Volume XIV
Issue 2
Volume XIV
June
Issue 22005
June 2005
De Washington para o mundo, em português – um casamento
de jornalismo com editoria em instituição internacional
Entrevista com Eloisa Marques, editora de português do Banco
Interamericano de Desenvolvimento, e Paulo Sotero, correspondente em
Washington do jornal O Estado de S.Paulo.
PLDATA - Eloisa, tão bom ou melhor do que todas
as finanças lá da conferência em New Jersey foi
conhecer você e os outros colegas. Quando penso
que já conheço todo mundo aqui nos EUA, aparece
uma surpresa. Qual era o seu contato com a ATA e a
PLD antes dessa conferência financeira? Já conhecia
os nossos palestrantes convidados Márcio Badra e
Danilo Nogueira?
ELOISA – Eu sou muito menos ativa na ATA do que
gostaria, principalmente por estar sempre tão ocupada
no trabalho. Sou associada há 20 anos e credenciada
há quase 20, também, mas só participei de uma
INSIDE
De Washington para o mundo...............1,4,11-16
Letter to Editors.....................................
2
From the Administrator..........................
3
Canto Legal............................................
5,6
Fin’l Trans. & Interp. Conference..........
7,8
Books.....................................................
9
Events....................................................
10
Revista - Confluências............................
10
I Congresso Internacional Abrates..........
10
Da necessidade de especialização........... 16,17
46th Annual ATA Conference - Seattle... 18,19
conferência anual,
aquela de 2001 em
Los Angeles, e dessa
última de tradução
e interpretação financeira, em New
Jersey. Conheço o
Danilo e venho trabalhando com ele há muitos
anos, mas ainda não conhecia o Márcio Badra.
Foi realmente um prazer estar com tantos
tradutores e intérpretes talentosos de português,
inclusive colegas que eu nunca vejo aqui da
minha própria cidade de Washington, D.C.
PLDATA – Concordo. Essas oportunidades raras
de confraternização fazem muito bem à gente.
Já conhecemos a Alexandra Russell-Bitting, aí
do Banco, que vem à conferência anual todo
ano e parece gostar muito do português. Ela
já até contribuiu com matéria no PLData sobre
uma viagem para um congresso em São Paulo.
Ela é de outra área, correto?
ELOISA – Na verdade, ela atualmente trabalha
na Assessoria de Relações Externas, como eu,
mas na área de Imprensa, enquanto eu estou
em Informação Pública e Publicações.
Continued on page 4
PLData
LETTER TO THE EDITORS
Editor and Final Proof
Tereza Braga
Assistant Editor and Design
Ines N. Bojlesen
Caras Editoras,
Gostaria de parabenizá-las pela merecida
homenagem da Divisão da Língua Portuguesa da
ATA ao saudoso professor Daniel Brilhante de Brito.
Além disso, quero comentar como é o curso, e se
vocês acharem interessante, podem divulgar meus
comentários abaixo sobre como funciona e quem
sabe outros membros também possam se beneficiar
deste excelente curso.
Volume XIV - Issue 1 - June 2005
PLData is a quarterly publication
Portuguese Language Division - PLD
Administrator
Tereza d’Ávila Braga
Phone: (972) 690-7730 Fax: (972) 690-5088
[email protected]
Estou matriculada no curso à distância (online) criado e planejado pelo Prof. Daniel em outubro
de 2004. É um curso perfeito para quem não teve
a sorte de participar desse curso ao vivo. O Curso
presencial (on site) já existe há mais de duas décadas,
mas este à distância, via e-mail, só de uns três anos
para cá. De qualquer maneira, o material coincide
com o do curso dado ao vivo. A coordenadora
(Maria Luiza Brilhante de Brito) envia uma vez por
semana o material correspondente a duas aulas de
90 minutos do curso presencial. A partir da segunda
remessa (e sucessivamente) o aluno à distância
recebe – além de novos originais - a tradução do
texto inicial, assim como a chave trilíngüe das frases
que foram solicitadas para verter. Você trabalha o
texto como quiser (integral ou parcialmente por
escrito, ou apenas mentalmente), desde que o faça
com o máximo de atenção. Quanto às frases, é
pedido aos alunos que as preparem por escrito. De
qualquer maneira, você coteja com a tradução ou
versão feita pelo Prof. Daniel sua tradução e diante
de qualquer dúvida ou objeção importante, enviase um e-mail. Há também exercícios de técnica de
tradução (transposição, modulação etc.) sempre
acompanhados da teoria . Note que em um curso via
internet você tem a possibilidade de se programar
e fazer o horário que quiser. Aconselha-se reservar
3 horas - ou mais - por semana para estudar o
material enviado e fazer os exercícios.
Assistant Administrator
Arlene M. Kelly
Phone: (617) 698-3216 Fax (617) 698-1874
[email protected]
Secretary
Gladys Wiezel
Phone: (720)748-4926
[email protected]
Treasurer
Thelma Leoni Sabim
Phone: (512) 837-5708 Fax: (801) 740-1115
[email protected]
Web Master
Nelson Laterman
[email protected]
The statements made and opinions expressed in the PLData are strictly
those of the authors and do not necessarily reflect the opinion or judgment
of the PLD, PLData, its editors or officers.
Submissions for publications are invited and may be mailed, faxed or
e-mailed to the editor.
Members of the Portuguese Language Division receive this newsletter for
free. Non-members: US$10.00/year.
O Curso não compromete os alunos além do
tempo em que nele permaneçam: podem interrompêlo quando assim desejarem. Há uns trabalhos
mensais de verificação de aprendizagem que o
aluno envia mensalmente à Maria Luiza, que como
seu saudoso esposo faz a correção super minuciosa
e com comentários valiosíssimos A tradução pode
ser para português, francês e/ou alemão. O aluno
recebe a correção de volta junto com as traduções
feitas pelo prof. Daniel para esses idiomas.
Portuguese Language Division is a non-profit organization and a division
of the
American Translators Association
225 Reinekers Lane, Suite 590
Alexandria, VA 22314
Phone (703) 683-6100 Fax (703) 683-6122
http://www.atanet.org
www.ata-divisions.org/PLD
Rates for Ads:
Full page (7.5 x 9.75 inches) - US$100
Half page (7.5 x 4.87 inches) = US$75
1/4 page (4.75 x 4.87 inches) = US$50
Business Card (9 x 6 inches) = US$12
Estou gostando tanto que pensei em
compartilhar com quem leu o artigo no último número
do PLData.
Saudações,
Isabel Evangelista
Pittsburgh, PA
15 de junho de 2005
PLData
2
June 2005
Corner
Administrator’s
FROM THE ADMINISTRATOR
Mercado aquecido, eventos mil
A conferência em Seattle promete.
Confirmados Isa Mara e Enéas para
pré-seminários. A ATA teve que recusar
propostas esse ano – nunca vi isso. O
programa preliminar está no prelo –
aguardem.
Dia de verão lindo na capital federal.
Cheguei ontem, de uma temperatura de
quase 40 graus em Dallas, para uns amenos
29 aqui no Distrito de Colúmbia. Adoro
aterrissar no Reagan e dessa vez o piloto
veio seguindo o Potomac na aproximação.
Sobrevoamos Alexandria e seu lindo
casario à beira d’água. Acenei mentalmente
para todos os colegas que moram por aqui
e quase deu para ver o prédio onde fica a
nossa ATA.
A ABRATES confirmou o I
Congresso Internacional em setembro,
no Rio. Aumenta cada vez mais o nosso
intercâmbio global, com eventos na Europa
também. Danilo e Márcio deram seu show
na conferência financeira da ATA – vejam
resumo de Ana Iaria nesta edição.
O mercado de tradução anda
aquecido. Viva a banda larga nos quartos
de hotel. E viva minha co-redatora e nossa
detepista Ines Bojlesen, que sabe como
ninguém adicionar mais horas às nossas
vinte e quatro. E ainda aprimorar o design
do nosso PLData.
Saudações e bom trabalho.
Tereza Braga
Tereza Braga
e
Márcio Badra
ATA FInancial,
New Jersey 2005
Hoje fui a Dulles de madrugada para
buscar meu visitante no vôo de São Paulo.
Mais uma missão para o State Department.
