Universidade Católica Portuguesa Leaning Virtual Communities – the student’s point of view Abstract From the very beginning of our Masters in Educational Computing, it was stressed the intention of using the paradigm of learning virtual communities (LVC) as one major tool for learning. This approach was implemented in most of our courses and students have acquired a considerable experience with this new category of learning strategies in new technological environments. Taking this into consideration, we decided to interview four students from different working groups. We have focused the discussion around five main questions: - Was a LVC a new way to learn? - Is a LVC more oriented for concrete problem solving or is it more suitable for open discussions? - Is there a best leadership style, or… - What’s the best dimension of a LVC animation? - How can the dynamics of a LVC be sustained? The interview was done using MSN messenger, and lasted about two and a half hours. What follows is the result of our discussion. We asked the participants to talk about their experience at the masters course and how they felt working in a community. Participants: - JrL Vanda Filipe Lima, Oporto Marta Duque, Vanda Alves, Lisbon Marlene Lira, Madeira Island José R. Lagarto, moderator and coordinator of the master course. A Comunidade Virtual de Aprendizagem (CVA) onde se inseriram foi de facto um meio para novas formas de aprender? Quais os aspectos mais relevantes (positivos ou negativos) que retiveram? Senti-me incluída numa comunidade virtual de aprendizagem pois, através da participação nos fóruns, sentia que o meu estudo e a minha tentativa de contribuir para a compreensão de determinado assunto eram acessíveis para toda a turma mas também, por outro lado, eram um contributo para uma discussão / partilha de ideias onde eu conseguia atingir um nível de conhecimento e perspectivas de análise que, de outro modo, seria mais difícil. lado, eram um contributo para uma discussão / partilha de ideias onde eu conseguia atingir um nível de conhecimento e perspectivas de análise que, de outro modo, seria mais difícil. Por outro lado, a realização de chats com os colegas, a troca de emails com estes e com os professores das disciplinas, permitiram um contacto frequente com o grupo de trabalho - o que facilitou o meu sentimento de pertença à comunidade. Filipe Lima Sem dúvida que sim. Partindo do pressuposto que o ser humano é um ser gregário, foi com muito interesse e expectativa que integrei este mestrado, tendo em conta as expectativas da minha própria construção do conhecimento. Tal como a Vanda afirmou, a participação em fóruns, chats e trabalhos colaborativos via web, permitiu, e de que maneira, consolidar os meus conhecimentos e partilha com outros grupos. Eu acredito nas comunidades de aprendizagem.... porquê? porque proporcionam ferramentas que permitem aproximar grupos de pessoas que estão interessados num assunto Marlene Lira comum... ou seja... a partilha que daí resulta, contribui para construir aprendizagens enriquecedoras. Marta JrL Filipe Lima Marta Eu estou de acordo com os colegas. Foram os outros meios, muito mais que o fórum, que mais impacto tiveram nesse sentimento de pertença. Os fóruns funcionavam mais como um desafio... gostamos de "opinar", está na nossa natureza. Mas, sem dúvida, que constituíram espaços que nos obrigavam a repensar os assuntos e... ... ao poder conhecer outros pontos de vista, estruturar o conhecimento sobre o que, sozinhos, estudava-mos ... Pensam então que a Comunidade (fóruns e chats) acabou por permitir a apropriação de conhecimentos novos ? É isso ? Sim, mas não só. O trabalho colaborativo e cooperativo também foi muito importante, porque permitiu a partilha e a troca de pontos de vista sobre as diversas temáticas estudadas. Na realidade, alguns de nós - onde eu me incluo - éramos suficientemente inseguros para nos "prepararmos" para os fóruns... ir para o fórum sem umas leituras... arriscado! não sei se se passava o mesmo convosco perfeitamente... para mim é nesses diferentes pontos de vista que está um contributo para a aprendizagem de algo. Mas não acham que Marlene Lira quando o fórum era direccionado para as nossas experiências... acabávamos por aprender uns com os outros? Vanda Marta Filipe Lima Marta JrL Vanda Filipe Lima Marta Para mim, sim, e lembro-me em concreto dos fóruns de Metodologias de Investigação em que aprendi muito com os conhecimentos de outros colegas que me ajudaram a compreender conceitos que por outros meios, ainda não o tinha conseguido fazer. Eu penso que os fóruns são aliciantes, mas ainda hoje tenho algum receio de colocar intervenções sem "rede"! por outro lado, o facto de me sentir assim, obrigava-me a estudar só para poder dar uma opinião! A Vanda colocou os pontos nos iis. Se de facto estamos numa CVA, é para partilhar e o processo compreende a interacção e a cooperação entre todos. Quando