UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Planejamento para o início de obras em edificações de múltiplos
pavimentos
Silvio Romero Duarte Pereira
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade
Federal de São Carlos como parte dos
requisitos para a conclusão da
graduação em Engenharia Civil
Orientador: Prof. Dr. José Carlos Paliari
São Carlos
2012
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a meus pais, por acreditarem em
mim e fazer de tudo para que eu pudesse chegar até
aqui.
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos a todos os familiares e amigos pelo apoio e confiança em
todo esse período de graduação.
Agradeço ao Prof. Dr. José Carlos Paliari pela paciência, disponibilidade e pela orientação
desse trabalho que foi e será muito importante para minha formação como Engenheiro Civil.
Agradeço também a todo corpo docente e funcionários do Departamento de Engenharia
Civil (DECiv) da UFSCar, pelo apoio e aprendizado nesses cindo anos da faculdade de
engenharia civil.
Agradeço a UFSCar por tudo que me proporcionou nos cinco últimos anos e qualidade
indiscutível de ensino.
Agradeço a todos os colegas e amigos que de alguma forma participaram e influenciaram
nessa caminhada na graduação.
E por fim e mais importante agradeço a Deus pelas ótimas oportunidades que a vida me
proporciona e pela proteção e força nos momentos necessários.
“Os sonhos não envelhecem”.
Márcio Borges.
RESUMO
Em um mercado em que se exige cada vez mais rapidez e agilidade, os prazos se tornam
cada vez mais curtos e planejar estrategicamente se torna um diferencial na entrega de um
empreendimento. O planejamento feito pela maioria das empresas tem um enfoque na parte
de execução e procuram otimizar esse tempo, mas muitas vezes as etapas de pré-obra e
pós-obra são deixadas de lado. A partir disso, a elaboração e padronização de todo o
processo que envolve o pré-obra usando os instrumentos necessários fornece a estimativa
do período, além de subsídios para verificar o que é necessário priorizar para não ter atraso
no processo. A metodologia a ser empregada conta com levantamento das atividades
principais e preponderantes do pré-obra além da identificação no mercado de empresas que
possuem planejamento ou algum tipo de padronização do processo e atuem no setor
imobiliário para elaboração de um cronograma que abrange toda essa etapa de início de
obras. A pesquisa fornecerá subsídios para a determinação de índices de produtividade,
estudos mais aprofundados sobre a questão burocrática de obras no país e gerenciamento
de canteiro e projetos na construção civil. Por fim, o trabalho é de suma importância para
aqueles que pretendem atuar na área tanto na planejamento e controle das construções,
como nas áreas de racionalização, gerenciamento e gestão de projetos.
Palavras-chave: Planejamento, canteiro de obras, projetos.
ABSTRACT
ABSTRACT
Nowadays, a blooming market requires agility and quickness, therefore, deadlines becomes
shorter and planning strategically turns to be business' big differential. Planning boards done
by most of them has focus on its fulfillment and seeks the optimization of time, so pre and
post stages in a process are put to the side. From this point on, the estimative time is
provided by the the development and standardization of this process that involves the preconstruction* and its necessary instruments, beyond subsidies to verify what's necessary to
prioritize and don't delay the process. The methodology consists of the pre stage's main and
commanding activities survey, and also the identification of the enterprise that holds a
planning strategy or some other type of standard process and housing for the development
of an chronogram in this beginning period. This research will provide subsidies to determine
produtivity results, bureaucratic laws studies in the county and civil building trade
management. Last but not least, this coursework is very important for those that pretends to
work in the planning or the construction controller* area, like the racionalization and
management project areas.
Key-words: planning, construction site, projects.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Terraplenagem .......................................................................................................... 23
Figura 2: Sondagem do terreno ................................................................................................ 24
Figura 3: Exemplo de medidor de luz a ser instalado na obra.................................................. 26
Figura 4: Demolição de edifício ............................................................................................... 27
Figura 5: Exemplo de tapume cercando o edifício ................................................................... 28
Figura 6: Esquema de canteiro de obras ................................................................................... 29
Figura 7: Planta arquitetonica ................................................................................................... 30
Figura 8: Foto de trinca em residência ..................................................................................... 32
Figura 9: Fluxograma de atividades do pré-obra ...................................................................... 33
Figura 10: Cronograma base .................................................................................................... 41
Figura 11: Croqui de um edifício de múltipos pavimentos ...................................................... 42
Figura 12: Cronograma final – Primeira parte.......................................................................... 48
Figura 13: Cronograma final – Segunda parte.......................................................................... 49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Potência de equipamentos elétricos .......................................................................... 25
Tabela 2: Tabela atividade versus empresa. ............................................................................. 40
Tabela 3: Tabela de durações das atividades do pré-obra. ....................................................... 40
.
SUMÁRIO
1.
2.
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8
1.1
Justificativa ............................................................................................................... 9
1.2
Objetivos .................................................................................................................. 10
1.3
A motivação para o trabalho ................................................................................. 10
1.4
Limitações ............................................................................................................... 10
1.5
Metodologia de trabalho ........................................................................................ 11
PLANEJAMENTO .......................................................................................................... 13
2.1
Visão geral ............................................................................................................... 13
2.1.1 A Indústria da Construção Civil .......................................................................... 13
2.1.2 Planejamento e Controle de obras ....................................................................... 13
2.1.3 Custos .................................................................................................................. 15
2.1.4 Orçamento ............................................................................................................ 15
2.2
Ferramentas para o planejamento ........................................................................ 15
2.3
Planejamento para projetos na construção civil .................................................. 16
2.3.1 Elaboração de projeto de canteiro de obras ......................................................... 17
2.3.2 Fases do projeto ................................................................................................... 18
3.3.3 Coordenação de projetos ..................................................................................... 18
2.3.4 Qualidade de projetos .......................................................................................... 19
2.4
3.
Intervenientes na Construção Civil ...................................................................... 19
PRINCIPAIS ETAPAS DO PRÉ OBRA ........................................................................ 21
3.1
Início de obra .......................................................................................................... 21
3.2
Principais etapas ..................................................................................................... 22
3.2.1 ART e alvará de execução .................................................................................... 22
3.2.2 Movimentação de terra e sondagem ..................................................................... 22
3.2.3 Instalações provisórias .......................................................................................... 25
3.2.4 Serviços e alvará de demolição ............................................................................ 27
3.2.5 Limpeza do terreno e tapumes .............................................................................. 28
3.2.6 Projeto e montagem do canteiro de obras ............................................................. 29
3.2.7 Elaboração e aprovação de projetos ..................................................................... 30
3.2.8 Plano de qualidade e avaliação das condições de vizinhança .............................. 31
3.2.9 Formação de equipes ............................................................................................ 33
3.2.10
Lançamento e incorporação .............................................................................. 33
3.3
4.
5.
SELEÇÃO DE EMPRESAS ............................................... Erro! Indicador não definido.
4.1
Critérios para seleção ............................................................................................. 36
4.2
Caracterização das empresas selecionadas .......................................................... 37
ELABORAÇÃO DO CRONOGRAMA BASE .................... Erro! Indicador não definido.
5.1
6.
Fluxograma de atividades ...................................................................................... 34
Cronograma base.................................................................................................... 39
CRONOGRAMA FINAL ................................................................................................ 45
7.
6.1
Definição de objeto de estudo ................................................................................ 45
6.2
Elaboração de cronograma final ........................................................................... 47
6.3
Apresentação ........................................................................................................... 50
CONCLUSÕES ................................................................................................................ 54
7.1
Análise do cronograma final.................................................................................. 54
7.2
Considerações finais ............................................................................................... 55
8.
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 56
9.
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 58
8
1.
INTRODUÇÃO
Na construção civil, um dos fatores levados cada vez mais em conta é o
planejamento devido, na maioria das vezes, a complexidade desse setor, custos,
orçamentos e a produtividade de máquinas e mão-de-obra. Dado um empreendimento como
um todo, este possui várias etapas diferentes entre si. De uma forma geral, podem ser
consideradas as fases de concepção, execução (produção) e uso. A etapa de execução é a
que tem tido o maior destaque nas pesquisas realizadas na área. Enquanto isso, as fases
de concepção e uso estão em um segundo plano, sendo a última considerada como a
menos relevante.
A fase de concepção tem sido muito estudada no que diz respeito à coordenação de
projetos e projeto de canteiro, mas ainda existe uma carência de estudos com enfoque em
um planejamento que englobe toda a etapa desde a idealização do empreendimento até a
iminência do início de sua execução.
A pergunta a ser feita é a seguinte: O que é necessário para começar uma obra e
qual a duração desse período?
Existem vários fatores que devem ser considerados ainda na concepção que vão
além dos projetos em geral. São entraves burocráticos, questões ambientais, contratação de
mão-de-obra, maquinário, previsão de gastos, vizinhança, plano de qualidade, limpeza do
local, projeto e montagem do canteiro, entre outros. Nessa fase, algumas dessas etapas são
imprescindíveis e não podem ser deixadas de lado. A maioria das empresas do ramo não
possui um planejamento específico para esse período, visto que o mesmo vária de um tipo
de obra para outra (Edificações, obras de estrada, obras de arte especiais, obras
geotécnicas, obras de arte corrente, etc..). Mesmo assim, muitas vezes esbarramos em
entraves burocráticos que atrasam o produto no final e podem vir compreender a
construção.
A burocracia no Brasil, também pode ser vista como um fator negativo, visto que, a
mesma é muito grande e alguns órgãos públicos no país possuem grande lentidão e falta de
corpo técnico eficiente. Um exemplo que pode ser citado é a aprovação de um projeto em
prefeitura. Uma série de requisitos é necessária para dar entrada no mesmo e muitas vezes
esse procedimento atrasa muito a etapa inicial.
9
Porém, nas últimas décadas, vêm sendo desenvolvidas ferramentas para realizar o
controle não só de obras, mas de uma seqüência de atividades em geral com cronogramas,
redes, etc.. Assim como na área de dimensionamento (estruturas, hidráulica, elétrica), os
softwares de planejamento e orçamento estão cada vez mais aprimorados e vem evoluindo
de forma a propiciar maiores avanços e menores incertezas.
É de suma importância para a Engenharia Civil o conhecimento desses requisitos,
pois com os softwares existentes nos dias de hoje, pode se ter uma noção mais ampla do
tempo necessário desde a concepção até o início da obra propriamente dita, além do fato de
ser aplicável para diversos tipos de empreendimentos, alterando as durações, formas e os
tipos de algumas variáveis.
