Ação de Fortalecimento
da Aprendizagem
Anos Finais do Ensino Fundamental
Reforço Escolar – Caderno 4
Língua Portuguesa
GOVERNADOR DE PERNAMBUCO
Paulo Henrique Saraiva Câmara
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Frederico da Costa Amancio
GERENTE DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS
DE EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
Shirley Malta
CHEFE DE UNIDADE DE ENSINO
FUNDAMENTAL ANOS FINAIS
Rosinete Feitosa
SECRETÁRIO EXECUTIVO DE
COORDENAÇÃO
Severino José de Andrade Júnior
SECRETÁRIA EXECUTIVA DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
Ana Coelho Vieira Selva
SECRETÁRIO EXECUTIVO DE
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra
SECRETÁRIO EXECUTIVO DE GESTÃO
Ednaldo Alves de Moura Júnior
ESPECIALISTAS EM LÍNGUA PORTUGUESA DA
SEE/SEDE/GEIF/UEFAF
Jamesson Marcelino da Silva
Maria da Conceição Borba de Albuquerque
Maria Luiza Araújo Guimarães
Salmo Sóstenes Pontes
Wanda Maria Braga Cardoso
ESPECIALISTAS EM LÍNGUA PORTUGUESA DAS GREs
Ana Cláudia Soares – GRE Recife Sul
Antônio Sérgio Bezerra Rodrigues – GRE Metro Sul
Cristiane Renata da Silva Cavalcanti – GRE Metro Sul
Jamil Costa Ramos – GRE Metro Sul
Josenilde Lima – GRE Petrolina
Maria Rivaldízia do Nascimento – GRE Petrolina
Marta Maria Alencastro – GRE Recife Sul
Samuel Lira de Oliveira – GRE Metro Sul
PROJETO GRÁFICO
SECRETÁRIO EXECUTIVO DE
GESTÃO DA REDE
Ruy Barros
João Carlos de Cintra Charamba
ENDEREÇO:
Avenida Afonso Olindense, 1513
Várzea | Recife-PE, CEP 50.810-000
Fone: (81) 3183-8200 | Ouvidoria: 0800-2868668
www.educacao.pe.gov.br
Uma produção da Superintendência de
Comunicação da Secretaria de Educação
CARO(A) PROFESSOR(A)
O presente caderno é uma tentativa de contribuir para o sucesso das ideias acima expostas
por meio da abordagem de descritores que
apresentaram, na última avaliação do SAEPE,
índices de acerto que podem e devem ser
melhorados. Os índices em questão, com certeza, contrariam os esforços realizados pelos
professores das diversas escolas das dezessete regionais do Estado de Pernambuco com
vistas ao avanço dos estudantes no tocante às
competências e habilidade contempladas em
tais descritores. Desse modo, precisam ser
corrigidos por meio de ações docentes concentradas nos pontos em que foram identificadas
as dificuldades. Por isso, o objetivo deste trabalho é contribuir para o aprimoramento da
prática dos professores, fornecendo-lhes mais
um instrumento de apoio, o qual – certamente –
irá se somar às suas iniciativas individuais que
visam à ascensão do desempenho dos alunos.
Na concepção deste caderno, levou-se em conta a diversidade de características de alunos e
de professores, bem como se considerou que
várias são as formas de aprender e de ensinar.
Assim, ele apresenta questões discursivas,
itens de múltipla escolha e sequências didáticas. Fica claro, pois, que o objetivo é maior do
que simplesmente preparar o aluno para a
resolução de uma prova. Em verdade, quer-se,
sobremaneira, proporcionar ao educando o
desenvolvimento pleno de suas capacidades
cognitivas e operacionais, conduzindo-o a isso
por meio de atividades significativas pautadas
na exploração dos descritores que necessitam
de um aprofundamento. Conjugando esses dois
modelos de questão, objetiva-se, pois, reforçar
as habilidades interpretativas exigidas pelas avaliações externas a que eles são submetidos e contribuir para o desenvolvimento do eixo escrita.
Para concluir esta breve apresentação, a equipe
de Língua Portuguesa da Gerência de Ensino
Fundamental Anos Finais - GEIF manifesta o
desejo de contar com a contribuição de técnicos e professores de todas as regionais do
Estado para o aperfeiçoamento deste instrumento pedagógico que chega às mãos dos
envolvidos com o ensino de Língua Portuguesa
na rede pública estadual de Pernambuco.
Críticas, sugestões e adendos são bem-vindos
uma vez que o sucesso da prática educacional
exige comprometimento coletivo, bem como
perene disposição para transformar o educando, reformar as próprias práticas e também se
autotransformar.
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Apesar do seu caráter de truísmo, a afirmação de
que não existe prática docente bem-sucedida
se não houver aprendizagem por parte dos
estudantes deve estar sempre no horizonte das
preocupações de todos aqueles envolvidos
com o ato de ensinar. De par com essa ideia, é
preciso considerar também que um ensino verdadeiramente eficiente deve dar ênfase tanto ao
desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas e operacionais dos alunos
quanto aos conteúdos que devem ser partilhados com eles. Assim, o ato de ensinar precisa
privilegiar um equilíbrio entre aquilo que o
aluno tem de saber e aquilo que ele pode fazer
com o que aprendeu. Disso, é esperada a construção de um sujeito criativo, crítico, analítico,
pensante, capaz de entender as diversas realidades que a ele se apresentam, transformá-las
e propor inovações.
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
PROCEDIMENTOS DE LEITURA
DESCRITORES: D1, D3, D4, D6 E D14
É relevante ressaltar que, além de localizar
informações explícitas, inferir informações
implícitas e identificar o tema de um texto,
nesse tópico deve-se, também, distinguir os
fatos apresentados da opinião formulada acerca desses fatos nos diversos gêneros de texto.
Reconhecer essa diferença é essencial para que
o aluno possa tornar-se mais crítico, de modo a
ser capaz de distinguir o que é um fato, um
acontecimento, da interpretação que é dada a
esse fato pelo autor do texto.
D10 – Distinguir fato de uma opinião
A confusão entre fato e opinião é motivo de
desentendimentos e mal-entendidos na vida
cotidiana. Quantas vezes o indivíduo não se
aferra a uma opinião sobre algo, confiante de
que sua opinião corresponde à verdade (fato)
sobre aquilo que está discutindo, provocando
assim dissensos, incorrendo em sectarismos e
desperdiçando a oportunidade de realizar um
diálogo realmente produtivo sobre algo que - se
averiguado com equilíbrio, bom senso e humildade – poderia resultar em esclarecimentos
válidos e em benefícios para todos os envolvidos no processo comunicativo?
Problema de mesma natureza ocorre na leitura
de textos quando – muitas vezes – o leitor toma
por fato (conforme a ótica do texto) aquilo que
está sendo posto como uma opinião. Tal falha
mostra uma percepção equivocada do texto e
pode também traduzir ou refletir uma prática
equivocada de leitura de mundo. Distinguir fato
de opinião implica a capacidade de diferenciar o
que é do que se pensa sobre algo. Separar
realidade do que se acredita sobre ela.
O leitor deve ser capaz de perceber a diferença
entre o que é fato narrado ou discutido e o que é
opinião sobre ele. Essa diferença pode ser ou
bem marcada no texto ou exigir do leitor que ele
perceba essa diferença integrando informações
de diversas partes do texto e/ou inferindo-as, o
que tornaria a tarefa mais difícil.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno identificar, no texto, um fato
relatado e diferenciá-lo do comentário que o
autor, ou o narrador, ou o personagem fazem
sobre esse fato.
Essa habilidade é avaliada por meio de um
texto, no qual o aluno é solicitado a distinguir
partes do texto que são referentes a um fato e
partes que se referem a uma opinião relacionada
ao fato apresentado, expressa pelo autor, narrador
ou por algum outro personagem. Há itens que
solicitam, por exemplo, que o aluno identifique um
trecho que expresse um fato ou uma opinião, ou
então, dá-se a expressão e pede-se que ele reconheça se é um fato ou uma opinião.
FATO
Algo cuja existência independe de quem
escreve.
OPINIÃO
Maneira pessoal de ver o fato. A depreensão
de conceitos e valores a partir de algo préexistente.
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Os textos nem sempre apresentam uma linguagem literal. Deve haver, então, a capacidade de
reconhecer novos sentidos atribuídos às palavras dentro de uma produção textual. Além
disso, para a compreensão do que é conotativo
e simbólico é preciso identificar não apenas a
ideia, mas também ler as entrelinhas, o que
exige do leitor uma interação com o seu conhecimento de mundo. A tarefa do leitor competente é, portanto, apreender o sentido global do
texto, utilizando recursos para a sua compreensão de forma autônoma.
5
Alguns exemplos
Fato
A educação brasileira patina no atraso e na defasagem em relação à dos países desenvolvidos.
Opinião
Equacionar a problemática da educação no país
é inadiável.
Fato
Novamente, a discussão acerca da redução da
maioridade penal ocupa lugar de destaque no
congresso.
Opinião
Como em todo tema polêmico, discutir a maioridade penal requer, pela gama de aspectos
envolvidos, sensatez e muita responsabilidade
dos legisladores.
Propostas de atividades
1. Identifique as marcas de opinião nos textos
abaixo:
NAVEGAR É PRECISO
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
(NAVEGAR é preciso, 2009)
6
O velejador, economista e empresário Vilfredo
Schürmann lançou o livro Navegando com o Sucesso na praça central do Shopping Mueller, em
Joinville, e na praça central do Shopping Neumarkt, em Blumenau. Ótimo contador de histórias, apresentou reflexões sobre o sentido de
palavras como sucesso, família, trabalho em
equipe, sonho e disciplina.
A POLUIÇÃO NO MUNDO
Os grandes países industriais são os mais poluídos do mundo. Em Tóquio vende-se oxigênio
nas ruas centrais. É comum os japoneses comprarem uma dose e enfiarem o nariz na “garrafinha”, recuperando-se do veneno que são obrigados a respirar. Os guardas de trânsito, intoxicados pelos gases dos automóveis, têm postos
de abastecimento especiais nas esquinas.
Apesar da propaganda que apresenta o centro
da Europa como um oásis verde entre enormes
fábricas, quem lê jornal sabe o que acontece
com o Reno: um rio totalmente morto e mortífero, carregando resíduos químicos por milhares de quilômetros, contaminando os depósitos de água potável de vários países.
Metade da população holandesa bebe a água
do Rio Reno, que é o maior esgoto do mundo
e o receptor de inseticidas das fábricas
alemães. Seus peixes são proibidos para o
consumo, porque os detritos industriais com
que se “alimentam” tornam sua carne fétida.
E os Estados Unidos, pátria do capitalismo
moderno, louvado pelo rigor de suas leis, são
– e isto seus próprios técnicos afirmam – o
país mais poluído do planeta. Além disso, são
os maiores exportadores de poluição: 40%
da contaminação da Terra é provocada por
suas indústrias, segundo informação de
Philip Bart, ecologista e redator da International Review.
