preamar (PM) e uma baixamar (BM). Quanto à amplitude, as marés podem ser classificadas como micro, meso e macromaré. Quando ocorre uma grande diferença entre a maré observada e a que foi prevista na tábua de marés, tem-se uma maré metereológica. As causas para que isso ocorra são as variações da pressão atmosférica e a troca de momento linear entre o vento e a água. As marés podem ser diurnas, semidiurnas ou mistas: ◦ Marés Diurnas - ocorrem apenas uma preamar (PM) e uma baixamar (BM) a cada dia lunar (24h e 50 min.) com pouca variação de amplitude; ◦ Marés Semidiurnas – ocorrem duas PM e duas BM no período de um dia lunar, com intervalo de tempo entre uma PM e uma BM sucessivas de pouco mais de 6 horas; ◦ Marés Mistas – ocorrem influências dos dois modelos anteriores, com grandes diferenças entre a altura de duas PM e duas BM sucessivas. 3.6.4 – Correntes As correntes marinhas são movimentos que deslocam as massas de água de um local para outro. Classificam-se de acordo com a forma com que se dá esse deslocamento ao longo da linha de costa, podendo ser costeiras, litorâneas, de maré ou oceânicas. ◦ Correntes Costeiras – ocorrem geralmente paralelas à costa, controladas pelo vento e pela descarga dos rios; ◦ Correntes Litorâneas – essas correntes deslocam-se com sentido normal a costa (corrente de retorno) e em ângulo com a costa (corrente de deriva litorânea). As correntes de retorno são responsáveis pelo arraste de sedimentos para o mar causando a presença de zonas de turbidez para além da zona de surfe. As correntes longitudinais transportam sedimentos ao longo da costa; ◦ Correntes de Maré – estão relacionadas ao movimento horizontal da água em associação com a subida e descida da superfície do mar. Esse tipo é mais comum em áreas interiores, no entanto ocorre em mar aberto na área de estudo (Silva et al. 2003); Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 34 Fernanda Barbosa de Lima ◦ Relatório de Graduação Correntes Oceânicas – podem ser geradas por dois tipos de processos: termoalinos, que provoca o deslocamento das massas de água por meio das variações de temperatura e salinidade; e por sistemas de ventos originados da radiação solar. Os processos termoalinos são dominantes nas águas profundas, os deslocamentos pela ação dos ventos são restritos as águas superficiais. 3.7 – PLATAFORMA CONTINENTAL Cerca de 70% da superfície da Terra é recoberto por oceanos e mares, compreendendo o fundo submarino que está dividido em duas unidades maiores: margem continental e fundo oceânico. A margem continental é a extensão dos continentes, correspondendo cerca de 1/5 da área submersa dos oceanos. Baseado na profundidade atingida, a margem continental está dividida em plataforma, talude e sopé continental (Suguio 2003). Na classificação em relação ao arcabouço tectônico são conhecidas as plataformas de margem passiva, margem ativa e bacias de antepaís: ◦ Margem Passiva – ocorrem nas bordas dos continentes, com desenvolvimento de prismas plataformais com maior espessura em direção ao mar. A sedimentação é decorrente das redes de drenagem continentais, podendo desenvolver-se áreas de plataformas agradacionais; ◦ Margem Ativa – são típicas de zonas de subducção, onde se desenvolvem com estreita largura, com formação de prismas acrescionários em áreas com alta taxa de sedimentação; ◦ Bacia de Antepaís – caracterizada por máxima subsidência e sedimentação ocorrendo no lado do continente adjacente a zona orogênica. Quando a taxa de sedimentação é alta podem ocorrer agradação e perfis plataforma-talude com afinamento em direção a bacia, podendo desenvolver-se extensas áreas plataformais. A plataforma continental compreende a faixa que vai desde a linha de costa, nível médio do mar até o talude continental, com profundidade máxima de 180 m e suave declividade. No Brasil, a plataforma continental tem sua largura máxima em torno de 200 km na região norte e sua menor largura em frente à cidade de Salvador, no litoral Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 35 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação baiano onde alcança apenas 8 km. Suguio (2003) divide em plataforma interna (inner shelf), plataforma intermediária (midle shelf) e plataforma externa (outer shelf) (Figura 3.6). FIGURA 3.6 – Subdivisão da plataforma continental (Smith & Brink 1994). Na plataforma interna não ocorre