Para a engenharia será uma boa contribuição uma pesquisa que mostre um
panorama geral de etapas para o pré-obra, o tempo gasto e os caminhos críticos para se
planejar obras de edificações de múltiplos pavimentos. O que se espera é que novas
pesquisas nesse aspecto possam ser feitas, dando continuidade ao tema, criando novos
padrões, relações matemáticas e melhorando cada vez mais essa área, otimizando o tempo
necessário para começar a obra.
Por fim, em um mercado cada vez mais competitivo, a redução de custos em todas
as etapas aumenta a viabilidade do empreendimento e o planejamento adequado evita
gastos desnecessários com mobilização, prejuízos com hora parada de máquinas e
equipes, além de promover a entrega no prazo estipulado.
1.1
JUSTIFICATIVA
O mercado no Brasil se encontra aquecido nos últimos anos. A economia vem se
estabilizando com os anos, possibilitando um crescimento significativo no poder aquisitivo
da população brasileira, além do aumento da oferta de crédito em diversos setores. Somado
a isso, o governo tem investido nos ramos de infraestrutura e edificações, que são dois sub
setores da construção civil, através de programas como o PAC 1 e 2.
Sendo assim, a construção civil, como parte de todo esse mercado, é um dos setores
que mais se beneficiaram com todo esse crescimento, como já mencionado anteriormente.
Isso aliado à evolução das ferramentas gráficas e computacionais tem gerado uma
necessidade cada vez maior de se planejar os empreendimentos, cumprir cronogramas e
atender a alta demanda em questão, gerando assim capital (lucro) que é o objetivo das
empresas construtoras, aumentando a racionalização e reduzindo os atrasos de
cronograma.
10
O produto final trás satisfação aos clientes, pois é entregue no prazo e aos
empreendedores, pois otimiza o processo produtivo e racionaliza os gastos.
A partir disso, o conhecimento do cronograma pode servir de subsídio para futuras
pesquisas mais aprofundadas, além da padronização das etapas principais e de um tempo
médio de duração das mesmas.
1.2
OBJETIVOS
Com o avanço da tecnologia, meios de transporte, o setor da construção civil tem
exigido maior velocidade, dinamismo e racionalização em seus empreendimentos. A partir
disso, o trabalho é voltado para a elaboração de um cronograma de acordo com as
principais etapas que antecedem o início da construção de obras de edificação de múltiplos
pavimentos. Com esse cronograma proposto, serão estimadas as atividades que possuem
folga para a realização, o caminho crítico do processo e tempo total de duração dessa etapa
até que tudo esteja pronto para a primeira atividade de execução.
1.3
A MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO
O planejamento para o início de obras é um tema pouco tratado nos estudos
universitários. Muito se fala do projeto de canteiro, ou do projeto executivo de um
empreendimento. Porém o enfoque em etapas antes da obra demanda um grande estudo e
serve como base para pesquisas futuras e mais aprofundadas com um enfoque, ao mesmo
tempo didático, trazendo ao estudante de engenharia civil conteúdo sobre o tema e
preparando o mesmo para saber lidar com todo o tramite do pré-obra, e empresarial, pois
pode auxiliar empresas que não possuem planejamento nenhum sobre essa etapa a se
organizar melhor nesse aspecto. Isso somado ao grande interesse pessoal pela área de
planejamento/produção/gerenciamento de obras, faz com que o trabalho seja motivador e
instigante e contribuirá e muito para formação pessoal.
1.4
LIMITAÇÕES
Como principais limitações para o desenvolvimento desse trabalho têm-se a
obtenção de material advindo das empresas para estudo. Muitas construtoras consideram
esses arquivos como estratégicos, pois muitas vezes, essa é a diferença de tempo do
lançamento até construção de um edifício entre construtoras. A seleção de empresas
também foi um processo bem criterioso, visto que a mesma precisava atingir os objetivos
11
dentro da metodologia proposta. A idéia inicial foi buscar o máximo de empresas em
diferentes estágios de crescimento e regiões do país, visto que o tema é bem amplo e
variável.
Feito isso, a definição de um objeto de estudo para a elaboração do cronograma
base e do cronograma final também foi um empecilho considerável.
1.5
METODOLOGIA DE TRABALHO
Com o intuito de atingir os objetivos estabelecidos, as atividades serão divididas em:
•
Levantamento das atividades imprescindíveis para o início de uma obra de
edificação de múltiplos pavimentos como: Atividades burocráticas (aprovação
na prefeitura, companhias de água/luz/esgoto), estudos preliminares, projetos
(básico, executivo e memoriais), instalações provisórias, montagem de
canteiro, sondagem, terraplenagem, vizinhança, contratação de mão-de-obra,
plano de qualidade da obra, gestão de resíduos, orçamentos, contratos;
•
Fluxograma inicial organizando essas atividades em ordem cronológica;
•
Revisão Bibliográfica: Será feita conforme as referências bibliográficas
pesquisadas, além da consulta direta em empresas do ramo de construção
civil;
•
Pesquisa em várias empresas do ramo de edificações em diferentes regiões
do país, com o intuito de verificar a existência do planejamento para o início
de obras das mesmas. Após isso, selecionar três empresas que serão
identificadas como Empresas “A”, “B” e “C”, seguindo alguns critérios de
ponderação (organização empresarial, tipo de empreendimento construído,
tipo de cliente a ser atingido) que serão discutidos mais adiante. Por fim, essa
pesquisa consistirá em verificar nessas empresas, as atividades de
planejamento para o início da obra, e a duração das mesmas.
•
Elaboração de uma tabela, onde sejam listadas todas as atividades
identificadas e as empresas selecionadas mostrando se cada etapa em
questão é realizada ou não por elas.
•
A partir dessas etapas, será proposto uma tabela de durações que mostra as
durações de cada atividade pelas três empresas selecionadas. No final dessa
tabela terá uma previsão otimista (menor duração), pessimista (maior
duração) e uma média das três. A partir dos dados da tabela, será proposto
12
um cronograma base do tipo Gantt, que irá relacionar as etapas e suas
devidas durações dependendo das empresas pesquisadas. Para a montagem
desse cronograma, as atividades serão analisadas no quesito de tempo
médio, ou seja, considerando a média aritmética das durações e na relação
máximo/mínimo. Com isso, será obtida uma estimativa das durações mais
“otimista” (com menor duração) e menos otimista (maior duração) e uma
mediana para esse mesmo período.
•
Análise do cronograma base do tipo que consistirá em uma comparação entre
as durações dessa fase antecessora ao início da obra entre as empresas
pesquisadas.
•
Descrição de objeto de estudo que vai fornecer as condições de contorno
para a elaboração do cronograma final.
•
Elaboração de um cronograma final no Microsoft Project do tipo Gantt, usando
os dados das empresas e dados coletados na pesquisa bibliográfica
analisando o caminho crítico, ou seja, o caminho onde não se tem folga de
atividades.
13
2.
2.1
PLANEJAMENTO
VISÃO GERAL
2.1.1
A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Quando se fala em construção civil, vem logo a cabeça da maioria das pessoas a
figura do pedreiro ou mestre de obras dentro de uma determinada construção realizando um
serviço. A indústria da construção civil difere e muito das outras, uma vez que apresenta
peculiaridades que refletem uma estrutura muito dinâmica e complexa. A arte de construir
reúne uma gama de profissionais, maquinário e suprimentos em geral, que associados,
produzem no final a obra desejada.
A construção civil é considerada uma indústria altamente fragmentada em um grande
número de empresas de pequeno porte, envolvendo uma enorme variedade de
intervenientes e, comparativamente a outros setores, não é sofisticada (PALACIOS, 1995).
O que ocorre nos dias atuais e vem cada vez mais se intensificado é que o setor da
construção civil vem se sofisticando cada vez mais acompanhando o desenvolvimento
tecnológico.
Mesmo assim, pode-se considerar um setor que depende de muitos fatores internos
e externos. O momento econômico do país, por exemplo, é um quesito que influi bastante
na mesma.
Essas características desta indústria mostram que o desenvolvimento de um
planejamento, e um controle gerencial, interligados entre si, permitirá que várias empresas
possam competir, inclusive as de pequeno porte. As empresas menores sofrem uma
enorme desvantagem em relação às maiores, justamente pela maioria não possuir esse
planejamento.
2.1.2
PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS
Segundo Chiavenato (1983), o planejamento e um processo permanente e contínuo,
sendo a primeira função gerencial, por ser exatamente aquela que serve de base para as
demais. A partir daí, tem-se como foco, a determinação antecipada do que se deve fazer e
quais os objetivos devem ser atingidos. Com a formulação de hipóteses acerca da realidade
atual e futura, têm-se condições racionais para que se organize um dado sistema de
produção. Por fim, o efeito do planejamento é a absorção de incertezas, permitindo maior
consistência no desempenho de empresas.
14
Segundo Assed (1986), o planejamento é a função administrativa que compreende a
seleção de objetivos, diretrizes, planos, processos e programas.
Para que esses objetivos sejam alcançados com eficiência, a empresa precisa obter
harmonia entre os recursos financeiros e recursos físicos disponíveis. Essa harmonia é feita
através de um planejamento racional.
Segundo Araújo e Meira (1996), consideram-se como evento início do planejamento
de uma obra toda parte que envolve a análise e o preparo de dados do respectivo projeto
em concepção. Todas as divisões físicas principais da obra e etapas lógicas do projeto
deverão ser estudadas nessa fase, estabelecendo as informações desejadas, proposição da
inter-relação lógica dos principais subsistemas e os padrões de controle.
Com isso, determina-se um planejamento integrado, contando com um sistema de
informações. Nesse sistema, os dados relevantes são classificados e documentados,
proporcionando maior segurança e custo final.
O planejamento e o controle são atividades de suma importância em qualquer ramo
industrial. No contexto da construção civil não é diferente e a execução de qualquer
empreendimento exige uma combinação de recursos (materiais, mão de obra,
equipamentos e capital), os quais estão sujeitos a limites e restrições.
Portanto, o controle gerencial nada mais é que a comparação sistemática entre o
previsto e o realizado, fornecendo subsídios para as análises financeiras, físicas e
econômicas e estabelecer assim os critérios lógicos para a tomada de decisões.
Segundo Alberton e Ensslin (1994), existem várias técnicas que ajudam o
planejamento e controle de obras, como o Diagrama de Gantt, redes PERT/CPM, linhas de
balanço, etc..
