Ação de Fortalecimento da Aprendizagem Anos Finais do Ensino Fundamental Reforço Escolar – Caderno 4 Língua Portuguesa GOVERNADOR DE PERNAMBUCO Paulo Henrique Saraiva Câmara SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO Frederico da Costa Amancio GERENTE DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL Shirley Malta CHEFE DE UNIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS Rosinete Feitosa SECRETÁRIO EXECUTIVO DE COORDENAÇÃO Severino José de Andrade Júnior SECRETÁRIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO Ana Coelho Vieira Selva SECRETÁRIO EXECUTIVO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra SECRETÁRIO EXECUTIVO DE GESTÃO Ednaldo Alves de Moura Júnior ESPECIALISTAS EM LÍNGUA PORTUGUESA DA SEE/SEDE/GEIF/UEFAF Jamesson Marcelino da Silva Maria da Conceição Borba de Albuquerque Maria Luiza Araújo Guimarães Salmo Sóstenes Pontes Wanda Maria Braga Cardoso ESPECIALISTAS EM LÍNGUA PORTUGUESA DAS GREs Ana Cláudia Soares – GRE Recife Sul Antônio Sérgio Bezerra Rodrigues – GRE Metro Sul Cristiane Renata da Silva Cavalcanti – GRE Metro Sul Jamil Costa Ramos – GRE Metro Sul Josenilde Lima – GRE Petrolina Maria Rivaldízia do Nascimento – GRE Petrolina Marta Maria Alencastro – GRE Recife Sul Samuel Lira de Oliveira – GRE Metro Sul PROJETO GRÁFICO SECRETÁRIO EXECUTIVO DE GESTÃO DA REDE Ruy Barros João Carlos de Cintra Charamba ENDEREÇO: Avenida Afonso Olindense, 1513 Várzea | Recife-PE, CEP 50.810-000 Fone: (81) 3183-8200 | Ouvidoria: 0800-2868668 www.educacao.pe.gov.br Uma produção da Superintendência de Comunicação da Secretaria de Educação CARO(A) PROFESSOR(A) O presente caderno é uma tentativa de contribuir para o sucesso das ideias acima expostas por meio da abordagem de descritores que apresentaram, na última avaliação do SAEPE, índices de acerto que podem e devem ser melhorados. Os índices em questão, com certeza, contrariam os esforços realizados pelos professores das diversas escolas das dezessete regionais do Estado de Pernambuco com vistas ao avanço dos estudantes no tocante às competências e habilidade contempladas em tais descritores. Desse modo, precisam ser corrigidos por meio de ações docentes concentradas nos pontos em que foram identificadas as dificuldades. Por isso, o objetivo deste trabalho é contribuir para o aprimoramento da prática dos professores, fornecendo-lhes mais um instrumento de apoio, o qual – certamente – irá se somar às suas iniciativas individuais que visam à ascensão do desempenho dos alunos. Na concepção deste caderno, levou-se em conta a diversidade de características de alunos e de professores, bem como se considerou que várias são as formas de aprender e de ensinar. Assim, ele apresenta questões discursivas, itens de múltipla escolha e sequências didáticas. Fica claro, pois, que o objetivo é maior do que simplesmente preparar o aluno para a resolução de uma prova. Em verdade, quer-se, sobremaneira, proporcionar ao educando o desenvolvimento pleno de suas capacidades cognitivas e operacionais, conduzindo-o a isso por meio de atividades significativas pautadas na exploração dos descritores que necessitam de um aprofundamento. Conjugando esses dois modelos de questão, objetiva-se, pois, reforçar as habilidades interpretativas exigidas pelas avaliações externas a que eles são submetidos e contribuir para o desenvolvimento do eixo escrita. Para concluir esta breve apresentação, a equipe de Língua Portuguesa da Gerência de Ensino Fundamental Anos Finais - GEIF manifesta o desejo de contar com a contribuição de técnicos e professores de todas as regionais do Estado para o aperfeiçoamento deste instrumento pedagógico que chega às mãos dos envolvidos com o ensino de Língua Portuguesa na rede pública estadual de Pernambuco. Críticas, sugestões e adendos são bem-vindos uma vez que o sucesso da prática educacional exige comprometimento coletivo, bem como perene disposição para transformar o educando, reformar as próprias práticas e também se autotransformar. Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Apesar do seu caráter de truísmo, a afirmação de que não existe prática docente bem-sucedida se não houver aprendizagem por parte dos estudantes deve estar sempre no horizonte das preocupações de todos aqueles envolvidos com o ato de ensinar. De par com essa ideia, é preciso considerar também que um ensino verdadeiramente eficiente deve dar ênfase tanto ao desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas e operacionais dos alunos quanto aos conteúdos que devem ser partilhados com eles. Assim, o ato de ensinar precisa privilegiar um equilíbrio entre aquilo que o aluno tem de saber e aquilo que ele pode fazer com o que aprendeu. Disso, é esperada a construção de um sujeito criativo, crítico, analítico, pensante, capaz de entender as diversas realidades que a ele se apresentam, transformá-las e propor inovações. Ação de Fortalecimento da Aprendizagem PROCEDIMENTOS DE LEITURA DESCRITORES: D1, D3, D4, D6 E D14 É relevante ressaltar que, além de localizar informações explícitas, inferir informações implícitas e identificar o tema de um texto, nesse tópico deve-se, também, distinguir os fatos apresentados da opinião formulada acerca desses fatos nos diversos gêneros de texto. Reconhecer essa diferença é essencial para que o aluno possa tornar-se mais crítico, de modo a ser capaz de distinguir o que é um fato, um acontecimento, da interpretação que é dada a esse fato pelo autor do texto. D10 – Distinguir fato de uma opinião A confusão entre fato e opinião é motivo de desentendimentos e mal-entendidos na vida cotidiana. Quantas vezes o indivíduo não se aferra a uma opinião sobre algo, confiante de que sua opinião corresponde à verdade (fato) sobre aquilo que está discutindo, provocando assim dissensos, incorrendo em sectarismos e desperdiçando a oportunidade de realizar um diálogo realmente produtivo sobre algo que - se averiguado com equilíbrio, bom senso e humildade – poderia resultar em esclarecimentos válidos e em benefícios para todos os envolvidos no processo comunicativo? Problema de mesma natureza ocorre na leitura de textos quando – muitas vezes – o leitor toma por fato (conforme a ótica do texto) aquilo que está sendo posto como uma opinião. Tal falha mostra uma percepção equivocada do texto e pode também traduzir ou refletir uma prática equivocada de leitura de mundo. Distinguir fato de opinião implica a capacidade de diferenciar o que é do que se pensa sobre algo. Separar realidade do que se acredita sobre ela. O leitor deve ser capaz de perceber a diferença entre o que é fato narrado ou discutido e o que é opinião sobre ele. Essa diferença pode ser ou bem marcada no texto ou exigir do leitor que ele perceba essa diferença integrando informações de diversas partes do texto e/ou inferindo-as, o que tornaria a tarefa mais difícil. Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno identificar, no texto, um fato relatado e diferenciá-lo do comentário que o autor, ou o narrador, ou o personagem fazem sobre esse fato. Essa habilidade é avaliada por meio de um texto, no qual o aluno é solicitado a distinguir partes do texto que são referentes a um fato e partes que se referem a uma opinião relacionada ao fato apresentado, expressa pelo autor, narrador ou por algum outro personagem. Há itens que solicitam, por exemplo, que o aluno identifique um trecho que expresse um fato ou uma opinião, ou então, dá-se a expressão e pede-se que ele reconheça se é um fato ou uma opinião. FATO Algo cuja existência independe de quem escreve. OPINIÃO Maneira pessoal de ver o fato. A depreensão de conceitos e valores a partir de algo préexistente. Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Os textos nem sempre apresentam uma linguagem literal. Deve haver, então, a capacidade de reconhecer novos sentidos atribuídos às palavras dentro de uma produção textual. Além disso, para a compreensão do que é conotativo e simbólico é preciso identificar não apenas a ideia, mas também ler as entrelinhas, o que exige do leitor uma interação com o seu conhecimento de mundo. A tarefa do leitor competente é, portanto, apreender o sentido global do texto, utilizando recursos para a sua compreensão de forma autônoma. 5 Alguns exemplos Fato A educação brasileira patina no atraso e na defasagem em relação à dos países desenvolvidos. Opinião Equacionar a problemática da educação no país é inadiável. Fato Novamente, a discussão acerca da redução da maioridade penal ocupa lugar de destaque no congresso. Opinião Como em todo tema polêmico, discutir a maioridade penal requer, pela gama de aspectos envolvidos, sensatez e muita responsabilidade dos legisladores. Propostas de atividades 1. Identifique as marcas de opinião nos textos abaixo: NAVEGAR É PRECISO Ação de Fortalecimento da Aprendizagem (NAVEGAR é preciso, 2009) 6 O velejador, economista e empresário Vilfredo Schürmann lançou o livro Navegando com o Sucesso na praça central do Shopping Mueller, em Joinville, e na praça central do Shopping Neumarkt, em Blumenau. Ótimo contador de histórias, apresentou reflexões sobre o sentido de palavras como sucesso, família, trabalho em equipe, sonho e disciplina. A POLUIÇÃO NO MUNDO Os grandes países industriais são os mais poluídos do mundo. Em Tóquio vende-se oxigênio nas ruas centrais. É comum os japoneses comprarem uma dose e enfiarem o nariz na “garrafinha”, recuperando-se do veneno que são obrigados a respirar. Os guardas de trânsito, intoxicados pelos gases dos automóveis, têm postos de abastecimento especiais nas esquinas. Apesar da propaganda que apresenta o centro da Europa como um oásis verde entre enormes fábricas, quem lê jornal sabe o que acontece com o Reno: um rio totalmente morto e mortífero, carregando resíduos químicos por milhares de quilômetros, contaminando os depósitos de água potável de vários países. Metade da população holandesa bebe a água do Rio Reno, que é o maior esgoto do mundo e o receptor de inseticidas das fábricas alemães. Seus peixes são proibidos para o consumo, porque os detritos industriais com que se “alimentam” tornam sua carne fétida. E os Estados Unidos, pátria do capitalismo moderno, louvado pelo rigor de suas leis, são – e isto seus próprios técnicos afirmam – o país mais poluído do planeta. Além disso, são os maiores exportadores de poluição: 40% da contaminação da Terra é provocada por suas indústrias, segundo informação de Philip Bart, ecologista e redator da International Review. Fonte: Júlio José Chiavenato. O massacre da natureza. O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade e à qualidade de suas águas, mas, se não fizermos boas campanhas educativas para a população, logo perderemos esse privilégio. Em nossa opinião, já manifestada em artigos anteriores, as campanhas são necessárias porque muitas pessoas desperdiçam água lavando calçadas diariamente, não consertando torneiras que vazam e passando muito tempo nos chuveiros. Nem todos são favoráveis às campanhas educativas. Para alguns economistas, a solução é aumentar o preço da água. Pensamos que isso seria um verdadeiro absurdo, pois o preço da água brasileira é um dos mais altos do mundo! Por outro lado, mesmo pagando caro, os brasileiros continuam desperdiçando água. Todos sabemos que seria impossível viver Fonte: (Adaptado de Antônio Ermírio de Moraes: Depois da água, por que não o ar? Folha de São Paulo: Opinião – 24/03/02) Texto disponível em: http://www.filologia.org.br/ixcnlf/10/13.htm Textos e Opiniões Por mais que a maioria pense que a função do jornalista é ser imparcial ao relatar fatos, isto não é verdade. Todo texto tem opinião, a qual pode ser explícita ou estar nas entrelinhas, tudo depende de como o autor quer ser visto. O texto abaixo deixa clara a opinião da Rosely Sayão, psicóloga que escreve para o caderno Equilíbrio, da Folha de São Paulo: os meios de comunicação, muitas vezes, atrapalham a reunião familiar na hora das refeições. Os meios de comunicação, devidamente apoiados por informações científicas, dizem que alimentação é uma questão de saúde. Programas de TV ensinam a comer bem para manter o corpo magro e saudável, livros oferecem cardápios de populações com alto índice de longevidade, alimentos ganham adjetivos como "funcionais". Temos dietas para cardíacos, para hipertensos, para gestantes, para idosos. Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se encontrar, trocar ideias, saber uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente sobre as refeições, 69% dos entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam. Uma criança de nove anos disse uma coisa interessante: para ela, o horário do recreio deveria ser maior porque tomar o lanche demora e, com isso, há menos tempo para brincar. Aí está: lanchar com os colegas não tem, para essa e muitas outras crianças, o caráter de prazer; parece ter uma ligação mais estreita com outras obrigações escolares. Aliás, tenho observado a dificuldade que muitas crianças têm de falar com adultos e pares olhando para seu interlocutor. Elas falam e olham para o lado, para baixo e até para além da pessoa com quem conversam, mas o olho no olho parece ser desagradável, difícil para elas. Talvez seja porque estão acostumadas a olhar para a TV ou para o jogo enquanto conversam com os pais. O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com regularidade e de modo informal. E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus afetos pelos filhos de modo mais natural, além de construir o ambiente acolhedor que permite aos mais novos perceber com clareza que aquele é seu grupo de referência e de pertencimento. Numa época em que os rituais estão em desuso, as refeições em família são um excelente momento para transmitir tradições familiares aos filhos: quais alimentos aquela família prefere e quais são os seus modos usuais de preparação, como se comporta à mesa, quais assuntos costuma abordar durante a refeição, o tom de voz usado, como os membros se tratam. Tudo isso é apreendido pelos mais novos, que podem encontrar seu modelo de identificação familiar e ter contato com o conhecimento construído pelas gerações anteriores da família. O horário das refeições também pode servir para que contradições, diferenças e conflitos entre pais e filhos surjam de modo polido, para que os filhos saibam mais sobre a rotina profissional dos pais e para que estes ouçam sobre a vida escolar e social dos filhos sem cobranças [...]. ( Domingo, 26 de abril de 2009) Texto disponível em: http://raiai.com.br/carro-popular-duvida-naescolha-leia-a-opiniao-de-quem-usa/ Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental sem água. Então, a solução melhor é fazer campanhas educativas que ajudem a conscientizar a população, mostrando a todos que a água é um recurso que pode se esgotar com o mau uso. 7 Sugestões O professor poderá realizar essa atividade de identificação de marcas pessoais em grupos. Para tanto, o professor deverá disponibilizar cartolinas, canetas hidrocores e fitas crepe para que os estudantes elaborem o seu esquema de identificação. Posteriormente, os alunos deverão apresentar um novo esquema apresentando os fatos ou argumentos que comprovam as opiniões retiradas dos textos. Eles poderão fazer um quadro com as informações obtidas. 2. Enumere fatos ou argumentos que comprovem cada uma das opiniões seguintes. Opinião: O fumo é prejudicial à saúde. Fatos/Argumentos Opinião: A televisão domina a vida do homem moderno. Fatos/Argumentos: 3. Identifique as marcas de opinião no texto abaixo: Os cães de gravata Ação de Fortalecimento da Aprendizagem Diogo Mainardi 8 Cada um escolhe seu próprio inimigo. O meu morreu no mês passado, aos 95 anos. Era Joseph Barbera, um dos fundadores dos estúdios Hanna-Barbera. No começo de janeiro, morreu também um de seus principais colaboradores, Iwao Takamoto, criador do Scooby-Doo. Estou com sorte. Livrei-me de dois inimigos em menos de um mês. Atribuo grande parte do meu fracasso pessoal aos desenhos animados de Hanna-Barbera. O fato de ter assistido a todos os episódios dos Herculoides, da Tartaruga Touché e dos Flintstones comprometeu meu futuro. O dano causado por horas e horas de Space Ghost, de Wally Gator e de Jonny Quest foi definitivo. Muitas de minhas falhas intelectuais e de personalidade podem ser imputadas a eles. De nada adiantou ler Montaigne mais tarde. No deserto mental provocado por Frankenstein Júnior, pelos Irmãos Rocha e pela Formiga Atômica, Montaigne simplesmente não frutifica. Até a década de 1960, um episódio de Tom e Jerry ou de Pernalonga era feito com algo entre 25.000 e 40.000 desenhos. Joseph Barbera e seu sócio bolaram um jeito de produzir suas séries com menos de 2.000, abatendo seus custos. A técnica recebeu o nome de "animação limitada". Os personagens permaneciam estáticos. A única parte de seu corpo que se movia era a cabeça, que pulava compulsivamente da direita para a esquerda, ora com a boca fechada, ora com a boca aberta. Para facilitar o corte, todas as figuras tinham o pescoço encoberto por um colarinho ou por uma gravata. Nos desenhos da Hanna-Barbera, sempre há um cachorro de gravata, um super-herói de gravata, um dinossauro de gravata. As paisagens sofreram o mesmo tratamento reducionista. Os personagens dos desenhos de Hanna-Barbera habitam um mundo claustrofobicamente circular. De dois em dois segundos eles passam pela mesma pedra, pelo mesmo veículo espacial, pelo mesmo homenzinho careca e bigodudo de terno azul. A angústia de pertencer a um universo que se repete continuamente só é superada pelo fato de que ninguém se dá conta disso. Maguila, Simbad Júnior e os Brasinhas do Espaço parecem desprovidos de memória. As tramas também se repetem de uma série para a outra. Muda apenas o mote de cada personagem, a sua frase característica, como "Saída pela esquerda", "Shazam!" ou "Oh, querida Clementina", recitada por um mau dublador. Joseph Barbera e Iwao Takamoto empobreceram minha vida. Assim como empobreceram a vida de todos os meus contemporâneos. Há fases em que a humanidade melhora e há fases em que ela piora. Nada representa com tanta clareza o barateamento intelectual do nosso tempo quanto os desenhos animados de Hanna-Barbera. Cada quadro economizado por eles significou para nós uma ideia a menos, um pensamento a menos, uma sinapse a menos. Os pioneiros de Hanna-Barbera acabam de morrer, mas nossa época está irremediavelmente perdida. O único consolo é que esquecemos a miséria em que vivemos de dois em dois segundos. 4. Enumere fatos ou argumentos que comprovem cada uma das opiniões seguintes. Opinião: Atribuo grande parte do meu fracasso pessoal aos desenhos animados de HannaBarbera. Fatos/Argumentos Opinião: Joseph Barbera e Iwao Takamoto empobreceram minha vida. Fatos/Argumentos IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO DESCRITORES: 12 Para o desenvolvimento dessas competências, tanto o texto escrito quanto as imagens que o acompanham são importantes, na medida em que propiciam ao leitor relacionar informações e se engajar em diferentes atividades de construção de significados. D12 – Identificar o gênero do texto Gêneros textuais são os textos encontrados no nosso cotidiano e apresentam características sociocomunicativas (carta pessoal ou comercial, diários, agendas, e-mail, lista de compras, cardápio, ofício, entrevista, bula de remédio, manual de instruções, receita de bolos, poema, notícia, artigo de opinião, entre outros). O trabalho com os gêneros, conforme Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), “possibilita a produção de um projeto didático-metodológico de ensino que considera os obstáculos típicos da aprendizagem e as novas etapas pelas quais os alunos possam passar, o que fornecerá aos professores orientações de como e o que trabalhar de acordo com restrições, níveis e situações concretas de ensino.” (BACCIN: 2008, p. 4) Um trabalho com a língua pautado em um gênero textual deve considerar três aspectos: os conhecimentos existentes sobre gêneros textuais, as capacidades observadas dos aprendizes e os objetivos de ensino que se pretende atingir. Aprende-se com Marcuschi que os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social, portanto, são entidades sociodiscursivas e formas de ação social em qualquer situação comunicativa. Falar na natureza históricocultural dos gêneros pressupõe a admissão de que eles são eventos textuais altamente maleáveis e dinâmicos. Ou seja, como eventos são fenômenos que se consubstanciam nas diversas situações de interlocução a que se prestam. Sendo entidades maleáveis e dinâmicas, não são fixos; eles mudam, assumindo novas características, às vezes, até outras funções e, muitas vezes, até se extinguindo. Ressalte-se inclusive que os gêneros textuais caracterizam-se muito mais por suas funções Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Este tópico requer dos alunos duas competências básicas, a saber: a interpretação de textos que conjugam duas linguagens – a verbal e a não verbal – e o reconhecimento da finalidade do texto por meio da identificação dos diferentes gêneros textuais. 