15/3/2008 Transferência de Calor – Modos de transferência INTRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS 1 Transferência de Calor – Modos de transferência Taxas e Fluxos q taxa de calor dQ/dt Vazão vazão q” dV/dt 1/A. q= (1/A). dQ/dt Vazão/A (1/A).dV/dt taxas fluxo v 2 1 15/3/2008 1a. Lei da Termodinâmica (na forma de taxas) Sistema Isolado e fechado ∆E = W + Q Para pequenas variações dividindo por dt 1a Lei na forma diferencial Unidades? dE = dW + dQ dE dW dQ = + dt dt dt E& = W& + Q& [ F ][ L] [T ] J =W s Aplicações da 1a. Lei da Termodinâmica. Havendo geração de calor E& = W& + Q& + Q& g Q& g E& = W& + q + q g Determinar o calor removido por uma corrente de ar que resfria uma barra cilíndrica condutora de eletricidade, L = 1m; r = 0,4Ω/m sabendo-se que i está entre 1 A a 10 A. 4 2 15/3/2008 E& = q g − q q g = Ri 2 Admitindo Tbarra constante: E& = Ri 2 − q 0 = 0,4i 2 − q 5 q(W) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0,0 0,4 1,6 3,6 6,4 10,0 14,4 19,6 25,6 32,4 40,0 q 50,0 40,0 q(watts) i (A) 30,0 20,0 10,0 0,0 0 5 10 15 i (amperes) 6 3 15/3/2008 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Da termodinâmica tem-se que a energia em trânsito, devido única e exclusivamente a existência de uma diferença de temperaturas, entre um sistema e o meio, é denominada calor. Transferência de calor: ciência que tem por objetivo analisar processos de transferência de energia na forma de calor e predizer a taxa de transferência de calor entre um sistema e o meio. 7 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Modos de transferência de calor: Condução Convecção Radiação 8 4 15/3/2008 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Condução Modo de transferência de calor em que a troca de energia entre a região de alta temperatura e a de baixa, ocorre pelo movimento cinético ou pelo impacto direto das moléculas, ou, pelo movimento dos elétrons, no caso dos metais. Sólidos bons condutores de energia elétrica são, usualmente, bons condutores de calor, por exemplo: cobre, prata, ouro,etc.. 9 Condução Condução como difusão de energia dT Q& = q = −kA dx dT ⇒ dx A⇒ gradiente de temperatura Área transversal perpendicular ao fluxo de calor 10 5 15/3/2008 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Condução - Lei da condução de calor Enunciada a partir de observações experimentais por Biot, mas recebe o nome do matemático Joseph Fourier. “A taxa de transferência de calor por condução, em uma dada direção, é proporcional à área normal à direção do fluxo de calor e ao gradiente de temperatura naquela direção.” dT Q& = q = −kA dx q′′ = q dT = −k A dx 11 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Lei da condução de calor q′′ = J q = = [W ] Taxa s q dT = −k A dx de transferência de calor: calor transferido por unidade de tempo entre o sistema e o meio. q ′′ [W/m² ] Fluxo de calor: calor transferido por unidade de tempo e por unidade de área entre o sistema e o meio. k [W/m K] Condutividade ou condutibilidade térmica do material. 12 6 15/3/2008 Lei da condução de calor q′′ = q dT = −k A dx 13 Condução Exemplo 1. A parede de um forno industrial é construída com tijolos refratários de espessura 0,15 m e condutividade térmica de 1,7 W/m.K. Medições realizadas durante a operação em regime estacionário apresentam temperaturas de 1400 K e 1150 K nas superfícies interna e externa ,respectivamente. Qual a taxa de perda de calor através de uma parede com 0,5 m por 1,2 em um lado? 14 7 15/3/2008 Condução Paredes planas, regime permanente, k cte. q x = cte q x = − kA q x = − kA qx A x2 T2 x1 T1 q x = − kA (T2 − T1 ) = −kA ∆T (x2 − x1 ) ∆x ∫ dx = −k ∫ dT ⇒ dT q ⇒ x dx = kdT dx A dT ⇒ dx qx (x2 − x1 ) = −k (T2 − T1 ) A x2 T2 q ∫x1 Ax dx = − T∫1kdT qx (x2 − x1 ) = −k (T2 − T1 ) A 15 Condução q x = − kA (T2 − T1 ) = −kA ∆T (x2 − x1 ) ∆x T = To − x qx kA 16 8 15/3/2008 Condução q x = − kA ∆T ∆x R.i = ∆U ⇒ i = ∆U R ∆U => força motriz ; R => resistência R.i = ∆U ⇒ q x = ∆T ∆U = L R kA R = L/(kA) => resistência térmica 17 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Condução Considere-se que o fenômeno de condução pode ocorrer em um espaço tridimensional. Usando o operador vetorial nabla r ∂ r ∂ r ∂ ∇=i + j +k ∂z ∂x ∂y r ∂T r ∂T r ∂T ∇T = i +j +k ∂x ∂y ∂z A Lei de Fourier pode ser escrita como: r ∂T r ∂T r ∂T r q q ′′ = = − k (i +j +k ) = − k∇T A ∂x ∂y ∂z 18 9 15/3/2008 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Condutibilidade térmica k =− qx A dT dx É uma propriedade de transporte do material; varia com a temperatura. 19 Condutibilidade térmica qx k =− A dT dx 20 10 15/3/2008 Condutibilidade térmica qx k =− A dT dx 21 Condutibilidade térmica Exemplo 2. Calcular a condutividade térmica e a resistência térmica de de uma lâmina de vidro de janela sabendo-se que quando a foi fornecida uma taxa de calor de 40 W a uma janela de 1 m de altura, 0,5 m de largura e 0,5 cm de espessura a temperatura interna foi de 24 oC e outra foi de 24,5 oC. T1=24,5 oC T2=24,0 oC 22 11 15/3/2008 Condutibilidade térmica k (T ) = k0 k (T ) = k0 (1 + βT ) Paredes planas, regime permanente, k cte. q x = cte 23 Condutibilidade térmica Exemplo 3. Um instrumento de medida pode ser representado por uma plana de aço inoxidável de 1 cm de altura e com uma base quadrada de 10 cm por 10 cm. Considerando que a placa esta em contato com uma superfície fria a 25 oC, qual deve ser a taxa máxima de dissipação de calor permitida ao instrumento para que a temperatura placa não ultrapasse 40 oC? W T = 15 oC 24 12 15/3/2008 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Convecção Modo de transferência de calor que ocorre, devido a diferença de temperatura, entre uma face de um material sólido e um fluido em movimento que esteja em contato com esta face. Se o movimento do fluido for induzido artificialmente, o processo é denominado convecção forçada. Se o movimento do fluido ocorrer devido a variações da sua densidade causada pela variação da sua temperatura, o processo é denominado convecção natural ou livre. 25 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Convecção 26 13 15/3/2008 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Convecção Lei de Newton do resfriamento: q = hA(Ts − T∞ ) q′′ = q = h(Ts − T∞ ) A onde: Ts é a temperatura da parede sólida, ºC. T∞ é a temperatura do fluido longe da parede sólida, ºC. h é o coeficiente de transferência de calor, W/m² ºC. 27 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Convecção O coeficiente de transferência de calor varia, por exemplo, com: Tipo de escoamento, laminar ou turbulento. Geometria do corpo. Propriedades físicas do fluido. Posição ao longo da superfície de troca de calor. Mecanismo, convecção forçada ou natural. Pode ser analiticamente determinado apenas para alguns casos especiais, corpos com geometria simples: placa plana lisa, 28 interior de um tubo circular. 