O Diagrama de Gantt consiste em um gráfico de barras dispostas que mostra as
etapas de um empreendimento e o avanço das mesmas conforme o tempo. Esse diagrama
mostra claramente o início e o fim de uma etapa e a dependência delas através das ligações
entre as barras. Já as redes PERT/CPM interligam as atividades de forma a mostrar a
relação entre as mesmas, dependência, ou precedência. O PERT é uma técnica
probabilística que calcula a média ponderada de três durações possíveis da atividade
(provável, otimista, pessimista). Já o CPM é uma técnica que determina a duração das
atividades com base em consumo de recursos materiais e/ou humanos além do caminho
crítico que mostra entre uma sequência de atividades, aquelas que não podem sofrer
alterações em suas durações. A técnica do PERT/CPM não é mais utilizada sendo uma
técnica antiga e ultrapassada para os dias atuais. Por fim, a Linha de balanço ou diagrama
Tempo-Espaço considera o caráter repetitivo das atividades de uma edificação. Na LDB o
15
eixo vertical mostra os pavimentos e o horizontal a durações. O preenchimento indica um
determinado serviço e como ele evolui na edificação conforme o tempo.
O exercício do planejamento exige mais uma questão de atitude gerencial do que
regras formais de procedimento administrativo. A falta do mesmo pode ser medida pelo
dimensionamento inadequado das equipes e seqüenciamento errôneo das operações.
2.1.3
CUSTOS
Segundo Araújo e Meira (1996) o termo custo geralmente é empregado por
engenheiros, economistas, administradores, contadores e outros, e que abrange diferentes
tipos. Quando se deseja especificá-lo, tem-se que definir seu propósito: direto, indireto,
estimado, fixo, variável, etc. Na construção civil usualmente tem-se os diretos e indiretos.
Os primeiros correspondem aos valores destinados à aquisição de: terrenos,
materiais, equipamentos, mão de obra de construção e montagem.
Já os indiretos representam as partes que não dependem da quantidade de serviços
produzidos e podem ser: custos de engenharia (estudos de viabilidade, projeto básico, etc.);
custos de construção e montagem do canteiro de obras; fiscalização por parte do cliente,
etc.
2.1.4
ORÇAMENTO
Segundo Souza (1987), o principal item de um planejamento é o orçamento, quando
se analisa a viabilidade e rentabilidade.
Com isso orçamento, pode ser definido como um plano financeiro para se realizar
determinado serviço dentro da construção civil. Portanto, orçar uma obra ou um
empreendimento consiste em calcular o seu custo, da maneira mais detalhada possível, a
fim de que o custo orçado seja o mais próximo possível do real.
Este deve ser realizado em uma ordem sistemática de execução de forma a torná-lo
mais prático, sendo ela: levantamento de quantidade (quantitativos), cotação de insumos,
composição de preços unitários, composição de BDI (Bonificação de Despesas Indiretas) e,
por fim, a montagem da planilha orçamentária, que pode variar dependendo da empresa.
2.2
FERRAMENTAS PARA O PLANEJAMENTO
Nos empreendimentos realizados, a partir da importância, de uma organização das
etapas do mesmo como um todo surgiram, ao longo do tempo, diversas ferramentas para a
construção ou representação gráfica e organizacional de um processo que vai desde a
concepção do projeto até o final da obra.
16
Segundo Stonner (2001), o aparecimento de tarefas organizacionais mais
complexas, a necessidade de uma maior flexibilidade e sofisticação das propostas
organizacionais para o tratamento dessas tarefas e o aumento do porte e do escopo de
empreendimentos, exigem que sejam disponibilizados ferramentas de planejamento ao
pessoal relacionado a toda parte de gerência de empreendimentos. O mais conhecido deles
é o MS Project, criado pela Microsoft, que possui diversas funções, além de ser um dos
mais modernos aplicativos para o gerenciamento projetos.
Esse software possui diversas funções e através do mesmo é possível realizar o
planejamento, implantação, especificação, acompanhamento e desenvolvimento de projetos
e obras. Os resultados são exibidos em formas de gráficos ou relatórios, alguns deles já
citados anteriormente.
Já nos dias atuais, muito se discute em modelos de integração de projetos para um
melhor planejamento. Uma dessas novas tecnologias é conhecida como BIM (Building
Information Modeling), ou Modelagem de Informações para a Construção, que permite
organizar em um mesmo arquivo eletrônico, um banco de dados de toda a obra, acessível a
todas as equipes de engenharia e arquitetura envolvidas na construção.
Segundo Faria (2007), o BIM, em relação aos CADs tradicionais atribui informações
aos desenhos elaborados no computador, sendo esse desenho mais inteligente e
elaborados em três dimensões.
Portanto, será uma tendência as ferramentas de planejamento partir para um modelo
de construção integrada que tende a apresentar com mais clareza o projeto como um todo
englobando todas as suas etapas.
2.3
PLANEJAMENTO PARA PROJETOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 5670, 1997),
conceitua-se projeto como sendo a definição qualitativa e quantitativa de atributos técnicos,
econômicos e financeiros de obras de engenharia e arquitetura, com base em dados ou
estudos, discriminações técnicas, cálculos, desenhos, normas e disposições gerais.
Com isso, da ideia de processo dentro desta indústria da construção, o mesmo pode
ser segmentado em três etapas: concepção, produção e uso.
Na primeira, as características da edificação são definidas e os principais
documentos são elaborados. Já na segunda, a edificação é construída a partir dos
documentos elaborados na etapa anterior. Na terceira e última etapa a edificação é
concluída e começa a ser utilizada.
17
Dentre as três etapas citadas acima, a segunda etapa (produção) é a que recebe
maior atenção, por parte da maioria dos pesquisadores e empresas. O objetivo é melhorar o
desempenho em termos de gerenciamento, prazo e qualidade. Porém uma questão que tem
sido discutida é que uma melhor concepção favorece uma melhor execução e assim por
diante.
2.3.1
ELABORAÇÃO DE PROJETO DE CANTEIRO DE OBRAS
Está relacionado à etapa de concepção da edificação. O projeto é reconhecidamente
o que oferece as melhores oportunidades para a introdução da maioria das medidas que
visam à racionalização no canteiro. Cerca de 80% das causas da não qualidade advém de
defeitos da gestão de projetos.
Para um projeto têm-se algumas etapas, como a definição de um programa de
necessidades, elaboração de estudo preliminar, desenvolvimento do anteprojeto e
elaboração do projeto executivo. De acordo com a NR18-Condições e meio ambiente do
trabalho na indústria da construção, ficou obrigatório para estabelecimentos com vinte ou
mais trabalhadores, o arranjo físico inicial do canteiro de obras. Com isso, fez-se necessário
a elaboração do projeto do mesmo, a fim de atender as exigências legais possibilitando a
otimização das condições de trabalho e segurança nas obras, contribuindo para o
funcionamento mais eficiente do sistema de produção.
Segundo Saurin (1997), o canteiro de obras tem como objetivo, propiciar a
infraestrutura necessária para a produção do edifício com os recursos disponíveis, no
momento necessário para sua utilização, podendo ser mais eficiente e eficaz em função do
projeto do produto e da produção, e da forma de gerenciamento empresarial e operacional,
influindo na produtividade da utilização dos recursos, em função da sua organização e do
seu arranjo físico.
Isso faz com que o processo de produção de um edifício seja favorecido,
organizando e adequando o posicionamento dos elementos do canteiro.
A utilização de ferramentas para a melhoria da qualidade e da produtividade e, a
incorporação de inovações tecnologias ao processo de produção do edifício, são alguns dos
princípios para a modernização do setor de construção que podem ser aplicado ao
desenvolvimento do projeto de produção.
O canteiro de obras ainda pode ser definido como uma área de trabalho fixa e
temporária, onde serão desenvolvidas atividades de apoio e execução de uma obra.
A NB-1367 (ABNT, 1991) define os mesmos como áreas destinadas à execução dos
trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de
vivência.
18
Segundo Tommelein; Levitt; Hayes-Roth (1992), os canteiros são classificados em
alto e baixo nível.
O primeiro se refere ao canteiro onde a segurança e eficiência, além de boa moral
dos trabalhadores. Já o segundo foca na minimização das distâncias, redução de tempo
para movimentação de material e diminuição das obstruções na mesma.
Com relação a metodologia, vale frisar que o projeto do canteiro, deve-se iniciar
durante a definição do programa de necessidades (PE), andando paralelamente ao
desenvolvimento do projeto com um todo.
2.3.2
FASES DO PROJETO
Basicamente são quatro fases que englobam um projeto como um todo.
O estudo preliminar define o processo construtivo, plano de ataque (estratégia de
execução), projeto estrutural e sistemas prediais, além das técnicas e materiais que serão
utilizados.
Já o anteprojeto, é a fase em que se monta o cronograma, faz alocação de recursos
e a representação da solução preliminar adotada atendendo a um planejamento elaborado.
O projeto básico é uma fase do projeto executivo, sem uma gama de detalhes. No
projeto executivo, têm-se um detalhamento de produto como um todo e do planejamento
operacional de produção.
3.3.3
COORDENAÇÃO DE PROJETOS
A coordenação de projetos vem de uma necessidade de compatibilização das
informações geradas pelos diversos parceiros durante o desenvolvimento do projeto, além
dos prazos e produtos.
Cada vez mais, em edifícios para empreendimentos residenciais, comerciais e flat´s
há a demanda por projetos compatíveis com a expectativa de mercado no que tange ao
atendimento das expectativas do cliente na relação entre preço e qualidade do produto a ser
construído.
Com isso, para atingir esse objetivo, é necessário o desenvolvimento adequado dos
projetos tradicionais (arquitetura, estrutura e instalações) e também de projetos
complementares, de adequação aos novos sistemas tecnológicos, como por exemplo os de
vedações.
A maioria desses sistemas é estruturada através de técnicas de rede de
precedências, que são operadas por aplicativos para ambiente Windows, como Microsoft
Excel, Project e Visual Basic, sendo as atividades identificadas no fluxo e inter-relacionadas
através de redes, gerando um cronograma global de processo com prazos e dadas.
19
2.3.4
QUALIDADE DE PROJETOS
Segundo Oliveira e Freitas (1997), na construção civil há a necessidade de atuação
de diferentes tipos de profissionais. A concepção de um projeto é destacada como a fase
mais crítica do mesmo interferindo diretamente na qualidade final do mesmo.
