1 Introdução 1.1 A Implantação da Energia Elétrica e o surgimento da Geração Distribuída no Brasil Após conhecer a Energia Elétrica na Exposição de Filadélfia em 1876, D. Pedro II autorizou Thomas Edison a introduzir no Brasil os aparelhos por ele inventados. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA Em 1879 foi inaugurada a iluminação elétrica da Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro II (atual Central do Brasil). A iluminação era realizada por seis lâmpadas que eram alimentadas por dois dínamos. A partir deste ano, diversas importantes cidades do país implantaram suas redes elétricas, tendo como objetivo a iluminação. As primeiras redes eram supridas por geradores térmicos, até que em 1883 foi instalada a primeira usina hidroelétrica no país. Em 1890, a capacidade instalada das usinas brasileiras era de apenas 12 MW. A partir deste momento, ocorreram várias construções de novas usinas, principalmente de usinas hidroelétricas. No decorrer da década de 1910 aumenta o número de estabelecimentos comerciais, bem como o número de fábricas atendidas pela energia elétrica, que até então eram supridos pelo vapor. O crescente aumento do consumo de energia elétrica fez acelerar o ritmo de construção de centrais elétricas. Entre 1901 e 1910 foram construídas 77 novas unidades e até 1920 mais 164 unidades. Na década de 1920 iniciou-se a construção de centrais geradoras de maior porte. Neste período existiam centrais hidroelétricas de 50 e 60 HZ, sendo que a unificação da freqüência do país em 60 HZ ocorreu em 1964. Houve um grande aumento da demanda por energia elétrica entre 1930 e 1945, proveniente do crescimento industrial e do processo de urbanização. Para acompanhar este aumento de demanda o parque gerador ampliou sua potência 13 instalada de 778 MW para 1341 MW. Neste mesmo período iniciou-se um trabalho de interligação dos sistemas locais através de linhas de transmissão. A criação da Chesf em 15 de março de 1948 indicava a tendência de construção de usinas de grande porte [1]. Tais empreendimentos exigiriam a separação da geração e da distribuição. Até então os sistemas elétricos eram formados por pequenos geradores que atendiam as cargas de uma determinada região, através da própria rede de distribuição. Esta separação da geração e distribuição foi uma conseqüência da crescente demanda por energia elétrica, que exigiu a construção de grandes centrais geradoras. A grande maioria destas centrais estava afastada dos grandes centros de carga. Surge então a necessidade de transportar grandes blocos de energia através PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA de longas distâncias. A partir deste momento o sistema elétrico assumiu uma configuração que se mantém até os dias atuais: nestas grandes centrais geradoras ocorre a transformação do nível de tensão para que estas sejam conectadas as linhas de transmissão em alta tensão. Nas linhas, estes “blocos de energia” percorrem longas distâncias até chegarem às cargas, onde estão localizadas as subestações de distribuição que abaixam o nível de tensão para alimentar a rede de distribuição. Nos últimos anos, principalmente após o racionamento de energia elétrica ocorrido no início da década de 2000, em função da falta de oferta de energia elétrica, vem ganhando força a idéia de conectar geradores de menor porte diretamente na rede de distribuição. Surge então o conceito de “Geração Distribuída”. Da mesma forma que os grandes geradores, os geradores distribuídos podem ser supridos por diversas fontes primárias de energia, tais como: Eólica, Hídrica (Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH), Fotovoltaica, Biomassa e Cogeração. De uma forma geral, a conexão dos geradores distribuídos é realizada com o intuito de gerar energia e não de atuar em outras funções, tais como: controle de tensão, confiabilidade da rede, capacidade de reserva, etc. Entretanto, na prática 14 um gerador distribuído irá impactar no sistema de distribuição em todos os aspectos mencionados. 