existe colaboração entre todos, independentemente de se pertencer a um grupo ou a outro, ninguém tem "medo" de dizer asneira, porque temos a certeza de que estamos todos no mesmo barco. Sempre houve muita entre-ajuda no meu grupo de trabalho e mais tarde na turma em geral... mas, independentemente disso, no meu grupo, dava um gozo enorme esgrimir argumentos... nunca nos zangámos por discordarmos. Vejamos uma 2ª questão. Será que uma CVA é mais adequada para a resolução de questões objectivas ou pode funcionar permanentemente, de forma aberta e discutindo sempre questões emergentes? A partir do momento que se assume como uma comunidade, temos que considerar que desempenha um papel não só de ensino-aprendizagem, mas também de socialização. Ora, embora à partida estejam estipuladas questões objectivas que deverão nortear o trabalho dos elementos da comunidade, despoletar dúvidas, debates, momentos de construção de conhecimento, penso que deverá haver um espaço para a discussão de questões que, de algum modo, unem os elementos da comunidade e contribuem para o estabelecimento de laços entre elas. Logo, questões emergentes são até bem-vindas e essenciais no reforço da comunidade enquanto tal. Penso que de uma maneira global pode funcionar em qualquer altura, desde que os interesses sejam comuns. Uma das características das CVA é precisamente o "envolvimento mútuo" e flexível dos seus membros, mesmo muitas vezes sem se conhecerem, o que prova que as CVA permitem a socialização. Na minha opinião, a nossa CVA é algo quase "orgânico". Porque no nosso caso funcionou quase como uma estrutura de suporte. Tínhamos os conteúdos do mestrado, a maioria estáticos - leituras, trabalhos, muito semelhante ao presencial - as plataformas de comunicação que estabelecemos independentemente dos meios, serviram para nos constituirmos numa Comunidade. trabalhos, muito semelhante ao presencial - as plataformas de comunicação que estabelecemos independentemente dos meios, serviram para nos constituirmos numa Comunidade. Naturalmente, se fossemos obrigados a estar na mesma sala uns dia por semana, ou seja, a Comunidade não nos proporcionava aprendizagem, mas talvez apoio, suporte e força para não desistir. Funcionava mais como estímulo. Por exemplo, num fórum, se eu via muitas intervenções tinha vontade de participar e isso impelia-me para me dedicar às disciplinas. Não era competição, era vontade de fazer parte... Quando se pergunta se é "mais adequada para a resolução de questões objectivas ou pode funcionar permanentemente" na minha opinião, para discutir temas em estudo.... o fórum parece o espaço mais adequado. Para tirar dúvidas pontuais .... o email ou Marlene Lira chat... é o ideal. Para socializar (como referiu a Vanda... também pode ser criado um espaço de fórum aberto. Mas cada área tem de estar bem definida... com regras de utilização... e sempre acompanhada de feedback do moderador. JrL Vanda Filipe Lima Vamos lá discutir a questão da liderança. Que estilos de liderança serão mais adequados para o funcionamento de uma CVA? Ou não é necessário haver liderança? Embora não seja absolutamente necessária a existência de um líder no seio do grupo, a existência de elementos mais activos que marquem chats, que distribuam tarefas, que tentem dinamizar o grupo, é uma mais-valia e um caminho para o sucesso da equipa. Em termos de tutoria, penso que essa é sempre imprescindível, mesmo em mestrados longos com muitas disciplinas, pois proporciona situações de motivação, esclarecimentos, orientações - as quais são sempre pertinentes em qualquer sistema de ensino mas que adquirem uma dimensão bastante considerável num regime de e-learning. Como já disse atrás noutro contexto, em qualquer grupo as lideranças são possíveis e necessárias. Muitas vezes são lideranças que aparecem, eu chamarei mais como dinamizadoras e que consigam mobilizar e motivar os outros elementos da equipa. O papel dos tutores, também é importante. Um verdadeiro tutor, consegue perceber quando há necessidade de intervir, para reorientar, estimular, ...acompanhar. O moderador tem de ser o líder mas pode ir deixando que os formandos se auto-regulem isto é... líder no sentido da organização das actividades, da coordenação do estudo...para Marlene Lira mim, cada grupo de trabalho tem naturalmente de conter um líder que pode ir sendo alterado consoante os momentos e as situações de aprendizagem Marta Filipe Lima JrL Marta Eu acho que devem distinguir-se aqui dois tipos de liderança: a "natural", do tutor, como disse a Marlene, e as que se impõem pelo grau de participação dos elementos.. como dizem a Vanda e o Filipe. Há sempre pessoas que facilitam o funcionamento do grupo ao propor estratégias de trabalho, divisão de tarefas, dar o primeiro passo... mas uma coisa tenho a certeza - sem lideranças, idealmente repartidas, dificilmente a Comunidade terá sucesso. Plenamente de acordo com a parte final da