Embora a etapa de concepção seja responsável por uma parcela bem menor que as
outras, ela é apontada com uma das principais causas de falhas, sendo que nela são
definidos cerca de 70 a 80% do custo total da obra. O projeto então possui um menor valor
financeiro agregado, mas isso não demonstra a verdadeira importância do ciclo de vida da
edificação.
Segundo Picchi (1993), pode-se dizer que o projeto é responsável por cerca de 40%
dos problemas das edificações na Europa.
Já Kähkönen e Koskela (1990), consideram que o estudo gestão de projetos será um
elemento de suma importância para estudo nos anos subsequentes havendo uma gama de
possibilidades de aplicação na tecnologia da informação, buscando melhorias na qualidade
e produtividade.
Considerando todas as etapas do processo de projeto, uma série de iniciativas
devem ser incentivadas na busca de qualidade do mesmo, como todos os aspectos
técnicos, pesquisa de satisfação, padronização dos procedimentos, qualidade na elaboração
(bom gerenciamento do escritório responsável), utilização de indicadores de qualidade, e
padronização.
2.4
INTERVENIENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Sendo a construção civil um setor extremamente importante para o desenvolvimento,
é importante levar em conta os intervenientes da mesma, além de indicadores para tomar
decisões para um determinado empreendimento.
Segundo Alshawi (1992), os principais problemas que contribuem para perturbar o
desenvolvimento dos trabalhos no canteiro de obras são: mudanças solicitadas pelos
clientes, falta de informações no projeto, problemas de integração no projeto, e execução
deficiente.
O projeto é, portanto, o processo de preparação dos documentos mediante o qual
são definidos, quantificados, qualificados e transmitidos os objetivos do processo construtivo
de um dado edifício.
20
A programação na maioria das vezes utiliza-se do gráfico de Gantt, apresentando
uma sequência de serviços para serem executados de acordo com as atividades
precedentes.
Surgem com isso os conceitos de serviço e atividade. Sendo o primeiro relativo às
partes em que se divide uma obra de forma que, em relação a uma unidade de media,
possam ser indicados com facilidade o conjunto de insumos necessários. O segundo se
refere a uma etapa contínua de trabalho no canteiro de obras. Essas atividades podem ser
derivadas de serviços, porém sempre tem a característica de continuidade no tempo.
Com isso, podemos dizer que o planejamento assume enorme importância em vários
momentos de um empreendimento, considerando desde a idéia de sua concepção até a
finalização. Para o início de uma obra, vários aspectos têm de ser considerados. A partir daí,
fazer uma organização dos mesmos e planejar numa escala de tempo até o final da
execução.
21
3.
PRINCIPAIS ETAPAS DO PRÉ
OBRA
A fim de atender a metodologia proposta e chegar aos resultados pretendidos, a
pesquisa se pauta no levantamento de atividades do pré obra, as etapas principais. Nesse
levantamento não serão levadas em conta todas as atividades possíveis e sim as que
certamente vão ser necessárias para o início de obra.
3.1
INÍCIO DE OBRA
Entende-se como início de obra (pré-obra) todo tramite de atividades (burocráticas,
construtivas, e de suporte logístico) necessárias para iniciar a execução do primeiro serviço
de um edifício de múltiplos pavimentos, que no caso dessa pesquisa vai ser a locação de
obra para o início das fundações. Nessa fase, vários serviços preliminares têm de ser
concluídos, além de toda parte técnica definida e autorizada a execução.
Pode-se dizer que para realizar um planejamento de pré-obra, uma gama de
detalhes tem que ser levados em conta e os mesmos vão variar para cada caso, mesmo
sendo em edificações de múltiplos pavimentos com o escopo parecido. O desafio da
construção civil é padronizar todo esse processo, porém como esse setor é um meio muito
incerto e cada obra tem suas particularidades, o que pode ser feito é uma otimização de
tempo para algumas das principais etapas que é o objetivo de estudo dessa pesquisa.
Os itens abaixo tratam das atividades que serão consideradas para o pré-obra nesse
trabalho. As mesmas não estão na ordem cronológica, sendo que isso será discutido nos
próximos itens do trabalho.
22
3.2
PRINCIPAIS ETAPAS
3.2.1
ART E ALVARÁ DE EXECUÇÃO
A ART (Anotação de responsabilidade técnica), criada em 1977 através da Lei nº
6.496, garante que os profissionais registrados no CREA (Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia), possam cadastrar suas obras e serviços, cargos ou funções, cursos e
prêmios. Além disso, ela define, para efeitos legais, os responsáveis técnicos pelo
empreendimento, obra ou serviço, possuindo então o valor de um contrato. Deve então ser
registrada antes do início da respectiva atividade técnica, de acordo com as informações
constantes do contrato firmado entre as partes. Ela é preenchida pelo(s) responsável(is) da
construção e possui quatro etapas (preenchida, cadastrada, registrada e impressa), de
acordo com o novo manual da ART. A primeira diz respeito ao formulário eletrônico
preenchido, mas que aguarda cadastro no sistema. Já a segunda acontece quando a
mesma já está cadastrada, somente aguardando o pagamento. A terceira ocorre quando a
mesma já está cadastrada e paga, fazendo com que ela se torne registrada e válida
legalmente. Por último temos a impressa, que diz respeito à ART impressa para a
apresentação. Vale ressaltar que foi sancionada, em 31 de dezembro de 2010, a lei de nº
12.378 que regulamenta o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) e determina que os
arquitetos devam emitir uma RRT (Registro de responsabilidade técnica) que tem um
procedimento parecido com o da ART, porém restrito aos arquitetos e urbanistas.
Em todas as obras se faz necessário à obtenção de um alvará de construção. Ele é
responsável por autorizar a construção, reforma ou ampliação de imóvel ou ainda
legalizando a construção. O seu prazo está relacionado à análise dos órgãos e secretarias
envolvidas e o mesmo sai junto com o projeto aprovado na prefeitura, desde que se tenha
um engenheiro responsável não só pelo projeto, mas também pela execução da obra. A
partir do alvará em mãos, a obra pode ser iniciada.
3.2.2
MOVIMENTAÇÃO DE TERRA E SONDAGEM
Os serviços ligados ao movimento de terra podem ser entendidos como um “conjunto
de operações de escavação, carga, transporte, descarga, compactação e acabamentos
executados a fim de passar-se de um terreno no estado natural para uma nova conformação
topográfica desejada” [Cardão, 1969].
A terraplenagem pode se dividir em duas etapas principais: Corte (escavação) e
Aterro.
Com isso, temos que a terraplenagem é uma etapa de suma importância quando o
terreno não está nas condições topográficas desejadas para a construção do edifício. Esses
serviços dependem muito das condições do tempo (chuva ou sol), pois acima de 5mm de
23
pluviosidade alguns desses já não tem condições de serem executados. É o que chamamos
de dia impraticável. Para a movimentação de terra, o problema aumenta visto que não só o
dia que chove, mas o posterior também é afetado para a realização das atividades de
escavação, transporte e aterro. Assim, temos que o fator de retomada, um índice que mede
a praticabilidade em obras, é maior para terraplenagem, sendo quatro vezes maior que em
obras de arte.
A terraplenagem propriamente dita tem como principais atividades a escavação
(corte) e o aterro. A escavação é a remoção de material em seu estado natural para algum
tipo de manuseio (empréstimo ou descarte).
Já os aterros, são segmentos que requerem o depósito, espalhamento e
compactação controlada de materiais provenientes dos cortes ou de empréstimos, podendo
ainda ser a substituição de materiais inadequados. Os aterros ainda contam com as
atividades de compactação (para a redução de vazios e aumento da densidade seca) e
nivelamento (para adquirir a conformação desejada)
A Figura 1 apresenta um exemplo de movimentação de terra para obra.
Figura 1: Terraplenagem
Fonte: http://engthais.blogspot.com.br/
24
Já a sondagem fornece subsídios sobre a natureza do terreno que irá receber a
edificação como: Características do solo, espessura das camadas, posição do nível d’água,
além de prover informações sobre o tipo de equipamento a ser utilizado para a escavação e
retirada do solo, bem como ajudar a definir qual o tipo de fundação que melhor se adaptará
ao terreno de acordo com as características da estrutura. O tipo de sondagem mais
executado é a de reconhecimento e pode ser feita utilizando o método de percussão com
circulação de água ou o SPT (Standart Penetration Test ou Teste de Penetração Simples).
De acordo com a NBR 8036 (Programação de Sondagens de Simples
Reconhecimento dos Solos para Construção de Edifícios) de 1983, as sondagens devem
ser feitas da seguinte forma: uma sondagem para cada 200m² (área da projeção em planta
do edifício) em até 1200m². Entre 1200m² e 2400m² deve-se fazer uma sondagem a cada
400m² que excederem os 1200m². Já para áreas acima de 2400m² o número de sondagens
depende do plano particular da construção.
Com isso temos que o mínimo de sondagens são 2 (menos ou igual a 200m²) e 3
(entre 200 e 400m²).
Quando não houver área da projeção em planta do edifício, usar a distância de, no
máximo, 100m com no mínimo três sondagens no terreno. Se o número de sondagens for
superior a três, não fazê-las no mesmo alinhamento.
Por fim, temos que a profundidade mínima para perfuração é de 5,0m.
Melhado e Barros (2002) consideram como prazo para execução e obtenção de
resultados de uma sondagem, cerca de sete dias.
A Figura 2 mostra a execução de sondagem para determinação das características
do terreno.
Figura 2: Sondagem em terreno
25
Fonte: http://www.sopel.com.br/sondagens.html
3.2.3
INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS
Segundo Melhado e Barros (2002), em um canteiro de obras, a execução vai
necessitar o funcionamento de alguns aparelhos elétricos, além de água para realização dos
serviços. Por isso, faz-se necessário, prever a potência dos equipamentos que vão ser
utilizados na obra e pedir instalação do medidor de luz. Para um edifício de múltiplos
pavimentos os equipamentos comumente usados são: Betoneira, Serra, guincho (para
funcionamento do elevador), grua (para a movimentação de alguns materiais), áreas de
vivência e administrativa.
A tabela abaixo, nos mostra a potência de alguns equipamentos usados na obra.
Tabela 1: Potência de equipamentos elétricos
26
Equipamento
guincho
betoneira
bombas d'água
serra elétrica
máquina de corte
vibrador
Potência (hp)
7,5 - 15
3,0
3,0
2,0
2,0
3,0
Sistema
trifásico
trifásico
trifásico
trifásico
trifásico
trifásico
Fonte: LICHTENSTEIN & GLEZER, s.d.
