O DIÁRIO (Interpretação de Daniel 8:9-14; 11:31; 12:11 e II Tessal. 2:7 segundo a visão dos pioneiros) Referências: 1. John W. Peters, “The Mystery of the ‘Daily’”; www.temcat.com 2. Uriah Smith, “As Profecias de Daniel”, 2ª edição 1994, Edições ‘Vida Plena’, Itaquaquecetuba, SP) A PALAVRA ‘SACRIFÍCIO’ NÃO PERTENCE AO TEXTO “Então eu vi em relação ao “diário”, Dan. 8:11, que a palavra “sacrifício” foi suprida pela sabedoria humana, e não pertence ao texto; e que o Senhor deu a visão correta dele àqueles que deram o clamor da hora do juízo. Quando houve união, antes de 1844, quase todos estavam unidos na correta visão do “diário”, mas no desapontamento desde 1844, outros pontos de vista tem sido abraçados, e escuridão e confusão tem se seguido.” (Ellen White, Present Truth, november 1850; and Early Writings, pp. 74, 75). O QUE É O DIÁRIO? A visão de Daniel 8 apresenta o Carneiro (MedoPérsia) , o Bode (Grécia), o Chifre pequeno (fase pagã e fase papal). Todos têm uma característica em comum, denotada pela palavra hebraica “gadal”, cujo significado é “se engrandecer”, ou “se exaltar”. O Diário é o caráter de auto-exaltação do paganismo que vigorou na Medo-Pérsia, Grécia e Roma pagã, o qual foi transferido de Roma pagã para Roma papal. Os pioneiros da IASD até 1900, identificaram o diário (hattamid) tanto por paganismo como por Roma pagã. TRADUÇÃO DE DANIEL 8:9-14), (considerando o texto Masorético, em hebraico.) 9 - E de um deles ele (masculino) veio, um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra gloriosa. 10 – E ela (feminino) se engrandeceu até contra o exército do céu; e ela (feminino) fez cair por terra alguns do exército e algumas das estrelas, e os pisou. 11 – E até contra o Príncipe do exército ele (masculino) se exaltou. E dele (mimmennu) (masculino) foi erguido (rûm) o diário (hattamid = o contínuo) e o lugar de seu (masculino) santuário (miqdash) foi lançado por terra. 12 - Para ela (feminino) foi dado um exército contra o diário por meio de transgressão. E ela (feminino) lançou a verdade por terra, e ela trabalhou e prosperou. 13 - Então ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão, o diário e a transgressão assoladora, fazendo com que o santuário (qodesh) e o exército sejam pisados? 14 - E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardesmanhãs, então o santuário (qodesh) será purificado.” INTERPRETAÇÃO DO TEXTO • O Chifre pequeno, representando Roma, tem duas fases: 1) Roma pagã e 2) Roma papal. O gênero masculino, no texto, representa Roma pagã. O gênero feminino representa Roma papal. • No verso 11, o ‘Príncipe do exército’ é Cristo. A frase: ‘ele se exaltou’, refere-se a Roma pagã. Assim, ‘dele (do que se exaltou) foi erguido (rûm) o diário’, ou seja, o diário foi erguido, ou tomado, de Roma pagã, e não do Príncipe do exército. ‘O lugar do seu santuário (miqdash)’, refere-se a um santuário terrestre, isto é, à cidade de Roma. RELAÇÃO COM A HISTÓRIA “A Roma pagã se transformou na Roma papal. E o lugar de seu santuário, ou culto, a cidade de Roma, “foi lançada por terra”. A sede do governo foi removida por Constantino para Constantinopla em 330 dC. A mesma remoção é representada em Apocalipse 13:2, onde é dito que o dragão, ou Roma pagã, deu à besta, Roma papal, sua sede, a cidade de Roma.” (Uriah Smith, ‘As Profecias de Daniel’, p. 125.) “O Diário” e “o que o retém” II Tessalonissences 2:3,4,6 e 7 3 – Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, 4 – O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. 6 – E agora vós sabeis o que o detém, para que ao seu próprio tempo seja manifestado. 