UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ALINE FERNANDA DIAS DE BARROS ANÁLISE DOS VÍNCULOS DO INDIVÍDUO COM O TRABALHO E COM A ORGANIZAÇÃO NA POUSADA VILA BOA VIDA TIJUCAS 2013 ALINE FERNANDA DIAS DE BARROS ANÁLISE DOS VÍNCULOS DO INDIVÍDUO COM O TRABALHO E COM A ORGANIZAÇÃO NA POUSADA VILA BOA VIDA Trabalho de conclusão de Estágio desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Profº. Giacomassa, Dr. TIJUCAS 2013 Luciano Dalla AGRADECIMENTOS Ao meu bom Deus, por me dar sabedoria, oportunidade de viver, paciência e fôlego de vida a cada amanhecer. Aos meus pais Adilson e Luciane e toda a minha família pelo incentivo e carinho sempre demonstrado, pelas orações em meu favor e pela preocupação para que estivesse sempre andando pelo caminho correto. Ao meu esposo Romário, que durante todos esses anos tem sido meu amigo, tem me ajudado e me incentivado com muito amor e paciência. Ao meu querido orientador, profº Luciano Dalla Giacomassa que, com muita paciência e atenção, dedicou do seu valioso tempo para me orientar em cada passo deste trabalho, e aos demais mestres pela confiança e dedicação. Aos meus colegas de classe, em especial Sheila, Jaqueline e Patícia, a quem aprendi a amar e construir laços eternos. Obrigada pela paciência, pelo sorriso, pelo abraço, pela mão que sempre se estendia quando eu precisava. Esta caminhada não seria a mesma sem vocês. À empresa Pousada Vila Boa Vida pela confiança depositada em mim para que este trabalho fosse realizado dentro de suas dependências. Obrigada a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto contribuíram para a conclusão desta etapa. 3 “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer). 4 EQUIPE TÉCNICA a) Nome do estagiário Aline Fernanda Dias de Barros b) Área de estágio Gestão de Pessoas c) Orientador de conteúdo Luciano Dalla Giacomassa d) Supervisor de campo Carolina Martins Langowski e) Responsável pelo Estágio Prof.ª Marisa Pigatto 5 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO a) Razão Social Pousada Viva Vida LTDA ME b) Endereço Avenida Aroeira da Praia Nº 1798 Bombinhas – Santa Catarina. c) Setor de Desenvolvimento do Estágio Gestão de Pessoas d) Duração do estágio 240 horas e) Nome e cargo do supervisor de campo Carolina Martins Langowski– Sócio e proprietário f) Carimbo e visto da organização 6 AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA TIJUCAS, 08 de novembro de 2013. A POUSADA VIVA VIDA LTDA ME, pelo presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar, em sua biblioteca, o Trabalhado de Conclusão de Estágio, executado durante o Estágio Supervisionado, pela acadêmica ALINE FERNANDA DIAS DE BARROS. Carolina Martins Langowski Sócio proprietário 7 RESUMO Esta pesquisa foi realizada em a uma empresa do ramo de hotelaria localizada no estado de Santa Catarina. O objetivo foi analisar os vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização, uma vez que estes influenciam o comportamento das pessoas e determinam o tempo em que os mesmos permanecem na organização. Foram selecionados para análise os principais vínculos que indivíduos podem estabelecer sendo eles: envolvimento, comprometimento, empenhamento, entrincheiramento, reciprocidade organizacional, percepção de suporte e de justiça organizacional e satisfação no trabalho. Com base no pressuposto de que os vínculos entre um indivíduo com a organização e com o trabalho podem mudar de um indivíduo para outro, optou-se por pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Os instrumentos utilizados foram entrevistas do tipo semi-estruturada para as quais foi elaborado um roteiro. Os entrevistados foram onze ex-funcionários que romperam os vínculos e saíram da organização. Todos os selecionados eram funcionários que a empresa não gostaria que tivessem saído . Após a aplicação das entrevistas pode-se identificar fatores que acompanharam o rompimento de vínculos entre estes funcionários e a organização demovendo respostas que a priori seriam esperadas, como por exemplo, que o motivo da saída poderia ser explicada pelos salários. As peculiaridades encontradas na pesquisa sinalizam que os gestores da organização devem dar atenção especial a todos os vínculos, de forma que venham sendo fortificados sempre e que isto auxilie na retenção dos melhores funcionários por mais tempo na empresa. Palavras chaves: Vínculos, Indivíduo e Organização. 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 10 1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 10 1.3 Justificativa da realização do estudo .............................................................. 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 12 2.1 Vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização ........................... 12 2.1.1 Envolvimento com o trabalho ...................................................................... 15 2.1.2 Comprometimento organizacional............................................................... 17 2.1.3 Empenhamento ........................................................................................... 20 2.1.4 Entrincheiramento ....................................................................................... 22 2.2 Relações de troca econômica e social ........................................................... 23 2.2.1 Percepção de suporte organizacional e suporte social ............................... 24 2.2.2 Reciprocidade Organizacional .................................................................... 25 2.2.3 Justiça Organizacional ................................................................................ 26 2.3 Satisfação no trabalho .................................................................................... 28 3 MÉTODO ........................................................................................................... 30 3.1 Delineamento ................................................................................................. 30 3.2 Coleta de dados ............................................................................................. 31 3.3 Participantes da pesquisa............................................................................... 31 3.4 Análise e Tratamento dos Dados ................................................................... 32 4 HISTÓRICO DA EMPRESA ............................................................................... 33 5 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................... 34 5.1 Perfil dos respondentes .................................................................................. 34 5.2 Envolvimento .................................................................................................. 35 5.3 Comprometimento .......................................................................................... 38 5.4 Entricheiramento e Empenhamento ............................................................... 40 5.5 Percepção de Justiça e Reciprocidade........................................................... 43 5.6 Percepção de suporte organizacional e social ............................................... 47 5.7 Satisfação no Trabalho ................................................................................... 50 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 52 7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 54 APÊNDICES.............................................................................................................. 59 Apêndice A ................................................................................................................ 60 9 1 INTRODUÇÃO O impacto causado pela rotatividade de funcionários em uma organização pode provocar profundos danos. Atualmente, muitas empresas sofrem com essa rotatividade de colaboradores, o que pode acarretar sérios prejuízos, pois pode influenciar diretamente na produtividade e no alcance das metas organizacionais. As causas da rotatividade podem variar muito entre empresas e funcionários, e ainda é desconhecida, sendo considerada também como um dos fatores principais do aumento ou vagas à descoberta. Sabe-se que os indivíduos criam vínculos com seu trabalho e com a organização, e esses vínculos formados entre as partes podem estar diretamente relacionados à permanência dos funcionários na empresa. A rotatividade também é um sério problema para a Pousada Vila Boa Vida. Atuando no setor hoteleiro procura sempre oferecer um excelente serviço para seus clientes. Porém, nem sempre consegue manter uma equipe qualificada por muito tempo. O motivo dessa instabilidade é desconhecido pela organização. Muitos funcionários simplesmente pedem demissão, sem uma causa especifica que justifique a sua saída no momento em que se demite. Diante deste problema, esta pesquisa busca responder a seguinte pergunta de pesquisa: Quais são os vínculos que mantém os seus funcionários na organização? 10 1.1 Objetivo geral Analisar os vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização na Pousada Vila Boa Vida. 1.2 1.3 Objetivos específicos • Identificar o envolvimento do individuo com seu trabalho; • Investigar o comprometimento organizacional; • Descrever empenhamento e entricheiramento organizacional; • Investigar a justiça organizacional; • Descrever reciprocidade organizacional; • Investigar o suporte organizacional e social; • Investigar a satisfação no trabalho. Justificativa da realização do estudo O presente trabalho será importante pois auxiliará a empresa pesquisada a analisar os vínculos de seus colaboradores de forma a mantê-los por mais tempo na organização, tentando minimizar o máximo possível a quebra desses vínculos que acarreta no desligamento do individuo com a organização por parte do mesmo. Deste modo verifica-se a necessidade de estudar os vínculos entre esses colaboradores e a organização, buscando uma forma de forificá-los evitando a rotatividade dos funcionários. A empresa vem passando por um momento de grande rotatividade de seus colaboradores, os quais ficam na organizacao por um determinado tempo e logo pendem demissão. 11 O momento atual é bastante oportuno para o desenvolvimento de estudos nessa área, uma vez que ter funcionários altamente vinculados com a espresa pode ser tornar um forte diferencial competitivo, pois assim a organização poderá manter um atendimento qualificado e diferenciado. Do ponto de vista acadêmico, este trabalho fornecerá um maior conhecimento na área de gestão de pessoas, e tem como objetivo aprofundar ainda mais os ensinamentos recebidos durante o curso, possibilitando que a acadêmica coloque seu aprendizado em prática, por meio da vivência entre a teoria e a realidade empresarial. A acadêmica terá a oportunidade de levar os conhecimentos aqui estudados por toda a vida profissional, podendo aplicá-los em qualquer organização em que venha trabalhar. O trabalho foi viável pelo fato da empresa se comprometer em disponibilizar todas as informações necessárias, pelo fato dos ex-funcionáios se comprometerem em colaborar com a pesquisa, e por não apresentar custos. O fato de nenhum trabalho com esse tema ter sido realizado na organização caracterizou sua originalidade. Foi realizada sem nenhum custo, e principalmente, por ser uma ação nova, pode contribuir para uma melhor administração na gestão de pessoas. Além disso, considera-se que este estudo servirá com uma referência teórica importante para futuras pesquisas acadêmicas. 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo, serão apresentados os principais fundamentos teóricos que nortearão a elaboração do trabalho de estágio. Os itens abordados serão: Vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização; Envolvimento com o trabalho; Comprometimento organizacional; Empenhamento; Entrincheiramento; Relações de troca econômica e social; Percepção de suporte organizacional e suporte social; Reciprocidade Organizacional; Justiça Organizacional e Satisfação no trabalho. 