A soma da potência aliada a um fator de demanda, visto que os equipamentos não
funcionam simultaneamente, gera a potência necessária para a ligação. Com isso existem
três situações, sendo elas:
1ª) Não existe rede no local: Nessa situação, deve-se fazer um pedido de estudo
com a concessionária para ligação de luz. Pode-se optar então por um gerador, que via de
regra é alimentado por óleo diesel, o que é mais caro e pode trazer impacto ao meio
ambiente no caso de um vazamento desse óleo.
2ª) Existe rede monofásica: Nesse caso, o procedimento é análogo ao da primeira
situação. Pois a maioria dos equipamentos usados na obra são trifásicos.
3ª) Existe rede trifásica: Já para essa situação, temos dois caminhos: quando a
potência é ou não suficiente. Quando a potência for suficiente, é necessário somente pedir a
ligação de energia e quando não for, o procedimento é análogo ao da primeira e segunda
situação.
No caso das instalações elétricas, a concessionária considera um prazo de cerca de
30 dias quando possui e rede trifásica no local. Já no caso de não possuir, é necessário a
realização de estudos o que demora dois meses ou mais.
A figura abaixo mostra um exemplo de medidor de luz adequado para ser instalado
em obra.
27
Figura 3: Exemplo de medidor de luz a ser instalado em obra
Fonte: Barkokébas Junior, Béda, 2005.
No caso das instalações hidro sanitárias, a água é necessária para higiene pessoal
dos operários e matéria prima para alguns materiais como, concretos e argamassas. Por
isso deve-se verificar a existência de rede pública no local. Caso não houver, tem que ser
pedida a ligação ou feita a verificar alternativas como perfurações de poços e compra de
água através de caminhões pipa.
O pedido de ligação também é feito pela concessionária e quando, existe a rede no
local o tempo médio é de 30 dias. Já no caso de não ter rede no local e for necessário o
estudo para implantação da mesma, o período é cerca de 60 dias ou mais.
Para o esgoto, tem que se verificar se existe rede e se não houver prever fossas
sépticas e sumidouros o que não vai influir muito no pré-obra.
3.2.4
SERVIÇOS E ALVARÁ DE DEMOLIÇÃO
Ainda segundo Melhado e Barros (2002), em alguns terrenos que possuem obras
antigas, ou algum outro tipo de construção como empecilho, há a necessidade de
demolição. Nessa demolição alguns aspectos têm de ser levados em conta para o projeto
do edifício, porém esses aspectos não estão relacionados ao estudo. O período de
demolição vai depender da liberação de um alvará e do tamanho da construção a ser
demolida, os riscos de demolição e se essa é tombada pelo patrimônio histórico ou não.
No caso do alvará, considera-se cerca de 30 dias para a liberação do mesmo, que é
feito pela prefeitura da cidade onde a obra será realizada, podendo em alguns casos se
28
estender para 45 dias. Após a liberação do alvará, é feita a demolição propriamente dita.
Isso pode ser feito por empresa especializada com maquinário, ou por serviço manual, o
que só valerá a pena em pequenas demolições. A empresa que for realizar a demolição já
fornecerá o prazo para a execução do serviço.
A Figura 4 mostra a demolição de um edifício em uma região contendo outros
edifícios a sua volta, feito com maquinário.
Figura 4: Demolição de edifício
Fonte: http://www.infoescola.com/engenharia-civil/demolicao/
3.2.5
LIMPEZA DO TERRENO E TAPUMES
Com a terraplenagem finalizada, a limpeza do terreno já estará feita e o mesmo
nivelado conforme projeto. Já no caso de não necessitar de terraplenagem (em muitos
loteamentos ou terrenos, a mesma já fora executada), serão necessários pequenos ajustes
de limpeza para regularizar o terreno, capina para remoção de vegetação existente,
remoção de entulho, etc.. O período de duração dessa atividade depende muito do tamanho
do terreno e da equipe envolvida. Porém no caso desse estudo, não será considerado, pois
haverá serviços de movimentação de terra.
Já os tapumes são vedações temporárias, de madeira ou outro material, usadas para
resguardar construções ou obras nas vias públicas, sendo um elemento de vedação.
É importante observar se os mesmos avançarão sobre as calçadas ou não, sendo
necessário nesse caso à obtenção de um alvará que possui validade seis meses.
29
A figura 5 apresenta um exemplo de tapume em construção de prédio.
Figura 5: Exemplo de tapume cercando o edifício em construção
Fonte: Do autor.
3.2.6
PROJETO E MONTAGEM DO CANTEIRO DE OBRAS
Segundo a NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção) de 2011, o canteiro de obras é uma área de trabalho fixa e temporária, ou seja,
uma área que será implantada no início da obra e desmontada no final, onde são
desenvolvidas as operações de apoio e execução de uma obra.
É necessário levar em conta: Escritório (administrativo, engenheiro, mestre de obras,
almoxarife, apontador), alojamentos (caso seja necessário abrigar a mão de obra),
sanitários, rampa, entrada de equipamentos e posição dos lugares para armazenamento,
etc.
Como fases do canteiro tem-se a inicial (que corresponde a da movimentação de
terra, instalações provisórias, etc.), a intermediária (aonde são executadas a estrutura,
alvenaria e instalações) e por último a final (revestimento e acabamento de obra) para
depois ser desmontado e a obra ser entregue.
Com isso, um canteiro bem planejado e organizado contribui para otimizar os
processos construtivos e, conseqüentemente, reduzir o custo de construção.
Para isso, um bom projeto de canteiro de obras deve ser levado em conta:
-Estudo dos condicionantes físicos do local;
-Estudo da implantação do canteiro; dimensionamento;
30
-Estudos finais (sistemas de transporte, montagem/desmontagem/instalação de
equipamentos, layout por fases e desativação gradativa);
Os itens a serem levados em conta são: Alojamentos, sanitários, rampa, entrada de
equipamentos e posição dos lugares para o armazenamento, etc.. Com isso temos que as
etapas para a elaboração de um projeto de layout em um canteiro de obras são três: Análise
preliminar, que é a fase do estudo do projeto e possíveis mudanças no layout, o arranjo
físico geral que inter-relaciona as áreas e o arranjo físico detalhado que estabelece a
localização de cada equipamento e leva em conta as características específicas de cada
área.
Nessa pesquisa, não será levado em conta o projeto do canteiro em específico, mas
sim o que ele influi no pré-obra.
A figura 6 apresenta um esquema de canteiro de obras.
Figura 6: Esquema de canteiro de obras
Fonte: http://metalica.com.br/sustentabilidade-no-canteiro-de-obras
3.2.7
ELABORAÇÃO E APROVAÇÃO DE PROJETOS
A elaboração dos projetos necessários para a execução da obra também está
relacionada ao pré-obra. Em um edifício, existe uma gama de projetos que necessitam ser
elaborados. Projetos elétrico, hidráulico, estrutural, prevenção e combate a incêndio,
arquitetônico, instalações de gás, ar condicionado, paisagismo, entre outros. Por isso, essa
etapa é de suma importância, para o pré-obra, pois interfere nos prazos de início e entrega
de obra. A gestão e coordenação de projetos vêm se desenvolvendo muito nos últimos anos
31
e faz com que os mesmos consigam ser feitos de forma integrada, compatibilizada em um
menor período.
Porém, é fato sabido que a maioria das projetistas não investiu ainda em ferramentas
para que isso aconteça, enquanto grande parte das executoras ainda não trabalham com
um planejamento mais bem elaborado de pré-obra para reduzir o tempo de aprovação de
projeto que pode ser muito alto e atrasar a construção.
Para o início de uma obra, considerando um edifício de múltiplos pavimentos é
necessário para a liberação do alvará a aprovação de pelo menos os projetos de
implantação e arquitetônico, sendo que os outros podem ser aprovados conforme o
andamento da mesma.
Após a elaboração dos projetos necessários, os mesmos são encaminhados à
prefeitura e aos órgãos competentes (como no caso o projeto de incêndio é aprovado pelo
corpo de bombeiros, CETESB, CONGÁS, SAAE, etc.). Esse processo pode ser um dos
mais demorados, visto que muitas vezes um projeto volta várias vezes para o projetista
fazer as revisões necessárias. Para a aprovação do projeto, é necessário uma gama de
documentos, além da ART (ou RRT, dependendo do caso);
A figura 6 mostra um exemplo de projeto arquitetônico de edifício.
Figura 7: Planta arquitetônica
Fonte: Do autor
3.2.8
PLANO DE QUALIDADE E AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VIZINHANÇA
O plano de qualidade está relacionado com o ato de estabelecer procedimentos e
critérios para aprovação e melhorias de qualidade organizacional na obra em questão como,
por exemplo, o controle de toda documentação envolvida (romaneios, notas fiscais, laudos
técnicos),
avaliação
de
fornecedores,
solicitação
de
compras,
rastreabilidade,
32
inspeção/liberação de serviços em obra, treinamento, ações corretivas e preventivas.
Geralmente a maioria das empresas não elabora, e nem executa controle de qualidade nas
suas obras, cabendo às construtoras mais organizadas e de maior porte realizar esse
processo.
Para efeito de cronograma, até uma semana é um prazo plausível para a elaboração
do PQO da obra.
Segundo Melhado e Barros (2002), é de suma importância o conhecimento de toda a
vizinhança ao redor da edificação que será construída. Essa etapa, antigamente era deixada
para segundo plano, porém vem ganhando força e importância, pois da maior segurança a
quem constrói.
Para isso deve-se contratar uma empresa especializada no levantamento, com
elaboração de relatório registrado em cartório. Isso é feito para registrar a condição das
construções, evitar surpresas (desabamentos, interferências), verificar a existência de
patologias e minimizar a possibilidade de futuras reclamações.
A melhor maneira de se elaborar o relatório é em forma de laudo de vistoria, pois
expõe a real situação dos imóveis ao redor registrando o “status quo” do imóvel. Caso uma
das partes se sinta lesada, isso pode atingir a esfera judicial o que se torna um processo
lento e demorado.
Portanto esse relatório também resguarda o pós-obra e tem de ser feito por
profissional especializado.
A figura 8 mostra um trinca em residência que pode ser causada por alguma obra na
vizinhança ou não, cabendo a um relatório de visita, verificar esse tipo de situação.