Fonte: Júlio José Chiavenato. O massacre da natureza.
O Brasil é um país privilegiado no que diz
respeito à quantidade e à qualidade de suas
águas, mas, se não fizermos boas campanhas educativas para a população, logo
perderemos esse privilégio.
Em nossa opinião, já manifestada em artigos
anteriores, as campanhas são necessárias
porque muitas pessoas desperdiçam água
lavando calçadas diariamente, não consertando torneiras que vazam e passando muito tempo nos chuveiros. Nem todos são favoráveis às
campanhas educativas. Para alguns economistas, a solução é aumentar o preço da água.
Pensamos que isso seria um verdadeiro absurdo, pois o preço da água brasileira é um dos
mais altos do mundo! Por outro lado, mesmo
pagando caro, os brasileiros continuam desperdiçando água.
Todos sabemos que seria impossível viver
Fonte: (Adaptado de Antônio Ermírio de Moraes: Depois da água, por
que não o ar? Folha de São Paulo: Opinião – 24/03/02)
Texto disponível em: http://www.filologia.org.br/ixcnlf/10/13.htm
Textos e Opiniões
Por mais que a maioria pense que a função do
jornalista é ser imparcial ao relatar fatos, isto
não é verdade. Todo texto tem opinião, a qual
pode ser explícita ou estar nas entrelinhas,
tudo depende de como o autor quer ser visto.
O texto abaixo deixa clara a opinião da Rosely
Sayão, psicóloga que escreve para o caderno
Equilíbrio, da Folha de São Paulo: os meios de
comunicação, muitas vezes, atrapalham a
reunião familiar na hora das refeições.
Os meios de comunicação, devidamente
apoiados por informações científicas, dizem
que alimentação é uma questão de saúde.
Programas de TV ensinam a comer bem para
manter o corpo magro e saudável, livros
oferecem cardápios de populações com alto
índice de longevidade, alimentos ganham
adjetivos como "funcionais". Temos dietas
para cardíacos, para hipertensos, para gestantes, para idosos. Cada vez menos a família
se reúne em torno da mesa para compartilhar
a refeição e se encontrar, trocar ideias, saber
uns dos outros. Será falta de tempo?
Talvez as pessoas tenham escolhido outras
prioridades: numa pesquisa recente sobre as
refeições, 69% dos entrevistados no Brasil
relataram o hábito de assistir à TV enquanto
se alimentam.
Uma criança de nove anos disse uma coisa
interessante: para ela, o horário do recreio
deveria ser maior porque tomar o lanche demora e, com isso, há menos tempo para brincar. Aí está: lanchar com os colegas não tem,
para essa e muitas outras crianças, o caráter
de prazer; parece ter uma ligação mais estreita com outras obrigações escolares. Aliás,
tenho observado a dificuldade que muitas
crianças têm de falar com adultos e pares
olhando para seu interlocutor. Elas falam e
olham para o lado, para baixo e até para além
da pessoa com quem conversam, mas o olho
no olho parece ser desagradável, difícil para
elas. Talvez seja porque estão acostumadas a
olhar para a TV ou para o jogo enquanto
conversam com os pais.
O horário das refeições é o melhor pretexto
para reunir a família porque ocorre com regularidade e de modo informal. E, nessa hora,
os pais podem expressar e atualizar seus
afetos pelos filhos de modo mais natural,
além de construir o ambiente acolhedor que
permite aos mais novos perceber com
clareza que aquele é seu grupo de referência e
de pertencimento.
Numa época em que os rituais estão em desuso, as refeições em família são um excelente momento para transmitir tradições
familiares aos filhos: quais alimentos aquela
família prefere e quais são os seus modos
usuais de preparação, como se comporta à
mesa, quais assuntos costuma abordar
durante a refeição, o tom de voz usado, como
os membros se tratam. Tudo isso é apreendido pelos mais novos, que podem encontrar
seu modelo de identificação familiar e ter contato com o conhecimento construído pelas
gerações anteriores da família.
O horário das refeições também pode servir
para que contradições, diferenças e conflitos
entre pais e filhos surjam de modo polido,
para que os filhos saibam mais sobre a rotina
profissional dos pais e para que estes ouçam
sobre a vida escolar e social dos filhos sem
cobranças [...].
( Domingo, 26 de abril de 2009)
Texto disponível em: http://raiai.com.br/carro-popular-duvida-naescolha-leia-a-opiniao-de-quem-usa/
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
sem água. Então, a solução melhor é fazer
campanhas educativas que ajudem a conscientizar a população, mostrando a todos que
a água é um recurso que pode se esgotar com
o mau uso.
7
Sugestões
O professor poderá realizar essa atividade de
identificação de marcas pessoais em grupos.
Para tanto, o professor deverá disponibilizar cartolinas, canetas hidrocores e fitas crepe para que
os estudantes elaborem o seu esquema de
identificação. Posteriormente, os alunos deverão
apresentar um novo esquema apresentando os
fatos ou argumentos que comprovam as opiniões retiradas dos textos. Eles poderão fazer um
quadro com as informações obtidas.
2. Enumere fatos ou argumentos que comprovem cada uma das opiniões seguintes.
Opinião: O fumo é prejudicial à saúde.
Fatos/Argumentos
Opinião: A televisão domina a vida do homem
moderno.
Fatos/Argumentos:
3. Identifique as marcas de opinião no texto
abaixo:
Os cães de gravata
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
Diogo Mainardi
8
Cada um escolhe seu próprio inimigo. O meu
morreu no mês passado, aos 95 anos. Era
Joseph Barbera, um dos fundadores dos estúdios Hanna-Barbera. No começo de janeiro,
morreu também um de seus principais colaboradores, Iwao Takamoto, criador do Scooby-Doo. Estou com sorte. Livrei-me de dois
inimigos em menos de um mês.
Atribuo grande parte do meu fracasso pessoal
aos desenhos animados de Hanna-Barbera. O
fato de ter assistido a todos os episódios dos
Herculoides, da Tartaruga Touché e dos
Flintstones comprometeu meu futuro. O dano
causado por horas e horas de Space Ghost, de
Wally Gator e de Jonny Quest foi definitivo.
Muitas de minhas falhas intelectuais e de personalidade podem ser imputadas a eles. De
nada adiantou ler Montaigne mais tarde. No
deserto mental provocado por Frankenstein
Júnior, pelos Irmãos Rocha e pela Formiga Atômica, Montaigne simplesmente não frutifica.
Até a década de 1960, um episódio de Tom e
Jerry ou de Pernalonga era feito com algo
entre 25.000 e 40.000 desenhos. Joseph
Barbera e seu sócio bolaram um jeito de
produzir suas séries com menos de 2.000,
abatendo seus custos. A técnica recebeu o
nome de "animação limitada". Os personagens permaneciam estáticos. A única parte
de seu corpo que se movia era a cabeça, que
pulava compulsivamente da direita para a
esquerda, ora com a boca fechada, ora com a
boca aberta. Para facilitar o corte, todas as
figuras tinham o pescoço encoberto por um
colarinho ou por uma gravata. Nos desenhos
da Hanna-Barbera, sempre há um cachorro
de gravata, um super-herói de gravata, um
dinossauro de gravata.
As paisagens sofreram o mesmo tratamento
reducionista. Os personagens dos desenhos
de Hanna-Barbera habitam um mundo
claustrofobicamente circular. De dois em
dois segundos eles passam pela mesma pedra, pelo mesmo veículo espacial, pelo mesmo homenzinho careca e bigodudo de terno
azul. A angústia de pertencer a um universo
que se repete continuamente só é superada
pelo fato de que ninguém se dá conta disso.
Maguila, Simbad Júnior e os Brasinhas do
Espaço parecem desprovidos de memória. As
tramas também se repetem de uma série para a
outra. Muda apenas o mote de cada personagem, a sua frase característica, como "Saída
pela esquerda", "Shazam!" ou "Oh, querida
Clementina", recitada por um mau dublador.
Joseph Barbera e Iwao Takamoto empobreceram minha vida. Assim como empobreceram a vida de todos os meus contemporâneos. Há fases em que a humanidade melhora e há fases em que ela piora. Nada representa com tanta clareza o barateamento intelectual do nosso tempo quanto os desenhos
animados de Hanna-Barbera. Cada quadro
economizado por eles significou para nós
uma ideia a menos, um pensamento a menos,
uma sinapse a menos. Os pioneiros de
Hanna-Barbera acabam de morrer, mas nossa época está irremediavelmente perdida. O
único consolo é que esquecemos a miséria
em que vivemos de dois em dois segundos.
4. Enumere fatos ou argumentos que comprovem cada uma das opiniões seguintes.
Opinião: Atribuo grande parte do meu fracasso
pessoal aos desenhos animados de HannaBarbera.
Fatos/Argumentos
Opinião: Joseph Barbera e Iwao Takamoto
empobreceram minha vida.
Fatos/Argumentos
IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU
ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO
DESCRITORES: 12
Para o desenvolvimento dessas competências,
tanto o texto escrito quanto as imagens que o
acompanham são importantes, na medida em
que propiciam ao leitor relacionar informações
e se engajar em diferentes atividades de
construção de significados.
D12 – Identificar o gênero do texto
Gêneros textuais são os textos encontrados no
nosso cotidiano e apresentam características
sociocomunicativas (carta pessoal ou comercial, diários, agendas, e-mail, lista de compras,
cardápio, ofício, entrevista, bula de remédio,
manual de instruções, receita de bolos, poema,
notícia, artigo de opinião, entre outros).
O trabalho com os gêneros, conforme Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2004), “possibilita a
produção de um projeto didático-metodológico
de ensino que considera os obstáculos típicos
da aprendizagem e as novas etapas pelas quais
os alunos possam passar, o que fornecerá aos
professores orientações de como e o que trabalhar de acordo com restrições, níveis e situações
concretas de ensino.” (BACCIN: 2008, p. 4)
Um trabalho com a língua pautado em um gênero
textual deve considerar três aspectos: os conhecimentos existentes sobre gêneros textuais, as
capacidades observadas dos aprendizes e os
objetivos de ensino que se pretende atingir.
Aprende-se com Marcuschi que os gêneros
textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social,
portanto, são entidades sociodiscursivas e formas de ação social em qualquer situação
comunicativa. Falar na natureza históricocultural dos gêneros pressupõe a admissão de
que eles são eventos textuais altamente
maleáveis e dinâmicos. Ou seja, como eventos
são fenômenos que se consubstanciam nas
diversas situações de interlocução a que se
prestam. Sendo entidades maleáveis e dinâmicas, não são fixos; eles mudam, assumindo
novas características, às vezes, até outras
funções e, muitas vezes, até se extinguindo.