2.1 Vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização Pereira (2010) afirma que desde que o indvíduo nasce ele interage com diferentes grupos, estabelecendo o que se caracteriza como vínculos. De acordo com Siqueira e Gomid Jr. (2004) durante toda a sua vida o indivíduo estabelece diferentes tipos de vínculos com pessoas, grupos, ideologias, objetos, locais geográficos, dentre outros. Assim, os vínculos existem em todas as formas de relacionamentos humano. E explicar como esses vínculos se formam, como se sustentam e como e porque é um grande desafio. Para Kanan (2008), vínculos são percepções formadas decorrentes das congnições e afetos. São originados das atitudes, emoções e sentimentos, da exploração de fatos e conceitos, dos pensamentos, crenças, expectativas, recordações, percepções, raciocínios, entre outros. Faria e Schimitt (2007), relatam que os vínculos pressupõem uma relação de cumplicidade entre indivíduos, na medida em que exigem das partes envolvidas interesse pela relação e necessidade ou desejo pela vinculação. Para Bion (1966), o vínculo é uma experiência emocional entre duas pessoas relacionadas entre si. Uma vez que os vínculos se originam das cognições e afetos, é apropriado definir esses dois termos para melhor compreender esse processo de vinculação. Cognição segundo Myers (apud Kanan, 2008) é uma atividade mental associada ao pensamento, ao conhecimento, à recordação e à comunicação e compreende o 13 processamento, a compreensão e a comunicação das informações. Para Atkinson, Smiyth, Bem e Nolen-Hoeksema (2002), os estudos da cognição estão relacionados aos processos mentais de percepção, recordação, raciocínio, decisão e resolução de problemas. De acordo com Doron (2000) cognição é um conjunto de atos e processos de conhecimento, a forma pelo qual um organismo adquire a informação, a trata, a conserva e a explora. Bastos (2004) defende que cognição é uma atividade fundamental social, considerando seus produtos ou seus processos, esclarecendo ainda que as maneiras pelas quais as pessoas processam as informações, revelando suas preferências, geralmente de forma automática ou inconsciente, são referências quanto ao seu estilo cognitivo. Damásio (1996) afirma que os processos cognitivos e afetivos ocorrem em união. Este autor ainda conceitua sentimento como sendo a percepção de um estado corporal, em determinada circustância. Segundo Myers (1999), afetos são as emoções e os sentimentos. Para Cabral (2001, p. 16) afeto é um “estado sentimental que se caracteriza, por uma parte, pela inebrição física perceptível e por outra parte, por uma perturbação peculiar do processo representativo”. Siqueira e Gomid Jr. (2004) afirmam ainda que as disciplinas de psicologia, sociologia e filosofia abordam mais ao assunto, buscando explicar da melhor forma esses vínculos, conforme descrito abaixo pelos autores. Sob a pespectiva psicológica os vínculos podem ser explicados com microteorias sobre processos de identificação social, categorização social, comparação social e no princípio de iniquidade. Do ponto de vista sociológico, os vínculos de natureza social são exlicados com base em interações de troca ou por meio de regularização social sintetizadas no princípio de reciprocidade. Na visão da filosofia tem-se as implicações decorrentes de vínculos sociais a partir de uma visão ampla de cooperação social, representados pelos princípios de justiça aos cidadãos de uma comunidade. A seguir, será apresentado na figura 1, o comparativo resumido entre as disciplinas, teoria e conceitos psicossociais de acordo com Siqueira e Gomid Jr. (2004). 14 Figura 1 – Disciplinas e bases teóricas de conceitos psicossociais que tratam de vínculos com o trabalho e com a organização. Fonte: Siqueira e Gomid Jr. 2004 Para Siqueira e Gomid Jr. (2004) diante das complexas variações qualquer indivíduo pode ou não desenvolver percepções, sentir afetos ou ainda construir intenções muito particulares sobre o trabalho como um todo ou sobre aspectos específicos a ele relacionados, iniciando-se assim, os vínculos mais sólidos com a organização. A empresa tem grande influência na criação desses vínculos, podendo fortalecê-los de acordo com seus valores, normas e princípios adotados pelo sistema. De acordo com Kanan (2008 p. 24), “na relação indivíduo-trabalho os vínculos são caracterizados pela satisfação e pelo envolvimento”. Faria e Schimitt (2007) afirmam que estes vínculos estabelecidos entre os indivíduos são capazes de influenciar o funcionamento e a dinâmica das organizações. Siqueira e Gomid Jr. (2004) afirmam que os vínculos do indivíduo com a organização são representados pelo comprometimento, percepções de suporte, reciprocidade e justiça organizacional, e que esses vínculos gerados na relação indivíduo-organização estariam correlacionados às politicas globais da própria organização em que as crenças e os afetos dirigidos a esta mantêm relação estreita com as políticas organizacionais. Kanan (2008) salienta que os vínculos estão relacionados a aspectos subjetivos não previstos ou não formalizados no contrato de trabalho e decorrentes 15 da relação entre o colaborador com seu trabalho e os stakeholders. Segundo Siqueira e Gomid Jr. (2004) os vínculos estão relacionados a preceitos objetivos, éticos e conhecidos, estabelecendo assim uma relação direta com as políticas organizacionais. Em sequência são apresentados os conceitos que completam o processo de vinculação dos indivíduos com seu trabalho e com a organização. 2.1.1 Envolvimento com o trabalho O estudo do envolvimento dos trabalhadores com as organizações tem crescido cada vez mais em importância. Segundo Alvim (2006) apud Rui et al (2010), ter um funcionário altamente envolvido com a organização pode se constituir num diferencial competitivo. Para Lodahl e Kejner (1965, p. 25), envolvimento representa “o grau em que o desempenho de uma pessoa no trabalho afeta sua auto-estima”. Este estudo já vem sido estudado a algum tempo. Lodahl e Kejener apud Siqueira e Gomid Jr., 2004 pesquisaram sobre a natureza das atitudes dos indivíduos e sua relação com o trabalho e declaram que o envolvimento corresponde ao grau com que uma pessoa identifica-se psicologicamente com sua atividade, ou em outras palavras, o grau em que o desempenho no trabalho afeta sua autoestima. Kanan (2008) relata que as razões pelas quais alguns teóricos e pesquisadores, a partir dos anos de 1960, passaram a dedicar mais atenção ao comportamento dos colaboradores foi a busca pelo aumento da produtividade e do desempenho de forma que reduzisse a ausência dos trabalhadores no processo de trabaho e diminuísse também a rotatividade dos mesmos. Siqueira e Gomid Jr. (2004) pensam que o envolvimento com o trabalho representa possíveis antecedentes da predição de comportamentos que prejudicam a produtividade, e isso pode explicar porque esse tema se tornou dominate nas pesquisas das décadas de 1960 e 1970. 16 Lodahl e Kejner apud Rui et al., (2010) afirmam que para o individuo envolvido com a organização o trabalho é parte essencial de sua identidade, independente de sua ocupação e desempenho. Muchinsky (2004) destaca o envolvimento com o trabalho como sendo o grau de identificação psicológica do indivíduo com o seu trabalho e a importância do trabalho para a auto-imagem. Sonnentag e Kruel apud Rui et al., (2010, referem-se ao envolvimento como a relevância do emprego para uma condição, onde o trabalhador apresenta uma opinião relativamente estável que o trabalho representa componentes decisivos para sua auto-estima. Do ponto de vista de Hafer e Martin apud Rui et al., (2010), o envolvimeto representa a forma com que as pessoas vêem suas posições no trabalho. De acordo com Siqueira e Gomid Jr. (2004), o envolvimento do indivíduo com o trabalho é desencadeado, visto da percepção psicológica, com algumas condições favoráveis do contexto organizacional, tais como o significado do trabalho e a adequação da supervisão. Para Lodahl e Kejner (1965) apud Siqueira e Gomid Jr., (2004), a ligação com o trabalho se inicia durante a fase de socialização do indivíduo, e se fortalecem por meio de experiências de trabalho, que influenciam diretamente na auto-estima do autor. Siqueira e Gomid Jr. (2004) descrevem que existem algumas variáveis que predispõem o indivíduo a se envolver com o trabalho. Essas características pessoais estáveis são: 1) adoção de ética protestante – pessoas que enfatizam a virtude do trabalho como um fim em si mesmo; 2) locus de controle – pessoas que acreditam em seu poder para controlar eventos de sua vida; 3) auto-estima – pessoas que influenciam o meio; 4) necessidade de crescimento – pessoas que acreditam obter no trabalho satisfação de necessidade psicológicas de natureza elevada. Além das características pessoais, Siqueira e Gomid Jr. (2004) ralatam outros fatores considerados antecedentes de envolvimento com o trabalho, sendo esses: características do cargo – autonomia para realizar tarefas, significado das tarefas para o trabalhador, identificação pessoal com as tarefas e variedade de habilidades exigidas para a realização das tarefas; algumas características dos lideres – consideração, oportunidades criadas pelas chefias, quantidade e qualidade da comunicação entre chefias e subordinado; papéis organizicionais – demandas 17 conflitantes e de orientações ambíguas na executação de tarefas são capazes de comprometer o envolvimento com o trabalho. Davis e Werther apud Kanan, (2008) esclarecem que a natureza dos cargos determina o envolvimento com o trabalho. Para os autores, há três níveis a se considerar nos projetos de cargos: o organizacional, o ambiental e o comportamental. Sobre o nível comportamental, de maneira semelhante a Siqueira e Gomid Jr. (2004), os autores destacam quatro dimensões a serem consideradas: a autonomia, a variedade, a identidade das tarefas e a retroinformação. Em uma abordagem organizacional, segundo Brown (1996), envolvimento com o trabalho é considerado uma peça chave para ativar a motivação dos trabalhadores e pode estabelecer uma vantagem competitiva para a organização. Macey e Schneider apud Rui et al., (2010), esclarece a existência da diferença entre o trabalhador envolvido com aquele que é compulsivo, que faz apenas por vicio ao trabalho, chamado de workaholic. Kanan (2008) acredita que “quando o colaborador se encontra num estado de envolvimento, o trabalho o absorve e contribui para que suas atividades sejam experienciadas positivamente”. 