UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Felipe Marchi de Azevedo Rodrigo Cancoro Generali Educação não formal sobre meio ambiente: Informações visuais de locais de visitação pública São Paulo 2009 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FELIPE MARCHI DE AZEVEDO RODRIGO CANCORO GENERALI EDUCAÇÃO NÃO FORMAL SOBRE MEIO AMBIENTE: INFORMAÇÕES VISUAIS DE LOCAIS DE VISITAÇÃO PÚBLICA Monografia apresentada ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro São Paulo 2009 Dedicamos esse trabalho aos nossos pais, irmãos, amigos e professores que nos apoiaram durante todos esses anos. AGRADECIMENTOS Ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Aos Professores Adriano Monteiro de Castro, que além de professor durante todos os semestres de licenciatura também foi nosso orientador; Magda Medhat Pechliye; Rosana dos Santos Jordão, por nos ajudar durante toda a licenciatura e às professoras Amélia Vera Guimarães de Souza e Yur Maria e Souza Tedesco que aceitaram prontamente ser banca do nosso trabalho e também nos auxiliaram muito em nossa formação. Às pessoas que ajudaram para que o trabalho fosse concluído, como nossa amiga Bruna Mascaro Cordeiro, que nos auxiliou e acompanhou em todos os passos do trabalho, e todos os outros amigos e professores que nos deram dicas e conselhos. Aos amigos da licenciatura, que passaram por tudo que nós passamos, sempre nos apoiando e ajudando. E também aos amigos tanto da faculdade, quanto de fora, que nos compreenderam e ajudaram nessa fase complicada. RESUMO Esta pesquisa, de natureza qualitativa, teve como objetivo analisar, em locais previamente selecionados (Zoológico de São Paulo, Aquário de São Paulo, Jardim Botânico de São Paulo), as informações visuais veiculadas, quanto ao conteúdo e qualidade para a educação não formal em meio ambiente. Os procedimentos metodológicos consistiram na realização de fotografias das informações visuais encontradas nos locais abordados, as quais foram selecionadas e separadas com base em temas previamente escolhidos utilizando o referencial teórico consultado. O tratamento e análise dos dados apontaram, de uma maneira geral, que é possível realizar a visitação nos locais selecionados sem a necessidade de guias ou monitores e que as informações visuais apenas informativas são a maioria, as informações com tendência à educação ambiental não crítica aparecem em segundo lugar e por último as informações com tendência à educação ambiental crítica. Foi possível também observar uma quantidade muito grande de placas patrocinadas no Zoológico de São Paulo, e a discrepância na qualidade das mesmas, em comparação com as placas não patrocinadas do mesmo local. Palavras-chave: 1. educação ambiental. 2. espaços de visitação pública. 3. informações visuais. ABSTRACT This research, in its qualitative way, aimed to analyze, in previously selected places (Zoo of São Paulo, Aquarium of São Paulo, Botanical Garden of São Paulo) the visual informations broadcasted, as its content and quality for non-formal education in environment. The methodological procedures consisted in making photographs of the visual informations found in the chosen places, which were selected and separated based on the previously chosen themes using consulted academic references. The treatment and analysis of data showed, generally, that is possible to visit the chosen places with no need of guides and monitors, and that the visual informations only informative are most, the information tending to non-critical environmental education are in second place, and the information tending to critical environmental education are in last place. It was possible also to observe a lot of sponsored boards in the Zoo of São Paulo, and the discrepancy in its quality, comparing to the others boards without sponsorship from the same place. Key words: 1. environmental education. 2. public visitation places. 3. visual informations. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 8 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................... 10 2.1. Ensino e Aprendizagem............................................................. 10 2.2. Educação Não Formal................................................................ 11 2.3. Educação Ambiental e Meio Ambiente....................................... 14 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................. 19 4. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO.................................................. 20 4.1. Informações visuais com conteúdo apenas informativo............. 20 4.2. Informações visuais com conteúdo com tendência à educação ambiental não crítica.................................................................... 25 4.3. Informações visuais com conteúdo com tendência à educação ambiental crítica........................................................................... 31 4.4. Informações visuais patrocinadas............................................... 35 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 39 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 41 7. APÊNDICE A...............................................................................................43 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1..........................................................................................................21 Figura 2..........................................................................................................22 Figura 3..........................................................................................................23 Figura 4..........................................................................................................24 Figura 5..........................................................................................................24 Figura 6..........................................................................................................25 Figura 7..........................................................................................................26 Figura 8..........................................................................................................27 Figura 9..........................................................................................................28 Figura 10........................................................................................................29 Figura 11........................................................................................................30 Figura 12........................................................................................................30 Figura 13........................................................................................................31 Figura 14........................................................................................................32 Figura 15........................................................................................................33 