Ressalte-se inclusive que os gêneros textuais
caracterizam-se muito mais por suas funções
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Este tópico requer dos alunos duas competências básicas, a saber: a interpretação de textos
que conjugam duas linguagens – a verbal e a
não verbal – e o reconhecimento da finalidade
do texto por meio da identificação dos diferentes gêneros textuais.
9
comunicativas; cognitivas e institucionais do
que por suas peculiaridades linguísticas e
estruturais. Assim, as finalidades a que servem, as operações mentais que demandam e
ensejam, bem como seu papel nas instituições
em que circulam são dimensões sobremaneira
importantes na identificação deles. A percepção
da importância de tais aspectos na caracterização de um gênero deve ser atingida por todo
aquele que desejar ser bem-sucedido na apreensão, identificação e emprego desses eventos
textuais. É para a percepção desses aspectos
que o professor deverá orientar o aluno se quer
que este seja capaz de identificar com eficácia o
gênero.
Propostas de atividades
Levantamento dos aspectos linguísticos e
contextuais que definem o gênero dos textos
Podemos aprofundar o conhecimento sobre os
gêneros textuais, analisando alguns exemplares da linguagem que fazem parte do nosso dia
a dia. O roteiro abaixo pode facilitar a compreensão dos aspectos relevantes para definição
dos gêneros textuais.
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
a) Vocabulário
Cada gênero tem um vocabulário mais ou
menos específico ou um campo semântico
próprio. Observe nos textos se o vocabulário
chama a atenção por algum motivo.
10
b) Ortografia
Como é a ortografia do texto? De acordo com o
padrão ou contém “erros”?
c) Estrutura da oração
Observe a extensão das frases dos textos
analisados. Há textos de frases mais curtas e
outros de frases mais longas. Por quê? A
extensão das frases é indiferente para o
significado do texto ou ela modifica de algum
modo a compreensão?
d) Concordância
Assinale se houver formas que se consideram
inadequadas de concordância verbal e nominal.
e) Aspecto gráfico
Observe a divisão em parágrafos, a disposição
das linhas, o emprego de palavras em itálico,
em negrito, em caixa alta, sublinhada, com
iniciais maiúsculas. O aspecto gráfico tem
alguma função?
f) Origem e data
Não deixe de perceber o lugar no qual o texto foi
publicado. Ou seja, fique atento à referência
bibliográfica, fonte do texto. Observe também a
data de publicação.
g) Intenção
Com que intenção o texto foi escrito? É um
texto bem-sucedido, isto é, a intenção corresponde ao resultado?
h) Polissemia
O texto contém duplo sentido ou ambiguidade?
O texto tem significados diferentes para o leitor a
ou b, ou até para o mesmo leitor, em situações
diversas? Por quê? Isso é positivo ou negativo?
i) Metalinguagem
O texto apresenta referência à própria linguagem? O texto reflete sobre o seu processo de
produção?
j) Intertextualidade
O texto faz referência a outros textos? Essa referência é determinante para a sua compreensão?
l) Conhecimento de mundo
Para compreender o texto, é necessário acessar informações que circulam no contexto
atual, mas não estão explícitas no texto?
m) Considerando tudo que você analisou, em
quais gêneros você classificaria os textos?
Justifique a sua resposta.
Para Amy, com carinho, do seu irmão Alex
Mostra em Londres traz em fotos, cartas, roupas a
intimidade de Amy Winehouse, que morreu há dois anos
Há dois anos, no dia 23 de julho, aos 27 anos,
morria a cantora Amy Winehouse, oficialmente por overdose alcoólica. Em 2013,
quando a cantora completaria 30 anos de
idade - em 14 de setembro - uma grande
mostra foi aberta, em Londres, para homenageá-la. Localizada no Museu Judaico, em
Camden Town, o bairro que virou sinônimo
de Amy Winehouse, a exibição traz peças da
intimidade da cantora, algumas reveladoras,
que ajudarão os fãs a compreender mais da
mente por trás da voz e da música, além de
sua grande forte personalidade.
Organizada pelo irmão, Alex Winehouse e sua
mulher, Riva, a exposição Amy Winehouse:
Um Retrato de Família tem como objetivo
maior mostrar que a cantora era normal.
“Eu e minha esposa entramos em contato
com o museu judaico no início do ano para sediar uma exibição dedicada a Amy. Nós sentimos que essa seria uma maneira de mostrar a
ela que sentimos sua falta, em contraste com
a representação muitas vezes negativa feita
pela mídia”, disse Alex.
“Não é um memorial ou um santuário a alguém
que morreu, é um retrato de uma menina judia
com grande talento. Eu não espero tirar nenhuma recompensa dessa mostra, mas quero que
os visitantes entendam o que é ser parte da
nossa família”, completa ele.
tos e anotações de Amy desde a época de
escola, que ajudam a compreender a pessoa
por trás da personalidade explosiva. Em uma
redação da escola de teatro que frequentava,
Amy escrevia: “Por toda minha vida eu tive de
ser barulhenta ao ponto de ser mandada calar a
boca. Você tem de gritar para ser ouvida na
minha família”. Em outro trecho, por volta dos
14 anos, ela observou: “É uma ambição antiga.
Quero que as pessoas ouçam a minha voz e esqueçam de seus problemas por cinco minutos”.
Há uma explicação carinhosa feita por Alex
para cada peça exposta na mostra, que vai até
o dia 15 de setembro.
Publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 26 de agosto de 2013.
Texto 2
Hora de reler Camus
Affonso Romano de Sant'Anna
Pena que não guardei aquele trabalho de
estágio sobre A peste, de Albert Camus! Não
que fosse algo a ser salvo, mas poderia voltar
aos tempos em que a Faculdade de Filosofia
funcionava nos três últimos andares do
Edifício Acaiaca. Veria as anotações do monsieur Sonal e meu esforço para apreender o
pensamento do escritor. Camus havia morrido uns dois anos antes, em 1960, num desastre de carro. Encontram no seu bolso um
bilhete de trem para Paris. Misteriosamente,
ele decidiu, no último momento, viajar de carro com seu editor, Michel Gallimard. Ambos
morreram ali, em Villabrevin, quando o pneu
estourou e foram jogados contra uma árvore.
Em entrevista ao jornal britânico Observer,
recentemente, Alex admitiu que a real causa
da morte da irmã foi bulimia. “Ela teria morrido de qualquer maneira, mas o que a matou
de verdade foi a bulimia; a deixou fraca muito
fraca”, revelou.
Agora celebra-se o centenário de Albert
Camus. Não apenas volto às aulas de francês,
e, lembrando-me de Consuelo, Melânia,
Ruth, Marcos, Heloísa e Ana Maria, vou me
indagando: où sont les neiges d'antam?
Regressando ao passado (que não passa e
sempre me trespassa), vejo-me, de repente,
diante da sepultura de Camus, em Lourmarin.
A nova exibição traz fotos (muitas da época
de colégio), cartas, CDs, livros, roupas, sapa-
Deu-se que em 1981 fui residir em Aix-en-
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Texto 1
11
Provence para lecionar literatura brasileira.
Num fim de semana, saí com a família vadiando de carro pelas estradas da Provence. Foi
um momento de perfeição, como só se vê em
filmes americanos. E passamos por Fontainede-Vaucluse, onde viveu Petrarca. (Não é
todo dia que alguém que cresceu em Juiz de
Fora pode andar onde andou Petrarca. Há que
parar e beijar o chão. Coisas maravilhosas e
imprevistas têm acontecido na minha vida.
Num poema, até anotei que dormi no mesmo
castelo de Gargonza onde Dante se abrigou,
fugindo dos gibelinos.)
O carro ia serenamente por aquelas estradas,
quando, na região de Luberon, vi o aviso de que
era por ali o castelo onde viveu o Marquês de
Sade. Claro que fomos ao castelo. Mas uma
coisa chamou a minha atenção de antigo aluno
de letras neolatinas: em algum lugar, vi um
sinal de que em Lourmarin estava a sepultura
de Albert Camus.
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
Não se pode evitar a morte, mas podem-se
visitar alguns sepulcros enquanto é tempo.
Então, tomei a direção de cemitério de Lourmarin. Esperava encontrar uma sepultura
portentosa, afinal Camus havia ganhado o
Prêmio Nobel e dividia com Sartre as honras
de ser um filósofo imprescindível. Seu ensaio
O mito de Sísifo, sobre o absurdo que tem
que ser combatido com o próprio absurdo, é
leitura sempre recomendável.
12
Pois chego lá e encontro uma sepultura pobrinha, largada, quase miserável. Devo ter
alguma fotografia desse não evento. Até as
filhas ficaram decepcionadas. Mas dei por
cumprida minha missão.
Agora é centenário de Albert Camus. A
imprensa brasileira ainda não descobriu isso,
mas na França as comemorações já começaram. O ex-presidente Sarkosy tentou até
levar os restos de Camus para o Pantheon,
em Paris. (Na França, literatura é uma
religião, e os escritores são santos.) Mas a
tumba de Camus continua lá na cidade que
ele escolheu para viver.
Se ele contemplou aquela natureza repousante apenas por dois anos, ali, em Lourmarin, fizeram uma exposição comemorativa
que contrasta com a pobreza de sua sepultura. Edições de luxo de suas obras, os livros
que dedicou aos colegas escritores, sua vida
rediviva.
Camus viveu as turbulências de seu século:
foi comunista e anticomunista, nasceu na
Argélia, mas defendeu a política do governo
francês, viveu a ocupação alemã da França e
era pacifista. Casou-se duas vezes e achava o
casamento antinatural. Ator de teatro, jogador
de futebol, tinha aquela pose de Humphrey
Bogart.
Façam o seguinte: leiam A peste, estória da
cidade vítima de uma enfermidade devastadora, e vejam o que seus habitantes faziam
para enfrentar essa calamidade.
Nem sempre a “peste” é tão visível. Cada
época tem a “peste” que merece.
Publicado no jornal Estado de Minas em 25 de agosto de 2013
Texto 3
A emenda do soneto
Antero Grego
Emerson Sheik virou o personagem da semana. Começou de forma curiosa, com brincadeira atrevida e aparentemente contestatória. Terminou mal, com atitude de preconceito tão acentuada quanto a daqueles
que o criticaram por ter publicado em rede
social foto em que dá beijinho num amigo. No
meio tempo, se descontrolou no jogo com o
Luverdense e foi expulso depois de ficar
poucos minutos em campo. Dias agitados e
que talvez marquem forte a carreira dele.
A história do selinho abriu espaço para todo
tipo de reação - sobretudo as de tom pejorativo. Nenhuma surpresa. Difícil imaginar
prevalência de serenidade em temas tabus em nossa sociedade, por exemplo, manifestações carinhosas entre homens despertam
urticária em machões sensíveis.
Emerson bateu pé em torno das convicções
dele, e nem precisava disso. Quem confia em
si, não deve explicar-se a todo instante, ainda
mais para cobranças ignorantes. Ainda
assim, num meio preponderantemente conservador como é o do futebol, se viu obrigado
a reafirmar a heterossexualidade.