2.1.2 Comprometimento organizacional Siqueira e Gomid Jr. (2004), relatam que no decorrer das últimas décadas foram desenvolvidos diversos estudos com o propósito de esclarecer as bases do vínculo que se estabelece entre um funcionário e a organização onde ele trabalha. E a esse vínculo foi conferido o nome de comprometimento organizacional. Para Oliveira, Lima e Borges-Andrade apud Kanan, (2008), comprometimento pode ser definido como o apego do trabalhador à organização de trabalho. Kanan (2008, p. 33) descreve compromentimento como sendo “um estado psicológico presente nas relações que o colaborador estabeleceu com a organização onde trabalha, quer seja de maneira positiva ou negativa”. Medeiros e Enders (1998) afirmam que comprometimento refere-se a uma forte crença e a aceitação dos valores e objetivos da organização, quando o 18 indivíduo está disposto a exercer um esforço considerável em benefício da organização e tem um forte desejo de permanecer na mesma. Meyer e Allen (1997) sustentam que o comprometimento reflete em um compromisso psicológico, que liga o funcionário à organização. O estudo sobre comprometimento objetiva auxiliar as organizações no gerenciamento de seu pessoal tornando-o mais satisfeito, mais envolvido e produtivo. Kanan (2008) cita que as organizações se econtram cada vez mais em ambientes progressivamente turbulentos, inseridas em contextos competitivos e mutaveis, e isso requer de seus gestores soluções criativas e inovadoras para controlar a situação, fazendo com que se desenvolva ações e políticas a fim de promover vínculos entre os indivíduos e a organização. Segundo a autora, comprometimento é um dos vínculos, que a partir dos anos de 1990 teve seu significado e importância ampliados. Meyer e Allen (1997) esclarecem que o comprometimento organizacional tem evoluído conceitualmente nas últimas quatro décadas e provocado muita controvérsia a respeito da natureza dos vínculos entre o empregado e a organização. Mesmo não tendo uma definição única, o propósito básico dos pesquisadores é identificar os determinantes do comprometimento de modo a direcionar esforços para envolver o indivíduo integralmente com a organização e atingir maior índice de produtividade. Conforme cita Siqueira e Gomid Jr. (2004) surgiram na literatura diversas concepções de comprometimento organizacional, sendo três mais aceitas e investigadas: afetiva, calculativa e normativa. Os autores ainda relatam que existem duas bases psicológicas que determinam correspondentes estilos de comprometimento: base afetiva e base cognitiva. Sendo que a base afetiva diz respeito aos sentimentos e afetos, e tem relação com comprometimento afetivo. E a base cognitiva diz respeito à crenças sobre o papel social dos envolvidos numa relação de troca econômica e social, tendo relação com os comprometimentos calculativo e normativo. Assim como Siqueira e Gomid Jr. (2004), Meyer e Allen (1990) também consideram e descrevem três componentes de comprometimento: afetivo, 19 instrumental e normativo, e reconhecem a existência de três estilos de ligação de empregado à organização afirmando que esses três estilos reduzem a possibilidade de rotatividade. O que ispirou Allen e Meyer (1990) a distinguir a natureza psicológica entre os três vínculos e a postular que os mesmos constituem-se três componente foi as razões para o empregado permanecer trabalhando na organização. Esses autores, supõem ainda que os empregados poderiam apresentar estados pscicológicos de comprometimento organizacional diversificados. Os três componentes descritos por eles são: a) o desejo – comprometimento afetivo. Segundo Allen e Meyer (1990, p. 3), “Empregados com um forte comprometimento afetivo permanecem na organização porque eles querem (...)”; b) a necessidade – comprometimento instrumental ou calculativo. Segundo Allen e Meyer (1990, p. 3) “Empregados com comprometimento instrumental permanecem na organização porque eles precisam”; c) a obrigação moral – compromentimento normativo. “Empregados com comprometimento normativo permanecem porque eles sentem que são obrigados”. O comprometimento organizacional afetivo, segundo Siqueira e Gomid Jr. (2004), tem origem a partir do momento em que o funcionário adota os valores da organização, identifica-se com seus objetivos, se envolve com os papéis de trabalho, desempenhando-os de forma a facilitar o alcance dos objetivos da empresa e deseja permanecer nela trabalhando. A definição deste estilo de vínculo envolve dois grupos de fatores: os componentes afetivos e as intenções comportamentais. DeCottis e Summers (1987) apud Siqueira e Gomid Jr., (2004), afirmam que o desejo do individuo em se esforçar à alcançar as metas organizacionais se aproxima do conceito de motivação, embora motivação tende ao individuo agir na direção de seus objetivos pessoais, e no caso de comprometimento as ações são influenciadas para atingir os objetivos da organização. Siqueira e Gomid Jr. (2004) afirmam que o vínculo afetivo com a organização tende a se fortalecer conforme os funcionários percebem a empresa comprometida com eles. Os autores relatam que as conseqüências positivas, quando o vínculo afetivo com a organização é alto, são melhor desempenho, maior esforço no trabalho, menor rotatividade, menos faltas e menos atrasos. Os autores ainda relatam que o comprometimento calculativo ou instrumental tem origem na avaliação positiva de resultados decorrentes dos investimentos feitos pelo colaborador na organização; representa seu entendimento acerca da relação 20 econômica que estabelece com a organização. Os resultados decorrem da avaliação positiva da posição alcançada, do acesso a certos privilégios ocupacionais, dos benefícios oferecidos, dentre outros. A ocorrência do comprometimento calculativo ou instrumental traz, como conseqüência para a organização, a baixa motivação, baixo desempenho, menor rotatividade, moderada satisfação no trabalho, moderado envolvimento com o trabalho, moderado comprometimento organizacional afetivo e moderado comprometimento organizacional normativo. Siqueira e Gomid Jr. (2004) afirmam que o comprometimento normativo constitui-se a partir de um conjunto de pensamento no qual são reconhecidas, pelo colaborador, as obrigações e deveres morais para com a organiação empregada. Sentimentos de culpa, apreensão, preocupação são vivenciadas pelo funcionário à medida que pensa ou planeja se desligar da empresa. As crenças mantidas pelo colaborador sobre obrigações e deveres de reciprocidade influenciam o comprometimento normativo. Sua ocorrência traz, como conseqüência para a organização, maior satisfação no trabalho, maior comprometimento afetivo, mais comportamentos de cidadania organizacional e menor intenção de sair da empresa. 2.1.3 Empenhamento Segundo Meyer & Allen (1991), Allen & Meyer (1996) e Meyer (1997) apud Rego (2003), o empenhamento organizacional pode ser definifo como o laço psicológico que caracteriza a ligação dos indivíduos à organização, influenciando na decisão de nela permanecer. Segundo Oliveira (2009), o conceito de empenhamento atraiu o interesse de pesquisadores, dentre eles os estudos de Becker (1960). Oliveira (2009), relata que o empenhamento pode ser visto como uma tendência do individuo em adotar linhas consistentes de atividades que implicam uma escolha, da responsabilidade do individuo, da ação que melhor serve ao seus interesses, permanecendo na organização devido aos custos associados à sua saída. Hrebiniak e Alutto (1972) apud Oliveira (2009), definem empenhamento como um fenômeno resultante de trocas entre o individuo e a organização, e das alterações nos benefícios adquiridos e investimentos realizados pelo individuo ao 21 longo do tempo. Segundo Meyer & Herscovitch (2001) apud Rego et al. (2005), a maior parte dos estudos focaliza-se em três componentes ou dimensões, afetiva, instrumental e normativo. Segundo Rego et al. (2005), o empenhamento afetivo pode ser caracterizado como um vinculo emocional do individuo com a organização, e ralatam ainda que é provável que as pessoas mais afetivamente empenhadas são motivadas em contribuir com o um melhor desempenho à organização, faltam menos e adotam mais um comportamento de cidadania organizacional. Rego et al. (2005) relatam que o colaborador que apresente um empenhamento de laço instrumental não tem intenção de proporcionar à organização algo mais do que aquilo a que está estritamente obrigado. Os autores ainda, afirmam que se esse for o laço que prevalece, é possível que o funcionário adote algumas atitudes e ações negativas para a organização, podendo faltar mais e ter mais atitides de retaliação. O indivíduo com laço normativo, de acordo com Rego et al. (2005), adota comportamentos organizacionais positivos, sentem obrigações e deveres de lealdade com a organizacao, porém esse laço tende a não proporcionar o mesmo entusiasmo e envolvimento que os produzidos pelo empenhamento afetivo. Rego et al. (2005), afirmam que a empresa deve tentar promover o máximo possível os laços afetivo e normativo dos seus colaboradores, e reduzir a força do laço instrumental, visando aumentar o desempenho criando um ambiente altamente produtivo com funcionário que adotem comportamentos positivos para a empresa. Allen & Meyer (1996 e 2000), Meyer (1997) e Mayer e Herscovitch (2001) apud Rego et al. (2005), sugerem que o empenhamento afetivo, instrumental e normativos se desenvolvem a partir de possíveis variáveis descritas abaixo pelos autores. O empenhamento afetivo pode se desenvolver quando o individuo se envolve com a organização. Segundo eles, esses efetitos podem ser alvançados quando, por exemplo, o colacorador sente que a organização o trata de modo juto, respeitador e apoiante, tem confiança na organização e nos seus líderes, obtém satisfação no trabalho, considera que os valores da organização são humanos, sente que existe coerência entre seus ogjetivos e da empresa, e quando a empresa assume comportamentos socialmente responsáveis. 22 O empenhamento instrumental tende a se desenvolver, de acordo com os autores citados acima, quando o individuo reconhece que se sair da organização perderá investimentos nela feitos e/ou não tem alternativas atrativas de emprego em outras empresas. Os autores ainda relatam que por outro lado, que o empenhamento instrumental pode surgir quando o funcionário se sentir insatisfeito, insjustiçado, impossibilitado de desenvolver seu potencial e quando desenvolve apenas trabalhos rotineiros e nada muito desafiador. Já o empenhamento normativo, ainda de acordo com os autores acima, tende a desenvolver-se quando o colaborador incorpora as normas da organização através da socialização, recebe benefícios que o induz a agir de forma recíproca ou estabelecer um contrato psicológico com a empresa. É possível que o empenhamento normativo se desenvolva quando o indivíduo seja leal com a empresa a partir do momento em que se sinta satisfeito no trabalho, justiçado e apoiado, que sinta confiança em seus líderes, e quando percebe que a organização o trata como pessoa e não apenas como um instrumento ou recurso de trabalho. 2.1.4 Entrincheiramento O termo entrincheiramento vem sendo cada vez mais investigado, de acordo com Pinho et al. (2012), a partir das pesquisas realizadas no campo de estudos das carreiras por Carson e Bedeian (1994 e 1995). Pinho et al. (2012) relatam que o conceito de entricheiramento foi introduzido por alguns autores para diferenciar-se de comprometimento com a carreira. Para Carson e Bedeian (1994) e Carson et al. (1995) apud Pinho et al. (2012), entrincheiramento diz respeito à opção de continuar na mesma linha de ação profissional por falta de alternativas, pela sensação de perda dos investimentos já realizados, ou pela percepção de um preço emocional muito alto a pagar se mudar. Recentemente Bastos et al. (2008) propuseram uma adaptação do entrincheiramento para o contexto organizacional, que surge quando o funcionário permanece na organização em função da falta de opções, passando enxergar a empresa como uma trincheira que mantém sua segurança e status social. Esses 23 autores entendem que se o individuo não percebe grandes custos associados à sua saída, não está entrincheirado. Os autores relatam que o entrincheiramento ocorre quando o colaborador entende que perderá os esforços de ajustamento e os retornos materiais obtidos e quando não percebe alternativas de emprego. Rodrigues (2009) propõe que o entrincheiramento trata-se de um vínculo instrumental do trabalhador com a carreira ou organização. Magalhães e Gomes (2005) afirmam que o profissional entrincheirado não exerce suas atividades como intuito de se destacar ou alcançar melhores resultados, ele apresenta desempenhos inferiores, não é comprometido com as metas organizacionais e não possui grandes interesses de cooperar com a organização. Magalhães e Gomes (2005) , relatam que o entrincheiramento na organização pode ser conceituado como a disposição natural do trabalhador a continuar na mesma devido a prováveis perdas de investimentos e a custos referentes à sua saída, como também a sensação de que há limitadas opções de empregos em outras empresas., como, por exemplo, a sua idade pode não estar dentro do parâmetro profissional procurado pelas outras empresas, seus conhecimentos não seriam adequados ou suficientes para atuar em outra organização, trazendo a sensação de que não seria aceito em outra empresa. Esses autores ainda, afirmam que o indivíduo entrincheirado se mantém na organização de emprego por possuir um vínculo de necessidade, e não por espontânea vontade, mas sim por não acreditar que haja outra opção de ofício que atenda as suas necessidades e expectativas. 