Figura 16........................................................................................................34 Figura 17........................................................................................................35 Figura 18........................................................................................................36 Figura 19........................................................................................................37 Figura 20........................................................................................................38 Figura 21........................................................................................................43 Figura 22........................................................................................................44 Figura 23........................................................................................................45 Figura 24........................................................................................................46 Figura 25........................................................................................................47 Figura 26........................................................................................................48 Figura 27........................................................................................................49 Figura 28........................................................................................................50 Figura 29........................................................................................................51 Figura 30........................................................................................................52 Figura 31........................................................................................................53 Figura 32........................................................................................................54 8 1. INTRODUÇÃO Numa sociedade como a nossa, onde a mídia, principalmente visual, possui um papel de destaque no dia-a-dia da maioria das pessoas, a educação não formal se mostra cada vez mais importante para que os indivíduos aprendam a solucionar problemas coletivos do cotidiano e conheçam seus direitos enquanto cidadãos. Formar um cidadão, ou seja, uma pessoa com consciência de seus direitos e deveres dentro de uma sociedade, é muito importante na atualidade. Isso porque as populações estão cada vez mais consumistas, na sua grande maioria, sem preocupação com a sustentabilidade e com isso prejudicando não só muitas comunidades menos favorecidas, como também o meio ambiente. No censo de 2007, realizado pelo IBGE, a população brasileira foi estimada em mais de 183 milhões de habitantes, e só no estado de São Paulo são quase 40 milhões (IBGE). Com uma população tão grande é preciso buscar sempre novos modos de melhorar a educação de todos. Um modo muito interessante e de acesso mais facilitado é a educação não formal. Muitos autores trabalham na linha de pesquisa da educação não formal, entre eles Martha Marandino e Maria da Glória Gohn. Em suas pesquisas esses autores mostram a importância desse tipo de educação na formação da sociedade como um todo. Dentro desses assuntos de grande importância social se encontra a educação sobre o meio ambiente, uma vez que os problemas ambientais e a preocupação com o meio ambiente estão cada vez mais evidentes na atualidade. Portanto é importante verificar se os espaços de convivência pública, principalmente os que trabalham com elementos do meio ambiente, possuem em suas dependências informações visuais que abordem a educação não formal ambiental, e de que forma acontece essa abordagem e qual a importância da mesma para o local. 9 Assim, o objetivo do presente trabalho consistiu em analisar, em locais previamente selecionados (Zoológico de São Paulo, Aquário de São Paulo, Jardim Botânico de São Paulo), as informações visuais veiculadas quanto ao conteúdo e qualidade para a educação não formal em meio ambiente. 10 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Ensino e Aprendizagem A aprendizagem contribui para o desenvolvimento na medida em que aprender não é copiar ou reproduzir a realidade. Para a concepção construtivista, aprendemos quando somos capazes de elaborar uma representação pessoal sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretendemos aprender. Essa elaboração implica aproximar-se de tal objeto ou conteúdo com a finalidade de aprendê-lo; não se trata de uma aproximação vazia, a partir do nada, mas a partir das experiências, interesses e conhecimentos prévios. Nesse processo, não só modificamos o que já possuíamos, mas também interpretamos o novo de forma peculiar, para poder integrá-lo e torná-lo nosso (COLL e SOLÉ, 2006). A aprendizagem significativa ocorre a partir da construção de um significado próprio e pessoal para um objeto de conhecimento que existe objetivamente. Ela não é um processo que conduz à acumulação de novos conhecimentos, mas à integração, modificação, estabelecimento de relações e coordenação entre esquemas de conhecimento que já possuíamos dotados de certa estrutura e organização que varia, em vínculos e relações, a cada aprendizagem que realizamos (COLL e SOLÉ, 2006). É importante assinalar que o processo ensino/aprendizagem não pode prescindir da atitude de querer aprender, por parte de quem aprende. Esta se expressa através de uma disposição para relacionar, de maneira consistente e coerente, à sua estrutura cognitiva o novo conhecimento, Em outras palavras, não basta que o responsável por ensinar ache o assunto relevante e significativo. É necessário que o aprendiz chegue também a essa conclusão. Só assim ele estará em condições de se apropriar do conteúdo, reconstruindo-o na sua estrutura cognitiva. Portanto, um contexto educativo deve se preocupar em levar o aprendiz a compreender o sentido do conteúdo, qual a relação que ele tem com sua vida, com seu mundo e com a sociedade na qual está inserido (MOYSÉS, 2000). Segundo Coll e Solé (2006), convêm lembrar que os conteúdos estudados, sejam eles quais forem, já estão elaborados e fazem parte da cultura e do conhecimento, o que faz com que a construção dos alunos seja uma construção peculiar. Com efeito, constrói-se algo que já existe, o que naturalmente não impede 11 a construção – no sentido de atribuir significado pessoal, embora obrigue que ela se realize em um determinado sentido: justamente aquele que aponta à convenção social em relação aos conteúdo concreto. Para Krasilchik e Marandino (2004) a escola possui um papel muito importante na instrumentação dos indivíduos para a construção desse conhecimento científico, porém ela não tem condições de proporcionar toda essa informação científica para ocorrer a compreensão do mundo. Com isso é necessária a presença de outros espaços para suprir essa necessidade e promover a alfabetização científica na sociedade. A alfabetização científica, como tratada por Krasilchik e Marandino (2004), irá se processar nos diferentes espaços educativos vividos pelos indivíduos. Assim, espaços não formais serão igualmente importantes para a formação científica e, junto ao trabalho das escolas, contribuirão para o desenvolvimento de atitudes ambientalmente responsáveis. 