The Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 I II Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 GEM 2004 INSTITUIÇÕES PARCEIRAS O relatório GEM Portugal 2004 resulta do trabalho de uma parceria com especialistas em empreendedorismo em Portugal. A EQUIPA www.novaforum.pt www.spi.pt O NOVA FORUM Instituto de Formação de Executivos da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa é uma associação sem fins lucrativos que funciona como uma escola de negócios para executivos em Portugal. Criado em Março de 1997, o NOVA FORUM resulta da colaboração entre a Universidade e as empresas. Como membros fundadores, conta com a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, a EGIDE Economia e Gestão, Associação para a Investigação e Desenvolvimento do Ensino -, o Banco Comercial Português S.A., o Banco Espírito Santo S.A., o Banco Português de Investimento S.A., a Caixa Geral de Depósitos S.A., a Jerónimo Martins S.A., a Fundação Amélia de Mello, a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento e a Portugal Telecom. Herdeiro da tradição de inovação e rigor da FEUNL, o NOVA FORUM tem actuado com um constante sentido pragmático e uma determinação em maximizar a sua utilidade tendo, desde logo, definido como objectivo final da sua actuação contribuir para a melhoria dos resultados da actuação dos executivos e das empresas em que estes se inserem. Embora a aquisição de conhecimentos seja a finalidade imediata de qualquer acto educativo, o objectivo último da formação avançada em Gestão deve ser sempre o de potenciar o desempenho dos indivíduos e das empresas. A criação, em finais de 1996, da SPI (Sociedade Portuguesa de Inovação), correspondeu à concretização de uma ideia fortemente amadurecida, na qual se juntaram as vontades de um conjunto de promotores individuais com sólida experiência e a capacidade e solidez de um conjunto de empresas líderes nos seus domínios de intervenção. A SPI assumiu como missão a gestão de projectos que fomentem a inovação e promovam a internacionalização, recorrendo, sempre que conveniente à criação de parcerias estratégicas. Desde a sua criação, A SPI constituiu-se como um nó activo de redes nacionais e internacionais ligadas à Inovação, tornando-se rapidamente um promotor privilegiado de relações entre empresas, instituições do sistema científico e tecnológico, organizações nacionais públicas e privadas e instituições internacionais. Em 1999 a SPI iniciou um processo de internacionalização com a abertura de um escritório de representação na República Popular da China e a criação de uma empresa exclusivamente detida pela SPI nos Estados Unidos da América (Maryland); em 2003 foi criado um novo escritório nos Estados Unidos da América (Califórnia). Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 III FINANCIADO POR: O Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS) tem como principal objectivo a implementação de medidas com vista ao desenvolvimento e operacionalização de um conjunto integrado e alargado de respostas no âmbito das políticas de emprego e formação. Os três principais objectivos deste Programa Operacional são: ! Promover uma adequada transição dos jovens para a vida activa; ! Promover a inserção sócio-profissional e combater o desemprego de longa duração e a exclusão; e ! Melhorar as qualificações profissionais da população activa através da formação ao longo da vida, como meio de prevenção do desemprego. O Programa Operacional é um instrumento vital para a conciliação da economia moderna com a coesão social. As suas linhas estratégicas são coerentes com as prioridades do Fundo Social Europeu e são as seguintes: ! Actuação preventiva dos fenómenos de desemprego; ! Actuação precoce de resposta aos problemas do desemprego; e ! Actuação facilitadora da inserção social dos grupos de indivíduos expostos ao desemprego de longa duração. IV Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 www.poefds.pt SUMÁRIO EXECUTIVO O empreendedorismo encontra-se no centro da política económica e industrial, abrangendo quer a criação de novos negócios, quer o desenvolvimento de novas oportunidades de negócio em organizações já existentes. O projecto Global Entrepreneurship Monitor (GEM) tem como objectivo analisar a relação entre o nível de empreendedorismo e o nível de crescimento económico em vários países e, simultaneamente, determinar as condições que fomentam e entravam as dinâmicas empreendedoras em cada país. Iniciado em 1999, em 10 países, no seguimento de uma iniciativa conjunta do Babson College (Estados Unidos da América) e da London Business School (Reino Unido), este projecto tem vindo a expandir-se, sendo que, em 2004 contou já com a colaboração de 34 países e centenas de investigadores. Trata-se do maior estudo de empreendedorismo a nível mundial. A única participação de Portugal no projecto GEM, anterior a 2004, ocorreu em 2001. A continuidade entre os estudos de 2001 e 2004 em Portugal foi assegurada pela manutenção da parceria entre o NOVA FORUM - Instituto de Formação de Executivos da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa - e a Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI). O Projecto GEM Portugal 2004 é desenvolvido no âmbito do Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS). O modelo do relatório português de 2004 inclui o recurso a diversas fontes de informação, entre elas: As principais conclusões do trabalho desenvolvido no âmbito deste projecto são as seguintes: Nível de Actividade Empreendedora ! Sondagem directa e pessoal a 1,000 indivíduos residentes ! em Portugal Continental, com base num questionário padronizado para todos os países participantes neste projecto; ! Entrevistas a 36 especialistas ligados ao empreendedorismo em Portugal; ! Sondagem a especialistas ligados ao empreendedorismo com base num questionário padronizado para todos os países participantes no projecto; ! Análise de fontes internacionais, incluindo o Global Competitiveness Report do Fórum Económico Mundial, relatórios da OCDE, UNESCO e do Banco Mundial. A sondagem efectuada a especialistas ligados ao empreendedorismo nacional foi conduzida com base em 9 factores de relevo no apoio à actividade empreendedora nacional. Estes factores, designados como Condições Estruturais do Empreendedorismo, são: 1. Apoio Financeiro; 2. Políticas Governamentais; 3. Programas Governamentais; 4. Educação e Formação; 5.Transferência de Resultados de Investigação e Desenvolvimento; 6. Infraestrutura Comercial e Profissional; 7. Barreiras à Entrada; 8. Acesso a Infraestruturas Físicas; 9. Normas Sociais e Culturais. ! Portugal apresenta uma das mais baixas taxas de actividade ! ! ! ! empreendedora da União Europeia (UE) e do conjunto dos países GEM 2004. Em Portugal, em cada 100 pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos somente 4 são empreendedores, o que posiciona o País em 13º lugar entre os 16 países da UE que participaram no projecto GEM 2004. Relativamente aos resultados obtidos no âmbito do último Relatório GEM que contou com a participação portuguesa, em 2001, a taxa de actividade empreendedora em Portugal diminuiu, sendo que, nesse ano, em cada 100 pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos havia 7 empreendedores. Constata-se quase um equilíbrio entre o número de empreendedores do sexo feminino e masculino em Portugal, o que contrasta com a tendência global, segundo a qual, em média, somente 38% dos empreendedores são do sexo feminino. Mais de 70% dos empreendedores em Portugal optam pelo sector de actividade direccionado ao consumidor. Outros sectores com um número considerável de empreendedores são o da transformação (construção, manufactura, transportes e distribuição grossista) e o dos serviços orientados para os clientes organizacionais. Há um ligeiro predomínio de empreendedores portugueses no desenvolvimento de negócios nascentes (que não proporcionaram remuneração por mais de 3 meses) relativamente aos associados à gestão de um novo negócio (negócio que tem entre 3 e 42 meses). Há um número significativamente maior de indivíduos que se tornaram empreendedores movidos pela intenção de aproveitar uma oportunidade de negócio, em comparação com aqueles que tomaram esta opção por não encontrarem “melhores opções de emprego”. Aspectos-chave que influenciam as dinâmicas económicas e as condições do empreendedorismo em Portugal ! O apoio financeiro a iniciativas ligadas ao empreendedorismo é insuficiente e a acessibilidade ao capital do sector privado é inadequada. Apesar do apoio financeiro prestado por instâncias governamentais ser considerado adequado no seu todo, é aplicado de forma ineficiente atenuando, portanto, o fomento do empreendedorismo. ! Há uma consciencialização, por parte do Governo, das necessidades dos empreendedores. No entanto, a morosidade do aparelho burocrático resulta numa ineficiente interacção entre as agências governamentais e os empreendedores. ! A todos os níveis, o sistema educacional Português não prepara os estudantes para tirarem partido de novas oportunidades de negócio; não promove a criatividade nem o espírito inovador. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 V VI ! O recente aumento do número de parques de ciência e ! Apesar de algumas empresas novas e em crescimento se tecnologia e incubadoras de empresas constitui uma melhoria das infraestruturas físicas, comerciais e profissionais necessárias para um empreendedorismo mais eficaz. No entanto, verifica-se uma aglomeração destas infraestruturas junto às duas maiores manchas populacionais, Lisboa e Porto, ao invés da sua proliferação por todo o país. ! Existe uma boa prática de I&D em Portugal, mas as ligações entre as organizações de I&D e as organizações que poderiam comercializar novas ideias são escassas e carecem de melhorias. ! Existem boas infraestruturas comerciais, profissionais e físicas ao dispor dos empreendedores portugueses. Todavia, o acesso às mesmas está geralmente além das possibilidades financeiras de empresas novas e em crescimento. depararem com custos que impedem a sua entrada em novos mercados, em Portugal estas empresas conseguem entrar no mercado sem serem injustamente bloqueadas por empresas já existentes. Por outro lado, a legislação anti-trust é eficiente na protecção da propriedade intelectual. ! A cultura portuguesa limita o nível de empreendedorismo, pois trata-se de uma cultura que não incentiva o risco nem a responsabilidade individual. A cultura nacional é, portanto, não empreendedora. Da mesma forma, a população caracteriza-se por uma falta de capacidade empreendedora que reduz as oportunidades de sucesso dos empreendedores. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 ÍNDICE SUMÁRIO EXECUTIVO V 1. INTRODUÇÃO AO RELATÓRIO GEM EM PORTUGAL 2004 1 2. ACTIVIDADE EMPREENDEDORAS EM PORTUGAL 4 2.1. Actividade Empreendedora Total (TEA) 4 2.2. Características Demográficas 7 2.3. Oportunidade e Capacidade Empreendedora 8 3. EMPREENDEDORISMO E INDICADORES MACROECONÓMICOS 10 3.1. Produto Interno Bruto 10 3.2. Competetitividade Global e Condições Nacionais Gerais nos Países GEM 12 4. CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DO EMPREENDEDORISMO EM PORTUGAL 17 4.1. Apoio Financeiro 18 4.2. Políticas Governamentais 21 4.3. Programas Governamentais 22 4.4. Educação e Formação 24 4.5. Transferência de Resultados de Investigação & Desenvolvimento 27 4.6. Infraestrutura Comercial e Profissional 30 4.7. Barreiras à Entrada 32 4.8. Acesso a Infraestruturas Físicas 35 4.9. Normas Culturais e Sociais 37 5. SUMÁRIO DE RESULTADOS 41 5.1. Actividade Empreendedora em Portugal 41 5.2. Empreendedorismo e Indicadores Macroeconómicos 41 5.3. Condições Estruturais do Empreendedorismo em Portugal 41 ANEXO I: ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS 43 ANEXO II: GEM PORTUGAL 2004 - LISTA DE ESPECIALISTAS NACIONAIS LIGADOS AO EMPREENDEDORISMO 45 ANEXO III: REFERÊNCIAS 47 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 3 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 1. INTRODUÇÃO AO RELATÓRIO GEM PORTUGAL 2004 O projecto Global Entrepreneurship Monitor (GEM) surge em 1999 como iniciativa conjunta do Babson College (Estados Unidos da América) e da London Business School (Reino Unido) e com o forte apoio do Kaufman Center for Entrepreneurial Leadership. Este projecto procura analisar e compreender o empreendedorismo à escala global e estudar a relação complexa entre empreendedorismo e crescimento económico. Em 2004, o projecto GEM envolveu 34 países. O projecto GEM define empreendedorismo como “qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou nova iniciativa, tal como emprego próprio, uma nova organização empresarial ou a expansão de um negócio existente, por um indivíduo, equipa de indivíduos, ou negócios estabelecidos.” A actividade empreendedora tem vindo a merecer um destaque crescente nas políticas e programas governamentais. Persiste, porém, a necessidade de manter actualizados e informados os agentes responsáveis e interessados no fomento do empreendedorismo nacional. O intenso trabalho de comparação transnacional realizado no âmbito do projecto GEM vai precisamente ao encontro desta necessidade. As vantagens associadas ao empreendedorismo são claras: a criação de novas empresas implica um investimento na economia local, a criação de novos empregos, a promoção da competitividade e o desenvolvimento de ferramentas de negócio inovadores. Assim, o empreendedorismo é, per si, um forte impulsionador do emprego e do crescimento económico e uma componente chave numa economia de mercado globalizada e competitiva. O Estudo de Avaliação do Potencial Empreendedor em Portugal em 2004 constitui o resultado da segunda análise que Portugal efectua no âmbito do consórcio do projecto GEM, que desenvolve trabalho com vista à realização de uma sondagem global à actividade empreendedora. Para além dos dados recolhidos durante 2004, as análises constantes deste relatório permitem efectuar comparações com o estudo anterior Relatório GEM Portugal 2001. Em 2001, os dados relativos a Portugal indicavam a existência de mercados relativamente abertos e infraestruturas físicas com bom funcionamento. No entanto, Portugal posicionava-se abaixo da média dos países incluídos no estudo, quando analisados os dados relativos às condições estruturais do empreendedorismo. No âmbito da análise destas condições, os factores que foram identificados como sendo os principais problemas específicos de Portugal foram: ! Dificuldade de acesso a mecanismos de suporte financeiro, assim como a fraca divulgação de informação sobre as diferentes fontes de financiamento disponíveis; ! A falta de programas governamentais específicos de apoio ao empreendedorismo e desequilíbrio na planificação