Marlene, até porque as lideranças têm muito a ver com a experiência, com o carisma, ... do líder e dos liderados. Ainda voltando ás lideranças... Acham que se existir um líder natural e este for muito interventivo... não haverá o perigo de abafar a participação dos outros? No caso do meu grupo, os elementos mais interventivos até eram os que mais "espicaçavam" os ausentes. Lembro-me de mails sucessivos a dizer: "então por onde anda fulano e fulana que não aparece"? E mails sucessivos a dizer "falta isto e aquilo" e fulano ainda n entregou a parte e "só há 109 intervenções do grupo no fórum. Não acho que os elementos mais interventivos sejam constrangimento para elementos menos participativos. Todas as características e padrões comportamentais são em potência, igualmente importantes para se ser líder e eficaz. Mas estamos a falar em lideranças de que modelo? O tradicional (relação professor/aluno), o modelo transaccional ou do modelo Filipe Lima transformacional? Ou um modelo que é o integrador, que a meu ver é o mais interessante, pois advoga uma mudança constante, permite novos conceitos comunicacionais e a partilha horizontal de autoridade e de responsabilidade Vanda Sim, eu senti isso algumas vezes durante o nosso mestrado (ao nível da turma, não no grupo). Contudo, ao longo do tempo, fui-me apercebendo que essas pessoas tinham essa característica muito particular mas sem o intuito de abafar os outros.. Muitas vezes pensavam que estavam a estimular a discussão... Também essas pessoas, ao longo do tempo, foram-se apercebendo desse facto e progressivamente foram dando mais espaço aos colegas. O líder que começa por querer fazer tudo... acaba por ficar sozinho e quando se apercebe que os outros estão a deixar que ele faça Marlene Lira tudo porque, naturalmente ou não, ele (líder) predispõe-se a tudo... acaba por perceber que também tem de saber gerir a liderança. JrL Vamos à última questão. Que estratégias aconselhariam para manter vivas e dinâmicas as CVA’s? ( a que Wenger designa por “ritmo comunitário”) manter vivas e dinâmicas as CVA’s? ( a que Wenger designa por “ritmo comunitário”) Vanda Haver espírito de entreajuda; partilha de interesses (de carácter académico e não só); capacidade de tolerância para com os colegas do grupo de trabalho, reconhecimento das próprias falhas e percepção da necessidade de se alcançar o sucesso do grupo em prol de objectivos individuais (quando os timings se sobrepõem)…enfim, vontade de aprender e de contribuir para a aprendizagem dos outros!!! Para haver ritmo é preciso haver motivação... é preciso criar estratégias para "puxar" pela comunidade... é preciso acreditar nela, ou seja, acreditar que iremos tirar algum partido da nossa participação. Logo de início são necessárias as regras de participação... depois, Marlene Lira à medida que a comunidade vai crescendo, será necessário contribuir para que se fortaleça. O moderador deverá "desafiar", "incentivar".... para que os participantes "colaborem" "interajam" quase que naturalmente. Marta JrL Marta Atribuição e distribuição de tarefas no sentido cumprir os objectivos, como nas comunidade reais. Esta gestão seria assegurada primariamente pelos tutores que solicitariam a participação dos elementos. Depois os próprios subgrupos deveriam gerir-se por forma a envolver todos os membros. Embora esta minha opinião vos possa parecer anacrónica, a distribuição de tarefas, o estabelecimento de prazos.. ... e mecanismos de controlo são essenciais... pois nem todos os indivíduos têm a mesma iniciativa e se conseguem organizar. Parece-me que deve ser claro que numa CVA devem existir objectivos muito concretos e que sejam assumidos pelos membros ? Principalmente pequenos objectivos operacionalizados, embora se devam definir objectivos estratégicos de médio prazo. Eu sei que tenho uma visão um pouco redutora das coisas, e que embora sejamos adultos, precisamos de ser monitorizados, nem que seja pelos próprios colegas... as estratégias de motivação e envolvimento e afins às vezes não resultam porque as pessoas não querem Definição de objectivos claros, interesses comuns dinâmicos, Filipe Lima motivação e lideranças fortes. Marlene Lira Para mim, qualquer actividade deve ser clara e objectiva em termos de estabelecimento dos comportamentos esperados... claro que sem rigor à mais... porque não somos meros "replicadores" de informação. Tem de haver regras... tem de existir alguém a quem recorrer como coordenador da actividades... que será também o responsável pela síntese das aprendizagens. que sem rigor à mais... porque não somos meros "replicadores" de informação. Tem de haver regras... tem de existir alguém a quem recorrer como coordenador da actividades... que será também o responsável pela síntese das aprendizagens. Marta jrl Exactamente. Tem de haver regras. Mas não é assim em qualquer comunidade? Chegamos ao fim, o nosso tempo esgotou-se. Obrigado pela vossa participação.