2.2 . Educação Não Formal A educação é um direito fundamental para que todo ser humano tenha condições necessárias para usufruir do conjunto de bens e serviços disponíveis na sociedade. Entretanto esse direito vem sendo tratado como mercadoria, tornando o direito à educação em serviço prestado não só pelo Estado, mas também pelo mercado, descaracterizando aquilo que deve ser inerente a qualquer espaço educativo: um local de relações sociais, humanas e interpessoais (GADOTTI, 2005). O processo educativo pode ser dividido em duas possibilidades gerais: a educação formal e a educação não-formal. Para Gohn (2006) a educação formal caracteriza-se pelo trabalho dentro da escola, a partir de planejamentos do conteúdo a ser estudado, enquanto a educação não-formal é um processo para a formação do individuo dentro da sociedade, tornando-o capaz de fazer leituras do mundo sobre o que se passa ao seu redor, e esta educação é desenvolvida, principalmente, na mídia e pela mídia, principalmente a eletrônica. Os espaços educativos da educação não-formal estão ligados aos locais em que o individuo esteve presente ao longo de sua vida, fora da escola, e onde haja processos interativos intencionais, capazes de 12 abrir janelas de conhecimento sobre o mundo, sendo seus objetivos construídos ao longo do processo interativo. O mesmo pensamento de educação não-formal pode ser observado por Gadotti (2005), que a define como mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática, sendo esta definida como “extra-escolar”, designando assim um processo para a formação da cidadania, de capacitação para o trabalho, organização comunitária e de aprendizagem de conteúdos escolares em ambientes diferenciados, tornando os alunos capazes de conhecer, em benefício de todos, suas potencialidades e harmonizá-las. Já a educação formal tem suas diretrizes educacionais estruturadas em cima do currículo. Hoje os currículos interculturais devem reconhecer a informalidade, englobando todas as ações e relações da escola, conhecimentos científicos, saberes da humanidade e das comunidades, experiência imediata das pessoas e a conscientização. A brincadeira pode ser um bom exemplo de oportunidades de educação não formal e, assim, para a criança, o brincar se torna um momento de curiosidade, em que ela busca alternativas para encontrar soluções para possíveis problemas a serem enfrentados. E brincando com a ciência é possível verificar, em diferentes espaços, estimular a motivação e atitudes quanto sua participação no coletivo, a socialização e ao enriquecimento, não se compromissando com o currículo escolar ou em aprofundar conceitos científicos (MARANDINO et al., 1998). A cidade deve ser vista como um espaço marcado pela informalidade, descontinuidade e eventualidade, e caracteriza-se por um espaço de educação nãoformal pois é um ambiente de alta flexibilidade relacionada ao tempo, criação e recriação de seus múltiplos espaços. Com isso torna-se fundamental que a criança saia de casa, tendo a rua como um ambiente que a ela interessa muito, pois nela é possível construir suas próprias regras, podendo exceder seu direito de sujeito normativo, enquanto nas escolas essas regras já estão prontas. Para a cidade educar, é necessário atuar com o objetivo de formação para e pela cidadania, além, é claro, de manter suas funções tradicionais (econômica, social, política e de prestação de serviços) (GADOTTI, 2005). Marandino (2005) vê o museu como outro espaço de educação não formal, pois é um local de produção de saberes próprios, uma vez que propõe que os processos de transformação do conhecimento científico e divulgação do mesmo 13 sejam mais que apenas simplificações daquilo que é acadêmico . Por isso, as equipes elaboradoras desses locais devem atentar-se aos discursos utilizados e aos processos de transformação referentes à socialização do saber cientifico, sendo importante a cenarização dos espaços, com o propósito de entreter e interagir com os visitantes, favorecendo a aprendizagem e a reformulação de suas concepções anteriores. No âmbito específico da biologia, as abordagens de produções didáticas, em espaços não escolares, relacionam educação formal e não-formal e sua temática deve englobar aspectos não só biológicos, mas humanos. Tais abordagens podem ser: ao nível da organização da diversidade de espécies (variedade de táxons), genética (variedade de genes entre indivíduos, populações e táxons) e de ecossistemas (variedade de táxons e ambientes físicos nos quais se encontram); e abordagem evolutiva, considerando as dimensões de tempo e espaço, incluindo o próprio sujeito neste tempo e espaço (MARANDINO, 2005). Outros atributos da educação não-formal são ainda tratados por Gohn (2006), como não ser organizada por séries, idade e conteúdos, e, sobre o grupo, atua em aspectos subjetivos, trabalhando e formando sua cultura política, assim como a construção da identidade coletiva deste grupo. Fundamentando-se no critério da solidariedade e identificação de interesses comuns, este processo faz parte da construção da cidadania coletiva e pública do grupo. Como resultado, o desenvolvimento da educação não-formal nos traz uma serie de processos como, “a consciência e organização de como agir em grupos coletivos; construção e reconstrução de concepções de mundo e sobre o mundo; contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade; formar o individuo para a vida e suas adversidades (e não apenas capacitá-lo para entrar no mercado de trabalho); quando presente em programas com crianças ou jovens adolescentes a educação não-formal resgata o sentimento de valorização de si próprio (o que a mídia e os manuais de auto-ajuda denominam, simplificadamente, como a auto-estima); ou seja dá condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de auto-valorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutar para serem reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos), dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais, etc); os 14 indivíduos adquirem conhecimentos de sua própria prática, os indivíduos aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca” (GOHN, 2006). 