Uma introdução aos teoremas ergódicos não-comutativos 29o Colóquio Brasileiro de Matemática 25 de julho de 2013 Jairo Bochi Departamento de Matemática, PUC–Rio Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 1 / 39 OBJETIVOS Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 2 / 39 Teorema de Birkhoff Contexto: pΩ, µq “ espaço de probabilidade. T : Ω Ñ Ω transformação ergódica (preservando µ). Dada f : Ω Ñ R, definimos as somas de Birkhoff fn pωq :“ f pωq ` f pT ωq ` ¨ ¨ ¨ ` f pT n´1 ωq . Teorema Ergódico de Birkhoff (1931) Se f : Ω Ñ R é integrável então para µ-q.t.p. ω, fn pωq Ñ n ż f dµ quando n Ñ 8. Ou seja, as médias “temporais” de Birkhoff convergem à média “espacial”. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 3 / 39 Teorema Ergódico Subaditivo Uma sequência de funções (mensuráveis) fn : Ω Ñ R é chamada subaditiva se fn`m pωq ď fn pωq ` fm pT n ωq Exemplo: As médias de Birkhoff de uma função f (neste caso, vale igualdade). Teorema Ergódico Subaditivo de Kingman (1968) Seja tfn u é sequência subaditiva e f1` é integrável então para µ-q.t.p. ω, fn pωq Ñc n onde c “ inf n Jairo Bochi (PUC-Rio) 1 n ż quando n Ñ 8, fn dµ. Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 4 / 39 Versão não-comutativa do Birkhoff? Voltando ao Birkhoff, queremos substituir f : Ω Ñ R por g : Ω Ñ G , onde G é um grupo (ou semigrupo) – em geral, não comutativo. g será chamado cociclo. Há duas possibilidades para os “produtos de Birkhoff”: Ð gn pωq Ñ gn pωq :“ g pT n´1 ωq ¨ ¨ ¨ g pT ωqg pωq :“ g pωqg pT ωq ¨ ¨ ¨ g pT n´1 ωq “Identidades de cociclo”: Ð gn`m pωq Ñ gn`m pωq Jairo Bochi (PUC-Rio) Ð Ð “ gm pT n ωq ¨ gn pωq Ñ Ñ “ gn pωq ¨ gm pT n ωq Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 5 / 39 Assintótica dos produtos de Birkhoff? Ñ Ð Problema: obter informação “assintótica” sobre os produtos gn pωq, gn pωq, para q.t.p. ω. Evidentemente, o problema não está bem-posto. . . Vamos colocar mais estrutura: Em muitos casos, o (semi)grupo G age (digamos, à esquerda) de maneira natural em algum espaço H “mais simples”. Ou seja, há uma aplicação G ˆH ÑH pg , pq ÞÑ gp com as propriedades 1p “ p, pg1 g2 qp “ g1 pg2 pq. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 6 / 39 Produtos de Birkhoff agindo em um outro espaço `Ñ ˘ Em vez de tentar descrever a “assintótica” das sequências gn pωq ou `Ð ˘ gn pωq em G , faremos o seguinte: Fixamos um ponto qualquer p0 P H, e consideramos as sequências em H: ˘ ˘ `Ñ `Ð e gn pωq ¨ p0 . gn pωq ¨ p0 Então tentaremos obter informação “assintótica” (de pelo menos uma) dessas sequências, em termos da estrutura (linear, geométrica, . . . ) do espaço H. Obs.: A 1a sequência pode parecer mais natural (pois pode ser vista em termos de um skew-product). Porém veremos situações onde a 2a é mais natural. . . Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 7 / 39 Duas situações Consideraremos duas situações concretas: 1 2 Situação de Oseledets: G “ grupo de matrizes inversíveis d ˆ d, agindo em H “ Rd (por transformações lineares). Situação de Karlsson–Margulis: G “ grupo (ou semigrupo) agindo por isometrias (ou semicontrações) em certos espaços H. Ð Ñ Na 1a situação usaremos produtos do tipo gn , enquanto na 2a usaremos gn . Veremos ainda como relacionar as duas situações. (A idéia vem de Kaimanovich 1989). Obs.: Existem diversos outros “teoremas ergódicos não-comutativos”, inclusive alguns resultados bem recentes. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 8 / 39 COCICLOS DE ISOMETRIAS E O DRIFT Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 9 / 39 Cociclos de isometrias / semicontrações Seja pH, dq um espaço métrico. Suponha que G é grupo (resp. semigrupo) agindo em H por isometrias (resp. semicontrações), i.e., p, q P H g PG * ñ dpgp, gqq “ (resp. ď) dpp, qq Dadas aplicações T : pΩ, µq ý e g : Ω Ñ G , temos um cociclo de isometrias (resp. semicontrações). (Na situação de Birkhoff, G “ R age por isometrias em H “ R por g ¨ p :“ g ` p.) ˘ `Ñ Estudaremos propriedades assintóticas de sequências gn pωqp0 , onde p0 P H. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 10 / 39 Distância ao ponto de partida Fixado p0 P H e ω P Ω, seja, para n “ 0, 1, . . . , Ñ pn pωq :“ gn pωqp0 “ g pωqg pT ωq . . . g pT n´1 ωqp0 , dn pωq :“ dppn pωq, p0 q. Então a sequência pdn q é subaditiva, i.e., dn`m ď dn ` dm ˝ T n . p0 Ñ gn pωq¨ dn pωq pn pωq dm pT n ωq dn`m pωq ď dm pT n ωq (semicontr.) pn`m pωq pm pT n ωq Ñ gn pωq¨ Jairo Bochi (PUC-Rio) Fig. corrigida (Out/2015) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 11 / 39 Drift Impomos a hipótese de integrabilidade: ż dpp0 , g pωq ¨ p0 q dµpωq ă 8. Ω Aplicando o Teorema Ergódico Subaditivo de Kingman, obtemos α ě 0 tal que: dppn pωq, p0 q “ α para µ-q.t.p. ω P Ω. lim nÑ8 n Esse α é chamado o drift do cociclo de isometrias/semicontrações. Obs.: Tanto a hipótese de integrabilidade como o valor do drift não dependem da escolha do ponto-base p0 . (Exercício fácil.) Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 12 / 39 Um exemplo G “ grupo livre em 2 geradores a, b. H “ grafo de Cayley de G , com a distância natural ba b G age (à esquerda) em H por isometrias Ω “ pωn qně0 ;(cada ωn P ta, a´1 , b, b ´1 u T “ shift: pω0 , ω1 , . . . q ÞÑ pω1 , ω2 , . . . q g pωq “ isometria ω0 µ “ Bernoulli com pesos 1{4 ab 1 a´1 aba a a2 b ´1 p0 “ 1 Então a seq. pn pωq “ ω0 ω1 . . . ωn´1 é a trajetória de um passeio aleatório. Drift α “ 1{2 Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 13 / 39 ESCOLTA SUBLINEAR Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 14 / 39 Teorema de Karlsson e Margulis (1999) Seja T : pΩ, µq ý ergódica. Seja H um espaço métrico uniformemente convexo com curvatura nãopositiva no sentido de Busemann. Considere um cociclo g : Ω Ñ G , onde G é o semigrupo de semicontrações Ñ de H. Dado p0 P H, seja pn pωq :“ gn pωqp0 . Então para q.t.p. ω P Ω existe uma geodésica γω : r0, 8q Ñ H de velocidade α partindo de p0 tal que dpγω pnq, pn pωqq “ opnq. Ou seja, a geodésica γω “escolta sublinearmente” a sequência pn pωq: p1 p4 p2 p0 γω p3 p5 p6 Se α “ 0 então a “geodésica” γω p¨q é constante igual a p0 . Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 15 / 39 Exemplo No exemplo acima onde H “ árvore e tpn pωqun “ realização de um passeio aleatório, a geodésica γω : r0, 8q Ñ H é simplesmente um caminho injetivo partindo de 1 que percorre α “ meia aresta por unidade de tempo. ba b ab a´1 1 aba a a2 b ´1 Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 16 / 39 EXPLICANDO OS CONCEITOS GEOMÉTRICOS DO ENUNCIADO DO TEOREMA DE K & M Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 17 / 39 Curvatura em espaços métricos? Vamos definir um conceito “sintético” de “curvatura não-positiva” em certos espaços métricos, sem definir uma curvatura numérica. Esta definição será mais geral que a situação clássica de Geometria Diferencial (p.ex. Riemanniana.). Situação análoga: Convexidade de uma função f : I Ă R Ñ R. Definição sintética: f pp1 ´ tqp ` tqq ď p1 ´ tqf ppq ` tf pqq, @ p, q P I , t P r0, 1s. Definição analítica: f 2 ppq ě 0, @ p P I . Cada ponto de vista tem as suas vantagens. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 18 / 39 Espaços geodésicos Seja pH, dq espaço métrico completo e separável. Uma geodésica de velocidade c é uma curva γ : I Ñ H (onde I Ă R é um intervalo) dpγptq, γpsqq “ c|t ´ s| , @t, s P I . H é chamado espaço [unicamente] geodésico se quaisquer dois pontos distintos podem ser ligados por uma [único] segmento geodésico de velocidade unitária. Exemplo: R2 com a distância da soma (“Manhattan”) é espaço geodésico, mas não é unicamente geodésico. Obs.: Todo espaço unicamente geodésico é contrátil, e em particular, simplesmente conexo. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 19 / 39 Ponto médio Suponha que H é unicamente geodésico. Então dados dois pontos p, q P H, existe um único ponto médio mpq tal que 1 dpmpq , pq “ dpmpq , qq “ dpp, qq. 2 Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 20 / 39 Afastamento de geodésicas Suponha que H é separável, completo, e unicamente geodésico. Dizemos que H tem curvatura não-positiva (no sentido de Busemann global) se para todos p, q, r P H vale: 1 dpmpq , mpr q ď dpq, r q 2 q mpq p mpr r Equivalentemente, dadas duas geodésicas γ1 , γ2 : r0, `8q Ñ H (não necessariamente unitárias) partindo de um mesmo ponto p, a função 1 t P r0, `8q Ñ dpγ1 ptq, γ2 ptqq t é não-decrescente. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 21 / 39 Exemplos de espaços Busemann NPC 1) Uma árvore: 2) Plano hiperbólico Obs.: Supondo que H seja uma variedade Riemanniana completa e simplesmente conexa, então H é Busemann NPC se e somente se a curvatura seccional é ď 0 em todo ponto e em todo plano. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 22 / 39 Convexidade uniforme Um espaço de Banach é chamado uniformemente convexo se › › * ›x ` y › }x} “ }y } “ 1 › ď 1´δ. › @ǫ ą 0 Dδ ą 0 t.q. ñ › }x ´ y } ě ǫ 2 › Há uma definição de convexidade uniforme para espaços métricos unicamente geodésicos; porém, por ser mais técnica, não vamos enunciá-la. Obs.: Vale essa tal propriedade se H é CAT(0) ou, em particular, variedade Riemanniana completa simplesmente conexa de curvatura ď 0. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 23 / 39 Consequência da convexidade uniforme Se um triângulo é “fininho”, quer dizer, a desigualdade triangular é quase uma igualdade, então um de seus vértices está próximo de um lado: q p0 q̃ p1 Lema geométrico Para todo ǫ ą 0 podemos associar δ “ δpǫq de modo que limǫÑ0 δ “ 0 e vale o seguinte: Suponha p0 , p1 , q tais que 0 ď dpp0 , qq ` dpp1 , qq ´ dpp0 , p1 q ď ǫdpp0 , qq . Ñ Seja q̃ o ponto no raio geodésico Ý pÝ 0 p1 tal que dpq̃, p0 q “ dpq, p0 q. Então: dpq̃, qq ď δdpp0 , qq . Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 24 / 39 ESBOÇO DA PROVA DO TEOREMA K & M Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 25 / 39 Lema de Pliss tradicional O seguinte resultado é bastante usado em dinâmica não-uniformemente hiperbólica: Lema de Pliss (1972) Dados B ě α ą α ´ ǫ, existe θ ą 0 com as seguintes propriedades: Dada uma sequência finita ap0q “ 0, ap1q, ap2q, . . . , apNq tal que apj ` 1q ´ apjq ď B @j e apNq ě α, N existe ℓ ą θN e existem 0 ă n1 ă n2 ă ¨ ¨ ¨ ă nℓ ă N tais que apni q ´ apni ´ kq ě pα ´ ǫqk Jairo Bochi (PUC-Rio) @i , @k P r0, ni s . Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 26 / 39 Lema de Pliss Ergódico O único ingrediente “ergódico” da prova de K & M é o seguinte: Lema de Pliss Ergódico (K & M, 1999) Seja T : pΩ, µq ý ergódica. Seja tapn, ¨qunPN sequência subaditiva tal que ż ż 1 ap1, ¨q` ă `8 and α :“ inf apn, ¨q ą ´8. n n Então para quase todo ω P Ω, e para todo ǫ ą 0 existem k˚ “ k˚ pω, ǫq P N e uma subsequência n1 ă n2 ă n3 ă ¨ ¨ ¨ tais que: apni , ωq ´ apni ´ k, T k ωq ě pα ´ ǫqk @i , @k P rk˚ , ni s. Não é difícil deduzir o Kingman do LPE. Obs.: A prova do LPE (que não veremos aqui) é complicadinha, mas não usa “nada” (nem o Birkhoff!). Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 27 / 39 Lema de Pliss Ergódico Conclusão do LPE apni , ωq ´ apni ´ k, T k ωq ě pα ´ ǫqk @i , @k P rk˚ , ni s. apℓ, T ni ´ℓ ωq “ apni ´ k, T k ωq α´ ação n i l c in ǫ k˚ 0 ni ´ k ˚ ni ℓ :“ ni ´ k Exceto na região de largura k ˚ , o gráfico fica abaixo da reta. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 28 / 39 Esboço da prova do Teorema K & M Ñ Fixe p0 . Para cada k P N, seja pn pωq :“ gn pωqp0 , e seja γω,n : r0, 8q Ñ H geodésica tal que γω,n p0q “ p0 e γω,n pnq “ pn pωq. A geodésica γω : r0, 8q Ñ H será γω ptq “ limnÑ8 γω,n ptq. Dado t ą 0, temos que mostrar que a sequência tγn ptq “ γω,n ptqu é de Cauchy. Tome n ě k " t. Use a curvatura negativa à Busemann: γk γk pkq “ pk γk ptq p0 H hď γn ptq t k ¨H γn pkq γn Se mostrarmos que H “ opkq então h “ op1q, como desejado. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 29 / 39 Esboço da prova do Teorema K & M Consideramos a sequência subaditiva apk, ωq :“ dpp0 , pk pωqq. Seja ǫ ą 0 pequeno. Pela def. de drift, k " 1 ñ pα ´ ǫqk ď apk, ωq ď pα ` ǫqk Pelo Lema de Pliss Ergódico, n “ ni ě k ñ apn, ωq ´ apn ´ k, T k ωq ě pα ´ ǫqk. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 30 / 39 Esboço da prova do Teorema K & M Drift: pα ´ ǫqk ď apk, ωq ď pα ` ǫqk Pliss: apn, ωq ´ apn ´ k, T k ωq ě pα ´ ǫqk Considere o triângulo: “ apk, ωq ` D ´ apn, ωq pk pωq apk, ωq H p0 excesso desig. triang. ď apk, ωq ` apn ´ k, T k ωq ´ apn, ωq ď pα ` ǫqk ´ pα ´ ǫqk D pn pωq apn, ωq Semicontr. ñ D ď apn ´ k, T k ωq “ 2ǫk 2ǫ ď ¨apk, ωq α ´oǫn loomo ǫ1 O triângulo é ǫ1 -fino. Pelo Lema Geométrico (Convexidade Unif.), H ď δpǫ1 qapk, ωq ă δ1 k, δ1 ! 1. Como explicado antes, concluímos usando a Curvatura Negativa. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 31 / 39 APLICAÇÃO DO TEOREMA K & M A COCICLOS DE MATRIZES ou K & M ñ OSELEDETS Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 32 / 39 Teorema de Oseledets Teorema de Oseledets (unilateral), 1968 Seja T : pΩ, µq ý ergódica. Seja A : Ω Ñ GLpd, Rq satisfazendo a condição de integrabilidade log` }A˘1 } P L1 pµq. Então para q.t.p. ω P Ω existe Ppωq :“ lim nÑ8 ˆ´ ˙1{2n ¯˚ Ð A n pωq ¨ A n pωq Ð Observações: ( Ppωq P Posd :“ matrizes simétricas positivo-definidas . Os log’s dos autovalores de Ppωq são os exponentes de Lyapunov. A bandeira de Oseledets é obtida a partir dos autoespaços de Ppωq. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 33 / 39 Introduzindo uma ação Seja Qd o conjunto das formas quadráticas positivo-definidas f : Rd Ñ R. O grupo GLpd, Rq age à direita em Qd : Qd ˆ GLpd, Rq Ñ Qd pf , Lq ÞÑ f ˝ L Existe uma bijeção óbvia Qd Ø Posd com o conjunto das matrizes d ˆ d simétricas positivo-definidas. Conjugando com esta bijeção, e dualizando, obtemos a seguinte ação à esquerda de GLpd, Rq em Posd : GLpd, Rq ˆ Posd Ñ Posd pL, Pq ÞÑ rLsP :“ LPL˚ Obs.: O estabilizador da matriz Id é o grupo ortogonal Opdq. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 34 / 39 Geometrizando a ação Escolhemos uma métrica Riemanniana em TId Posd “ Symd que é invariante pela ação de Opdq, por exemplo: ÿ xS, T yId :“ trpST q “ sij tij i ,j Obs.: Também serviria xS, T yId “ trpST q ` ǫ trpSq trpT q (com ǫ » 0). Poderia ainda ser uma métrica Finsler Opdq-invariante (D muitas opções). Espalhamos a métrica em TId Posd para todo o fibrado tangente de Posd usando a ação. Pela Opdq-invariância, obtemos uma métrica Riemanniana bem definida. Agora GLpd, Rq age por isometrias. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 35 / 39 Geometria de Posd Fatos: 1 Posd tem curvatura não-positiva; 2 os raios geodésicos partindo da origem são da forma t P r0, 8q ÞÑ P t . Observações: O fato 2 acima diz que que a exponencial usual de matrizes exp : Symd Ñ Posd coincide com a exponencial da geometria Riemannniana. Os fatos acima valem para qualquer escolha da métrica invariante pela ação. Explicação (parcial): Apesar dessa escolha não ser única, por um teorema de Nomizu (1956) há uma única conexão invariante. A conexão determina as curvaturas seccionais e as geodésicas. Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 36 / 39 Reinterpretando Oseledets Oseledets afirma a existência do limite ¯1{2n ´ ´Ð ¯˚ Ð Ppωq :“ lim A n pωq ¨ A n pωq nÑ8 loooooooooomoooooooooon Ü Lembre a definição da ação rLsP :“ LPL˚ . Aí: ¯˚ ı ü ”´Ð “ A n pωq Id ”Ñ ı “ B n pωq Id, onde Bpωq :“ pApωqq˚ Ñ “ gn pωqp0 , onde g pωq :“ rBpωqs , p0 :“ Id loomoon isom. de Posd “ pn pωq . Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 37 / 39 Prova do Oseledets Ñ Considere o cociclo de isometrias g “ rA˚ s, e pn pωq :“ gn pωqId. Por K & M, para q.t.p. ω, D geodésica γ “ γω : r0, 8q Ñ Posd partindo de Id que escolta a sequência: dpγpnq, pn pωqq “ opnq. Essa geodésica é da forma γptq “ pPpωqq2t para algum Ppωq. ` ˘t{n Compare com a geodésica γ̃n ptq :“ pn pωq . Segue da propriedade de Busemann que γ̃n p1{2q Ñ γp1{2q, i.e., ppn pωqq1{2n Ñ Ppωq. Logo Ppωq é a matriz de Oseledets. Jairo Bochi (PUC-Rio) γ̃n γ̃n pnq “ pn pωq γ̃n p1{2q p0 opnq op1q γp1{2q Teoremas ergódicos não-comutativos γ γpnq 25/07/13 38 / 39 OBRIGADO! Jairo Bochi (PUC-Rio) Teoremas ergódicos não-comutativos 25/07/13 39 / 39