33
Figura 8: Foto de trinca em residência
Fonte: Do autor
3.2.9
FORMAÇÃO DE EQUIPES
A formação de equipes é feita através do planejamento e do prazo para a entrega da
obra. A mesma depende de vários fatores, se a empresa possui funcionários ou se vai
empreitar o serviço, se existe mão-de-obra qualificada e disponível na região ou se os
mesmos virão de outras regiões, e por fim o tipo de atividade que vai ser feita, pessoal e
equipamentos necessários para executá-las.
Essa equipe abrange todo o tipo de funcionário e não só aqueles responsáveis por
construir a edificação.
Sempre que se tem uma obra, é necessário um aparato administrativo (auxiliares,
motoboys, limpeza, alimentação, RH, entre outros) para facilitar a logística e dos serviços na
construção. Em empresas grandes, tanto a parte administrativa, quanto a parte de
produção, já se alojam no local da obra favorecendo a logística.
Para efeitos de cronograma, considera um período mínimo de 20 a 30 dias para a
contratação e formação de equipes, visto que muitas construtoras possuem muitas
exigências, documentação e procedimentos para a contratação de um funcionário.
3.2.10 LANÇAMENTO E INCORPORAÇÃO
Muitas empresas trabalham com a incorporação de imóveis para venda futura.
Sendo assim, incorporar significa juntar ou reunir duas ou mais coisas e em se tratando de
construção civil, as duas coisas que serão reunidas são o terreno e o prédio que será
levantado, sendo o prédio incorporado ao terreno.
34
Juridicamente falando, a expressão incorporar deve ser entendida como sendo o
meio pelo qual uma pessoa física ou jurídica constrói um edifício, com unidades autônomas,
em um terreno de outra pessoa. O dono pode receber como pagamento unidades do prédio
construído. Após isso a empresa que promoveu a incorporação, efetua a venda das
unidades, podendo ser também a responsável pela execução da obra.
Essa etapa não terá tanta importância para o estudo em questão, pois somente
depois do lançamento do produto é que começa o pré-obra efetivamente, porém a sua
duração será considerada, sendo a primeira atividade a ser feita e predecessora de todas as
outras.
3.3
FLUXOGRAMA DE ATIVIDADES
Para facilitar o entendimento e o trabalho com as atividades listadas e dissertadas
acima, um fluxograma com as atividades do pré-obra organizadas em ordem cronológica foi
elaborado.
O fluxograma tem como objetivo, organizar as etapas e servir de subsídio para a
elaboração de um cronograma com essas mesmas etapas.
A figura 7 mostra o fluxograma do pré-obra feito através das principais atividades
listadas.
Figura 9: Fluxograma de atividades do pré-obra
Fonte: Do autor
O fluxograma mostra de forma precisa à organização macro e cronológica de como
as atividades do pré-obra podem ser desenvolvidas. Isso será de grande valia para a
elaboração de um cronograma de pré-obra.
Outra observação que é válida, é que esse fluxograma está relacionado à execução
das atividades, isto é, ele não leva em conta o período necessário para realizá-las nem a
35
data de início e fim, sendo que o mesmo informa de forma geral a seqüência que as
atividades devem ser iniciadas.
Primeiramente é feito o lançamento e incorporação, no caso de ser um produto, cuja
sua venda começa nesse período. Nessa etapa, já se tem um projeto prévio, um estudo
preliminar e um modelo do que vai ser feito. Esses itens, não são levados em conta no
trabalho, pois a duração de seu período depende muito da expectativa da empresa em
lançá-lo e do momento em que isso vai ocorrer.
A segunda fase se refere a demolições e verificação das condições da vizinhança.
No caso das demolições essas necessitam do alvará como citado no capítulo anterior e só
irão ser necessárias quando houver alguma outra edificação no local. É necessário que as
mesmas sejam feitas para o início dos trabalhos. Já para as condições da vizinhança, a
perícia pode ser iniciada junto ao pedido do alvará de demolição fazendo com que já se
tenha condições de iniciar os serviços tendo respaldo com todo o entorno.
Antes de se iniciar o projeto é feito a sondagem do terreno que servirá de subsídio
para o projeto das fundações do mesmo. Os outros projetos já podem ser desenvolvidos em
paralelo a esse momento, sendo que o fator que irá mudar é o tipo de fundação a ser
utilizada.
Na quarta fase, envolve toda a parte de elaboração e aprovação dos projetos
executivos e de canteiro, além do plano de qualidade da obra como um todo. Além disso, é
nesse momento que os projetos serão encaminhados aos órgãos responsáveis para a
aprovação ou não, que pode demorar mais ou menos tempo, dependendo de não
conformidades encontradas.
A partir disso, temos todos os serviços preliminares no local. Estes iniciam com toda
movimentação de terra necessária e limpeza do mesmo. A equipe de planejamento e RH da
empresa já deve estar montando ou montado a equipe necessária para o início das
atividades e se a terraplenagem não for terceirizada, a mesma deve ter equipe disponível
para o serviço.
Todo fechamento da obra com tapumes deve ser feito com maior antecedência
possível, porém com a terraplenagem, sondagem e demolição, esse serviço pode ser
postergado para depois que a equipe já tiver sido montada.
Os últimos serviços são as ligações provisórias e montagem do canteiro. O pedido
para ligações deve ser feito antes para que, se necessário estudo da(s) concessionária(s),
este seja feito a tempo da implantação e não atrase a execução. E o canteiro de obras deve
ser implantado depois que o terreno estiver nas conformidades e com água e energia para
iniciar os serviços.
36
4.
CRONOGRAMA BASE
O Cronograma base, como dito anteriormente, trata-se de um cronograma que
mostra as atividades do pré-obra e o tempo médio de duração entre elas. Para a elaboração
do mesmo, fez-se necessária a pesquisa de empresas de construção civil no mercado
brasileiro. Essa seleção seguiu alguns critérios que são citados abaixo.
4.1
CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO
O desenvolvimento do trabalho vai se pautar na pesquisa de construtoras de
edifícios de múltiplos pavimentos existentes no mercado brasileiro e quais os procedimentos
que as mesmas utilizam no pré-obra. Cada uma dessas empresas possui um planejamento
de obras específico e diferente, mesmo considerando as mesmas atividades. No caso do
pré-obra, a maioria delas não tem um padrão de definição de atividades, check-lists,
cronogramas e fluxogramas elaborados. Com isso, esses arquivos se tornam estratégicos,
pois fazem com que se consiga obter um resultado melhor iniciando a obra em menos
tempo.
Primeiramente, a busca por construtoras se pautou na linha de raciocínio proposta
para o trabalho, ou seja, empresas que constroem edifícios de múltiplos pavimentos. Devido
o grande número das mesmas existentes no Brasil, o segundo passo foi, procurar aquelas
que tivessem um nome mais conhecido no mercado ou fossem conhecidas em sua região
pela organização empresarial e construtiva.
Como no Brasil há um grande aumento na construção de edificações, muitas
empresas estão com uma grande demanda de obra e crescendo muito com isso. A partir
disso foi feita uma pesquisa entre as maiores empresas do ramo que atuassem em
diferentes regiões.
A partir disso, foram feitas pesquisas em quinze empresas através da internet e
conhecidos próximos as mesmas e após uma primeira filtragem, o primeiro contato direto foi
feito com apenas sete delas. Esse contato foi feito via email e o resposta foi obtida de pelo
menos cinco dessas empresas. Por fim, foram selecionadas as três empresas que mais se
identificaram com a proposta.
37
4.2
CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS SELECIONADAS
As empresas A, B e C, selecionadas e identificadas conforme metodologia são
empresas de grande porte que atuam no mercado imobiliário brasileiro, com maior presença
na região sudeste, onde estão grande parte das obras de edificações. Essas empresas
possuem um planejamento mais específico para o início de obras e compartilharam arquivos
referentes ao mesmo para a continuidade desse trabalho.
Todas as construtoras disponibilizaram materiais referentes a obras executadas em
um período recente usando o padrão elaborado pelos mesmos, com sua hierarquia,
responsáveis, serviços considerados e durações.
A “Empresa A”, atua em mais de quinze estados brasileiros exclusivamente no
mercado de incorporação imobiliária de médio e alto padrão, a mais de 50 anos. Faz parte
de um grupo formado por ela e mais duas grandes empresas, sendo que as outras duas em
áreas diferentes, como loteamentos e segmento econômico.
Já a “Empresa B”, atua no interior do estado de SP nos ramos habitacional,
comercial e industrial desde o início da década de 80. Possui um grande destaque na região
na construção residencial e na racionalização e qualidade de obras.
A “Empresa C” foi criada nos anos 2000 e faz parte de um grupo com formado por
outras empresas. Desenvolve projetos residenciais, empresariais, de turismo e comerciais
atuando também com famílias de menor renda (até 10 salários mínimos), possuindo
grandes obras no setor e atendendo todas as classes sociais, atuando em mais de seis
estados brasileiros.
A partir disso e de todas as atividades listadas no capítulo 3, foi elaborada uma
tabela do tipo atividade versus empresa (tabela 2) que relaciona as atividades e a
consideração das mesmas pelas empresas em questão.
38
Tabela 2: Tabela atividade versus empresa
Nº
1ª)
2ª)
3ª)
4ª)
5ª)
6ª)
7ª)
8ª)
9ª)
10ª)
11ª)
12ª)
13ª)
14ª)
15ª)
ATIVIDADE
Lançamento e incorporação
Serviços de demolição
Condições da vizinhança
Sondagem do terreno
Elaboração de Projeto Executivo
ART
Aprovação de Projeto Executivo
Plano de qualidade da obra
Formação e contratação de equipes
Movimentação de terra
Elaboração do projeto do canteiro de obras
Montagem do canteiro de obras
Execução de tapumes
Instalações provisórias de água (pedido e execução)
Instalações provisórias de luz (pedido e execução)
LEGENDA
Atividade considerada pela empresa
Atividade não considerada pela empresa
A
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
EMPRESA
B
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
C
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Fonte: Do autor
A tabela acima considera, dentre as atividades listadas, o que cada uma das
empresas considera no pré-obra. Algumas outras (desmonte de rochas, estudo dos
subsolos, considerado pela empresa C, por exemplo), não entram nessa relação, pois são
pra casos mais específicos.
As Empresas B e C não consideraram em seu cronograma as atividades de
lançamento e vendas, visto que para elas, isto depende do empreendimento.
Já no plano de qualidade da obra (PQO), a empresa A, não considera o mesmo em
seu cronograma e não realiza nessa etapa o mesmo.
A atividade de número 9, formação de equipes, a empresa B não considera em seu
cronograma. A justificativa para isso é que os serviços são feitos por empreiteiros, portanto
o mesmo tem a responsabilidade de montar a equipe para, no prazo estipulado, realizar as
atividades necessárias.
