AGRISUS – Agricultura Sustentável
RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE PESQUISA
PROJETO Nº: 1247/13
TÍTULO: Culturas sucessoras a Soja, Milho e Algodão, que promovam a redução do
nematoide das lesões radiculares.
INTERESSADO (COORDENADOR DO PROJETO): Marcelo Valentini Arf M.Sc. Dr.
Pesquisador da Fundação Chapadão.
INSTITUIÇÃO: Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Chapadão
LOCAL DA PESQUISA: Chapadão do Sul/MS – local pertencente à de Apoio à Pesquisa
Agropecuária de Chapadão
VALOR FINANCIADO PELA FUNDAÇÃO AGRISUS: R$ 37.000,00
VIGÊNCIA DO PROJETO: 21/10/2013 a 30/12/2014
RESUMO
Com o avanço da produção agrícola no país, principalmente na região Centro-Oeste do
Brasil, a população de nematoides das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) cresceu
significativamente, sendo organismos amplamente distribuídos e que trazem diversos os
danos e inúmeros prejuízos para os produtores. Com o objetivo de avaliar o efeito de plantas
de coberturas sucessoras ao plantio de diversos sistemas de cultivo com soja, milho e algodão,
visando o manejo de nematoides das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) em sistema
de plantio direto foi implantado o presente experimento em área pertencente à Fundação de
Apoio à Pesquisa Agropecuária de Chapadão, localizada no município de Chapadão do
Sul/MS, com altitude média de 810 metros. Para a análise de nematoide, o delineamento
experimental foi de blocos casualizados em esquema fatorial 6 x 17 (sistemas de cultivo x
culturas de cobertura), com quatro repetições. Já a análise de produtividade utilizou-se o
esquema fatorial 2 x 17 (sistemas de cultivo x culturas de cobertura) e quatro repetições,
sendo os tratamentos principais representados pelas culturas comerciais (soja, milho e
algodão) e as subparcelas representadas pelas plantas de cobertura ((Milho safrinha com V%
<50 e V%>55, Sorgo safrinha, Girassol safrinha, Milho+Crotalaria spectabilis, Urochloa
ruziziensis, Urochloa brizantha, Urochloa decumbens, Milheto ADR 300, Nabo-forrageiro,
Crambe abssynica, Crotalaria spectabilis, Crotalaria ocroleuca, Milheto ADR
300+Sthylosanthes capitata e macrocephala, Urochloa ruziziensis +Crotalaria spectabilis e
Sthylosanthes capitata e macrocephala). O principal tratamento observado no sistema foi com
cultivo de algodão sobre milho (MAMA), que alcançou elevada produtividade de grãos e
também a menor quantidade de nematoides nas raízes. Do mesmo modo, que os sistemas
MSMS e SSSS foram os que obtiveram maior quantidade de nematoides e, portanto menores
produtividades de grãos. Para as plantas de cobertura verificou-se que a Urochloa ruziziensis
e milho + Crotalaria spectabilis mostram-se plantas de cobertura interessantes por terem
baixa população de nematoides e também boas produtividades.
OBJETIVOS:
Geral:
Dar continuidade ao estudo de um sistema de cultivo, com culturas sucessoras ao
plantio das principais culturas de verão visando o manejo do nematoide das lesões radiculares
e que ao mesmo tempo se prestam a cobertura do solo no período de inverno com intuito de
aumento de palhada para o sistema plantio direto e a possível correlação entre a fertilidade do
solo e população de nematóides.
Específicos:
Avaliar diferentes espécies de culturas ou consórcio de culturas sucessora (Milho
safrinha com V% <50 e V%>55, Sorgo safrinha, Girassol safrinha, Milho+Crotalaria
spectabilis, Urochloa ruziziensis, Urochloa brizantha, Urochloa decumbens, Milheto ADR
300, Nabo-forrageiro, Crambe abssynica, Crotalaria spectabilis, Crotalaria ocroleuca,
Milheto ADR 300+Sthylosanthes capitata e macrocephala, Urochloa ruziziensis +Crotalaria
spectabilis e Sthylosanthes capitata e macrocephala), além de área de pousio. Sistemas
implantados após o plantio da soja e do milho, e que promovam a redução do nematoide das
lesões radiculares a níveis de campo;
Definir quais culturas se presta aos plantios sucessores às culturas de verão,
considerando época de plantio diante das culturas plantadas no verão e das condições
climáticas do cerrado brasileiro;
Comprovar a eficácia redutora de cada cultura implantada utilizada para cobertura do
solo no período da entressafra;
Definir por quantas safras seguidas as culturas sucessoras tem capacidade de promover a
redução dos nematoides das lesões radiculares.