2.2 Relações de troca econômica e social Segundo Blau (1964) apud Siqueira e Gomid Jr. (2004), existem marcantes diferenças entre troca econômica e troca social. Siqueira e Gomid Jr. (2004) explicam que a troca econômica refere-se a uma permuta entre duas partes dentro de um contexto predefinido e que toma o caráter de um contrato, onde cada uma das partes conhece o que deve oferecer e o que deve receber da outra. Permuta 24 econômica, de acordo com os estes autores, é realizada com base em um contrato no qual são estipulados exatamente o que será trocado entre as partes. Na troca social, no entanto, não existe regras e contratos pré-definidos, acontece apenas com base na confiança entre as duas partes, explicam Siqueira e Gomid Jr. (2004). A troca social, de acordo com Blau (1964) apud Siqueira e Gomid Jr. (2004), assentua-se na confiança mútua, gerando entre os envolvidos sentimentos de gratidão e confiança, e envolve oferta de favores, criando futuras obrigações não especificadas, sendo a natureza de retribuição deixada a cargo daquele que deverá retribuir. A percepção de justiça poderia emergir em ambos os tipos de trocas. Entretanto o cálculo que permite reconhcer justiça ou injustuça na troca econômica é diferente daquele realizado na troca social (SIQUEIRA E GOMID JR, 2004). A troca econômica, pelo fato de ser um contrato escrito, permite que uma das partes perceba situaçao de injustiça ao notar a violação dos termos. Na troca social, como não há regras explícitas que a normaliza, há possibilidade de cada parte envolvida avaliar livremente os benefícios ou prejuízos da relação social. 2.2.1 Percepção de suporte organizacional e suporte social O suporte social de acordo com Rueda et al (2010) é uma construção cercada de várias definições e “[..] de forma geral, pode ser compreendido como manifestações que conduzem o indivíduo a acreditar que ele é amado e estimado, querido e valorizado, e que faz parte de uma rede de comunicações e obrigações mútuas.” (COBB, 1976 apud RUEDA et al., 2010, p.480). O conceito de suporte social, de acordo com Rueda et al. (2010), varia entre mantenedor da saúde e amortecedor para fatores estressores do cotidiano, na promoção do bem-estar, redução de transtornos mentais entre outros fatores. Assim, ao transferir o conceito de suporte social para o contexto organizacional é possível 25 compreender que o apoio percebido gira em torno das relações que se estabelecem no trabalho. Covacs (2006), afirma sobre o suporte organizacional que os empregados engajados resultam em menor rotatividade, maior satisfação dos clientes e maior produtividade e lucratividade, e este engajamento depende da existência de emoções como alegria, interesse e cuidado, que conduzem a uma ligação de um indivíduo com o outro, com o seu trabalho e com a organização. Os autores constataram que estes elementos de bem-estar no trabalho dependem da qualidade do apoio dado aos empregados, em se prover condições que permitam a realização de atividades que irão concretizar as expectativas da organização. As necessidades básicas do empregado no ambiente de trabalho envolvem desde a clarificação do que é esperado dele até o suporte que ele necessita quanto a materiais e recursos. Os autores relatam que este suporte responde, pelo menos parcialmente, pela credibilidade que o empregado possa ter na organização. Rueda et al. (2010) definem que a percepção do suporte organizacional é importante na área de pesquisas sobre o comportamento humano por ser uma das variáveis que tem maior poder de explicar comportamentos no ambiente de trabalho. Desde modo, a partir de estudos sobre o tema é possível analisar as relações de suporte no trabalho, bem como as interações entre empregados e chefes. Eisenberger et al. (1990) apud Covacs (2006) pontua que a percepção do suporte organizacional faz com que os trabalhadores insiram-se na organização e percebam melhor seu papel na empresa. Os autores ainda ressaltam que essa percepção só ocorre quando o suporte é considerado sincero e bem intencionado e não manipulativo. 2.2.2 Reciprocidade Organizacional Kanan (2008) afirma que para o entendimento de reciprocidade é fundamental antes entender o conceito de obrigações mútuas. Obrigações mútuas para Robinson, Kraatz e Rousseau (apud Kanan, 2008), dizem respeito à percepção de 26 dívida entre as partes – sendo esta crença originada das promessas de reciprocidade explícitas ou implícitas. A autora relata que reciporocidade envolve necessariamente a ocorrência de relações de troca, e que essas de acordo com Eisenberg et al., apud Kanan, 2008 são marcadas por expectativas de reciprocidade. Reciprocidade organizacional de acordo com Siqueira (1995, p. 183) é “um conjunto de crenças relacionadas à maneira como os empregados percebem a disposição da organização para emitir atos recíprocos”. Para Oliveira-Castro, Pilat e Birges-Andrade (1999, p. 32) reciprocidade pode ser definida como um “padrão de trocas mutuamente dependentes entre duas unidades sociais”. A percepção da reciprocidade organizacional segundo Siqueira (2003, p. 170) seria “um conjunto de crenças acerca do estilo retribuitivo adotado pela organização perante contribuições ofertadas por seus empregados”. Siqueira e Gomid Jr. (2004) relatam que a partir da definição da percepção de reciprocidade entende-se que o empregado desenvolve expectativas sobre fururas retribuições organizacionais a determinadas atitudes em seu trabalho, entendidas por ele como favores ou ajuda à organização. De acordo com Siqueitra e Gomid Jr (2004), um funcionário percebe que está oferecendo uma ajuda extra para a organização quando recebe uma quota extra de trabalho da mesma, extrapolando suas obrigações formais ou aplicando um esforço extra para resolver situações problemáticas ou imprevistas, e nesse sentindo esse funcionário enxerga a organização como devedora, e espera ainda uma retribuição, não necessariamnete em dinheiro, pelo esforço extra. 2.2.3 Justiça Organizacional A ideia de que os comportamentos sociais, definidos como troca (Homans, 1958), também permeiam a relação existente entre empregados e organizações, foi desenvolvida por Barnard (1938) apud Plazzoli (2000). Nas palavras de Siqueira (1995), isto significa que os empregados receberiam salários ou outras vantagens e ofereceriam, em troca, trabalho ou outras contribuições. Essa troca econômica pode 27 ser ser contratual ou social, e ainda caracterizada por ausência de normas ou leis, quando sao baseada na confianca e respeito mútuos. A primeira idéia de que os indivíduos pesariam seus investimentos e seus retornos em suas relações foi apresentada por Adam (1963), quando afirmou que a decisão do individuo de permanecer ou não em um relacionamento, depende do quanto de justiça pudesse ser percebida na relação (SIQUEIRA E GOMID JR, 2004). Greenberg (1990) apud Barradas (2011) refere que a justiça organizacional é a percepção que os indivíduos têm da justiça sobre as práticas organizacionais. É aplicada a ambientes organizacionais, em que se focam as percepções de justiça que intervêm nas relações de trabalho e da organização. Greenberg (1987, 1990) apud Souto et al (2005) ao fazer uma revisão da literatura sobre o significado da justiça organizacional, concluiu que, apesar da sua evolução e da relevância do conceito para o entendimento do comportamento nas organizações, os assuntos relacionados ao tema continuavam a ser tratados de maneira superficial, sendo pequeno o número de estudos que examinavam o funcionamento dos construtos justiça distributiva e justiça procedimental em campo. Rego (2002) destaca que os estudos relativos à justiça organizacional com enfoque multidimensional têm abordado três dimensões: justiça distributiva eqüitativa, justiça procedimental e justiça interacional. Segundo Siqueira e Gomid Jr (2004), a justiça distributiva tem foco no conteúdo, na justiça dos fins alcançados ou obtidos. Diz respeito aos salários, classificações obtidas pelas pessoas nas avaliações de desempenho, promoções, lucros distribuídos e sanções disciplinares, entre outros. A justiça procedimental tem o foco no processo, na justiça dos meios usados para alcançar tais fins. Refere-se aos procedimentos usados para definir os acréscimos salariais, sistemas de avaliação de desempenho e processos disciplinares, entre outros (SIQUEIRA E GOMID JR., 2004). A justiça interacional aborda o grau em que o superior adota um tratamento digno e respeitador para com os seus colaboradores (social/interpessoal) e, ainda, pelo grau em que o superior fornece informações e justifica as decisões que afetam as pessoas (informacional) (SIQUEIRA E GOMID JR, 2004). Ainda segundo Rego (2002), há diferenças quanto ao papel de cada uma das dimensões sobre o comportamento do indivíduo. Se uma pessoa percebe os resultados alcançados como justos, a relevância dos procedimentos e das 28 interações para as suas reações é reduzida, ou seja, não são os procedimentos ou interações injustas capazes de induzi-la a retaliar e a baixar o seu comprometimento. Em contrapartida, se os resultados recebidos são percebidos pelo indivíduo como injustos, este tende a desenvolver atitudes e comportamentos organizacionais negativos, como insatisfação, baixo desempenho na função e absenteísmo. Todavia, nesse caso, a existência de procedimentos e interações justas pode inibi-lo de agir contra a organização. Já a combinação de resultados injustos com procedimentos e interações injustas faz com que as reações negativas do indivíduo sejam vigorosas. A percepção de justiça tem sido investigada associada a diferentes culturas (CHERYL, 2004); organizações dispersas geograficamente (CONN, 2004); diferentes aspectos como eficácia e comprometimento(POULOS, 2004); diferenças individuais e avaliação cognitiva (ROBINSON, 2004); comprometimento organizacional (REGO, 2004), entre outros. 2.3 Satisfação no trabalho De acordo com Kanan (2008), satisfação no trabalho é um fenômeno que vem sendo estudado por pesquisadores de várias áreas do conhecimento, como por exemplo, a Psicologia, Sociologia e a Admnistração, entre outros. Segundo Fraser (1983) apud Kanan (2008), algumas razões justificam a dificuldade de definição do conceito satisfação no trabalho, pois é um fenômeno complexo, pode variar de pessoa para pessoa e está sujeita às influências de forças internas e externas ao ambiente de trabalho. De acordo com Lucke (1976) apud Kanan (2008), satisfação pode ser definida como um estado de prazer e emoções positivas resultantes de avaliações de um trabalho ou de experiências no trabalho. Segundo Quarstein, McAfee e Glassman (1192) apud Kanan (2008), um individuo satisfeito gosta do que faz e sente prazer como o que faz. A definição e a mensuração da satisfação no trabalho são temas muito estudados,mas ainda não há um consenso sobre o assunto. Alguns adotam uma 29 definição de natureza cognitivista, outros, de natureza afetiva (SIQUEIRA; GOMIDE JR, 2004). Considerando-se os diversos tipos de estudo já realizados sobre o assunto, há uma tendência para se adotar um construto de satisfação no trabalho de natureza afetiva. Esta é a linha de pensamento adotada na definição dada por Lucke (1976) à satisfação no trabalho, compreendida como um estado emocional positivo ou de prazer, resultante de um trabalho ou de experiências de trabalho ( LUCK 1976 apud SIQUEIRA; PADOVAM, 2004). Quando as pessoas têm emoções ou afetos positivos elas podem alargar o seu repertório de ações. Estas emoções propiciam a construção de novos recursos pessoais, incluindo recursos físicos, intelectuais e sociais. Como estas emoções positivas podem corrigir, restaurar ou desfazer os efeitos acarretados pelas emoções negativas, tanto do ponto de vista psicológico como fisiológico, elas acabam promovendo o bem-estar e a saúde (FREDRICKSON, 1998). Siqueira e Gomide Jr. (2004) comentam que existem aqueles que defendem a adoção de uma visão unidimensional para a satisfação no trabalho, como uma atitude geral ante o trabalho como um todo, não se considerando aspectos específicos, enquanto outros preferem considerar diversos de seus componentes, capazes de desencadear nos indivíduos diferentes graus de satisfação. Siqueira (1995) esclarece que a satisfação do trabalho é multidimensional, tratando-se de um vínculo afetivo positivo decorrente de satisfações obtidas em cinco domínios específicos, a saber: nos relacionamentos com as chefias, com colegas de trabalho, com o salário e com oportunidades de promoção e pela satisfação com as tarefas realizadas. Relacionamento com as chefias e com os colegas de trabalho são dimensões relacionadas ao ambiente de trabalho. Salários e oportunidades de promoção referem-se à retribuição conferida aos empregados, e a satisfação com as tarefas tem relação com as próprias tarefas. É interessante observar a natureza complexa destas relações. Estas emoções, quando presentes, levam à criação de vínculos das pessoas entre si, com o trabalho e com a organização (HARTER et al. 2003). 