à separação das camadas de limite superior e de fundo. ◦ Plataforma interna – porção proximal que se estende desde o nível médio de maré baixa até cerca de 30 m de profundidade. As condições de temperatura e salinidade são extremamente variáveis, ocorrendo uma diversidade de animais e vegetais devido a abundante iluminação; ◦ Plataforma intermediária – caracteriza-se pela transição do regime de fluxo através da plataforma suavemente inclinada e decréscimo em direção ao mar na freqüência e intensidade da agitação das camadas de fundo; ◦ Plataforma externa – porção distal iniciada a partir de 30 até 200 m de profundidade aproximadamente. De baixa salinidade, em relação à plataforma interna, apresenta iluminação insuficiente ocorrendo principalmente o desenvolvimento de algas calcárias. Em relação à tipologia de sedimentos encontrados nas plataformas, pode-se classificá-las como: Autóctones, os sedimentos de fundo são intrabasinais ou extrabasinais reliquiares, oriundos do retrabalhamento in situ de depósitos já existentes; Alóctones, parcialmente suprida por sedimentação recente, recebendo grandes quantidades de sedimentos extrabasinais do continente adjacente. Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 36 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 3.7.1 - Plataforma Continental do Estado do Rio Grande do Norte No Estado do Rio Grande do Norte a plataforma continental apresenta largura média entre 30-40 km, definindo sua quebra entre 50-60 m de profundidade. Sua configuração sofreu forte influência do tectonismo vertical Meso-cenozóico, onde as estruturas de horts e grabens predominantes na porção submersa e emersa da Bacia Potiguar exerceram importante papel na sedimentação e morfologia. Como exemplo desses compartimentos tem-se o graben de Guamaré e o alto de Macau. Recentemente vários estudos sobre as feições morfológicas e as implicações geodinâmicas têm sido efetuados ao longo da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte. Isso se deve a sua importante contribuição na produção de petróleo no país. Guedes (2002) realizou mapeamento na área de influência de dutos condutores de gás e óleo na região de Guamaré, caracterizando a morfologia plana, com profundidade máxima de 11m e os tipos de fácies sedimentares do substrato. Albuquerque (2002) caracterizou as feições morfológicas da plataforma continental na região de São Bento do Norte, destacando três lineamentos de arenitos praiais (beachrocks) de direção E-W, banco submerso (popularmente chamado Croa) e formas de leito subaquosas (sandwaves) além de caracterização faciológica. Vital et al. (2002) em mapeamento faciológico registrou uma faixa de areias litoclásticas próximo à costa, na região de deriva litorânea, seguida por uma zona intermediária de areias litobioclásticas a biolitoclásticas, cascalhos bioclásticos a partir da isóbata de 15 m. Da sedimentação por biodetritos são encontrados algas coralíneas e foraminíferos bentônicos, com ostracodes, gastrópodes e bivalves em menor quantidade. Na sedimentação siliciclástica predominam sedimentos quartzosos, com minerais pesados ocorrendo de forma secundária. Os sedimentos lamosos ocorrem próximo à desembocadura e nos canyons dos rios. Caldas et al. (2001) datou arenitos praiais (beachrocks) pelo método de 14C MAS, encontrando idades holocênicas (2200 a 6500 anos AP) e pleistocênicas (30000 a 40000 anos AP). Esses arenitos ocorrem entre 10 e 20 m de profundidade na plataforma continental do Estado do Rio Grande do Norte, e podem representar diferentes períodos de nível do mar estacionário durante a última transgressão pós-pleistocênica. Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 37 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação Segundo Costa Neto (1997) a configuração atual da plataforma interna setentrional do Rio Grande do Norte, está relacionada com as variações do nível do mar e os sucessivos períodos de estabilização durante o Quaternário. No mesmo estudo, o autor identificou cinco feições geomorfológicas principais na área da plataforma continental interna adjacente ao delta do Rio Piranhas-Açu (Figura 3.7). FIGURA 3.7 – Mapa de anomalias fisiográficas e sentido da deriva litorânea (Costa Neto 1997). Paleocanal – apresenta orientação NE, de acordo com as principais feições estruturais do continente. Estende-se desde a foz do rio Açu até a