Definir em nível de campo quais culturas se adéqua ao plantio da entressafra.
1. INTRODUÇÃO
O plantio direto não é simplesmente uma nova tecnologia e sim uma mudança total
dos valores básicos do sistema de agricultura; representa o único caminho disponível, na
atualidade, para viabilizar a agricultura brasileira tanto no plano econômico como no
ecológico. O produtor brasileiro, praticante do sistema plantio direto, ao preservar a natureza
e ao possibilitar acréscimos de produção de grãos dentro da mesma fronteira agrícola, está
realizando, em favor do país, a redução do desmatamento, portanto, o SPD deve ser enfocado
dentro do contexto da sociedade (LANDERS, 2000).
A sustentabilidade da propriedade rural moderna está baseada nos parâmetros daquilo
que é economicamente viável e ecologicamente correto. Dentro desse enfoque, o plantio
direto tem demonstrado ser um sistema de produção e não apenas uma prática que melhor
atende as atuais necessidades da agropecuária nacional. No entanto, a consolidação desse
sistema tem sido prejudicada pelas dificuldades em superar alguns problemas tecnológicos,
como, o aumento de nematoides das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus. O SPD
pressupõe a existência de adequada quantidade de resíduos culturais sobre a superfície do
solo. Para isso é necessário o cultivo de espécies capazes de produzir grande quantidade de
matéria seca, crescimento rápido, resistência à seca e ao frio, não infestar áreas, ser de fácil
manejo, ter sistema radicular vigoroso e profundo, elevada capacidade de reciclar nutrientes,
fácil produção de sementes, elevada relação C/N, entre outras (EMBRAPA, 2000).
Dentre as espécies de fitonematoides de importância para a cultura da soja, destaca-se
o Pratylenchus brachyurus, considerado uma das espécies mais daninhas do gênero e de
ocorrência mais comum no Brasil (GIELFI et al., 2003; ASMUS, 2004; SILVA et al. 2004).
A ocorrência de P. brachyurus tem ganhado importância, tanto pelos danos causados à cultura
quanto pela ampla disseminação e incidência em áreas produtoras do Mato Grosso do Sul. As
principais espécies do gênero no Brasil são: P. brachyurus, P. zeae e P. coffeae. Ultimamente,
os nematoides das lesões têm causado danos elevados, principalmente na cultura da soja. Os
adultos sugam as raízes, que escurecem, abrem porta de entrada para fungos e bactérias e
surgem raízes secundárias. As perdas estão relacionadas com vários fatores como a ausência
de rotação de culturas, cultivo sucessivo da mesma espécie vegetal ou com culturas que são
boas hospedeiras dos nematoides, monocultura, plantio direto, falta de cultivares resistentes,
solos arenosos (GOULART, 2008).
Na maioria dos casos, uma rotação com 1,5 a 3 anos já daria resultado para
nematoides que têm especificidade de hospedeiro (TIHOHOD, 1993), mas é uma técnica de
controle pouco efetiva para o manejo de P. brachyurus, devido à sua capacidade de reproduzir
em várias culturas (INOMOTO et al., 2007).
Costa et al. (2009) verificaram que este nematoide não apresenta fase ou estádio de
engorda, permanece ativo e vermiforme, entram e saem das raízes provocando lesões e
ovopositando, servindo como porta de entrada para fungos e bactérias.
De acordo com Ferraz (2006), a espécie P. brachyurus é uma das mais destacadas do
gênero por apresentar características como: distribuição geográfica ampla, ocorrendo em
países de região subtropical e tropical; polífagos parasitam e multiplicam em vasta gama de
hospedeiros; ação patogênica em várias culturas de interesse agronômico, causando grandes
perdas.
Alguns fatores ambientais também estão relacionados com a existência e os danos
causados por nematoides como a fertilidade dos solos, por exemplo. Dias et al. (2010)
analisando P. brachyurus, afirmou que a intensidade dos sintomas é maior em solos arenosos
e em plantas sob estresse hídrico. Sendo assim, é possível que os atributos químicos do solo,
como o pH, a disponibilidade de nutrientes e os teores de alumínio e matéria orgânica
influenciaram a população e os danos de P. brachyurus em soja.