As declarações reiteradas de que a bitoquinha era uma provocação, e servia para medir
o grau de maturidade e tolerância das pessoas, foram insuficientes. Uma comissão de
notáveis da principal facção organizada do
clube teve passagem livre para uma conversa
particular com o debochado atacante.
Após encontro com a embaixada diplomática,
que tem extraordinário poder de convencimento com base em palavras e métodos
sábios o site da entidade publicou desculpas
peremptórias de Emerson a toda a nação
alvinegra, com ênfase num detalhe. "Foi só
uma brincadeira com um grande amigo meu.
Até porque não sou são-paulino."
Estragou tudo. Se forem fidedignas as palavras reproduzidas pelos redatores da página
oficial na internet, Emerson pisou na bola - e
feio. Se antes tivera gesto destemido, agora
se acovardou. Se no princípio ergueu bandeira contra preconceito, no final desfraldou
enorme pavilhão da intolerância.
O medo é sentimento humano - o da morte
nos persegue desde o nascimento e justifica
muitas de nossas crises na vida. Compreensível, portanto, que Emerson sinta receio
de represálias, e nunca se sabe onde podem
chegar os boçais. O pedido de desculpas
bastaria para satisfazer os infelizes. Não
precisava do adendo (e imagino que seja
verdade o que disse, pois não desmentiu).
Assim o episódio que largou como um brado
na luta contra um preconceito fechou como
reforço para pensamento retrógrado. Bola
fora e fez lembrar expressão antiga de quem
criticava a xaropada de sonetos ruins, que
ficavam piores com supostos ajustes.
Publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 25 de agosto de 2013.
Onde está amarildo?
Fonte: http://latuffcartoons.wordpress.com/tag/charge/. Acesso em 26 de agosto de 2013.
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Texto 4
13
Texto 5
Fonte: http://www.clubedamafalda.blogspot.com.br/. Acesso em 26 de agosto de 2013.
Texto 6
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Texto 7
Já sei bombardear
Os belicistas
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
(W. Bush, Collin Powell)
14
Já sei bombardear,
Já sei armar o míssil agora só me falta atirar
Já sei invadir
Já sei peitar a ONU agora só me falta explodir
Não tenho paciência pra negociação
Eu tenho é mania de perseguição
Não ouço ninguém, acuso todo mundo
O Bin Laden e o Hussein
Não livro ninguém, exploro todo mundo
E acho que o mundo é meu também
Já sei derrubar
Já sei jogar a bomba na tua base militar
Eu sou o juiz, e não tô nem aí
pra tantas vidas de civis
Peguei experiência com o Afeganistão
Se antes eu falhei, agora num erro não.
Não ouço ninguém, até o Collin Powell
tá igual a mim também
Não livro ninguém, primeiro o petróleo
depois Amazônia também
Eu tô querendo, Saddam Hussein
Eu tô querendo, tudo o que tiver
Tô te querendo, não tem pra ninguém
Tô te querendo, petróleo do Hussein...
Texto 8
Sistema operacional que estais na memória,
Compilado seja o vosso programa,
Venham à tela os vossos comandos,
Seja executada a nossa rotina,
Assim na memória como na impressora.
Acerto nosso de cada dia, rodai hoje
Informai os nossos erros,
Assim como nós informamos o que está
corrigido.
Não nos deixei cair em looping,
Mas livrai nos do Dump,
Amém.
Texto 9
“Quando viu que Adama e Evo tinham comido
a expressamente proibida maçã da árvore da
Ciência do Bem e do Mal, foi assim que o
Senhor falou: “Pois de agora em diante ireis
ganhar o pão com o suor do vosso rosto e
tereis de sair aí da zona sul e ir morar a leste
do Éden, sem parques floridos, nem reservas
florestais, sem cascatas no pátio, nem
borboletas no closet. E vossa habitação será
limitada ao uso que, fareis dela, praticamente
senzala de vossos corpos. Mas esse não é o
castigo. O castigo é que vossos corpos se
reproduzirão automaticamente, ao menor
contato, tereis filhos, esses filhos botarão os
pés cheios de lama no sofá de vinil,
comprado em dez prestações, rasgarão as
cortinas, riscarão as paredes como aprenderam a fazer na escola permissiva, quebrarão
as vidraças ensaiando futuros protestos
estudantis, entupirão os ralos da pias, berrarão dia e noite azucrinando a vossa paciência,
e nunca puxarão a descarga depois de
fazerem cocô na privada.”
Millôr Fernandes - Isto É 10/05/89
Propostas de atividades
Grupo 1
Produzir uma notícia sobre o caso Amarildo
Grupo 2
Uma paródia a partir do caso abordado no texto
“A Emenda do Soneto”
Grupo 3
Produzir uma carta posicionando-se sobre o
fato abordado no texto “A Emenda do Soneto”
Grupo 4
Produzir um texto poético baseado na tira de
Mafalda
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Texto 10
15
RECONHECER SEMELHANÇAS E/OU DIFERENÇAS DE
IDEIAS E OPINIÕES NA COMPARAÇÃO ENTRE TEXTOS
QUE TRATEM DA MESMA TEMÁTICA
DESCRITORES: 14
Este tópico requer que o aluno assuma uma atitude crítica e reflexiva ao reconhecer as
diferentes ideias apresentadas sobre o mesmo
tema em um único texto ou em textos diferentes. O tema se traduz em proposições que se
cruzam no interior dos textos lidos ou naquelas
encontradas em textos diferentes, mas que apresentam a mesma ideia, assim, o aluno pode ter
maior compreensão das intenções de quem escreve, sendo capaz de identificar posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao
mesmo fato ou tema.
As atividades que envolvem a relação entre textos são essenciais para que o aluno construa a
habilidade de analisar o modo de tratamento do
tema dado pelo autor e as condições de produção, recepção e circulação dos textos. Essas
atividades podem envolver a comparação de
textos de diversos gêneros, como os produzidos pelos alunos, os textos extraídos da Internet, de jornais, revistas, livros e textos publicitários, entre outros.
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
D14 – Reconhecer semelhanças e/ou diferenças de ideias e opiniões na comparação entre
textos que tratem da mesma temática
16
Comparar é uma prática constante na vida dos
indivíduos: comparam-se pessoas, ideias,
situações, escolhas, épocas, estilos, abordagens: enfim, tudo aquilo que possa ser percebido em contraste em relação a um outro e possa
servir como objeto de escolha ou de conhecimento. Comparamos para valorar, para decidir,
para poder analisar, para perceber diferenças,
encontrar semelhanças e tirarmos vantagem
daquilo que nos parece melhor.
Também comparamos textos, com o objetivo
de captar-lhes a essência, melhor percebermos
as suas características e observarmos melhor
sua finalidade e ponto de vista. Ao efetuarmos
uma comparação eficiente de diferentes textos,
podemos perceber não só a diversidade estilística que os permeia, mas também a multiplicidade de pontos de vista que podem existir no
tocante aos variados temas que formam a vida
cotidiana.
Comparar é uma ação que possibilita tanto um
movimento de esclarecimento, pois o contraste
acaba sendo revelador da existência de ideias e
estilos variados sobre fatos, concepções e pessoas quanto um evento que permite a formação
de um terceiro posicionamento. Pois a análise
de pontos vista distintos enseja a construção
de um viés pessoal sobre aquilo que se investigou por meio de comparação.
A habilidade que pode ser avaliada aqui se refere ao reconhecimento pelo aluno de opiniões
diferentes sobre um mesmo fato ou tema. A
construção desse conhecimento é um dos
principais balizadores de um dos objetivos do
ensino da língua portuguesa (Brasil, 1998 p.
33), qual seja o de capacitar o aluno a analisar
criticamente os diferentes discursos, inclusive
o próprio, desenvolvendo a capacidade de
avaliação dos textos: contrapondo sua interpretação da realidade a diferentes opiniões;
inferindo as possíveis intenções do autor marcadas no texto; identificando referências
intertextuais presentes no texto; percebendo os
processos de convencimento utilizados para
atuar sobre o interlocutor/leitor; identificando e
repensando juízos de valor tanto socioideológicos (preconceituosos ou não) quanto
histórico-culturais (inclusive estéticos) associados à linguagem e à língua; e reafirmando
sua identidade pessoal e social. O desenvolvimento dessa habilidade ajuda o aluno a
perceber-se como um ser autônomo, dotado
da capacidade de se posicionar e transformar a
realidade.
subjetividade no trato da informação.
2. Em relação aos textos abaixo:
Aqui, solicita-se ao aluno que ele observe que
há diferentes opiniões sobre um mesmo fato,
ou tema. Essa habilidade é avaliada por meio do
reconhecimento de opiniões diferenciadas
sobre um tema, acontecimento ou pessoa, em
um mesmo texto ou em textos diferentes.
Propostas de atividades
1. Leia atentamente os textos abaixo:
Texto 1
Massa diz que realizou um sonho ao ser
pole em Interlagos
Quinto brasileiro a conquistar uma pole no
GP do Brasil de Fórmula 1 – repetindo
Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton
Senna e Rubens Barrichelo -, Felipe Massa
afirmou neste sábado que realizou um sonho
em sua carreira ao garantir a primeira posição
do grid de largada da corrida em Interlagos e
ouvir o seu nome ser gritado pelo público que
lotou o autódromo.
(Milton Pazzi Jr. Em www.estadao.com.br – acessado em 21 out, 2006.)
Felipe Massa crava a pole position do
Grande Prêmio do Brasil
O brasileiro Felipe Massa confirmou o favoritismo e conquistou a pole position do Grande
Prêmio do Brasil, última etapa da temporada
2006 da Fórmula 1. Forte desde os treinos
livres da sexta-feira, ele assumiu a primeira
posição com o tempo de 1min10s842.
(http://esporte.uol.com.br – acessado em 21 out.2006.)
Os dois textos referem-se ao mesmo tema: à
primeira posição na largada do Grande Prêmio
de Fórmula 1 do Brasil, conquistada por Felipe
Massa, jovem piloto brasileiro. Caracterize, em
cada texto, as marcas de objetividade e de
Qual a intenção do autor?
A quem é dirigido o assunto?
Qual a finalidade dos assuntos apresentados?
Que conhecimentos prévios o aluno precisa ter
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Texto 2
17
para compartilhar os assuntos apresentados?
Qual a influência desses textos no cotidiano?
Como os pontos de vista estão evidenciados
nos textos?
3. Leia os textos para responder a questão
abaixo:
Texto I
Você é a favor de clones humanos?