7 – Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado. Interpretação do Texto O homem do pecado devia ser revelado somente quando aquele que o retém fosse tirado do caminho. Quem era aquele que estava retendo, ou restringindo, o aparecimento do homem do pecado, isto é, o papado? Roma pagã, na pessoa do imperador, restringiu o surgimento do papado até que o Imperador de Roma voluntariamente transferiu a capital de Roma para Constantinopla em 330 dC, renunciando, assim, sua função de ‘restringidor’. Deste modo o Imperador foi ‘tirado do meio’ (II Tes. 2:7). Análise de Daniel 8:12 e 11:31 8:12 - Para ela (Roma papal) foi dado um exército contra o diário (forças pagãs) por meio de transgressão. E ela (Roma papal) lançou a verdade por terra, e ela trabalhou e prosperou. 11:31 – E sairão dele uns braços, que profanarão o santuário (miqdash), a fortaleza, e tirarão (sur) o contínuo, estabelecendo a abominação desoladora. RELAÇÃO COM A HISTÓRIA O ‘exército’, em Daniel 8:12, foi o exército de Clóvis, rei dos Francos, que lutou em favor da Igreja, após sua conversão ao cristianismo, no período de 496 dC a 508 dC. A batalha contra o contínuo, isto é, contra as forças pagãs que se opunham ao surgimento do papado, culminou em 508 dC com a sujeição de Arborici, as guarnições romanas do oriente, a Bretanha, os burgundos, e os visigodos (arianos). A ação conjunta da Igreja e do estado, primeiro com Clóvis entre 496–508 dC, e novamente com Justiniano de 533 a 538 dC é representada pela ‘transgressão’ em Daniel 8:12 e 13, que resultou na colocação da abominação desoladora, ou seja, o papado. Em Daniel 11:31, a palavra hebraica ‘miqdash’ (santuário) está relacionada a uma fortaleza militar, isto é, a Roma, a fortaleza do paganismo, e não ao santuário celestial. O saque de Roma pelos Godos e Vândalos resultou na queda do poder imperial do ocidente pela conquista de Roma por Odoacro. A tirada, ou remoção (sur) do contínuo, está associada com a ação de Clóvis em favor do papado, culminando em 508 dC. Análise de Daniel 8:13 e 14 13 - Então ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão, o diário e a transgressão assoladora, fazendo com que o santuário (qodesh) e o exército sejam pisados? 14 - E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardesmanhãs, então o santuário (qodesh) será purificado.” INTERPRETAÇÃO DO TEXTO • Associando o diário, ou contínuo, à “transgressão assoladora”, a construção da frase seria: “Até quando durará a visão [concernente] à assolação contínua e transgressão assoladora? Por “assolação contínua” devemos entender que significa o paganismo, através de toda a sua longa história. A “transgressão assoladora” significa o papado. (Uriah Smith, As Profecias de Daniel, p. 127) Interpretando Daniel 8:13 e 14 13 - Então ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão, o diário (paganismo) e a transgressão assoladora (Roma papal), fazendo com que o santuário (qodesh)(celestial) e o exército (povo de Deus) sejam pisados? 14 - E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardesmanhãs, então o santuário (qodesh) será purificado.” Enquanto a palavra hebraica “miqdash” refere-se sempre a um santuário terrestre, e, freqüentemente, pagão, a palavra hebraica “qodesh” tem sempre a conotação de um santuário sagrado associado com Deus, os Levitas, e o povo de Deus, que pode ser tanto terrestre quanto celestial. O contexto define a qual se refere. Os 2300 dias de Daniel 8:14, pode ser compreendido em conjunto com Daniel 9:24-26. Este período começou em 457 AC e terminou em 1844 DC. Portanto, o santuário de Daniel 8:14, só pode ser o celestial, no qual Cristo é ministro e Sumo sacerdote. (Hebreus 8:1 e 2 ) Daniel 12:11 e 12 11 - E desde o tempo em que o contínuo for tirado, e posta [ou para se