As populações de nematoides podem ser elevadas com a prática de monocultivo
ocasionando em perdas significativas, sendo necessárias pesquisas com associação de plantas
de coberturas. Na região do cerrado estudos de culturas de cobertura antecedendo a cultura da
soja e milho demonstraram de maneira geral que as opções mais interessantes são milheto
(soja e milho) e Urochloa brizantha (soja) (MURAISHI et. al., 2005).
Estes conhecimentos são importantes, podendo auxiliar na definição de novas práticas
e manejos que colaborem na redução dos prejuízos causados pelos nematoides.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento está sendo conduzido na área experimental da Fundação Chapadão,
com coordenada geográfica S 018° 41’ 33” e W 052° 40’ 45” a uma altitude média de 810 m,
localizada no município de Chapadão do Sul - MS.
O clima da região segundo classificação de Koppen é do tipo Aw, definido como
tropical úmido, com estação chuvosa no verão e seca no inverno (KOTTEK, et al., 2006). O
acumulado pluviométrico no período da pesquisa, a temperatura média anual e a umidade
relativa do ar foram obtidas segundo dados da estação metereológica do Instituto Nacional de
Meteorologia (2014).
Para a análise de nematoide, o delineamento empregado foi o de blocos casualizados
em esquema fatorial 6 x 17 (sistemas de cultivo (1 – milho (M) - algodão (A) – milho (M) –
algodão (A); 2 – soja (S) – algodão (A) - soja (S) – algodão (A); 3 – soja (S) – milho (M) soja (S) – milho (M); 4 – milho (M) – milho (M) - milho (M) – milho (M); 5 – soja (S) – soja
(S) – soja (S) – soja (S); 6 – milho (M) – soja (S) – milho (M) – soja (S)) x plantas de
cobertura (1 – Pousio; 2 - Milho safrinha com V% <50; 3 – Milho safrinha com V%>55; 4 Sorgo safrinha; 5 - Girassol safrinha; 6 - Milho+Crotalaria spectabilis; 7 - Urochloa
ruziziensis; 8 - Urochloa brizantha; 9 - Urochloa decumbens; 10 - Milheto ADR 300; 11 Nabo-forrageiro; 12 - Crambe abssynica; 13 - Crotalaria spectabilis; 14 - Crotalaria
ocroleuca; 15 - Milheto ADR 300 + Sthylosanthes capitata e macrocephala; 16 - Urochloa
ruziziensis + Crotalaria spectabilis e 17 - Sthylosanthes capitata e macrocephala)) com
quatro repetições. Já a análise de produtividade utilizou-se o esquema fatorial 2 x 17 (sistemas
de cultivo x culturas de cobertura) e quatro repetições, comparando-se a produtividade do
algodoeiro em dois sistemas: MAMA x SASA, a produtividade do milho em dois sistemas:
SMSM x MMMM e comparando-se a produtividade da soja em dois sistemas: SSSS x
MSMS.
As parcelas foram constituídas por 15 metros de largura e 300 m de comprimento,
sendo subdividido em parcelas de com 6 m de largura com 5 metros de comprimento,
considerando-se como área útil 12 m2.
As plantas de cobertura foram semeadas logo após a colheita da soja e milho verão.
Quanto à adubação, a mesma foi realizada conforme recomendações através da análise de
solo, na quadra da área experimental, e de acordo com a exigência de cada cultura na região
do cerrado.
A semeadura foi realizada em sistema de plantio direto com espaçamento entre linhas
0,45 m para soja e milho e 0,90 m para a cultura do algodão. A população de plantas foi
mediante recomendações técnicas para cada cultura. A instalação do ensaio ocorreu durante a
safra 2013/14, dando sequência nos próximos anos agrícolas.
O manejo fitossanitário de pragas e plantas daninhas na área experimental foi
realizado seguindo as doses de produtos recomendas pelo Ministério da Agricultura Pecuária
e Abastecimento (MAPA, 2013). Todas as aplicações de defensivos agrícolas foram
realizadas utilizando pulverizador tratorizado, com volume de calda de 100 L ha-1, bicos
XR110-02 e pressão de 20 bar.