“Sou contra. Engana-se quem pensa que o
clone seria uma cópia perfeita de um ser
humano. Ele teria a aparência, mas não a
mesma personalidade. Já pensou um clone
do Bon Jovi que detestasse música e se
tornasse matemático, passando horas e horas falando sobre Hipotenusa, raiz quadrada e
subtração? Ou o clone do Brad Pitt se
tornando padre? Ou o do Tom Cavalcante se
tornando um executivo sério e o do Maguila
estudando balé? Estranho, não? Mas esses
clones não seriam eles, e, sim, a sua imagem
em forma de outra pessoa. No mundo,
ninguém é igual. Prova disso são os gêmeos
idênticos, tão parecidos e com gostos tão
diferentes.
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
Os clones seriam como as fitas piratas: não
teriam o mesmo valor original. Se eu fosse um
clone, me sentiria muito mal cada vez que alguém falasse: 'olha lá o clone da fulana'. No fundo, no fundo, eu não passaria de uma cópia”.
18
Alexandra F. Rosa, 16 anos, Francisco Morato, SP.(Revista Atrevida nº 34)
Texto II
Você é a favor de clones humanos?
1
“Sou a favor! O mundo tem de aprender a
lidar com a realidade e as inovações que
acontecem. Ou seja, precisa se sofisticar e
encontrar caminhos para seus problemas.
Assistimos à televisão, lemos jornais e
vemos que existem muitas pessoas que, para
sobreviver, precisam de doadores de órgãos.
Presenciamos atualmente aqui no Brasil e
também em outros países a tristeza que é a
falta de doadores. A clonagem seria um meio
de resolver esse problema!
Já pensou quantas pessoas seriam salvas
por esse meio? Não há dúvida de que existem
muitas questões a serem respondidas e
muitos riscos a serem corridos, mas o
melhor que temos a fazer é nos prepararmos
para tudo o que der e vier, aprendendo a lidar
com os avanços científicos que atualmente
se realizam. Acredito que não gostaríamos de
parar no tempo. Pelo contrário, temos de
avançar!”
Fabiana C.F. Aguiar, 16 anos, São Paulo, SP. (Revista Atrevida nº 34)
Os dois textos referem-se ao mesmo tema:
clonagem humana. Caracterize, em cada texto,
as estratégias persuasivas utilizadas na defesa
do ponto de vista.
4. Leia o texto abaixo:
Pressa. Ansiedade. E a sensação de que nunca é possível fazer tudo – além da certeza de
que sua vida está passando rápido demais.
Essas são as principais consequências de
vivermos num mundo em que para tudo vale
a regra do “quanto mais rápido, melhor”.
Psiquiatras já discutem a existência de um
distúrbio conhecido como “doença da pressa”, cujos sintomas seriam a alta ansiedade,
dificuldade para relaxar e, em casos mais
graves, problemas de saúde e de relacionamento. “Para nós, ocidentais, o tempo é
linear e nunca volta. Por isso queremos ter a
sensação de que estamos tirando o máximo
dele. E a única solução que encontramos é
acelerá-lo”, afirma Carl Honoré. “É um equívoco. A resposta desse dilema é qualidade,
não quantidade.”
Para especialistas como James Gleick, Carl
está lutando uma batalha invencível. “A
aceleração é uma escolha que fizemos. Somos como crianças descendo uma ladeira de
skate. Gostamos da brincadeira, queremos
mais velocidade”, diz. O problema é que nem
tudo ao nosso redor consegue atender à demanda. Os carros podem estar mais rápidos,
mas as viagens demoram cada vez mais por
culpa dos congestionamentos. Semáforos
vermelhos continuam testando nossa paciência, obrigando-nos a frear a cada quarteirão. Mais sorte têm os pedestres, que podem
apertar o botão que aciona o sinal verde –
uma ótima opção para despejar a ansiedade,
mas com efeito muitas vezes nulo. Em Nova
York, esses sistemas estão desligados desde
a década de 1980. Mesmo assim, milhares de
pessoas o utilizam diariamente na esperança
de reduzir seu minuto de espera.
disse que apertá-la, duas, quatro, dez vezes
vai melhorar a eficiência? “É um placebo,
sem outra função que distrair os passageiros
para quem dez segundos parecem uma eternidade”, escreve Gleick. Elevadores, aliás,
são ícones da pressa em tempos velozes. Os
primeiros modelos se moviam a vinte centímetros por segundo. Hoje, o mais veloz sobe
doze metros por segundo. E, mesmo acelerando, estão entre os maiores focos de
impaciência. Engenheiros são obrigados a
desenvolver sistemas para conter nossa
irritação, como luzes ou alarmes que antecipam a chegada do elevador e cuja única função é aplacar a ansiedade da espera.
Até onde isso vai?
É um exemplo do que especialistas chamam
de “botões de aceleração”. Na teoria, deixam
as coisas mais rápidas. Na prática, servem
para ser apertados e só. Confesse: que raios
fazemos com os dois segundos, no máximo,
que economizamos ao acionar aquelas teclas
que fecham a porta do elevador? E quem
O texto apresenta palavras de dois especialistas
Carl Honoré e James Gleick como defensores
de opiniões diferentes em relação à aceleração
do tempo. Explicite, sem transcrever partes do
texto, a opinião de cada um deles acerca desse
tema.
COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO
O Tópico IV trata dos elementos que constituem a textualidade, ou seja, aqueles elementos
que constroem a articulação entre as diversas
partes de um texto: a coerência e a coesão. Considerando que a coerência é a lógica entre as
ideias expostas no texto, para que exista coerência é necessário que a ideia apresentada se
relacione ao todo textual dentro de uma sequência e progressão de ideias.
Para que as ideias estejam bem relacionadas,
também é preciso que estejam bem interligadas, bem “unidas” por meio de conectivos
adequados, ou seja, com vocábulos que têm a
finalidade de ligar palavras, locuções, orações e
períodos. Dessa forma, as peças que interligam
o texto, como pronomes, conjunções e preposições, promovendo o sentido entre as ideias
são chamadas coesão textual. Enfatizamos,
nesta série, apenas os pronomes como elementos coesivos. Assim, definiríamos coesão
como a organização entre os elementos que
articulam as ideias de um texto.
As habilidades a serem desenvolvidas pelos
descritores que compõem este tópico exigem
que o leitor compreenda o texto não como um
simples agrupamento de frases justapostas,
mas como um conjunto harmonioso em que há
laços, interligações, relações entre suas partes.
A compreensão e a atribuição de sentidos relativos a um texto dependem da adequada
interpretação de seus componentes. De acordo
com o gênero textual, o leitor tem uma apreensão geral do assunto do texto.
Em relação aos textos narrativos, o leitor
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
DESCRITORES: 17 e 19
19
necessita identificar os elementos que compõem o texto – narrador, ponto de vista, personagens, enredo, tempo, espaço – e quais são as
relações entre eles na construção da narrativa.
busca de uma concatenação perfeita entre as
partes do texto, as quais são marcadas pelas
conjunções, advérbios, etc., formando uma
unidade de sentido.
A compreensão e a atribuição de sentidos relativos a um texto dependem da adequada
interpretação de seus componentes, ou da
coerência pela qual o texto é marcado. De
acordo com o gênero textual, o leitor tem uma
apreensão geral do tema, do assunto do texto e
da sua tese. Essa apreensão leva a uma
percepção da hierarquia entre as ideias: qual é a
ideia principal? Quais são as ideias secundárias? Quais são os argumentos que reforçam
uma tese? Quais são os exemplos confirmatórios? Qual a conclusão? Em relação aos
textos narrativos, pode ser requerido do aluno
que ele identifique os elementos componentes
– narrador, ponto de vista, personagens, enredo, tempo, espaço – e quais são as relações
entre eles na construção da narrativa.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto
a partir do qual é solicitada ao aluno a percepção de uma determinada relação lógicodiscursiva, enfatizada, muitas vezes, pelas
expressões de tempo, de lugar, de comparação, de oposição, de causalidade, de anterioridade, de posteridade, entre outros e, quando
necessário, a identificação dos elementos que
explicam essa relação.
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
D17 – Estabelecer relações lógico-discursivas
presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.
20
Conjunções e advérbios, categorias morfológicas invariáveis, realizam papéis importantes
no processo de construção textual, promovendo as relações de coesão e coerência e dando
ao texto articulação (caso das conjunções) e
precisão (caso dos advérbios). É importante ter
clareza também de que certos advérbios
podem funcionar como conectores (são, pois,
articuladores) e que há conjunções (subordinativas adverbiais) que introduzem orações que
funcionam como advérbios. Por isso, são elementos que contribuem para o estabelecimento de uma maior precisão. Além disso, as unidades pertencentes a essas duas categorias
linguísticas são portadoras de carga semântica
bem definida, o que muito influi na montagem
do sentido dos textos.
As habilidades que podem ser avaliadas por
este descritor, relacionam-se ao reconhecimento das relações de coerência no texto em
Propostas de atividades
1. Observe os trechos:
O fino suporte de madeira sobre o qual o
retrato foi pintado sofreu uma deformação
desde que especialistas em conservação
examinaram a pintura pela última vez...
Seria mais poeta, desde que fosse menos
político.
Neles, o elemento coesivo “desde que”, mais
do que ligar duas orações, estabelece uma
relação de sentido entre elas. Indique o valor
estabelecido por ele em cada um dos trechos.
2. Em relação ao texto abaixo:
3. Leia o texto abaixo:
Acho uma boa ideia abrir as escolas no fim de
semana, mas os alunos devem ser supervisionados por alguém responsável pelos
jogos ou qualquer opção de lazer que se
ofereça no dia. A comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes.
Poderiam ser feitas gincanas, festas e até
churrascos dentro da escola.
(Juliana Araújo e Souza. In Correio Braziliense, 10/02/2003, Gabarito. p. 2.)
Identifique a relação estabelecida pela palavra
destacada em “A comunidade poderia interagir
e participar de atividades interessantes.”.
Substitua o vocábulo e por um conectivo, de
modo a manter o sentido essencial, fazendo
apenas as alterações necessárias.
4. Em relação ao texto abaixo:
Do bom uso do relativismo
Leonardo Boff
Hoje pela multimídia, imagens e gentes do
mundo inteiro nos entram pelos telhados,
portas e janelas e convivem conosco. É o
efeito das redes globalizadas de comunicação. A primeira reação é de perplexidade que
pode provocar duas atitudes: ou de interesse
para melhor conhecer que implica abertura e
dialogo ou de distanciamento que pressupõe
fechar o espírito e excluir. De todas as formas, surge uma percepção incontornável:
nosso modo de ser não é o único. Há gente
que, sem deixar de ser gente, é diferente.
Quer dizer, nosso modo de ser, de habitar o
mundo, de pensar, de valorar e de comer não
é absoluto. Há mil outras formas diferentes
de sermos humanos, desde a forma dos
esquimós siberianos, passando pelos yanomamis do Brasil até chegarmos aos sofisticados moradores de Alfavilles onde se resguardam as elites opulentas e amedrontadas. O
mesmo vale para com as diferenças de cultura, de língua, de religião, de ética e de lazer.