14 15/3/2008 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Convecção 29 Convecção Exemplo 4. Uma barra longa, de material condutor, com diâmetro D e resistência elétrica por unidade de comprimento, re, encontra-se em equilíbrio térmico com o ar ambiente e sua vizinhança. Esse equilíbrio térmico é perturbado quando se faz passar uma corrente elétrica, i, pela barra. a) Determinar como varia a temperatura da barra com a passagem da corrente elétrica, sabendo-se que calor é removido por uma corrente de ar , com T∞ = 300K, que resfria a barra cilíndrica, cujo coeficiente de remoção de calor é 100 W/m2.K. b) Determinar a corrente máxima caso a temperatura máxima recomendada para operação do fio seja 60 oC. Considere ainda: L= 1m; D=1mm; re = 0,4Ω/m; ρCu =8933 kg/m3; cp = 385 J/kg.K que a corrente que i está entre 1 A a 10 A. 30 15 15/3/2008 Convecção E& = W& + q + q g 0 E& = W& + q − q g U& = q g − qconv dU = C P dT ⇒ ∆U = ∫ C dT P dU dT = CP dt dt ρπ conv mcp D 2 L dT D cp = re * i 2 − h2π L(T − T∞ ) 4 dt 2 dT = q g − qconv dt 31 Convecção ρπ D 2 L dT D cp = re * i 2 − h2π L(T − T∞ ) 4 dt 2 dT 4 * re * i 2 4 * h *π * D * L * (T − T∞ = − 2 dt π * ρ * D * L * c p π * ρ * D2 * L * cp dT 4 * re * i 2 4 * h * L * (T − T∞ ) = − 2 dt π * ρ * D * L * c p ρ * D * L *cp dT 4 * 0,4 * i 2 4 *100 *1* (T − 300) = − −3 2 dt π * 8933 * (1,0 *10 ) *1* 385 8933 *1,0 *10 −3 *1* 385 32 16 15/3/2008 Convecção dT = 0,1481* i 2 − 0,116 * (T − 300) Estado estacionário , T = cte dt 2 0 = 0,1481* i 2 − 0,116 * (T − 300) T = 0,1481* i + 0,116 * 300 0,116 T = 300 + 1,273 * i 2 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 5,1 5,2 5,5 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 T(K) 300,0 301,3 305,1 311,5 320,4 331,8 333,1 334,4 338,5 345,8 362,4 381,5 403,1 427,3 T(oC) 26,9 28,1 31,9 38,3 47,2 58,7 60,0 61,3 65,4 72,7 89,2 108,3 130,0 154,2 Txi 100,0 80,0 60,0 T i 40,0 20,0 0,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 i(A) 33 Convecção Exemplo 5. Um tubulação de vapor sem isolamento térmico passa através de uma sala onde o ar se encontra a 25 0C. O diâmetro do tubo é de 70 mm e a temperatura da superfície do tubo é 200 oC . Sabendose que o coeficiente de convecção natural é 15 W/m2.K, qual a taxa de calor perdida péla superfície? 34 17 15/3/2008 Radiação Todos os corpos emitem energia continuamente na forma de radiação térmica,devido à sua temperatura, ou seja, devido ao estado em que se encontram os átomos e moléculas que o constituem. Essa energia é emitida na forma de ondas eletromagnéticas. Essa emissão de energia não necessita de meio físico para propagação no espaço o que é o mesmo que dizer que não necessita de meio para a sua para a sua transferência de uma fonte a outra. A radiação térmica é constituída por ondas com certo comprimento de onda que caracterizam uma faixa, a região do infravermelho. Elas se propagam em linha reta e têm efeito importante quando diferenças de temperaturas muito grandes aparecem. Somente no vácuo a radiação a radiação térmica se propaga sem nenhuma atenuação. Radiação Térmica Etapas elementares na radiação: A energia térmica de uma fonte (quente, parede, forno, estrela) é convertida em energia eletromagnética; As ondas se propagam no espaço interveniente em linhas retas e atingem um objeto frio; As ondas eletromagnéticas atingem o corpo que as absorvem e se convertem em energia térmica ou calor;esse nível de energia adquirido, por sua vez, permite novamente a emissão de energia térmica. 18 15/3/2008 Radiação térmica Absorção de radiação. A radiação incidente sobre um corpo pode ser absorvida na forma de calor e/ou pode ser refletida de volta ao espaço. Para a maioria dos corpos envolvidos na Engenharia , os corpos são ditos opacos o que significa que parte da radiação incidente é refletida. Energia Absorvida Energia Re fletida E total + = Etotal Etotal Etotal α= E _ Abs E _ total α = absorvidade Radiação térmica Absorção de radiação. Os corpos são ditos semitransparentes quando parte da radiação incidente atravessa o material sem ser totalmente absorvida. α= E _ Abs E _ total 19 15/3/2008 Radiação térmica Corpo Negro O corpo negro é um corpo com capacidade absorção total da energia incidente não refletindo nenhuma fração da energia incidente. 