9 comunicativas; cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais. Assim, as finalidades a que servem, as operações mentais que demandam e ensejam, bem como seu papel nas instituições em que circulam são dimensões sobremaneira importantes na identificação deles. A percepção da importância de tais aspectos na caracterização de um gênero deve ser atingida por todo aquele que desejar ser bem-sucedido na apreensão, identificação e emprego desses eventos textuais. É para a percepção desses aspectos que o professor deverá orientar o aluno se quer que este seja capaz de identificar com eficácia o gênero. Propostas de atividades Levantamento dos aspectos linguísticos e contextuais que definem o gênero dos textos Podemos aprofundar o conhecimento sobre os gêneros textuais, analisando alguns exemplares da linguagem que fazem parte do nosso dia a dia. O roteiro abaixo pode facilitar a compreensão dos aspectos relevantes para definição dos gêneros textuais. Ação de Fortalecimento da Aprendizagem a) Vocabulário Cada gênero tem um vocabulário mais ou menos específico ou um campo semântico próprio. Observe nos textos se o vocabulário chama a atenção por algum motivo. 10 b) Ortografia Como é a ortografia do texto? De acordo com o padrão ou contém “erros”? c) Estrutura da oração Observe a extensão das frases dos textos analisados. Há textos de frases mais curtas e outros de frases mais longas. Por quê? A extensão das frases é indiferente para o significado do texto ou ela modifica de algum modo a compreensão? d) Concordância Assinale se houver formas que se consideram inadequadas de concordância verbal e nominal. e) Aspecto gráfico Observe a divisão em parágrafos, a disposição das linhas, o emprego de palavras em itálico, em negrito, em caixa alta, sublinhada, com iniciais maiúsculas. O aspecto gráfico tem alguma função? f) Origem e data Não deixe de perceber o lugar no qual o texto foi publicado. Ou seja, fique atento à referência bibliográfica, fonte do texto. Observe também a data de publicação. g) Intenção Com que intenção o texto foi escrito? É um texto bem-sucedido, isto é, a intenção corresponde ao resultado? h) Polissemia O texto contém duplo sentido ou ambiguidade? O texto tem significados diferentes para o leitor a ou b, ou até para o mesmo leitor, em situações diversas? Por quê? Isso é positivo ou negativo? i) Metalinguagem O texto apresenta referência à própria linguagem? O texto reflete sobre o seu processo de produção? j) Intertextualidade O texto faz referência a outros textos? Essa referência é determinante para a sua compreensão? l) Conhecimento de mundo Para compreender o texto, é necessário acessar informações que circulam no contexto atual, mas não estão explícitas no texto? m) Considerando tudo que você analisou, em quais gêneros você classificaria os textos? Justifique a sua resposta. Para Amy, com carinho, do seu irmão Alex Mostra em Londres traz em fotos, cartas, roupas a intimidade de Amy Winehouse, que morreu há dois anos Há dois anos, no dia 23 de julho, aos 27 anos, morria a cantora Amy Winehouse, oficialmente por overdose alcoólica. Em 2013, quando a cantora completaria 30 anos de idade - em 14 de setembro - uma grande mostra foi aberta, em Londres, para homenageá-la. Localizada no Museu Judaico, em Camden Town, o bairro que virou sinônimo de Amy Winehouse, a exibição traz peças da intimidade da cantora, algumas reveladoras, que ajudarão os fãs a compreender mais da mente por trás da voz e da música, além de sua grande forte personalidade. Organizada pelo irmão, Alex Winehouse e sua mulher, Riva, a exposição Amy Winehouse: Um Retrato de Família tem como objetivo maior mostrar que a cantora era normal. “Eu e minha esposa entramos em contato com o museu judaico no início do ano para sediar uma exibição dedicada a Amy. Nós sentimos que essa seria uma maneira de mostrar a ela que sentimos sua falta, em contraste com a representação muitas vezes negativa feita pela mídia”, disse Alex. “Não é um memorial ou um santuário a alguém que morreu, é um retrato de uma menina judia com grande talento. Eu não espero tirar nenhuma recompensa dessa mostra, mas quero que os visitantes entendam o que é ser parte da nossa família”, completa ele. tos e anotações de Amy desde a época de escola, que ajudam a compreender a pessoa por trás da personalidade explosiva. Em uma redação da escola de teatro que frequentava, Amy escrevia: “Por toda minha vida eu tive de ser barulhenta ao ponto de ser mandada calar a boca. Você tem de gritar para ser ouvida na minha família”. Em outro trecho, por volta dos 14 anos, ela observou: “É uma ambição antiga. Quero que as pessoas ouçam a minha voz e esqueçam de seus problemas por cinco minutos”. Há uma explicação carinhosa feita por Alex para cada peça exposta na mostra, que vai até o dia 15 de setembro. Publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 26 de agosto de 2013. Texto 2 Hora de reler Camus Affonso Romano de Sant'Anna Pena que não guardei aquele trabalho de estágio sobre A peste, de Albert Camus! Não que fosse algo a ser salvo, mas poderia voltar aos tempos em que a Faculdade de Filosofia funcionava nos três últimos andares do Edifício Acaiaca. Veria as anotações do monsieur Sonal e meu esforço para apreender o pensamento do escritor. Camus havia morrido uns dois anos antes, em 1960, num desastre de carro. Encontram no seu bolso um bilhete de trem para Paris. Misteriosamente, ele decidiu, no último momento, viajar de carro com seu editor, Michel Gallimard. Ambos morreram ali, em Villabrevin, quando o pneu estourou e foram jogados contra uma árvore. Em entrevista ao jornal britânico Observer, recentemente, Alex admitiu que a real causa da morte da irmã foi bulimia. “Ela teria morrido de qualquer maneira, mas o que a matou de verdade foi a bulimia; a deixou fraca muito fraca”, revelou. Agora celebra-se o centenário de Albert Camus. Não apenas volto às aulas de francês, e, lembrando-me de Consuelo, Melânia, Ruth, Marcos, Heloísa e Ana Maria, vou me indagando: où sont les neiges d'antam? Regressando ao passado (que não passa e sempre me trespassa), vejo-me, de repente, diante da sepultura de Camus, em Lourmarin. A nova exibição traz fotos (muitas da época de colégio), cartas, CDs, livros, roupas, sapa- Deu-se que em 1981 fui residir em Aix-en- Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Texto 1 11 Provence para lecionar literatura brasileira. Num fim de semana, saí com a família vadiando de carro pelas estradas da Provence. Foi um momento de perfeição, como só se vê em filmes americanos. E passamos por Fontainede-Vaucluse, onde viveu Petrarca. (Não é todo dia que alguém que cresceu em Juiz de Fora pode andar onde andou Petrarca. Há que parar e beijar o chão. Coisas maravilhosas e imprevistas têm acontecido na minha vida. Num poema, até anotei que dormi no mesmo castelo de Gargonza onde Dante se abrigou, fugindo dos gibelinos.) O carro ia serenamente por aquelas estradas, quando, na região de Luberon, vi o aviso de que era por ali o castelo onde viveu o Marquês de Sade. Claro que fomos ao castelo. Mas uma coisa chamou a minha atenção de antigo aluno de letras neolatinas: em algum lugar, vi um sinal de que em Lourmarin estava a sepultura de Albert Camus. Ação de Fortalecimento da Aprendizagem Não se pode evitar a morte, mas podem-se visitar alguns sepulcros enquanto é tempo. Então, tomei a direção de cemitério de Lourmarin. Esperava encontrar uma sepultura portentosa, afinal Camus havia ganhado o Prêmio Nobel e dividia com Sartre as honras de ser um filósofo imprescindível. Seu ensaio O mito de Sísifo, sobre o absurdo que tem que ser combatido com o próprio absurdo, é leitura sempre recomendável. 12 Pois chego lá e encontro uma sepultura pobrinha, largada, quase miserável. Devo ter alguma fotografia desse não evento. Até as filhas ficaram decepcionadas. Mas dei por cumprida minha missão. Agora é centenário de Albert Camus. A imprensa brasileira ainda não descobriu isso, mas na França as comemorações já começaram. O ex-presidente Sarkosy tentou até levar os restos de Camus para o Pantheon, em Paris. (Na França, literatura é uma religião, e os escritores são santos.) Mas a tumba de Camus continua lá na cidade que ele escolheu para viver. Se ele contemplou aquela natureza repousante apenas por dois anos, ali, em Lourmarin, fizeram uma exposição comemorativa que contrasta com a pobreza de sua sepultura. Edições de luxo de suas obras, os livros que dedicou aos colegas escritores, sua vida rediviva. Camus viveu as turbulências de seu século: foi comunista e anticomunista, nasceu na Argélia, mas defendeu a política do governo francês, viveu a ocupação alemã da França e era pacifista. Casou-se duas vezes e achava o casamento antinatural. Ator de teatro, jogador de futebol, tinha aquela pose de Humphrey Bogart. Façam o seguinte: leiam A peste, estória da cidade vítima de uma enfermidade devastadora, e vejam o que seus habitantes faziam para enfrentar essa calamidade. Nem sempre a “peste” é tão visível. Cada época tem a “peste” que merece. Publicado no jornal Estado de Minas em 25 de agosto de 2013 Texto 3 A emenda do soneto Antero Grego Emerson Sheik virou o personagem da semana. Começou de forma curiosa, com brincadeira atrevida e aparentemente contestatória. Terminou mal, com atitude de preconceito tão acentuada quanto a daqueles que o criticaram por ter publicado em rede social foto em que dá beijinho num amigo. No meio tempo, se descontrolou no jogo com o Luverdense e foi expulso depois de ficar poucos minutos em campo. Dias agitados e que talvez marquem forte a carreira dele. A história do selinho abriu espaço para todo tipo de reação - sobretudo as de tom pejorativo. Nenhuma surpresa. Difícil imaginar prevalência de serenidade em temas tabus em nossa sociedade, por exemplo, manifestações carinhosas entre homens despertam urticária em machões sensíveis. Emerson bateu pé em torno das convicções dele, e nem precisava disso. Quem confia em si, não deve explicar-se a todo instante, ainda mais para cobranças ignorantes. Ainda assim, num meio preponderantemente conservador como é o do futebol, se viu obrigado a reafirmar a heterossexualidade. As declarações reiteradas de que a bitoquinha era uma provocação, e servia para medir o grau de maturidade e tolerância das pessoas, foram insuficientes. Uma comissão de notáveis da principal facção organizada do clube teve passagem livre para uma conversa particular com o debochado atacante. Após encontro com a embaixada diplomática, que tem extraordinário poder de convencimento com base em palavras e métodos sábios o site da entidade publicou desculpas peremptórias de Emerson a toda a nação alvinegra, com ênfase num detalhe. "Foi só uma brincadeira com um grande amigo meu. Até porque não sou são-paulino." Estragou tudo. Se forem fidedignas as palavras reproduzidas pelos redatores da página oficial na internet, Emerson pisou na bola - e feio. Se antes tivera gesto destemido, agora se acovardou. Se no princípio ergueu bandeira contra preconceito, no final desfraldou enorme pavilhão da intolerância. O medo é sentimento humano - o da morte nos persegue desde o nascimento e justifica muitas de nossas crises na vida. Compreensível, portanto, que Emerson sinta receio de represálias, e nunca se sabe onde podem chegar os boçais. O pedido de desculpas bastaria para satisfazer os infelizes. Não precisava do adendo (e imagino que seja verdade o que disse, pois não desmentiu). Assim o episódio que largou como um brado na luta contra um preconceito fechou como reforço para pensamento retrógrado. Bola fora e fez lembrar expressão antiga de quem criticava a xaropada de sonetos ruins, que ficavam piores com supostos ajustes. Publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 25 de agosto de 2013. Onde está amarildo? Fonte: http://latuffcartoons.wordpress.com/tag/charge/. Acesso em 26 de agosto de 2013. Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Texto 4 13 Texto 5 Fonte: http://www.clubedamafalda.blogspot.com.br/. Acesso em 26 de agosto de 2013. Texto 6 Micro Sistem Hi Fi Philips Com entrada USB e conexão Mp3 Curta músicas com um som excelente Com USB Direct Curta o som fantástico do Micro Sistem Hi Fi Philips MCM 166, verdadeiramente compacto e moderno. Ouça suas músicas favoritas otimizadas pelo Reforço dinâmico de graves em CDs de Mp3 ou via USB Direct. Texto 7 Já sei bombardear Os belicistas Ação de Fortalecimento da Aprendizagem (W. Bush, Collin Powell) 14 Já sei bombardear, Já sei armar o míssil agora só me falta atirar Já sei invadir Já sei peitar a ONU agora só me falta explodir Não tenho paciência pra negociação Eu tenho é mania de perseguição Não ouço ninguém, acuso todo mundo O Bin Laden e o Hussein Não livro ninguém, exploro todo mundo E acho que o mundo é meu também Já sei derrubar Já sei jogar a bomba na tua base militar Eu sou o juiz, e não tô nem aí pra tantas vidas de civis Peguei experiência com o Afeganistão Se antes eu falhei, agora num erro não. Não ouço ninguém, até o Collin Powell tá igual a mim também Não livro ninguém, primeiro o petróleo depois Amazônia também Eu tô querendo, Saddam Hussein Eu tô querendo, tudo o que tiver Tô te querendo, não tem pra ninguém Tô te querendo, petróleo do Hussein... Texto 8 Sistema operacional que estais na memória, Compilado seja o vosso programa, Venham à tela os vossos comandos, Seja executada a nossa rotina, Assim na memória como na impressora. Acerto nosso de cada dia, rodai hoje Informai os nossos erros, Assim como nós informamos o que está corrigido. Não nos deixei cair em looping, Mas livrai nos do Dump, Amém. Texto 9 “Quando viu que Adama e Evo tinham comido a expressamente proibida maçã da árvore da Ciência do Bem e do Mal, foi assim que o Senhor falou: “Pois de agora em diante ireis ganhar o pão com o suor do vosso rosto e tereis de sair aí da zona sul e ir morar a leste do Éden, sem parques floridos, nem reservas florestais, sem cascatas no pátio, nem borboletas no closet. E vossa habitação será limitada ao uso que, fareis dela, praticamente senzala de vossos corpos. Mas esse não é o castigo. O castigo é que vossos corpos se reproduzirão automaticamente, ao menor contato, tereis filhos, esses filhos botarão os pés cheios de lama no sofá de vinil, comprado em dez prestações, rasgarão as cortinas, riscarão as paredes como aprenderam a fazer na escola permissiva, quebrarão as vidraças ensaiando futuros protestos estudantis, entupirão os ralos da pias, berrarão dia e noite azucrinando a vossa paciência, e nunca puxarão a descarga depois de fazerem cocô na privada.” Millôr Fernandes - Isto É 10/05/89 Propostas de atividades Grupo 1 Produzir uma notícia sobre o caso Amarildo Grupo 2 Uma paródia a partir do caso abordado no texto “A Emenda do Soneto” Grupo 3 Produzir uma carta posicionando-se sobre o fato abordado no texto “A Emenda do Soneto” Grupo 4 Produzir um texto poético baseado na tira de Mafalda Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Texto 10 15 RECONHECER SEMELHANÇAS E/OU DIFERENÇAS DE IDEIAS E OPINIÕES NA COMPARAÇÃO ENTRE TEXTOS QUE TRATEM DA MESMA TEMÁTICA DESCRITORES: 14 Este tópico requer que o aluno assuma uma atitude crítica e reflexiva ao reconhecer as diferentes ideias apresentadas sobre o mesmo tema em um único texto ou em textos diferentes. O tema se traduz em proposições que se cruzam no interior dos textos lidos ou naquelas encontradas em textos diferentes, mas que apresentam a mesma ideia, assim, o aluno pode ter maior compreensão das intenções de quem escreve, sendo capaz de identificar posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou tema. As atividades que envolvem a relação entre textos são essenciais para que o aluno construa a habilidade de analisar o modo de tratamento do tema dado pelo autor e as condições de produção, recepção e circulação dos textos. Essas atividades podem envolver a comparação de textos de diversos gêneros, como os produzidos pelos alunos, os textos extraídos da Internet, de jornais, revistas, livros e textos publicitários, entre outros. Ação de Fortalecimento da Aprendizagem D14 – Reconhecer semelhanças e/ou diferenças de ideias e opiniões na comparação entre textos que tratem da mesma temática 16 Comparar é uma prática constante na vida dos indivíduos: comparam-se pessoas, ideias, situações, escolhas, épocas, estilos, abordagens: enfim, tudo aquilo que possa ser percebido em contraste em relação a um outro e possa servir como objeto de escolha ou de conhecimento. Comparamos para valorar, para decidir, para poder analisar, para perceber diferenças, encontrar semelhanças e tirarmos vantagem daquilo que nos parece melhor. Também comparamos textos, com o objetivo de captar-lhes a essência, melhor percebermos as suas características e observarmos melhor sua finalidade e ponto de vista. Ao efetuarmos uma comparação eficiente de diferentes textos, podemos perceber não só a diversidade estilística que os permeia, mas também a multiplicidade de pontos de vista que podem existir no tocante aos variados temas que formam a vida cotidiana. Comparar é uma ação que possibilita tanto um movimento de esclarecimento, pois o contraste acaba sendo revelador da existência de ideias e estilos variados sobre fatos, concepções e pessoas quanto um evento que permite a formação de um terceiro posicionamento. Pois a análise de pontos vista distintos enseja a construção de um viés pessoal sobre aquilo que se investigou por meio de comparação. A habilidade que pode ser avaliada aqui se refere ao reconhecimento pelo aluno de opiniões diferentes sobre um mesmo fato ou tema. A construção desse conhecimento é um dos principais balizadores de um dos objetivos do ensino da língua portuguesa (Brasil, 1998 p. 33), qual seja o de capacitar o aluno a analisar criticamente os diferentes discursos, inclusive o próprio, desenvolvendo a capacidade de avaliação dos textos: contrapondo sua interpretação da realidade a diferentes opiniões; inferindo as possíveis intenções do autor marcadas no texto; identificando referências intertextuais presentes no texto; percebendo os processos de convencimento utilizados para atuar sobre o interlocutor/leitor; identificando e repensando juízos de valor tanto socioideológicos (preconceituosos ou não) quanto histórico-culturais (inclusive estéticos) associados à linguagem e à língua; e reafirmando sua identidade pessoal e social. O desenvolvimento dessa habilidade ajuda o aluno a perceber-se como um ser autônomo, dotado da capacidade de se posicionar e transformar a realidade. subjetividade no trato da informação. 2. Em relação aos textos abaixo: Aqui, solicita-se ao aluno que ele observe que há diferentes opiniões sobre um mesmo fato, ou tema. Essa habilidade é avaliada por meio do reconhecimento de opiniões diferenciadas sobre um tema, acontecimento ou pessoa, em um mesmo texto ou em textos diferentes. Propostas de atividades 1. Leia atentamente os textos abaixo: Texto 1 Massa diz que realizou um sonho ao ser pole em Interlagos Quinto brasileiro a conquistar uma pole no GP do Brasil de Fórmula 1 – repetindo Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna e Rubens Barrichelo -, Felipe Massa afirmou neste sábado que realizou um sonho em sua carreira ao garantir a primeira posição do grid de largada da corrida em Interlagos e ouvir o seu nome ser gritado pelo público que lotou o autódromo. (Milton Pazzi Jr. Em www.estadao.com.br – acessado em 21 out, 2006.) Felipe Massa crava a pole position do Grande Prêmio do Brasil O brasileiro Felipe Massa confirmou o favoritismo e conquistou a pole position do Grande Prêmio do Brasil, última etapa da temporada 2006 da Fórmula 1. Forte desde os treinos livres da sexta-feira, ele assumiu a primeira posição com o tempo de 1min10s842. (http://esporte.uol.com.br – acessado em 21 out.2006.) Os dois textos referem-se ao mesmo tema: à primeira posição na largada do Grande Prêmio de Fórmula 1 do Brasil, conquistada por Felipe Massa, jovem piloto brasileiro. Caracterize, em cada texto, as marcas de objetividade e de Qual a intenção do autor? A quem é dirigido o assunto? Qual a finalidade dos assuntos apresentados? Que conhecimentos prévios o aluno precisa ter Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Texto 2 17 para compartilhar os assuntos apresentados? Qual a influência desses textos no cotidiano? Como os pontos de vista estão evidenciados nos textos? 3. Leia os textos para responder a questão abaixo: Texto I Você é a favor de clones humanos? “Sou contra. Engana-se quem pensa que o clone seria uma cópia perfeita de um ser humano. Ele teria a aparência, mas não a mesma personalidade. Já pensou um clone do Bon Jovi que detestasse música e se tornasse matemático, passando horas e horas falando sobre Hipotenusa, raiz quadrada e subtração? Ou o clone do Brad Pitt se tornando padre? Ou o do Tom Cavalcante se tornando um executivo sério e o do Maguila estudando balé? Estranho, não? Mas esses clones não seriam eles, e, sim, a sua imagem em forma de outra pessoa. No mundo, ninguém é igual. Prova disso são os gêmeos idênticos, tão parecidos e com gostos tão diferentes. Ação de Fortalecimento da Aprendizagem Os clones seriam como as fitas piratas: não teriam o mesmo valor original. Se eu fosse um clone, me sentiria muito mal cada vez que alguém falasse: 'olha lá o clone da fulana'. No fundo, no fundo, eu não passaria de uma cópia”. 18 Alexandra F. Rosa, 16 anos, Francisco Morato, SP.(Revista Atrevida nº 34) Texto II Você é a favor de clones humanos? 