1.2 A Geração Distribuída no Mundo Analisando a implantação da Geração Distribuída (GD) no cenário mundial, podemos apontar alguns fatores que motivaram o investimento neste tipo de empreendimento. O primeiro fator que podemos citar é o fato destes geradores estarem localizados próximos às cargas. Isto é importante para proteger cargas sensíveis de distúrbios do sistema, propiciando a elas uma confiabilidade maior na PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA continuidade do fornecimento de energia elétrica. A possibilidade de alocar plantas de geração distribuída próximas aos consumidores, em muitas situações, também reduzirá os custos dos sistemas de distribuição e transmissão. Um segundo ponto a ser analisado é a questão ambiental. As plantas de geração distribuída são bem menores, o que torna mais fácil encontrar locais para instalá-las. O impacto ambiental de plantas de geração distribuída é bem menor que o impacto das grandes usinas, o que atende a necessidade de encontrar formas de gerar energia elétrica que tenham menor impacto ambiental [2]. Tudo isso tende a facilitar o processo de licenciamento ambiental, que no caso de grandes usinas pode ser um grande empecilho. O fator econômico também tem um grande peso neste processo. O investimento e o tempo necessários para construir uma planta de GD são bem menores, se comparados as grandes centrais geradoras. O risco do investimento financeiro nestes tipos de empreendimentos é menor. Por fim, analisaremos qual a motivação para implantação de GD, no que diz respeito ao planejamento de sistemas elétricos. A necessidade de aumentar a oferta de energia elétrica, no caso de países que sofrem com a escassez de energia elétrica e que correm o risco de sofrer eventuais racionamentos de energia, é um fator motivador para implantação de GD. Também deve ser levado em consideração que a decisão de instalar GD poderá ser uma forma de adiar ou 15 evitar investimentos na ampliação dos sistemas de distribuição e transmissão, fator este que pode motivar a implantação de GD no planejamento da expansão do sistema. Todos estes fatores apresentados incentivam a instalação de plantas de Geração Distribuída, e, conseqüentemente, vem aumentando cada vez mais o montante de energia gerada por Geração Distribuída, ao analisarmos o cenário internacional. A necessidade de dar acesso à rede de distribuição a qualquer empreendedor que queira instalar um gerador distribuído, trás a tona a necessidade do desenvolvimento de metodologias para gerenciar estas redes, de tal forma que mantenha os níveis adequados de segurança e qualidade. São diversos os aspectos que envolvem o gerenciamento destas redes que passaram de passivas para ativas: regulação do nível de tensão, ajuste de proteção, análise de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA distúrbios e problemas de interface. O estudo do impacto da GD em sistemas de distribuição é fundamental para que possa facilitar a sua integração aos sistemas elétricos. 1.3 O acesso ao sistema de distribuição Nesta seção, descrevem-se as regras para acessar o sistema de distribuição por parte dos geradores distribuídos usadas no Brasil. 1.3.1 As etapas do acesso Todo gerador distribuído deve respeitar as condições de acesso estabelecidas pelo Módulo 3 do PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica) [3]. O PRODIST estabelece as condições de conexão e uso do sistema de distribuição, definindo os critérios técnicos e operacionais, os requisitos de projeto, as informações, os dados e a implementação da conexão, aplicando-se aos novos acessantes bem como aos existentes. 16 Os procedimentos de acesso devem atender ao padrão de indicadores de desempenho e qualidade do serviço de distribuição, bem como as instalações de conexão devem atender aos requisitos técnicos e de qualidade. A implementação do acesso deve ser realizada adotando alternativas que levem em consideração a racionalização da expansão dos sistemas de distribuição e transmissão, observando o critério de menor custo global. Na avaliação técnica de acesso, a distribuidora deve observar o critério de menor custo global de investimentos. Seguindo este critério, entre as alternativas consideradas para a viabilização do acesso, deve ser escolhida a alternativa tecnicamente equivalente de menor custo de investimentos, considerando-se: a) As instalações de conexão de responsabilidade do acessante; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA b) As instalações decorrentes de reforços e ampliações no sistema elétrico; c) Os custos decorrentes das perdas elétricas no