Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Lato Sensu em Fisioterapia em Terapia Intensiva
ASSISTÊNCIA DOMICILIAR – HOME CARE:
CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS
Autor: Damiana Corado Damião
Orientador: Prof. Esp. Pedro Rodrigo Magalhães
Negreiros de Almeida
Brasília - DF
2011
ASSISTÊNCIA DOMICILIAR- HOME CARE:
CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS
Artigo científico apresentado ao Programa de
Pós-Graduação Lato Sensu em Fisioterapia em
Terapia Intensiva da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para a
obtenção do certificado de Especialista em
Terapia Intensiva.
Orientador: Prof. Pedro Rodrigo Magalhães
Negreiros de Almeida
Brasília
2011
ASSISTÊNCIA DOMICILIAR – HOME CARE:
CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS
Home Health Care - Features and Benefits
DAMIANA CORADO DAMIÃO
Resumo
O crescimento da assistência domiciliar no Brasil é recente, porém tem se tornado um
instrumento importante de atendimento nos últimos anos. Alguns aspectos sociais, éticos e
operacionais têm sido negligenciados e a literatura nacional é escassa em relação a essa
temática. A partir de uma revisão bibliográfica, o presente estudo, tem como objetivo relatar
aspectos sobre a Assistência Domiciliar – Home Care, com enfoque em seus benefícios. Para
a realização dessa pesquisa foram utilizadas referências disponíveis em bancos de dados da
Internet (Scielo, Bireme, PEDro, PubMed, Medline e Portal Capes), desses foram incluídos
ensaios clínicos randomizados e estudo de caso, websites, livros e revistas. Os principais
assuntos do presente artigo referem-se ao uso do Home Care como alternativa em saúde.
Como a literatura ainda é carente de estudos que comprovem esta utilização, o tema deve ser
colocado em evidência como objeto de pesquisa na atualidade.
Abstract
The growth of home health care in Brazil is recent but has become an important service in
recent years. Some of the social, ethical and operational concerns have been neglected and the
national literature is scarce in relation to this issue. From a literature review, this study aims to
present aspects of the Home Care - Home Care, focusing on its benefits. For this survey were
used references available on Internet databases (SciELO, BIREME, PEDro, PubMed, Medline
and Portal CAPES), these were included randomized controlled trials and case studies,
websites, books and magazines. The main subject of this article refer to the use of Home Care
as an alternative health. As the literature is lacking studies that prove this use, the theme
should be stressed as a research subject at present.
Introdução
Nos EUA (pioneiro nesta atividade), o hospital de Boston, em 1780, implantou a Assistência
Domiciliar (AD).
(1)
Porém, o home care, como forma organizada do cuidado, iniciou-se em
1947 nos EUA, onde foi montado um grupo de enfermeiros para desenvolver ações de saúde
em domicílio, mas somente na década de 1960 a idéia da “desospitalização precoce” ganhou
maior proporção, sendo então, levada a sério. (2)
No Brasil, o primeiro trabalho voltado a essa assistência, se deu há pouco mais de trinta anos,
no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. (19)
Para a medicina moderna, a AD é uma sequência de serviços residuais a serem oferecidos,
depois que o indivíduo já recebeu atendimentos primários e prévios, ou seja, aquele que já
recebeu atendimento primário com consequente diagnóstico e tratamento; como para as
pessoas cujas condições de saúde as desobrigam de manter-se sob um período maior de
internação hospitalar por apresentarem um quadro crônico debilitante. Nada mais justo que
um indivíduo com uma afecção crônica, que não mais precise ficar no hospital, beneficie-se
dos cuidados possíveis em seu domicílio. (2)
Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre a
assistência e atendimento domiciliar, Home Care - buscando avaliar os desfechos sugeridos
por esse assunto; descrever e discutir sua importância, além de nortear áreas potenciais para
futuras pesquisas sobre o assunto.
A assistência domiciliar (AD)
O termo AD é empregado no sentido amplo e genérico de home care, compreendendo uma
variedade de serviços realizados em domicílio e destinados ao suporte terapêutico do paciente.