E hoje aproveito para acabar de viva voz
a entrevista com Eloisa e Paulo para o
PLData, pois combinamos sair para jantar
com meu visitante. Ele está em duas páginas
diferentes da última Veja, seu livro “Cabeça
de Porco” em nono lugar nos mais vendidos
(não-ficção). Enquanto ele tenta repor o
sono, já vou devorando meu exemplar.
PLData
Check our site!
Portuguese Language Division
www.ata-divisions.org/PLD
Many thanks to our Webmaster
Nelson Laterman!
3
June 2005
Conntinued from cover
PLDATA - Dei uma olhada no site do BID, para
me instruir. Trata-se do mais antigo dos bancos
regionais de desenvolvimento, é isso? Quantos
países são membros?
portuguesa.
ELOISA – O BID, que em inglês é IADB ou IDB
(Inter-American Development Bank), é de fato
o mais antigo e maior dos chamados bancos
regionais de desenvolvimento. Tem 47 estados
membros, 26 mutuários (“borrowing members”) da
América Latina e Caribe, e 21 não-mutuários (“nonborrowing members”), entre os quais os Estados
Unidos e o Canadá, além de 16 países europeus
mais Israel, Japão e Coréia, o mais novo membro.
Os países membros subscrevem recursos ao
capital ordinário do Banco e seu poder de voto
está diretamente vinculado ao número de ações
de cada um. Os membros mutuários combinados
têm um pouco mais de 50% do poder de voto, os
Estados Unidos 30%,
o Canadá 4% e os
demais países 16%.
ELOISA – Sou Editora de Português da Seção de
Informação Pública e Publicações da Assessoria
de Relações Externas (Office of External Relations,
EXR). Meu trabalho se modificou muitíssimo
nesses 12 anos que já tenho de Banco. Quando
entrei, havia uma seção de Publicações separada
da parte de Informação Pública e éramos
responsáveis pelas publicações institucionais do
Banco - como o Relatório Anual, o Relatório de
Progresso Econômico e Social na América Latina
e os Anais das reuniões anuais. Todos esses livros
tinham que ser impressos nos quatro idiomas
oficiais do Banco, inglês, francês, português e
espanhol. Publicávamos também alguns livros
por ano sobre tópicos
econômicos e sociais, de
autoria da equipe técnica
do Banco, quase todos em
inglês e espanhol, com uns
poucos em português. A
Internet estava na infância
e nós ainda lidávamos com
software e computadores
não muito confiáveis...
O BID foi criado
em
1959
como
parte do Sistema
Interamericano, sob
o
guarda-chuva
institucional
da
Organização
dos
Estados Americanos,
a
OEA.
Trata-se
de uma instituição
separada e diferente do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e do Banco Internacional de
Reconstrução e Desenvolvimento, ou BIRD (em
inglês “International Bank for Reconstruction and
Development, ou IBRD), mais conhecido como
World Bank ou Banco Mundial . Criados durante a
Conferência de Bretton Woods in 1944, o FMI e o
Banco Mundial são parte do sistema das Nações
Unidas.
PLDATA – Portugal e Brasil são países membros?
Algum outro país de fala portuguesa?
ELOISA – O Brasil é um país mutuário e Portugal,
não-mutuário. São os únicos membros de língua
PLData
4
PLDATA - Agora explica para a gente o seu cargo
na Assessoria de Relações Externas do Banco.
O avanço na tecnologia
de informática e o uso
generalizado da Internet
afetou o meu trabalho de maneira profunda. Em
EXR, sou a única editora para o português, portanto
continuo hoje em dia a trabalhar com o programa
de publicações, mas sou também encarregada
de atualizar a página do Banco em português,
traduzir os comunicados de imprensa e traduzir
e revisar as cartas e outros textos em português
vindos do gabinete da Assessoria de Relações
Externas e, às vezes, do gabinete do próprio
Presidente. Sou também responsável pela versão
portuguesa da BIDAmérica, a revista online do
Banco. A equipe de Internet (também da área de
Informação Pública) desenha páginas web para
outros departamentos do Banco, e alguns deles
querem conteúdo em português, além de inglês
Continued on page 11
June 2005
Canto Legal
(The Legal Corner)
by Enéas Theodoro Jr.
“The language and concepts contained herein are guaranteed not to cause eternal
torment in the place where the guy with the horns and pointed stick conducts his
business”
(Frank Zappa, 1940-1993, The Mothers of Invention)
O professor Pardal inventando direito…
E se o Prof. Pardal – o Gyro Gearloose de Walt
Disney – fizesse bico na tradução para livrar a cara
em momentos de baixa nas invenções? Ou então,
emulando a passagem de Einstein pelo Patent
Office da Suíça no início do século, seguisse carreira
burocrática no criativo INPI? Com certeza teria
invenção suficiente para Thomas Edison nenhum
botar defeito…
Trade Dress – Nada a ver com Dior, trata-se da forma
em que se reveste o produto para venda, inclusive sua
embalagem, conjunto de cores, figuras e elementos
nominativos que lhe conferem distintividade,
diferenciando-o da concorrência. No Brasil, essa
proteção é conferida através da proteção na forma de
marca mista, reivindicando-se (claiming) cores cujo
conjunto e disposição são extremamente importantes
para o trade dress. A figura em si não existe no Direito
brasileiro, sendo comum dizer-se simplesmente trade
dress. Alguns tradutores optam por soluções como
“identidade visual” e outras.
Obs.: A marca mista é assim denominada por ser
uma combinação de marca nominativa (word mark)
e marca figurativa (device mark). Em inglês recebe o
nome de device + word mark e, mais raramente, de
combination mark.
A Propriedade Intelectual
O INPI – Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (que faz as vezes do U.S Patent and
Trademark Office no Brasil) não só é um cadinho
de experiências tecnocráticas internacionais, mas
também culturais e lingüísticas, todas elas passando
pela fundição total dos altos-fornos da globalização
incandescente. O produto desse processo é
sumamente interessante – ou irritante, conforme
a hora – para nós, tradutores, pois inclui a criação
de um sem-número de neologismos e verdadeiros
quebra-cabeças terminológicos.
Mask Work – A definição do United States Code (17
USC § 901 (A) (2)) para mask work indica claramente
corresponder à proteção ao relevo / topografia dos
circuitos integrados (chips). É interessante observar
que os mesmos direitos são protegidos no Canadá nos
termos da Integrated Circuit Topography Act (1990, c.
37). Há quem recorra à solução de “obra (ou trabalho)
de máscara”, entre outras.
Contudo, conforme veremos nesta mini-série do
Canto Legal ora inaugurada, não é apenas em sede
do INPI que residem todas as atividades ligadas à
propriedade intelectual. Tal é o caso dos copyrights,
que serão objeto específico de futura edição desta
coluna. De qualquer forma, tendo em mente a
“criatividade” tão inerente à nossa ocupação e
tantos paralelos com as aventuras do Prof. Pardal,
mergulhemos de cabeça na interessante matéria.
Private Label – Embora a expressão mais comum
em merchandising seja Store Brand ou In-Store
Brand, equipara-se ao que se chama no Brasil de
marca própria, fenômeno relativamente recente entre
os varejistas brasileiros porém já um tanto antigo nos
EUA.
Infringement – Vocábulo de várias acepções,
no caso da Propriedade Intelectual corresponde à
contrafação; é o termo técnico para o que muitos
chamam de “pirataria”, além de ser equivalente –
em sentido muito estrito – a counterfeiting.
PLData
Hallmark – Trata-se de marca de pureza ou carimbo
que atesta o grau de qualidade de metais preciosos
segundo o Hall dos Ourives de Londres. Por extensão,
o termo passou a designar pureza, legitimidade,
5
June 2005
alta qualidade de coisa tangível ou intangível, sendo
freqüentemente usado como marca registrada ou
característica de algo em apreço.
Termos e expressões menos técnicos
Nesse universo de conceitos técnicos e problemas
terminológicos, algumas soluções são particularmente
interessantes e curiosas para nós, tradutores. Aliás,
é bom lembrar que existe tradução e existe solução,
particularmente em se tratando do envolvimento
lingüístico com o Direito e de dois ordenamentos
(sistemas) jurídicos distintos. Vale citar algumas
expressões e termos de menor monta:
Likeness – É a imagem individual (ou física) da
pessoa.
Obs.: esperamos discorrer mais sobre Personality Rights
(Direitos da Personalidade) nas próximas colunas. Existe
ainda certa controvérsia envolvendo desenho industrial
e design patent, o que também se discutirá.