sistema. Para receber a autorização para se conectar ao sistema de distribuição, um gerador deve seguir quatro principais etapas de viabilização do acesso. A primeira delas é a Consulta de Acesso, que é formulada pelo acessante à acessada com o intuito de obter as informações necessárias para a realização dos estudos referentes ao acesso. A acessante pode, caso tenha interesse, indicar um ponto de conexão. Em seguida temos a Informação de Acesso, que deverá ser emitida pela acessada. Este documento deve conter a definição do ponto de conexão, baseada no critério de mínimo custo global, juntamente com as opções de conexão que foram analisadas e os respectivos custos. As características do sistema de distribuição acessado, os requisitos técnicos, padrões de desempenho, tarifas de uso, participação financeira e demais responsabilidades do acessante devem ser apresentadas neste documento. A terceira etapa é a Solicitação de Acesso, que é um requerimento formulado pelo acessante que deve conter o contrato de concessão, ato autorizativo ou registro; o projeto das instalações de conexão e demais dados solicitados ao acessante. Este requerimento solicita formalmente o acesso à rede de distribuição, com base na resposta recebida na informação de acesso. 17 A última etapa é o Parecer de Acesso, que é um documento formal e obrigatório apresentado pela acessada que deve conter as condições de acesso, compreendendo a conexão e o uso, e os requisitos técnicos que permitam a conexão das instalações do acessante, com os respectivos prazos. Tal documento também deve apresentar as seguintes informações: o Características do sistema de distribuição acessado e do ponto de conexão; o Obras e serviços necessários no sistema de distribuição, tanto as de responsabilidade do acessante quanto as de responsabilidade do acessado; o Participação financeira; o Modelos dos contratos a serem elaborados; o Tarifas de uso aplicáveis; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA o Responsabilidades do acessante. 1.3.2 Resoluções e decretos pertinentes ao tema Nesta seção serão apresentadas algumas das principais resoluções e decretos referentes ao tema. Algumas destas resoluções contém especificações técnicas sobre o funcionamento dos sistemas elétricos e também sobre a conexão de geradores à rede de distribuição, que deverão ser respeitadas em nossa análise. Outras apresentam definições e conceitos importantes sobre a Geração Distribuída. Todos eles são de grande importância para este trabalho. 1.3.2.1 Resolução Normativa No 343, de 9 de dezembro de 2008 [4]: Esta resolução estabelece procedimentos para registro, elaboração, aceite, análise, seleção e aprovação de projeto básico e para aproveitamento de potencial de energia hidráulica com características de Pequena Central Hidrelétrica – PCH. Ela determina quais documentos devem ser apresentados pelo acessante à ANEEL (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA), determina como deve ser 18 calculado o valor da garantia de registro, especifica como deve ser feito o projeto básico que será protocolado na ANEEL, bem como os critérios para aceitação e aprovação e determina, por fim, o processo de outorga de autorização. 1.3.2.2 Resolução No 652, de 9 de dezembro de 2003 [5]: Esta resolução estabelece os critérios para o enquadramento de aproveitamento hidrelétrico na condição de Pequena Central Hidrelétrica (PCH). Para que um aproveitamento seja enquadrado como PCH, ele deve possuir uma capacidade instalada superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW. Nesta mesma resolução também são especificados limites das dimensões do reservatório, para PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA enquadramento deste tipo de empreendimento. 1.3.2.3 Decreto No 2003, de 10 de setembro de 1996 [6] Este decreto regulamenta a produção de energia elétrica por Produtor Independente e por Autoprodutor e dá outras providências. Dentre outras coisas, ele determina a responsabilidade de pagamento dos custos pelo uso dos sistemas de distribuição e transmissão por parte dos produtores independentes e autoprodutores perante os concessionários e permissionários do serviço público de energia elétrica. 