2.3 . Educação Ambiental e Meio Ambiente A Educação Ambiental vem ganhando força nos dias atuais, como vemos nos meios de comunicação que nos alertam diariamente sobre os problemas ambientais que o Planeta Terra vem enfrentando, como aquecimento global, extinção em massa das espécies, esgotamento e má distribuição dos recursos etc. Tornou-se assunto obrigatório no processo de ensino nas escolas, sob a justificativa de contribuir para a formação de pessoas capazes de respeitar e participar das decisões da sociedade, afim de melhorar sua qualidade de vida e a de outras pessoas, conscientes sobre seu papel junto à natureza. Portanto, a Educação Ambiental é um termo historicamente convencionado para associar-se às práticas educativas relacionadas à questão ambiental. Sendo assim ela designa uma qualidade especial que define uma classe de características que, juntas, permitem o reconhecimento de sua identidade, diante de uma Educação que antes não era ambiental. Como importante marco histórico é possível destacar que o primeiro acordo internacional firmado sobre este tema ocorreu durante a Conferência Intergovernamental de Tbilisi sobre Educação Ambiental, em 1977, na Geórgia. Segundo a Declaração de Tbilisi (UNESCO, 1977), a educação ambiental deve abranger pessoas de todas a idades e de todos os níveis, no âmbito do ensino formal e não-formal. Os meios de comunicação social têm a grande responsabilidade de colocar seus enormes recursos a serviço dessa missão educativa. Os especialistas no assunto, e também aqueles cujas ações e decisões podem repercutir significativamente no meio ambiente, deverão receber, no decorrer da sua formação, os conhecimentos e atitudes necessárias, além de detectarem plenamente o sentido de suas responsabilidades nesse aspecto. Segundo Amorim (2005), as referências significativas na produção de sentidos para a educação ambiental são inspirações da Educação de forma mais ampla, sendo exemplo o conceito de liberdade, pedagogias da autonomia e da emancipação. A Educação Ambiental é povoada, então, de posturas, idéias e práticas que se referem às relações bastante fortes entre ações educativas, 15 condições sociais específicas e transformação da realidade (vida, sujeitos, sociedade, ideologias etc.). As fronteiras do conhecimento são desvendadas no âmbito escolar, podendo evidenciar fortemente os territórios do ensino de ciências, biologia, ecologia e geografia para direcionar os estudos da natureza, e, com isso, propõe o tema “meio ambiente” como uma possibilidade de síntese e organização dos conhecimentos escolares. Devido a essa proximidade entre as matérias é possível apostar na conscientização, emancipação e crítica como conseqüência desta construção de conhecimento, valores e ações nos quais a escola se fundamenta. Layrargues (2004) vai mais além e designa uma outra qualidade, ainda pouco expressiva entre os educadores ambientais, à educação ambiental, enfatizando ainda mais suas características, que se confunde àquilo que diversos autores, na atualidade, denominam como educação ambiental crítica. Carvalho (2004), além da vertente critica, categoriza a educação ambiental como popular, política, comunitária, formal, não formal, para o desenvolvimento sustentável, conservacionista, socioambiental, ao ar livre e para solução de problemas. Elas são como artefatos que são construídos dentro de uma dinâmica de forças culturais e sociais, poderes e contra-poderes, em que o destinatário se utiliza das ferramentas disponibilizadas para a construção de seu próprio artefato. A educação ambiental crítica tem suas raízes nos ideais democráticos e emancipatórios do pensamento crítico aplicado à educação, acrescentando a especificidade de compreender as relações sociedade-natureza e intervir sobre os problemas e conflitos ambientais. Com isso Carvalho (2004) acredita que o projeto político-pedagógico de uma educação ambiental critica seria um tipo de ação orientada por sensibilidades solidárias com o meio social e ambiental, tornando-se capaz de formar indivíduos e grupos sociais que identifiquem, problematizem e realizem ações em relação às questões socioambientais, sendo este o caminho da convergência entre mudança social e ambiental. A educação ambiental com um âmbito crítico, para Guimarães (2000), deve possibilitar a formação de pessoas com comportamentos relacionados à qualidade ambiental. Que busquem um modelo de sociedade que seja participativa na construção de um mundo justo e equilibrado ambientalmente. Seu discurso deve 16 trazer implícita a dicotomização entre teoria e prática, reflexão e ação; em que a ação deve associar-se aos limites, enquanto a reflexão deve proporcionar uma visão além desses limites. As compreensões desses limites devem surgir a partir do refletir e agir, além das possibilidades de flexibilização e superação. Sendo de fundamental importância que o educador priorize categorias como igualdade, solidariedade, participação crítica, a fim de antagonizar com o principio excludente do projeto dominante. Com isso a educação ambiental critica deve atrelar-se aos interesses das classes populares, pois estes buscam romper com as relações de desigualdade presentes na sociedade. O educador ambiental critico deve, no exercício de sua cidadania, atuar na formação de outros cidadãos, sendo então um agente formando novos agentes, para que estes contribuam no processo de transformação deste atual modelo de sociedade e da lógica dominante das mudanças em curso. Guimarães (2000) ainda afirma: “Uma educação ambiental crítica aponta para transformações radicais nas relações de produção, nas relações sociais, nas relações homemnatureza, na relação do homem com sua própria subjetividade, num processo de construção coletiva de uma ética, uma nova cultura, novos conhecimentos. Processos esses assumidos por sujeitos individuais e coletivos que desvelam a necessidade da construção de novo paradigma, um novo modelo de relacionamento com a natureza e de intervenção na história” (GUIMARÃES, 2000, p.84). A prática educativa utilizada na educação ambiental crítica trabalha a construção do conhecimento e não apenas a transmissão do mesmo, como diz Guimarães (2004). O autor ainda acredita que ela deve ser desenvolvida através de projetos além das quatro paredes da sala de aula, utilizando, portanto, espaços não formais de educação, mesmo porque, numa vertente crítica, há de se considerar os espaços sociais e ambientais que devem ser foco da ação transformadora humana ou que sofrem com essa ação. Estes pensamentos são semelhantes à concepção construtivista tratada por Coll e Solé (2006), em que só aprendemos quando somos capazes de elaborar uma representação pessoal sobre um conteúdo que queremos aprender ou sobre um objeto da realidade. E com isso acaba-se construindo um significado próprio e pessoal para esse objeto. 