Fanciful Trademark & Fanciful Name – Menos celeuma
rodeia esses conceitos de marca de fantasia e nome de
fantasia.
Like Product – diz-se do produto similar, expressão
comum no direito americano.
DeceptiveAdvertising, Deceit, Deception & Misleading
Advertising – é comum ver-se publicidade enganosa
vertida como misleading advertising (publicidade
induzidora a erro), quando a expressão jurídica própria
é deceptive advertising; o contexto favorável a deceit
(conceito) ocorre com maior freqüência do que o de
deception (ação) para a versão de engano, engodo,
etc..
Target Audience & Target Market – as melhores
soluções quando é preciso verter-se público-alvo, em
lugar do equivocado “target public”.
Q: Did you ever stay all night with this man in New
York?
A: I refuse to answer that question.
Q: Did you ever stay all night with this man in Chicago?
A: I refuse to answer that question.
Q: Did you ever stay all night with this man in Miami?
A: No.
***
Q: Doctor, did you say he was shot in the woods?
A: No, I said he was shot in the lumbar region.
***
(*) Com a inestimável colaboração de Felipe Cerdeira,
advogado militante na área de Propriedade Intelectual,
além de professor e tradutor.
Enéas Theodoro Jr. is based in Tucson, Arizona, and
has 20 years of experience in legal translation. From
1980 to 1990 he was a partner with several attorneys
in São Paulo’s first specialized legal translation
agency. Any questions or suggestions? Just write to:
[email protected]
Sites úteis
http://www.wipo.int/classifications/en/
http://www.wipo.int/
www.inpi.gov.br
www.uspto.gov
I must confess that , it took me a while when I started reading The
Legal Corner to realize Gyro Gealoose was the name of Professor
Pardal. I had outgrown Donald Duck by the time I was able to read
English, so the original names are not as automatic as their counterpart
in Portuguese.
In a quick search under Gyro Gearloose I came across a site (http://
duckman.pettho.com/characters/gyro.html) that not only gives his
personal data, but also how his name translates to other languages.
I thought our readers would enjoy this piece of Trivia. Have fun!
Ines Bojlesen
Language:
Danish:
Dutch (Netherlands):
Finnish:
French:
***
TRADEMARK TRIVIA
Dry Ice, Corn Flakes, Zipper, Thermos, Aspirin, Escalator,
Cellophane, Linoleum, Nylon, Trampoline, Yo-yo, among
so many other names, were once registered with the U.S.
Patent and Trademark Office, but are now in the public
domain. On the other hand, Scotch Tape, Xerox, BandAid, Jeep and Kleenex are some of the brand names still
protected as registered trademarks.
PLData
REAL-LIFE COURT TRANSCRIPTS
6
German:
Italian:
Norwegian:
Portuguese:
Spanish (in Spain):
Swedish:
Name:
Georg Gearløs
Willie (Willy) Wortel
Pelle Peloton
Géo Trouvetou | Gyro Gyroscope (early
name - not in use)
Daniel Düsentrieb
Archimede Pitagorico | Giro Rotalibera
(early name - not in use)
Petter Smart | Goggen Skrueløs (early
name - not in use)
Professor Pardal
Ungenio Tarconi
Oppfinnar-Jocke
June 2005
My first ATA conference experience - time
to meet some of these guys…
by Ana Luiza Iaria
F
or a Brazilian translator living abroad, more precisely in To close our first day of ‘hard work’ we gathered at the Manhattan
England, far removed from the hustle and bustle of the Ballroom, on the top floor of the Hyatt on the Hudson, for a
translation world in Brazil, conferences are a very good way reception offered to all attendees. A delightful event. There, we
to meet the faces behind the words we read on mailing lists, had the chance to mingle with colleagues, chat, and gasp at
articles, online publications and so on. This would sound like
the Manhattan skyline across
déjá vu (or, should we say, déjá lu?),
the river, from dusk to the
but after so many years of exchanging
first lights of the evening, a
Being Portuguese my mother tongue,
e-mail with colleagues, I decided last
view made famous all over the
I was obviously set to attend all the
April that it was about time to pack
world but that we could admire
presentations by my fellow Brazilian
and go meet at least some of these guys
firsthand. The reception over,
translators, but I also attended Marian
“live”. And so I boarded a plane from
we met at the bar downstairs
Greenfield speaking about The Financial where we chatted the night
London to New York to attend the ATA
Financial Translation and Interpreting
Task Force…and money laundering.
way.
Conference.
Saturday was going to be a
With such expectation, you can guess I
very busy day. The weather was not at all friendly and I was
was eager to meet as many colleagues as I could. And I was glad I did not have to leave the hotel. Márcio Brada made the
surprised and delighted to talk to so many different people. first presentation of the day, on Trust Funds, Life Insurance and
Mind you, I even met some ITI colleagues from London!
other Wealth Protection and Estate Planning Instruments. Oh,
those beloved trust funds that every now and then love to spring
The conference started on a very high note, with a talk by to life in unsuspected texts and make us pull our hair out trying
New Jersey Assistant District Attorney, Ms. Marion Percell, to figure out what they are and how to translate them...! Márcio
who gave a very enlightening session called “Prosecuting gave a very good explanatory talk and the morning was closed
Money Laundering”. This is a very up-to-date topic, and this with Danilo and Bankruptcy Law in Brazil and the U.S. As a
year alone I have already translated many thousands of words legal translator, I am well aware of the problems in translating
about the ways to spot and combat money laundering.
very different legal systems and Danilo gave us a helpful update
on the recent changes in bankruptcy law introduced by the new
Being Portuguese my mother tongue, I was obviously set to Brazilian Civil Code.
attend all the presentations by my fellow Brazilian translators,
but I also attended Marian Greenfield speaking about The At lunch we were joined by late-comers and everyone had a
Financial Task Force…and money laundering. Hers was a chance to sit and relax and exchange ideas about working in
very interesting talk, in that she compared Spanish translated different institutions, countries, cities, continents – surely the
texts to the original ones in English.
best part of any conference. Then it was back to Márcio for a
session on Translating Mutual Funds, another thorn on the side
After lunch, the fun began for the lusophones gathering in for every legal and financial translator. With his background
New Jersey. João Vicente de Paulo and Solange Santos, who in banking and investment, Márcio was extremely thorough.
work at the IMF, Eloisa Marques, from BID, Donna Sandin, Coffee break and Danilo was back explaining Brazilian Business
Tereza Braga, Edna Ditaranto, Carla Ball, Rose Braz, Ana Organizations. The end of the day could not have been better:
Passarinho, a young Portuguese translator from Venezuela, a “churrasco” party at Edna’s house, with everything a good
and myself, all of us were ready for the first session of the Brazilian churrasco is made of: excellent beef and sausages,
day in Portuguese and to hear Danilo Nogueira, many for the caipirinhas, salads, sweets and lots of talk and gossiping – why
first time. His session was Brazilian and U.S. Taxation. Such not, we may be translators but we are human!
different tax systems do pose a challenge for translation and his
talk was very elucidative in that he presented the differences A more promising Sunday in terms of weather opened with
between the systems and possible translation solutions, all the Márcio and “A Primer of the Brazilian Financial System”. I had
while managing to entertain us with his inimitable verve.
the chance to remember my good old banking days and catch up
PLData
7
June 2005
with many novelties introduced after I left Brazil six years
ago. A short coffee break was followed by Danilo and “What
do you Call a LLP in Brazil?” If you think corporate law is a
maze in the Brazilian system, wait until you hear about them
in the U.S. – with 50 states and 50 different legislatures.
And thus the conference came to an end. But we were not
ready to leave by any means. A group was quickly gathered
to try to find a good place for Sunday brunch and off we
went walking along the Hudson in Jersey City. Eloisa and
Tereza managed to find a charming tavern and we had a
most delicious meal and even better conversation. Danilo
and Márcio finally relaxed and I enjoyed once again the
opportunity to turn old e-mail pals into new friends. After
that… well, many went home, but I still wanted a few days in
the U.S. and took a train to Boston, which is another story.
PLD members with speakers Danilo and Márcio
Ana Luiza Iaria, MSc in Translation, ATA, IOL and ITI
member. I live in England where I work as a translator and
teach Practical Translation.