dos mesmos; ! Não inclusão da temática do empreendedorismo e criação de empresas nos programas educacionais, assim como a ineficiência dos métodos de ensino; e ! A pequena quantidade e fraca qualidade de serviços comerciais e profissionais. A importância de melhor compreender o empreendedorismo tem sido debatida em diversos estudos recentes. Um estudo efectuado em 26 países pela Accenture(1) revelou que 97% dos empresários e gestores inquiridos concordaram que o empreendedorismo é vital para o sucesso de uma empresa. No mesmo sentido, este ano, o presidente executivo da Microsoft, Steve Balmer, mencionou em Lisboa que a inovação e a educação são factores chave para o futuro. A fim de auxiliar o desenvolvimento do trabalho de pesquisa foi elaborada uma listagem de factores tidos como relevantes no contexto do empreendedorismo. Esses factores foram agrupados em nove áreas denominadas por condições estruturais do empreendedorismo, sendo elas: Apoio Financeiro, Políticas Governamentais, Programas Governamentais, Educação e Formação, Transferência de Resultados de Investigação & Desenvolvimento, Infraestrutura Comercial e Profissional, Barreiras à Entrada, Acesso a Infraestruturas Físicas, Normas Sociais e Culturais. Estas nove áreas foram estudadas e analisadas por meio de entrevistas, questionários padronizados e sondagens. Assim, a parceria GEM agrupa os dados quantitativos e qualitativos de várias fontes, assegurando que a actividade empreendedora é avaliada em todos os seus aspectos. Desta forma, o projecto GEM consegue calcular e abranger um vasto leque de aspectos, como o financiamento da actividade empreendedora e a sua gestão ou os aspectos relacionados com a capacidade da população em reagir perante as oportunidades de negócio. O Projecto GEM Portugal 2004 recorreu a dados de 4 fontes: ! Sondagem directa e pessoal a 1000 indivíduos (entre os 18 e os 64 anos), residentes em Portugal Continental(2), com base num questionário padronizado para todos os países GEM. A sondagem foi efectuada pela MetrisGFK, empresa de inquéritos e estudos de mercado; ! Entrevistas a especialistas nacionais ligados ao empreendedorismo em Portugal: responsáveis do sistema financeiro, responsáveis governamentais, empreendedores de renome, etc. Em Portugal, foram conduzidas 36 entrevistas a especialistas nacionais; ! Questionário padronizado a especialistas nacionais medindo as suas opiniões sobre as características do empreendedorismo no País. Em Portugal foram preenchidos 36 questionários; ! Indicadores económicos sobre aspectos macroeconómicos do empreendedorismo, designados por Condições Nacionais Gerais, recolhidos de fontes internacionais como: Global Competitiveness Report, OCDE, UNESCO e Banco Mundial. (1) Liberating the Entrepreneurial Spirit, Accenture, 2002 http://www.accenture.com/xd/xd.asp?it=enweb&xd=ideas\entrepreneurship\entre_ho me.xml (2) A sondagem à população adulta é feita a indivíduos com idade superior à idade regular para a conclusão da escolaridade mínima obrigatória em cada país. Em Portugal, a idade mínima para abandono do percurso escolar é de 15 anos. No entanto, para obter um maior grau de comparação entre países, o projecto GEM definiu a sondagem a indivíduos entre os 18 e os 64 anos de idade. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 1 A informação recolhida junto das várias fontes acima mencionadas é harmonizada pelo Projecto GEM, permitindo uma maior coerência na comparação dos factores ligados ao empreendedorismo nos países que participam na parceria GEM 2004. Países participantes no GEM 2004: ! Ásia e Oceânia: Austrália, Hong Kong, Japão, Nova Zelândia e Singapura; ! África e Médio Oriente: África do Sul, Israel, Jordânia e Uganda; ! Europa - países membros da UE: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Países Baixos, Polónia, Portugal, Suécia e Reino Unido; ! Europa países não membros da UE : Croácia, Islândia e Noruega; ! América do Norte: Canadá e Estados Unidos da América; ! América do Sul: Argentina, Brasil, Equador e Peru. A equipa do GEM Portugal 2004 foi coordenada pelo Prof. Manuel Baganha e pela Prof.ª Rita Cunha do NOVA FORUM Instituto de Formação de Executivos da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa - com o apoio do Prof. Augusto Medina, Presidente da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI). A equipa da SPI, responsável pelo tratamento estatístico e preparação do relatório final, incluiu ainda a Doutora Sara Medina, o Dr. Douglas Thompson e o Dr. Stuart Domingos. Apresentado na Figura 1, o modelo conceptual GEM especifica em que contexto os indutores do empreendedorismo são identificados, medidos e analisados. Figura 1 - Modelo Conceptual GEM !CONDIÇÕES NACIONAIS GERAIS ! Abertura (Comércio Externo) ! Governo (Domínios, Intervenção) ! Mercados Financeiros (Eficiência) ! Tecnologia, Investigação e Desenvolvimento ! Infraestruturas Físicas ! Gestão (Flexibilidade) ! Mercado de Trabalho ! Instituições (Lei do Trabalho) EMPRESAS DE GRANDE DIMENSÃO MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS CONTEXTO SOCIAL, CULTURAL E POLÍTICO CRESCIMENTO ECONÓMICO NACIONAL !CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DO EMPREENDEDORISMO !Apoio Financeiro !Políticas Governamentais !Programas Governamentais !Educação e Formação !Transferência de resultados de Investigação e Desenvolvimento !Infraestrutura Comercial e Profissional !Barreiras à Entrada !Acesso a Infraestruturas Físicas !Normas Sociais e Culturais 2 OPORTUNIDADES DE EMPREENDEDORISMO DINÂMICA DE NEGÓCIOS CAPACIDADES DE EMPREENDEDORISMO Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Como se verifica na Figura 1, o contexto social, cultural e político abrange um vasto leque de factores que desempenham um papel importante no delinear das condições sócio-económicas de um país, dividindo-se em dois ramos: condições nacionais gerais e condições estruturais do empreendedorismo. As condições nacionais gerais remetem para a situação económica nacional, na qual as instituições operam. Estas condições incluem o papel do governo, o nível de pesquisa e desenvolvimento, a qualidade e o dinamismo das infraestruturas físicas, a eficiência do mercado de trabalho, e a eficiência e robustez das instituições legais e sociais. A competitividade das empresas de grande dimensão, assim como toda a actividade empreendedora são bastante influenciadas pelas características de todos estes elementos. As condições estruturais do empreendedorismo englobam aspectos específicos do contexto no qual novos negócios são criados e entram no mercado, nomeadamente: ! Apoio Financeiro: Grau de acesso a fontes de financiamento para empresas novas e em crescimento, incluindo bolsas e subsídios. ! Políticas Governamentais: Reflexo das políticas governamentais de nível regional e nacional e sua aplicação em termos de impostos gerais e de negócio, regulamentações governamentais e administrativas, no encorajamento ou na criação de obstáculos à actividade empreendedora. ! Programas Governamentais: Existência de programas governamentais (a todos os níveis: nacional, regional e municipal) de apoio e fomento da actividade empreendedora; nível de acessibilidade e qualidade dos programas governamentais; disponibilidade e qualidade dos recursos humanos governamentais e a sua capacidade de administrar programas específicos; eficiência dos serviços. ! Educação e Formação: Grau de incorporação da formação sobre temáticas ligadas ao empreendedorismo, em todos os níveis do sistema educativo. ! Transferência de Resultados de Investigação & Desenvolvimento: Impacto dos resultados das iniciativas de Investigação e Desenvolvimento na criação de novas oportunidades de negócio e grau de acessibilidade por parte de empresas novas, pequenas ou em crescimento aos resultados de Investigação & Desenvolvimento. ! Infraestrutura Comercial e Profissional: Influência (incluindo custo, qualidade e acessibilidade) dos serviços comerciais, de contabilidade, e outros serviços legais e instituições na promoção da criação de novos negócios. ! Barreiras à Entrada: Nível de estabilidade e dificuldade de alteração de acordos comerciais, dificuldade essa que impede que empresas novas e em crescimento possam competir com fornecedores e consultores a actuar no mercado. ! Acesso a Infraestruturas Físicas: Facilidade de acesso e qualidade dos recursos físicos, incluindo infraestruturas de comunicação e transportes, qualidade das matérias primas e outros recursos que possam ser vantajosos para o potencial crescimento e desenvolvimento empresarial. ! Normas Sociais e Culturais: Modo como as normas sociais e culturais vigentes encorajam (ou não desencorajam) iniciativas individuais que levam a novas formas de conduzir negócios e actividades económicas e, por sua vez, contribuem, consequentemente, para uma maior dispersão da riqueza. Segundo o modelo conceptual GEM (Figura 1) as oportunidades de empreendedorismo estão ligadas à existência e captação de oportunidades no mercado, enquanto que a capacidade de empreendedorismo avalia o potencial, a experiência e a motivação das pessoas para iniciar um negócio, assim como o domínio das competências necessárias para a concretização de iniciativas empreendedoras. De acordo com este modelo entende-se por dinâmica de negócios o conjunto de processos em que novas empresas emergem, crescem, perdem dinamismo ou desaparecem. Finalmente, o crescimento económico nacional incorpora um número de indicadores económicos, incluindo o PIB, o emprego e o rendimento per capita. No âmbito deste modelo, procede-se a uma análise das características da actividade empreendedora através de vários índices e rácios. O índice principal, a actividade empreendedora total (TEA),(3) mede a quantidade de indivíduos activos, quer num negócio em fase nascente (negócio em que não foram remuneradas pessoas por mais de 3 meses), quer na gestão de um novo negócio (negócio que tem entre 3 e 42 meses). Este índice é calculado de forma a reflectir o número de indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos de idade envolvidos numa actividade empreendedora. O presente estudo segue a estrutura definida para o anterior Relatório GEM Portugal 2001, analisando o empreendedorismo em Portugal e nos restantes países GEM 2004 em quatro capítulos: Capítulo 1: Actividade Empreendedora em Portugal: analisa o nível de empreendedorismo nacional e estabelece uma comparação entre Portugal e os restantes países participantes no projecto GEM. Capítulo 2: Empreendedorismo e Indicadores Macroeconómicos: analisa a esfera macroeconómica portuguesa de acordo com os níveis de actividade empreendedora. Este capítulo inclui também uma análise das condições nacionais gerais componente do modelo conceptual GEM assim como uma descrição da forma como o empreendedorismo e o desenvolvimento económico estão relacionados. Capítulo 3: Condições Estruturais do Empreendedorismo em Portugal: neste capítulo são expostos os factores que mais influenciam o empreendedorismo em Portugal, de acordo com os aspectos determinados no modelo conceptual GEM. Capítulo 4: Sumário de Resultados: identifica os aspectos essenciais da actividade empreendedora em Portugal. (3)TEA Total Entrepreneurial Activity Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 3 2. ACTIVIDADE EMPREENDEDORA EM PORTUGAL Total Entrepreneurial Activity) de cada país. A taxa TEA é o índice principal calculado no âmbito da pesquisa GEM. É necessário votar especial atenção no cálculo desta taxa, de forma a evitar contabilizar duplamente indivíduos que possam estar envolvidos simultaneamente num negócio nascente e num negócio novo. Por esta razão, verificar-se-á que a taxa TEA nem sempre corresponde exactamente à soma das outras duas taxas (de Empreendedorismo Nascente e de Empreendedorismo de Novos Negócios) . "Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim aquele que melhor reage às mudanças" Charles Darwin O presente capítulo analisa o nível e as características do empreendedorismo em Portugal. Para a obtenção destes resultados, o GEM constrói mecanismos que permitem a medição uniforme da actividade empreendedora. O primeiro nível estabelecido é o nível de start-ups, definido através da proporção da população adulta (18-64 anos) que participa activamente num processo de startup. Os empreendedores que participam neste processo são aqui designados por empreendedores de negócios nascentes(4) e a proporção da população envolvida neste género de actividade é designada por Taxa de Empreendedorismo Nascente. O segundo nível refere-se aos gestores de negócios novos e em crescimento(5). Este indicador, Taxa de Empreendedorismo de Novos Negócios, é medido pela proporção da população que participa na gestão de um novo negócio. Combinando os dados de ambos os estágios de empreendimento (de negócios nascentes e novos), é calculada a Taxa de Actividade Empreendedora Total (TEA 2.1. Actividade Empreendedora Total (TEA) As taxas TEA relativas aos países GEM encontram-se ilustradas na Figura 2. A taxa TEA em Portugal no ano de 2004 foi de 4.0%, constituindo uma descida de mais de 3% relativamente aos 7,1% obtidos em 2001. O valor referente a Portugal é inferior à média do GEM 2004, sendo que, em Portugal Continental, apenas 4 em cada 100 pessoas (18-64 anos) estão actualmente envolvidas no start-up ou na gestão de um novo negócio. Figura 2 - Taxa de Actividades Empreendedora Total (TEA) Perú Equador Brasil Argentina América do Sul Estados Unidos Canadá América do Norte Polónia Irlanda Reino Unido França Grécia Dinamarca Espanha Países Baixos Alemanha Finlândia Itália Hungria PORTUGAL Suécia Bélgica Eslovénia Europa: UE Islândia Noruega Croacia Europa: não UE Uganda Jordânia Israel África Sul África & Médio Oriente Nova Zelândia Austr ália Singapura Hong Kong Japão Ásia & Oceânia 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 % Adultos, 18 a 64 Anos Fonte: Sondagem à Pop. Adulta 2004 (4)Empreendedor de negócio nascente: Indivíduo que, nos últimos 12 meses, tentou iniciar um novo negócio e manifestou intenção de ser dono de parte ou da totalidade do mesmo, e cujo negócio não proporcionou remuneração de qualquer espécie para qualquer pessoa, por mais de 3 meses. 4 (5) Empreendedor de novo negócio: Indivíduo que tem vindo a administrar um negócio nos últimos 12 meses, que é proprietário de parte ou do total desse negócio e cujo negócio não proporcionou remuneração de qualquer espécie para qualquer pessoa, por mais de 42 meses (e por menos de 3). Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Portugal posiciona-se no 28º lugar entre os 34 países GEM 2004. O país com a taxa mais elevada de actividade empreendedora é o Peru, seguido do Uganda e do Equador, enquanto que os países com as taxas mais baixas são o Japão e a Eslovénia. Em média, a taxa TEA é mais baixa na Europa do que noutras Regiões, sendo também que a média dos países da UE é inferior à dos países não pertencentes à UE. Portugal posiciona-se no 13º lugar entre os 16 países da UE participantes, com países como a Polónia, o Reino Unido e a Irlanda com taxas significativamente mais elevadas. Figura 3 - Taxa de Empreendedorismo Nascente e de Novos Negócios Perú Equador Brasil Argentina América do Sul Estados Unidos Canad á América do Norte Europa: UE Polónia Irlanda Reino Unido França Grécia Dinamarca Espanha Países Baixos Alemanha Finlândia Itália Hungria PORTUGAL Suécia Bélgica Eslovénia Europa: não UE Islândia Noruega Croacia Africa & Médio Oriente Uganda Jordânia Israel África Sul Ásia & Oceânia Nova Zelândia Austrália Singapura Hong Kong Japão 0 5 10 15 20 % Adultos, 18 a 64 Anos 25 30 35 Taxa de Empreendedorismo Nascente Taxa de Empreendedorismo de Novos Negócios Fonte: Sondagem à Pop. Adulta 2004 A figura 3 ilustra a TEA dividida nas suas duas componentes: taxa de empreendedorismo nascente e taxa de empreendedorismo de novos negócios. Em concordância com a maioria dos países GEM, também em Adult Population Survey 2004 Source: Portugal existe mais actividade empreendedora ligada a negócios nascentes do que actividade empreendedora ligada à gestão de novas empresas. Em Portugal, os empreendedores nascentes constituem 2.2% da população adulta (18-64 anos) enquanto que os empreendedores de novas empresas contabilizam 1.8%. Há um número reduzido de países GEM 2004 onde o número de empresas novas predomina sobre o número de start-ups, como é o caso da Dinamarca, Hong Kong, Japão, Polónia, Espanha, Suécia e Uganda. Para uma melhor compreensão da dinâmica da taxa TEA Portuguesa e dos restantes países GEM nos passados 3 anos, a Figura 4 compara as taxas TEA dos países que participaram no GEM 2001 e GEM 2004. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 5 Figura 4 - Taxa TEA 2001 e 2004 Perú Equador Brasil Argentina América do Sul Estados Unidos Canadá América do Norte Europa: UE Polónia Irlanda Reino Unido França Grécia Dinamarca Espanha Países Baixos Alemanha Finlândia Itália Hungria PORTUGAL Suécia Bélgica Eslovénia Europa: não UE Islândia Noruega Croacia África & Médio Oriente Uganda Jordânia Israel África Sul Ásia & Oceânia Nova Zelândia Austrália Singapura Hong Kong Japão 0 5 10 15 20 25 % Adultos, 18 a 64 Anos 30 35 40 45 Taxa TEA 2004 Taxa TEA 2001 Fonte: Sondagem à Pop. Adulta 2001 & 2004 A taxa TEA decresceu entre 2001 e 2004 em todos os países, à excepção da Argentina, de Israel e de Singapura. A média da taxa TEA em 2001, limitando o cálculo aos 25 países que participaram tanto no GEM 2001 como no GEM 2004, foi de 9.4%. Em 2004, a média destes 25 países desceu para 7.0%. Tal como foi mencionado anteriormente, a taxa TEA em Portugal seguiu a tendência descrescente, com uma redução dos 7.1% registados em 2001 para os 4.0% em 2004. No âmbito do projecto GEM analisam-se também os sectores(6) de actividade nos quais ocorre o empreendedorismo nacional. A Figura 5 demonstra a proporção, em cada país GEM 2004, da actividade empreendedora categorizada em 5 sectores: ! Sector extractivo - inclui agricultura, pecuária, pescas e extracção de matérias brutas; ! Sector da transformação - inclui construção, manufactura, transporte e distribuição grossista; ! Sector orientado ao cliente organizacional - abrange todas as actividades onde o cliente primário é outro negócio; (6) Nações Unidas, Classificação Internacional Standard de Actividades Económicas, Revisão 3. (http://unstats.un.org/unsd/cr/registry/regcst.asp?Cl=2) 6 ! Sector orientado ao consumidor engloba todos os negócios direccionados para o consumidor final, como o retalhista, bares, restauração, alojamento, saúde, educação e lazer, entre outros; ! Outros e/ou Sectores mistos. O sector orientado ao consumidor final é o de maior importância na actividade empreendedora portuguesa, com 71% dos empreendedores a centrarem-se neste sector. Em contraste, somente 18% dos empreendedores em Portugal optaram pelo sector da transformação e 11% pelo sector dos serviços para clientes organizacionais. Relativamente ao sector da extracção, não se registou a existência de empreendedores neste sector em Portugal. Em termos globais, a média dos países GEM quanto à percentagem de empreendedores nos diversos sectores é: 6% no sector extractivo, 23% no sector de transformação, 16% no sector orientado ao cliente organizacional, 47% no sector orientado ao consumidor e 8% noutras áreas ou sectores mistos. Aparentemente, a Figura 5 remete para uma relação entre a proporção de empreendedorismo por sector e o desenvolvimento económico nacional. Neste sentido, destaca- Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 5 - Distribuição da Actividade Empreendedora por Sectores Perú Equador Brasil Argentina Estados Unidos Canadá Polónia Irlanda Reino Unido França Grécia Dinamarca Espanha Países Baixos Alemanha Finlândia Itália Hungria PORTUGAL Suécia Bélgica Eslovénia N/A Islândia Noruega Croacia Uganda Jordânia Israel África Sul Nova Zelândia Austr ália Singapura Hong Kong Japão Média não-OCDE Média OCDE Média Total 0% 20% 40% 60% 80% 100% % Actividade Empreendedora Nacional * Membro da OCDE Sector Extractivo Sector Orientado ao Cliente Organizacional Outros/Misto Sector da Transformação Sector Orientado ao Consumidor Fonte: Sondagem à Pop. Adulta 2004 se, por exemplo, o facto de os países GEM pertencentes à OCDE tenderem a apresentar, relativamente aos países não membros desta Organização, quotas mais elevadas de empreendedorismo no sector orientado ao cliente organizacional e quotas inferiores no sector orientado ao consumidor. 2.2. Características Demográficas O empreendedorismo pode também ser analisado atendendo às características demográficas do conjunto de empreendedores de cada país. Na Figura 6 compara-se a taxa TEA nacional por géneros. Tal como os restantes países GEM 2004, Portugal apresenta um maior número de empreendedores do sexo masculino. No entanto, a proporção de empreendedores do sexo feminino em Portugal é substancialmente superior àquela constatada nos outros países. Na verdade, verifica-se quase um equilíbrio de géneros em Portugal, já que 48% dos empreendedores são do sexo feminino, um valor bastante superior aos 38% registados na média dos países GEM 2004. Em Portugal a sondagem à população adulta permitiu também identificar outras características dos empreendedores: ! Nível de Rendimento - A falta de acesso a recursos financeiros é geralmente apontada como um dos entraves ao start-up com sucesso. Todavia, os empreendedores do sexo feminino pertencem uniformemente a todos os níveis de rendimento em Portugal, enquanto que os empreendedores do sexo masculino são predominantemente oriundos das classes média-alta e alta; ! Idade - Em Portugal, verifica-se que a maioria das mulheres empreendedoras tem menos de 34 anos de idade, enquanto que os empreendedores do sexo masculino estão distribuídos uniformemente por todas as faixas etárias dos 18 aos 64 anos; ! Escolaridade - O trabalho desenvolvido no âmbito do projecto GEM tem vindo a evidenciar que um indivíduo tem maior pré-disposição para o empreendedorismo se possuir um maior nível de habilitações. Esta tendência verifica-se também em Portugal, onde a proporção de empreendedores com habilitações mínimas ao nível do ensino secundário é superior à proporção de pessoas com este nível de habilitações na população como um todo. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 7 Figura 6 - Taxa de TEA por Género Ratio Masc. / Fem. Perú Equador Brasil Argentina 1,1 1,2 1,4 1,9 América do Sul América do Norte Estados Unidos Canad á Polónia Irlanda Reino Unido França Grécia Dinamarca Espanha Países Baixos Alemanha Finlândia Itália Hungria PORTUGAL Suécia Bélgica Eslovénia 1,1 1,9 Europa: UE 2,6 2,1 2,2 2,2 3,0 2,3 2,5 2,3 2,4 1,8 2,8 1,5 1,1 2,4 2,4 2,3 Europa: não UE Islândia Noruega Croacia 1,8 2,9 3,3 Uganda Jordânia Israel África Sul 1,5 1,7 1,9 1,1 África &Médio Oriente 1,4 1,4 2,4 2,9 1,4 Ásia & Oceânia Nova Zelândia Austrália Singapura Hong Kong Japão 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 % Adultos, 18 a 64 anos Feminino Masculino Fonte: Sondagem à Pop. Adulta 2004 2.3. Oportunidade e Capacidade Empreendedora Um outro elemento chave da análise levada a cabo no âmbito do Projecto GEM é a distinção entre a actividade empreendedora induzida pela oportunidade ou pela necessidade constitui um elemento chave da investigação GEM. O empreendedorismo induzido pela oportunidade reflecte o desejo de aproveitar uma oportunidade de negócio através da criação de uma empresa por iniciativa própria, aproveitando a oportunidade do mercado. O empreendedorismo induzido pela necessidade decorre da ausência de outras oportunidades de emprego, ou pelo menos de oportunidades aceitáveis de emprego, orientando os indivíduos para a criação de uma nova empresa, pois estes consideram não possuir melhores alternativas. Na sondagem efectuada aos empreendedores, procurou também saber-se em que medida o seu envolvimento no empreendedorismo resultou da percepção de uma oportunidade de negócio ou do facto de, na altura, “não terem alternativas melhores de emprego”. Uma pequena percentagem dos empreendedores mencionou ambos os motivos ou outros factores - como o envolvimento num 8 negócio de família - para justificar o seu envolvimento no empreendedorismo. Na Figura 7 compara-se a proporção nacional de empreendedorismo induzido pela oportunidade e pela necessidade. A actividade empreendedora induzida pela oportunidade predomina sobre a actividade empreendedora baseada na necessidade, na maioria dos países GEM 2004. Este padrão verifica-se também em Portugal, com 75% da actividade empreendedora nacional a ser induzida pelas oportunidades de mercado, apesar de esta proporção ser baixa quando comparada com a média de 80% nos países da OCDE. Os países não membros da OCDE apresentam uma proporção inferior da actividade empreendedora induzida pela oportunidade, com uma média a rondar os 65%. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 7 - Actividade Empreendedora induzida pela Oportunidade, Necessidade e Outros Factores Perú Equador Brasil Argentina Estados Unidos Canad á Polónia Irlanda Reino Unido França Grécia Dinamarca Espanha Países Baixos Alemanha Finlândia Itália Hungria PORTUGAL Suécia Bélgica Eslovénia Islândia Noruega Croacia Uganda Jordânia Israel África Sul Nova Zelândia Austrália Singapura Hong Kong Japão Média OCDE Média n ão-OCDE 0% 20% 40% 60% 80% 100% % Actividade Empreendedora Nacional Actividade Empreendedora por Oportunidade *Membro da OCDE Actividade Empreendedora por Necessidade Outros Motivos/Ambos Fonte: Sondagem à Pop. Adulta 2004 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 9 3. EMPREENDEDORISMO E INDICADORES MACROECONÓMICOS dimensão de cada País, pelo que normalmente o PIB per capita fornece uma análise mais informativa quando se compara diferenças entre países. Os valores do PIB per capita utilizados neste capítulo foram sujeitos a uma padronização com base na paridade do poder de compra PPP (do inglês Purchasing Power Parity). O PPP é uma taxa cambial que converte para uma determinada moeda, neste caso o Dólar Americano (US$), igualando assim as paridades de poder de compra das diferentes moedas. Em suma, o PPP equilibra o nível de preços dos diferentes países. A Figura 8 indica que o país GEM 2004 com o PIB per capita mais elevado é a Noruega, seguida dos EUA e da Irlanda. O país com o PIB per capita mais reduzido é o Uganda. O PIB per capita português encontra-se abaixo da maioria dos seus vizinhos da UE, posicionando-se no 24º lugar entre os 34 países GEM 2004. A previsão das taxas de crescimento real do PIB para 2004 e 2005, disponível no sítio da World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional, encontra-se ilustrada na Figura 9. “O empreendedor procura sempre a mudança, responde a essa mudança e aproveita-a como uma oportunidade” Peter F. Drucker O Capítulo 3 analisa a relação entre a actividade empreendedora e a maioria dos indicadores macroeconómicos, como o PIB per capita e o crescimento económico. Para além disso, o presente capítulo estuda ainda as componentes macroeconómicas, relacionando-as com as condições nacionais gerais constantes do modelo conceptual GEM. 3.1. Produto Interno Bruto Geralmente denominado por PIB, o Produto Interno Bruto representa o valor total de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos num país num determinado período (normalmente um ano). Este indicador obtém-se pelo somatório do consumo, investimento, despesa pública e valor das exportações, subtraindo o valor das importações. Na análise do PIB é importante ter em consideração a Figura 8 - PIB per Capita, em US Dólares - Conversão PPP Argentina Brasil Perú Equador América do Sul Estados Unidos Canadá América do Norte Irelanda Dinamarca Bélgica Países Baixos Suécia Alemanha Finlândia Reino Unido Italia França Espanha Eslovénia Grécia PORTUGAL Hungria Polónia Europa: UE Noruega Islândia Croácia Europa: não UE Israel África do Sul Jordânia Uganda África & Médio Oriente Austrália Japão Hong Kong Singapura Nova Zelândia Ásia & Oceânia 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 45.000 Real PIB per Capita, US Dólares - Conversão PPP 2005 estimado 2004 estimado Fonte: World Economic Outlook A previsão da taxa de crescimento do PIB Português para 2004 é de 0.8%, a mais diminuta da UE. Relativamente a 2005, estima-se um crescimento real de 2.7% do PIB português, sendo este um valor mais próximo da média da UE. 10 PIB per Capita Em toda a extensão da parceria GEM parece haver uma relação de não linearidade - com a formação de uma linha côncava - entre a taxa TEA e o PIB per capita. A Figura 10 ilustra a relação entre o empreendedorismo e o PIB per capita. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 9 - Crescimento do PIB América do Sul Equador Argentina Perú Brasil Estados Unidos Canadá América do Norte Polónia Grécia Irlanda Eslovénia Reino Unido Hungria Finlândia Espanha Suécia Dinamarca Bélgica França Alemanha Itália Países Baixos PORTUGAL Europa: UE Europa: não UE Islândia Croácia Noruega Uganda Jordânia África Sul Israel Ásia & Oceânia Hong Kong Singapura Austrália Japão Nova Zelândia 2005 estimado 2004 estimado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Crescimento Real do PIB, em % Fonte: World Economic Outlook Os países com um PIB per capita menor, por exemplo o Uganda, tendem a registar uma taxa TEA superior. Por outro lado, quando são considerados países com PIB per capita cerca dos US$20,000 anuais, as taxas TEA desses países tendem a abrandar, ilustrando uma relação negativa entre as taxas TEA e o PIB per capita. Este grupo de países inclui a maioria dos países não pertencentes à OCDE e um pequeno número de países da OCDE, incluindo Portugal, posicionado Figura 10 - PIB per Capita e Taxa TEA 45 40 35 % Adultos, 18-64 anos Uganda 30 25 20 15 10 5 PORTUGAL 0 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 45.000 PIB per capita 2004 - conversão com PPP, US$ R2 = 0,631 OCE não-OCDE Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 11 ligeiramente por baixo da curva côncava traçada na Figura 10. A taxa TEA nos países com PIB per capita entre US$20,000 e US$28,000 tende a aglomerar-se junto dos 5%. No caso dos países em que o PIB per capita é superior a US$28,000 anuais, parece existir uma relação positiva entre as taxas TEA e o PIB per capita. Portugal detém uma taxa TEA sensivelmente inferior àquela que pode ser considerada tendencial para um país com o seu nível de PIB per capita. A Tabela 1 agrupa todos os países analisados numa matriz, de acordo com o valor do PIB per capita e da posição relativamente à curva. Tabela 1 - PIB per Capita e Taxa TEA US$20,000 US$28,000 Abaixo US$20,000 Sobre a Curva Na Curva Sob a Curva Equador Peru Uganda Grécia Argentina Brasil Croácia Hungria Jordânia Polónia PORTUGAL Africa do Sul Crescimento do PIB Através da análise do PIB per capita verificou-se que a relação entre o empreendedorismo e o crescimento do PIB é complexa. Os países GEM com um nível inferior de PIB per capita caracterizam-se também por taxas de emprego elevadas no sector agrícola. As actividades individuais não-agricolas i.e. de auto-emprego - correspondem, nestes países, presumivelmente à maioria das pequenas indústrias e empresas de serviços(7). À medida que o PIB per capita aumenta, os países GEM são inicialmente marcados por taxas de empreendedorismo decrescentes por exemplo no caso das taxas de actividade empreendedora baseada em necessidades estimam-se quebras com o enriquecer da nação: melhores vias de transporte e comunicação reduzem os custos de distribuição de bens e serviços a um universo mais vasto de clientes; sistemas eficientes de distribuição proporcionam às empresas a possibilidade de operarem com unidades de produção maiores, logo empregando mais trabalhadores. Neste cenário, as empresas de média e grande dimensão são capazes de explorar mais oportunidades à medida que surgem. Quanto aos países GEM com maior PIB per capita parece verificar-se um aumento da actividade empreendedora. Estudos recentes demonstram que a economia, na maioria dos países de elevado rendimento, deixa de dar tanto ênfase às Espanha França Israel Nova Zelândia Reino Unido Singapura Austrália Canada Islândia Países Baixos Finlândia Itália Alemanha Estados Unidos Bélgica Dinamarca Hong Kong Irlanda Japão Noruega Suécia Eslovénia empresas de grande porte para se reorientar para a actividade empreendedora. Nestes países, o peso da indústria manufactureira tende a diminuir. Por outro lado, verifica-se uma correspondente expansão do sector orientado a clientes organizacionais, já que as empresas de serviços tendem a fornecer maiores oportunidades para o empreendedorismo. De acordo com esta lógica é esperado que, em locais onde os manufactores estão a aumentar o seu número, a actividade empreendedora seja menor, assim como o crescimento económico. Nas economias onde o sector orientado a clientes organizacionais está a aumentar, poderá ser esperado que a actividade empreendedora esteja em crescimento também, assim como o rendimento per capita. 3.2. Competitividade Global e Condições Nacionais Gerais nos Países GEM O Fórum Económico Mundial publica o Global Competitivess Index (GCI) como um indicador passível de estabelecer uma comparação entre os níveis de competitividade dos países por todo o mundo. De acordo com o GCI, Portugal posicionou-se em 40º lugar a nível mundial em 2004. O GCI é calculado com base em componentes específicas, incluindo o grau de abertura e tamanho do mercado, macroestabilidade, eficiência de mercados financeiros, preparação tecnológica, inovação, infraestruturas físicas, capital humano, mercado de trabalho e instituições. O ranking dos países GEM segundo as várias componentes é apresentado na Tabela 2. (7) Kuznets observou esta tendência da taxa de auto-emprego possuir uma relação inversa ao desenvolvimento económico, Kuznets, S., 1966, Modern Economic Growth (New Haven: Yale University Press). 12 Acima US$28,000 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Eficiência Mercados Financeiros Macro Estabilidade Preparação Tecnológica 31 26 34 33 16 4 18 5 3 17 9 27 24 19 22 14 29 23 20 21 2 12 30 1 10 28 11 25 32 13 6 8 15 7 Instituições Ásia & Oceânia 33 22 34 26 11 3 16 4 4 14 19 23 25 10 30 6 31 20 29 21 6 1 32 18 13 24 14 17 28 9 2 27 6 11 Eficiência Mercado Trabalho África & Médio Oriente 16 34 11 21 14 31 17 5 4 24 25 27 26 6 29 15 23 20 8 10 12 21 28 19 1 12 32 18 30 8 3 33 7 2 Capital Humano Europa: não UE 33 18 34 32 15 1 9 10 12 5 2 26 25 17 6 7 22 26 20 15 11 4 30 19 21 29 12 28 31 23 8 3 24 14 Infra-Estruturas Físicas Europa: UE Argentina Brasil Equador Peru Canada Estados Unidos Bélgica Dinamarca Finlândia França Alemanha Grécia Hungria Irlanda Itália Países Baixos Polónia Portugal Eslovénia Espanha Suécia Reino Unido Croácia Islândia Noruega Jordânia Israel África do Sul Uganda Austrália Hong Kong Japão Nova Zelândia Inovação América do Norte Mercado Abertura e Dimensão do América do Sul País Continente Tabela 2 - Global Competitiveness Report - Ranking 32 22 34 33 12 1 13 7 3 11 5 27 24 17 25 10 30 25 20 22 3 8 31 15 16 27 6 21 29 14 19 2 18 9 29 28 33 32 12 8 10 1 6 4 3 23 27 25 26 11 31 21 22 20 7 16 30 15 13 23 18 18 34 14 2 8 17 5 28 29 33 30 7 4 6 3 1 8 15 22 24 17 23 8 25 26 18 18 2 14 31 12 10 27 16 32 34 5 20 10 13 21 31 21 33 26 7 3 22 6 10 26 29 26 18 16 34 15 32 19 24 25 14 5 30 4 8 17 13 23 19 12 1 9 10 2 32 26 34 30 14 8 17 5 2 18 11 25 26 15 29 9 31 22 24 23 12 4 33 3 12 21 20 19 28 7 9 16 6 1 Fonte: Fórum Económico Mundial, Executive Opinion Survey (2004) in “Global Competitiveness Report 2004-2005 O modelo conceptual GEM considera uma série de elementos-chave da esfera macroeconómica para cada país GEM, as condições nacionais gerais, que são: Abertura, Governo, Mercados Financeiros, Tecnologia, Infraestruturas Fisicas, Gestão, Mercado de Trabalho e Instituições. Sendo estes factores muito semelhantes aos componentes do GCI, ambos os tópicos poderão ser analisados paralelamente. Abertura A interacção da economia Portuguesa com outras economias - o seu grau de abertura - pode ser uma fonte de benefícios económicos. Um aumento da abertura às importações significa que a população pode dispor de um leque ainda mais vasto de bens e serviços, normalmente a preços mais competitivos. Por outro lado, os fluxos de comércio internacional e investimento podem também proporcionar aos negócios nacionais o acesso a novas e mais modernas tecnologias, que podem consequentemente originar um aumento no nível da produtividade. Desta forma, a competitividade com fornecedores estrangeiros pode impulsionar a eficiência e a inovação em Portugal. A condição geral de contexto nacional aqui designada por 'Abertura' refere-se à facilidade de acesso, por parte das empresas estrangeiras, a mercados nacionais. O GCI 20042005 examina uma característica similar através da componente 'Abertura e Dimensão do Mercado', que considera o tamanho do mercado local e dos mercados estrangeiros. Segundo os valores obtidos nesta componente, os Estados Unidos são considerados o país mais “aberto”, seguido da Alemanha. Portugal encontra-se no 26º lugar entre os 34 países que participaram no projecto GEM deste ano, enquanto que a Argentina e o Equador foram considerados os menos abertos. Governo A estabilidade económica e financeira de um país - que é afectada pela participação/intervenção do Governo - é per si uma fonte de oportunidades de negócio. As acções governamentais destinadas a aumentar a sustentabilidade dos indicadores financeiros podem reforçar a confiança empresarial e, por conseguinte, impulsionar projectos empresariais. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 13 A condição nacional geral enunciada no modelo GEM como 'Governo' refere-se à participação do Governo na economia e ao grau até ao qual este influencia a mesma. O GCI 2004-2005 examina uma característica similar através da componente 'Macro Estabilidade', que considera défices orçamentais, taxa de poupança, inflação, taxa de juro real e dívida pública. Segundo os valores obtidos nesta componente, a Noruega foi considerada o país mais estável a nível governamental, seguida da Singapura. Portugal posicionou-se no 20º lugar entre os 34 países GEM 2004, enquanto que o Brasil foi considerado o país com menor macro-estabilidade. Mercados Financeiros O acesso a recursos financeiros - mercados financeiros - e de capital desempenha um papel importante na esfera empresarial. Um incremento na acessibilidade do financiamento para empresas novas e em crescimento pode levar a benefícios económicos, incluindo o crescimento económico e uma maior competitividade. Logo, a eficiência dos mercados financeiros é essencial para o desenvolvimento e prosperidade económica de um país. A condição nacional geral designada por 'Mercados Financeiros' no modelo GEM, refere-se à troca de capitais e créditos, incluindo a moeda em circulação e o acesso ao crédito. O GCI 2004-2005 examina uma característica similar através da componente 'Eficiência dos Mercados Financeiros', que considera a eficiência, confiança e investimento directo estrangeiro (FDI). Segundo os valores obtidos nesta componente, o Reino Unido foi considerado o país que possui o mercado de capitais mais eficiente, seguido de Hong Kong. Portugal encontra-se em 20º lugar entre os 34 países GEM 2004, enquanto que a Argentina e o Equador foram considerados os países com mercados financeiros menos eficientes. Tecnologia e I&D A Investigação e Desenvolvimento (I&D) tem tido importância crescente no espectro político, cooperativo e científico. Actualmente, a gestão tecnológica e a I&D são considerados pilares para o sucesso e sustentabilidade da competitividade global em muitos sectores. A gestão tecnológica é um factor central não apenas para fomentar a competitividade ao nível micro, mas também para fomentar o crescimento sócioeconómico a longo prazo a nível nacional. A condição nacional geral denominada por 'Tecnologia e I&D' refere-se à disponibilização das inovações tecnológicas e científicas para uso da sociedade e à sua comercialização. O GCI 2004-2005 examina uma característica similar através da componente 'Preparação Tecnológica e Inovação', que considera a adequabilidade de dispositivos tecnológicos, a taxa de utilização do telemóvel, o acesso à pesquisa e serviços de formação e o número de patentes, entre outros aspectos. Segundo os valores obtidos na componente “Preparação Tecnológica”, a Islândia foi considerada o país tecnologicamente melhor apetrechado, seguida da Suécia. Portugal posiciona-se em 23º lugar entre os 34 países GEM 2004, enquanto que o Equador e o Perú foram considerados os menos aptos tecnologicamente. 14 Quanto à componente “Inovação”, os Estados Unidos foram considerados o país mais inovador, seguidos do Japão. Portugal encontra-se em 25º lugar entre os 34 países GEM 2004, enquanto que o Equador e o Perú foram considerados os menos inovadores. Infraestruturas As infraestruturas são uma importante peça da economia, com impacto no desenvolvimento e no bem-estar da população. Quando as infraestruturas são eficientes, estas proporcionam oportunidades económicas e sociais e benefícios que se fazem sentir através da economia. Quando as infraestruturas são deficitárias e/ou ineficientes, estas podem causar danos económicos em termos da redução das oportunidades originadas. As utilidades básicas e as telecomunicações são exemplos de infraestruturas essenciais para o desenvolvimento da economia. A condição nacional geral denominada por 'Infraestrutura' refere-se ao nível de desenvolvimento, distribuição e acesso às utilidades básicas e às redes de comunicações de um determinado país. O GCI 2004-2005 examina uma característica similar através da componente 'Infraestruturas Físicas', que considera a ferrovia, os portos marítimos, os aeroportos e as instalações eléctricas. Segundo os valores obtidos nesta componente, a Dinamarca foi considerada o país com melhores infraestruturas, seguida de Hong Kong. Portugal encontra-se em 21º lugar entre os 34 países GEM 2004, enquanto que o Uganda foi considerado o país com as infraestruturas menos eficientes. Gestão O tipo de liderança, a motivação e a formação que são levados a cabo num país são influenciados por um conjunto de valores e pelas caracteristicas da cultura nacional. Uma melhoria das capacidades e competências de gestão de mercado de trabalho num dado país pode ser alcançada através do sistema da educação e da formação contínua, consequentemente resultando num aumento da produtividade e dos níveis de eficiência. A condição nacional geral 'Gestão' refere-se às aptidões, competências e eficiência da gestão nacional. O GCI 20042005 examina uma característica similar através da componente 'Capital Humano', que analisa a educação e formação. Segundo os valores obtidos nesta componente, a Finlândia foi considerada o país que possui o nível mais alto de capital humano, seguida da Suécia. Portugal encontra-se em 26º lugar entre os 34 países GEM, enquanto que o Uganda foi considerado como o país que possui o nível mais reduzido de capital humano. Mercado Trabalho A acessibilidade aos recursos humanos por parte das empresas - o mercado trabalho - pode incrementar a celeridade com que o mercado nacional se modifica, tanto pelas oportunidades como pelas ameaças. Um mercado trabalho flexível pode influenciar e evitar exclusão social, potenciando o bem-estar e a produtividade, o que resultará, a posteriori, em crescimento económico. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 A condição nacional geral 'Mercado Trabalho', refere-se à disponibilidade dos recursos humanos e às competências gerais da população. O GCI 2004-2005 examina uma característica similar através da componente 'Eficiência do Mercado Trabalho', que analisa o grau de eficiência do mercado trabalho e a participação feminina no mesmo. Segundo os valores obtidos nesta componente, Hong Kong foi considerado o país detentor do mercado trabalho mais eficiente, seguido de Singapura. Portugal posicionou-se em 19º lugar entre os 34 países GEM 2004, enquanto que Itália foi considerada o país com um mercado de trabalho menos eficiente. Instituições Se por um lado as acções governamentais são importantes para a competitividade, por outro lado os Governos ao agir isoladamente estão menos aptos para edificar uma economia competitiva. Muitas são as entidades locais e nacionais instituições - que podem desempenhar uma função activa no desenvolvimento económico e na competitividade da economia. Os institutos públicos são vitais para assegurar o sistema de segurança e a confiança, por exemplo nos direitos de propriedade intelectual. As instituições privadas também desempenham um papel importante no processo de criação de riqueza, na transparência e na contabilidade; estes são aspectos analisados minuciosamente por analistas económicos. Portanto, quer as instituições públicas, quer as instituições privadas podem ser consideradas como um apoio vital ao desenvolvimento de negócios. A condição nacional geral 'Instituições' analisa a disponibilidade e acessibilidade de instituições públicas e privadas. O GCI 2004-2005 examina uma característica similar através da componente 'Instituições', através da qual se avalia a honestidade e a corrupção no sector público, a contabilidade, a transparência e as responsabilidades sociais no sector privado. Segundo os valores obtidos nesta componente, Singapura foi considerada o país possuidor da melhor combinação de instituições públicas e privadas, seguida da Finlândia. Portugal encontra-se em 22º lugar entre os 34 países GEM 2004, enquanto que o Equador foi considerado o país com as piores instituições. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 15 16 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 4. CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DO EMPREENDEDORISMO EM PORTUGAL “Não mudarás algo através da luta ou resistência. Mudarás algo tornando-o obsoleto por métodos superiores” Buckminster Fuller Neste capítulo, são analisadas e comparadas as condições estruturais do empreendedorismo entre os países participantes no GEM 2004. As 9 áreas denominadas por condições estruturais de empreendedorismo identificadas pelo GEM que têm impacto sobre o nível de empreendedorismo num país são: 1. Apoio Financeiro; 2. Políticas Governamentais; 3. Programas Governamentais; 4. Educação e Formação; 5. Transferência de Resultados de Investigação & Desenvolvimento; 6. Infraestrutura Comercial e Profissional; 7. Barreiras à Entrada; 8. Acesso a Infraestruturas Físicas; 9. Normas Sociais e Culturais; Esta metodologia de pesquisa foi conduzida de forma idêntica em todos os países participantes no GEM. A principal fonte de informação utilizada para o Estudo de Avaliação do Potencial Empreendedor em Portugal em 2004 destes nove factores foi a sondagem efectuada a 36 especialistas Portugueses. A listagem de especialistas é apresentada no Anexo II. Representando a selecção dos melhores especialistas em várias áreas ligados ao empreendedorismo disponíveis em Portugal no momento da sondagem. Uma das questões colocadas aos especialistas nacionais dos países GEM(8) foi se estes consideravam que cada aspecto enunciado nas nove condições estruturais do empreendedorismo era proporcionada de forma adequada nos respectivos países. Os especialistas responderam utilizando uma escala de 1 (completamente falso - i.e. provisão muito insuficiente) a 5 (completamente verdade - i.e. provisão totalmente suficiente). Os resultados são apresentados na Tabela 3. Tabela 3 - Grau com que os vários aspectos das Condições Estruturais do Empreendedorismo são proporcionados nos países GEM Condições Estruturais do Empreendedorismo Portugal 2001 Portugal 2004 GEM 2004 2.58 2.31 2.56 Procura, Local e Ênfase 2.10 2.50 2.53 Regulação, Facilidade e Celeridade Apoio Financeiro Políticas Governamentais Pontuação Média Completamente Falso (muito insuficiente) = 1 Nem Verdadeiro nem Falso = 3 Completamente Verdadeiro (totalmente suficiente) = 5 1.84 2.14 2.32 Programas Governamentais 2.29 2.54 2.51 Educação e Formação Primário e Secundário 1.57 1.56 2.05 Universitário & Formação N/A 2.43 2.68 Transferência de Resultados do I&D 2.34 2.33 2.41 Infraestrutura Comercial e Profissional 2.81 3.01 3.19 Barreiras à Entrada Celebridade de Mudança Mercados 2.37 2.48 2.73 Entraves à Entrada 2.51 2.64 2.68 Acesso a Infraestruturas Físicas 3.24 3.63 3,79 Normas Sociais e Culturais Valor da Independência 2.12 1.92 2.76 Oportunidades de Negócio N/A 3.10 3.29 Cap. de Responder a Oportunidades N/A 2.17 2.50 Aceitação da Mulher N/A 3.03 3.20 Fonte: Questionário a Especialistas Nacionais Em Portugal, as condições consideradas menos adequadas na estrutura empreendedora, em comparação com outros países GEM, foram a educação e formação, assim como o escasso apoio por parte da cultura nacional no fomentar da iniciativa própria e da auto-suficiência. (8) Dados relativos a França, Hong Kong, Itália, Suécia e Reino Unido não se encontravam disponíveis no momento em que se elaborou o presente relatório Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 17 Por outro lado, de acordo com os especialistas nacionais, os aspectos mais favoráveis na promoção do empreendedorismo em Portugal foram o acesso a infraestruturas físicas (estradas, utilidades públicas e comunicações) e a igualdade da capacidade entre homens e mulheres para iniciar um negócio. Estes aspectos mais favoráveis foram também identificados em 2001. Para além desta quantificação das opiniões quanto às condições estruturais do empreendedorismo, que foi pedida no preenchimento do questionário, foi também solicitado aos especialistas que enumerassem os factores mais significativos que limitam e contribuem para start-ups nos respectivos países. Da mesma forma, foram-lhes ainda requeridas recomendações pessoais para a melhoria da actividade empreendedora nacional. Os resultados de cada condição estrutural do empreendedorismo são apresentados de seguida. A fim de facilitar a comparação dos dados de Portugal com os dos restantes países GEM, os resultados desta sondagem foram convertidos numa escala de +2 a -2. Assim, a classificação 3 (nem verdadeiro nem falso) obtida nesta sondagem corresponde a 0 (zero). Procedeu-se desta forma para facilitar a análise visual, permitindo uma distinção clara entre respostas positivas e negativas. 4.1 Apoio Financeiro O apoio financeiro contempla o nível de acessibilidade a fontes de financiamento para empresas novas e em crescimento, incluindo bolsas e subsídios. Esta área também considera a qualidade e a disponibilidade do apoio financeiro equity, seed, e debt capital - assim como o conhecimento do empreendedorismo por parte da comunidade financeira, considerando os seguintes aspectos: ! conhecimento e capacidade de avaliar oportunidades empreendedoras; ! avaliação de planos de negócio e necessidades de capital de empresas de pequena dimensão; ! desejo de lidar com empreendedores; e ! atitude perante o risco. Figura 11 - Apoio Financeiro ao Empreendedorismo Brasil Argentina Perú Equador Estados Unidos Canadá Finlândia Países Baixos Irlanda Bélgica Grécia Alemanha Dinamarca Hungria Espanha PORTUGAL Eslovénia Polónia Islândia Croácia Noruega Israel África Sul Jordânia Uganda Singapura Nova Zelândia Austrália Japão -2 -1 ß 0 Insuficiente Fonte: Questionário a Especialistas 18 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 1 Suficiente 2 à Os especialistas portugueses consideram que o apoio financeiro em Portugal é insuficiente, tal como é ilustrado na Figura 11. Apesar de, noutros países, os respectivos especialistas também partilharem desta opinião comparativamente aos apoios financeiros, o nível perceptível da insuficiência do apoio financeiro em Portugal foi superior aquele verificado na maioria dos outros membros da UE. No entanto, nem todos os aspectos foram considerados insuficientes. A título de exemplo, a Figura 12 (questão 3) indica que os subsídios governamentais foram considerados como suficientes pelos especialistas Portugueses, apesar de estes considerarem que os subsídios foram empregues de modo ineficiente. Figura 12 - Apoio Financeiro - Detalhes Completamente Verdadeiro 2,0 1,5 PORTUGAL 2001 1,0 0,5 Nem Verdadeiro nem Falso PORTUGAL 2004 0,0 -0,5 GEM 2004 -1,0 -1,5 Completamente Falso -2,0 1 2 3 4 5 6 *Perguntas do Questionário 1. Existe financiamento por Equity suficiente disponível para empresas novas e em crescimento? 2. Existe financiamento por debt suficiente disponível para empresas novas e em crescimento? 3. Existem subsídios governamentais suficientes disponíveis para empresas novas e em crescimento? 4. Existe financiamento por privados (não-fundadores) suficiente disponível para empresas novas e em crescimento? 5. Existe financiamento por capital de risco suficiente disponível para empresas novas e em crescimento? 6. Existe financiamento por ofertas públicas iniciais (IPOs) suficiente disponível para empresas novas e em crescimento? Todavia, a Figura 12 mostra ainda que os níveis de financiamento através de ofertas públicas iniciais (IPO), que constituem uma fonte de capital fulcral para a expansão de negócios, foram considerados insuficientes para proporcionar o apoio adequado a empresas novas e em crescimento. Da mesma forma, o investimento por parte de particulares e.g. business angels foi considerado insuficiente para Portugal. Durante as entrevistas realizadas no âmbito do projecto GEM 2004, inúmeras foram as razões apontadas pelos especialistas nacionais para explicar o fraco apoio financeiro ao empreendedorismo em Portugal. Estas razões incluem a fraca disseminação de informação a potenciais investidores e o elevado nível burocrático, que retarda o processo para a utilização dos fundos disponíveis. Nesta área, os especialistas assinalaram que os montantes do capital de risco são insuficientes e inadequados equity, seed, e debt capital. O capital de risco (venture capital) refere-se a fundos disponíveis para empresas e negócios em fase de start-up. A Figura 13 indica qual o nível de capital de risco nos países GEM enquanto percentagem do PIB. Por sua vez, este nível é comparado com o montante de investimento informal, i.e. o montante de investimento efectuado por particulares em negócios que não sejam os seus. De um modo geral, o montante do investimento informal é bastante superior ao capital de risco. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 19 Figura 13 - Investimento Informal e Capital de Risco Argentina Brasil Equador Perú N/A N/A N/A N/A Canadá Estados Unidos Grécia Polónia Alemanha Países Baixos Dinamarca Espanha Bélgica Suécia Itália Irlanda Reino Unido França Eslovénia PORTUGAL Finlândia Hungria N/A Noruega Islândia Croácia N/A N/A Israel África Sul Uganda Jordânia N/A N/A Investimento Informal Nova Zelândia Singapura Austrália Hong Kong Japão 0,0% Capital de Risco 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% Percentagem do PIB Fonte: Central GEM 20 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 2,5% 3,0% 4.2. Políticas Governamentais Ao nível das condições de empreendedorismo em Portugal analisam-se também as políticas governamentais, nomeadamente o reflexo das políticas de nível regional e nacional e sua aplicação, em termos de impostos gerais e de negócio, regulamentações governamentais e de administração, aferindo até que ponto estas políticas são de tamanho “neutro”(9) e encorajam a actividade empreendedora. Os especialistas entrevistados no âmbito do GEM 2004 consideraram que as políticas governamentais são uma das mais importantes condições para a criação de um ecossistema empresarial nacional com potencial empreendedor. Contudo, em toda a extensão da parceria GEM 2004 a maioria dos especialistas mencionou que as políticas governamentais foram insuficientes nos seus países. Este facto encontra-se ilustrado na Figura 14. Figura 14 - Políticas Governamentais de apoio ao Empreendedorismo Perú Brasil Equador Argentina Estados Unidos Canadá Finlândia Irlanda Alemanha Espanha Dinamarca Bélgica PORTUGAL Polónia Países Baixos Eslovénia Grécia Hungria Islândia Noruega Croácia África Sul Jordânia Uganda Israel Singapura Japão Austrália Nova Zelândia -2 -1 0 ß Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas Muitos especialistas manifestaram opiniões de discordância relativamente à carga fiscal na actividade empreendedora e às políticas governamentais que não diferenciam empresas novas das que se encontram em crescimento nem das mais implementadas no mercado. (9)Políticas que são neutras em termos do tamanho do negócio não contemplam o tamanho do negócio quando se impõem as taxas e os regulamentos, i.e. multinacionais e micro-empresas são tratadas de modo igual. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 21 Figura 15 - Políticas Governamentais de apoio ao Empreendedorismo - Detalhes Completamente 2,0 Verdadeiro 1,5 PORTUGAL 2001 1,0 0,5 PORTUGAL 2004 Nem Verdadeiro 0,0 nem Falso -0,5 GEM 2004 -1,0 -1,5 Completamente -2,0 Falso 1 2 3 4 5 6 *Perguntas do Questionário 1. Políticas governamentais (e.g. procurement público) favorecem constantemente novas empresas? 2. O apoio às empresas novas e em cresciemnto é de alta prioridade na nossa política nacional? 3. O apoio às empresas novas e em crescimento é de alta prioridade na política local? 4. Empresas novas conseguem a maior parte das licenças e autorizações no espaço de uma semana? 5. O valor dos impostos NÃO constitui um peso para empresas novas e em crescimento? 6. Impostos e outros regulamentos governamentais são aplicados às empresas novas e em crescimento de um modo consistente e previsível? A Figura 15 ilustra com maior detalhe as opiniões dos especialistas nacionais relativamente às políticas governamentais. Através da análise desta figura constata-se a morosidade inerente à requisição de licenças e autorizações para a constituição de empresas, facto este que provoca um desvio da atenção do empreendedor do seu negócio, assim como custos desnecessários. Neste contexto, foi ainda considerado que as taxas são um entrave aos novos negócios pois não têm em linha de conta o tamanho da empresa, i.e. as taxas e os regulamentos são indiferentes ao tamanho do negócio, colocando a mesma carga fiscal em multinacionais e em micro empresas. Todavia, a análise da figura permite também constatar que os especialistas Portugueses consideraram que a regulamentação é aplicada de modo insuficiente, mas ainda assim, de forma mais consistente do que na média dos países GEM. 22 4.3. Programas Governamentais A terceira condição estrutural do empreendedorismo a analisar é a existência de programas governamentais (a todos os níveis: nacional, regional e municipal) de apoio e fomento da actividade empreendedora, considerando os seguintes aspectos: ! nível de acessibilidade e qualidade dos programas governamentais; ! disponibilidade e qualidade dos recursos humanos governamentais e a sua capacidade de administrar programas específicos; ! eficiência dos serviços; e ! desafios que se colocam a novos empreendedores ao montarem o próprio negócio. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 16 - Programas Governamentais de apoio ao Empreendedorismo Brasil Perú Argentina Equador Estados Unidos Canadá Alemanha Irlanda Espanha Finlândia Dinamarca Países Baixos PORTUGAL Eslovénia Bélgica Polónia Hungria Grécia Noruega Islândia Croácia Israel Jordânia Uganda África Sul Singapura Nova Zelândia Austrália Japão -2 -1 0 ß Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas Através da análise da Figura 16 constata-se que, enquanto os especialistas da Alemanha, Irlanda, Espanha, Finlândia, Singapura e Estados Unidos posicionaram os programas governamentais num espectro positivo, os especialistas portugueses consideram que, em Portugal, os programas foram insuficientes. Apesar de, no seu conjunto, os programas governamentais em Portugal terem sido classificados como insuficientes, foi consensual a opinião que os parques de ciência e tecnologia e incubadoras de empresas providenciam um apoio efectivo a empresas novas e em crescimento. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 23 Figura 17 - Programas Governamentais de apoio ao Empreendedorismo - Detalhes Completamente Verdadeiro 2,0 PORTUGAL 2001 1,5 1,0 PORTUGAL 2004 0,5 Nem Verdadeiro 0,0 nem Falso GEM 2004 -0,5 -1,0 -1,5 Completamente -2,0 Falso 1 2 3 4 5 *Perguntas do Questionário 1. A assistência governamental às empresas novas e em crescimento pode ser obtida a partir do contacto com só uma agência? 2. Parques de ciência e incubadoras de empresas fornecem um apoio efectivo às empresas novas e em crescimento? 3. Existe um número adequado de programas governamentais para empresas novas e em crescimento? 4. Os funcionários das agências governamentais são competentes e eficientes no apoio às empresas novas e em crescimento? 5. Qualquer pessoa que necessite de auxílio de um programa governamental para empresas novas e em crescimento consegue encontrar o que pretende? A Figura 17 demonstra que os especialistas consideraram a assistência fornecida através das agências governamentais como ineficiente no auxílio de empresas novas e em crescimento. Este indicador está intimamente relacionado com a análise das políticas governamentais, onde se enfatizou a burocracia rígida como um problema das mesmas. Um outro aspecto mencionado pelos especialistas foi o facto de um empreendedor necessitar de se dirigir a mais do que uma agência governamental até obter a informação pretendida. Quando lhes foram solicitadas recomendações para resolução dos problemas identificados, os especialistas nacionais mencionaram que, muitas das soluções que poderiam ser implementadas nos programas governamentais em Portugal implicam um aperfeiçoamento de medidas que já existem, como a coordenação entre diferentes programas e agências e entre estas e os empreendedores. Vários especialistas expressaram também a convicção que, a médio prazo, as melhorias ao nível da progressão na carreira nos serviços públicos irão conduzir a formas mais eficientes de cooperar com o empreendedor. 4.4. Educação e Formação A área da educação e formação é também considerada como uma condição estrutural do empreendedorismo, pelo que o GEM 2004 procurou efectuar uma análise do grau de incorporação da formação sobre o arranque ou gestão de negócios no sistema educativo em todos os seus níveis(10). Assim, quanto a esta área procura-se analisar: ! a qualidade, relevância e profundidade dos conteúdos existentes nos sistemas educativos e de formação e que versam a criação e gestão de negócios pequenos, novos e em crescimento; ! a filosofia do sistema educativo relativamente a estudos inovadores e criativos a todos os níveis; ! a competência dos formadores na área do empreendedorismo; e ! a experiência dos empreendedores e gestores. (10)Um sistema educacional a todos os níveis engloba o ensino básico, ensino secundário, ensino universitário, ensino tecnológico, politécnico e cursos de pósgraduação. 24 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 18 - Contributo do Ensino Básico e Secundário para o Empreendedorismo Argentina Perú Equador Brasil Estados Unidos Canadá Países Baixos Finlândia Dinamarca Eslovénia Polónia Irlanda Hungria Bélgica Espanha Grécia Alemanha PORTUGAL Noruega Islândia Croácia Uganda África Sul Israel Jordânia Singapura Austrália Nova Zelândia Japão -2 -1 0 ß Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas Como indicado na Figura 18, o contributo da formação conferido no ensino básico e secundário para o empreendedorismo foi considerado o factor mais insuficiente pela parceria GEM. Portugal exibe uma das taxas mais elevadas de descontentamento com o ensino básico e secundário, sendo que apenas o Brasil e Japão obtiveram níveis mais baixos de satisfação, sugerindo que o empreendedorismo não desempenha um tópico de destaque no sistema educacional português. Muitos especialistas realçaram que o ensino básico e secundário não desenvolvem nos indivíduos competências necessárias para que estes sejam capazes de montar negócios próprios nem estimula a criatividade e auto-determinação dos alunos. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 25 Figura 19 - Contributo do Ensino e da Formação para o Empreendedorismo - Detalhes Completamente 2,0 Verdadeiro PORTUGAL 2001 1,5 1,0 PORTUGAL 2004 0,5 Nem Verdadeiro 0,0 nem Falso GEM 2004 -0,5 -1,0 -1,5 Completamente -2,0 Falso 1 2 3 4 5 *Perguntas do Questionário 1. O ensino básico e secundário encorajam a criatividade, auto-suficiência e iniciativa própria? 2. O ensino básico e secundário fornece instrução adequada em princípios económicos? 3. O ensino básico e secundário dedicam atenção adequada ao empreendedorismo e à criação de um negócio próprio? 4. O ensino superior proporciona adequada preparação à criação de uma empresa? 5. O ensino de gestão e economia proporciona adequada preparação à criação de uma empresa? A Figura 19 indica que o ensino superior, i.e. politécnicos e universidades, é visto como mais adequado do que o ensino básico e secundário no apoio ao desenvolvimento de competências ligadas ao empreendedorismo em Portugal. Os níveis de satisfação em Portugal relativamente ao ensino superior têm apresentado melhorias significativas desde 2001. Todavia, estes níveis de satisfação continuam aquém da média da parceria GEM 2004. 26 A Figura 20 demonstra que, apesar da preocupação por parte dos especialistas relativamente ao sistema educacional, Portugal despende na Educação uma percentagem mais elevada do PIB do que a maioria dos países GEM. Logo, poderse-á afirmar que, apesar dos investimentos que Portugal tem feito na Educação, estes investimentos não estão a proporcionar aos estudantes a preparação adequada para iniciar ou expandir um negócio. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 20 - Despesa pública no sector da Educação em percentagem do PIB em 2002 Argentina Brasil Perú Equador N/A Canadá Estados Unidos Dinamarca Suécia Bélgica Finlândia PORTUGAL França Polónia Hungria Países Baixos Itália Alemanha Espanha Reino Unido Irlanda Grécia Eslovénia N/A Noruega Croácia Islândia N/A Israel África Sul Jordânia Uganda Nova Zelândia Austrália Japão Singapura Hong Kong N/A N/A 0% 2% 4% 6% 8% 10% Despesa pública no sector da Educação em percentagem do PIB em 2002 Source: Fonte: The World Competitiveness Yearbook 2004, IMD 4.5. Transferência de Resultados de Investigação & Desenvolvimento A transferência de resultados de Investigação e Desenvolvimento (I&D), um outro factor estrutural do empreendedorismo, está relacionada com o impacto da I&D na criação de novas oportunidades de negócio que possam ser utilizadas por novas empresas. Assim, no âmbito desta área examinam-se: ! implicações a nível de legislação de patentes; ! capacidade dos investigadores em lidarem com empresas e vice-versa; ! nível de inovação no país; ! orientação nacional a nível de I&D: apreciação e promoção da importância da investigação por parte do governo, indústria e instituições educacionais; e ! qualidade das infraestruturas de suporte para iniciativas de carácter tecnológico. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 27 Figura 21 - Transferência de Resultados de I&D Brasil Equador Argentina Perú Estados Unidos Canadá Irlanda Finlândia Alemanha Bélgica Grécia Espanha Dinamarca Hungria PORTUGAL Países Baixos Eslovénia Polónia Islândia Noruega Croácia Israel Jordânia África Sul Uganda Singapura Japão Austrália Nova Zelândia -2 -1 0 ß Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas A Figura 21 indica que, por um lado, os especialistas Portugueses consideram que os resultados de I&D não estão a ser transferidos de um modo eficiente e racional. Por outro lado, saliente-se que, entre os 34 países GEM 2004, somente os EUA e Singapura registam percepções positivas da transferência de resultados de I&D. Dois dos factores negativos identificados nesta área foram a inadequada comunicação de resultados de novas pesquisas 28 aquando da transferência entre universidades e outros pólos de investigação para as empresas novas e em crescimento, e a melhor acessibilidade às novas tecnologias por parte das empresas mais implementadas no mercado em detrimento das empresas novas e em crescimento, já que estas geralmente não conseguem suportar os custos associados à utilização das novas tecnologias. Esta situação encontra-se ilustrada na figura 22. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 22 - Transferência de Resultados de I&D - Detalhes Completamente Verdadeiro 2,0 PORTUGAL 2001 1,5 1,0 PORTUGAL 2004 0,5 Nem Verdadeiro nem Falso 0,0 GEM 2004 -0,5 -1,0 -1,5 Completamente -2,0 Falso 1 2 3 4 5 *Perguntas do Questionário 1. As Novas tecnologias, ciência e outros conhecimentos são eficientemente transferidos das universidades e outros pólos de pesquisa para empresas novas e em crescimento? 2. As Empresas novas e em crescimento têm igual acesso às novas pesquisas e tecnologia como as empresas grandes e implementadas? 3. As Empresas novas e em crescimento conseguem suportar financeiramente o custo das novas tecnologias? 4. Existem subsidios governamentais para empresas novas e em crescimento adquirirem novas tecnologias? 5. A base científica e tecnológica nacional apoia eficientemente a criação de parcerias e iniciativas de alcance internacional em pelo menos um área? Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 29 Figura 23 - Número de Patentes por cada 100.000 habitantes, 2001 Brasil Equador Argentina Perú N/A N/A N/A Canadá Estados Unidos Suécia Irlanda Bélgica Países Baixos Dinamarca França Reino Unido Alemanha Finlândia Espanha PORTUGAL Eslovénia Hungria Polónia Itália Grécia N/A N/A Islândia Croácia Noruega N/A N/A Israel Jordânia Uganda África Sul N/A N/A N/A Japão Singapura Austrália Hong Kong Nova Zelândia N/A 0 200 400 600 800 1000 1200 Fonte: The World Competitiveness Yearbook 2004, IMD O número de patentes (por cada 100 000 habitantes) desenvolvidas é inferior em Portugal relativamente a muitos outros países GEM. Este facto encontra-se ilustrado na Figura 23. O número diminuto de patentes desenvolvidas indica que a I&D não é por norma considerada pelas empresas como um elemento importante. Consequentemente, as empresas portuguesas não têm investido tanto na I&D como as empresas de outros países, o que tem um impacto desfavorável na competitividade da indústria Portuguesa. Acima de tudo foi salientado o facto de, em Portugal, o apoio financeiro às universidades e centros de pesquisa ser considerado insuficiente e também o facto de a interacção entre a tecnologia desenvolvida por I&D e a sua implementação serem ineficientes. Alguns especialistas referiram que o Governo começa a reconhecer a importância 30 da I&D nacional, o que não diminui, no entanto, a necessidade de incentivar a comunicação e a transferência de conhecimento entre o mundo académico e o mundo empresarial. 4.6. Infraestrutura Comercial e Profissional A condição estrutural do empreendedorismo “infraestrutura comercial e profissional” analisa os serviços comerciais, de contabilidade, e outros serviços legais e instituições e a forma como estes intervém na promoção da criação de novos negócios. Assim, esta área analisa a acessibilidade à informação de fontes gerais, tais como internet, jornais, revistas e seminários públicos a nível nacional e internacional. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 24 - Infraestrutura Comercial e Profissional de apoio ao Empreendedorismo Argentina Equador Brasil Perú Estados Unidos Canadá Irlanda Finlândia Bélgica Países Baixos Dinamarca Espanha Polónia Grécia Alemanha Hungria PORTUGAL Eslovénia Noruega Islândia Croácia Israel Jordânia Uganda África Sul Singapura Austrália Nova Zelândia Japão -2 -1 ß 0 Insuficiente 1 2 Suficiente à Fonte: Questionário a Especialistas Na Figura 24 apresentam-se os dados resultantes da aferição do índice de quantidade, qualidade e nível de acesso à infraestrutura comercial e profissional. Nesta condição estrutural Portugal registou posicionamento neutro, o que representa uma melhoria face a 2001, quando o índice foi negativo, sugerindo que a infraestrutura comercial e profissional tem vindo a melhorar desde 2001. Em particular, a globalização de serviços tem beneficiado Portugal. No entanto, Portugal continua a apresentar um índice inferior ao dos restantes membros da UE, onde as percepções da infraestrutura comercial e profissional são mais positivas. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 31 Figura 25 - Infraestrutura Comercial e Profissional de apoio ao Empreendedorismo - Detalhes Completamente Verdadeiro 2,0 PORTUGAL 2001 1,5 1,0 PORTUGAL 2004 0,5 Nem Verdadeiro 0,0 nem Falso GEM 2004 -0,5 -1,0 -1,5 Completamente -2,0 Falso 1 2 3 4 5 *Perguntas do Questionário 1. Existem subcontractores, fornecedores e consultores suficientes para apoiar empresas novas e em crescimento? 2. As Empresas novas e em crescimento conseguem suportar o custo financeiros de envolver subcontractores, fornecedores e consultores? 3. Existem subcontractores, fornecedores e consultores competentes? 4. É relativamente fácil as empresas novas e em crescimento acederem a serviços legais e contabilisticos competentes? 5. É relativamente fácil as empresas novas e em crescimento acederem a serviços bancários competentes? Como se pode verificar pela análise da Figura 25, os especialistas Portugueses mencionaram que, uma das suas principais preocupações nesta área é o elevado custo dos serviços profissionais e comerciais para empresas novas e em crescimento, embora o número de serviços existentes seja considerado suficiente para Portugal. Os especialistas crêem que é mais fácil para empresas maiores e mais implementadas no mercado acederem a estes serviços do que para empresas novas e em crescimento. No seu conjunto, os especialistas nacionais consideram a infraestrutura comercial e profissional mais positiva do que as outras condições para o empreendedorismo. 