isóbata de 24 m, aproximadamente 23 km da linha de costa; Bancos arenosos – são feições de caráter contínuo, com orientação preferencial paralela a linha de costa, mostrando migração para W e flanco abrupto voltado para mar aberto, o que define um transporte em direção ao largo. Morfologicamente podem apresentar cristas, com presença de areias quartzosas, e cavas, onde se acumulam fragmentos de conchas, lama e areia biodetrítica; Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 38 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação Recifes lineares – estão presentes ao largo da Ponta do Tubarão, em profundidades entre 12 e 18m. Os principais na área são conhecidos como a Urca do Tubarão e Cabeço da Barra Velha, com direção NW-SE; Recifes isolados – conhecidas vulgarmente pela denominação de “cabeços”, sua morfologia é de topo pontiagudo e convexo, parcial ou totalmente cobertos por algas calcáreas. A presença é marcante ao largo de Barreiros, Macau e extremo NW da área. Ocorrendo em profundidades variando de 1 a 11m; Fundo plano – de relevo plano e suavemente ondulado, ocorrendo na porção W da área. Capítulo III – EMBASAMENTO TEÓRICO 39 CAPÍTULO IV Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação IV – Análise Integrada 4.1 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS DIGITAIS DO LANDSAT 5-TM Várias composições coloridas foram testadas para verificar quais as que melhor se aplicariam à área e ao objetivo do trabalho. A relação dos melhores combinações foi feita com base na compilação de trabalhos prévios, e na avaliação da resposta espectral da água na faixa do visível do espectro eletromagnético, dentre eles os trabalhos de Amaro (1998), Alves (2001) e Souto (2004). Destacaram-se as combinações RGB-521, RGB-751 e RGB-312, o filtro direcional Prewitt 5X5 e a análise por principais componentes PC1. Em todas as combinações estão presentes as bandas 1 e/ou 2 por se encontrarem na faixa de maior reflectância da água (0,45 – 0,60 µm). A análise da combinação colorida RGB-521 (Figura 4.1) fornece informações sobre as diferentes profundidades da plataforma continental por meio da variação na tonalidade do azul, decorrente da grande penetratividade das bandas 1 e 2, além da presença de sedimentos em suspensão. Pode-se, numa análise preliminar, identificar três principais zonas de variação das cotas batimétricas: (i) a primeira, iniciando a partir da linha de costa, representada numa tonalidade mais clara de azul, corresponde à parte mais rasa da plataforma; (ii) a segunda, de profundidade intermediária é reconhecida pelo escurecimento do tom azul, seguida pela (iii) zona que deve representar as maiores profundidades da área, onde ocorre absorção total, coloração escura até o preto. Nessa última zona está localizada a quebra da plataforma e o talude continental e a precisão dessa localização é obtida com perfis batimétricos de maior extensão a partir da linha de costa. O realce dado pela banda 2 nessa combinação deixa bem destacada no centro da área uma pluma de sedimentos em suspensão proveniente da descarga do Rio PiranhasAçu, a imagem da PC1, RGB-751, RGB-312 e a banda 1 isolada, apenas com realce de contraste no histograma e escala de cor (Figura 4.2), mostraram que o volume dessa pluma é bem maior que o visualizado na composição RGB-521. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 40 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação FIGURA 4.1 – Imagem Landsat 5-TM (13/06/2000) da área da plataforma adjacente a foz do Rio Piranhas-Açu, na composição RGB-521, com indicação de perfis topográficos. Legenda: PC - Paleocanal; PSS - Pluma de Sedimentos em Suspensão; DS- Dunas Submersas; FSS – Faixa de Sedimentos em Suspensão. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 41 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação FIGURA 4.2 – Comparação entre o volume da pluma de sedimentos em suspensão no paleocanal do Rio Piranhas-Açu, através das composições coloridas no sistema RGB da imagem Landsat 5TM (13/06/2000). A feição geomorfológica que mais se destaca em todas as composições é o paleocanal do Rio Piranhas - Açu, que possui direção NE e está localizado na parte central da área. Pelo mapa batimétrico de Costa Neto (1997) a profundidade máxima atingida no canyon nessa área é de 24 m, no entanto obtém-se uma boa resposta espectral até a cota de 15m aproximadamente. A origem do canyon decorre da incisão que o canal do rio provocou sobre a plataforma exposta quando o nível do mar estava mais baixo que o atual. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 42 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação A oeste do paleocanal, seguindo o contorno da linha de costa, ocorre uma faixa de sedimentos em suspensão que se destaca pela textura lisa e uma coloração azul esbranquiçada na combinação RGB-521, em decorrência da alta reflectância do material areno-quartzoso. Possui aproximadamente 2,5 km de largura e representa o resultado do retrabalhamento exercido pelas ondas e marés sobre a costa. Essa faixa não apresenta continuidade do lado E do canal, onde a menor quantidade de sedimentos em suspensão nessa área torna possível à observação das formas de leito de menor porte que ocorrem em frente ao Município de Macau e região da grande Macau, onde está compreendida a Ponta do Tubarão. As formas de leito subaquosas são distinguidas na área onde a alta reflectância do material de fundo define uma coloração esbranquiçada para essas feições, além de uma textura lisa que representa o bom selecionamento desses sedimentos. Essas mesmas formas, embora de maior porte, foram classificadas por Ashley (1990) como “dunas subaquosas”. Destacam-se dois campos onde estas dunas apresentam uniformidade e são bem desenvolvidas, estão localizados a E e W da área, orientadas de modo subparalelo à linha de costa. A composição RGB-312 permite observar a geometria dessas formas de leito, possibilitando inferir o sentido de transporte dos sedimentos de E para W, corroborando com os estudos anteriores sobre o deslocamento da deriva litorânea no litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte (Tabosa 2000; Lima 2004). Um lineamento de beachrocks de grande extensão é definido por uma seqüência de arenitos isolados que acompanham o prolongamento do recife iniciado na plataforma em frente à região de São Bento do Norte (Albuquerque 2002). Outro lineamento distinguido na imagem, com direção aproximadamente E-W ocorre a NE da área, consiste de um banco de algas calcárias (Costa Neto 1997) com extensão de aproximadamente 10 km que intercepta o flanco leste do paleocanal onde ocorre uma elevação dividindo-o em dois setores: interno (mais próximo à costa) e externo (mar aberto). Costa Neto (op. cit.) interpretou essa elevação (soleira) como um testemunho de erosão sobre as falésias da Formação Barreiras. A composição RGB-312 evidencia a oeste do paleocanal em frente à Ponta do Mel, uma área de textura rugosa onde ficam evidentes as feições lineares de direção NW, Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 43 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação que ao encontrar o flanco W do paleocanal são desviadas para N, denotando um arraste na sua estrutura linear (Figura 4.3). A origem dessa feição ainda é objeto de estudo. FIGURA 4.3 – Composição colorida RGB-312 da imagem Landsat 5-TM (13/06/2000). Essa composição ressaltou com melhor desempenho as características morfológicas da área, visualizadas na composição RGB-312. O resultado do processo de filtragem utilizando o filtro direcional Prewitt 5X5 sobre a banda 1 (Figura 4.4) deixou bem marcado o contorno do paleocanal e o recife linear no seu flanco E. As dunas submersas mostraram um discreto relevo em função do pequeno porte e extensão que as mesmas apresentam. Os lineamentos a Oeste do paleocanal mostraram-se suavizados pela filtragem, aparecendo de forma discreta. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 44 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação FIGURA 4.4 – Resultado do processo de filtragem da imagem Landsat 5-TM (13/06/2000) com o filtro direcional Sunangle North West 5X5. 