30 3 MÉTODO Neste capítulo, apresentar-se-á a descrição de como o trabalho foi realizado. Portanto serão exibidos o delineamento do trabalho, os participantes, a coleta e a análise dos dados. 3.1 Delineamento O presente trabalho, tendo como o objetivo de analisar os vínculos do individuo com o trabalho e com a organização, caracteriza-se com a tipologia de pesquisa-diagnóstico. Segundo Roesch (1996, p. 64), “a pesquisa-diagnóstico propõe-se levantar e definir problemas, explorar o ambiente. O diagnóstico normalmente reporta-se a uma situação, em um momento definido”. Para realizar esse diagnóstico foi preciso realizar uma pesquisa descritiva. Segundo Cervo & Bervian (2007) a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Quanto a abordagem, será qualitativa, que segundo Roesch (1996) é a abordagem que trata de conceituar a organização, propondo metas e colocando-as em prática. Oliveira (2001) define que a pesquisa qualitativa tem como objetivo, situações complexas ou estritamente particulares. O autor ainda explica, que a pesquisa que se utiliza da abordagem qualitativa possue a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar, compreender e classificar o processo dinâmico experimentado por grupos sociais. 31 3.2 Coleta de dados Para a realização desta pesquisa, a coleta de dados predominante foi por meio dos dados primários. A acadêmica utilizou dos secundários no momento em que precisou identificar os ex-funcionarios por meio do livro de registros de empregados. Posteriormente houve um contato por telefone e/ou e-mail convidando-os a participar da entrevista. Os dados primários de acordo com Roesch (1996), são aqueles obtidos pelo pesquisador. Também para Roesch (1996), os dados secundários, são aqueles já existentes em forma de arquivos, banco de dados, índices ou relatórios., que não são elaborados pelo pesquisador. Segundo Mattar (2000, p. 48), as fontes de coleta de dados primários “são aquelas que não foram coletadas antes, estando ainda em posse dos pesquisadores, e que são coletados com o propósito de atender a necessidade específica em andamento”. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista semi- estruturada para colher os dados. Segundo Roesch (1996) as entrevistas semiestruturadas são aquelas que utilizam-se questões abertas, permitindo ao entrevistador entender e captar a pespectiva dos participantes da pesquisa. 3.3 Participantes da pesquisa A aplicação do estágio foi na empresa Pousada Vila Boa Vida. Portanto, teve como participantes, os membros da empresa, abrangendo exclusivamente os exfuncionários que se auto demitiram e que a empresa não gostaria que tivessem saído, pois tinham um alto rendimento no trabalho. A ideia é buscar entender o motivo que os participantes tiveram para se desligarem da empresa. Os mesmos foram contatados via e-mail e telefone, solicitando uma entrevista, e combinando horário e local de atendimento. 32 3.4 Análise e Tratamento dos Dados Após a coleta de dados, houve uma grande quantidade de informações que foram interpretadas, e posteriormente analisadas com base no referencial teórico. Em um primeiro momento, para a organização de todo o material, foi dividido em partes, relacionando essas partes e procurando identificar semelhanças relevantes. A acadêmica utilizou da análise de conteúdo, que de acordo com Roesch (1996) consiste em um conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais simples, em contante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos muito diversificados. 33 4 HISTÓRICO DA EMPRESA A empresa iniciou suas atividades em dezembro de 2001, localizada inicialmente na Rua Grafite, nº. 01 , na cidade de Bombinhas, Santa Catarina. Anos mais tarde, a empresa passou por reformas aumentando seu espaço físico, área de lazer e quantidade de apartamentos. A reforma possibilitou acesso à duas ruas paralelas. Sendo assim a pousada passou a ter a entrada principal na Av. Aroeira da Praia nº. 1798. A empresa nasceu de um grande sonho, viver com qualidade de vida. E é isso que quer oferecer aos hóspedes, uma hospedagem com qualidade de vida. Com poucos apartamentos e um ambiente familiar, procura proporcionar a oportunidade de “viver a vida” junto a natureza, com uma proposta de conforto, Yoga, piscina, jacuzzi, mar azul, muito verde e paz. A Pousada Vila Boa Vida possui dois proprietários: Carolina e João. Inicialmente Carolina foi a primeira proprietária. Foi ela que junto, ao seu esposo, construiu a pousada. Mais tarde, com a reforma entrou o sócio, João. A empresa conta atualmente com nove colaboradores em seu quadro de funcionário, sendo a sócia proprietária, Carolina, que administra a empresa e a parte financeira, compras, negociações, financeiro e a produtividade dos funcionários; um auxiliar administrativo, responsável por executar as tarefas determinadas pelo gerente, além de realizar os serviços de contas a pagar e notas fiscais; três camareiras, que são responsáveis pela limpeza externa e interna da pousada; um vigia; um manutencionista e duas copeiras, responsáveis pelo café da manhã. 34 5 ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo são apresentados os dados coletados por meio das entrevistas, a fim de atender os objetivos específicos propostos no início deste trabalho. Primeiramente, apresenta-se a caracterização da população, por meio da identificação dos respondentes. Na sequência, é feita a apresentação e análise das respostas. 5.1 Perfil dos respondentes Os respondentes foram 13 ex-funcionários da empresa que sairam e que a empresa não gostaria que tivessem saído, pois todos executavam o serviço perfeitamente e apresentavam alto rendimento. Entre o total dos entrevistados encontram-se 12 mulheres e um homem apenas. Três entrevistas foram realizadas nas dependências da empresa, em três diferentes dias, e em horário flexíveis, de acordo com a disponibilidade dos entrevistados. As outras dez, foram nas residências dos entrevistados, onde a acadêmica, após convidá-los para virem até a pousada e eles recusarem, se propôs a atendê-los em suas casas, onde provavelmente estariam mais a vontade de forma que todos os dados pudessem ser coletados da melhor forma possivel. Os horários das entrevistas variaram entre 13h e 18h. Todas foram na parte da tarde, em diferente dias da semana que coincidiam com as folgas e intervalos dos entrevistados. Durante a coleta de dados, quase não houve nenhuma limitação. Todos aceitaram a entrevista, e aparentemente falaram com muita sinceridade, o que permitiu um melhor rendimento e análise das respostas. A única limitação foi na compreensão da pergunta, principalmente com relação aos vínculos de percepção de justiça e reciprocidade, em que as respostas foram praticamente as mesmas. Foi 35 bem difícil coletar respostas diferentes que diferenciasse um vínculo do outro, sendo assim a acadêmica optou por analisá-los junto. A seguir, seguem as respostas e análises propostas pelo objetivo geral da pesquisa. 5.2 Envolvimento com o trabalho De acordo com Siqueira e Gomid Jr. (2004), um individuo envolvido com o trabalho traz como consequência para o organização mais esforços no trabalho, melhor desempenho, menos faltas, mais satisfação no trabalho, entre outros. Os autores afirmam, numa abordagem organizacional, que o envolvimento com o trabalho é considerado uma peça-chave para ativar a motivação dos trabalhadores. Sendo assim, a acadêmica perguntou aos entrevistados se eles se sentiam motivados no trabalho; se eles se esforçavam cada vez mais para alcançarem melhores resultados para a empresa; se eles constumavam faltar e se sentiam satisfeitos com o trabalho. Diante das repostas dos 13 entrevistados, pode se afirmar que não houve envolvimento definitivo, pois todos romperam o vínculo, uns demoraram mais outros menos. Seguem algumas respostas dos entrevistados obtidas pela acadêmica: R1: “No inicio até eu tinha motivação pra trabalhar lá, gostava, mas depois perdi, ficou meio sem graça sabe? Tive uns desentendimentos com alguns colegas. Eu apenas cumpria com minhas obrigações, mais não fazianada além das minhas funções. Nunca faltei, não que eu lembre.” R6: “Eu sei limpar, mas não gostava quando a ... (falaou o nome) vinha conferir e dizer que estava mal feito, então eu fazia minha parte e ia embora, nem ficava lá enchendo linguiça não, dava minha hora e eu ia embora.” R7: “Bom, o que vou te falar? Era engraçado porque pra todo mundo que eu falava que trabalhava lá me dizia que legal todo mundo diz que é muito bom lá, mas eu não sentia isso. Tipo os patrões eram uns amores bem legais, mas eu não 36 gostava muito do que eu fazia. Como te disse, fiz um cursinho de camareira porque tinha muitas vagas pra isso, mas fiquei por necessidade mesmo. Atender os outros em pousada é muito estressante, sempre tem um que vai reclamar. Eu não faltava, enquanto estive lá fiz tudo direitinho, mas nunca fiquei até mais tarde não, dava meu horário eu largava tudo e ia embora”. R8: “Olha (risos), eu faltei algumas vezes, quando chovia muito sabe? Eu morava longe, e ia de bicicleta, entao quando chovia eu faltava. Não ficava com a conciencia pesada, pra mim se eles mandassem embora era até bom, eu ia ganhar o seguro desemprego e ia ter tempo de achar outra coisa, porque eu nao gostava de limpar pros outros não.” R11: “Olha, eu não gostava da minha função, mas naquele momento eu precisava, então fui ficando até quando deu, e enquanto tava lá fazia tudo conforme tinha que ser. Nunca faltei, nada disso. O que falavam ora eu fazer eu fazia.” R13: “ Eu fazia minha parte e deu! Nunca fui puxa saco, nem gostava de quem era. Então fiz tudo que era minha função, mas nada além disso.” Diante das seis respostas acima, pode-se notar que em nenhum momento esses entrevistados se sentiram envolvidos com a organização. Eles estavam limitados à apenas fazer o que tinha que ser feito e nada mais. Os outros sete entrevistados, a seguir, aparentemente por um determinado momento estavam envolvidos com a organização. Muitos responderam com carinho, com um suspiro antes de responder, e enquanto respondiam sorriam, o que parece que lembrar do tempo que estiveram lá deixa-os felizes. R2: “Ah! Eu fazia sim, arrumava e limpava tudo com muito carinho. Gostava de ver os hóspedes felizes, então se precisasse eu ficava até mais tarde sim, afinal o cliente paga pra ter isso, e minha função era fazer, então eu fazia (risos). Sempre fiquei até mais tarde quando precisava. E faltar? Imagina, nunca fiz isso! Eu fazia bem mais alem da minha função, pois colocava amor no que eu fazia sabe? Você consegue me entender? Eu colocava flor, cheirinho, arrumava as toalhas sempre diferentes, gostava de ouvir aquele “ah que lindo, que capricho!” do clientes.” 