Couldn’t attend the ATA Financial Translation and
Interpreting Conference? Order the CD-ROM today! $69
for ATA Members ($129 for nonmembers) - http://www.
atanet.org/pd/finance/cdrom.htm
Donna Sandim, Queen of Caipirinha, at Edna’s
Churrasco na casa da Edna Ditaranto
PLData
All in all, this conference for me was a way of learning and
meeting people who do the same job as I do. Would I repeat
the experience? Wait for me in Seattle.
Bons papos entre colegas
8
June 2005
If This Be Treason: Translation and Its Dyscontents – A
Memoir
Author: Gregory Rabassa
New Directions Publishing Corp. – www.ndpublishing.com
“His discussion of the famous opening sentence of One Hundred Years of Solitude
and of the choices he made, and why, is alone worth the price of the book.” – New
York Sun
“If translators are the anonymous heroes of contemporary literature, its anonymous superhero is Gregory
Rabassa. (William Deresiewicz, The New York Times).
ATA member Rabassa has translated nearly 60 works from Spanish and Portuguese into English. His work
includes books by some 30 writers from a dozen countries. Among the authors he translated are Nobel
prize winners Miguel Ángel Asturias and Gabriel García Márquez, as well as Julio Cortázar, Mario Vargas
Llosa and many other beloved Latin-American writers. From Portugal: António Lobo Antunes and Mario
de Carvalho. From Brazil: Jorge Amado, 19th-century master Machado de Assis, Clarice Lispector, Dalton
Trevisan and Osman Lins.
The book is a long-awaited memoir by a translator the New York Times once called “the greatest practitioner
of the craft.” It traces Rabassa’s life journey from his childhood on a New Hampshire farm, his school days
“collecting” languages, the years he spent overseas during the Second World War, his travels and his
translation career.
NEW BOOK BY PLD MEMBER Susana Greiss!
The Beginning Translator’s Survival Kit
Authors: Susana Greiss with George Fletcher
“Sometimes poignant, sometimes hilarious, always practical and to the point, this book
explores the alpha and omega of the translation profession. Behind-the-scene insights into
the requirements for the survival of the beginner (...) the secrets of finding and maintaining
clients and determining prices.
Susana Greiss, M.A., generously shares her wisdom garnered from over 50 years of professional translation
experience and George Fletcher, Ed.D. recounts over 24 years of experience teaching translation and managing
a translation agency in New York City.” (source: www.globelanguage.com)
To purchase your copy (only $15.00 including U.S. shipping), visit: www.globelanguage.com
All proceeds from the book are donated to the New York Circle of Translation (NYCT), a nonprofit
organization.
PLData
9
June 2005
Translation Software Tools Seminar
Hilton Garden Inn
l Chicago, Illinois l July 9, 2005
Jost Zetzsche, translator and tech expert, will help you recover from your technical
paralysis in this positive and fun-filled seminar that is a necessary investment in your
business as a translator.
Get an insider's look at CAT tools with no-nonsense assessments of their strengths and
weaknesses. Understand the practical and impractical sides of desktop publishing software.
Learn about the free software programs that can help you work more efficiently and what
programs to avoid at any price.
All attendees will receive a FREE copy of the latest edition of Jost's 200-page e-book,
Translator's Tool Box: A Computer Primer for Translators.
To learn more about the ATA Translation Software Tools Seminar, please
visit www.atanet.org/pd/tools or contact ATA at (703) 683-6100 or [email protected].
CONFLUÊNCIAS
•
•
•
An ATA Professional
Development Seminar
Rio Othon Palace Hotel - Rio de Janeiro, Brasil
16 e 17 de setembro de 2005
Realização: Detail Eventos e Promocionais
Tópicos:
Tradução de inglês para português de documentos constitutivos de sociedades
The shifting geography of the translator
Linguística biomédica
A tradução e a revisão científicas: dificuldade
e compensações
Encontros e desencontros da coexistência papel do intérprete-tradutor na sociedade de
Macau
Jornadas de tradução e terminologia em Biologia e Imunologia
Prática da tradução em ambiente multimédi
Os resumos dos trabalhos com até 250 palavras devem ser
enviados para a Comissão Técnica, congresso@abrates.
com.br.
Data limite para envio dos resumos: 30 de junho de
2005. Aceitação: 15 de julho 2005.
Os trabalhos devem ser apresentados em MS Word,
tamanho A4, com margens de 3 cm e a fonte Times New
Roman 12. Eles deverão conter um resumo do currículo
do(s) autor(es) de até 10 linhas (por autor). Data limite
para apresentação: 15 de agosto de 2005.
Inscrições: a partir do dia 30 de maio de 2005.
Site: www.abrates.com.br/congresso
E-mail: [email protected]
e muito mais...!
PLData
ATA will provide a full-day
training seminar, including
a continental breakfast, a Job
Marketplace, and a Networking
Session. Attendees will earn
6 ATA Continuing Education
Points.
TEMA: TRADUTORES, TECNOLOGIA E OS
CAMINHOS PARA A QUALIDADE
Anuncia sua segunda edição:
•
•
•
American
Translators
Association
I CONGRESSO INTERNACIONAL DE
TRADUÇÃO DA ABRATES
Revista de Tradução Científica e Técnica
www.confluências.net
•
Hosted by the
10
June 2005
Conntinued from page 4
inglês e espanhol. É aí que eu entro, para assegurar
América Latina essa diferença é ainda maior.
a correção das informações em português.
PLDATA – De todas essas atribuições, qual é a mais
gostosa para você? Quais são as vantagens de se
PLDATA – Visitei hoje a revista (IDBAmérica) na trabalhar num ambiente grande como o Banco? Você
Internet. Que surpresa boa ver artigos da Alexandra já foi autônoma? Tem saudade? Pensa em trabalhar
na seção cultural – inclusive aquele sobre a visita do freelance no futuro?
Ministro da Cultura do Brasil, o Gilberto Gil. E quanta
matéria, Eloisa! Você traduz tudo aquilo? Quantas ELOISA – Passei dez anos trabalhando como
pessoas lhe auxiliam?
autônoma nos Estados Unidos. Aos poucos fui
aprendendo o ofício de tradução e construindo minha
ELOISA – No início, eu traduzia a maior parte desse reputação, principalmente entre os organismos
material sozinha, mas agora estou cada vez mais multilaterais, como Banco Mundial, FMI, BID, OEA,
fazendo o gerenciamento de projetos, supervisionando e junto ao Departamento de Estado. Mas prefiro o
uma pequena equipe de tradutores e editores que trabalho de edição. Adoro acompanhar do começo ao
traduzem os artigos da BIDAmérica e os livros que fim a produção de um livro, desde o momento em que
publicamos em português. Dado o volume cada vez recebo o manuscrito e mando para tradução, passando
maior de trabalho e a necessidade de cortar custos, pela fase de edição e comparação com o original para
fui aos poucos fazendo contato com tradutores no checar que todos os elementos estejam presentes, até
Brasil e testando-os. Hoje trabalho, em base regular, a fase de provas tipográficas e o momento final em
com quatro ou cinco tradutores em São Paulo, Rio e que o livro chega da gráfica em minhas mãos. É uma
Brasília, e mais dois editores. Quase nunca contrato sensação muito boa.
pessoal nos Estados Unidos. Onde trabalho, ninguém
mais quer pagar as tarifas locais.