Significando atendimento ambulatorial, visita ou internação domiciliar 24hs. (8)
A difusão desta modalidade de prestação de serviços ocorre tanto no setor privado
quanto no setor público, fazendo parte da pauta de discussão das políticas de saúde que,
pressionadas pelos altos custos das internações hospitalares, buscam saídas para uma melhor
utilização dos recursos financeiros. (4)
Estes serviços vão desde os cuidados pessoais de suas atividades de vida diária (higiene
íntima, alimentação, banho, locomoção e vestuário), cuidados com a medicação e realização
de curativos, cuidados com escaras e ostomias, pacientes dependentes de ventilação mecânica
invasiva ou não, até a nutrição enteral/parenteral, diálise, transfusão de hemoderivados,
quimioterapia e antibioticoterapia, com serviço médico e de enfermagem 24 horas/dia. (3)
Contando com uma equipe multidisciplinar, composta de médicos, enfermeiros,
fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos, farmacêuticos,
técnicos de enfermagem, terapeutas ocupacionais e cuidadores, para atender às necessidades
de cada paciente. (6)
A assistência domiciliar brasileira tem dois grupos distintos de empresas ou instituições. O
primeiro, compõe-se de empresas que prestam serviços segmentares, por exemplo: só
atendimento de enfermagem ou fisioterapia. O segundo engloba as empresas onde o
atendimento é multiprofissional, tratando o doente de forma integral e holística. (9)
Algumas empresas prestam também serviços chamados ‘suporte comunitário’ (atendentes
voluntários para realização de serviços de associações comunitárias, transporte e realização de
tarefas externas, como ida a um banco ou a uma farmácia). (3)
As empresas que fornecem o serviço podem oferecer todos os equipamentos, (cama,
ventilador mecânico...), aparelhos e medicamentos necessários, com intuito de melhorar as
condições clínicas, de conforto e bem-estar do paciente que não necessita mais de cuidados
hospitalares, e sim de atenção especializada domiciliar e afeto de seus entes. (11)
O atendimento domiciliar poderá acelerar a recuperação do paciente e promover redução dos
custos, sendo uma saída mais humana e econômica para os portadores de doenças crônicas, de
longa duração ou terminais. (16)
Os benefícios são: contribuir para a otimização dos leitos hospitalares e do atendimento
ambulatorial; reintegrar o paciente em seu núcleo familiar e de apoio; proporcionar assistência
humanizada e integral, por meio de uma maior aproximação da equipe de saúde com a
família; estimular uma maior participação do paciente e de sua família no tratamento
proposto; promover educação em saúde; ser um campo de ensino e pesquisa. (13)
Além de diminuição do risco de infecção hospitalar; prevenção e minimização de eventuais
sequelas; redução de internações por recidivas, entre outras. (5)
Os hospitais se beneficiam da AD, pois com isso, aumentam a rotatividade de seus leitos,
disponibilizando-os para doentes agudos, cirúrgicos e graves, que são os que proporcionam
maior lucratividade. Essa redução de custos hospitalares, alia-se à ausência de taxas, à
possibilidade de usar o Home Care como ferramenta de marketing, à otimização do uso dos
recursos à satisfação dos clientes. (7)
É um braço operacional estratégico, que necessita de novos investimentos, mas permite
direcionar melhor as equipes para atendimento de casos agudos. Trata-se de um conceito que
deve ser cada vez mais adotado e aperfeiçoado, no sentido de se tornar uma opção viável
dentro da Saúde Suplementar. (15)
Materiais e Métodos
Para a realização desta pesquisa, foram utilizadas referências disponíveis em bancos de dados
da Internet (Scielo, Bireme, PEDro, PubMed), foram pesquisados artigos publicados entre
1993 e 2008. Foram incluídos no estudo ensaios clínicos randomizados e estudo de caso,
fontes em revistas e websites relacionados ao tema. Foram excluídos as revisões
bibliográficas ou estudos não referentes ao Home Care.
As palavras-chaves e termos
utilizados para busca foram: assistência domiciliar, atendimento em domicílio, “home care
UTI”, “physiotherapy in intensive care”, história do home care, “hospital intensive care”,
vantagens e desvantagens da internação domiciliar e equipe multiprofissional em home care.