37 R3: “Eu nunca faltei em serviço. Em nenhum lugar que eu trabalhei eu faltei. Eu buscava sim, sempre fazer algo mais, pra ganhar elogios e quem sabe uma gorjetinha (risos), que não gosta né? (risos). R4: “Nunca faltei, aliás uma vez precisei ir no médico mas trouxe atestado, eu precisei ir porque estava com uma infecção, então era urgente. Eu amava ficar lá na pousada sabe? Eu limpava tudo depois ficava olhando, me orgulhando de ter deixado tudo tão lindinho (risos).” R5: “Sim, minha mãe ensinou que tudo que a gente for fazer devemos fazer da melhor forma, então enquanto estive lá fazia tudo do melhor jeito, eu gosto de arrumar aqui arrumar ali, e depois também, evitava reclamações né? (risos)” R9: “Ah menina, eu gostava, imagina eu nunca faltei não! Sempre que precisava eu ficava até mais tarde, e ia mais cedo. Mas tive que sair né? Sai justamente por isso, como minha filha ficou doente, tinha que sempre levar ela no médico então não faltar serviço sempre, daí achei melhor sair pra não prejudicar ninguém.” A entrevistada R9, demontrou muito carinho quando respondeu, pode-se afirmar que ela estava bem envolvida com a empresa, mas pelo motivo específico da filha ter adoecido teve que sair. R10: “ Nunca faltei. Eu fazia bem mais da minha função, era uma forma de eu praticar o que havia estudado. Me lembro que enquanto estive lá fazia tudo bem direitinho. Eu gostava muito dos patrões, eles sempre foram bem bonzinhos.” R12: “Ah, fazia tudo sempre da melhor forma. Nunca faltei. Tentei sempre fazer o que era minha função, e além, percebia que quando fazia algo há mais deixava pessoas felizes. Eu tive que sair por causa do salário mesmo. Mas amava trabalhar lá. Era tudo na paz.” Diante de todas respostas deste vínculo, pode-se notar que quase metade dos entrevistados não se sentiam envolvidos com a organização, talvez tivessem envolvidos com o trabalho apenas, pois quando dizem que fazia o que era pra ser feito, eles faziam muito bem, mas eram limitados a fazer somente o que cabia à eles. Um pouco mais da metade, responderam que faziam com amor, que gostavam de fazer algo a mais, uns para ganhar elogios, outros porque se sentiam bem. 38 É importante enfatizar que os que aparentemente se envolveram com a empresa, mais tarde romperam o vínculo, pois se realmente se mantivessem envolvidos estariam até agora na organização. É possível observar que o nível de envolvimento, no geral, foi moderado, pois os trabalhadores tinham uma alta participação com suas tarefas cotidianas da empresa, porém tiveram baixo envolvimento afetivo. O mesmo resultado foi percebido em uma pesquisa sobre o Envolvimento Organizacional em Empresas da Serra Gaúcha, elaborada por Rui et al (2010). Nesta pesquisa os participantes estavam altamente envolvidos com as da empresa, mas não com a empresa propriamente dita. Os autores da pesquisa concluiram que tais fatos podem servir para uma interferência de que os trabalhadores, a qualquer momento podem deixar a sua organização, na medida que novas oportunidades melhores sejam oferecidas e eles. De acordo com com Lambert et al. (2001) apud Rui et al (2010)a satisfação no trabalho é a mais importante causa de intenção do trabalhador de permanecer ou sair da empresa. Com as respostas é possível notar que quase metade dos entrevistados não se sentiam envolvidos com a empresa em nenhum momento, e logo isso pode ter sido um fator decisório na saída dos mesmos da empresa. 5.3 Comprometimento Para melhor compreender as vínculos, optou-se por investigar o comprometimento como sendo afetivo, pois dessa forma fica mais fácil a compreesão dos demais vínculos. O empregado com um forte comprometimento afetivo permanece na organização porque quer. Se envolve com a organização e com os papeis de trabalho, desempenhando-os da melhor forma possível afim de alcançar os objetivos propostos, criando assim um laço psicológico com a empresa (SIQUEIRA E GOMID JR., 2004). 39 O questionamento para investigar o comprometimento afetivo dos entrevistados foi: Você gostava de fazer parte da equipe da pousada? No período em que esteve trabalhando lá, permaneceu porque queria e gostava de estar? Fazia suas tarefas com carinho sempre buscando a melhor forma para cumprir com os objetivos propostos pela empresa? Cinco dos treze entrevistados, não apresentaram em nenhum momento características de um indivíduo comprometido afetivamente. Deixaram bem claro que não queriam estar, e ficaram porque precisavam, porém na primeira oportunidade saíram. R1 – “Com te disse no inicio eu gostava, mas depois foi passando um tempo e umas coisas aconteceram que eu não gostava mais. Fiquei só até achar outra coisa, não era porque queria era porque precisava”. R7 – “Eu não queria estar lá porque não gostava de faxinar! A pousada era legal, me lembro que os patrões eram bem bonzinhos, mas eu não gostava mesmo de limpar”. R8 – “Eu nunca me envolvi eu acho. Fiz tudo bem certinho como me ensinaram, mas sabe, eu não gostava daquilo, queria ficar pela tranqüilidade, mas não gostava da minha função”. R11 – “Eu não queria estar lá, mas eram coisas da vida (risos). Precisava muito do emprego, na época eu tinha dívidas demais”. R13 – “Nunca quis ficar naquela função por muito tempo. Foi a única oportunidade do momento, mas na primeira oportunidade de trocar de emprego troquei”. Os outros oito, pareceram comprometidos afetivamente por um tempo. Porém, por algum outro motivo esse vínculo se rompeu. R2 – “Eu sempre fazia com carinho as coisas, fazia bem mais do que era pra fazer, tipo paparicar os hóspedes (risos). Gostava muito da nome (patroa), ela sempe teve um jeito carinhoso de falar com a gente, enquanto estive lá me envolvia com tudo, até nas aulas de yoga eu ia (risos). Eu até queria ficar mais tempo lá, mas precisava de um emprego melhor”. 40 R3 – “Eu amei trabalhar lá, foi um dos melhores lugares! Mas eu precisava ganhar mais, queria ficar mas realemente precisei sair pra um emprego que ganhasse mais”. R4 – “Não tem como não se envolver, era tudo tão zen lá (risos). Os patrões muito legais! Eu fiquei porque queria, mas houve um negócio que eu sai. Quando entrou uma mulher nova, ela gritava, era carrasca! Me fez sair, mesmo eu querendo ficar eu sai, porque ela tirava minha paz”. R5 – “Eu queria continuar lá, era bom demais, mas eu precisava ganhar mais. Os patrões eram uns amores”. R6 – “Eu gostava, mas precisava ajudar meu marido com as contas. Ah, e sabe tinha gentinha lá que se achava. Os patrões que eram patrões eram legais, e os funcionários, alguns, aff dá nojo só de lembrar”. R9 – “Por mim teria ficado até hoje eu acho (risos). Mas precisei sair mesmo. Não tinha ninguém pra ficar com minha filha.” R10 – “Então, foi bom enquanto durou (risos). Assim, enquanto eu fiquei, fiquei porque queria, mas depois quando decidi sair, saí logo de uma vez. Eu precisava de algo melhor, em termos de salários, entende?”. R12 – “Ah, eu gostava tanto! Foi o melhor emprego meu. Até sofri assim pra sair sabe? Era muito bom mesmo (nesse momento o entrevistado ficou pensativo, sorrindo ao que me parece lembrando do tempo que trabalhou lá). Sai com o coração partido, mas eu precisa ganhar mais.” Os oito entrevistados que aparentemente se mantiveram comprometidos afetivamente, mais tarde romperam com o vínculo. 5.4 Entricheiramento e Empenhamento Devido à semelhanças, os vínculos entricheiramento e empenhamento foram analisados em conjunto, conforme abaixo. Para melhor compreender as vínculos, optou-se por investigar o empenhamento numa perpectiva instrumental, pois dessa forma fica mais fácil a 41 compreesão dos demais vínculos. Nessa perspectiva, o empenhamento pode ser visto como uma tendência do indivíduo para adotar linhas consistentes de atividades que implicam uma escolha, da responsabilidade do indivíduo, do curso de ação que melhor serve os seus interesses, permanecendo na organização devido aos custos associados à sua saída (Becker, 1960). Entrincheiramento, segundo Carson e Bedeian (1994) e Carson et al. (1995) apud Pinho et al. (2012) diz respeito à opção do indivíduo de continuar na mesma empresa por falta de alternativas, pela sensação de perda dos investimentos já realizados, ou pela percepção de um preço emocional muito alto a pagar se mudar. Foi perguntado aos entrevistados: Você gostava da função que desempenhava ou permaneceu na mesma por falta de opção, por que precisava? Quando decidiu sair, se demitiu imediatamente ou repensou a decisão verificando se era isso mesmo que queria e se convinha fazer no momento? O que mais te prendeu na empresa, antes de realmente sair? Diante das repostas dos 13 entrevistados, pode se afirmar que não houve entrincheiramento pois todos romperam os vínculos, uns demoraram mais outros menos. Por um determinado tempo talvez eles se mantiveram entrincheirados enquanto comparavam se permaneciam ou não na empresa, por falta de opção em outro lugar. Na sequência a seguir, 05 dos 13 entrevistados afirmaram que não gostavam da função que desempenhavam, e continuaram somente por falta de opção e até acharem uma oportunidade melhor. R1 – “No início eu gostava, mas foi passando o tempo e acho que enjoei, porém continuei até achar outro emprego melhor” R7 – “Como eu fiz um curso de camareira, mesmo não sendo o que eu gostava de fazer, mais era a única coisa que poderia fazer, eu continuei ali, eu não tinha outra escolha ou eu trabalhava naquela função ou ficaria desempregada.” R8- “Ah, eu continuei somente por falta de opção. Eu era nova e as pessoas diziam: você pode encontrar um emprego melhor, e acabei acreditando nas pessoas, fiz uns cursos de outras coisas e quando pude pedi as contas”. R11 – “Não gostava da minha função, hoje nem faço mais o que fazia lá, continuei porque precisava do serviço, na época eu tava endividada, tinha que ser pau pra toda obra”. 42 R13 – “Não gostava. Eu estudei então queira um cargo mais alto. Fiquei somente até achar outra coisa Já os outros 8 entrevistados não pareceram entrincheirados em nenhum momento, pois gostavam da função que desempenhavam, e muitos continuam na mesma função até hoje em dia em outras empresas. Diante das respotas abaixo pode-se perceber que eles gostavam da funçao que desempenhavam, e parece que o problema era o ambiente de trabalho. Ao que parece estes funcionários gostavam do seu cargo, e não foi esse motivo que os levaram a se demitir. A partir dessas afirmações pode-se remeter, a uma das conclusões Teoria das Relações Humanas que aponta a importância da integração social e outros fatores que tornam o indivíduo satisfeito e eficiente (CHIAVENATO, 1997). Nesse caso, os entrevistados gostavam do trabalho (do conteúdo) mas não das relações que recebiam e/ou do tipo de supervisão recebida, e esse pode ter sido uma fator que incentivou-os a sair da empresa. Essas relações podem estar envolvidas diretamente com a integração social que recebiam, com os grupos informais da empresa, com as recompenas e com os aspectos emocionais de cada um. R2 – “Eu nasci pra ser faxineira (rs), adoro limpar e ver tudo limpo! Eu gostava da minha função, tinha dias que eu achava que as pessoas não me enxergavam com um avental mas mesmo assim eu gostava”. R3 – “Eu gosto de limpar, jogar água em tudo (rs), gosto sim e me orgulho do que faço”. R4 – “Gostava sim! Fazia tudo direitinho, era bem legal, adorava colocar as florzinhas nos quartos (rs).” R5 – “ Amava!! Aprendi desde cedo com minha mãe a limpar tudo perfeito, adoro limpar e deixar tudo cheiroso!” R6 – “Eu só sei fazer isso, em qualquer pousada que eu vá trabalhar só sei limpar, e eu até gosto do que faço, já acostumei. Claro que por outros motivos eu sai, mas não foi porque eu não queria mais faxinar”. R9 – “Nunca havia trabalhado nessa função, mas aprendi a gostar, principalmente quando os hóspedes elogiavam. Foi bom, aprendi muita coisa, cuidar de todos os detalhes, deixar tudo arrumado pros clientes, mais minha filha ficou doente e eu tive que sair para cuidar dela”. 