39
4.3
ELABORAÇÃO
A elaboração do cronograma base consistirá em uma estimativa feita através dos
prazos fornecidos pelas empresas para as atividades relacionadas ao início de obra, isto é,
nada mais é que uma média dos prazos estipulados pelas construtoras selecionadas para
realizar todo pré-obra.
Para isso serão usados os dados coletados nas pesquisas das construtoras A, B e C.
Isso nos fornecerá previsões otimistas, pessimistas e com isso será obtido uma previsão
média que é o cronograma base proposto pelo estudo.
A tabela abaixo contem os prazos e durações fornecidas pelas empresas
pesquisadas. A mesma está relacionada com as atividades do capítulo 3 e listada conforme
a tabela do capítulo 4.
40
Tabela 3: Tabela de durações das atividades do pré-obra.
1ª)
2ª)
3ª)
4ª)
5ª)
6ª)
7ª)
8ª)
9ª)
10ª)
11ª)
12ª)
13ª)
14ª)
15ª)
Lançamento e incorporação
Serviços de demolição
Condições da vizinhança
Sondagem do terreno
Elaboração de Projeto Executivo
ART
Aprovação de Projeto Executivo
Plano de qualidade da obra
Formação e contratação de equipes
Movimentação de terra
Elaboração do projeto do canteiro de obras
Montagem do canteiro de obras
Execução de tapumes
Instalações provisórias de água (pedido e execução)
Instalações provisórias de luz (pedido e execução)
Fonte: Do autor
1 dia
30 dias
1 dia
15 dias
90 dias
3 dias
30 dias
0 dias
30 dias
15 dias
5 dias
10 dias
2 dias
30 dias
30 dias
EM PRESA C
ATIVIDADE
EM PRESA B
Nº
EM PRESA A
DURAÇÕES
0 dias
0 dias
30 dias 30 dias
1 dia
3 dias
7 dias 20 dias
60 dias 120 dias
3 dias
3 dias
30 dias 60 dias
1 dia
1 dia
0 dias 40 dias
7 dias 60 dias
1 dia
3 dias
45 dias 30 dias
2 dias
5 dias
30 dias 30 dias
30 dias 30 dias
MÍNIMA
MÁXIMA MEDIANA ADOTAR
1 dia
30 dias
1 dia
7 dias
60 dias
3 dias
30 dias
1 dia
30 dias
7 dias
1 dia
10 dias
2 dias
30 dias
30 dias
1 dia
30 dias
3 dias
20 dias
120 dias
3 dias
60 dias
1 dia
40 dias
15 dias
5 dias
45 dias
5 dias
30 dias
30 dias
1/3 dias
30 dias
5/3 dias
14 dias
90 dias
3 dias
40 dias
1 dia
70/3 dias
82/3 dias
3 dias
85/3 dias
3 dias
30 dias
30 dias
1 dia
30 dias
2 dias
14 dias
90 dias
3 dias
40 dias
1 dia
24 dias
28 dias
3 dias
30 dias
3 dias
30 dias
30 dias
41
A tabela acima nos mostra a relação entre as atividades e as durações de acordo
com os arquivos enviados pelas empresas pesquisadas. É fácil notar que há uma grande
divergência nas durações de algumas atividades, enquanto outras possuem mesma duração
para todos os casos.
A justificativa desse fato é que no caso das empresas A e B, os arquivos são
pertencentes a um padrão global da empresa e esses prazos são considerados para essa
fase, podendo ser alterados conforme a dimensão e o tipo da obra. No caso da empresa C,
os dados se referem a uma obra de grande porte em específico, com isso a maioria das
durações aumentam o que pode ser notado nas atividades de número 5 e 10.
Outro fato de importância a frisar é o da coluna “ADOTAR” da tabela. Devido as
durações não serem dias completos exatos, foi feito um arredondamento para cima, afim de
se ter um valor para considerar a duração e fazer a estimativa total.
A partir desses dados, o cronograma base é elaborado com as durações médias
dessas atividades e a seqüência de execução das mesmas.
Algumas durações aparecem com valor de “0 dias”. Isso ocorre porque não constava
no planejamento da empresa essa atividade e sua duração. Esse valor não entra na
previsão otimista, mas é considerado na média para o cronograma base.
Com isso, temos abaixo (figura 11) o cronograma base elaborado a partir dos dados
coletados.
42
43
Figura 20: Cronograma base
Fonte: Do autor
44
De acordo com o cronograma acima, pode-se notar que o prazo do período total de
início de obra gira em torno de 193 dias.
Isso não mostra um resultado satisfatório, visto que os valores são muito vagos e
variam de cada empresa por não possuir um padrão.
Enquanto as Empresa “A” e “B”, possuem um determinado padrão de pré-obra, a
Empresa “C” fez um planejamento específico para uma obra somente.
Além disso, todos os tramites que envolvem o pré-obra são muito relativos, visto que
cada empreendimento tem suas peculiaridades, seus desafios, interferências, etc. Cada
construção vai ter uma série de entraves a serem pensados e resolvidos para iniciar seu
processo de produção.
Com isso, padronizar todo esse processo se torna difícil e tem que ser feito para
cada caso em si.
45
5.
CRONOGRAMA FINAL
A fim de atender a metodologia proposta, o cronograma final é feito através da
delimitação do espaço amostral da pesquisa. Isso é feito a partir da definição de um objeto
de estudo que fornecera as “condições de contorno” para planejar o pré-obra.
5.1
DEFINIÇÃO DE OBJETO DE ESTUDO
Para a obtenção de um prazo para o pré-obra, é necessário definir um objeto de
estudo, que para essa pesquisa será um edifício modelo, com algumas características
definidas e condições de contorno, de forma a conhecer os entraves necessários da etapa.
Primeiramente, será considerado um edifício de múltiplos pavimentos em uma cidade
de porte intermediário para grande, acima de 500 mil habitantes, com boa infraestrutura e
taxas de crescimento considerável.
•
Edifício com área do terreno de 1523,90m². Através da área do terreno,
podemos calcular o número de sondagens a ser executada para o projeto de
fundações;
•
A área de projeção em planta é de 334,34m²;
•
O número de pavimentos do mesmo é 10 pavimentos mais o subsolo;
•
No local do terreno existe um sobrado com cerca de 200m², possuindo uma
grande área livre no mesmo, com uma taxa de ocupação muito pequena,
necessitando serviços de demolição simples sem grandes riscos no mesmo.
O mesmo será executado por empresa especializada. A fundação desse
sobrado é uma fundação em sapatas, não atingindo grande profundidade;
•
O edifício será construído em um bairro residencial com alguns prédios no
entorno, mais com a predominância de casas. Isso é necessário para o
relatório de condições de vizinhança a ser elaborado e se o mesmo oferece
riscos às edificações vizinhas;
46
•
A rede elétrica disponível no local é do tipo trifásico. Portanto não há
necessidade de estudo perante a companhia de energia. É necessário
somente encaminhar o pedido para ligação;
•
Existe rede pública de água na região. Como o prédio será construído numa
área já habitada, a rede pública existe no local. Isso faz com que não seja
necessário realizar o estudo perante a companhia de água;
•
Para o subsolo será necessário serviços de movimentação de terra
(escavação). É necessário fazer terraplenagem (nesse caso, somente a
escavação e transporte para bota fora) para a construção de um andar de
subsolo que vai abranger todo o terreno e terá um volume de
aproximadamente 4570m³ que fora obtido multiplicando a altura do subsolo
pela área do terreno (3,5mx1523,90). Com isso pode-se estimar a duração da
atividade considerando uma escavadeira hidráulica com esteira e caminhões
basculantes para o transporte;
•
Os tipos de projetos que serão elaborados para o edifício são: Arquitetônico,
implantação, elétrico, hidráulico (água fria, água quente, água pluvial, esgoto),
ar-condicionado, projeto de bombeiro, projeto de gás e projeto de fundações.
Para o início da obra serão necessários os projetos arquitetônicos e de
implantação somados a ART e documentação pertinente. Com isso obtém-se
o alvará de execução de obra;
A figura 9 mostra um croqui de um edifício de múltiplos pavimentos com as
condições de contorno estabelecidas para o objeto de estudo.
47
Figura 11: Croqui de um edifício de múltiplos pavimentos
Fonte: PISC 2012
5.2
ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA FINAL
O cronograma final proposto através do levantamento de atividades e durações,
além da contribuição dos dados fornecidos pelas empresas selecionadas, isto é, otimizando
todos esses processos. Por fim, tem-se um diagrama de Gantt com um caminho crítico e
uma rede de atividades predecessores entre as selecionadas.
Otimizar o cronograma, será montá-lo de forma a considerar o máximo de atividades
executadas juntas de forma que não haja folgas e se consiga no menor espaço de tempo
realizar todas as etapas para a primeira atividade de execução.
O objeto de estudo descrito acima vai fornecer as condições de contorno para
considerar a duração das atividades. Com isso as estimativas vão ter como subsídios o
objeto de estudo e o cronograma base.
48
Primeiramente, assim como no cronograma base, as atividades principais são
colocadas da mesma forma, o que será alterado são as atividades vinculadas “abrindo” e
detalhando mais o cronograma.
Para as atividades de lançamento e incorporação o prazo considerado continua
sendo de um dia, visto que o mesmo não se altera.
Nos serviços de demolição, o objeto de estudo diz que é um serviço simples e sem
muitos riscos e feito por empresa especializada, portanto a duração a ser considerada é de
três dias. Já o alvará, o prazo mínimo para obtenção é de trinta dias, o que será considerado
para o cronograma final.
Os serviços de sondagem vão se dividir em duas etapas, a coleta do material pelo
ensaio de SPT (Teste de penetração simples) e a análise em laboratório para verificar o tipo
de material, presença de matacões, nível do lençol freático, rochas e com isso propor uma
solução de fundação plausível. Com isso será considerado o prazo de um dia para a
execução do ensaio, visto que, pela NBR 8036 (1983), o número de furos é igual a:
•
Projeção em planta considerada do edifício: 1523,90m², pois há fundações no
subsolo;
•
Dois furos para os primeiros 200m² e uma a cada 200m² excedente até
1200m², totalizando mais cinco furos;
•
De 1200m² até 2400m² realiza-se uma sondagem para cada 400m². Como a
área total possui 1523,90m² será considerada apenas mais uma sondagem.