4.2 – CORRELAÇÃO DAS IMAGENS DIGITAIS LANDSAT 5-TM COM DADOS FACIOLÓGICOS E BATIMÉTRICOS Como descrito no item anterior, a imagem de satélite fornece informações a cerca da profundidade em áreas submersas e, no tocante à faciologia, a relação cor/ profundidade nas imagens também pode representar uma variação textural de sedimentos. Áreas de cor escura podem denotar tanto a profundidade maior, quanto a possível tipologia do material de fundo, pois a distribuição desses sedimentos está relacionada à granulometria, profundidade e velocidades de fluxo, parâmetros principais que determinam o desenvolvimento das formas de leito subaquosas (Guedes 2002). De acordo com o mapa faciológico de Vital et al. (2002), apresentado na Figura 4.5, ao longo do canyon estão depositadas margas e lamas calcáreas, evidenciando a sedimentação de baixa energia que ocorre no paleocanal do Rio Piranhas-Açu. Essas Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 45 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação áreas apresentam uma coloração escura até a absorção total em qualquer uma das combinações RGB, pois corresponde aos locais de maior profundidade. FIGURA 4.5 – Abrangência do mapa de fácies sedimentares da plataforma continental do estado do Rio Grande do Norte (Vital et al. 2002) na área de trabalho. O mesmo foi adicionado ao SIG para as discussões sobre a representatividade da imagem de satélite. A areia litoclástica encontrada na faixa costeira desde a Barra do Corta Cachorro e a Ilha Barreira Ponta do Tubarão também é depositada ao longo do recife que intercepta o paleocanal, levando a acreditar que o mesmo funciona como anteparo para esses sedimentos trazidos pelas correntes. As formas de leito subaquosas que se apresentam bem desenvolvidas nas imagens, demonstrando um bom selecionamento do material de fundo, estão localizadas nas áreas onde ocorrem os sedimentos arenosos lito - e bioclásticos. Um fácies de lama terrígena é encontrado na desembocadura dos principais rios da região, essa tipologia é bem definida nas imagens, apresentando uma coloração verde escura na composição RGB-521 e violeta escuro na composição RGB-312. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 46 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação 4.3 – INTEGRAÇÃO DOS MODELOS DIGITAIS DE TERRENO COM AS IMAGENS LANDSAT 5-TM 4.3.1 - Modelo digital de terreno para a subárea Ponta do Tubarão Na subárea Ponta do Tubarão foram testados dois modelos de inteporlação de dados: o método de malha regular (GRID) e o método de malha irregular (TIN), para a comparação de melhor visualização. Para os dois modelos os dados utilizados foram os mesmos coletados na campanha batimétrica e o melhor resultado visual foi obtido com o método de malha regular (GRID), com tamanho de célula de 30 m, executado no Surfer® 8.0. O mapa de contorno (Figura 4.6-A) mostra a variação de profundidade, entre 0 e -10 m, com baixo gradiente de declividade. As cotas positivas referem-se aos sedimentos inconsolidados que chegam à foz dos rios e formam bancos arenosos ao longo da linha de praia. Para a subárea Ponta do Tubarão o MDT (Figura 4.6-B) delineou um relevo plano, não ocorrendo feição de destaque na morfologia, visto que apenas formas de leito pouco desenvolvidas são visualizadas por meio das imagens nesta parte da área. Em estudo multitemporal ao longo da zona costeira da Ponta do Tubarão, Souto (2004) constatou uma intensa ação erosiva que causa a progradação das ilhas barreira com remobilização de sedimentos que, provavelmente também influencia na formação das sandwaves. Para se obter um modelo que destacasse a geometria de cristas e cavas das mesmas, independente do método de interpolação, seria necessária uma malha batimétrica mais densa, aumentando a escala do mapa e consequentemente melhorando a resolução. De acordo com a escala de trabalho, isso inviabilizaria a sobreposição (drape) com a imagem de satélite, considerando a grande região coberta e sua resolução máxima de 15 m. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 47 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação FIGURA 4.6 – (A) Mapa de contorno gerado no Surfer® 8.0 como resultado do processamento dos dados de perfis batimétricos coletados na subárea Ponta do Tubarão. (B) MDT com sobreposição da composição RGB-521 da imagem Landsat 5-TM (13/06/2000). Escala vertical 1:300. 