43 R10 – “Gostava sim, cursei Turismo justamente por isso, porque gosto disso, atender hóspedes que viajam felizes e chegam contentes sorrindo pra gente, era uma função que quase não escutava reclamações”. R12- “Gostava sim, na minha função era só eu. Trabalhava sozinho bem tranqüilo. Saí mesmo porque precisava ganhar mais.” 5.5 Percepção de Justiça e Reciprocidade Pela semelhança das respostas, optou-se por analisar esses dois vínculos em conjunto. Conceitualmente eles são diferentes, porém a acadêmica sentiu dificuldade em seprar as respostas de cada um, pois os entrevistados respondiam em uma única pergunta sobre os dois vínculos, claro, eles sem saber que eram distintos. Reciprocidade organizacional de acordo com Siqueira (1995, p. 183) é “um conjunto de crenças relacionadas à maneira como os empregados percebem a disposição da organização para emitir atos recíprocos”. Para Oliveira-Castro, Pilat e Birges-Andrade (1999, p. 32) reciprocidade pode ser definida como um “padrão de trocas mutuamente dependentes entre duas unidades sociais”. Greenberg (1990) apud Barradas (2011) refere que a justiça organizacional é a percepção que os indivíduos têm da justiça sobre as práticas organizacionais. Sendo assim, foi questionado aos entrevistados se em algum momento se sentiram injustiçados; se o que a empresa pagou foi justo; se a divisão de tarefas era justa. A entrevista R1 foi bem obejtiva quando disse que por várias vezes se sentiu injustiçada, e demonstrou muita percepção de ausência de reciprocidade quando ela esperava mais em troca do que fazia a mais. Da mesma forma, a entrevistada R7 falou da divisão da limpeza, demostrando que se sentia injustiçada com a divisão das faxinas. R1 – “Nossa várias vezes! Achava bem injusto quando algumas pessoas iam embora mais cedo e outras tinham que ficar até mais tarde. A divisão não era justa, me lembro que por várias 44 vezes sugeri que fosse feita de outra maneira, pois enquanto eu limpava um chalé tinha gente que limpava uma suíte. Eu achava que tinha que ser diferente, um chalé vale quase três suítes. Em relação ao que foi pago (ela ficou pensativa por um momento antes de responder)... ah, no começo me parecia bom, mas depois vi que não era tudo aquilo, a gente sempre fazia mais do que era a nossa função, e nunca ganhamos nenhum real há mais por isso. A patroa dizia obrigada, mas só isso não adiantava sabe. Claro que um agradecimento é bom, mas só isso sempre cansa. (risos).” R7 – “Eu não gostava do que fazia, então podia me pagar mais que eu ia sair do mesmo jeito (risos), só fiquei ali por falta de opção. Eu fazia minha parte e só. Acho que era justa e não ao mesmo tempo, porque as mais rápidas se ferravam sabe? Enquanto umas limpavam um, outras limpavam dois três.” A entrevistada R2 não aparentou ter se sentido injustiçada e nem sentiu falta de reciprocidade na organização, em nenhum momento ela falou que estava insatisfeita com o salário ou divisão de tarefas, ou que esperava mais. Ela foi clara quando disse que saiu por outro motivo. R2 – “Sempre achei pouco meu salário, mas eu gostava de trabalhar lá. Adoro limpar. Trabalhei por um tempo, e o que me fez realmente sair foi isso e outra coisa (risos). Entrou umas pessoas diferentes na equipe, e me enchiam o saco sabe? Ah, e eu não gosto de ninguém chata do meu pé, então eu sai. A patroa era muito liberal, então tinha gente que ganhava nas costas da gente, não tinha uma divisão certa, todo mundo fazia como queria e do jeito que queria”. As entrevistadas R3 e R6 esperavam um pouco mais de reconhecimento da empresa pelo serviço de qualidade que prestavam. Sendo assim, pode-se concluir que elas sentiram mais ausência de reciprocidade do que de justiça, pois não falaram que o salário era injusto, mas argumentaram que fazia algo a mais, e notase que esperavam algo a mais por isso. R3- “Sim, achava pouco. Aqui (Bombinhas) é difícil achar gente boa que trabalhe no pesado né? E eu gostava do que fazia lá, então eles podiam pagar mais né? Mas era é só disso que me lembro, não era injustiçada (risos). Na minha época tinha umas meninas legais, nóis trabalhava juntas, era divertido.” R6 – “Justo eu não sei se era, mas era o que toda pousada pagava. Mas ali nóis fazia muita coisa, então eles podiam dar um agrado né? Era flor que a gente pegávamos, incenso que tinha que colocar. Muitos detalhes mesmo. Em dia de entrada nóis ficava sempre até tarde pra arrumar do jeito que era. 45 Então podia ter um extra no final do mês né? (risos). Mas da divisão não posso reclamar, porque nóis fazia tudo junto”. As entrevistadas R5 e R11 falaram que o salário era o que todos pagavam. Relataram que em alguns momentos da divisão das tarefas havia injustiça, porém não foi esse o motivo que fez que elas saíssem da pousada. A entrevistada R5 afirmou que precisava ganhar mais, mas foi bem sensata ao dizer que recebia da pousada o que outras pousadas pagavam também. R5 – “Sempre achei pouco, mas era o que pagavam na época, na verdade eu que pagava aluguel então não sobrava quase nada do meu salário. A divisão de tarefas? Ah, acho que era justa sim, pelo que eu me lembre era. Imagina, nunca me senti injustiçada, era bem bom trabalhar lá. Só saí mesmo porque precisava ganhar mais, e de faxineira, sem registro, dava mais, porque se eu fosse pra outra pousada ia ganhar a mesma coisa.” R11 – “Assim, eu fazia tudo perfeitinho, porque eu era paga pra isso, mas como eu não gostava de ser camareira pra mim tudo era ruim (risos). Achava o salário pouco e a divisão de tarefas ruim. Em relação a injustiça... (ficou pensando), não sei se era injustiça, mas não era pago hora extra, e esse negócio de trabalhar até mais tarde hoje e até mais cedo amanhã eu não gostava. Prefiria ganhar em dinheiro”. A entrevistada R4, foi bem segura no que disse. Aparentemente ela se sentiu injustiçada após a governanta nova chegar, pois ela relata que a divisão de tarefas foi alterada e ela percebeu isso como uma injustiça. Em relação ao salário, ela não pareceu feliz quando respondeu, porém como ela mesmo disse, era o salário base, e pela resposta não foi esse o fator que fez com que ela realmente saísse da empresa. Diante desta resposta pode-se concluir que ela não sentiu ausência de reciprocidade da empresa, pois em nenhum momento falou disso. Ficava o tempo todo falando da governanta. Ao que parece essa resposta se remete ao vínculo de relações de troca social, que será analisado mais à frente. R4 – “Ah, eu gostava de lá, era tranqüilo, até entrar uma governanta nova. Ela que fez eu sair mesmo, porque tudo que eu fazia era errado. Os patrões eram bons e ela se achava, mandava a gente trabalhar e não fazia nada, daí desde que ela entrou ficou tudo descordenado, a divisão de tarefas foi bem injusta desde que ela chegou. O salário era o base, nem podia querer mais, era o que todo mundo pagava” 46 As entrevistas R8 e R9 não demostraram que se sentiram injustiçadas. Elas foram claras ao dizer que saíram por outro motivo. R8 – “Não me sentia ijustiçada não. Os patrões eram legais. Algumas pessoas que trabalhavam comigo que era chatas. Mas fiquei lá só até arrumar outra coisa, eu nunca gostei de trabalhar na limpeza.” R9 – “Ah eu adorava tudo. Capaz que me senti injustiçada (risos). Eu sai mesmo porque minha filha adoeceu”. As entrevistadas R10 e R13 afirmaram que o salário é pouco sim, e que foi por isso que saíram da organização, ficaram apenas até acharem outro emprego que pagasse mais. R10 – “Era só eu na minha função então às vezes eu ficava sobrecarregada. Achava o salário pouco, por isso que sai, até achar outro que pagasse mais”. R13 – “Ah eu achava pouco, na época eu tinha recém terminado os estudos, e sempre achei que tinha capacidade para um salário mais alto. Eu fazia tudo do meu setor, enquanto o outro rapaz que também trabalhava não fazia quase nada”. O entrevistado R12, o único homem, afirmou que o salário era pouco sim, e que foi por isso que saiu da organização. Por um momento parece que sentiu ausência de reciprocidade quando diz que ficava até mais tarde a nunca ganhou nada a mais por isso, é como se ele ficasse e esperasse algo recíproco da pousada em relação à essa atitude. R12 – “O que eu ganhava era pouco sim, foi por isso mesmo que saí. Eu sou pai de família, preciso ganhar bem pra sustentar meus filhos. Eu trabalhava sozinho, eu e Deus (risos). Então não posso reclamar da divisão de tarefas. Me lembro que muitas vezes fiquei até tarde e às vezes fazia coisas além da minha função e nunca ganhei um real há mais”. De um modo geral, a maioria se sentiu injustiçado ou sentiu ausência de reciprocidade organizacional. Com essas respostas a empresa poderá avaliar 47 melhor suas atitudes que envolve esses vínculos, de uma forma que os indivíduos não se sintam mais assim, pois um individuo injustiçado ou com ausência de reciprocidade se desmotiva pouco a pouco, seu rendimento diminui, e juntamente com outros fatores decidir abandonar a empresa onde trabalha para ir em busca de outra que atenda suas necessidades. 5.6 Percepção de suporte organizacional e social Rueda et al. (2010) definem que a percepção do suporte organizacional é importante na área de pesquisas sobre o comportamento humano por ser uma das variáveis que tem maior poder de explicar comportamentos no ambiente de trabalho. Desde modo, a partir de estudos sobre o tema é possível analisar as relações de suporte no trabalho, bem como as interações entre empregados e chefes. Foi questionado aos entrevistado como era a relação com os colegas de trabalho, se havia ajuda mútua, se havia clima de cooperação. As respostas foram as mais intensas, e surpreendeu a acadêmica. Pois oito dos treze entrevistados responderam com uma intensidade que transparecia verdade e segurança no que estavam falando. Duas entrevistadas afirmaram que achavam a turma legal. R3 – “A gente era unidas, trabalhei pouco tempo lá, mas pelo que lembro nós trabalhava juntas, limpava de duas um apartamento, quando uma ia comer iam todas, não posso reclamar. Sai mesmo pelo salário, eu precisava ganhar mais ”. R3 – “Era legal. Eu já conhecia uma outra camareira de lá então não me sentia tão sozinha”. 