Deste fato surge, de imediato, o relativismo
em dois sentidos: primeiro, importa relativizar todos os modos de ser; nenhum deles é
absoluto a ponto de invalidar os demais; impõe-se também a atitude de respeito e de
acolhida da diferença porque, pelo simples
fato de estar aí, goza de direito de existir e de
coexistir; segundo, o relativo quer expressar
o fato de que todos estão de alguma forma
relacionados. Eles não podem ser pensados
independentemente uns dos outros porque
todos são portadores da mesma humanidade. Devemos alargar, pois, a compreensão
do humano para além de nossa concretização. Somos uma geossociedade una,
múltipla e diferente.
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
A pergunta da personagem Mafalda, no segundo quadrinho, inicia-se com a palavra "então",
que estabelece uma relação de sentido com a
situação anterior. Identifique a relação de sentido estabelecida e reescreva a pergunta, substituindo o vocábulo "então" por outro conectivo.
21
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
Todas estas manifestações humanas são
portadoras de valor e de verdade. Mas é um
valor e uma verdade relativos, vale dizer, relacionados uns aos outros, autoimplicados,
sendo que nenhum deles, tomado em si, é
absoluto.
22
dade deveria ser diferente?
Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros, porque todos são
portadores da mesma humanidade.
(l. 16-17)
Então não há verdade absoluta? Vale o
everything goes de alguns pós-modernos?
Quer dizer, o “vale tudo”? Não é o vale tudo.
Tudo vale na medida em que mantém relação
com os outros, respeitando-os em sua diferença. Cada um é portador de verdade mas
ninguém pode ter o monopólio dela. Todos,
de alguma forma, participam da verdade.
Mas podem crescer para uma verdade mais
plena, na medida em que mais e mais se
abrem uns aos outros.
Identifique a relação de sentido que a oração
sublinhada estabelece com a parte do período
que a antecede. Reescreva todo o período, substituindo o conectivo e mantendo essa mesma
relação de sentido.
Bem dizia o poeta espanhol António Machado: ”Não a tua verdade. A verdade. Vem
comigo buscá-la. A tua, guarde-a”. Se a buscarmos juntos, no dialogo e na cordialidade,
então mais e mais desaparece a minha verdade para dar lugar a Verdade comungada
por todos.
A tese é uma proposição teórica de intenção
persuasiva, apoiada em argumentos contundentes sobre o assunto abordado.
A ilusão do Ocidente é de imaginar que a
única janela que dá acesso à verdade, à religião verdadeira, à autêntica cultura e ao saber
crítico é o seu modo ver e de viver. As demais
janelas apenas mostram paisagens distorcidas. Ele se condena a um fundamentalismo
visceral que o fez, outrora, organizar massacres ao impor a sua religião e, hoje, guerras
para forçar a democracia no Iraque e no
Afeganistão.
Devemos fazer o bom uso do relativismo,
inspirados na culinária. Há uma só culinária, a
que prepara os alimentos humanos. Mas ela
se concretiza em muitas formas, as várias
cozinhas: a mineira, a nordestina, a japonesa,
a chinesa, a mexicana e outras. Ninguém pode dizer que só uma é a verdadeira e gostosa e
as outras não. Todas são gostosas do seu
jeito e todas mostram a extraordinária versatilidade da arte culinária. Por que com a ver-
D19 – Identificar a tese de um texto
Por meio deste descritor, pode-se avaliar a
habilidade de o aluno reconhecer o ponto de
vista ou a ideia central defendida pelo autor.
O que dizem as camisetas
(Fragmento)
Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com
uma que não tem nada escrito.
– Que é que ele está anunciando? – indagou o
cabo eleitoral, apreensivo. – Será que faz
propaganda do voto em branco? Devia ser
proibido!
– O cidadão é livre de usar a camiseta que
quiser – ponderou um senhor moderado.
– Em tempo de eleição, nunca – retrucou o
outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é um sabotador do processo de abertura democrática.
– O voto é secreto.
– É secreto, mas a camiseta não é, muito pelo
contrário. Ainda há gente neste país que não
assume a sua responsabilidade cívica, se
esconde feito avestruz e...
DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro:
Record, 1987, p. 38-40.
1. O conflito em torno do qual se desenvolveu
a narrativa foi o fato de:
a) alguém aparecer com uma camiseta sem
nenhuma inscrição.
b) muitas pessoas não assumirem sua responsabilidade cívica.
c) um senhor comentar que o cidadão goza de
total liberdade.
d) alguém comentar que a camiseta, ao contrário do voto, não é secreta.
O mercúrio onipresente
(Fragmento)
Os venenos ambientais nunca seguem regras. Quando o mundo pensa ter descoberto
tudo o que é preciso para controlá-los, eles
voltam a atacar. Quando removemos o chumbo da gasolina, ele ressurge nos encanamentos envelhecidos. Quando toxinas e resíduos
são enterrados em aterros sanitários, contaminam o lençol freático. Mas ao menos acreditávamos conhecer bem o mercúrio. Apesar
de todo o seu poder tóxico, desde que evitássemos determinadas espécies de peixes nas
quais o nível de contaminação é particularmente elevado, estaríamos bem. [...].
Mas o mercúrio é famoso pela capacidade de
passar despercebido. Uma série de estudos
recentes sugere que o metal potencialmente
mortífero está em toda parte — e é mais
perigoso do que a maioria das pessoas
acredita.
Jeffrey Kluger. IstoÉ. nº 1927, 27/06/2006, p.114-115.
2. A tese defendida no texto está expressa no
trecho:
a) as substâncias tóxicas, em aterros, contaminam o lençol freático.
b) o chumbo da gasolina ressurge com a ação
do tempo.
c) o mercúrio apresenta alto teor de periculosidade para a natureza.
d) o total controle dos venenos ambientais é
impossível.
O ouro da biotecnologia
Até os bebês sabem que o patrimônio natural
do Brasil é imenso. Regiões como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica – ou o que
restou dela – são invejadas no mundo todo
por sua biodiversidade. Até mesmo ecossistemas como o do cerrado e o da caatinga têm
mais riqueza de fauna e flora do que se
costuma pensar. A quantidade de água doce,
madeira, minérios e outros bens naturais é
amplamente citada nas escolas, nos jornais e
nas conversas. O problema é que tal exaltação ufanista ("Abençoado por Deus e bonito
por natureza”) é diretamente proporcional à
desatenção e ao desconhecimento que ainda
vigoram sobre essas riquezas.
Estamos entrando numa era em que, muito
mais do que nos tempos coloniais (quando
pau-brasil, ouro, borracha etc. eram levados
em estado bruto para a Europa), a exploração
comercial da natureza deu um salto de intensidade e refinamento. Essa revolução tem
um nome: biotecnologia. Com ela, a Amazônia, por exemplo, deixará em breve de ser
uma enorme fonte “potencial" de alimentos,
cosméticos, remédios e outros subprodutos:
ela o será de fato – e de forma sustentável.
Outro exemplo: os créditos de carbono, que
terão de ser comprados do Brasil por países
que poluem mais do que podem, poderão
significar forte entrada de divisas.
Com sua pesquisa científica carente, indefinição quanto à legislação e dificuldades nas
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
– Ah, pelo que vejo o amigo não aprova as
pessoas que gostam de usar uma camiseta
limpinha, sem inscrição, na cor natural em
que saiu da fábrica.
(...).
23
questões de patenteamento, o Brasil não consegue transformar essa riqueza natural em
riqueza financeira. Diversos produtos autóctones, como o cupuaçu, já foram registrados
por estrangeiros – que nos obrigarão a pagar
pelo uso de um bem original daqui, caso
queiramos (e saibamos) produzir algo em
escala com ele. Além disso, a biopirataria
segue crescente. Até mesmo os índios
deixam que plantas e animais sejam levados
ilegalmente para o exterior, onde provavelmente serão vendidos a peso de ouro.
Resumo da questão: ou o Brasil acorda para a
nova realidade econômica global, ou continuará perdendo dinheiro como fruta no chão.
Daniel Piza. O Estado de S. Paulo.
3. O texto defende a tese de que
a) a Amazônia é fonte “potencial” de riquezas.
b) as plantas e os animais são levados ilegalmente.
c) o Brasil desconhece o valor de seus bens
naturais.
d) os bens naturais são citados na escola.
RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS
E EFEITOS DE SENTIDO
DESCRITORES: 23
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
D23 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações
24
Os sinais de pontuação atuam nos textos mais
do que meramente indicando pausa ou entoação. Eles podem ter também papel importante
na produção de sentido, ou seja, eles atuam
como construtores de significação no texto,
seja pelo estabelecimento de camadas de
significado para além da superfície do texto,
seja chamando atenção para os valores que
determinada palavra ou expressão assume em
uso. Além dos sinais de pontuação, recursos
como o negrito, o itálico, o sublinhado, procedimentos como redução, ampliação, espacialização e estilização das letras são geradores de
significações que contribuem para os propósitos estilísticos, comunicativos e discursivos
de um texto. Assim, identificar as intenções no
agenciamento de tais recursos é fundamental à
boa compreensão do que se lê.
A habilidade que pode ser avaliada por este
descritor refere-se à identificação, pelo aluno, dos
efeitos provocados pelo emprego de recursos da
pontuação ou de outras formas de notação, em
contribuição à compreensão textual, não se
limitando ao seu aspecto puramente gramatical.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto
no qual é requerido do aluno que ele identifique
o sentido provocado por meio da pontuação
(travessão, aspas, reticências, interrogação,
exclamação, etc.) e/ou notações como, tamanho
de letra, parênteses, caixa alta, itálico, negrito,
entre outros. Os enunciados dos itens solicitam
que os alunos reconheçam o porquê do uso do
itálico, por exemplo, em uma determinada palavra no texto, ou indique o sentido de uma exclamação em determinada frase, ou identifique por
que usar os parênteses, entre outros.
Comentários iniciais
Ensinar pontuação é sempre um desafio, porque muitas vezes os alunos decoram os sinais,
mas não se preocupam em entender a intencionalidade discursiva que há por trás de cada
um. Então, é muito importante que os profissionais que trabalham com a língua portuguesa
mostrem não só os aspectos sintáticos que a
envolvem, mas também o semântico. A proposta de aula abaixo pretende aliar esses dois
aspectos.
Todos sabem o gosto que os adolescentes têm
por desafios, por isso o objetivo é ensinar sobre
Antes de iniciar o desafio, seria interessante
que houvesse uma revisão sobre a pontuação.
Destaque, principalmente, aqueles sinais de
pontuação que em geral os alunos apresentam
mais dificuldade, como a vírgula, por exemplo.
Além disso, procure revisar a função das aspas
no texto, pois é comum restringir seu uso à
indicação de citação, mas poucos a associam
ao diálogo. O importante é que a revisão seja
rápida para dar tempo para os alunos “brincarem” com os exercícios.