Gosto muito de meu trabalho no Banco, o qual é a
um tempo solitário e coletivo. Dependo de muita gente
para executá-lo, mas boa parte do dia passo em minha
PLDATA – Nada agradável ouvir isso, mas já sala, com meu computador e meus livros, porque a
imaginava. Quando você diz “ninguém”, quer dizer o responsabilidade final é minha, não tenho com quem
Banco, correto? O Banco não aprovaria? A diferença é dividi-la. Mas tenho que estar freqüentemente em
então grande assim nas tarifas? A gente ouve falar que contato com a representação do Banco em Brasília,
os bons tradutores no exterior já sabem o que cobrar que nos ajuda com a divulgação de nossos produtos,
quando o cliente fica em país de moeda mais forte. É e com nossa co-editora no Brasil, Elsevier/Campus.
claro que somos parte da ATA e temos orientação de Gosto de trabalhar na parte de marketing de nossos
não mencionar preços em público, mas você teria algo livros, ajudando na divulgação, fazendo “networking”,
a dizer? Eu, por exemplo, sou “contractor” do Banco contribuindo com idéias e contatos. Procuro elevar
Mundial e da OEA. Verdade seja dita, só me mandam o perfil da língua portuguesa no Banco e junto às
trabalho uma vez por ano e olhe lá...
várias audiências do Banco. Há muitos profissionais
brasileiros competentes que trabalham no BID e tem
ELOISA – Refiro-me ao Banco, mas sei que sido uma experiência gratificante aprender com eles.
os organismos internacionais estão adotando a
mesma política de contratar gente nos países Quanto ao futuro, acho que dentro de alguns anos
em desenvolvimento. De certa forma, não me voltarei a trabalhar como freelancer. Gostaria muito
sinto mal fazendo isso, porque estamos abrindo de tentar interpretação, porque adoro viajar e estar
uma oportunidade aos tradutores nos países em em contato com outros seres humanos. O ofício de
desenvolvimento de trabalhar com o exterior ganhando tradução é solitário demais.
um pouco mais do que ganhariam no Brasil. É claro
que há alguns profissionais no Brasil que, com a PLDATA – Concordo; e eu ainda moro sozinha! Fiz
experiência que têm, cobram mais ou menos o que uma palestra recentemente aqui em Dallas e falei
querem e não aceitam trabalhar por menos.
sobre alguns mitos sobre a vida freelancer. É divertido
trabalhar por conta própria, sim, mas tem o isolamento.
Quanto à diferença nas tarifas, eu diria que no Brasil Tive que aprender a dribá-lo. Hoje em dia tenho um
hoje contratamos com economia de metade a um terço calendário de almoço com amigos ao qual me seguro
em relação aos Estados Unidos. Em outros países da como tábua de salvação. Conta agora um pouco da
PLData
11
June 2005
sua história profissional e acadêmica e como veio
parar nos EUA e nesse emprego.
ELOISA – Sou formada em Ciências
Sociais, mas desde meu primeiro
emprego estou no campo editorial.
Comecei como revisora de provas na
Editora Abril aos 19 anos, lá se vão
37 anos. Três anos depois estava
trabalhando em Barcelona para
uma editoria espanhola que estava
produzindo uma enciclopédia em
português para ser vendida no Brasil.
Trabalhei ali um ano e depois fui morar
em Paris, onde me casei com o Paulo,
que trabalhava como stringer da Veja.
Em Paris, trabalhei numa publicação
para turistas brasileiros e comecei a me
interessar por fotografia, aprendendo
as noções básicas com os colegas fotógrafos de meu
marido. Em 1974, estourou a Revolução dos Cravos
em Portugal e Paulo foi convidado pela Veja para ser
correspondente em Lisboa. Aí moramos durante dois
anos e meio e desenvolvi meu trabalho como fotógrafa
de imprensa. Foram anos intensos e divertidos. Ainda
não tínhamos filhos e Lisboa era “o” lugar para viver
nessa época. Havia jornalistas de todas as partes do
mundo, exilados políticos das ditadura militares do
Brasil e do Chile, gente que buscava aprender com a
“revolução” pacífica dos militares portugueses.
Em 1977 voltamos para o Brasil, onde, já grávida do
meu primeiro filho, passei a trabalhar com o Círculo
do Livro como preparadora e revisora free-lancer.
Em 1980, mudamos para os Estados Unidos, com a
família aumentada – três filhos a tiracolo, o mais novo
com três meses de idade –, e aqui estamos desde
então. Em Washington, tive a oportunidade de ensinar
português
na Universidade de Georgetown como “assistant
instructor” e ao mesmo tempo fui me profissionalizando
como tradutora. No final dos anos 1980 fui convidada
para dar aulas de tradução ao português no curso de
Tradução e Interpretação de Georgetown. Esse tipo
de trabalho me permitiu ser uma “at-home mom” a
maior parte do tempo. Com quatro filhos e um marido
jornalista, foi essencial poder me dar a esse luxo. Só
comecei a trabalhar em tempo integral no BID a partir
de 1993, com os filhos já crescidos.
PLDATA – Que viajantes vocês são!... Agora em
termos de profissão. De todas as experiências que lhe
PLData
12
ensinaram a traduzir, qual lhe influenciou mais? Quem
(ou o quê) foi seu maior ‘professor’ de tradução? Seu
marido diz que jornalismo não é profissão, mas sim
ofício. E a tradução? Se uma tradutora
se atém às suas áreas de especialidade,
ligadas a um background profissional
qualquer (médica ou engenheira, por
exemplo), você acha uma lacuna ela não
ter feito nenhum curso de tradução?
ELOISA – Eu sempre digo que minha
vida profissional (exceto a experiência
como fotógrafa) deveu-se ao Professor
Nelo, meu professor de português no
ginásio, no Instituto de Educação Fernão
Dias Pais em São Paulo. Meu gosto
pela língua e pela leitura desenvolveuse a partir daí. Mas também tenho uma
dívida de gratidão com o Ivo Barroso,
que guiou meus primeiros passos como tradutora em
Lisboa, nos idos de 1970. A edição em português das
Seleções do Reader’s Digest tinha começado a ser
produzida em Lisboa no começo dos anos 1970, tendo
o Ivo Barroso como editor-chefe (creio que era esse
seu cargo). Fui bater à porta dele e comecei a traduzir
alguns textos para a revista, e ele, tradutor emérito,
com grande gentileza, como o gentleman que é,
passava o lápis vermelho e me explicava o que estava
errado no meu trabalho.
PLDATA – Entendo perfeitamente. Cada vez mais eu
me dou conta do que devo aos meus professores de
português e gramática histórica no ginásio e no colegial,
no Rio. E principalmente à minha mãe, auto-didata
eterna e apaixonada pela etimologia que, mesmo
sem ter freqüentado universidade, aprendeu grego e
latim no colegial e sempre dá show de sintaxe em nós,
mesmo os filhos pós-graduados. Então tradução é um
ofício?
ELOISA – Sim, acho que tradução também é um
“ofício” e que você pode se especializar neste ou
naquele assunto e fazer cursos nessas áreas, mas o
fundamento da tradução está no conhecimento sólido
da língua para a qual você traduz e na curiosidade
intelectual. E se você não for um tradutor especializado
em alguma área técnica, precisa estar informado e
“plugado” no mundo. Como avaliadora de testes de
tradução, muitas vezes me deparei com textos até
bem traduzidos, mas nos quais se evidenciava um
grande desconhecimento de assuntos da atualidade.
Lembro-me de um teste em que o tradutor deixou a
June 2005
para minha casa e, às vezes, fazia também o oposto,
ou seja, espalhava algumas novidades da família pelo
bairro da Vila Pompéia, em São
Paulo, onde cresci. Sou formado
“Jornalismo não é profissão,
em História. Comecei na PUC de
é
ofício.
É
uma
atividade
São Paulo no agitadíssimo ano
PLDATA – Paulo, chegou a sua
que pode ser exercida por
de 1968, e terminei na Católica
vez. Conheço alguns membros
qualquer
cidadão.
Deve
ser
de Pernambuco, para onde me
da nossa PLD que vieram do
protegida
contra
censura
e
mudei em 1970, para trabalhar
jornalismo. E tenho uma amiga
outras formas de cerceamento
como repórter da Veja na sucursal
jornalista que está pensando no
da
liberdade
de
expressão,
de Recife. Quando comecei minha
contrário, em voltar ao jornalismo,
mas
não
por
reservas
de
carreira de jornalista, em 1968,
depois de anos como tradutora
mercado.”
nos números experimentais da
autônoma. Você tem colegas de
revista Veja, não havia exigência
profissão que também militam na
de curso de jornalismo para a
tradução ou vice-versa?
obtenção do registro profissional. Acho, aliás, essa
exigência, uma tolice.