48 De acordo com as respostas R10 e R12, pode-se notar que o relacionamento deles com os demais funcionários era amistoso, mas eles relatam algo bem importante: que como eram de setores diferentes das demais entrevistadas percebiam um clima de fofocas entre as funcionárias da limpeza e cozinha, um clima de intrigas, desunião e disputa. R10 – “Eu nunca tive problemas com ninguém, mas percebia que as meninas viviam num clima de disputa e de fofoquinha. Vinham falar para mim mal das outras colegas. Muitas choravam nos apartamentos escondidas enquanto faxinavam, por várias vezes eu presenciei essa cena, e quando eu perguntava o motivo sempre vinha o nome de outra colega” R12 – “Bom, eu trabalhava sozinho e falava com todo mundo, sempre fui quieto, na minha, não dava muita opinião. Mas as meninas quase se pegavam pelo cabelo. Quando a patroa estava por perto era sorrisinho pra cá sorrisinho pra lá, mas quanso ia embora se ofendiam até com o olhar” A entrevistada R9, relatou que o motivo pelo qual saiu foi a filha ter ficado doente, mas deixou bem claro que não se entendia muito bem com as meninas com quem trabalhava. R9 – “Eu sai porque minha adoeceu, hoje ela está bem graças a Deus, porém tive muito sangue de barata para agüentar certas pessoas. Elas me esnobavam, mas eu nem ligava, fazia meu serviço tranqüilo, sozinha e sussegada. Fiquei muito pouco tempo lá, logo tive que sair, e isso não me afetou, talvez se eu ficasse mais tempo ia ser um problemão pra mim” As outras nove pessoas entrevistadas falaram claramente que o maior problema era as companheiras de trabalho. Diante destas respostas, percebe-se que, juntamente com percepção de justiça por conta do salário, o suporte social foi um dos vínculos responsáveis pela maioria das demissões. R1 – “Nossa meu relacinamento era horrível, lembro que elas me deixavam de lado limpando sozinha enquanto iam limpar em dupla ou em três pessoas. Eu já não estava muito contente com o salário, e ainda mais isso? Ah eu não podia continuar lá senão ia voar nos cabelos de algumas lá (risos).” R2 – “Tinha uma mocinha bem legal, ela que sempre me ajudava quando entrei, porque tinha muitas duvidas e sempre 49 ia perguntar pra ela. Mas era só ela, as outras nem me olhavam, daí sabe quando a patroa chegava elas iam correndo falar que eu fiz mal feito. Eu ficava muito chateada, porque elas podiam falar pra mim né? Se eu tivesse errado com certeza ia arrumar, mas não eram bem cobrinhas.” R4 – “Era bom, mas daí veio uma nojentinha lá que se achava com o rei na barriga. Não fazia nada e dizia que o a gente fazia sempre tava mal feito. Então eu saí senão ia acabar brigando com ela.” R5 – “Era tudo bom, a divisão de tarefas era legal, mas eu me sentia sozinha, as outras iam tomar café e não me chamavam, acabavam o serviço e iam embora, me ignoravam. Se tavam falando e eu chegava paravam. Muito ruim, eu que tenho gastrite ficava nervosa com isso, não gosto de gente assim. Foi ao que eu resolvi sair, e também porque eu precisva ganhar mais.” R7 – “Olha, eu já não gostava do que eu fazia, e daí eu tinha que aguentar umas lá que só pode Deus. Acho que nem que se pagassem o dobro eu voltaria a trabalhar com aquela fulana.” R8 – “Ai os patrões eram tão bonzinhos, mas tinham umas funcionarias que não valiam nada, chatas, chatas, chatas. Eu não gostava de trabalhar com faxina, mas mesmo que eu gostasse não sei se ia agüentar muito tempo não, era um ninho de cobra lá.” R11 – “Eu não gostava de limpar, fiquei por necessidade, queria apreder pois enquanto estivesse lá tinha que fazer as coisas certas, mas ninguém me ensinava, só ficavam de cochichos pelos cantos, e quando eu chegava era silencio total. Ah, e tinha uma três parentes lá daí já viu, era fogo quando se juntavam.” R13 – “Tinha uma lá que eu não gostava não, ela me olhava como se eu fosse um bicho, daí as vezes ia falar algo pra ela e ela já me dava patada, credo bem grossa! Eu sai logo depois de arrumar um outro serviço, mas também nem sei quanto tempo ia agüentar trabalhar lá com ela, porque tava tudo em paz e ela chegava gritando, dando coisse, aff, horrível, não gosto nem de me lembrar dela!” 50 5.7 Satisfação no Trabalho De acordo com Lucke (1976) apud Kanan (2008), satisfação pode ser definida como um estado de prazer e emoções positivas resultantes de avaliações de um trabalho ou de experiências no trabalho. Segundo Quarstein, McAfee e Glassman (1192) apud Kanan (2008), um individuo satisfeito gosta do que faz e sente prazer como o que faz. O questionamente sobre satisfação aos entrevistados foi se eles gostavam do que faziam e se sentiam prazer no qua faziam, enquanto trabalhavam na pousada. Da mesma forma que no entricheiramento, os entrevistados R1, R7, R8, R11 e R13 declaram que não gostavam do que faziam, e que isso não dava prazer. Portanto fica evidente que esses cinco entrevistados em nenhum momento sentiram satisfação pelo trabalho. R1 – “Como disse, no início eu gostava, mas foi passando o tempo e acho que enjoei, fui procurar algo melhor, uma outra função.” R7 – “Eu não gostava não, mas era o que eu sabia fazer. E pra fala a verdade (nesse momento surpirou fundo e falou com receio) eu tinha um pouquinho de vergonha de trabalhar na faxina porque as pessoas me olhavam como se eu fosse insignificante. Até fiz um curso porque muitas pousadas estavam contratando camareira, mas não era uma coisa que me dava prazer não” R13 – “Não gostava, não era uma coisa que me dava prazer. Eu gostava da harmonia da pousada em sim, era bem legal.” As entrevistadas R8 e R11, por um momento parecem satisfeitas com a organização, mas não com o trabalho. R8- “Nunca gostei! Eu gostava da pousada era feliz lá, mas não sentia prazer em limpar não (risos)”. R11 – “Não gostava da minha função, trabalho com outra coisa hoje em dia. Eu gostava do clima da pousada, os patrões eram muito legais, acho que foram os melhores que tive, mas não me dava prazer limpar banheiro todo dia (risos)”. 51 Já os outros 8 entrevistados pareceram satisfeitos com a função que desempenhavam, alguns trabalham com isso até hoje. Parece que o que levou-os a sair da empresa, foram outros motivos. R2 – “A me orgulho, pago minhas contas faxinando (risos)”. R3 – “Sou feliz como camareira sim, e o tempo que tive lá fui feliz limpando (risos), me desestressa limpar”. R4 – “Gostava sim! Acho que tenho KBOA no sangue, porque adoro limpar (risos).” R5 – “ Sim, eu amava, me dava prazer sim.” R6 – “ Limpar me dá prazer, eu gostava e gosto ainda de trabalhar com faxinas. R9 – “O que mais me dava prazer era ver os hóspedes elogiando, eu gostava, foi bom enquanto estive lá”. R10 – “Sim, me dava prazer, eu gostava mesmo!. R12- “Nossa, era tão bom, eu gostava demais.” Aparentemente, estes oito entrevistados, estavam satisfeitos com a função, e não com o ambiente de trabalho. Talvez seria necessário que a empresa, para manter esse funcionários “bons” por mais tempo, buscasse formas de incentivá-los, pois um indivídio incentivado tende a ser mais satisfeito. Isso é o que mostra um estudo realizado pelos acadêmicos TAVARES FILHO et al. (2010) publicado em artigo. 52 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O vínculo é uma estrutura na qual estão incluídos um individuo, um objetivo (a organização) e uma relação particular entre eles, que pode ser entendida a partir dos elementos que constituem os vínculos. Assim, o objetivo principal desta pesquisa foi analisar os vínculos do individuo com o trabalho e com a organização, por meio dos elementos que os constituem e que exercem ou exerceram influencias nas relações entre os sujeitos estudados e a empresa na qual foi realizado este estágio. O conjunto de dados obtidos na pesquisa possibilita concluir que todos os vínculos foram se rompendo pouco a pouco. Em seu conjunto pode-se reconhecer a presença de um vínculo que se fez presente no rompimento de todos os demais contribuindo com a saída definitiva do indivíduo da organização: o suporte social. As respostas do questionamento sobre este vínculo foram quase unânimes, e a intensidade das respostas permite concluir, que ao contrario do que se pensava, o suporte social fez toda a diferença para o desligamento do individuo com a empresa. A acadêmica se surpreendeu com o resultado. Ao longo dos anos de trabalho e contando com sua vivência e experiência na empresa, acreditava que o fator principal que levaria os funcionários a terem se demitido era o salário que recebiam e no entanto, as declarações dos ex-funcionários não confirmaram este entendimento. Do mesmo modo, a análise dos vínculos trouxe conclusões inéditas, tanto para a empresa, quando para a acadêmica, pois permitiram a comparação entre suposições prévias, fatos do dia a dia e a teoria. Com os resultados deste estudo pode-se entender como necessário dar atenção especial à todos os vínculos que mantém o indivíduo na empresa. Também serviu para ampliar os conhecimentos da acadêmica no assunto, possibilitando à mesma propor ações até então desconhecidas e não utilizadas pela empresa. O foco que havia quanto aos salários parece que esteve equivocado levando os gestores a questionarem as práticas adotadas até agora e planejjarem novas ações, como por exemplo, promover encontros sociais de seus funcionários, de modo que se aproximem e mantenham um suporte social mais sólido. É importante ressaltar que para evitar indivíduos com características de entricheiramento e insatisfação é essencial ter um bom processo de seleção, com 53 perguntas objetivas em relação ao cargo, pois é importante ter um funcionário em determinada função que goste desta função, pois assim o rendimento será outro. Em relação a percepção de justiça, é importante sempre efetuar um feddback com os funcionários, para saber o que pensam da remuneração, divisão de tarefas, entre outros. De repente, poderia ter critério para algumas gratificações extras todo mês, pois assim o individuo teria a oportunidade de estar ganhando um pouquinho mais do que se tivesse na mesma função em outros lugares talvez. O mesmo acontece com a reciprocidade, com um feedback seria possível analisar se existe de fato a reciprocidade entre as partes. Com certeza isso evitaria a insatisfação e, conseqüentemente fortificaria os vínculos de forma que um bom funcionário permaneça o máximo de tempo trabalhando na mesma empresa. Sugestões para próximos estudos: descobrir o porque das relações saturarem e por que os indivíduos deixam saturar, em vez de irem falando ou demostrando suas insatisfações. Sugere-se isso porque no decorrer da pesquisa percebeu-se que os funcionários foram rompendo pouco a pouco os vínculos e saturando o relacionamento, porém não falavam sobre isso, com excessão de apenas um, que foi dando indícios o tempo todo de que em breve precisaria trocar de emprego por conta do salário. É importante pesquisar o que faz com que esses indivíduos não se manifestem. Será que é medo? Descrença? ou outros? Essa é uma pesquisa que pode ser desenvolvida com os indivíudos que fazem parte do quadro de funcionários atuais da empresa e que podem mais tarde, ter conseqüências como os outros que saíram. Quanto à experiência da acadêmica, foi possível unir o conhecimento teórico com as situações do dia-a-dia de uma organização. Isso permitiu que a mesma obtivesse um crescimento profissional considerável que poderá aplicar em qualquer outra empresa onde vier a trabalhar. Do mesmo modo, acredita-se que para a empresa Pousada Vila Boa Vida, tenha sido importante e que tenha colaborado para o fotalecimentos dos vínculos, de modo que os funcionários com alto desempenho permaneçam vinculados à ela o máximo de tempo possível. No decorrer do trabalho a acadêmica encontrou algumas limitações, principalmente para encontrar bibliografias nacionais. A maioria era estrangeiras. Como tem muitos termos novos, foi bem difícil fundamentar. A acadêmica utilizou-se de vários artigos, teses e dissertações que nortearam e facilitaram a pesquisa e análise dos dados. 54 7 REFERÊNCIAS ALLEN, N.J.; MEYER, J.P. 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Porto Alegre: Artmed,2004. 59 APÊNDICES 60 Apêndice A Roteiro de entrevista elaborado pela acadêmica. 1- Nome? 2- Quanto tempo trabalhou na empresa? 3- Como foia experiência de fazer parte da equipe? 4- Do que mais gostou? 5- O que admirava na empresa? 6- O que mais te decepcionava? 7- Que motivos levaram você a se demitir? 8- O que trouxe mais insatisfação na empresa? 9- Você voltaria a trabalhar na empresa? Por quê? 10-Como você enxerga seus patrões? 11-Como era seu relacionamento com seus colegas de trabalho? 12-Quando percebeu que queria sair da empresa se demitiu imediatamente ou esperou alguma oportunidade para anunciar? 13-Você costuma faltar no trabalho? 61 14-Você gostava da função que desempenhava ou continuou ali por falta de opção? 15-Você se sentiu valorizado no tempo que trabalhou na empresa? 16-Você sentia que a empresa reconhecia e valorizava certas atitudes sua? 17-Como você percebe a qualidade do tratamento que recebeu da organização em retribuição ao esforço que deu ao trabalho? 62 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS Orientador de conteúdo Prof. Luciano Dalla Giacomassa Supervisor de campo Carolina Martins Langowski Responsável pelo Estágio Prof. Marisa Pigatto