Avaliações:
Ao longo do experimento foram realizadas as seguintes avaliações:
a) Densidade populacional do nematoide no solo (espécimes/100cc de solo e espécimes/
10g de raiz) aos 15 DAE das culturas (parcelas) e na floração plena das culturas de
soja, milho e algodão conforme o desenvolvimento da cultura no campo, em função da
época ideal de semeadura estabelecida para região dos Chapadões. Para tal, serão
coletadas subamostras de solo/parcela, na profundidade de 0-20 cm que serão
encaminhadas ao laboratório de nematologia para a extração, identificação e
quantificação dos nematoides presentes;
b) Nematoides no solo e em raízes de soja, milho e algodão na floração nas safras
2013/2014 e 2014 em cada sub-parcela (culturas de cobertura, nas áreas aonde foram
soja e milho).
c) Análise química do solo nas camadas de 0-20 e 20-40 cm de profundidade para avaliar
a fertilidade do solo nas devidas culturas de cobertura e a possível correlação entre
fertilidade do solo e população de nematoides.
d) 15 dias após a dessecação das plantas de cobertura, as mesmas serão manejadas com
desintegrador mecânico horizontal, com altura de corte aproximada de 15 cm,
objetivando fragmentar e distribuir uniformemente os resíduos das culturas na área de
cultivo. Após esta operação serão realizadas amostragens ao acaso com quadrante de
0,25 m2 (0,5 x 0,5 m) em 4 pontos representativos de cada cobertura de solo. O
material coletado no quadrante será submetido à secagem em estufa com renovação e
circulação forçada de ar à temperatura de 60±5 °C, até atingir massa constante. A
produtividade de massa da parte aérea seca será obtida pela média aritmética entre os
pontos amostrados dentro de cada cobertura, com os valores médios extrapolados para
kg ha-1, com intuito de definir uma cobertura de solo com quantidade e rusticidade
suficiente para que haja fornecimento constante de material ao solo até o início do
plantio da cultura subsequente.
e) Produtividade das culturas de soja, milho e algodão, submetidas à análise de variância
e comparação das médias ao longo da safra de 2013/14.
f) Os dados obtidos serão submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias
comparadas pelo teste de Tukey (5%).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 estão os resultados da produtividade de grãos dos sistemas SASA X
MAMA, nota-se que os dados foram significativos, sendo que o sistema utilizando algodão
em cima de milho apresentou as melhores médias de produtividade, incrementando 39 sacas
ha-1 em relação ao sistema com algodão em cima de soja. Para as plantas de cobertura também
houve significância, onde se observa que o pousio resultou em menores produtividades em
relação ao uso de plantas de coberturas, e também o uso de Sthylosanthes capitata, Urochloa
ruziziensis+Crotalaria spectabilis, milheto ADR 300+ Sthylosanthes capitata, nabo forrageiro
proporcionaram menores sacas de grãos ha-1. O desdobramento da interação dos sistemas de
cultivos com plantas de cobertura estão apresentados na Tabela 2.
Tabela 1. Análise de produtividade de grãos dos sistemas SASA x MAMA. Chapadão do
Sul-MS, Fundação Chapadão, 2014.
Tratamentos
SASA
MAMA
DMS
F(1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
DMS
Sistema de cultivo (SC)
Plantas de cobertura (PC)
SC x PC
CV (%)
Produtividade de grãos
------ sc ha-1 ----Sistema de cultivo
207,54 b
246,61 a
9,35
Plantas de cobertura
187,44 b
205,82 b
218,57 b
216,57 b
222,89 a
231,71 a
232,65 a
207,56 b
230,53 a
235.18 a
244,94 a
241,36 a
247,56 a
229,85 a
232,02 a
228,38 a
247,25 a
68,70**
2,72**
3,93**
12,11
(1)
Teste F; **significativo a 1% de probabilidade; Médias seguidas de mesma letra não diferem
entre si pelo teste de Skott-Knot, a 5% de probabilidade; CV – coeficiente de variação.
Pelo desdobramento da interação do sistema de cultivo SASA X MAMA para plantas
de cobertura dentro de sistema de cultivos verifica-se que para algodão em cima de milho
todas as plantas de cobertura obtiveram boas produtividades, não tendo diferença entre elas, já
para o sistema com algodão em cima de soja houve diferenças significativas entre as plantas
de cobertura sendo milheto (ADR 300), Urochloa brizantha, Urochloa ruziziensis,
Milho+Crotalaria spectabilis, sorgo e milho (V% > 55) as que tiveram melhores
produtividades.