PAULO – Há pelo menos um caso famoso de
jornalista brasileiro que se consagrou como
tradutor. Carlos Lacerda, um prolífico e influente
Jornalismo não é profissão, é ofício. É uma atividade
jornalista carioca que se notabilizou como um dos
que pode ser exercida por qualquer cidadão. Deve
mais importantes políticos de seu tempo, traduziu
ser protegida contra censura e outras formas de
Shakespeare (“Julius Ceasar”), o primeiro livro
cerceamento da liberdade de expressão, mas não por
autobiográfico de Winston Churchill (“My Early Life,
reservas de mercado. A regulamentação da profissão,
a Roving Commission”, de 1941) e um par de obras feita no Brasil no começo dos anos 70, graças a um
de Romain Rolland, do francês. Em algumas outras acordo de caráter corporativista entre sindicatos
de suas incursões como tradutor, Lacerda usou de jornalistas e a ditadura militar, empobreceu
pseudônimo. Um exemplo mais recente de jornalista intelectualmente o nosso jornalismo. Em nome de
e tradutor é Eric Nepomuceno, com quem trabalhei na promover e proteger o setor, acabou privando nossas
revista Veja nos anos 70 e cobri episódios da guerra redações de pessoas oriundas de outras disciplinas,
civil em El Salvador, nos anos 80. Eric, que deixou que poderiam inclusive aportar conhecimentos
o jornalismo pelo mais exigente ofício de escritor, é especializados nas várias áreas tratadas pelos jornais,
o tradutor “oficial” de Gabriel García Márquez para revistas e pelo meios audio-visuais. O resultado é que,
a língua portuguesa e já mereceu vários elogios do ao contrário do que ocorre nos EUA, por exemplo,
Nobel colombiano, de quem é amigo. Certamente, há temos pouquíssimas pessoas com formação científica
outros casos. E, com certeza, há os e as jornalistas que sólida escrevendo sobre ciência e as políticas públicas
fazem traduções, geralmente de textos mais técnicos, relacionadas com as questões científicas na imprensa
para suplementar seus salários.
brasileira. Inevitavelmente, há um problema de
qualidade.
PLDATA – Não tinha a menor idéia sobre esse lado do
Carlos Lacerda, de quem me lembro visitando obras Desenvolvi minha atividade paralela na área
numa rua da minha infância no Rio...
acadêmica a partir das várias oportunidades que me
Paulo, dei uma olhada na Internet e fiquei foram oferecidas nos EUA de falar sobre o Brasil para
impressionada com a sua folha corrida: BBC Radio diferentes platéias. No semestre do outono de 2003
Brazil Service, Gazeta Mercantil, IstoÉ, VEJA, prêmio e no semestre da primavera de 2005 dei um curso
da Abril e prêmio da Columbia University. E você foi sobre “Media in Brazil” no Departamento de Espanhol
também professor de Georgetown? Fala um pouco da e Português da Universidade de Georgetown. O
sua formação e qual foi a sua área de atuação em curso é ministrado em português, sob o formato de
Georgetown e na Columbia.
seminário, ao longo de quatorze semanas, para
alunos de várias áreas fluentes na nossa língua. Este
PAULO – Nunca tive dúvida de que queria ser jornalista. ano tive onze alunos – oito americanos, um espanhol,
Minha mãe me chamava de “Repórter Esso” quando eu um mexicano e um moçambicano. O programa inclui
era criança, porque eu trazia todas as notícias da rua
sigla OAS para Organização dos Estados Americanos
– em inglês, Organization of American States –-, e isso
num teste para um organismo que
lida com os países da região.
PLData
13
June 2005
um apanhado da história dos meios de comunicação
no Brasil, um país que tem hoje uma imprensa forte
e atuante, mas onde a palavra impressa e o livro já
foram proibidos. Pouca gente sabe disso: o primeiro
livro em português impresso no continente americano
foi publicado no México. O primeiro jornal brasileiro, o
Correio Braziliense, foi publicado em Londres.
permite, de programas de rádio e televisão, sempre
com o ousadíssima pretensão de explicar o Brasil para
os americanos. Acho que falar em público sobre o Brasil
e os temas que cubro, como as relações entre o Brasil
e os Estados Unidos, é parte da minha obrigação como
jornalista. É uma boa maneira de conhecer pessoas,
expandir os horizontes e ser testado.
O plano do curso não se restringe ao jornalismo.
Ao estudar a história do rádio, examinamos também
PLDATA
– O Estadão tem um escritório em
Washington, é isso? Ou você trabalha de casa? Que
tipo de equipe você tem? E a rotina diária? Você sai
em campo ou fica ao computador e telefone/ fax o dia
inteiro?
a importância que ele teve para a propagação e
afirmação do samba e de outras formas da música
popular brasileira que hoje são parte da nossa
identidade cultural. Tratamos também da radionovela,
PAULO –Minha equipe em Washington sou eu e
precursora da telenovela, e do papel da televisão
“myself”. Faço tudo a que um jornalista tem direito.
num país onde se lê pouco. Falamos também sobre o
Entrevista, é à vontade do
cinema brasileiro, que passa por um
freguês: faço pessoalmente,
momento de grande criatividade, e
“Accountability” é uma dessas por telefone e via e-mail. Uso
sobre os novos meios eletrônicos
de divulgação de informação e
palavras. Ofereço um doce a quem muito a internet. Procuro ir a
entretenimento. Além das breves
produzir uma boa tradução dessa todas as entrevistas coletivas
que
julgo
interessantes.
preleções que faço sobre cada um
palavra para o português.
Cubro audiência públicas no
desses temas, os alunos discutem
Congresso, geralmente sobre
tópicos da atualidade, baseados
questões de comércio relevantes
em notícias que captam na imprensa brasileira ou
para o Brasil. Sou também freqüentador assíduo
sobre o Brasil, na imprensa americana ou de outros
de seminários e conferências nos “think tanks”
países. Uso também o “Blackboard”, o sistema online
em Washington. Há uma dúzia por dia e o difícil é
no qual os alunos podem comunicar-se comigo e
escolher. Além disso, viajo sempre que posso e que
entre eles, 24 horas por dia, os sete dias da semana.
o jornal me pede para cobrir coisas variadas. Na
É uma sala de aula virtual. A preocupação central do
eleição presidencial do ano passado, percorri mais de
curso é fazer análises críticas do trabalho dos meios
6.500 quilômetros de carro, primeiro de Washington a
de comunicação em suas várias áreas, mas o objetivo
Boulder, no Colorado, depois de Washington a Miami,
final é ampliar o conhecimento dos alunos sobre a
parando no caminho para conversar com as pessoas
língua portuguesa viva e dar-lhes uma visão realista
nos mais diversos lugares sobre Bush, Kerry, a guerra
sobre o Brasil e a sociedade brasileira, além dos
do Iraque, etc. Recentemente, estive na fronteira com
estereótipos negativos ou positivos. A rapaziada que
o Arizona para ver os vigilantes que querem fechar a
procura o curso é fascinada pelo Brasil.
fronteira dos EUA com o México. No início de junho,
fui a Fort Lauderdale para cobrir a assembléia geral da
Minha ligação com a Universidade de Columbia limitaOrganização dos Estados Americanos. Essas reuniões
se a um prêmio que recebi da Escola de Jornalismo,
anuais de grandes organismos são, geralmente, um
nos anos 80, por meu trabalho de correspondente da
porre. Só ficam interessantes nos momentos de crise.
Gazeta Mercantil, e à atividade de palestrante eventual,
mais recentemente sobre tópicos de política doméstica
Tenho um escritório no centro da cidade, na sucursal
e externa, no Centro de Estudos Brasileiros da School
do Financial Times de Londres. Tenho também um
of International and Public Affairs. Todos os anos,
escritório em casa – e meu laptop Sony Vaio e meu
faço algumas palestras em instituições acadêmicas
celular Treo têm a incrível capacidade de, em poucos
e em eventos organizados por câmaras de comércio,
minutos, transformar qualquer trem, avião, automóvel,
organismos internacionais e “think tanks” nos Estados
aeroporto, hotel e mesmo casa de amigos em escritório
Unidos, no México e no Canadá. E procuro participar ,
do Estadão.
quando o trabalho de correspondente em Washington
PLDATA - Há correspondentes em outras cidades
PLData
14
June 2005
americanas, também? Você tem contato
correspondentes de outros jornais brasileiros?
com
devidas sanções aos que roubam o erário, cometem
atos criminosos, abusam do poder político e econômico
e nos matam a todos de vergonha.
PAULO - A Agência Estado, que pertence ao Grupo
Estado, tem um correspondente em Nova York e aciona
eventualmente alguns colaboradores freelancers.
Mantenho boas relações com meus colegas de
outros jornais e meios de comunicação, vejo-os com
freqüência em entrevistas coletivas e outros eventos,
mas cada um tem sua vida. Somos solidários uns com
os outros, mas não existe entre nós a preocupação
de estar juntos nem de combinar o que fazer, até
porque somos competidores. Tenho também bons
amigos jornalistas americanos, ingleses, canadenses,
mexicanos, argentinos, uruguaios e de outros países.