1 “Sou a favor! O mundo tem de aprender a lidar com a realidade e as inovações que acontecem. Ou seja, precisa se sofisticar e encontrar caminhos para seus problemas. Assistimos à televisão, lemos jornais e vemos que existem muitas pessoas que, para sobreviver, precisam de doadores de órgãos. Presenciamos atualmente aqui no Brasil e também em outros países a tristeza que é a falta de doadores. A clonagem seria um meio de resolver esse problema! Já pensou quantas pessoas seriam salvas por esse meio? Não há dúvida de que existem muitas questões a serem respondidas e muitos riscos a serem corridos, mas o melhor que temos a fazer é nos prepararmos para tudo o que der e vier, aprendendo a lidar com os avanços científicos que atualmente se realizam. Acredito que não gostaríamos de parar no tempo. Pelo contrário, temos de avançar!” Fabiana C.F. Aguiar, 16 anos, São Paulo, SP. (Revista Atrevida nº 34) Os dois textos referem-se ao mesmo tema: clonagem humana. Caracterize, em cada texto, as estratégias persuasivas utilizadas na defesa do ponto de vista. 4. Leia o texto abaixo: Pressa. Ansiedade. E a sensação de que nunca é possível fazer tudo – além da certeza de que sua vida está passando rápido demais. Essas são as principais consequências de vivermos num mundo em que para tudo vale a regra do “quanto mais rápido, melhor”. Psiquiatras já discutem a existência de um distúrbio conhecido como “doença da pressa”, cujos sintomas seriam a alta ansiedade, dificuldade para relaxar e, em casos mais graves, problemas de saúde e de relacionamento. “Para nós, ocidentais, o tempo é linear e nunca volta. Por isso queremos ter a sensação de que estamos tirando o máximo dele. E a única solução que encontramos é acelerá-lo”, afirma Carl Honoré. “É um equívoco. A resposta desse dilema é qualidade, não quantidade.” Para especialistas como James Gleick, Carl está lutando uma batalha invencível. “A aceleração é uma escolha que fizemos. Somos como crianças descendo uma ladeira de skate. Gostamos da brincadeira, queremos mais velocidade”, diz. O problema é que nem tudo ao nosso redor consegue atender à demanda. Os carros podem estar mais rápidos, mas as viagens demoram cada vez mais por culpa dos congestionamentos. Semáforos vermelhos continuam testando nossa paciência, obrigando-nos a frear a cada quarteirão. Mais sorte têm os pedestres, que podem apertar o botão que aciona o sinal verde – uma ótima opção para despejar a ansiedade, mas com efeito muitas vezes nulo. Em Nova York, esses sistemas estão desligados desde a década de 1980. Mesmo assim, milhares de pessoas o utilizam diariamente na esperança de reduzir seu minuto de espera. disse que apertá-la, duas, quatro, dez vezes vai melhorar a eficiência? “É um placebo, sem outra função que distrair os passageiros para quem dez segundos parecem uma eternidade”, escreve Gleick. Elevadores, aliás, são ícones da pressa em tempos velozes. Os primeiros modelos se moviam a vinte centímetros por segundo. Hoje, o mais veloz sobe doze metros por segundo. E, mesmo acelerando, estão entre os maiores focos de impaciência. Engenheiros são obrigados a desenvolver sistemas para conter nossa irritação, como luzes ou alarmes que antecipam a chegada do elevador e cuja única função é aplacar a ansiedade da espera. Até onde isso vai? É um exemplo do que especialistas chamam de “botões de aceleração”. Na teoria, deixam as coisas mais rápidas. Na prática, servem para ser apertados e só. Confesse: que raios fazemos com os dois segundos, no máximo, que economizamos ao acionar aquelas teclas que fecham a porta do elevador? E quem O texto apresenta palavras de dois especialistas Carl Honoré e James Gleick como defensores de opiniões diferentes em relação à aceleração do tempo. Explicite, sem transcrever partes do texto, a opinião de cada um deles acerca desse tema. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO O Tópico IV trata dos elementos que constituem a textualidade, ou seja, aqueles elementos que constroem a articulação entre as diversas partes de um texto: a coerência e a coesão. Considerando que a coerência é a lógica entre as ideias expostas no texto, para que exista coerência é necessário que a ideia apresentada se relacione ao todo textual dentro de uma sequência e progressão de ideias. Para que as ideias estejam bem relacionadas, também é preciso que estejam bem interligadas, bem “unidas” por meio de conectivos adequados, ou seja, com vocábulos que têm a finalidade de ligar palavras, locuções, orações e períodos. Dessa forma, as peças que interligam o texto, como pronomes, conjunções e preposições, promovendo o sentido entre as ideias são chamadas coesão textual. Enfatizamos, nesta série, apenas os pronomes como elementos coesivos. Assim, definiríamos coesão como a organização entre os elementos que articulam as ideias de um texto. As habilidades a serem desenvolvidas pelos descritores que compõem este tópico exigem que o leitor compreenda o texto não como um simples agrupamento de frases justapostas, mas como um conjunto harmonioso em que há laços, interligações, relações entre suas partes. A compreensão e a atribuição de sentidos relativos a um texto dependem da adequada interpretação de seus componentes. De acordo com o gênero textual, o leitor tem uma apreensão geral do assunto do texto. Em relação aos textos narrativos, o leitor Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental DESCRITORES: 17 e 19 19 necessita identificar os elementos que compõem o texto – narrador, ponto de vista, personagens, enredo, tempo, espaço – e quais são as relações entre eles na construção da narrativa. busca de uma concatenação perfeita entre as partes do texto, as quais são marcadas pelas conjunções, advérbios, etc., formando uma unidade de sentido. A compreensão e a atribuição de sentidos relativos a um texto dependem da adequada interpretação de seus componentes, ou da coerência pela qual o texto é marcado. De acordo com o gênero textual, o leitor tem uma apreensão geral do tema, do assunto do texto e da sua tese. Essa apreensão leva a uma percepção da hierarquia entre as ideias: qual é a ideia principal? Quais são as ideias secundárias? Quais são os argumentos que reforçam uma tese? Quais são os exemplos confirmatórios? Qual a conclusão? Em relação aos textos narrativos, pode ser requerido do aluno que ele identifique os elementos componentes – narrador, ponto de vista, personagens, enredo, tempo, espaço – e quais são as relações entre eles na construção da narrativa. Essa habilidade é avaliada por meio de um texto a partir do qual é solicitada ao aluno a percepção de uma determinada relação lógicodiscursiva, enfatizada, muitas vezes, pelas expressões de tempo, de lugar, de comparação, de oposição, de causalidade, de anterioridade, de posteridade, entre outros e, quando necessário, a identificação dos elementos que explicam essa relação. Ação de Fortalecimento da Aprendizagem D17 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc. 20 Conjunções e advérbios, categorias morfológicas invariáveis, realizam papéis importantes no processo de construção textual, promovendo as relações de coesão e coerência e dando ao texto articulação (caso das conjunções) e precisão (caso dos advérbios). É importante ter clareza também de que certos advérbios podem funcionar como conectores (são, pois, articuladores) e que há conjunções (subordinativas adverbiais) que introduzem orações que funcionam como advérbios. Por isso, são elementos que contribuem para o estabelecimento de uma maior precisão. Além disso, as unidades pertencentes a essas duas categorias linguísticas são portadoras de carga semântica bem definida, o que muito influi na montagem do sentido dos textos. As habilidades que podem ser avaliadas por este descritor, relacionam-se ao reconhecimento das relações de coerência no texto em Propostas de atividades 1. Observe os trechos: O fino suporte de madeira sobre o qual o retrato foi pintado sofreu uma deformação desde que especialistas em conservação examinaram a pintura pela última vez... Seria mais poeta, desde que fosse menos político. Neles, o elemento coesivo “desde que”, mais do que ligar duas orações, estabelece uma relação de sentido entre elas. Indique o valor estabelecido por ele em cada um dos trechos. 2. Em relação ao texto abaixo: 3. Leia o texto abaixo: Acho uma boa ideia abrir as escolas no fim de semana, mas os alunos devem ser supervisionados por alguém responsável pelos jogos ou qualquer opção de lazer que se ofereça no dia. A comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes. Poderiam ser feitas gincanas, festas e até churrascos dentro da escola. (Juliana Araújo e Souza. In Correio Braziliense, 10/02/2003, Gabarito. p. 2.) Identifique a relação estabelecida pela palavra destacada em “A comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes.”. Substitua o vocábulo e por um conectivo, de modo a manter o sentido essencial, fazendo apenas as alterações necessárias. 4. Em relação ao texto abaixo: Do bom uso do relativismo Leonardo Boff Hoje pela multimídia, imagens e gentes do mundo inteiro nos entram pelos telhados, portas e janelas e convivem conosco. É o efeito das redes globalizadas de comunicação. A primeira reação é de perplexidade que pode provocar duas atitudes: ou de interesse para melhor conhecer que implica abertura e dialogo ou de distanciamento que pressupõe fechar o espírito e excluir. De todas as formas, surge uma percepção incontornável: nosso modo de ser não é o único. Há gente que, sem deixar de ser gente, é diferente. Quer dizer, nosso modo de ser, de habitar o mundo, de pensar, de valorar e de comer não é absoluto. Há mil outras formas diferentes de sermos humanos, desde a forma dos esquimós siberianos, passando pelos yanomamis do Brasil até chegarmos aos sofisticados moradores de Alfavilles onde se resguardam as elites opulentas e amedrontadas. O mesmo vale para com as diferenças de cultura, de língua, de religião, de ética e de lazer. Deste fato surge, de imediato, o relativismo em dois sentidos: primeiro, importa relativizar todos os modos de ser; nenhum deles é absoluto a ponto de invalidar os demais; impõe-se também a atitude de respeito e de acolhida da diferença porque, pelo simples fato de estar aí, goza de direito de existir e de coexistir; segundo, o relativo quer expressar o fato de que todos estão de alguma forma relacionados. Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros porque todos são portadores da mesma humanidade. Devemos alargar, pois, a compreensão do humano para além de nossa concretização. Somos uma geossociedade una, múltipla e diferente. Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental A pergunta da personagem Mafalda, no segundo quadrinho, inicia-se com a palavra "então", que estabelece uma relação de sentido com a situação anterior. Identifique a relação de sentido estabelecida e reescreva a pergunta, substituindo o vocábulo "então" por outro conectivo. 