Para análise dos sistemas dentro de plantas de cobertura constata-se que houve
diferenças entre os sitemas para o pousio, sendo que o sistema algodão em cima de milho teve
maiores produtividades, para as plantas de cobertura Sthylosanthes capitata, Urochloa
ruziziensis+Crotalaria spectabilis, milheto ADR 300+ Sthylosanthes capitata, Crotalaria
spectabilis, Crambe abssynica, nabo-forrageiro, milho (V% < 50) o sistema com algodão em
cima de milho também proporcionou maiores produtividades, enquanto que apenas para a
planta de cobertura Milho (V% > 55) o sistema com algodão em cima de soja que apresentou
as maiores produtividades.
Tabela 2. Desdobramento da produtividade grãos para interação de sistemas de cultivo SASA
x MAMA com plantas de cobertura. Chapadão do Sul-MS, Fundação Chapadão,
2014.
Tratamentos
Plantas de cobertura
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
Produtividade de grãos
---- sc ha-1 ---Sistema de cultivo
SASA
MAMA
150,94 b C
164,40 b C
170,37 b C
167,08 b C
209,09 a B
199,42 b B
202,50 b B
184,47 b C
227,70 a A
217,47 a B
228,33 a A
239,05 a A
247,54 a A
211,34 a B
232,04 a A
206,55 b B
269,86 a A
223,93 a A
247,24 a A
266,78 a A
266,07 a A
236,68 a A
264,00 a A
262,80 a A
230,67 a A
233,36 a A
252,89 a A
261,55 a A
243,68 a A
247,57 a A
248,36 a A
232,01 a A
250,21 a A
224,65 b A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, para efeito dos sistemas de cultivo e
maiúscula na coluna para efeito das culturas de cobertura, não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 0,05 de probabilidade.
Para a produtividade de grãos dos sistemas MSMS x SSSS observa-se que o sistema
SSSS proporcionou maior produtividade que MSMS. Também houve diferença significativa
entre as plantas de cobertura, onde os tratamentos com Crotalaria spectabilis, sorgo e milho
(V% < 50) obtiveram menores médias de produtividade (Tabela 3). Ocorreu interação entre os
sistemas de cultivo e plantas de cobertura cujo desdobramento encontra-se na Tabela 4.
Tabela 3. Análise de produtividade de grãos dos sistemas MSMS x SSSS. Chapadão do SulMS, Fundação Chapadão, 2014.
Tratamentos
MSMS
SSSS
DMS
F(1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
DMS
Sistema de cultivo (SC)
Plantas de cobertura (PC)
SC x PC
CV (%)
Produtividade de grãos
------ sc ha-1 ----Sistema de cultivo
65,56 b
68,49 a
Plantas de cobertura
66,88 b
68,89 a
67,51 b
64,80 c
69,49 a
70,56 a
69,49 a
67,02 a
65,33 b
66,93 b
67,37 b
67,39 b
68,39 a
71,98 a
59,08 c
62,32 c
66,40 b
20,79**
5,24**
2,22**
5,58
(1)
Teste F; **significativo a 1% de probabilidade; Médias seguidas de mesma letra não diferem
entre si pelo teste de Skott-Knot, a 5% de probabilidade; CV – coeficiente de variação.
A análise do desdobramento apresentada na Tabela 4 mostra que para sistemas de
cultivo dentro de plantas de cobertura houve diferença apenas para o tratamento com
Urochloa brizantha e milho (V% > 55), onde o sistema com soja em cima de soja teve
maiores produtividades que soja em cima de milho. Para plantas de cobertura dentro de
sistemas de cultivos houve diferenças significativas entre os tratamentos sendo que para o
sistema MSMS as plantas de cobertura com maiores produtividades foram Sthylosanthes
capitata, Urochloa ruziziensis+Crotalaria spectabilis, milheto ADR 300+ Sthylosanthes
capitatam, Crotalaria ochroleuca, Crotalaria spectabilis, Crambe abssynica, nabo-forrageiro,
milheto (ADR 300), Urochloa decumbens, Urochloa ruziziensis, milho+Crotalaria
spectabilis, girassol. Já para o sistema SSSS as plantas que proporcionaram as melhores
médias de produtividades foram os tratamentos com pousio, Sthylosanthes capitata,
Crotalaria ochroleuca, Crotalaria spectabilis, Crambe abssynica, nabo-forrageiro, Urochloa
ruziziensis, milho+Crotalaria spectabilis, Urochloa brizantha, girassol, milho (V% > 55).
Tabela 4. Desdobramento da produtividade grãos para interação de sistemas de cultivo
MSMS x SSSS com plantas de cobertura. Chapadão do Sul-MS, Fundação
Chapadão, 2014.