estabelecer] a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias. 12 – Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias. Qual foi o tempo em que o paganismo romano (contínuo) foi tirado, e o papado (abominação desoladora) foi estabelecido? RELAÇÃO COM A HISTÓRIA “Ao nos aproximarmos do ano 508 dC , contemplamos uma grande crise amadurecendo entre o catolicismo e as influências pagãs ainda existentes no império. Até o tempo da conversão de Clóvis, rei da França, em 496 dC, a França e outras nações de Roma ocidental foram pagãs. Mas em seguida a esse evento, os esforços para converter idólatras ao romanismo foram coroados de grande êxito. A conversão de Clóvis dizse ter sido ocasião de conceder ao monarca francês os títulos de “Majestade Cristianíssima” e “Filho Mais Velho da Igreja”. Entre esse tempo e 508 dC, por alianças, capitulações e conquistas, os Arborici, as guarnições romanas do oriente, a Bretanha, os burgundos e os visigodos, foram postos em sujeição. Do tempo em que estes acontecimentos se realizaram plenamente, ou seja, 508 dC, o papado foi triunfante no que concerne ao paganismo, pois embora o último sem dúvida retardasse o progresso da fé católica, todavia não teve o poder, se teve disposição, de suprimir a fé e impedir os alicerces do pontífice romano. Quando as potências notáveis da Europa deixaram seu apego ao paganismo, foi só para perpetuar suas abominações em outra forma, pois o cristianismo, como é exposto na Igreja Católica, foi e é apenas paganismo batizado.” (Uriah Smith, As Profecias de Daniel, p. 208.) “Por estas evidências consideramos claro que o diário, ou o paganismo, foi tirado em 508 dC. Isto foi preparatório para a instituição ou estabelecimento do papado, que foi um evento separado e subseqüente.” (Idem, p. 211) Em 533 dC, o imperador Justiniano enviou uma carta ao bispo de Roma, em que sujeitava a ele todos os sacerdotes do oriente (Constantinopla), e considerava o bispo de Roma como “a cabeça de todas as santas Igrejas.” “Mas as provisões deste decreto não puderam ser efetuadas imediatamente, pois Roma e a Itália estavam dominadas pelos ostrogodos, que eram de fé ariana, e fortemente se opunham à religião de Justiniano e do Papa.” (Idem, p. 212. ) A direção da campanha contra os ostrogodos foi confiada a Belisário. Este entrou em Roma em 10 de dezembro de 536 dC, mas isto não foi o fim da luta, pois os godos, reunindo suas forças, resolveram disputar a posse da cidade por um cerco regular que começou em março de 537 dC. O período de um ano e nove dias, durante o qual durou o cerco, quase testemunhou a destruição da nação inteira. No mês de março de 538 dC, os godos levantaram o cerco, incendiaram suas tendas e retiraram-se em tumulto e confusão da cidade, com números que mal chegavam para preservar-lhes a existência como nação ou sua identidade como povo. Assim o chifre gótico, o último dos três, foi arrancado diante do chifre pequeno de Daniel 7:8. Nada agora estorvava o caminho do Papa impedindo-o de exercer o poder a ele confiado cinco anos antes por Justiniano. Os santos, os tempos e as leis estavam agora em suas mãos, não só na intenção, mas de fato. E este (ano 538) deve por isso ser tomado como o ano em que essa abominação foi colocada ou estabelecida, como ponto do qual datar os preditos 1260 anos de sua supremacia.” (Uriah Smith, As Profecias de Daniel, p. 213) Os 1260, 1290 e 1335 anos (Daniel 12:11 e 12) • Começo e término dos 1260 anos: 538 dC a 1798 dC • Começo e término dos 1290 anos: 508 dC a 1798 dC • Começo e término dos 1335 anos: 508 dC a 1843 dC Após 1844, não há mais nenhuma profecia bíblica com data marcada. “E o anjo... jurou por Aquele que vive para todo sempre... que não haveria mais tempo [profético].” (Apoc. 10:6, KJV) “Que ninguém procure arrancar os fundamentos de nossa fé os fundamentos que foram postos no começo de nosso trabalho pelo estudo da Palavra, com oração, e pela revelação. Sobre estes fundamentos temos construído nos últimos cinqüenta anos. Os homens podem supor que têm encontrado um novo caminho e que podem pôr um fundamento mais forte do que aquele que foi posto. Porém, isto é um grande engano. Outro fundamento o homem não pode colocar que aquele que tem sido posto.” (Testemunhos para a Igreja, vol. 8, p. 296 e 297; escrito por volta de 1903) OUTRAS INTERPRETAÇÕES DO DIÁRIO O autor Mervyn Maxwell, em seu livro “Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel”, página 162, interpreta Daniel 8:11 da seguinte forma: “Engrandeceu-se [o chifre pequeno] até ao Príncipe do exército; dEle tirou [do Príncipe do exército] o sacrificio costumado [isto é , o tamid ], e o lugar de Seu santuário foi deitado abaixo. Para Mervyn Maxwell, e também para a Igreja Adventista do Sétimo dia, o ‘contínuo’ é o permanente ministério sacerdotal de Jesus Cristo em nosso favor no santuário celestial. COMENTÁRIOS 1. Se o contínuo foi tirado do Príncipe do exército (Cristo), pelo papado, e o lugar de seu santuário (celestial) foi lançado por terra (8:11), então, segundo o verso 14, depois de 2300 dias (anos) este santuário seria purificado. Considerando que o papado começou a florescer por volta do ano 300 dC, então, 300 + 2300 = 2600 dC. (estamos no ano 2010!!) Isto anula o começo dos 2300 anos em 457 AC, e o começo dos 1290 anos em 508 dC. 2. Não houve nenhum dogma Papal em favor de Maria ou dos santos como mediadores entre Deus e os homens, no ano 508 dC. O papa João XXII instituiu a devoção à virgem Maria, o ‘Angelus’, somente no ano 1316 dC, enquanto que a última parte do ‘Angelus’ “Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte”, não pode ser constatada antes de 1507 dC... Outro fator ligado à intercessão e a expiação, segundo o modo de ver da igreja católica, é a confissão, que no ano 1215 dC, no 4º Concílio Laterano, fôra decretada obrigatória. (Araceli S. Mello, Testemunhos Históricos das Profecias de Daniel, p. 473) 3. Com essa interpretação, não é possível interpretar os 1290 dias de Daniel 12:11, e nem os 1335 dias de Daniel 12:12. Note o que o Autor Mervyn Maxwell escreveu: “Em Daniel 12:11 e 12, o Anjo fala a respeito de 1290 dias e das bênçãos que aguardam a pessoa que consegue chegar a 1335 dias. Uma vez que o Anjo não estabeleceu nenhum evento para o término dos 1290 dias, e nenhum evento para assinalar o fim ou o término dos 1335 dias, ainda não nos é possível estabelecer com certeza a maneira pela qual estas duas profecias temporais devem ser cumpridas.” (Mervyn Maxwell, Uma Nova Era Segundo As Profecias de Daniel, p. 319) 2ª INTERPRETAÇÃO • O diário é o sábado, e a remoção do diário, a lei dominical universal que será promulgada pelo último papa, que seria o ‘oitavo rei’ de Apocalipse 17:11. • Após o dia em que a lei dominical for promulgada na América, começam os dois períodos proféticos de Daniel 12:11 e 12. No final dos 1290 dias literais ocorrerá o decreto de morte; e no final dos 1335 dias literais, a voz de Deus anuncia a 2ª vinda de Cristo. • Quando a lei dominical se tornar universal, começam os 1260 dias proféticos, durante os quais reinará o oitavo rei de Apocalipse 17:10. Tanto os 1260 dias quanto os 1335 dias terminarão no dia em que Deus anunciar a 2ª vinda de Cristo. COMENTÁRIOS Esta interpretação satisfaz àqueles que gostam de marcar datas para os acontecimentos futuros. Isto, naturalmente, contraria Mateus 24:36 e I Tessal. 5:2. “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite.” FIM