1.3.2.4 Resolução No 505, de 26 de novembro de 2001 [7] A Resolução 505 estabelece de forma atualizada e consolidada, as disposições relativas à conformidade dos níveis de tensão de energia elétrica em regime permanente. Dentre as diversas especificações desta norma, é importante ressaltar o ponto em que especifica os níveis de tensão adequados para pontos de entrega ou conexão, de uma rede de distribuição com tensão superior a 1 kV e inferior a 69 kV. Esta faixa de tensão abrange as linhas de distribuição de média 19 tensão, nas quais realizaremos todos os nossos testes. Segue abaixo a tabela 1.1 com as faixas de tensão citadas acima: Tabela 1.1: Níveis de tensão adequados para pontos de entrega de uma rede de distribuição com tensão superior a 1 kV e inferior a 69 kV Classificação da Tensão de Faixa de variação da Tensão de Leitura (TL) em Atendimento (TA) relação à Tensão Contratada (TC) Adequada 0,93 TC ≤ TL ≤ 1,05 TC Precária 0,90 TC ≤ TL < 0,93 TC Crítica TL < 0,90 TC ou TL >1,05 TC PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA 1.3.2.5 Resolução normativa Nº 247, de 21 de dezembro de 2006 [8] A resolução 247 estabelece as condições para a comercialização de energia elétrica, oriunda de empreendimentos de geração que utilizem fontes primárias incentivadas, com unidade ou conjunto de unidades consumidoras cuja carga seja maior ou igual a 500 kW. Esta resolução define o Contrato de conexão ao sistema de distribuição (CCD), o Contrato de conexão ao sistema de transmissão (CCT), o Contrato de uso do sistema de distribuição (CUSD) e o Contrato de uso do sistema de transmissão (CUST). Estabelece também a redução de 50% na tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD) para os seguintes empreendimentos: aproveitamentos de potencial hidráulico de potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW, destinados à produção independente ou autoprodução, mantidas as características de pequena central hidrelétrica; empreendimentos com potência instalada igual ou inferior a 1.000 kW e empreendimentos com base em fontes solar, eólica e biomassa, cuja potência instalada seja menor ou igual a 30.000 kW. 20 1.4 O impacto da Geração Distribuída nos sistemas de distribuição De uma forma geral, os sistemas de distribuição em média tensão operam de forma radial, sendo suprido por uma subestação que alimenta as linhas de distribuição que estão conectadas na mesma. As linhas atendem aos diversos consumidores da rede de distribuição, ou seja, até então apenas cargas se conectavam as redes de distribuição. Nesta configuração a subestação fica responsável por atender toda a demanda dos consumidores, e controlar o nível de tensão da rede. Com a conexão de Geradores Distribuídos na rede de distribuição, a subestação deixa de ser a única responsável por atender os consumidores, bem como haverá um impacto nos níveis de tensão da rede que não será mais controlado apenas pela subestação, a princípio [9]. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA A inserção de GD em uma rede de distribuição provavelmente provocará inversão do sentido do fluxo de potência em alguns trechos da rede, e dependendo da situação, poderá ocorrer inversão de fluxo até a subestação de distribuição. Portanto, a GD impactará na rede de distribuição em diversos aspectos. Nesta seção apresentaremos quatro pontos que sofrerão forte impacto em função da conexão geração distribuída. 1.4.1 Impacto nas perdas elétricas da rede de distribuição O gerador distribuído modifica a distribuição de fluxos de uma rede de distribuição. Portanto, podemos concluir que ele modificará também as perdas elétricas na rede. Esse tema é de grande interesse para as concessionárias, tendo em vista que quanto maior as perdas elétricas, maior será a quantidade de energia que não está sendo “vendida” ao consumidor, e, conseqüentemente o prejuízo da concessionária. A conexão do gerador na rede de distribuição pode provocar um aumento ou uma redução das perdas elétricas. Determinar se uma conexão irá aumentar ou reduzir as perdas não é trivial. Isto dependerá de diversos fatores, tais como: localização das maiores cargas da rede, taxa de penetração da GD (capacidade 21 instalada/carga total da rede) e distância elétrica entre o gerador e a subestação de distribuição. Só conseguiremos determinar a variação das perdas elétricas na rede após a realização de uma análise de fluxo de potência. 