Tratamentos
Plantas de cobertura
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
Produtividade de grãos
---- sc ha-1 ---Sistema de cultivo
MSMS
SSSS
63,44 b B
67,42 a A
67,78 a A
64,97 a A
67,35 a A
71,22 a A
68,15 a A
65,38 a A
65,70 a A
67,46 a A
63,72 b B
65,00 a A
68,72 a A
69,97 a A
57,15 a B
61,65 a B
59,42 b B
70,32 b A
70,36 a A
67,25 a B
64,62 a B
70,68 a A
69,90 a A
70,82 a A
68,65 a A
64,96 a B
66,40 a B
71,02 a A
69,77 a A
68,06 a A
73,99 a A
61,01 a B
62,99 a B
73,39 a A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, para efeito dos sistemas de cultivo e
maiúscula na coluna para efeito das culturas de cobertura, não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 0,05 de probabilidade.
Analisando a Tabela 5 com os resultados da produtividade de grãos pode-se observar
que houve diferença entre os sistemas de cultivos, visto que o sistema com milho em cima de
milho teve maiores produtividades, incrementando quase 24 sacas ha-1 em relação ao sistema
com milho em cima de soja. Para as plantas de cobertura verifica-se que houve diferença
significativa, sendo o tratamento utilizando milho (V% < 50) foi o que obteve menores
produtividades. Não houve interação entre os tratamentos.
Tabela 5. Análise de produtividade de grãos dos sistemas SMSM x MMMM. Chapadão do
Sul-MS, Fundação Chapadão, 2014.
Tratamentos
Produtividade de grãos
SMSM
MMMM
------ sc ha-1 ----Sistema de cultivo
190,00 b
213,93 a
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
Plantas de cobertura
190,75 b
211,00 a
215,82 a
198,11 b
224,97 a
221,66 a
205,47 a
210,23 a
192,77 b
216,53 a
204,28 a
200,99 a
187,04 b
207,44 a
195,20 b
166,47 c
184,22 b
DMS
DMS
Sistema de cultivo (SC)
Plantas de cobertura (PC)
F(1)
SC x PC
CV (%)
(1)
61,29**
5,63**
1,12ns
8,84
Teste F; **significativo a 1% de probabilidade; Médias seguidas de mesma letra não diferem
entre si pelo teste de Skott-Knot, a 5% de probabilidade; CV – coeficiente de variação.
Tabela 6. Médias de sistemas de cultivo e culturas de cobertura para nematoides na raiz.
Fundação de apoio à pesquisa agropecuária de Chapadão do Sul - Fundação
Chapadão, Chapadão do Sul, 2014.
Tratamentos
Nematoide
------ 10 g de raiz ----Sistema de cultivo
MAMA
SASA
SMSM
MMMM
SSSS
MSMS
123,34 a
241,54 a
258,60 a
341,08 a
2.703,75 b
5.987,48 c
Culturas de cobertura
01- Pousio
02- Sthylosanthes capitata
03- Urochloa ruziziensis+Crotalaria spectabilis
04- Milheto ADR 300+ Sthylosanthes capitata
05- Crotalaria ochroleuca
06- Crotalaria spectabilis
07- Crambe abssynica
08- Nabo-forrageiro
09- Milheto (ADR 300)
10- Urochloa decumbens
11- Urochloa brizantha
12- Urochloa ruziziensis
13- Milho+Crotalaria spectabilis
14- Girassol
15- Sorgo
16- Milho (V% < 50)
17- Milho (V% > 55)
Sistema de cultivo (SC)
Plantas
de cobertura (PC)
F(1)
SC x PC
CV (%)
2.075,17 c
2.300,37 c
1.938,67 c
1.329,41 b
1.933,08 c
1.317,04 b
1.770,75 c
1.496,87 b
2.006,37 c
1.319,62 b
1.418,87 b
304,50 a
531,92 a
1.904,87 c
1.215, 96 b
1.743,33 c
2.751,29 c
168,27**
3,87**
2,17**
93,27
(1)
Teste F; **significativo a 1% de probabilidade; Médias seguidas de mesma letra não diferem
entre si pelo teste de Skott-Knot, a 5% de probabilidade; CV – coeficiente de variação.
Nota-se na Tabela 7 que para as culturas de cobertura Urochloa ruziziensis e Milho +
Crotalaria spectabilis, não houve diferença significativa entre os sistemas de cultivo para a
população de nematoides.
