METODOLOGIA DE MEDIÇÂO DAS EXTENSÕES DOS RIOS AMAZONAS E NILO UTILIZANDO IMAGENS MODIS E GEOCOVER P.R. Martini ; V. Duarte; E. Arai; +J.A. Moraes Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Av. Dos Astronautas 1759 - Jardim da Granja São José dos Campos SP CEP 12227-010-Brasil Fax 5512.3945.6488 Fone 5512.3945.6470 <martini,valdete,[email protected]> +In Memoriam. Abstract. A method to measure the lengths of rivers supported by Remote Sensing data and GIS processing is presented. The sources of information are the images collected by TERRA Polar Platform through the MODIS Sensor and the ortho-rectified GEOCOVER mosaics generated from the ETM+ Sensor onboard the LANDSAT-7 Satellite. The software to undertake the interpretation and the measurements is SPRING. TERRA and GEOCOVER products are available at no costs by NASA and SPRING can be downloaded from INPE at no costs as well. The procedures of photo-interpretation are based on a special routine available in SPRING known as Raster Edition. The routine allows the analyst to edit the interpretation directly in the display of the monitor. Within these parameters the method can be applied to any river of the planet as long as images free-of-clouds are available. Amazon and the Nile were selected because they are the longest river yet mapped through traditional methods. The results indicate that measurements obtained through MODIS and GEOCOVER match quite well as they lay within a linear error smaller than a MODIS pixel (250 meters) for a distance greater then 6900 kilometers. Results also show that the Amazon measures 6,992.15 kilometers and the Nile extends for 6,852.06 following their longest channels. The method indicates that the Amazon River is 140.09 kilometers longer than the Nile. 1. Introdução. Estudos sobre o Rio Amazonas como agente paisagístico planetário tiveram inicio nos primórdios da década de 90 do século XX. Tendo como base dados de Sensoriamento Remoto Orbital, Martini e Garcia (1996), usando a assinatura espectral das águas brancas do Rio Amazonas, descreveram o papel erosivo do Rio frente aos Andes, carregando sedimentos de origem vulcânica do altiplano para o Oceano Atlântico. Erosão, transporte, sedimentação e padrão espectral das águas do Rio Amazonas foram temas imediatos do Projeto Amazing Amazon. Analisando a origem mais distante das vertentes do Amazonas no sul do Peru, os autores sugeriram que o Rio Amazonas, quantitativamente, poderia ser o rio mais longo do planeta. A falta de base de dados cartograficamente corretos e suficientemente regionais para tomar medidas precisas impediam definir procedimentos que pudessem averbá-las confiantemente. O advento de mosaicos regionais ortorretificados bem como de imagens de satélites com visada ampla além de procedimentos de interpretação suportados por computador, criaram um novo limiar tecnológico para estudos quantitativos regionais. Neste enlace citam-se os mosaicos GEOCOVER, as imagens MODIS, as imagens CBERS e a ferramenta SPRING. O uso integrado destes produtos permitiu que uma metodologia fosse criada e exercida em abordagens quantitativas de grande escala. Este artigo trata da forma como foram estudados e avaliados dois dos maiores agentes paisagísticos do planeta, os rios Amazonas e Nilo, tendo como bases tecnológicas o Sensoriamento Remoto e o Geoprocessamento. 2. Os Dados e a Ferramenta. Os dados de Sensoriamento Remoto utilizados neste trabalho são propositalmente apenas aqueles denominados públicos, disponibilizados livres de custos, mas de qualidade geométrica e espectral adequadas para os propósitos deste trabalho. A ferramenta, dotada do mesmo conceito público, permite a agregação do conhecimento cientifico do fotointérprete na classificação rotineira do algoritmo. As imagens utilizadas são produtos que podem ser baixados, via rede, dos arquivos brasileiros e americanos. Os mosaicos GEOCOVER podem ser baixados de http://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid. Imagens TERRA-MODIS são disponibilizadas diariamente em nível global a partir www.cr.usgs.gov/pub/imswelcome/. As imagens CBERS referentes 75% da America do Sul podem também ser baixadas livres de custos via www.dgi.inpe.br/catalogo. A ferramenta SPRING liderou de forma pioneira a distribuição gratuita de GIS orientado para usuários incluindo em seu estofo a edição matricial, elemento chave deste trabalho. A ferramenta pode ser baixada sem custos a partir de www.dpi.inpe.br 3. Procedimentos Metodológicos. A seqüência de atividades se iniciou pela conversão da projeção cartográfica (Sinusoidal para Geográfica) e formato (HDF para Geotiff) das imagens MODIS, realizando o casamento com os mosaicos GEOCOVER ortorretificados. A verificação da qualidade do produto MODIS georeferenciado foi feita lançando-se sobre imagem MODIS vetores ortorretificados de limites estaduais gerados pela FIBGE - Fundação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A sobreposição ficou perfeita o que indicou a ótima qualidade cartográfica do produto MODIS (Figura 1). Figura 1: Imagem MODIS com o vetor ortorretificado gerado pela FIBGE. O banco de dados gerado com a ferramenta SPRING foi submetido então a fotointerpretação tendo como suporte a Edição Matricial que permite a análise de temas em nível raster. Foi criado então dois vetores referentes ao Rio Amazonas valendo-se respectivamente dos mosaicos GEOCOVER e das imagens MODIS, estas com resolução de 250 metros. A diferença entre as duas medidas obtidas foi posteriormente avaliada e está apresentada no item de resultados. Um terceiro vetor este referente ao Rio Nilo foi elaborado a partir dos mosaicos GEOCOVER. A edição dos vetores foi elaborada seguindo-se sempre os cursos mais longos dos dois grandes rios. Assim para o Amazonas foi usado o Canal de Breves, aquele que contorna a margem sul da Ilha do Marajó (Figura 2). O canal é parte do delta estuarino do Rio Amazonas tanto sob ponto de vista hidrológico quanto geomorfológico. Figura 2. Imagem MODIS mostrando o Canal de Breves no delta estuarino do Rio Amazonas. Foi seguido também para o Amazonas não o ramal do rio em frente a Santarém e sim aquele que corre ao norte do Lago Grande. Isto porque este desvio de Tapara, percorrendo as barrancas com geologia mais antiga, seria o curso verdadeiro do Amazonas. O ramal de Santarém seria um imenso canal aberto bem recentemente, talvez durante o Ótimo Climático, para poder dar vazão mais eficiente a monumental quantidade de sedimentos carreados pelo rio naquele trecho. Um terceiro aspecto importante se refere ao contexto andino do Amazonas. Nele foi editado o curso que segue pelas barrancas do Rio Ucayalli em acordo com as descrições do pioneiro Loren McIntyre e confirmadas pelas expedições organizadas pela jornalista brasileira Paula Saldanha. Estes grandes expedicionários confirmaram que as vertentes que avançam pelo sul do Peru seguem um percurso mais longo do que aquelas tradicionais citadas na literatura que seguem o Vale do Rio Maranon. O vetor do Rio Amazonas então seguiu esta orientação ate o topo do divisor entre as águas que correm para o Oceano Atlântico e aquelas que derramam para o Pacifico, ao sul do Peru.