1.4.2 Impacto nos níveis de tensão da rede de distribuição No que diz respeito ao nível de tensão da rede de distribuição, o gerador distribuído provavelmente provocará alguma modificação. Um gerador pode impactar de forma positiva ou negativa nos níveis de tensão da rede. O real impacto deste gerador no nível de tensão da rede dependerá de diversos fatores, tais como: ponto de conexão na rede, carga da rede na qual ele se conectará, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA capacidade instalada do gerador, entre outros. Podemos considerar que ele terá um impacto positivo quando ele não provocar violações de tensão na rede de distribuição, tanto no sentido de aumentar quanto no sentido de reduzir a tensão. Além disso, um gerador distribuído pode contribuir para reduzir as violações dos limites de tensão da linha na qual ele está se conectando. Se considerarmos uma situação na qual ele se conecta em um ponto da rede com grande concentração de cargas ou na extremidade de uma linha muito longa, que apresente problemas de queda de tensão elevada, nestas situações provavelmente o gerador irá melhorar os níveis de tensão da rede. Um gerador terá um impacto negativo no nível de tensão de uma rede de distribuição quando sua conexão aumentar ou reduzir excessivamente a tensão, a ponto de provocar violações dos limites de tensão permitidos. A concessionária deve fornecer energia elétrica aos consumidores respeitando os níveis de tensão adequados estipulados pela ANEEL. A violação dos níveis de tensão expõe a concessionária a sofrer punições (inclusive com multas) por parte do agente regulador do sistema. Caso a conexão de um gerador provoque a violação dos níveis de tensão de uma determinada região, a responsabilidade por aquela ocorrência será única e exclusivamente da concessionária, portanto este é um ponto que tem que ser bem analisado previamente. 22 Ao realizar estudos sobre o impacto do gerador distribuído nos níveis de tensão da rede, deve ser dada uma atenção especial ao caso quando durante o período de carga leve da rede, o gerador distribuído estiver despachando sua capacidade máxima, nestas situações o fluxo de potência na rede poderá ficar totalmente invertido em direção à subestação. Este é o caso que tipicamente apresenta os maiores problemas para o controle de tensão. Caso seja detectado que o gerador distribuído provocará um afundamento de tensão, de tal forma que a faixa estipulada pela ANEEL seja violada, existem duas opções: escolher um outro ponto de conexão para aquele gerador ou analisar quais reforços (substituição de condutores, ampliação da subestação, duplicação de circuitos, entre outros) devem ser realizados na rede de distribuição para que, após a conexão do gerador, os níveis de tensão fiquem dentro da faixa adequada. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA Este segundo procedimento envolverá custos de reforço da rede. Estes custos podem ser de responsabilidade da concessionária ou podem ser repassados à acessada como custo de conexão à rede de distribuição, cada caso deve ser analisado individualmente. 1.4.3 O impacto nos índices de qualidade do fornecimento de energia elétrica No caso de desligamento do alimentador de distribuição, o gerador poderá atuar de forma ilhada, atendendo às cargas do alimentador, todas ou parte delas. Este tipo de operação deverá ser prevista no acordo operativo. O Acordo Operativo contempla os seguintes aspectos: especificação dos equipamentos e da configuração da conexão do acessante à Rede de Distribuição; determinação da forma de comunicação e troca de informações para realização do planejamento operativo, programação, coordenação e supervisão da operação e pós operação; programação de intervenções e desligamentos; procedimentos operacionais; segurança pessoal e as responsabilidades sobre manutenção e operação do ponto de conexão [3]. O item “procedimentos operacionais” trata da questão da operação ilhada. Neste caso, é especificado que o Acordo Operativo deve conter instruções para 23 operação em regime normal e em contingência e também as condições em que é admitido o ilhamento de centrais geradoras com parte do sistema de distribuição. Nas situações em que o gerador operar de forma ilhada, teremos um grupo de consumidores sendo atendidos pelo gerador distribuído. Considerando