Quando utilizou-se as culturas de cobertura Milheto ADR 300 + Sthylosanthes
capitata, Crotalaria ochroleuca, Crambe abssynica, Urochloa decumbens, Urochloa
brizantha, Milho (V% < 50), o sistemas de cultivo SASA, MAMA, SMSM, MMMM, SSSS,
proporcionaram menor população de nematoide, apresentando diferença significativa apenas
do sistema MSMS. Já as culturas de cobertura Sthylosanthes capitata, Crotalaria spectabilis,
girassol e sorgo apresentaram menor população de nematoide nos sistemas SASA, MAMA,
SMSM e MMMM, com diferença estatística dos sistemas SSSS e MSMS, que não diferiram
de forma significativa entre si.
Na utilização das culturas de cobertura Pousio, Urochloa ruziziensis + Crotalaria
spectabilis, Nabo-forrageiro, Milheto (ADR 300) e Milho (V% > 55) a população de
nematoides foi maior no sistema MSMS, com diferença significativa dos demais sistemas.
Para os sistemas de cultivo SASA, MAMA, SMSM, MMMM, não houve diferença
significativa entre as culturas de cobertura sobre a população de nematoides. Já os sistemas de
cultivo SSSS e MSMS foram influenciado pelas culturas de cobertura. No SSSS, a Urochloa
ruziziensis proporcionou menor população de nematoide, no entanto, nota-se diferença
significativa somente na presença da área em pousio, Sthylosanthes capitata, girassol e milho
(V% > 55). No sistema MSMS, a cultura de cobertura Urochloa ruziziensis resultou na menor
população de nematoide, sem haver diferença significativa do Milho + Crotalaria spectabilis
e o Milho (V% > 55) resultou na maior população de nematoide, apresentando diferença
significativa das demais culturas de cobertura.
Tabela 7. Desdobramento da interação entre sistemas de cultivo e culturas de cobertura para nematoides na raiz. Fundação de apoio à pesquisa
agropecuária de Chapadão do Sul - Fundação Chapadão, Chapadão do Sul, 2014.
Culturas de cobertura
01- Pousio
02- Sthylosanthes capitata
03- Urochloa ruziziensis+Crotalaria spectabilis
04- Milheto ADR 300+ Sthylosanthes capitata
05- Crotalaria ochroleuca
06- Crotalaria spectabilis
07- Crambe abssynica
08- Nabo-forrageiro
09- Milheto (ADR 300)
10- Urochloa decumbens
11- Urochloa brizantha
12- Urochloa ruziziensis
13- Milho+Crotalaria spectabilis
14- Girassol
15- Sorgo
16- Milho (V% < 50)
17- Milho (V% > 55)
Sistemas de cultivo
SASA
MAMA
SMSM
MMMM
SSSS
MSMS
---------------------------------- Número de nematoides em 10 g de raiz -------------------------92,50 aA
111,25 aA
331,25 aA
548,50 aA
4.500,00 bB
6.867,50 cC
332,50 aA
46,25 aA
940,00 aA
428,50 aA
5.187,50 bB
6.867,50 bC
320,00 aA
175,00 aA
817,50 aA
779,50 aA
2.990,00 bA
6.550,00 cC
210,00 aA
23,75 aA
102,50 aA
422,50 aA
1.810,00 aA
5.407,75 bC
113,75 aA
2,50 aA
540,00 aA
897,50 aA
2.625,00 aA
7.419,75 bC
55,00 aA
106,50 aA
335,00 aA
467,50 aA
2.512,50 bA
4.405,75 bB
162,50 aA
35,75aA
132,50 aA
545,00 aA
2.030,00 aA
7.718,75 bD
360,00 aA
87,00 aA
135,00 aA
408,75 aA
2.717,00 bA
5.273,00 cC
287,50 aA
73,75 aA
97,50 aA
330,00 aA
2.992,50 bA
8.257,00 cD
145,00 aA
127,00 aA
115,00 aA
123,25 aA
1.217,50 aA
6.190,00 bC
60,00 aA
103,75 aA
30,00 aA
258,75 aA
2.287,50 aA
5.773,25 bC
240,00 aA
191,25 aA
27,50 aA
72,75 aA
795,00 aA
500,50 aA
702,50 aA
125,75 aA
25,00 aA
27,50 aA
1.275,00 aA
1.035,75 aA
56,25 aA
87,00 aA
287,50 aA
181,00 aA
4.530,00 bB
6.287,50 bC
493,75 aA
103,73 aA
175,00 aA
67,50 aA
2.285,00 bA
4.170,75 bB
140,00 aA
381,25 aA
80,00 aA
65,00 aA
1.431,25 aA
8.362,50 bD
335,00 aA
315,25 aA
205,00 aA
175,00 aA
4.777,00 bB
10.700,00 cE
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, para efeito dos sistemas de cultivo e maiúscula na coluna para efeito das culturas de
cobertura, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de probabilidade.