O objetivo do exercício, como dito anteriormente, é levar o aluno a entender a importância da
pontuação para a construção de sentido do texto,
e o enunciado a ser utilizado como desafio é:
Felipe toma banho e sua mãe diz ele quer o
banho frio.
1. Peça que pontuem da forma que acharem
melhor, sempre buscando dar sentido à frase.
(Separe uns 5 minutos para essa atividade.)
2. É provável que fiquem irritados, dizendo
que a frase não faz sentido. Neste momento é
interessante começar a facilitar um pouco;
para isso, diga-lhes que podem usar duas
vezes a vírgula e duas vezes o ponto final. Dê
mais um tempinho para que possam praticar.
(Aproximadamente 10 minutos.)
3. A essa altura, muitos estarão próximos de
decifrar o “enigma” e outros estarão aflitos
pela resposta correta. Chegou a hora de dizer-lhes que se trata de um diálogo, portanto,
as aspas devem aparecer para marcar a fala
das personagens. Indique que as aspas também apareceram duas vezes. (Dê mais uns minutos)
4. Agora consiga a atenção dos alunos para o
quadro e responda o “enigma”, que ficará assim. Felipe toma banho e sua.“Mãe”, diz ele,
“quero banho frio”.
Após a resolução do desafio, enfatize a importância da pontuação para que o texto faça
sentido. Se quiser, é possível também ampliar a proposta fazendo uma revisão sobre o
vocativo.
Efeitos de sentido curiosos derivados do emprego da vírgula
Vírgula pode ser uma pausa......ou não.
Não, espere.
Não espere.
Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
E vilões...
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.
A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula pode ser ofensiva.
Não quero comprar seu porco.
Não quero comprar, seu porco.
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
pontuação usando exercícios desafiadores e
que demonstrem, na prática, a importância da
pontuação para o sentido do texto. Apresentaremos um exemplo, mas há muitos outros
que podem ser utilizados em sala com êxito.
25
Detalhes adicionais
Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura.
Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
Se você for homem, colocou a vírgula depois de
TEM.
Fica evidente, pois, que as possibilidades de
manipulação de sentido provenientes do emprego da vírgula, assim como dos demais sinais de pontuação, são bastante vastas, além
de permitirem ao professor promover junto aos
alunos uma aprendizagem das possibilidades
expressivas do idioma tendo, no humor e nas
curiosidades linguísticas, elementos sedutores
e atrativos, os quais contribuem para tornar a
aprendizagem mais fácil, dinâmica e divertida.
Explorar essas dimensões, obviamente esteadas em uma sólida formação linguísticodiscursiva, alicerça o caminho do sucesso do
professor e do aluno no tocante ao desenvolvimento das capacidades relativas à compreensão e ao emprego da língua.
Propostas de atividades
O Encontro
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
(fragmentos)
26
Em redor, o vasto campo. Mergulhado em névoa branda, o verde era pálido e opaco.
Contra o céu, erguiam-se os negros penhascos tão retos que pareciam recortados a faca.
Espetado na ponta da pedra mais alta, o sol
espiava atrás de uma nuvem.
"Onde, meu Deus?! - perguntava a mim mesma - Onde vi esta mesma paisagem, numa
tarde assim igual?
Era a primeira vez que eu pisava naquele lugar. Nas minhas andanças pelas redondezas,
jamais fora além do vale. Mas nesse dia, sem
nenhum cansaço, transpus a colina e cheguei
ao campo. Que calma! E que desolação. Tudo
aquilo - disso estava bem certa - era completamente inédito pra mim. Mas por que então
o quadro se identificava, em todas as minúcias, a uma imagem semelhante lá nas profundezas da minha memória?
Voltei-me para o bosque que se estendia à
minha direita. Esse bosque eu também já
conhecera com sua folhagem cor de brasa
dentro de uma névoa dourada. "Já vi tudo
isto, já vi... Mas onde? E quando?"
Fui andando em direção aos penhascos. Atravessei o campo. E cheguei à boca do abismo
cavado entre as pedras. Um vapor denso
subia como um hálito daquela garganta de
cujo fundo insondável vinha um remotíssimo
som de água corrente. Aquele som eu
também conhecia. Fechei os olhos. "Mas se
nunca estive aqui! Sonhei, foi isso? Percorri
em sonho estes lugares e agora os encontro
palpáveis, reais? Por uma dessas extraordinárias coincidências teria eu antecipado
aquele passeio enquanto dormia?"
Sacudi a cabeça, não, a lembrança - tão antiga quanto viva - escapava da inconsciência de
um simples sonho.(...)
TELLES, Lygia Fagundes. Oito Contos de Amor. São Paulo: Ática.
1. Na frase "Já vi tudo isso, já vi... Mas onde?"
(l. 13-14), o uso das reticências sugere:
a)
b)
c)
d)
impaciência.
impossibilidade.
incerteza.
irritação.
Leia o texto abaixo:
Sobre a liberdade
[...] Quando falo de liberdade, é a isso que
estou me referindo: ao que nos diferencia das
térmitas e das marés, de tudo o que se move
de modo necessário e inevitável. É certo que
não podemos fazer qualquer coisa que queiramos, mas também é certo que não somos
obrigados a querer fazer uma única coisa.
Aqui convém fazer dois esclarecimentos a
respeito da liberdade:
Primeiro: Não somos livres para escolher o
que nos acontece (termos nascido num
determinado dia. de determinados pais, num
determinado país, [...] mas livres para
responder ao que nos acontece de um ou
outro modo (obedecer ou nos rebelar, ser
prudentes ou temerários, (...)
Segundo: Sermos livres para tentar algo não
significa consegui-lo infalivelmente. A liberdade (que consiste em escolher dentro do
possível) não é o mesmo que a onipotência
(que seria conseguir sempre o que se quer,
mesmo parecendo impossível). Por isso,
quanto maior for nossa capacidade de ação,
melhores resultados poderemos obter de
nossa liberdade. [...] Há coisas que dependem da minha vontade (e isso é ser livre),
mas nem tudo depende de minha vontade
(senão eu seria onipotente), pois no mundo
há muitas outras vontades e muitas outras
necessidades que não controlo conforme
meu gosto. Se eu não conhecer a mim mesmo e ao mundo em que vivo. minha liberdade
às vezes irá esbarrar com o necessário. Mas isso é importante - nem por isso deixarei de
ser livre... mesmo que me queime.
SAVATER. Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Martos
Pontes. 1993. p. 28, 29. (P090690EX_SUP)
2. (P090693EX) No trecho "... a respeito da liberdade:" (linha 5), o uso dos dois pontos introduz
uma:
a)
b)
c)
d)
enumeração de questões envolvendo a liberdade.
explicação sobre problemas da liberdade.
opinião sobre como exercer a liberdade.
síntese das vantagens da liberdade.
Angeli. Folha de São Paulo, 25/04/1993.
3. No terceiro quadrinho, os pontos de exclamação reforçam uma ideia de:
a)
b)
c)
d)
comoção.
contentamento.
desinteresse.
surpresa.
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
A imagem abaixo serve de base para a questão de número três.
27
Feias, sujas e imbatíveis
(Fragmento)
As baratas estão na Terra há mais de 200
milhões de anos, sobrevivem tanto no
deserto como nos polos e podem ficar até 30
dias sem comer. Vai encarar?
Férias, sol e praia são alguns dos bons
motivos para comemorar a chegada do verão
e achar que essa é a melhor estação do ano. E
realmente seria, se não fosse por um único
detalhe: as baratas. Assim como nós, elas
também ficam bem animadas com o calor.
Aproveitam a aceleração de seus processos
bioquímicos para se reproduzirem mais
rápido e, claro, para passearem livremente
por todos os cômodos de nossas casas.
Nessa época do ano, as chances de dar de
cara com a visitante indesejada, ao acordar
durante a noite para beber água ou ir ao
banheiro, são três vezes maiores.
Revista Galileu. Rio de Janeiro: Globo, Nº 151, Fev. 2004, p.26.
4. No trecho “Vai encarar?” (l.2), o ponto de
interrogação tem o efeito de:
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
a) apresentar.
b) avisar.
c) questionar.
d) desafiar.
28
5. Observe a charge abaixo e marque a alternativa correta, levando em conta o sentido produzido pelas reticências com os nomes Bush,
Powell e Blair.
a)
b)
c)
d)
a continuidade da paz.
um comentário irônico.
uma dúvida partilhada
a omissão de uma ideia.
6. Leia o texto abaixo:
Baianos homenageiam as mães com presentes à flor da pele
Tatuagem é uma forma moderna para homenagear as mães. As mães contam que primeiro vem o susto, depois o orgulho.
No Dia das Mães, os filhos sempre procuram
uma forma mais criativa de homenageá-las.
Uns pensam em viagens, outros pensam em
joias, porém, outros vão mais além. Eles querem fazer uma homenagem eterna. Marcar na
pele é a maneira mais moderna de fazer isso.
E hoje em dia não é preciso ser muito radical
para manter na pele uma homenagem eterna.
O designer Marlon Souza, de 23 anos, resolveu homenagear a mãe no ano de 2009. "A
minha ideia era tatuar o nome de minha mãe,
mas como eu tinha acabado de ser pai,
resolvi fazer uma homenagem dupla. Tatuei o
nome de minha mãe e de meu filho", conta.
Essa foi a primeira tatuagem do jovem, e a
mãe ficou um pouco assustada. "Hoje em dia
ela adora a tattoo. Mostra pra todo mundo.
Fica toda orgulhosa dizendo que o filho tem o
nome dela tatuado".
RODRIGUES, Danutta; MACHADO, Ingrid Maria. Disponível em
<http://g1.globo.com/bahia/noticia/2011/05/baianoshomenageiam-maes-com-presentes-flor-da-pele.html
No trecho "Hoje em dia ela adora a tattoo. [...]
Fica toda orgulhosa dizendo que o filho tem o
nome dela tatuado" (l. 9-11), o uso das aspas
indica:
As reticências no caso acima indicam:
a)
b)
c)
d)
estrangeirismo.
fala reportada.
gírias.
neologismo.
7. Considerando o texto da canção, explique o
efeito de sentido provocado pelo emprego da
vírgula entre as palavras cabelos e brancos.
Respeitem meus cabelos, brancos
Chico César
Respeitem meus cabelos, brancos
Chegou a hora de falar
Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos
Cabelo veio da África
Junto com meus santos
Benguelas, zulus, gêges
Rebolos, bundos, bantos
Batuques, toques, mandingas
Danças, tranças, cantos
Respeitem meus cabelos, brancos
Se eu quero pixaim, deixa
Se eu quero enrolar, deixa
Se eu quero colorir, deixa
Se eu quero assanhar, deixa
Deixa, deixa a madeixa balançar
No verso “(dizem: tem alma dionisíaca)”, qual o
sentido que os dois pontos expressam?