21 Ação de Fortalecimento da Aprendizagem Todas estas manifestações humanas são portadoras de valor e de verdade. Mas é um valor e uma verdade relativos, vale dizer, relacionados uns aos outros, autoimplicados, sendo que nenhum deles, tomado em si, é absoluto. 22 dade deveria ser diferente? Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros, porque todos são portadores da mesma humanidade. (l. 16-17) Então não há verdade absoluta? Vale o everything goes de alguns pós-modernos? Quer dizer, o “vale tudo”? Não é o vale tudo. Tudo vale na medida em que mantém relação com os outros, respeitando-os em sua diferença. Cada um é portador de verdade mas ninguém pode ter o monopólio dela. Todos, de alguma forma, participam da verdade. Mas podem crescer para uma verdade mais plena, na medida em que mais e mais se abrem uns aos outros. Identifique a relação de sentido que a oração sublinhada estabelece com a parte do período que a antecede. Reescreva todo o período, substituindo o conectivo e mantendo essa mesma relação de sentido. Bem dizia o poeta espanhol António Machado: ”Não a tua verdade. A verdade. Vem comigo buscá-la. A tua, guarde-a”. Se a buscarmos juntos, no dialogo e na cordialidade, então mais e mais desaparece a minha verdade para dar lugar a Verdade comungada por todos. A tese é uma proposição teórica de intenção persuasiva, apoiada em argumentos contundentes sobre o assunto abordado. A ilusão do Ocidente é de imaginar que a única janela que dá acesso à verdade, à religião verdadeira, à autêntica cultura e ao saber crítico é o seu modo ver e de viver. As demais janelas apenas mostram paisagens distorcidas. Ele se condena a um fundamentalismo visceral que o fez, outrora, organizar massacres ao impor a sua religião e, hoje, guerras para forçar a democracia no Iraque e no Afeganistão. Devemos fazer o bom uso do relativismo, inspirados na culinária. Há uma só culinária, a que prepara os alimentos humanos. Mas ela se concretiza em muitas formas, as várias cozinhas: a mineira, a nordestina, a japonesa, a chinesa, a mexicana e outras. Ninguém pode dizer que só uma é a verdadeira e gostosa e as outras não. Todas são gostosas do seu jeito e todas mostram a extraordinária versatilidade da arte culinária. Por que com a ver- D19 – Identificar a tese de um texto Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade de o aluno reconhecer o ponto de vista ou a ideia central defendida pelo autor. O que dizem as camisetas (Fragmento) Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tem nada escrito. – Que é que ele está anunciando? – indagou o cabo eleitoral, apreensivo. – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido! – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado. – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é um sabotador do processo de abertura democrática. – O voto é secreto. – É secreto, mas a camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume a sua responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e... DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, p. 38-40. 1. O conflito em torno do qual se desenvolveu a narrativa foi o fato de: a) alguém aparecer com uma camiseta sem nenhuma inscrição. b) muitas pessoas não assumirem sua responsabilidade cívica. c) um senhor comentar que o cidadão goza de total liberdade. d) alguém comentar que a camiseta, ao contrário do voto, não é secreta. O mercúrio onipresente (Fragmento) Os venenos ambientais nunca seguem regras. Quando o mundo pensa ter descoberto tudo o que é preciso para controlá-los, eles voltam a atacar. Quando removemos o chumbo da gasolina, ele ressurge nos encanamentos envelhecidos. Quando toxinas e resíduos são enterrados em aterros sanitários, contaminam o lençol freático. Mas ao menos acreditávamos conhecer bem o mercúrio. Apesar de todo o seu poder tóxico, desde que evitássemos determinadas espécies de peixes nas quais o nível de contaminação é particularmente elevado, estaríamos bem. [...]. Mas o mercúrio é famoso pela capacidade de passar despercebido. Uma série de estudos recentes sugere que o metal potencialmente mortífero está em toda parte — e é mais perigoso do que a maioria das pessoas acredita. Jeffrey Kluger. IstoÉ. nº 1927, 27/06/2006, p.114-115. 2. A tese defendida no texto está expressa no trecho: a) as substâncias tóxicas, em aterros, contaminam o lençol freático. b) o chumbo da gasolina ressurge com a ação do tempo. c) o mercúrio apresenta alto teor de periculosidade para a natureza. d) o total controle dos venenos ambientais é impossível. O ouro da biotecnologia Até os bebês sabem que o patrimônio natural do Brasil é imenso. Regiões como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica – ou o que restou dela – são invejadas no mundo todo por sua biodiversidade. Até mesmo ecossistemas como o do cerrado e o da caatinga têm mais riqueza de fauna e flora do que se costuma pensar. A quantidade de água doce, madeira, minérios e outros bens naturais é amplamente citada nas escolas, nos jornais e nas conversas. O problema é que tal exaltação ufanista ("Abençoado por Deus e bonito por natureza”) é diretamente proporcional à desatenção e ao desconhecimento que ainda vigoram sobre essas riquezas. Estamos entrando numa era em que, muito mais do que nos tempos coloniais (quando pau-brasil, ouro, borracha etc. eram levados em estado bruto para a Europa), a exploração comercial da natureza deu um salto de intensidade e refinamento. Essa revolução tem um nome: biotecnologia. Com ela, a Amazônia, por exemplo, deixará em breve de ser uma enorme fonte “potencial" de alimentos, cosméticos, remédios e outros subprodutos: ela o será de fato – e de forma sustentável. Outro exemplo: os créditos de carbono, que terão de ser comprados do Brasil por países que poluem mais do que podem, poderão significar forte entrada de divisas. Com sua pesquisa científica carente, indefinição quanto à legislação e dificuldades nas Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental – Ah, pelo que vejo o amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica. (...). 23 questões de patenteamento, o Brasil não consegue transformar essa riqueza natural em riqueza financeira. Diversos produtos autóctones, como o cupuaçu, já foram registrados por estrangeiros – que nos obrigarão a pagar pelo uso de um bem original daqui, caso queiramos (e saibamos) produzir algo em escala com ele. Além disso, a biopirataria segue crescente. Até mesmo os índios deixam que plantas e animais sejam levados ilegalmente para o exterior, onde provavelmente serão vendidos a peso de ouro. Resumo da questão: ou o Brasil acorda para a nova realidade econômica global, ou continuará perdendo dinheiro como fruta no chão. Daniel Piza. O Estado de S. Paulo. 3. O texto defende a tese de que a) a Amazônia é fonte “potencial” de riquezas. b) as plantas e os animais são levados ilegalmente. c) o Brasil desconhece o valor de seus bens naturais. d) os bens naturais são citados na escola. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO DESCRITORES: 23 Ação de Fortalecimento da Aprendizagem D23 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações 24 Os sinais de pontuação atuam nos textos mais do que meramente indicando pausa ou entoação. Eles podem ter também papel importante na produção de sentido, ou seja, eles atuam como construtores de significação no texto, seja pelo estabelecimento de camadas de significado para além da superfície do texto, seja chamando atenção para os valores que determinada palavra ou expressão assume em uso. Além dos sinais de pontuação, recursos como o negrito, o itálico, o sublinhado, procedimentos como redução, ampliação, espacialização e estilização das letras são geradores de significações que contribuem para os propósitos estilísticos, comunicativos e discursivos de um texto. Assim, identificar as intenções no agenciamento de tais recursos é fundamental à boa compreensão do que se lê. A habilidade que pode ser avaliada por este descritor refere-se à identificação, pelo aluno, dos efeitos provocados pelo emprego de recursos da pontuação ou de outras formas de notação, em contribuição à compreensão textual, não se limitando ao seu aspecto puramente gramatical. Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual é requerido do aluno que ele identifique o sentido provocado por meio da pontuação (travessão, aspas, reticências, interrogação, exclamação, etc.) e/ou notações como, tamanho de letra, parênteses, caixa alta, itálico, negrito, entre outros. Os enunciados dos itens solicitam que os alunos reconheçam o porquê do uso do itálico, por exemplo, em uma determinada palavra no texto, ou indique o sentido de uma exclamação em determinada frase, ou identifique por que usar os parênteses, entre outros. Comentários iniciais Ensinar pontuação é sempre um desafio, porque muitas vezes os alunos decoram os sinais, mas não se preocupam em entender a intencionalidade discursiva que há por trás de cada um. Então, é muito importante que os profissionais que trabalham com a língua portuguesa mostrem não só os aspectos sintáticos que a envolvem, mas também o semântico. A proposta de aula abaixo pretende aliar esses dois aspectos. Todos sabem o gosto que os adolescentes têm por desafios, por isso o objetivo é ensinar sobre Antes de iniciar o desafio, seria interessante que houvesse uma revisão sobre a pontuação. Destaque, principalmente, aqueles sinais de pontuação que em geral os alunos apresentam mais dificuldade, como a vírgula, por exemplo. Além disso, procure revisar a função das aspas no texto, pois é comum restringir seu uso à indicação de citação, mas poucos a associam ao diálogo. O importante é que a revisão seja rápida para dar tempo para os alunos “brincarem” com os exercícios. O objetivo do exercício, como dito anteriormente, é levar o aluno a entender a importância da pontuação para a construção de sentido do texto, e o enunciado a ser utilizado como desafio é: Felipe toma banho e sua mãe diz ele quer o banho frio. 1. Peça que pontuem da forma que acharem melhor, sempre buscando dar sentido à frase. (Separe uns 5 minutos para essa atividade.) 2. É provável que fiquem irritados, dizendo que a frase não faz sentido. Neste momento é interessante começar a facilitar um pouco; para isso, diga-lhes que podem usar duas vezes a vírgula e duas vezes o ponto final. Dê mais um tempinho para que possam praticar. (Aproximadamente 10 minutos.) 3. A essa altura, muitos estarão próximos de decifrar o “enigma” e outros estarão aflitos pela resposta correta. Chegou a hora de dizer-lhes que se trata de um diálogo, portanto, as aspas devem aparecer para marcar a fala das personagens. Indique que as aspas também apareceram duas vezes. (Dê mais uns minutos) 4. Agora consiga a atenção dos alunos para o quadro e responda o “enigma”, que ficará assim. Felipe toma banho e sua.