Resultados e Discussão
Atualmente, há muita discussão sobre a situação do sistema de saúde do Brasil. A assistência
domiciliar, sem dúvida, é uma realidade de trabalho que pode ajudar a sanar um pouco da
deficiência encontrada na assistência à saúde do país. Resgatou-se a grande importância do
cuidado prestado no domicílio e de um profissional de saúde mais atuante em todos os níveis
de assistência. (18)
Com essa modalidade, o profissional pode proporcionar não apenas cuidados ao cliente, mas
também realizar um intenso trabalho de educação com cuidadores e/ou
familiares, tornando-os aptos e seguros para continuidade do cuidado. (17)
Fica evidenciado que a tendência do mercado em direcionar-se para a AD é muito forte e
promete um campo vasto de trabalho para os profissionais de saúde. Para o sistema atual de
saúde é uma solução de baixo custo e com resultados surpreendentes, quer estejam enfocados
sistemas públicos ou privados de assistência. (12)
Vale a pena lembrar que grande parte dos pacientes que se dirigem para a AD é constituída de
pacientes crônicos e nosso país possui uma população idosa em expansão, o que é um prérequisito para estabelecer-se a necessidade de núcleos específicos de atendimento a essa
população. Infelizmente a maioria das empresas de saúde no Brasil ainda opta por atitudes
conservadoras de assistência médica exclusivamente ambulatorial ou hospitalar por
desconhecerem o grande potencial que é investir na medicina preventiva e o verdadeiro
benefício da internação domiciliar. (10)
Conclusão
Para tanto, diante do crescimento significativo do AD na última década, é preciso distinguir
programas que simplesmente aumentam a carga de cuidados nos domicílios, daqueles que se
preocupam com a qualidade de tais cuidados e com as consequências que podem resultar
deste tipo de abordagem. (14)
Deve ser ressaltado que a assistência domiciliária, quando realizada com responsabilidade,
competência e supervisão, pode trazer muitos benefícios ao cliente e à sua família. A
recuperação e a reabilitação podem ser realizadas de forma mais segura e eficaz,
proporcionando um cuidado embasado na realidade em que vive o cliente e, por conseguinte,
uma melhor avaliação de suas reais necessidades. (7)
Prestar assistência domiciliar não é apenas concretizar uma nova modalidade de assistência à
saúde mas, sim, tornar possível às pessoas experimentarem uma nova forma de atenção à
saúde, aliada a conhecimento e tecnologia. É realizar assistência baseada na realidade de cada
indivíduo, proporcionando cuidado individualizado e mais humanizado.
Referências bibliográficas
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idoso portador de doença crônica. [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de
Medicina/USP; 2001.
2) Ribeiro, CA. O programa de Home Care da Volkswagem do Brasil. Rev. Bras. H
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71(1):129-66, 1993.
4)
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Universidade Aberta da Terceira Idade, Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
2001.
6) Gordilho A, Sérgio J, Silvestre J, Ramos LR, Freire MPA, Espindola N, et al.Desafios
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Rio de Janeiro: Universidade Aberta da Terceira Idade, Universidade do Estado do
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(On-line, 19/04/01. http://www.gazetadopovo.com.br/jornal/).
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Paulo: Atheneu; 2000.
10) Revista MED On Line Virtual de Medicina- Volume 2, Número 7.
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2004; 12(5):721-6.
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URL: http://www.neadsaude.org.br/assdomiciliar_conceitos.htm
13) Duarte YAO, Diogo MJD. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São
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14) Pavarini SC, Neri AL. Compreendendo dependência, independência e autonomia no
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Atheneu; 2000. p. 49-69.
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16) Home care: possibilidade real em Saúde por Dr. George Schahin - 26/02/2010 -Em
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17) Dolben LW. Serviço de atendimento de enfermagem residencial. In: Duarte YAO,
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18) Andreoni S, Silva SH, Fernandes RAQ. Programa de assistência domiciliar do
Hospital Universitário de São Paulo. Rev. Med. HU-USP 1994;4:77-85.
19) Nakano CCU, Mende HCB, Pereira AHJAR, Nakano MV, Baldo R, Carvalho LG, et
al. Estudo da evolução clínica de pacientes em atendimento domiciliar: análise de 100
pacientes. Rev. Bras. Clin Terap 2001 março; 27(2):60-2.
20) NASSIF, MRG. Compêndio de Homeopatia. Robe Editorial, São Paulo, 1995.
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Damiana Corado Damião - Universidade Católica de Brasília