9. Uma vírgula esquecida ou mal usada afeta o
sentido da frase. A maldita pode mudar o sentido ou deixar a frase sem sentido. Observe a
importância da vírgula no exemplo abaixo:
“Os técnicos foram à reunião acompanhados
da secretária do diretor e de um coordenador.”
Onde a vírgula deve ser colocada para que o
sentido do enunciado seja alterado? Explique a
alteração de sentido produzida com a utilização
da vírgula.
10) Após ler atenciosamente o trecho que segue, explique o sentido pretendido com o emprego da palavra gênio entre aspas.
Hoje o Ricardo, aquele “gênio” da computação, conseguiu desformatar o HD do computador da empresa ao abrir uma mensagem
com vírus.
8. (Vunesp/Ilha Solteia-SP) Leia o poema de
João Cabral de Melo Neto para responder à
questão
Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);
viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):
o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive,
o inevitável ponto final.
MELO NETO, João Cabral de. Museu de tudo e depois. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 146
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Questão de pontuação
29
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
DESCRITORES: D13
Este tópico refere-se às inúmeras manifestações e possibilidades da fala. No domínio do
lar, as pessoas exercem papéis sociais de pai,
mãe, filho, avó, tio. Quando observamos um diálogo entre mãe e filho, por exemplo, verificamos
características linguísticas que marcam ambos
os papéis. As diferenças mais marcantes são
intergeracionais (geração mais velha/geração
mais nova).
O estudo da variação linguística é, também,
essencial para a conscientização linguística do
aluno, permitindo que ele construa uma postura não preconceituosa em relação a usos linguísticos distintos dos seus.
É muito importante mostrarmos ao aluno as
razões dos diferentes usos, quando é utilizada a
linguagem formal, a informal, a técnica ou as
linguagens relacionadas aos falantes, como
por exemplo, a linguagem dos adolescentes,
das pessoas mais velhas.
É necessário transmitirmos ao aluno a noção do
valor social que é atribuído a essas variações,
sem, no entanto, permitir que ele desvalorize sua
realidade ou a de outrem. Essa discussão é fundamental nesse contexto.
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
D13 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto
30
O problema da variação linguística e de sua
abordagem na sala de aula está intimamente
ligado à concepção de língua esposada consciente ou inconscientemente pelo professor no
ensino do idioma. Sendo este um indivíduo
responsável pela formação de sujeitos plenos
em direitos e deveres, singulares, heterogêneos social, étnica, etária, política e, não menos
importante, linguisticamente, deve – pois - oferecer aos seus educandos uma visão de língua
que contemple os mais diversos aspectos desse idioma: morfológico, sintático, semântico,
discursivo, afetivo e ético sob o signo da per-
cepção clara e embasada de que a língua não é
homogênea nem estanque. Sendo assim, a sua
prática deve estar comprometida com a formação de um ponto de vista que contemple não
só as formas socialmente valorizadas e tidas
como corretas em uma variação normativista,
mas também aquelas que destoando dessa
ideia sejam também representações da língua
viva. A língua errada do povo, a língua certa do
povo, como queria Manuel Bandeira, esse
notório amante do idioma em suas variantes.
Entender a variação é sobretudo estar atento ao
caráter multifacetado de qualquer língua viva e
considerar os fatores que determinam e justificam tal fenômeno: espaço, situação, tempo, nível socioeconômico. Esses atuam em conjunto,
ora com mais relevância para um, ora com mais
relevância para outro. É importante que no trato
com a variação o professor construa junto com o
estudante não apenas a capacidade para
perceber esse fenômeno, mas também a de entender como atuam os fatores que o influenciam.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade do aluno em identificar quem fala no
texto e a quem ele se destina, essencialmente,
por meio da presença de marcas linguísticas (o
tipo de vocabulário, o assunto, etc.), evidenciando, também, a importância do domínio das
variações linguísticas que estão presentes na
nossa sociedade.
Essa habilidade é avaliada em textos nos quais
o aluno é solicitado a identificar, o locutor e o
interlocutor do texto nos diversos domínios sociais, como também são exploradas as possíveis variações da fala: linguagem rural, urbana,
formal, informal, incluindo também as linguagens relacionadas a determinados domínio
sociais, como, por exemplo, cerimônias religiosas, escola, clube, etc.
Leia a tira
2. Caetano Veloso gravou uma canção chamada “Você não me ensinou a te esquecer”, do
filme Lisbela e o prisioneiro. A propósito do
título da canção, podemos dizer que a regra da
uniformidade de tratamento foi respeitada?
Qual seria a maneira correta de dizer a frase de
acordo com a linguagem culta?
3. Observe:
“Tem uma palavra que conheço mas não consigo pegar”.
Esse trecho relata a fala de uma pessoa em que
fica marcado o registro coloquial da linguagem. De que outra forma você reescreveria
esse trecho, usando o registro formal?
Texto para as questões 4 e 5.
É um mito a pretensa possibilidade de comunicação igualitária em todos os níveis. Isso é
uma idealização. Todas as línguas apresentam variantes: o inglês, o alemão, o francês,
etc. Também as línguas antigas tinham variações. O português e outras línguas românicas provêm de uma variedade do latim, o chamado latim vulgar, muito diferente do latim
culto. Além disso, as línguas mudam. O português moderno é muito distinto do português clássico. Se fôssemos aceitar a ideia de
estaticidade das línguas, deveríamos dizer
que o português inteiro é um erro e, portanto,
deveríamos voltar a falar latim. Ademais, se o
português provém do latim vulgar, poder-seia afirmar que ele está todo errado.
A variação é inerente às línguas, porque as
sociedades são divididas em grupos: há os
mais jovens e os mais velhos, os que habitam
numa região ou noutra, os que têm esta ou
aquela profissão, os que são de uma ou outra
classe social e assim por diante. O uso de
determinada variedade linguística serve para
marcar a inclusão num desses grupos, dá uma
identidade para seus membros. Aprendemos a
distinguir a variação. Quando alguém começa
a falar, sabemos se é do interior de São Paulo,
gaúcho, carioca ou português. Sabemos que
certas expressões pertencem à fala dos mais
jovens, que determinadas formas se usam
em situação informal, mas não em ocasiões
formais. Saber uma língua é conhecer variedades. Um bom falante é "poliglota" em sua
própria língua. Saber português não é aprender regras que só existem numa língua artificial usada pela escola.
As variantes não são feias ou bonitas, erradas
ou certas, deselegantes ou elegantes; são
simplesmente diferentes. Como as línguas
são variáveis, elas mudam. "Nosso homem
simples do campo" tem dificuldade de comu-
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
1. Sabemos que diferenças significativas marcam as variedades sociais devido à escolaridade, à faixa etária, ao sexo, ao grupo social,
entre outros motivos. No último quadrinho, podemos encontrar um exemplo dessa variedade
na fala do personagem. Que variedade é essa?
31
nicar-se nos diferentes níveis do português não
por causa da variação e da mudança linguística,
mas porque lhe foi barrado o acesso à escola ou
porque, neste país, se oferece um ensino de
baixa qualidade às classes trabalhadoras e
porque não se lhes oferece a oportunidade de
participar da vida cultural das camadas dominantes da população.
FIORIN, José Luiz. In: Atas do I Congresso Nacional da ABRALIN.
Excertos.
tipação"? E, no entanto, por que não?
— Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
— Minha saudação aos aficionados do clube
e aos demais esportistas, aqui presentes ou
no recesso dos seus lares.
— Como é?
— Aí, galera.
4. Pela compreensão global do texto, podemos
firma que o autor:
a) critica, no português moderno, o distanciamento da sua forma clássica.
b) considera o bom falante aquele que domina
as regras da gramática normativa.
c) Ver o uso de determinada variação linguística como um dos meios através dos quais,
o indivíduo se identifica como membro de
um grupo.
d) considera a variação linguística um fenômeno típico das línguas românicas, o que as
diferencia das outras línguas.
— Quais são as instruções do técnico?
— Nosso treinador vaticinou que, com um
trabalho de contenção coordenada, com
energia otimizada, na zona de preparação,
aumentam as probabilidades de, recuperado
o esférico, concatenarmos um contragolpe
agudo com parcimônia de meios e extrema
objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo
da ação.
— Ahn?
Ação de Fortalecimento da Aprendizagem
5. A respeito da variação linguística abordada
no texto, é possível ao leitor concluir que:
32
a) a existência da língua portuguesa é uma prova da estaticidade das línguas, nesse caso
do latim.
b) as línguas são invariáveis com o passar do
tempo, porém variáveis com as diferenças
de grupos sociais.
c) a variedade linguística é um fenômeno linguístico e também um fenômeno social.
d) as variantes mais populares são exemplos
de como o português é falado fora de um padrão que é correto, bonito e elegante.
Leia com atenção o texto abaixo e responda.
— É pra dividir no meio e ir pra cima pra pega
eles sem calça.
— Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
— Posso dirigir uma mensagem de caráter
sentimental. algo banal, talvez mesmo
previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou
ligado por razões, inclusive, genéticas?
— Pode.
— Uma saudação para a minha progenitora.
— Como é?
Aí, galera
— Alô, mamãe!
Jogadores de futebol podem ser vítimas de
estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo "estereo-
— Estou vendo que você é um, um...
— Um jogador que confunde o entrevistador,
pois não corresponde à expectativa de que o
atleta seja um ser algo primitivo com
dificuldade de expressão e assim sabota a
estereotipação?
senta também uma inadequação da linguagem
usada ao contexto.
6. O texto retrata situações relacionadas que
fogem à expectativa do público, que situações
são essas em termos de marcas linguísticas?
a) “O ladrão robô o carro e conseguiu fugir.”um flanelinha que assistia à cena.
b) “E aí, gata? Vamo dá um rolezinho?”- um
jovem que fala para a namorada.
c) “Um momento, gostaria de fazer uma
observação.” – uma pessoa comenta numa
reunião de trabalho.
d) “Se a gente não resolve as coisas como têm
que ser, a gente corre o risco de termos
muita pouca água nos reservatórios.” – um
professor universitário falando num
congresso internacional.
7. O texto mostra uma situação em que a
linguagem usada é inadequada ao contexto.
Considerando as diferenças entre língua oral e
língua escrita, assinale a opção que repre-
8. A expressão no texto “pega eles sem calça”
poderia ser substituída por uma expressão equivalente em linguagem culta, formal. Como ficaria
essa mesma expressão sem alteração de sentido?
— Estereoquê?
— Um chato?
— Isso.
Correio Braziliense, 13 maio 1998.
9. Jogos de imagens e palavras são característicos da linguagem de história em quadrinhos.
Alguns desses jogos podem referir-se a linguagens, tais como a linguagem dos médicos, dos
engenheiros, dos advogados, dos executivos,
dentre outras.
Transcreva as passagens da tira que se referem
a domínios específicos e explicite que domínios
são esses?
Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4
Anos Finais do Ensino Fundamental
Leia a tira.
33
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
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