4.3.2 - Modelo digital de terreno (MDT) para a plataforma continental adjacente ao estuário do Rio Piranhas-Açu Para a execução desse modelo utilizaram-se os dados do mapa batimétrico de Costa Neto (1997), a partir de sua digitalização, georreferenciamento e vetorização conforme descrito na metodologia de trabalho. A partir dessas etapas tem-se inicialmente a geração do mapa de contorno (Figura XX), o mesmo mostrou uma variação de profundidade entre 0 (linha de costa) e -24m (paleocanal). Assim obteve-se um MDT que abrangesse uma área de maiores diferenças morfológicas, possibilitando um melhor aproveitamento dessa metodologia. No modelo Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 48 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação gerado pelo Surfer® (Figura 4.7) a malha de GRID foi feita com tamanho de célula de 30 m, para adquirir a mesma resolução espacial da imagem. Os modelos gerados no Arcview® (Figuras 4.8-A e 4.8-B), com a malha TIN mostraram melhor adaptação à morfologia da área, dada à estrutura irregular desse tipo de grade. FIGURA 4.7 - Modelo digital de terreno gerado no Surfer®, com sobreposição da imagem Landsat 5-TM, 13/06/2000 na composição RGB-521. Escala vertical 1:800. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 49 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação FIGURA 4.8 – A) MDT gerado no Arcview ® com sobreposição da imagem Landsat 5-TM, na composição RGB-521. O exagero vertical de 500X ajuda a visualização das feições encontradas na área, onde ficam bem destacados as dunas subaquosas, recifes e o paleocanal. B) MDT gerado no Arcview ® com sobreposição da imagem Landsat 5-TM, na composição RGB-312. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 50 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação A partir dos MDTs elaborados para a plataforma continental adjacente ao município de Macau, pode-se fazer uma análise morfológica conjunta das imagens de satélite e da batimetria, sendo complementada pelo mapa faciológico, constituindo ferramenta de grande aplicabilidade. O exagero vertical (500x) no modelo possibilita ressaltar ainda mais as diferenças na morfologia do terreno, destacando as feições de maior importância topográfica. Como resultado, tem-se bem destacada a geometria e direção NE do paleocanal, que se sobressai dentre as demais: dunas, recifes e fundo plano. O exagero vertical permite ainda visualizar a diferença de cota batimétrica de aproximadamente 5 m entre os recifes e o fundo plano a E da área, no entanto apenas as dunas submersas de maior porte são destacadas por esse exagero. O flanco oeste do paleocanal mostra uma ligeira elevação topográfica em relação ao flanco leste. Essa diferença também é percebida na imagem digital, onde o lado topograficamente mais baixo (leste) apresenta uma coloração mais escura que o lado mais alto (oeste). Fortes (1982) constatou movimentos recentes nessa porção da Bacia Potiguar, através de dados de sísmica combinados a fotogeologia, que evidenciaram o desnivelamento suave dos blocos que dividem a bacia. Justamente o Rio Piranhas-Açu mostrou as melhores evidências desse movimento, em decorrência da variação na posição do seu estuário, que migrou para E definindo um basculamento com mesmo sentido estendendo-se à plataforma. A presença da elevação que divide o paleocanal é melhor visualizada no modelo gerado pelo Arcview® e no perfil topográfico. Capítulo IV – ANÁLISE INTEGRADA 51 CAPÍTULO V Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação V - Conclusões e Recomendações A metodologia empregada conseguiu atender aos objetivos do trabalho, deve-se atentar para a importância de estudos dessa natureza em áreas de influência da indústria petrolífera, principalmente se tratando de áreas costeiras, por representarem ambientes de grande diversidade biológica, alta vulnerabilidade ambiental e maior concentração populacional. Tendo em vista que as populações costeiras detêm no mar, a sua principal fonte de renda para a sobrevivência. O ambiente de sistema de informações geográficas (SIG) permitiu a integração dos dados de forma satisfatória, pois as ferramentas inerentes ao ArcView® 3.2 mostraram grande funcionalidade no que diz respeito a análise conjunta das imagens, mapa faciológico e batimétrico. No entanto para que essas ferramentas sejam bem aproveitadas, deve-se observar um fator importante nessa integração, de modo a não resultar numa falsa análise: o georreferenciamento dos mapas utilizados. A elaboração dos modelos digitais de terreno (MDTs) com integração de imagens orbitais, mostrou-se de grande utilidade na visualização da morfologia para a área da plataforma adjacente ao estuário do Rio Piranhas-Açu, pois possibilitou relacionar duas características importantes para a interpretação: a profundidade e a textura. Os dois softwares utilizados, Surfer® e ArcView® demonstraram excelentes resultados na geração desses modelos, no entanto