uma situação em que o alimentador de distribuição não possua geradores conectados, este grupo de consumidores ficaria desligado, sem fornecimento de energia elétrica. Neste caso ele terá um impacto positivo na confiabilidade da rede, inclusive reduzindo o impacto negativo que o desligamento provocaria nos índices de qualidade da rede. 1.4.4 Impacto na proteção da rede de distribuição PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA Ao considerarmos uma rede de distribuição radial, a GD pode inverter os fluxos de potência ao longo desta rede, ou pelo menos de parte dela. No caso de um curto-circuito na rede, passaremos a ter duas fontes de contribuição para o curto: a subestação e o gerador distribuído. Isto não ocorria anteriormente, quando tínhamos uma rede de distribuição radial, com uma fonte única de alimentação. Em uma rede de distribuição com uma fonte única de alimentação os equipamentos instalados ao longo de sua extensão possuíam um único ajuste de proteção para curtos a jusante. Dentre estes equipamentos, aqueles que estiverem instalados entre a subestação e o gerador, deverão receber dois grupos de ajuste de proteção: um para curtos a montante e outro para curto a jusante do equipamento. A conexão de geradores provocará uma modificação nos níveis de curto circuito da rede de distribuição, portanto, muito provavelmente também haverá a necessidade de refazer o ajuste de proteção já existente, para curtos a jusante do equipamento, dependendo da sua localização na rede de distribuição. Outro aspecto importante é que no caso de faltas nas instalações internas do gerador, a proteção deve estar ajustada para isolar o mesmo, tendo em vista que tal ocorrência pode vir a retirar toda a linha de distribuição de operação A operação ilhada do gerador distribuído pode ser permitida ou não, dependendo do que foi estipulado no acordo operativo entre as partes. Caso não seja permitido o ilhamento, a proteção deve ser ajustada para impedir que isso ocorra. 24 1.5 Organização dos capítulos Esta dissertação está organizada da seguinte forma: No primeiro capítulo apresentamos o histórico da geração distribuída no Brasil e no Mundo, os fatores que motivaram o desenvolvimento de plantas de geração distriuída e o seu impacto nos sistemas de distribuição. Fazemos também uma apresentação dos principais aspectos regulatórios que envolvem a conexão de geradores nos sistemas de distribuição. No segundo capítulo analisaremos alguns trabalhos sobre Geração Distribuída que foram importantes para o desenvolvimento desta dissertação. Neste capítulo apresentamos os fatores que motivaram o desenvolvimento desta PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA dissertação, bem como os seus objetivos. No terceiro capítulo apresentamos o modelo desenvolvido nesta dissertação. Primeiramente expomos as premissas consideradas e também a metodologia utilizada para o cálculo das perdas elétricas. Em seguida apresentamos o cálculo dos custos que serão considerados nesta análise, a função objetivo e suas restrições e por fim a modelagem do problema utilizando algoritmos genéticos. No quarto capítulo apresentaremos os testes realizados com a rede de 9 barras e a IEEE 34 barras. Analisaremos todos os custos envolvidos na conexão dos geradores distribuídos nestas duas redes. O quinto capítulo contém as conclusões do trabalho, no qual avaliamos de uma forma global os resultados obtidos com a otimização realizada pelo modelo proposto. Neste capítulo apresentaremos também as propostas de trabalhos futuros que possam ser realizados a partir desta dissertação. Por fim, esta dissertação contém 5 apêndices com informações ique complementam alguns pontos importantes deste trabalho. O apêndice 1 apresenta de forma sintética o método de Newton Raphson para resolução de problemas de fluxo de potência. O apêndice 2 explica o funcionamento do Método Nodal, que foi utilizado para calcular o custo dos investimentos na rede de distribuição. O apêndice 3 explica o funcionamento de um algoritmo genético, sua estrutura, os 25 operadores e o processo de otimização. Os apêndices 4 e 5 apresentam, respectivamente, os dados das redes de distribuição de 9 barras e IEEE 34 que PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812696/CA foram utilizadas como caso de estudo.