“Mãe”, diz ele, “quero banho frio”. Após a resolução do desafio, enfatize a importância da pontuação para que o texto faça sentido. Se quiser, é possível também ampliar a proposta fazendo uma revisão sobre o vocativo. Efeitos de sentido curiosos derivados do emprego da vírgula Vírgula pode ser uma pausa......ou não. Não, espere. Não espere. Pode ser autoritária. Aceito, obrigado. Aceito obrigado. E vilões... Esse, juiz, é corrupto. Esse juiz é corrupto. A vírgula muda uma opinião. Não queremos saber. Não, queremos saber. Ela pode sumir com seu dinheiro. 23,4. 2,34. Pode criar heróis. Isso só, ele resolve. Isso só ele resolve. Ela pode ser a solução. Vamos perder, nada foi resolvido. Vamos perder nada, foi resolvido. A vírgula pode ser ofensiva. Não quero comprar seu porco. Não quero comprar, seu porco. Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental pontuação usando exercícios desafiadores e que demonstrem, na prática, a importância da pontuação para o sentido do texto. Apresentaremos um exemplo, mas há muitos outros que podem ser utilizados em sala com êxito. 25 Detalhes adicionais Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura. Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER. Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM. Fica evidente, pois, que as possibilidades de manipulação de sentido provenientes do emprego da vírgula, assim como dos demais sinais de pontuação, são bastante vastas, além de permitirem ao professor promover junto aos alunos uma aprendizagem das possibilidades expressivas do idioma tendo, no humor e nas curiosidades linguísticas, elementos sedutores e atrativos, os quais contribuem para tornar a aprendizagem mais fácil, dinâmica e divertida. Explorar essas dimensões, obviamente esteadas em uma sólida formação linguísticodiscursiva, alicerça o caminho do sucesso do professor e do aluno no tocante ao desenvolvimento das capacidades relativas à compreensão e ao emprego da língua. Propostas de atividades O Encontro Ação de Fortalecimento da Aprendizagem (fragmentos) 26 Em redor, o vasto campo. Mergulhado em névoa branda, o verde era pálido e opaco. Contra o céu, erguiam-se os negros penhascos tão retos que pareciam recortados a faca. Espetado na ponta da pedra mais alta, o sol espiava atrás de uma nuvem. "Onde, meu Deus?! - perguntava a mim mesma - Onde vi esta mesma paisagem, numa tarde assim igual? Era a primeira vez que eu pisava naquele lugar. Nas minhas andanças pelas redondezas, jamais fora além do vale. Mas nesse dia, sem nenhum cansaço, transpus a colina e cheguei ao campo. Que calma! E que desolação. Tudo aquilo - disso estava bem certa - era completamente inédito pra mim. Mas por que então o quadro se identificava, em todas as minúcias, a uma imagem semelhante lá nas profundezas da minha memória? Voltei-me para o bosque que se estendia à minha direita. Esse bosque eu também já conhecera com sua folhagem cor de brasa dentro de uma névoa dourada. "Já vi tudo isto, já vi... Mas onde? E quando?" Fui andando em direção aos penhascos. Atravessei o campo. E cheguei à boca do abismo cavado entre as pedras. Um vapor denso subia como um hálito daquela garganta de cujo fundo insondável vinha um remotíssimo som de água corrente. Aquele som eu também conhecia. Fechei os olhos. "Mas se nunca estive aqui! Sonhei, foi isso? Percorri em sonho estes lugares e agora os encontro palpáveis, reais? Por uma dessas extraordinárias coincidências teria eu antecipado aquele passeio enquanto dormia?" Sacudi a cabeça, não, a lembrança - tão antiga quanto viva - escapava da inconsciência de um simples sonho.(...) TELLES, Lygia Fagundes. Oito Contos de Amor. São Paulo: Ática. 1. Na frase "Já vi tudo isso, já vi... Mas onde?" (l. 13-14), o uso das reticências sugere: a) b) c) d) impaciência. impossibilidade. incerteza. irritação. Leia o texto abaixo: Sobre a liberdade [...] Quando falo de liberdade, é a isso que estou me referindo: ao que nos diferencia das térmitas e das marés, de tudo o que se move de modo necessário e inevitável. É certo que não podemos fazer qualquer coisa que queiramos, mas também é certo que não somos obrigados a querer fazer uma única coisa. Aqui convém fazer dois esclarecimentos a respeito da liberdade: Primeiro: Não somos livres para escolher o que nos acontece (termos nascido num determinado dia. de determinados pais, num determinado país, [...] mas livres para responder ao que nos acontece de um ou outro modo (obedecer ou nos rebelar, ser prudentes ou temerários, (...) Segundo: Sermos livres para tentar algo não significa consegui-lo infalivelmente. A liberdade (que consiste em escolher dentro do possível) não é o mesmo que a onipotência (que seria conseguir sempre o que se quer, mesmo parecendo impossível). Por isso, quanto maior for nossa capacidade de ação, melhores resultados poderemos obter de nossa liberdade. [...] Há coisas que dependem da minha vontade (e isso é ser livre), mas nem tudo depende de minha vontade (senão eu seria onipotente), pois no mundo há muitas outras vontades e muitas outras necessidades que não controlo conforme meu gosto. Se eu não conhecer a mim mesmo e ao mundo em que vivo. minha liberdade às vezes irá esbarrar com o necessário. Mas isso é importante - nem por isso deixarei de ser livre... mesmo que me queime. SAVATER. Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Martos Pontes. 1993. p. 28, 29. (P090690EX_SUP) 2. (P090693EX) No trecho "... a respeito da liberdade:" (linha 5), o uso dos dois pontos introduz uma: a) b) c) d) enumeração de questões envolvendo a liberdade. explicação sobre problemas da liberdade. opinião sobre como exercer a liberdade. síntese das vantagens da liberdade. Angeli. Folha de São Paulo, 25/04/1993. 3. No terceiro quadrinho, os pontos de exclamação reforçam uma ideia de: a) b) c) d) comoção. contentamento. desinteresse. surpresa. Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental A imagem abaixo serve de base para a questão de número três. 27 Feias, sujas e imbatíveis (Fragmento) As baratas estão na Terra há mais de 200 milhões de anos, sobrevivem tanto no deserto como nos polos e podem ficar até 30 dias sem comer. Vai encarar? Férias, sol e praia são alguns dos bons motivos para comemorar a chegada do verão e achar que essa é a melhor estação do ano. E realmente seria, se não fosse por um único detalhe: as baratas. Assim como nós, elas também ficam bem animadas com o calor. Aproveitam a aceleração de seus processos bioquímicos para se reproduzirem mais rápido e, claro, para passearem livremente por todos os cômodos de nossas casas. Nessa época do ano, as chances de dar de cara com a visitante indesejada, ao acordar durante a noite para beber água ou ir ao banheiro, são três vezes maiores. Revista Galileu. Rio de Janeiro: Globo, Nº 151, Fev. 2004, p.26. 4. No trecho “Vai encarar?” (l.2), o ponto de interrogação tem o efeito de: Ação de Fortalecimento da Aprendizagem a) apresentar. b) avisar. c) questionar. d) desafiar. 28 5. Observe a charge abaixo e marque a alternativa correta, levando em conta o sentido produzido pelas reticências com os nomes Bush, Powell e Blair. a) b) c) d) a continuidade da paz. um comentário irônico. uma dúvida partilhada a omissão de uma ideia. 6. Leia o texto abaixo: Baianos homenageiam as mães com presentes à flor da pele Tatuagem é uma forma moderna para homenagear as mães. As mães contam que primeiro vem o susto, depois o orgulho. No Dia das Mães, os filhos sempre procuram uma forma mais criativa de homenageá-las. Uns pensam em viagens, outros pensam em joias, porém, outros vão mais além. Eles querem fazer uma homenagem eterna. Marcar na pele é a maneira mais moderna de fazer isso. E hoje em dia não é preciso ser muito radical para manter na pele uma homenagem eterna. O designer Marlon Souza, de 23 anos, resolveu homenagear a mãe no ano de 2009. "A minha ideia era tatuar o nome de minha mãe, mas como eu tinha acabado de ser pai, resolvi fazer uma homenagem dupla. Tatuei o nome de minha mãe e de meu filho", conta. Essa foi a primeira tatuagem do jovem, e a mãe ficou um pouco assustada. "Hoje em dia ela adora a tattoo. Mostra pra todo mundo. Fica toda orgulhosa dizendo que o filho tem o nome dela tatuado". RODRIGUES, Danutta; MACHADO, Ingrid Maria. Disponível em <http://g1.globo.com/bahia/noticia/2011/05/baianoshomenageiam-maes-com-presentes-flor-da-pele.html No trecho "Hoje em dia ela adora a tattoo. [...] Fica toda orgulhosa dizendo que o filho tem o nome dela tatuado" (l. 9-11), o uso das aspas indica: As reticências no caso acima indicam: a) b) c) d) estrangeirismo. fala reportada. gírias. neologismo. 7. Considerando o texto da canção, explique o efeito de sentido provocado pelo emprego da vírgula entre as palavras cabelos e brancos. Respeitem meus cabelos, brancos Chico César Respeitem meus cabelos, brancos Chegou a hora de falar Vamos ser francos Pois quando um preto fala O branco cala ou deixa a sala Com veludo nos tamancos Cabelo veio da África Junto com meus santos Benguelas, zulus, gêges Rebolos, bundos, bantos Batuques, toques, mandingas Danças, tranças, cantos Respeitem meus cabelos, brancos Se eu quero pixaim, deixa Se eu quero enrolar, deixa Se eu quero colorir, deixa Se eu quero assanhar, deixa Deixa, deixa a madeixa balançar No verso “(dizem: tem alma dionisíaca)”, qual o sentido que os dois pontos expressam? 9. Uma vírgula esquecida ou mal usada afeta o sentido da frase. A maldita pode mudar o sentido ou deixar a frase sem sentido. Observe a importância da vírgula no exemplo abaixo: “Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária do diretor e de um coordenador.” Onde a vírgula deve ser colocada para que o sentido do enunciado seja alterado? Explique a alteração de sentido produzida com a utilização da vírgula. 10) Após ler atenciosamente o trecho que segue, explique o sentido pretendido com o emprego da palavra gênio entre aspas. Hoje o Ricardo, aquele “gênio” da computação, conseguiu desformatar o HD do computador da empresa ao abrir uma mensagem com vírus. 