foi no segundo que as possibilidades de visualização facilitaram as discussões. Podendo-se considerar uma metodologia de fácil aplicação e bons resultados para áreas submersas. Na subárea Ponta do Tubarão, os modelos não mostraram grande relevância na análise da morfologia, devido à monotonia no relevo e o espaçamento dos perfis batimétricos. A metodologia empregada serviu como base para a compreensão das etapas de geração de uma carta batimétrica. Nesta área destacaram-se apenas as dunas de pequeno porte que se formam pela ação de deriva litorânea sobre os sedimentos remobilizados da região costeira. Capítulo V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 52 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação A principal feição morfológica na plataforma interna da região de Macau é o paleocanal do Rio Piranhas-Açu, que apresenta profundidade máxima de 24 m na área de abrangência do mapa batimétrico de Costa Neto (1997). Seu destaque em relação aos recifes e dunas subaquosas fica mais evidente quando visualizado em modelagem 3D com a possibilidade de aumento do exagero vertical. As composições coloridas em RGB que melhor representaram essas informações foram as combinações RGB-521 e RGB-312, considerando a presença das bandas 1 e 2 do Landsat 5-TM que apresentam boa penetração em corpos d’água. A aplicação da Análise por Principais Componentes na PC1 e do filtro direcional Prewitt com dimensão 5X5 também se mostrou eficaz na caracterização das feições. O desenvolvimento do trabalho permitiu reunir algumas observações sobre a representatividade de imagens multiespectrias, no caso das imagens analisadas do Landsat 5-TM e suas aplicações ao estudo da plataforma continental: • Essas imagens possuem grande fidelidade no tocante a profundidade de áreas submersas, possibilitando a sua utilização na correção de dados em modelos batimétricos 3D, para uma maior proximidade com o real; • O mapeamento faciológico tem nessas imagens, uma ferramenta fundamental para a localização das diferentes classes sedimentares. Vários trabalhos para esse tipo de levantamento já utilizam imagens espectrais como subsídio para a delimitação de fácies sedimentares em áreas da plataforma continental (Albuquerque 2002; Amaro et al. 2002; Guedes 2002; Vital et al. 2002). • Portanto as imagens de satélite representam as características faciológicas e morfológicas da superfície. Com base nisso, sua aplicação torna-se imprescindível, quando a área em questão trata-se de porções submersas com boa visibilidade e profundidade variável, para a orientação de amostragens e mergulhos, onde a visualização in situ não possui as facilidades de áreas continentais emersas, bem como a definição de largura de malha batimétrica, Recomendam-se como trabalhos futuros, a execução de perfis batimétricos mais detalhados e de maior extensão, a partir da costa, de forma que a quebra da plataforma seja contemplada; sugere-se ainda a aplicação dessa metodologia para outras áreas do Capítulo V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 53 Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação litoral do Estado do Rio Grande do Norte, de forma a contribuir com soluções e informações para o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais do nosso Estado. Capítulo V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 54 Referências Bibliográficas Fernanda Barbosa de Lima Relatório de Graduação ________________ A ________________ AGENDA 21 (2004). Disponível em: http://www.crescentefertil.org.br/agenda21/index2.htm Acesso em Janeiro de 2004 ALBUQUERQUE, R.C.L. (2002). Aplicação do Sensoriamento Remoto e do Sistema de Informações Geográficas na elaboração de modelo digital de terreno em áreas submersas do litoral setentrional do estado do Rio Grande do Norte. Natal/RN. Relatório (Graduação em Geologia), Departamento de Geologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 62p. ALMEIDA, F.F.M.; HASUI, Y.; BRITO NEVES, B.B.; FUCK, R.A. (1977). Províncias Estruturais Brasileiras. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO NORDESTE, 7, Campina Grande/PB. Atas... Campina Grande: SBG, 1977, p 363 – 391. ALVES, A. de L. (2001). Cartografia temporal e análise geoambiental da dinâmica da foz do rio Piranhas-Açu, região de Macau-RN, com base em imagens Landsat 5-TM. 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