17 Outra qualidade, ou ramo, da educação ambiental é a Ecopedagogia, discorrida por Avanzi (2004), caracterizada como planetaridade, cidadania planetária, cotidianidade e pedagogia da demanda, sendo as duas ultimas como contribuintes para a formação de novos valores para uma sociedade sustentável. Segundo Gadotti (2000) “a Ecopedagogia não se opõe à educação ambiental. Ao contrário, para a ecopedagogia a educação ambiental é um pressuposto. A ecopedagogia incorpora-a e oferece estratégias, propostas e meios para a sua realização concreta”. A Ecopedagogia é um método educativo que vem se desenvolvendo, atualmente, como movimento social, pois seu surgimento esta relacionado à ação política de ONGs e outros movimentos da sociedade civil, como o que discutiu e elaborou a Carta da Terra1 durante o Fórum Internacional de Organizações não-governamentais no âmbito da ECO-92. Suas propostas são: construção de caminhos a partir de um fazer cotidiano e permanente, dando sentido ao que fazemos, inclusive compreendendo o sentido de muitas outras práticas; desencadear projetos pedagógicos abertos, criativos e dinâmicos; relacionar os sentimentos, emotividade e a imaginação entre seres humanos e a natureza e na elaboração de memórias do processo de aprendizagem, a partir de registros, por mais diversificados que sejam. Para Carvalho (2004) algumas formulações podem expressar possíveis pretensões de uma Educação Ambiental, como: promover a compreensão dos problemas socioambientais, tendo o ambiente inter-relacionado entre mundo natural e social, mediado por saberes locais, tradicionais e científicos, incluídos em múltiplas dimensões (geográficas, históricas, biológicas, sociais e subjetivas); transformação dos padrões de uso e distribuição dos bem ambientais, visando formas sustentáveis; possibilitar a identificação dos problemas e conflitos que afetam nosso ambiente, a partir de atitudes ecológicas; formação de uma cidadania ambiental; atuar no cotidiano escolar e não escolar, para que ocorra articulação entre escola e ambientes locais e regionais onde estão inseridas; e situar o educador como um mediador e coordenador, possibilitando novos processos de aprendizagens sociais, individuais e institucionais. 1 A Carta da Terra é é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de uma sociedade global no século XXI, que seja justa, sustentável e pacífica. O documento procura inspirar em todos os povos um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade compartilhada pelo bem-estar da família humana e do mundo em geral 18 Enfim, e de modo mais simples, é possível definir, adotando o pensamento de Dias (2004) que a Educação Ambiental é um processo permanente nos quais indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades experiências e determinação que os torna aptos para agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros. . 19 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente trabalho refere-se a uma pesquisa de natureza qualitativa, ou seja, voltada a analisar e discutir dados descritivos. Segundo Lüdke e André (1986), a obtenção desses dados pode se processar, dentre outras possibilidades, pela observação direta do espaço social estudado e, nesse tipo de pesquisa os dados são analisados a partir de um processo frequentemente indutivo, mas a partir do referencial teórico do estudo. Para a coleta de dados foram previamente selecionados três locais de visitação pública: Aquário de São Paulo; Jardim Botânico de São Paulo; Zoológico de São Paulo. Os motivos da escolha desses três locais são que todos possuem uma frequência muito grande de visitantes, podem ser visitados sem o auxílio de um monitor, possuem temas relacionados à biologia, à educação ambiental e ao meio ambiente e são espaços únicos dentro da cidade de São Paulo. Esses espaços foram visitados e foram realizados registros fotográficos das informações visuais encontradas nos mesmos. No Aquário as fotografias foram realizadas no dia 07/10/2009 e, no Jardim Botânico e no Zoológico, no dia 13/10/2009. As fotografias foram selecionadas e separadas por temas definidos a partir das leituras do referencial teórico do estudo: Informativas; Educação Ambiental Não Crítica; Educação Ambiental Crítica; e Placas Patrocinadas. Algumas das imagens foram destacadas como exemplos para a Análise dos Dados e Discussão, entretanto, no Apêndice A deste trabalho podem ser visualizadas outras imagens. 20 4. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO A análise dos dados será dividida em quatro grandes temas: informações visuais com conteúdo apenas informativo; informações visuais com conteúdo com tendência à educação ambiental não crítica; informações visuais com conteúdo com tendência à educação ambiental crítica; informações visuais patrocinadas. Dentro dessas divisões estão fotos que exemplifiquem os tipos de informações visuais encontradas nos três espaços visitados. Demais fotos, que reforçam esses exemplos dos sub-grupos se encontram nos anexos, utilizando também a mesma divisão. 4.1. Informações visuais com conteúdo apenas informativo As informações visuais informativas corresponderam à grande maioria das informações encontradas nos três espaços visitados. Desde placas informando o nome da “rua” interna do espaço, até placas informativas sobre os animais ou plantas que estavam ali indicados. Essa quantidade de placas informativas pode ter duas interpretações: O local visitado facilita na localização do que é mostrado e/ou o local não traz uma educação ambiental e de meio ambiente muito grande, apenas informações básicas sobre o que é encontrado. As duas afirmativas se aplicam em todos os locais visitados em proporções diferentes. Para Coll e Solé (2006) a aprendizagem significativa ocorre a partir da construção de um significado próprio e pessoal para um objeto de conhecimento que existe objetivamente, e não um acúmulo de conhecimentos. As informações visuais informativas não bastariam para uma aprendizagem nos termos aqui apresentados, porém são muito importantes para a proposta do trabalho. Isso porque com as placas informativas, os visitantes possuem mais autonomia para circular pelo local sem precisar da ajuda de monitores ou guias. Apenas seguindo placas e/ou mapas é possível transitar por esses locais, graças a essas informações visuais. Marandino (2005) defende que os espaços de educação não-formal devem apresentar uma cenarização, com o propósito de entreter e interagir com os 21 visitantes, favorecendo a aprendizagem e a reformulação de suas concepções anteriores. Essa cenarização está muito presente no aquário de São Paulo, tanto nos aquários quanto nos ambientes de passagem (Figura 1). Figura 1: Cenarização presente no Aquário O local mais complicado para a localização foi o zoológico de São Paulo, ele possuía placas informando os locais, mas existem algumas ruas pequenas e sem uma sinalização clara, o que dificulta a visita. O mapa é muito útil para isso, mas esse mapa individual é vendido a parte do ingresso na bilheteria, pelo valor de R$ 2,00. Esse é um problema, pois para o visitante possuir uma autonomia maior na visita, ele precisa comprar um mapa, além de pagar o ingresso. Outro problema desse tipo de informação visual no zoológico é a ênfase muito maior dada para as áreas onde se encontram as comidas. Esse é um problema muito grave, pois subjetivamente faz com que os visitantes prestem mais atenção nessa área e acabem tendendo ao consumo dentro do Zoológico. A informação da área de piquenique vem acima de todas e em destaque, ofuscando a informação dos animais encontrados no caminho (Figura 2). 