PLDATA – Se for olho de sogra ou doce de goiaba,
eu me candidato. “Accountability” é um verdadeiro
sofrimento. Com as diretrizes do ministério da educação
americano, durante viagens com educadores, tenho
usado “responsabilização pelos resultados”. Solução
nada enxuta, hein?
PAULO – A idéia é essa mesma. Mas responsabilização
é uma palavra muito feia. Vale um cheesecake, que
aliás é um dos meus doces preferidos. Agora, para
o padrão olho de sogra, doce de goiaba, quindim ou
outras das nossas ambrosias, acho que a expressão
deixa a desejar. Aliás, sou membro autonomeado do
autoconstituído comitê nacional em favor da limitação
do uso dos verbos que terminam em izar, tais como
utilizar, responsabilizar, agilizar e, em especial, o
burocratíssimo disponibilizar. Êta verbinho ruim....
PLDATA - Você contrata/usa tradutores para o seu
trabalho??
Faço minhas próprias traduções. O único tradutor a
quem recorro regularmente é a Eloisa, uma profissional
de competência reconhecida, editora das publicações
do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que é
também a mãe dos meus quatro filhos e o amor da
minha vida, há mais de 30 anos. Às vezes, quando
há uma questão controvertida, como uma disputa
qualquer entre os governos do Brasil e dos EUA,
confiro com alguns amigos brasileiros e americanos
bilíngües minhas traduções de declarações de
políticos ou funcionários e de notas oficiais, para
me certificar sobre o significado de uma palavra ou
expressão, no contexto em que foi dita ou usada.
Faço isso não apenas porque é meu dever ser
cuidadoso na atribuição de declarações, mas também
por precaução: em situações como essas, depois
que uma declaração controvertida sai no jornal, a
turma do deixa-disso sai a campo, e os funcionários
envolvidos na disputa põem panos quentes. Mas, não
tendo explicação convincente a oferecer sobre o que
disseram ou escreveram, tendem a dar uma de esperto
e culpam a imprensa pela confusão, afirmando que
o jornalista errou na tradução ou usou a declaração
fora do devido contexto. Agora, há os casos das
expressões ou palavras que não têm tradução direta,
porque o conceito que elas descrevem não existe
(ainda) na outra língua. “Accountability” é uma dessas
palavras. Ofereço um doce a quem produzir uma boa
tradução dessa palavra para o português. Mas temo
que, primeiro, tenhamos que adotar o conceito em
nosso país, desenvolvendo um sistema efetivo que
permita à sociedade brasileira acertar as contas com
uns e outros, na vida pública mas não só, impondo as
PLData
PLDATA – Okay, vou cobrar o cheesecake e pedir
filiação no comitê. Que ‘refrescante’ ouvir isso,
Paulo... desculpa, eu quis dizer “reanimador”, olha o
anglicismo... Ai, que bom deve ser te traduzir para o
inglês. Se um dia eu for para o céu tradutoresco, só
traduzirei jornalistas.
Eloisa e Paulo, foi uma delícia esse papo. Em nome
da PLD, fico muito grata a vocês. E vamos esperar
comentários dos nossos leitores.
Junho 2005
15
June 2005
Da necessidade de especialização
por Renata Celente
From the Editor: I came accross this article – About the Need for Specialization – recently and found it excellent
in content in presentation. I was exploring back issues of the Boletim Abrates online (see www.abrates.com.
br). It is reprinted here with permission from Boletim Abrates, the newsletter of the Associação Brasileira de
Tradutores, in Rio de Janeiro. It appeared in its July 2003 edition.
C
erta vez, em uma lista de discussão de conhecimento mais aprofundado na área biomédica?
tradutores na Internet, uma colega pediu ajuda Ou seria suficiente conhecer os nomes de alguns
para a tradução do verbo “to summon”. Um poucos grupos musculares na qualidade de praticante
tradutor solícito respondeu à colega e à lista oferecendo de esporte e complementar as lacunas com leitura
as sugestões citar e intimar, para logo depois enviar de livros, pesquisa na Internet e o imponderável bom
nova mensagem dizendo que “também havia achado” senso?
indiciar e arrolar, opinando que era só escolher uma
dessas sugestões e encaixar no texto em português.
Se eu ainda guardava algum
Imediatamente enviei mensagem à lista e aos dois
resquício de simpatia pela velha
colegas em questão oferecendo a definição de
máxima da desnecessidade
Quanto mais
cada um desses verbos segundo o direito
de especialização, ela sumiu
traduzimos um
brasileiro e advertindo sobre os perigos do
completamente quando, por
determinado assunto,
uso indevido de expressões técnicas em
pura curiosidade, folheei
mais o entendemos,
mais questionamos, mais
um texto legal.
um livro sobre treinamento
atentos ficamos e, assim,
físico em uma livraria.
construímos um banco de
Até aquele momento, eu nunca
A cada página, surgiam
dados teórico que será
havia ponderado seriamente sobre a
palavras que nunca havia
acionado, consultado
necessidade de especialização do tradutor
visto combinadas a fórmulas
e alimentado
em áreas específicas do conhecimento. Na
matemáticas
e princípios
naturalmente a cada
verdade, eu seguia inadvertidamente o fluxo
da
física,
enfi
m, termos
trabalho.
da idéia – que me fora apresentada ainda na
altamente técnicos – coisas que
faculdade – de que o tradutor não precisar ser
eu nunca poderia imaginar fizessem
especialista no assunto que traduz para produzir um
parte do universo da educação física.
bom trabalho; a pesquisa séria e o bom senso seriam Definitivamente um conhecimento superficial aliado
suficientes para compensar a falta de especialização. à pesquisa e ao bom senso não seriam suficientes
Deparando com a situação real sobre a tradução do para solucionar as questões terminológicas que
verbo “to summon”, percebi quão perigosa era a falta invariavelmente surgiriam em um texto como aquele.
de conhecimento jurídico naquele caso. Desconhecer Aliás, meu próprio bom senso me impediria de
o significado jurídico dos verbos citar, intimar, indiciar porventura aceitar um projeto de tradução naquela
e arrolar e adotar um deles ao invés do outro tornaria o área depois de ler o texto original. Concluí, então, que
texto ininteligível, para não dizer risível. Concluí, então, a especialização é fundamental, não só para textos
que a especialização era essencial na tradução de jurídicos mas para qualquer área.
textos jurídicos. E isso eu só pude determinar porque
além de tradutora, também era acadêmica de Direito.
É importante definir aqui o que é especialização
– para não cairmos no mesmo abismo de confusão
Comecei a questionar, então, se para traduzir textos de de conceitos que vem ocorrendo com a tão discutida
outras áreas também bastaria o tal tripé conhecimento regulamentação da nossa profissão. Por especialização,
superficial-pesquisa-bom senso. Para traduzir um texto devemos entender a concentração prática em um
de Educação Física, por exemplo, seria necessário um determinado assunto, não sendo essencial educação
PLData
16
June 2005
Quanto mais traduzimos um determinado assunto,
mais o entendemos, mais questionamos, mais atentos
ficamos e, assim, construímos um banco de dados
teórico que será acionado, consultado e alimentado
naturalmente a cada trabalho. A formação na área
escolhida é bem-vinda e inegavelmente vantajosa, mas
não vislumbro motivos para que seja obrigatória. Afinal,
trabalharemos somente com os aspectos lingüísticos e
conceituais (elementos externos), e não com as técnicas
e práticas do assunto em si (elementos internos).
Na tradução o leitor precisa acreditar que o tradutor
entende e corrobora o que está escrevendo, e é a
especialização que vai guarnecer essa credibilidade.