4.7. Barreiras à Entrada A condição estrutural do empreendedorismo designada como “barreiras à entrada” analisa em que medida os acordos comerciais são estáveis e difíceis de modificar, evitando que empresas novas e em crescimento possam competir com fornecedores e consultores a actuar no mercado. Esta área examina igualmente: ! A falta de transparência no mercado; ! As políticas governamentais fomentadoras da abertura do mercado; ! A estrutura do mercado; e ! O nível competitivo por parte das empresas. Destaca-se, por exemplo, o facto de existir um impacto positivo da infraestutura comercial e profissional na criação de novos negócios e no desenvolvimento de negócios existentes, embora se detecte também uma falta de competitividade no sector. Um aumento da competitividade, poderia acelerar o acesso, reduzir custos, estimular a qualidade oferecida, orientar para a especialização de algumas empresas de serviços comerciais e profissionais e melhorar a flexibilidade de outras empresas, assim como estimular transversalmente as competências e qualificações dos recursos humanos envolvidos. 32 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 26 - Grau de abertura ao Empreendedorismo Argentina Perú Brasil Equador Estados Unidos Canadá Finlândia Irlanda Países Baixos Bélgica Grécia Espanha Dinamarca Alemanha PORTUGAL Polónia Eslovénia Hungria Islândia Noruega Croácia Jordânia Uganda Israel África Sul Austrália Nova Zelândia Singapura Japão -2 -1 ß 0 Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas A Figura 26 demonstra que os mercados portugueses são considerados como não estando suficientemente abertos a empresas novas e em crescimento. Em particular, como se pode verificar na Figura 27, os custos associados à entrada de empresas novas e em crescimento no mercado são excessivos. Nem todos os aspectos relativos ao Grau de Abertura são considerados ineficientes. Considera-se que as leis anti-trust são aplicadas eficientemente em todos os sectores e há também relativo consenso em considerar que as firmas novas e em crescimento não são injustamente bloqueadas pelas empresas já existentes. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 33 Figura 27 - Grau de abertura ao Empreendedorismo - Detalhes Completamente 2,0 Verdadeiro 1,5 PORTUGAL 2001 1,0 0,5 PORTUGAL 2004 Nem Verdadeiro 0,0 nem Falso -0,5 GEM 2004 -1,0 -1,5 Completamente -2,0 Falso 1 2 3 4 5 6 *Perguntas do Questionário 1. Os mercados dos bens de consumo e serviços sofrem alterações dramaticamente de ano para ano? 2. Os mercados de clientes organizacionais sofrem alterações dramáticas de ano para ano? 3. Empresas novas e em crescimento conseguem penetrar facilmente em novos mercados? 4. Empresas novas e em crescimento conseguem suportar o custo financeiros da entrada de mercado? 5. Empresas novas e em crescimento conseguem entrar em novos mercados sem serem injustamente boqueadas pelas empresas já existentes? 6. As leis anti-trust são aplicadas eficientemente? 34 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 28 - Importações e Exportações face ao PIB, 2002 Argentina Brasil Equador Perú N/A N/A Canadá Estados Unidos Bélgica Irlanda Países Baixos Hungria Eslovénia Dinamarca Suécia Finlândia Alemanha PORTUGAL Polónia Espanha França Reino Unido Grécia Itália Islândia Noruega Croácia N/A Jordânia Israel África Sul Uganda N/A Singapura Hong Kong Nova Zelândia Austrália Japão 0% 50% 100% 150% 200% Fonte: The World Competitiveness Yearbook 2004, IMD A Figura 28 ilustra o nível total de comércio internacional (importações e exportações). Assim, a Bélgica e a Irlanda são os países da UE com maior proporção de comércio face ao respectivo PIB. Portugal apresenta uma proporção de comércio análoga à média dos membros da UE. Todavia, uma maior interacção a nível internacional poderia acelerar a velocidade de mudança do mercado nacional e fomentar o aparecimento de novas oportunidades de negócio. Saliente-se, neste contexto, a importância do facto de Portugal pertencer à UE, o que tem permitido o surgimento de mais oportunidades de negócio, e adicionalmente, de oportunidades de internacionalização dentro e fora da UE. 4.8. Acesso a Infraestruturas Físicas O acesso a infraestruturas físicas é também uma das condições estruturais do empreendedorismo, através da qual se afere a facilidade de acesso a recursos físicos, incluindo comunicações, serviços básicos, transportes, propriedade, matérias primas e recursos naturais que possam ser vantajosos para o crescimento do empreendedorismo e para o desenvolvimento. A importância de uma rede de infraestruturas básicas na economia foi previamente salientada no capítulo 3 como uma das condições nacionais gerais do empreendedorismo. Desta feita, a análise efectuada centra-se no processo pelo qual as iniciativas empreendedoras podem lucrar ou perder consoante o acesso a infraestruturas físicas, e a forma como as infraestruturas físicas podem fomentar a competitividade. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 35 Figura 29 - Acesso a Infraestruturas Físicas de apoio ao Empreendedorismo Argentina Brasil Perú Equador Estados Unidos Canadá Finlândia Alemanha Países Baixos Dinamarca Bélgica Grécia Espanha PORTUGAL Eslovénia Hungria Irlanda Polónia Islândia Noruega Croácia Jordânia Israel África Sul Uganda Singapura Austrália Nova Zelândia Japão -2 -1 0 ß Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas A Figura 29 indica que, em geral, a maioria dos especialistas dos países participantes no GEM 2004 considerou que o acesso a infraestruturas físicas é satisfatório e que proporciona as condições apropriadas ao fomento da actividade empreendedora. Esta opinião é partilhada pelos especialistas portugueses. 36 A Figura 30 demonstra que os especialistas portugueses se pronunciaram de forma unanimemente positiva quanto a todos os aspectos ligados às infraestruturas físicas. Verifica-se também uma melhoria em relação à adequabilidade das infraestruturas físicas (e.g. estradas) de 2001 para 2004. Vários especialistas identificaram medidas através das quais as infraestruturas físicas poderiam melhorar, incluindo a operacionalização da ligação ferroviária Lisboa-Madrid em menos de 3 horas, a promoção das companhias aéreas de baixo custo a operar em Portugal, a disponibilização de ligações de banda-larga a custos mais reduzidos, a criação de mais locais públicos com Wi-Fi, a redução da factura eléctrica e da água. Apesar destes reparos, a percepção geral das infraestruturas físicas em Portugal, incluindo o acesso e o custo, faz desta a melhor das 9 condições estruturais de empreendedorismo. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 30 - Acesso a Infraestruturas Físicas de apoio ao Empreendedorismo - Detalhes Completamente 2,0 Verdadeiro 1,5 PORTUGAL 2001 1,0 0,5 PORTUGAL 2004 Nem Verdadeiro 0,0 nem Falso GEM 2004 -0,5 -1,0 -1,5 Completamente -2,0 Falso 1 2 3 4 5 *Perguntas do Questionário 1. As infraestruturas físicas (estradas, comunicações, saneamento básico) proporcionam apoio eficaz às empresas novas e em crescimento? 2. Não é demasiado caro para empresas novas e em crescimento acederem a comunicações adequadas? 3. Uma empresa nova ou em crescimento tem acesso a comunicações (telefone, internet, etc) no espaço de uma semana? 4. Empresas novas e em crescimento podem suportar financeiramente as utilidades básicas (gás, água, electricidade e esgotos)? 5. Empresas novas e em crescimento têm bom acesso às utilidades básicas no espaço de um mês? 4.9. Normas Culturais e Sociais A última das condições estruturais do empreendedorismo a analisar são as normas culturais e sociais. Nesta área procura-se perceber a extensão com que as normas sociais e culturais vigentes (des)encorajam acções individuais ligadas a novas formas de negócios e sua gestão, contribuindo consequentemente para uma maior dispersão da riqueza. No capítulo 3, a intensidade da actividade empreendedora foi associada à motivação dos empreendedores; nesta secção analisa-se o efeito que as normas culturais e sociais em cada país têm sobre a iniciativa individual e o empreendedorismo. Assim, esta área examina: ! Se a cultura nacional incentiva o risco inerente ao empreendedorismo; ! Se há boas oportunidades para iniciar um negócio em número suficiente; ! Se as pessoas têm as competências indicadas para iniciar um negócio; ! Se e em que medida os empreendedores são respeitados na sociedade; ! Se as mulheres têm acesso a tantas boas oportunidades de começar um negócio como os homens. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 37 Figura 31 - Contributo da Cultura Nacional para o Empreendedorismo Argentina Brasil Equador Perú Estados Unidos Canadá Irlanda Grécia Espanha Alemanha Polónia Países Baixos Finlândia Hungria Dinamarca Bélgica Eslovénia PORTUGAL Islândia Noruega Croácia Israel Uganda África Sul Jordânia Nova Zelândia Austrália Singapura Japão -2 -1 0 ß Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas De acordo com a Figura 31, as normas culturais e sociais que tendem a orientar a população para as actividades empreendedoras não foram encontradas em Portugal. Comparativamente com outros países GEM, Portugal tem uma cultura nacional muito contrária à cultura empreendedora. 38 Em particular, são detectadas diferenças assinaláveis nos resultados de Portugal aquando da comparação com os Estados Unidos, onde a aceitação cultural e o estímulo colectivo da sociedade encorajam as pessoas a enveredarem pela iniciativa privada e, consequentemente, pelo empreendedorismo. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 Figura 32 - Oportunidades de Empreendedorismo Brasil Argentina Perú Equador Estados Unidos Canadá Irlanda Países Baixos Dinamarca Finlândia PORTUGAL Alemanha Polónia Grécia Espanha Eslovénia Bélgica Hungria Islândia Croácia Noruega Uganda Jordânia África Sul Israel Austrália Nova Zelândia Singapura Japão -2 -1 0 ß Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas A Figura 32 indica que os especialistas Portugueses estão razoavelmente optimistas acerca da existência de oportunidades de empreendedorismo em Portugal. Na verdade, estes especialistas consideram que existe uma série de boas oportunidades de negócio para empresas novas e em crescimento, mas que a maioria das oportunidades existentes que não tem sido aproveitada. Um dos factores desta incapacidade de aproveitar as oportunidades é a falta de capacidade empreendedora da população, incluindo a falta de competências, em geral, por parte da população para iniciar um negócio e desenvolver a propriedade intelectual. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 39 Figura 33 - Capacidade Empreendedora Argentina Perú Brasil Equador Estados Unidos Canadá Finlândia Irlanda Grécia Espanha Países Baixos Polónia Hungria Eslovénia Bélgica Dinamarca PORTUGAL Alemanha Islândia Noruega Croácia Uganda Israel Jordânia África Sul Singapura Nova Zelândia Austrália Japão -2 -1 0 ß Insuficiente 1 Suficiente 2 à Fonte: Questionário a Especialistas A Figura 33 indica que Portugal é um dos países onde a capacidade empreendedora da população foi considerada como sendo das mais reduzidas. Todos os outros países da UE, exceptuando a Alemanha, apresentaram níveis mais elevados de capacidade empreendedora. Na maioria dos países GEM 2004 considerou-se que os empreendedores são tratados com respeito. Por outras palavras, a actividade empreendedora foi considerada como sendo importante e a sociedade em geral preza os empreendedores bem sucedidos. Esta situação foi um pouco menos evidente em Portugal, onde muitos especialistas referem que o empreendedorismo não é encarado com um bom passo na carreira. De resto, os especialistas 40 mencionaram que a maioria da população portuguesa considera um bom passo na carreira uma promoção no emprego actual ou uma mudança para um emprego melhor, mas não o empreendedorismo. Vários especialistas afirmaram também que os portugueses têm uma certa satisfação quando constatam o fracasso dos empreendedores e consideram que esses empreendedores fracassados jamais terão acesso a alguma outra oportunidade empreendedora. Estas ideias contrastam com a forma de pensar no Reino Unido e nos Estados Unidos, onde a população considera que se aprende com os erros, pelo que o fracasso tem algum teor pedagógico. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 5. SUMÁRIO DE RESULTADOS Seguidamente apresenta-se o sumário de resultados do Estudo de Avaliação do Potencial Empreendedor em Portugal em 2004. Este sumário divide-se em 3 áreas principais: ! Actividade Empreendedora em Portugal ! Empreendedorismo e Indicadores Macroeconómicos ! Condições Estruturais do Empreendedorismo em Portugal 5.1. Actividade Empreendedora em Portugal Actividade Empreendedora Total Os principais dados relativamente à actividade empreendedora em Portugal são os seguintes: ! Portugal atesta uma baixa taxa de actividade empreendedora. A taxa TEA para 2004 foi somente de 4.0%, o que corresponde a 4 empreendedores em cada 100 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos. ! A taxa TEA em Portugal é substancialmente mais baixa do que a média GEM 2004. Portugal posiciona-se no 28º lugar entre os 34 países participantes no GEM 2004 e em 13º entre os 16 países GEM membros da UE; ! A taxa TEA em Portugal decresceu significativamente em relação à taxa verificada em 2001, aquando do último estudo GEM em Portugal, acompanhando a tendência geral dos países GEM; ! A actividade empreendedora em Portugal centra-se no sector orientado ao consumidor, incluindo portanto: restaurantes, bares, alojamento, saúde, educação e actividades recreativas. Mais de 70% dos empreendedores em Portugal optar por este sector. Em contraste, somente 18% dos empreendedores portugueses optaram pelo sector da transformação e 11% pelo sector orientados aos clientes organizacionais. ! Existe em Portugal um número ligeiramente superior de empreendedores nascentes relativamente aos empreendedores de novos negócios. Características Demográficas Existe quase um equilíbrio entre géneros no empreendedorismo em Portugal, sendo que 48% dos empreendedores são do sexo feminino, o que contrasta com a situação global do países GEM, em que a média nacional de empreendedores do sexo feminino é de 38%. Verifica-se ainda que as empreendedoras são oriundas uniformemente de todas as classes sociais em Portugal, enquanto que os empreendedores do sexo masculino são predominantemente originários das classes alta e média alta. Na sua maioria, as empreendedoras portuguesas têm menos de 34 anos, enquanto que os empreendedores do sexo masculino se distribuem uniformemente de acordo com a idade, desde os 18 aos 64 anos de idade. Constatou-se ainda que os empreendedores em Portugal tendem a possuir um nível de escolaridade acima da média relativamente ao colectivo da população. Oportunidade e Necessidade Empreendedora O empreendedorismo tanto pode ser induzido pela oportunidade, reflectindo o desejo de materializar uma oportunidade de negócio, como pode ser induzido pela necessidade, quando reflecte a ausência de outras alternativas de emprego, orientando os indivíduos a optarem pela constituição de um negócio próprio dado estes entenderem não possuir opções melhores. No total, 75% dos empreendedores em Portugal são motivados pelo desejo de aproveitar uma oportunidade de negócio e são, por isso, empreendedores induzidos pela oportunidade, em detrimento da acção por necessidade. 