22 Figura 2: Placa do Zoológico Em nenhum dos espaços analisados havia placas nos banheiros orientando para um consumo consciente de água. Isso é outro problema, pois ambientes dispostos a trabalhar com educação ambiental e de meio ambiente que não colocam em prática o que defendem acabam entrando em contradição, e perdendo assim um pouco da credibilidade. Quanto às lixeiras, o aquário de São Paulo não apresentava lixeiras separadas para lixo reciclável, era apenas um tipo de lixeira em todo o ambiente, um grande problema também, pois como no fato das informações ausentes no banheiro 23 acontece também a contradição. Já no Botânico e no Zoológico as lixeiras para reciclagem apareciam, porém apenas no Zoológico que elas possuíam informações visuais alertando os visitantes do que colocar em cada lixeira. No Botânico apenas as cores as diferenciavam, o que pode se tornar um problema, pois nem todos possuem o conhecimento de qual cor é cada tipo de lixo. A única placa observada em todos os locais analisados que apresentava algum tipo de preocupação com a acessibilidade para pessoas com deficiências foi no Jardim Botânico. Essa placa apresentava informações em braille para que os visitantes cegos pudessem ler a mesma (Figura 3). Isso é muito importante, pois são espaços de visitação pública e devem estar preparados para receber, orientar e ensinar a todos que for visitá-lo. Figura 3: Placa do Jardim Botânico Um fato interessante observado no Aquário e no Zoológico foi a presença de placas contendo informações religiosas, mais especificamente católicas. Esse fato chamou a atenção pois são locais que não possuem vínculos com instituições religiosas, e, mesmo assim, apresentaram esse tipo de informação (Figuras 4 e 5). 24 Figura 4: Placa do Aquário Figura 5: Placa do Zoológico 25 4.2. Informações visuais com conteúdo com tendência à educação ambiental não crítica Dentro desta categoria está grande número de informações visuais presentes em todos os ambientes, devido esses locais possuírem um numero muito grande de exemplares de espécies expostas para o público. Com isso é fundamental mostrar aos visitantes não só o nome popular do animal, nome científico, mas também algumas outras informações interessantes ao público, como onde são encontrados na natureza, hábitos alimentares e risco de extinção. A partir desses elementos caracterizamos a tendência à educação ambiental não critica, pois a partir dela podemos receber apenas informações específicas, mais voltadas à compreensão de relações ecológicas, à preservação e conservação, não abrangendo dimensões mais sociais e culturais, não proporcionando a construção de um pensamento critico. Na figura 6, fotografia registrada no Aquário, há informações lembrando o visitante da importância da água com um viés prioritariamente conservacionista. Figura 6: Adesivo colado no vidro de um aquário do Aquário de São Paulo Na escola, os conteúdos curriculares costumam ser subdivididos em territórios do ensino de ciências, biologia, ecologia. geografia etc. para direcionar os estudos da natureza. O meio ambiente pode, então, ser um tema que promova uma possibilidade de síntese e organização dos conhecimentos escolares, como diz Amorim (2005). A tentativa de abordar de maneira mais interdisciplinar o estudo do 26 meio ambiente pode ser vista no Jardim Botânico(Figura 7). Ao estudarmos alguns ambientes presentes no Brasil, como a mata atlântica é de fundamental importância que o aluno tenha o contato direto com esse ecossistema, e, a informação visual analisada, além de mostrar que o Jardim Botânico se encontra em uma área de mata atlântica, mostra que a região é a maior remanescente continua na cidade de são Paulo e passa mais algumas informações. Figura 7: Placa do Jardim Botânico 27 Figura 8: Detalhe da figura 7 Outras placas que visualizamos com tendência a educação ambiental não crítica foram as placas indicativas dos animais, na qual apareciam além do nome cientifico e popular do animal em questão, algumas curiosidades sobre o habitat do mesmo, entre outras. Nesta mesma tendência estão as placas informativas de lixo, presentes no zoológico, que além da indicação por cores, estão descritos os materiais que devem ser jogados na lixeira correta, como vimos na figura 9. Isso facilita ao visitante jogar corretamente seu lixo no local certo para a reciclagem, pois apesar de ser uma convenção as pessoas podem fazer confusões quanto as cores, dificultando o trabalho da coleta seletiva. Dentro desta mesma tendência há também informações do jardim botânico, de forma interativa, em que o público consegue rodar algumas partes do totem, e descobrir quais são as espécies em extinção presentes nele (Figura 10). 28 Figura 9: Adesivo da lixeira do Zoológico 29 Figura 10: Totem presente no Jardim Botânico 30 Figura 11: Detalhe da figura 10 A figura 12 mostra uma placa encontrada no Zoológico com tendência à educação ambiental não crítica, uma vez que traz informações mais específicas sobre o animal encontrado naquele recinto, porém não sensibiliza o visitante para compreender e intervir nos problemas e conflitos ambientais, como relata Carvalho (2004) sobre a educação ambiental crítica. Figura 12: Placa presente no Zoológico 31 Figura 13: Detalhe da figura 12 Segundo Dias (2004), a tomada de consciência sobre o meio ambiente e a aquisição de conhecimentos, valores, habilidades experiências e determinação que torne as pessoas aptas para agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros, é o objetivo de um trabalho de educação ambiental mais crítico. Nota-se que, nos exemplos destacados nas figuras anteriores, privilegia-se a aquisição de conhecimentos, mas não é possível assumir que exista um intento em contribuir na formação de habilidades e valores. Com isso pude-se notar que os três locais visitados possuem tendência à uma educação ambiental não critica, o que não invalida a importância das informações destacadas nas fotografias, já que esses ambientes não podem deixar de informar os visitantes sobre curiosidades das espécies em exposição, pois um dos motivos que leva as pessoas a frequentarem os locais é conhecer os animais e plantas e, aproveitando a oportunidade, informações sobre a preservação do meio ambiente também podem ser vinculadas. 