INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS INTRODUÇÃO Observemos inicialmente a figura 1, que ilustra um processo no qual o Ilíquido contido em um tanque é aquecido por meio de vapor , Suponhamos, por exemplo, que se deseje manter a temperatura do liquido a 80°C. Para tanto, vamos medir a temperatura utilizando um bulbo oco, preenchido com gás, e ligado através de um capilar a um instrumento que mede a pressão do gás. Dado que a pressão de gases varia linearmente com a temperatura, a medida da pressão do gás permitira uma determinação bastante precisa da temperatura. Para obter a ação de controle desejada, o instrumento é dotado de um contato elétrico, que é fechado quando a temperatura esta abaixo de 80°C e aberto quando a mesma está acima desse valor. O contato elétrico é por sua vez utilizado para ligar uma válvula solenóide a qual, portanto, permitirá a passagem de vapor sempre que a temperatura estiver abaixo de 80°C, fechando-se ao ser ultrapassado essa temperatura. No processo que estamos estudando, a variável controlada é a temperatura do líquido, que podemos chamar de meio controlado. Por outro lado, o controle é obtido por meio de ação sobre a vazão de vapor, variável manipulada, referente ao vapor, agente de controle. A variável! controlada e uma grandeza física que pode ser medida, tal como temperatura, pressão, nível, vazão, etc. A variável manipulada, por sua vez, e, em geral, a vazão de um fluído. Em sistemas e1etricos/eletrônicos, a variável manipulada pode ser uma corrente ou uma potencia elétrica. No caso especifico em estudo, a variável manipulada - vazão de vapor — pode assumir somente dois valores distintos: a) Zero, quando a temperatura esta acima de 80°C e a válvula solenóide está fechada, e 1 b) Um valor diferente de zero, quando a temperatura esta abaixo de 80°C, e a válvula solenóide esta aberta Um sistema mais elaborado pode ser dotado de uma válvula de outro tipo, que pode assumir infinidade de posições entre a abertura total e o fechamento total, obtendo-se assim uma variação na vazão de vapor, de acordo com as necessidades do processo. Se formos controlar o nível de um líquido em um reservatório, colocaremos uma válvula desse tipo na canalização de entrada, (ou, eventualmente, na canalização de saída). Um medidor-controIador de nível será utilizado par a abrir ou fechar a válvula. Nesse caso, o meio controlado e o agente de controle são, tanto um como o outro, o liquido cujo nível se deseja controlar. Poderemos, também, colocar uma válvula desse tipo numa tubulação e medir e controlar a vazão de um líquido que passa pela mesma. Nesse caso, a variável controlada e a variável manipulada são iguais a vazão do liquido. Voltando ao processo da fig. 1, o sinal do medidor, que no caso é composto de bulbo, capilar e elemento sensível a pressão, e comparado com o ponto de ajuste, ou "setpoint" - valor ajustado no aparelho, e valendo 80°C. Essa comparação é feita por meios mecânicos (movimentos de peças), pneumáticos (pressões de ar comprimido) ou elétricos (correntes ou tensões). O resultado da comparação será o desvio - diferença entre o ponto de ajuste e o valor medido. No caso em estudo, o controlador propriamente dito abre ou fecha um contato elétrico, conforme o desvio seja negativo ou positivo, respectivamente. O contato elétrico é utilizado para acionar o elemento final de controle, constituído pela válvula solenóide. O sistema estudado, bem como inúmeros outros, poderá ser descrito por um diagrama de blocos, como o da figura 2. Note-se que é possível separar o controlador do "elemento final de controle", que foram colocados no diagrama da fig. 2 num só retângulo. Nesse diagrama, introduzimos mais os seguintes conceitos: 2 1. Comparador, que será o dispositivo que compara o ponto de ajuste (ou "setpoint") com o sinal de medição. 2. Perturbações, que serão todos os fatores externos ao processo que poderão influir na variável controlada. Vamos imaginar que o liquido a ser aquecido entra continuamente no tanque por uma tubulação e sai por outra. O elemento medidor de temperatura poderia ser colocado, nesse caso, na tubulação de saída. Podemos identificar aí diversos tipos de perturbações: a) Perturbações devidas ao meio controlado: temperatura de entrada, vazão, composição, concentração. b) Perturbações devidas ao agente de controle: temperatura e pressão do vapor. c) Perturbações ambientais: temperatura ambiente, ventos, etc. No diagrama, os retângulos correspondem a elementos que transformam um sinal em outro. Assim, p.ex., o retângulo "contro1ador" corresponde a um elemento que transforma o sinal de desvio em sinal de sai da que será levado ao elemento final de controle Numa analise matemática do processo, poderemos colocar em cada retângulo a relação funcional entre a "saída" e a "entrada" do retângulo. Consideremos, p. ex., um "elemento final de controle" constituído por uma válvula de controle, cuja abertura dependa da pressão de ar comprimido aplicada a um "atuador pneumático" acoplado a válvula. Suponhamos que, com uma pressão de ar de 3 psi, a válvula esteja fechada, e que, com uma pressão de 15 psi a válvula esteja totalmente aberta, deixando passar 1200 litros/min. de um líquido. Suponhamos, ainda, que a relação entre a vazão do Ilíquido e a pressão do ar seja linear. Podemos verificar que: Vazão do líquido = 100 (pressão de ar -3), ou, Q = (P-3)*100 Poderíamos, também, considerar somente as "variações" e afirmar que, para cada psi de variação na pressão de ar, a vazão varia 100 litros/minuto. Nesse caso, ∆Q = I00. ∆P, em que ∆Q e ∆P são as variações nos valores da vazão do liquido e da pressão do ar, dados em litros/min e psi, respectivamente. Finalmente, poderíamos dizer que a "função de transferência" que descreve a relação da variação da saída com a variação da vazão da entrada é: 3 ௱ொ ௱ = 100 ( I i tros/m i n. ps i ) Muitas vezes, a relação e dependente do tempo, e só pode ser convenientemente descrita por uma equação diferencial. Recorre-se freqüentemente, nesse caso, a transformação de Laplace, colocando então, em cada retângulo a relação entre salda e entrada no piano "s". Os círculos que aparecem no diagrama correspondem a somas algébricas. O "comparador", p.ex., subtrai o "sinal de medição" do "ponto de ajuste", obtendose assim o "desvio". Um estudo ordenado da instrumentação e Controle de Processos poderá ser feito detaIhando-se separadamente cada um dos elementos constantes do diagrama, após o que se fará o estudo de sistemas completos. . 4