0 α +β =1 absorvidade α = 1 α =1 Radiação térmica Corpo Negro Como o corpo negro não reflete nenhuma radiação, a energia absorvida é máxima o que leva a seu aquecimento(máximo). Dessa forma a emissão do corpo negro também será máxima emissão possível. Isso significa dizer que a radiação emitida pelo corpo negro é a máxima emissão de energia que um corpo pode realizar. 0 Energia emitida Energia refletida E _ emitida total + = E _ emitida _ total E _ emitida total E _ emitida total 0 ε +σ = 1 emissividade ε =1 Para o corpo negro α =ε =1 20 15/3/2008 Radiação térmica Emissão do corpo negro. Emissão de radiação - Lei de Stefan – Boltzmann A emissão máxima de radiação por unidade de superfície emissora de um corpo negro a temperatura T é dada por : q B" = σT 4 onde: T temperatura absoluta em Kelvin σ constante de Stefan –Boltzmann σ = 5,6697.10-8 W/m2.K4 Radiação térmica Corpo Cinza Os materiais apresentam características diferentes quanto a sua capacidade de absorver e refletir a radiação térmica . Os materiais utilizados em Engenharia são geralmente opacos , ou seja, absorvem e refletem a radiação térmica incidente em graus diferentes. Assim seu poder de absorção ou absorvidade, α, é menor que 1. Outros materiais são semitransparentes , ou seja, também transmitem a radiação incidente. É possível demonstrar que também para estes corpos, também denominados corpos cinza, a emissividade e a absovidade são iguais e dependem das características dos materiais e da tipo de radiação incidente e emitida . α =ε 21 15/3/2008 Radiação térmica Emissão do corpo cinza. A emissão máxima de radiação por unidade de superfície emissora de um corpo cinza a temperatura T é dada por : q " = εσT 4 onde: T temperatura absoluta em Kelvin σ constante de Stefan –Boltzmann σ = 5,6697.10-8 W/m2.K4 ε emissividade da superfície do corpo cinza que adquire valores entre zero e a unidade Radiação térmica Radiação Somente um corpo ideal denominado corpo negro pode emitir segundo esta equação; Eb é denominada emitância de um corpo negro. O fluxo de calor emitido por um corpo real é inferior ao de um corpo negro, e é dado por: q′′ = ε .Eb = ε .σT 4 Onde ε é a emissividade da superfície do corpo e adquire valores entre zero e a unidade. 44 22 15/3/2008 Radiação térmica Absorção de radiação O fluxo de radiação, absorvido por ele. ′ , qinc incidente sobre um corpo negro é completamente O fluxo de radiação incidente sobre um corpo real é parcialmente absorvido, O fluxo absorvido, q ′abs ′ , é dado por: O poder de absorção,∝, está compreendido entre zero e a unidade. ′′ = α .qinc ′′ qabs 45 Transferência de Calor - Introdução e conceitos básicos Taxa líquida de transferência de calor entre superfícies ′ = q′abs q = εσ Ts4 − Tviz4 A ( ) Usualmente o processo de cálculo é complexo. Caso particular: Troca líquida entre uma superfície pequena, cinzenta (ε=α), e outra muito maior que envolve completamente a menor. As superfícies são separadas por um gás que não exerce efeito sobre o processo de transferência de calor. 46 23 15/3/2008 Radiação Exemplo 5. Uma haste cilíndrica longa , aquecida eletricamente, é instalada em um forno a vácuo como indicado na figura. A superfície da haste tem uma emissividade de 0,9 e é mantida a 1000 K , enquanto as paredes internas do forno estão a 800 k. E o diametro externo da barra é uma polegada e seu compriento é 1 m , calcule a taxa líquida de transferência. 47 Referência Bibliográfica Básica: Frank P. Incropera, David P. DeWitt. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa. 45a. Ed.Rio de Janeiro:LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. 2002. 48 24