4.3. Informações visuais com conteúdo com tendência à educação ambiental crítica A partir das visitas aos locais selecionados foi possível notar apenas poucas placas que continham informações com tendência para uma educação ambiental crítica. A educação ambiental crítica favorece a compreensão das relações sociedade-natureza e a construção de modos de intervir sobre os problemas e conflitos ambientais. Assim, é possível formar indivíduos e grupos sociais que identifiquem, problematizem e realizem ações em relação às questões 32 socioambientais, como diz Carvalho (2004). Como se pode ver na Figura 14, em que um pôster do Projeto Tietê mostra para os visitantes os problemas encontrados no rio que corta a cidade de São Paulo, alertando-os sobre alguns motivos pelos quais ele se encontra nessas condições, e dá algumas dicas de como o visitante pode ajudar. E A formação do sujeito humano enquanto ser individual e social, voltada para a mudança comportamental do individuo, pode ser vista nesta mesma figura, na qual coloca o individuo como integrante de uma sociedade maior, a Terra, e que é seu dever cuidar bem dela. Figura 14: Placa do Aquário A prática educativa utilizada na educação ambiental crítica, trabalha a construção do conhecimento e não apenas a transmissão do mesmo, como diz Guimarães (2004). A partir desta afirmação vemos algumas informações visuais que não apenas transmitem informações, como na Figura 15 e 16,que mostram problemas do óleo e das sacolas plásticas para o meio ambiente, mas além disso dá dicas de como se utilizar de forma consciente, como agir quando for aos supermercados para reduzir o consumo de sacolas e ainda relaciona-os com problemas de maior repercussão como o aquecimento global. Com isso estimula o visitante a construir e reconstruir conceitos e atitudes, tornando possível ao visitante que utilize seu senso crítico, a fim de ajudar a sociedade e meio ambiente. 33 Figura 15: Cartaz presente no Aquário 34 Figura 16: cartaz presente no Aquário Outro exemplo para a construção do conhecimento presente nas informações visuais são as placas que informam as espécies em extinção, que devem, além de mostrar que se trata de uma espécie ameaçada, indicar o motivo pelo qual ela se encontra hoje em perigo, e a partir dessa informação os visitantes podem repensar em algumas de suas atitudes que podem ter impactado sobre essa determinada espécie, e com isso repensar em sua forma de agir. Uma forma de sensibilizar o público a não jogar lixo na gaiola dos animais foi montar uma placa mostrando alguns objetos retirados de dentro das jaulas, que além de conter papeis, plásticos e copos, possuíam mamadeiras e brinquedos, com isso o visitante, ao ver esses objetos, trava contato com o resultado da ação humana sobre aqueles espaços, o que pode levá-lo a uma reflexão crítica sobre o tema (Figura 17). 35 Figura 17: Placa presente no Zoológico As informações visuais com tendência à educação ambiental crítica, acima exemplificadas, se encaixaram nesse contexto devido à preocupação em formar uma sociedade que participa na construção de um mundo com justiça e equilíbrio em relação ao meio ambiente, mostrando ações práticas, utilizando reflexão e ação, como defende Guimarães (2000). 4.4. Informações visuais patrocinadas Dentre os três espaços visitados, apenas dois deles apresentaram patrocínio nas informações visuais: o Jardim Botânico e o Jardim Zoológico. No primeiro foi encontrada apenas uma placa pequena com o patrocínio da GM (montadora de carros), já no segundo, a grande maioria das placas tinha patrocínio principalmente da Coca-Cola. As placas dos lixos apresentavam patrocínio da Novelis (empresa de alumínio). Também foi verificado que havia máquinas de refrigerante da Coca-Cola espalhadas por todo o zoológico. Também foi visualizado que os ambientes dos animais que possuíam o patrocínio de alguma empresa eram mais bem cuidados, já haviam passado por reformas recentes em comparação com os recintos não patrocinados. Para Gadotti (2005), a cidade deve funcionar como um local para educação, e para isso ela deve atuar para e pela cidadania. Complementando essa idéia, Gohn (2006) defende que o desenvolvimento da educação não-formal traz uma série de processos como, a consciência e organização de como agir em grupos coletivos, a 36 construção e reconstrução de concepções de mundo e sobre o mundo, a contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade, entre outros. Quando o Zoológico coloca na maioria das suas informações visuais a propaganda de uma empresa que visa o lucro acima de tudo e que possui produtos que não trazem benefícios para a saúde esse espaço vai contra as idéias defendidas pela educação não formal em meio ambiente. Isso porque essas informações visuais estão destacando e chamando atenção para uma informação que não atua para a formação de cidadania, muito menos visa conscientizar e organizar a ação em grupos coletivos, e inconscientemente leva a construção de um sentimento de identidade coletivo pelo produto mostrado nesses lugares. Um local que visa à educação ambiental, como mostra a figura 18, não pode dar tanta ênfase ao patrocinador, fazendo com que a placa de patrocínio seja maior que a placa do próprio animal (figura 19). Com essa atitude o zoológico não está desenvolvendo a consciência ecológica, como ele mesmo visa desenvolver. Figura 18: Placa presente no Zoológico 37 Figura 19: Placa presente no Zoológico Para Amorim (2005), em uma sociedade de consumo e de fragmentação do real as questões levantadas sobre a educação ambiental passam a criar sentidos quando esses valores consumistas são deixados de lado. Porém nas informações visuais encontradas o que se vê é o oposto dessas idéias defendidas, isso porque ela reforça o consumo e a fragmentação do real, e com isso desvia o foco da educação ambiental, fazendo a mesma não possuir um sentido verdadeiro. Outro fato que chama a atenção no Zoológico é a disparidade entre os recintos patrocinados, e os ainda não patrocinados. Os patrocinados são mais organizados, mais bonitos e chamam mais a atenção do público, já os não patrocinados são “abandonados”, alguns não apresentam nem placa informativa sobre o animal. Já o rinoceronte, que possui dois patrocinadores, apresenta duas placas com curiosidades, hábitos, etc. (figura 20). 38 Figura 20: Placas presentes no Zoológico O patrocínio é importante para a manutenção dos locais de visitação pública, pois os gastos nesses ambientes são muito grandes e para um melhor tratamento das espécies encontradas nesses espaços é necessária uma ajuda de custo. Porém deve-se levar em consideração, para a escolha desse patrocinador, uma empresa que não seja antagônica ao princípio do espaço, porque se for, como no caso analisado, as idéias de ambos entram em conflito, prejudicando a relação entre o espaço e seu visitante. Com isso a função de espaço não formal de educação acaba se diluindo, enfraquecendo assim seu potencial para a construção de conhecimentos, habilidades e valores que de fato contribuam para a formação de um cidadão consciente e capaz de adotar condutas ambientalmente responsáveis. 