8. (Vunesp/Ilha Solteia-SP) Leia o poema de João Cabral de Melo Neto para responder à questão Todo mundo aceita que ao homem cabe pontuar a própria vida: que viva em ponto de exclamação (dizem: tem alma dionisíaca); viva em ponto de interrogação (foi filosofia, ora é poesia); viva equilibrando-se entre vírgulas e sem pontuação (na política): o homem só não aceita do homem que use a só pontuação fatal: que use, na frase que ele vive, o inevitável ponto final. MELO NETO, João Cabral de. Museu de tudo e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 146 Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Questão de pontuação 29 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DESCRITORES: D13 Este tópico refere-se às inúmeras manifestações e possibilidades da fala. No domínio do lar, as pessoas exercem papéis sociais de pai, mãe, filho, avó, tio. Quando observamos um diálogo entre mãe e filho, por exemplo, verificamos características linguísticas que marcam ambos os papéis. As diferenças mais marcantes são intergeracionais (geração mais velha/geração mais nova). O estudo da variação linguística é, também, essencial para a conscientização linguística do aluno, permitindo que ele construa uma postura não preconceituosa em relação a usos linguísticos distintos dos seus. É muito importante mostrarmos ao aluno as razões dos diferentes usos, quando é utilizada a linguagem formal, a informal, a técnica ou as linguagens relacionadas aos falantes, como por exemplo, a linguagem dos adolescentes, das pessoas mais velhas. É necessário transmitirmos ao aluno a noção do valor social que é atribuído a essas variações, sem, no entanto, permitir que ele desvalorize sua realidade ou a de outrem. Essa discussão é fundamental nesse contexto. Ação de Fortalecimento da Aprendizagem D13 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto 30 O problema da variação linguística e de sua abordagem na sala de aula está intimamente ligado à concepção de língua esposada consciente ou inconscientemente pelo professor no ensino do idioma. Sendo este um indivíduo responsável pela formação de sujeitos plenos em direitos e deveres, singulares, heterogêneos social, étnica, etária, política e, não menos importante, linguisticamente, deve – pois - oferecer aos seus educandos uma visão de língua que contemple os mais diversos aspectos desse idioma: morfológico, sintático, semântico, discursivo, afetivo e ético sob o signo da per- cepção clara e embasada de que a língua não é homogênea nem estanque. Sendo assim, a sua prática deve estar comprometida com a formação de um ponto de vista que contemple não só as formas socialmente valorizadas e tidas como corretas em uma variação normativista, mas também aquelas que destoando dessa ideia sejam também representações da língua viva. A língua errada do povo, a língua certa do povo, como queria Manuel Bandeira, esse notório amante do idioma em suas variantes. Entender a variação é sobretudo estar atento ao caráter multifacetado de qualquer língua viva e considerar os fatores que determinam e justificam tal fenômeno: espaço, situação, tempo, nível socioeconômico. Esses atuam em conjunto, ora com mais relevância para um, ora com mais relevância para outro. É importante que no trato com a variação o professor construa junto com o estudante não apenas a capacidade para perceber esse fenômeno, mas também a de entender como atuam os fatores que o influenciam. Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade do aluno em identificar quem fala no texto e a quem ele se destina, essencialmente, por meio da presença de marcas linguísticas (o tipo de vocabulário, o assunto, etc.), evidenciando, também, a importância do domínio das variações linguísticas que estão presentes na nossa sociedade. Essa habilidade é avaliada em textos nos quais o aluno é solicitado a identificar, o locutor e o interlocutor do texto nos diversos domínios sociais, como também são exploradas as possíveis variações da fala: linguagem rural, urbana, formal, informal, incluindo também as linguagens relacionadas a determinados domínio sociais, como, por exemplo, cerimônias religiosas, escola, clube, etc. Leia a tira 2. Caetano Veloso gravou uma canção chamada “Você não me ensinou a te esquecer”, do filme Lisbela e o prisioneiro. A propósito do título da canção, podemos dizer que a regra da uniformidade de tratamento foi respeitada? Qual seria a maneira correta de dizer a frase de acordo com a linguagem culta? 3. Observe: “Tem uma palavra que conheço mas não consigo pegar”. Esse trecho relata a fala de uma pessoa em que fica marcado o registro coloquial da linguagem. De que outra forma você reescreveria esse trecho, usando o registro formal? Texto para as questões 4 e 5. É um mito a pretensa possibilidade de comunicação igualitária em todos os níveis. Isso é uma idealização. Todas as línguas apresentam variantes: o inglês, o alemão, o francês, etc. Também as línguas antigas tinham variações. O português e outras línguas românicas provêm de uma variedade do latim, o chamado latim vulgar, muito diferente do latim culto. Além disso, as línguas mudam. O português moderno é muito distinto do português clássico. Se fôssemos aceitar a ideia de estaticidade das línguas, deveríamos dizer que o português inteiro é um erro e, portanto, deveríamos voltar a falar latim. Ademais, se o português provém do latim vulgar, poder-seia afirmar que ele está todo errado. A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam numa região ou noutra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma ou outra classe social e assim por diante. O uso de determinada variedade linguística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá uma identidade para seus membros. Aprendemos a distinguir a variação. Quando alguém começa a falar, sabemos se é do interior de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos que certas expressões pertencem à fala dos mais jovens, que determinadas formas se usam em situação informal, mas não em ocasiões formais. Saber uma língua é conhecer variedades. Um bom falante é "poliglota" em sua própria língua. Saber português não é aprender regras que só existem numa língua artificial usada pela escola. As variantes não são feias ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes; são simplesmente diferentes. Como as línguas são variáveis, elas mudam. "Nosso homem simples do campo" tem dificuldade de comu- Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental 1. Sabemos que diferenças significativas marcam as variedades sociais devido à escolaridade, à faixa etária, ao sexo, ao grupo social, entre outros motivos. No último quadrinho, podemos encontrar um exemplo dessa variedade na fala do personagem. Que variedade é essa? 31 nicar-se nos diferentes níveis do português não por causa da variação e da mudança linguística, mas porque lhe foi barrado o acesso à escola ou porque, neste país, se oferece um ensino de baixa qualidade às classes trabalhadoras e porque não se lhes oferece a oportunidade de participar da vida cultural das camadas dominantes da população. FIORIN, José Luiz. In: Atas do I Congresso Nacional da ABRALIN. Excertos. tipação"? E, no entanto, por que não? — Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. — Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. — Como é? — Aí, galera. 4. Pela compreensão global do texto, podemos firma que o autor: a) critica, no português moderno, o distanciamento da sua forma clássica. b) considera o bom falante aquele que domina as regras da gramática normativa. c) Ver o uso de determinada variação linguística como um dos meios através dos quais, o indivíduo se identifica como membro de um grupo. d) considera a variação linguística um fenômeno típico das línguas românicas, o que as diferencia das outras línguas. — Quais são as instruções do técnico? — Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. — Ahn? Ação de Fortalecimento da Aprendizagem 5. A respeito da variação linguística abordada no texto, é possível ao leitor concluir que: 32 a) a existência da língua portuguesa é uma prova da estaticidade das línguas, nesse caso do latim. b) as línguas são invariáveis com o passar do tempo, porém variáveis com as diferenças de grupos sociais. c) a variedade linguística é um fenômeno linguístico e também um fenômeno social. d) as variantes mais populares são exemplos de como o português é falado fora de um padrão que é correto, bonito e elegante. Leia com atenção o texto abaixo e responda. — É pra dividir no meio e ir pra cima pra pega eles sem calça. — Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? — Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental. algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? — Pode. — Uma saudação para a minha progenitora. — Como é? Aí, galera — Alô, mamãe! Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo "estereo- — Estou vendo que você é um, um... — Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? senta também uma inadequação da linguagem usada ao contexto. 6. O texto retrata situações relacionadas que fogem à expectativa do público, que situações são essas em termos de marcas linguísticas? a) “O ladrão robô o carro e conseguiu fugir.”um flanelinha que assistia à cena. b) “E aí, gata? Vamo dá um rolezinho?”- um jovem que fala para a namorada. c) “Um momento, gostaria de fazer uma observação.” – uma pessoa comenta numa reunião de trabalho. d) “Se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos muita pouca água nos reservatórios.” – um professor universitário falando num congresso internacional. 7. O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que repre- 8. A expressão no texto “pega eles sem calça” poderia ser substituída por uma expressão equivalente em linguagem culta, formal. Como ficaria essa mesma expressão sem alteração de sentido? — Estereoquê? — Um chato? — Isso. Correio Braziliense, 13 maio 1998. 9. Jogos de imagens e palavras são característicos da linguagem de história em quadrinhos. Alguns desses jogos podem referir-se a linguagens, tais como a linguagem dos médicos, dos engenheiros, dos advogados, dos executivos, dentre outras. Transcreva as passagens da tira que se referem a domínios específicos e explicite que domínios são esses? Reforço Escolar | LÍNGUA PORTUGUESA | Caderno 4 Anos Finais do Ensino Fundamental Leia a tira. 33 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Item 2001: novas perspectivas. Brasília: Inep, 2002. BRASIL. Ministério da Educação. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: Prova Brasil: Ensino Médio: Matrizes de Referência, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SAEB; Inep, 2008. BRASIL. Ministério da Educação. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: Prova Brasil: Ensino Médio: Matrizes de Referência, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SAEB; Inep, 1997. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 1999. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Enem: Documento Básico. Brasília: O Instituto, 2000. Ação de Fortalecimento da Aprendizagem MACEDO, Lino de. “Eixos teóricos que estruturam o Enem: conceitos principais: competências e habilidades; situação-problema como avaliação e como aprendizagem; proposta para pensar sobre situação-problema a partir do Enem”. In: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. 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