5.2. Empreendedorismo e Indicadores Macroeconómicos Produto Interno Bruto per Capita Existem evidências da relação não linear entre a taxa TEA e o PIB per capita. Países com o PIB per capita mais reduzido tendem a apresentar as mais altas taxas TEA. Esta taxa TEA diminui à medida que os países com maior PIB per capita são alvo desta análise. Na verdade, esta relação deixa de existir aproximadamente quando o PIB per capita ultrapassa os US$20,000. A taxa TEA para países com PIB per capita de US$20,000-US$28,000 tende a aglomerar-se nos 5%. Assim, os países com PIB per capita acima dos US$28,000 anuais, tendem a apresentar uma relação positiva entre taxas TEA e o PIB per capita. Por conseguinte, a relação entre a taxa TEA e PIB per capita sugere uma linha com desenho côncavo. Portugal situa-se ligeiramente abaixo desta “curva” côncava, com uma taxa TEA abaixo da média que seria esperado, tendo em conta o seu PIB per capita. Crescimento do Produto Interno Bruto Verifica-se uma relação linear simples positiva indicada pelo coeficiente de correlação entre o crescimento do PIB e empreendedorismo nacional. No entanto, constatou-se também a existência de uma relação bem mais complexa entre ambos os indicadores, segundo a qual o efeito do empreendedorismo no crescimento do PIB depende também de diversos outros factores, incluindo o peso de diferentes sectores na economia, nomeadamente a agricultura, a indústria e os serviços. Competitividade Global O Fórum Económico Mundial publica anualmente o índice de competitividade global - Global Competitiveness Index (GCI) como medida da competitividade nacional de 104 países. Segundo os valores determinados para 2004, Portugal encontra-se em 40º lugar a nível mundial. 5.3. Condições Estruturais do Empreendedorismo em Portugal As condições estruturais do empreendedorismo em Portugal foram discutidas numa série de entrevistas e sondagens com especialistas nacionais ligados ao empreendedorismo. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 41 Os principais resultados obtidos relativamente aos vários aspectos em análise foram: Apoio Financeiro A maioria dos especialistas considera que o apoio financeiro ao empreendedorismo em Portugal é insuficiente, assim como o acesso ao capital privado. O montante de apoio financeiro prestado pelo Governo foi considerado adequado no seu todo, mas muitos especialistas mencionaram que estes fundos são aplicados de forma ineficaz e portanto têm um impacto no empreendedorismo inferior ao que seria desejável. Políticas e Programas Governamentais A maioria dos especialistas considerou que há um elevado grau de consciencialização por parte do Governo das necessidades dos empreendedores. Por conseguinte, em geral, as políticas são benéficas para os empreendedores. No entanto, considera-se também que as burocracias são muito morosas e resultam de interacções ineficientes entre as agências governamentais e os empreendedores, pelo que as políticas não exercem o impacto que seria esperado no empreendedorismo. Educação e Formação Em Portugal, o sistema educacional foi considerado inadequado para o fomento do empreendedorismo. O sistema não prepara os alunos para aproveitarem as oportunidades de negócio, apesar de alguns especialistas notarem que têm ocorrido alguns progressos ao nível do ensino superior, incluindo, a realização mais frequente de estudos sobre empreendedorismo. Quanto ao sistema educacional geral, especificamente o ensino primário e secundário, este foi considerado inadequado para a promoção da criatividade e da inovação entre os estudantes. Transferência de Resultados de Investigação e Desenvolvimento Muitos especialistas salientaram a existência de I&D adequada em Portugal. Contudo, as ligações entre as várias organizações que proporcionam a I&D, como os centros de pesquisa e as universidades, com as entidades que procuram comercializar os resultados de I&D foi caracterizada como frágil e susceptível de melhorias. 42 Infraestruturas Comerciais, Profissionais e Físicas Verificou-se recentemente um aumento do número de parques de ciência e tecnologia e incubadoras de empresas, o que contribuiu para melhorar as infraestruturas necessárias para o empreendedorismo. Considera-se que este acréscimo veio fomentar a qualidade das infraestruturas e o aumento da probabilidade das empresas novas serem bem sucedidas. No entanto, foi mencionado pelos especialistas que, estas infraestruturas estão maioritariamente centradas nas duas maiores áreas populacionais, ao invés de se encontrarem uniformemente dispersas pelo país. A maioria dos especialistas enfatizou ainda a existência de infraestruturas comerciais e profissionais adequadas, mas muitos consideraram que o acesso a estas infraestruturas representa um encargo financeiro acima do possível para empresas novas e em crescimento, e portanto estas empresas acabam por perder em relação às empresas maiores e mais implementadas. Barreiras à Entrada O mercado Português foi considerado “aberto” às empresas novas e em crescimento. Assim, constatou-se que estas empresas conseguem entrar em novos mercados sem serem injustamente bloqueadas pelas empresas já implementadas, e que as leis anti-trust são eficientes na protecção dos direitos de propriedade intelectual. Contudo, apesar de Portugal ser um país “aberto”, muitos especialistas apontam para os custos intrínsecos à entrada num novo mercado, referindo que estes custos se encontram além das capacidades das empresas novas e em crescimento. Normas Culturais e Sociais Os especialistas foram unânimes em crer que o nível de empreendedorismo em Portugal está a ser limitado pela cultura nacional. A população portuguesa é entendida como sendo bastante relutante ao risco, não incentivando as responsabilidades individuais. A maioria dos especialistas também assinalou que a população portuguesa aprecia o fracasso dos empreendedores, contrariamente ao que sucede em países como o Reino Unido e os Estados Unidos, onde se encara o fracasso e os erros como experiências para o sucesso de tentativas posteriores. Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 ANEXOS ANEXO I: ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS Tabelas Tabela 1 - PIB per Capita e Taxa TEA ...........................................................................................12 Tabela 2 - Global Competitiveness Report - Ranking...................................................................13 Tabela 3 - Grau com que os vários aspectos das Condições Estruturais do Empreendedorismo são proporcionados nos países GEM ........................................17 Figuras Figura 1- Modelo Conceptual GEM ..............................................................................................2 Figura 2 - Taxa de Actividade Empreendedora Total (TEA) ...........................................................4 Figura 3 - Taxa de Empreendedorismo Nascente e de Novos Negócios ......................................5 Figura 4 - Taxa TEA 2001 e 2004....................................................................................................6 Figura 5 - Distribuição da Actividade Empreendedora por Sectores.............................................7 Figura 6 - Taxa de TEA por Género................................................................................................8 Figura 7 - Actividade Empreendedora induzida pela Oportunidade, Necessidade e Outros Factores..............................................................................................................9 Figura 8 - PIB per Capita, em US Dólares Conversão PPP ..........................................................10 Figura 9 - Crescimento do PIB.....................................................................................................11 Figura 10 - PIB per Capita e Taxa TEA..........................................................................................11 Figura 11 - Apoio Financeiro ao Empreendedorismo..................................................................18 Figura 12 - Apoio Financeiro - Detalhes.......................................................................................19 Figura 13 - Investimento Informal e Capital de Risco ...................................................................20 Figura 14 - Políticas Governamentais de Apoio ao Empreendedorismo .....................................21 Figura 15 - Políticas Governamentais de Apoio ao Empreendedorismo - Detalhes ....................22 Figura 16 - Programas Governamentais de Apoio ao Empreendedorismo.................................23 Figura 17 - Programas Governamentais de Apoio ao Empreendedorismo - Detalhes ...............24 Figura 18 - Contributo do Ensino Básico e Secundário para o Empreendedorismo ...................25 Figura 19 - Contributo do Ensino e da Formação para o Empreendedorismo - Detalhes............26 Figura 20 - Despesa Pública no Sector da Educação em Percentagem do PIB em 2002 ............27 Figura 21 - Transferência de Resultados de I&D..........................................................................28 Figura 22 - Transferência de Resultados de I&D - Detalhes .........................................................29 Figura 23 - Número de Patentes por cada 100.000 Habitantes, 2001..........................................30 Figura 24 - Infraestrutura Comercial e Profissional de Apoio ao Empreendedorismo .................31 Figura 25 - Infraestrutura Comercial e Profissional de Apoio ao Empreendedorismo - Detalhes.32 Figura 26 - Grau de Abertura ao Empreendedorismo .................................................................33 Figura 27 - Grau de Abertura ao Empreeendedorismo - Detalhes...............................................34 Figura 28 - Importações e Exportações face ao PIB, 2002...........................................................35 Figura 29 - Acesso a Infraestruturas Físicas de Apoio ao Empreendedorismo............................36 Figura 30 - Acesso a Infraestruturas Físicas de Apoio ao Empreendedorismo - Detalhes ...........37 Figura 31 - Contributo da Cultura Nacional para o Empreendedorismo......................................38 Figura 32 - Oportunidades de Empreendedorismo ....................................................................39 Figura 33 - Capacidade Empreendedora....................................................................................40 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 43 44 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 ANEXO II: GEM PORTUGAL 2004 - LISTA DE ESPECIALISTAS NACIONAIS LIGADOS AO EMPREENDEDORISMO Os nomes são apresentados por ordem alfabética em cada área (nome - entidade no momento da entrevista) Apoio Financeiro Artur Santos Silva - Banco BPI José Luis Moreira - Banco Totta Luís Mira Amaral - Caixa Geral de Depósitos Mário Pinto - ChangePartners Rui Ferreira - Inter-Risco Infraestrutura Comercial e Profissional Carlos Moreira da Silva - Grupo SONAE Isolete Matos - Portucel Viana Vera Pires Coelho - Grupo Edifer Barreiras à Entrada Marta Lampreia - Eco Partner Miguel Duarte - Salsa - IVN Pedro Pissarra - Biotecnol Acesso a Infraestruturas Físicas Fernando Durão - Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento Leonardo Silva - BIC AIMinho Teresa Mendes - IPN - Instituto Pedro Nunes Vasco Varela - Taguspark Políticas Governamentais João Cravinho - Assembleia da República Luís Braga da Cruz - Enernova Luis Valente de Oliveira - AEP Marçal Grilo - Fundação Calouste Gulbenkian Programas Governamentais Godinho Almeida - IAPMEI Jaime Quesado - POSI Programa Operacional da Sociedade de Informação Joaquim Borges Gouveia - Agência de Inovação Ramoa Ribeiro - Fundação Ciência e Tecnologia Normas Culturais e Sociais Ana Bela Silva - APME - Associação Portuguesa das Mulheres Empresárias João Silveira Lobo - Jornal Público José António Girão - Universidade Nova Lisboa Educação e Formação Gonçalo Mauri - Egon Zhender Manuel Heitor - Instituto Superior Técnico Mário Raposo - Universidade da Beira Interior Paulo Pinho - Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa Pedro Saraiva - Universidade de Coimbra Transferência de Resultados de I&D António Cunha - Universidade do Minho Carlos Costa - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto José Empis - Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas Manuel Carrondo - Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica Rui Guimarães - COTEC Portugal Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 45 46 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 ANEXO III: REFERÊNCIAS - Accenture, “Liberating the Entrepreneurial Spirit”, 2002 - Burns, A.C. & Bush, R.F., “Marketing Research”, 2nd Edition, New Jersey: Prentice Hall, 1998 - Carree, M., A. van Stel, R. Thurik, S. Wennekers, “Economic Development and Business Ownership: An Analysis Using Data of 23 OECD Countries in the Period 1976-1996”, Small Business Economics, 2002, - Forum Económico Mundial, “Global Competitiveness Report 2004-2005”, 2004 - Global Entrepreneurship Monitor, “GEM 2001 Portugal Executive Report” 2001 - Global Entrepreneurship Monitor, “GEM 2001 Global Executive Report” 2001 - Global Entrepreneurship Monitor, “GEM 2002 Global Executive Report” 2002 - Global Entrepreneurship Monitor, “GEM 2003 Global Executive Report” 2003 - Kirzner, Israel, “Competition and Entrepreneurship”, the University of Chicago Press, 1973 - Kuznets, S., 'Modern Economic Growth', the New Haven: Yale University Press, 1966 - OCDE, Economic Survey - Portugal 2004: Key challenges and issues, 2004 - Nações Unidas, Classificação Padronizada de todas as Actividades Económicas, 3º Revisão. (http://unstats.un.org/unsd/cr/registry/regcst.asp?Cl=2) Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 47 48 Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004 The Global Entrepreneurship Monitor Projecto GEM Portugal 2004