O conhecimento mais profundo de determinado
assunto oferece segurança ao tradutor, permitindo
que ele assuma o controle do texto de trabalho e evite
devaneios e desvios, para não falar nas tentativas de
adivinhação – os famosos “chutes” (quase sempre na
trave). O que dizer então da perigosa combinação de
falta de conhecimento aprofundado e prazo exíguo,
mortal quando adicionamos a preguiça e a falta de
bom senso. Desconhecendo que arrolar e intimar são
ações diferentes e que a utilização de cada verbo
deve ocorrer em um contexto específico, o tradutor
não assumirá a tarefa de pesquisar o conceito de cada
um em um bom livro de direito brasileiro, contará o
número de ocorrências de cada um no Google (sim, há
tradutores que encaram a pesquisa terminológica como
uma demonstração democrática – é eleito o termo que
ganhar mais “votos”), simplesmente encaixará o termo
no meio da frase e entregará o texto ao cliente. Da
mesma forma, mas em um outro exemplo, expressões
cristalizadas presentes nos mais diversos tipos de
documentos jurídicos, desde contratos de compra e
venda até ações penais, como as famosas “but not
limited to” e “from time to time amended”, recebem
soluções pobres e praticamente literais por absoluta falta
de convivência entre o tradutor e o mundo jurídico.
Entender o contexto para produzir o texto provavelmente
foi uma das primeiras lições de introdução à tradução
ensinadas na faculdade (lembro-me até hoje da máxima
das aulas de interpretação simultânea: pense no que
ele está falando e fale o que você está pensando). E
não há como entender o contexto se não existe aquele
banco de dados teórico que alimentamos a cada
trabalho, com muita pesquisa e leitura. E, sem dúvida,
é mais fácil alimentar bancos de dados de assuntos
específicos e correlatos, como direito e economia,
medicina e biologia, engenharia e arquitetura. A
vocação natural ou adquirida na prática para traduzir
textos sobre resultados econômicos, por exemplo,
será base suficiente para direcionar nosso bom senso
PLData
17
artigo sobre a reforma tributária ou um documento sobre
participação acionária.
O tradutor especializado estará em maior contato com
o universo do assunto que traduz, familiarizado com
seus estilos de textos e sua terminologia. O tempo de
trabalho de um especialista será melhor aproveitado
que o de seus colegas não especializados pois seu bom
senso, aliado ao conhecimento aprofundado, conduzirá
o tradutor pelos caminhos da pesquisa. Como resultado,
teremos a produção de um texto mais confiável em
menos tempo, e isso é um grande fator de agregação de
valor ao nosso trabalho. O tradutor jurídico, por exemplo,
saberá enxugar expressões repetitivas sem eliminar a
essência e a finalidade do texto, procurará adaptar
os atos processuais e procedimentos à realidade do
direito local sem desprezar as características do direito
de origem, recorrendo a explicações sobre eventuais
diferenças entre eles sempre que necessário, saberá
respeitar os valores e os princípios de direito que
pautam o texto original, mesmo quando tais valores
parecem equivocados e absurdos ao leitor brasileiro. É
essa qualidade que gerará a oferta de mais trabalhos,
que alimentarão ainda mais a qualidade, num círculo
virtuoso saudável e lucrativo.
Minha intenção, ao defender a necessidade de
especialização, não é engessar o tradutor, até porque os
grupos de especialização são muito amplos e permitem
interseções, como já dito. O mercado da tradução não
é feito somente de textos específicos e essencialmente
técnicos. O tradutor pode e deve aventurar-se, desde
que munido das ferramentas adequadas (conhecimento
superficial, bom senso, pesquisa), por áreas nas quais
se considera capaz. Talvez dessa empreitada surja
uma nova área de especialização. Talvez o assunto
novo traga algum crescimento pessoal ou profissional.
Ou talvez o trabalho sirva tão-somente para pagar as
contas, o que já é motivo suficiente para ser aceito
(desde que sensatamente, repito). Além disso, textos
genéricos e assuntos de conhecimento geral certamente
não demandam o grau de especialização que discuto
aqui. Mas é direito do autor, do leitor e do cliente final
que documentos técnicos, independentemente da área
de conhecimento, recebam um tratamento tradutório
adequado, qual seja, o manuseio por um tradutor que
conheça com razoável profundidade o assunto no qual
está trabalhando.
Renata Celente é tradutora há 11 anos, associada da
ABRATES, formada em Interpretação de Conferências
pela PUC-RJ e especializada em tradução jurídica. Email: [email protected]
June 2005
See What We’ve Got Brewin’in... SEATTLE
46th Annual Conference
of the American Translators Association
The Westin Seattle l Seattle, Washington l November 9-12, 2005
Features
Over 150 educational sessions that cover topics in a variety of languages and
specialties, offering something for everyone
A multitude of networking events that allow you to connect with over 1,200 translators
and interpreters from throughout the U.S. and around the world
Opportunities to promote your services and interview with language services companies
at the Job Marketplace
An exhibit hall that brings companies together for you to see the latest software,
publications, and products available that fit your unique needs
Register
Look for the Conference Registration Form with the July issue of The ATA Chronicle
to take advantage of special Early-Bird rates, available until September 10.
Join ATA to register at the discounted ATA Member rate. For an application, contact ATA
or join online at www.atanet.org/membapp.htm.
Don't miss this opportunity to network, meet newcomers
and seasoned professionals, market yourself and your skills,
reunite with friends and colleagues, and have fun!
Hotel
The Westin Seattle is located in downtown Seattle, 15 miles from the Seattle-Tacoma
International Airport and within walking distance to Pike Place Market and the Space Needle.
Special Room Rates for ATA Conference Attendees (exclusive of tax)
Single: $175 l Double: $185
Take advantage of this special rate, available only until October 19.
Call (800) WESTIN-1 (937-8461) and tell them you’re attending the ATA Conference.
The Westin Seattle, 1900 Fifth Avenue, Seattle, Washington 98101
Phone: (206) 728-1000, Fax: (206) 728-2007; www.westin.com/seattle
Look for the
Preliminary Program and RegistrationForm with The Chronicle in July!
Dear PLD and ATA Members
I am a Pacific Northwesterner by heart, having
fallen in love with this side of the U.S. way back in
the early sixties, and continue to find amazing things
about this region that I now call home.
webfeet and moss behind your ears. (No, I will not
tell what size shoes I wear.) Portland, Oregon was
recently considered the cleanest of the 50 largest
cities in the U.S according to a survey conducted by
Reader’s Digest . Seattle was also included among
the 50.
The Northwest is a very unique and genuine
part of the U.S., for its people, landscape, cities and
even “language”. We have a peculiar accent and
vocabulary. To start with, I live in Or•e•gon (ôr¹î-gen
and not in orîgòn). We don’t drink soda, we drink
pop.
Check below a few links for information on
Seattle, and the Northwest in general. I invite you
to take a few extra days to become familiar with the
area and visit some of the beautiful parks, lakes and
mountains. Oh yes, when leaving, don’t forget to
check your feet before you board the plane!
While still back country in its nature, the Pacific
Northwest is also home of the leading IT, aviation,
sports gear and apparel industries. Consideration
for trees, wildlife and pets many times prevails over
the homo sapiens part of the population. We have
spring water in our taps, and salmon jumping in rivers
that cross our cities. Yes, rain is a factor but… we
love our trees, remember? Some people say that to
be a true Northwesterner you have to be born with
Ines Bojlesen
PLD Assistant Editor and Designer
http://www.spaceneedle.com/webcam/
http://www.olympic.national-park.com/info.htm#his
http://content.lib.washington.edu/aipnw/buerge1.
html
h t t p : / / w w w. g e o g . u m n . e d u / c o u r s e s / 5 4 4 1 /
NPLRNRA.htm
LOCAL ATTRACTIONS
Seattle Monorail to the Space Needle
Cascade Adventures
Columbia River Gorge
Fifth Avenue Theatre
Pike Place Market
Paramount Theater
Seattle Symphony
Washington State Convention and Trade Center
Victoria Clipper
Seattle Aquarium
Seattle Art Museum
International District
Safeco Field (Home of the Seattle Mariners Baseball Team)
Qwest Field (Home of the Seattle Seahawks)
The Space Needle
Experience Music Project
Marion Oliver McCaw Hall
Mount Rainer
Pacific Science Center
Key Arena (Home of the Seattle Supersonics Basketball Team)
Pioneer Square
Volunteer Park and the Conservatory
Wild & Scenic River Tours
Woodland Park Zoo
University of Washington
Whale Watching
Muckleshoot Indian Casino
Point Defiance Park and Zoo
Olympic National Park
Vancouver, British Columbia
Portland, Oregon
Victoria, British Columbia
Starbucks Coffee Company
Virginia Mason Hospital
Microsoft Corporation
PLData
19
June 2005
Download

PLData Book1.indb