39 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o presente trabalho, foi possível concluir que é possível fazer as visitações nos espaços selecionados, sem o auxílio de um guia, apenas utilizando as informações visuais, e obter uma relação de ensino/aprendizagem, mesmo que essa relação não seja tão aprofundada. Também foi observado que nos três espaços existe um déficit em relação às informações visuais com tendência à educação ambiental crítica. Se essa tendência fosse mais presente nesses espaços, o ensino/aprendizagem seria mais válido, seguindo as teorias abordadas no construtivismo. Nos locais visitados foi possível notar que não houve uma preocupação em criar um senso critico nos visitantes, de forma que eles ao saírem dos estabelecimentos comecem a notar nas suas casas ou até mesmo na cidade alguns problemas que deveriam ser tratados com mais ênfase por esses lugares, e com isso muitas vezes passam batido no cotidiano das pessoas. Alguns projetos trabalhados pelos estabelecimentos são de suma importância, entretanto não há um incentivo ao público para que participem do mesmo ou que apenas façam sua parte em casa, no trabalho e na rua. No zoológico, onde há um fluxo de pessoas muito grande, principalmente crianças, as informações visuais com tendência à educação ambiental crítica são colocadas por seus patrocinadores, que visam mais colocar seu slogan que informações importantes em prol da sociedade e do meio ambiente. No Zoológico as informações de educação ambiental crítica eram passadas a partir de placas patrocinadas pela coca-cola, que estavam presentes somente nos animais que possuem um público grande de visitação, como girafa, rinoceronte, macacos e outros, no Jardim Botânico havia inclusive um roteiro para se fazer em que era possível conhecer todas as espécies em extinção presentes lá, e no meio do caminho algumas placas contando a história de algumas espécies, o motivo pelo qual se encontra em extinção e o que fazer para preservá-las, no aquário foi visto uma quantidade maior de informações com tendência à educação ambiental critica, a partir do Projeto Tiete, a Desplastificação e o Olhe o Óleo, que além de informar, instruem os visitantes de como agir diante desses problemas 40 É preciso melhorar esses espaços, quanto às informações visuais, porém as mesmas estão cumprindo, mesmo que minimamente, a proposta de um espaço para a educação não formal. 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, A. C. R. Educação. Encontros e caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. Edições MMA – Ministério do Meio Ambiente. Brasília. 2005. P.141- 148. AVANZI, M. R. Ecopedagogia. In: AVANZI, M. R. Identidades da educação ambiental brasileira. Edições MMA – Ministério do Meio Ambiente. Brasília. 2004. P.35-50. CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental Crítica: nomes e endereçamentos da educação. In: CARVALHO, I. C. M. Identidades da educação ambiental brasileira. Edições MMA – Ministério do Meio Ambiente. Brasília. 2004. p. 13-24. COLL, C.; SOLÉ, I. Os professores e a concepção construtivista, In: O Construtivismo na Sala de Aula – Editora Ática – 6º Edição – São Paulo, SP – 2006. DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2004. GADOTTI, M. Pedagogia da Terra: Ecopedagogia e educação sustentável. Pedagogia da Terra. São Paulo: Fundação Peirópolis, 2000. GADOTTI, M. A Questão da Educação Formal/Não-Formal. INSTITUT INTERNATIONAL DES DROITS DE L’ENFANT (IDE). Droit à l’éducation: solution àtous les problèmes ou problème sans solution? Sion (Suisse), 18 au 22 octobre, 2005 GOHN, M. G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14, n.50, p.27- 38, jan./mar. 2006. GUIMARÃES, M. Por uma educação ambiental critica. In: GUIMARÃES, M. Educação ambiental, no consenso um embate?. Ed. Papirus. Campinas - 2000. p 67 a 85. 42 GUIMARÃES, M. Educação Ambiental Crítica In: GUIMARÂES, M. Identidades da educação ambiental brasileira. Edições MMA – Ministério do Meio Ambiente. Brasília. 2004. p.25-34. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Dado sobre a população de São Paulo. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 29/09/09 às 10:30. KRASILCHIK, M.; MARANDINO, M. Ensino de Ciências e Cidadania. São Paulo: Moderna, 2004. 88p. LAYRARGUES, P. P. Apresentação: (Re) conhecendo a educação ambiental brasileira. In: LAYRARGUES, P. P. Identidades da educação ambiental brasileira. Edições MMA – Ministério do Meio Ambiente. Brasília. 2004. p.7-12 LÜDKE, M,; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MARANDINO, M. A pesquisa educacional e a produção de saberes nos museus de ciências. História, Ciência, Saúde - Manguinhos, vol 12. (suplemento). P.161-181. 2005. MARANDINO, M.; GOUVÊA, G.; AMARAL, D.P. A ciência, o brincar e os espaços não-formais de educação. 1998. MOYSÉS, L. – O Desafio de Saber Ensinar. Editora Papirus. 5ª Edição. São Paulo, SP. 2000. UNESCO. Declaração de Tbilisi sobre Educação Ambiental. Tbilisi, Geórgia, 1977. 43 7. APÊNDICE A – PRANCHAS COM EXEMPLOS DE PLACAS ENCONTRADAS 7.1. Informações visuais com conteúdo tendendo apenas ao informativo Figura 21: Informações visuais com conteúdo tendendo apenas ao informativo; Fotos 1, 2 e 5 – Aquário; Fotos 3, 4 e 6 – Zoológico. 44 Figura 22: Informações visuais com conteúdo tendendo apenas ao informativo; Foto 1 – Botânico; Fotos 2, 4, 5, 6, 7 – Aquário; Foto 3 – Zoológico. 45 Figura 23: Informações visuais com conteúdo tendendo apenas ao informativo; Fotos 1 e 4 – Aquário; Fotos 2, 5 e 7 – Botânico; Fotos 3 e 6 – Zoológico. 46 Figura 24: Informações visuais com conteúdo tendendo apenas ao informativo; Fotos 1, 3 e 4 – Zoológico; Fotos 2, 5, 6 e 7 – Botânico. 47 4.2. Informações visuais com conteúdo tendendo à educação ambiental não crítica Figura 25: Informações visuais com conteúdo tendendo à educação ambiental não crítica; Fotos 1, 2, 4 e 5 – Aquário; Foto 3 – Botânico; Foto 6 – Zoológico. 48 Figura 26: Informações visuais com conteúdo tendendo à educação ambiental não crítica; Fotos 1 e 4 – Botânico; Fotos 2 e 3 – Zoológico. 49 Figura 27: Informações visuais com conteúdo tendendo à educação ambiental não crítica; Fotos 1 e 3 – Botânico; Foto 2 – Zoológico. 50 4.3. Informações visuais com conteúdo tendendo à educação ambiental crítica Figura 28: Informações visuais com conteúdo tendendo à educação ambiental crítica; Fotos 1 e 3 – Aquário; Foto 2 – Zoológico; Fotos 4 e 5 – Botânico. 51 Figura 29: Informações visuais com conteúdo tendendo à educação ambiental crítica; Fotos 1, 2, 3 – Aquário; Fotos 4 e 5 – Botânico; Foto 6 – Zoológico. 52 Figura 30: Informações visuais com conteúdo tendendo à educação ambiental crítica; Todas as fotos são do Zoológico. 4.4. Informações visuais patrocinadas 53 Figura 31: Informações visuais patrocinadas; Todas as fotos são do Zoológico. 54 Figura 32: Informações visuais patrocinadas; Todas as fotos são do Zoológico com exceção da foto 6, que é do Botânico. 55 Estou ciente do conteúdo da Monografia “EDUCAÇÃO NÃO FORMAL SOBRE MEIO AMBIENTE: INFORMAÇÕES VISUAIS DE LOCAIS DE VISITAÇÃO PÚBLICA” _______________________________________________ Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro (Orientador – Universidade Presbiteriana Mackenzie) _________________________________________________ Felipe Marchi de Azevedo (Aluno – Código de Matrícula 3071521-0) _________________________________________________ Rodrigo Cancoro Generali (Aluno – Código de Matrícula 3075920-1) Trabalho a ser apresentado em: Novembro/2009