Com isso, temos que o total de furos para a sondagem será de oito furos com
profundidade mínima de 5,0m. Porém é importante frisar que a profundidade do mesmo vai
até onde o solo não seja mais significativamente solicitado pelas cargas estruturais.
Depois de feito o ensaio os dados seguem para laboratório onde em cerca de seis a
sete dias corridos, obtém-se o resultado final.
O laudo das condições da vizinhança será feito a partir de duas etapas. A primeira
consiste em uma vistoria nas imediações feita por empresa especializada com profissional
capacitado, o que vai demorar cerca de um dia, pois não são muitas residências ao entorno,
além do edifício não ser muito grande.
Já a elaboração do laudo com fotos, observações e registro no cartório não durá
mais que três dias para ser concretizado após vistoria.
O grande entrave em termos de duração (demora mais tempo) é a elaboração do
projeto executivo do empreendimento. Este possui várias etapas, sendo elas:
49
•
Elaboração de projeto executivo: Nesse caso, só será considerado para a
aprovação no pré-obra os projetos de arquitetura e implantação como
mencionados no capítulo 3. Mesmo assim, outros projetos precisam ser
elaborados simultaneamente para a execução do edifício. Com isso e a partir
dos dados fornecidos por empresa, o prazo Ca ser considerado é de cerca de
60 dias;
•
ART: A anotação de responsabilidade técnica é entregue junto ao projeto
executivo na prefeitura para aprovação. A mesma demora cerca de um dia
para entrar no sistema e passar a valer. Porém, alguns erros podem ser
cometidos nessa etapa, e para isso é considerada uma duração de três dias;
•
Aprovação de projeto executivo: Esse pode ser o grande gargalo em questão,
pois existe uma lentidão dos órgãos públicos para aprovação do projeto
executivo, sendo que se no mesmo for encontradas não conformidades volta
para o projetista para correções e uma nova entrada na prefeitura tem que
ser feita. O prazo mínimo para aprovação é de trinta dias, podendo se
estender para até um ano;
•
Alvará de execução: Esse alvará é emitido após aprovação do projeto
executivo então considera-se um dia a mais o início de outra atividade;
No caso do PQO (Plano de qualidade da obra), o mesmo é elaborado após o projeto
executivo e junto com o projeto do canteiro, pois é necessário o projeto pronto para traçar as
diretrizes e o que tem que ser feito perante a qualidade da obra. No PQO, são listados
procedimentos para a implantação do canteiro de obras, sendo assim os dois podem ser
desenvolvidos de forma integrada;
O canteiro de obras envolve duas partes: A elaboração do projeto e montagem do
canteiro. Nos dias atuais, com os prazos cada vez mais apertados e o processo cada vez
mais dinâmico, o projeto fica mais complexo e é necessária a elaboração do projeto
executivo, pelo menos o arquitetônico, para verificar e analisar as possibilidades para a
elaboração do projeto de canteiro. Em termos de cronograma, foi considerado cinco dias
para a elaboração de todo o projeto de canteiro, podendo durar menos ou mais tempo
conforme dimensão do empreendimento.
Já para a montagem do canteiro, isso pode ser um processo demorado e vai
depender do tipo de canteiro que a construtora pretende montar, se a mesma irá alugar
contêineres, etc.. No caso desse estudo, será considerado um canteiro simples e provisório
que será removido no final da obra, com escritórios para engenheiro e mestre de obras,
escritório administrativo, local para armazenar equipamentos, EPI´s, vestiários e locais para
50
descarga e armazenamento de materiais. Com isso pode ser considerado um prazo mínimo
de 15 dias corridos e o mesmo será feito após as ligações de água e luz.
A movimentação de terra no local será feita com uma equipe de uma escavadeira
(capacidade de 80m³/h, trabalhando 8hrs por dia) e pelo menos dois caminhões basculantes
do tipo TRUCK (capacidade de 10m³) para fazer o serviço. Para isso será necessário um
bota-fora que será feito em um terreno a cerca de 3,0Km (DMT - Distância Média de
Transporte) de distância. Portanto teremos um volume total de 4570m³ e um volume de
escavação diário de 640m³ que pode ser feito em sete dias. Porém por causa de possíveis
dias impraticáveis, será considerado um período mínimo de dez dias.
Na formação de equipes, os serviços de terraplenagem, emissão de laudo de
vizinhança, sondagem, tapumes e demolição foram todos terceirizados, cabendo à equipe
formada o primeiro serviço o da montagem de canteiro. Para isso foi considerado um
período de 30 dias para a contratação de pessoal (administrativo, produção, suprimentos),
admissão, integração e outros procedimentos que variam dentre as empresas.
As instalações provisórias se dividem em duas partes: pedido e instalação, sendo
que todas elas são feitas através de concessionária responsável. Como há disponível rede
de água na região e rede trifásica de energia elétrica, o pedido já pode ser feito assim que
lançado o empreendimento e a sua duração mínima considerada será de trinta dias. A partir
daí a ligação é feita imediatamente e a duração de um dia para efeitos de cronograma.
A instalação dos tapumes, nesse caso não vai depender de alvará de avanço, pois
será feita nos limites de terreno e por empresa do ramo. O prazo para o mesmo será de dois
dias.
5.3
APRESENTAÇÃO
A partir desses dados, o cronograma final apresentado abaixo consta as durações
descritas no item 6.2.
Nele também se encontra as atividades predecessoras e uma duração de todo
período de início de obra.
Os serviços de terraplenagem dependem da emissão do alvará de execução e da
sondagem concluída que vai depender de toda demolição e limpeza concluídos. A
elaboração de projeto executivo pode ser iniciada até antes mesmo do lançamento e
incorporação, mas nesse caso será feito um anteprojeto que não está no escopo do estudo.
As instalações provisórias tem que estar concluídas para a implantação do canteiro de
obras, e o fechamento com tapumes, pode ser feito assim que lançado o empreendimento.
51
No caso do laudo de condições da vizinhança esse deve ser feito antes de iniciados
os serviços de demolição e as atividades de formação de equipes devem ser feitas mediante
a um planejamento feito de acordo com o projeto executivo. Por isso essa atividade é
considerada após a elaboração do projeto executivo.
O cronograma (figuras 12 e 13) abaixo nos mostram essa situação.
52
Figura 32: Cronograma final – Primeira parte
Fonte: Do autor
53
Figura 43: Cronograma final – Segunda parte
Fonte: Do autor
54
6.
6.1
CONCLUSÕES
ANÁLISE DO CRONOGRAMA FINAL
Pelo cronograma apresentado acima, podemos inferir que, para as condições de
contorno estabelecidas, em cerca de quatro meses, os serviços de locação (que serão
considerados os primeiros serviços da obra) podem ser iniciados. A partir daí, vem os
serviços de fundações, superestrutura, vedações, instalações, etc..
Com isso, temos que o principal caminho crítico do processo está na elaboração e
aprovação do projeto executivo que dura cerca de três meses. Todavia, quanto antes essa
atividade for iniciada e quanto melhor a elaboração desse projeto e ART, as não
conformidades não serão apontadas pelos órgãos responsáveis e com isso, a emissão do
alvará tende a sair mais rápido. Mesmo com duração de um pouco mais de três meses,
essa atividade corresponde a mais da metade da duração total do pré-obra.
A grande folga entre o serviço de sondagem e o de movimentação de terra se deve a
esse período de aprovação de projeto e emissão do alvará de construção.
A última atividade considerada no pré-obra é a de implantação de canteiro que vem
seguida das instalações provisórias.
O pedido das instalações elétricas pode ser feito quanto antes possível, porém para
sua ligação é necessário que os serviços demolição já estejam concretizados.
Com isso aparecerá uma grande folga entre a instalação de água e luz e a instalação
do canteiro, fazendo com que essa etapa possa ser mais flexível.
Há uma grande folga entre a colocação dos tapumes e as atividades de escavação e
posteriores. Isso se deve também ao período de demolição, sondagem e emissão de alvará
de execução. É melhor que os tapumes sejam colocados no início do processo para
delimitar a obra, colocar placas de anuncio, logo da empresa e fechar o terreno.
Outra folga no cronograma que fora observada é o tempo entre a obtenção do
relatório de vizinhança com o início dos serviços de demolição. Isso indica que essa
atividade pode ser feita conforme a espera da emissão do alvará de demolição.
55
É importante frisar que o projeto tem que se iniciar no começo das atividades, pois
pode atrasar todo o processo.
6.2
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a análise do cronograma elaborado, temos que levar em conta que o mesmo
sempre vai mudar, visto que pra cada caso, novas condições de contorno irão aparecer.
Pode se ter serviços de demolição e terraplenagem mais complexos, projetos que envolvem
maior tempo para aprovação, a não existência de redes de água e/ou luz no local da obra, a
demora na emissão de alvarás. Tudo isso deve ser avaliado para cada empreendimento e
planejado antes do lançamento, para que se obtenha o resultado desejado.
Isso não precisa ser feito só pelas empresas grandes, as empresas menores e
construtores podem lançar mão de planejamento de pré-obra, pois facilitam o entendimento
das atividades e podem trabalhar com previsões otimistas e pessimistas, tendo assim
estimativa de tempo para a conclusão do pré-obra e futuramente da obra como um todo.
O que também se faz importante analisar é que para empresas estruturadas, com
boa equipe administrativa e de RH, além de bons responsáveis por planejamento e
compras, o processo pode ser otimizado com a criação de fluxogramas e cronogramas
padrão para o início de obra.
Já para as empresas projetistas, o desafio vai estar na coordenação de projetos e de
evitar as não conformidades que podem vir a serem empecilhos na aprovação. Tempo é
dinheiro e esse termo se faz cada vez mais presente na construção civil nos dias atuais. Por
isso, os estudos na área de planejamento, gestão e controle serão cada vez maiores na
obtenção de um processo construtivo melhor e diminuição das incertezas do meio.
O estudo do pré-obra pode e deve ser mais aprofundado, outras etapas podem ser
analisadas mais a fundo e discutidas, além da obtenção de um maior acervo de arquivos de
empresas, realização de estudos de caso em obras específicas, dissertação de mestrado e
expansão da pesquisa para outras áreas (obras de arte especiais, obras de arte corrente,
pavimentação, entre outros), etc.. Isso contribui e muito para a formação do engenheiro e do
futuro docente e pesquisador na área de planejamento e controle de construções.
56
7.
REFERÊNCIAS
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gerencial, nas pequenas empresas de engenharia civil. João Pessoa. p. 7.
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58
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