Pelos resultados observa-se que o sistema que incrementou maiores produtividades foi com
utilização de algodão em cima de milho (MAMA) e o mesmo também apresentou a menor
quantidade de nematoides, mostrando-se um efeito importante sendo que a menor população de
Pratylenchus propiciou em menor potencial de dano para as plantas e consequentemente maiores
produtividades. Do mesmo modo, que os sistemas MSMS e SSSS foram os que obtiveram maior
quantidade de nematoides e, portanto menores produtividades de grãos.
É possível que a maior população de nematoide tenha ocorrido no sistema MSMS por conta
do material genético de milho utilizado no presente experimento, pois ao analisarem a reação de
híbridos de milho ao nematoide Pratylenchus brachyurus, cultivados na segunda safra, no estado de
Mato Grosso, Mendonça Filho et al. (2012) observaram que o DKB 390 apresentou maiores valores
de nematoides por grama de raiz .
De acordo com Inomoto et al., (2006); Ribeiro et al., (2007); Lima et al. (2012), são
frequentes as perdas causadas por P. brachyurus em soja na sucessão soja-milho, pelo fato de tanto
a soja quanto o milho serem bons hospedeiros de nematoides. O mesmo pode ser encontrado para
sucessões soja-sorgo granífero e soja-algodão que também oferecem condições ideais para o
desenvolvimento de elevadas populações do nematoide.
Para as plantas de cobertura pode-se constatar que a Urochloa ruziziensis e milho +
Crotalaria spectabilis mostram-se plantas de cobertura interessantes por terem baixa população de
nematoides e também boas produtividades.
Machado et al. (2007), afirmou que os adubos verdes tem destaque importante como plantas
comprovadamente não hospedeiras de P. brachyurus, principalmente Crotalaria spectabilis e C.
breviflora, que se utilizadas em sucessão ou rotação à soja podem diminuir a população de
nematoides. Porém, outros adubos verdes não têm a mesma importância no manejo desses
nematoides, a C. juncea, por exemplo, embora não seja boa hospedeira, possibilita pequeno
aumento populacional, e as mucunas são boas hospedeiras de P. brachyurus.
Já para o tratamento com milho como plantas de cobertura verifica-se que apresentaram
maior número de nematoides em 10 g de raiz, não sendo viáveis para rotação de culturas, além de
terem menores produtividades nos sistemas MSMS x SSSS e SMSM x MMMM
O nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), assim como o milheto (Pennisetum glaucum)
podem ser culturas promissoras também por auxiliarem no sentido de serem plantas más
hospedeiras de nematoide, apresentando baixa população no presente estudo para os sistemas
SASA, MAMA, SMSM, MMMM. Alguns trabalhos na literatura mostram que outra questão
favorecida são os diferentes níveis de resistência de P. brachyurus que as cultivares de nabo
forrageiro, milheto e aveia preta apresentam, tendo, portanto, diferentes capacidades de reprodução
de nematoides em suas raízes. (INOMOTO et al., 2006; RIBEIRO et al., 2007).
Portanto, deve se realizar o manejo de nematoides de modo a integrar várias formas
de controle. Em áreas infestadas, o manejo geral, baseia-se em exclusão (evitar a infestação em
áreas isentas por espécies ou novas raças), genético (uso de cultivares resistentes), culturais (rotação
de culturas com materiais resistentes ou tolerantes) e químicos por meio do uso de nematicidas
(RIBEIRO et al., 2010).
4. CONCLUSÕES
O tratamento utilizando como sistema de cultivo algodão sobre milho obteve as maiores
produtividades, mostrando ser um sistema interessante, principalmente utilizando como plantas de
cobertura a Urochloa ruziziensis e milho + Crotalaria spectabilis, as quais se mostram plantas de
cobertura favoráveis por terem baixa população de nematoides nas raízes e também boas
produtividades.
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02 de Setembro de 2014, Marcelo Valentini Arf.
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1247/13 TÍTULO: Culturas sucessoras a So