A HISTÓRIA DA CONGREGAÇÃO SACRAMENTINA A Congregação das Religiosas do SS. Sacramento em 4 Regiões. I. II. III. IV. Região França – Espanha Região Itália Região Inglaterra – Irlanda Região Brasil Foi sob o pontificado do Papa Leão XIII, que surgiram as Fundações Sacramentinas no Brasil. D. Jerônymo Thomé da Silva – Arcebispo da Bahia ofereceu, paternalmente, implantações às Sacramentinas. Madre Santa Emerenciana VIGNE – Superiora Geral que enviou as Irmãs à missão brasileira. Padre Pierre Vigne – Fundador da Congregação, em 30/11/1715. Nosso Fundador (1670 – 1740) Pierre Vigne nasceu em Privas, convertido ao catolicismo por um prodígio eucarístico, e ordenado sacerdote católico a 18 de setembro de 1694. A partir desse momento, seu desejo era tornar-se o Mensageiro da Eucaristia. Seu favor audacioso fez dele um missionário ardente e entusiasta. Apaixonado pelos pobres aos quais se dirigia sempre, ele o foi mais ainda pelo “POBRE”: Jesus, crucificado por causa de seu grande amor. Cruz e Eucaristia: duas chamas que abrasavam o coração do Padre Vigne; após suas missões, as indeléveis impressões deixadas por ele, eram as de um homem de Deus, que vivia com Ele, em sua Presença... Esta Divina Presença é sempre permanente na Hóstia, Mistério de fé e de amor: maravilha escolhida por Cristo a fim de permanecer cada dia e sempre conosco, com o pão cotidiano e a dádiva de um amigo fiel, como prova de salvação e de perdão para novas vidas tão frágeis e inquietas. O Pe. VIGNE queria também promover o culto para com Deus-Eucaristia, e fundou então, em Boucieu-le-Roy, a família religiosa “do SS. Sacramento” que deveria continuar sua obra. (1715) A suas irmãs, o Padre recomendou insistentemente e com frequência a caridade, a vida oculta, o silêncio, a oração: tudo o que pudesse ajudá-las a se constituírem missionárias fervorosas como seu fundador, a serviço da Igreja e de seus irmãos. Quando Pierre Vigne morrei, a 8 de julho de 1740, em Rencurel, deixava-nos suas obras espirituais: escritos simples, mas ardentes, pela contemplação de seu Mestre e Amigo, Jesus. A história de nossa Congregação, como a da própria Igreja, teve também seus períodos de intranquilidade, de luta, para defender-se de seus habituais inimigos. Após a Revolução Francesa, cujo choque se fez sentir no mundo inteiro, forças inimigas redobraram o seu furor, e a perseguição religiosa chegou a ser, na França, bem mais violenta. Em 1877, Gambetta, tribuno ateu e anticlerical, em sessão parlamentar, declarava-se contra a Igreja na França: “o clericalismo, eis nosso inimigo!” E lançou um programa para aniquilar a influência da Igreja no país. Antes de destruir o clericalismo secular, dirigiu seus ataques às Congregações Religiosas, armas auxiliares do clero. Em 1901, porém, Waldeck Rousseau apressou-se em colocar nas mãos dos inigos da Igreja a célebre “Lei sobre a liberdade de Associação”; não passava esta, de uma restrição à liberdade das Associações Religiosas: submetia as Congregações a certas formalidades de autorização e reconhecimento legal, para o exercício de seus ministérios. Em 1902, veio o golpe fatal, esmagando a lei de waldeck e suas atribuições: Uma “circular” de COMBES, Ministro do Interior e presidente do Conselho de Ministros, ordenava aos Prefeitos que, esgotado um prazo de oito dias, declarassem fechadas as escolas particulares, mesmo os estabelecimentos das Congregações autorizados pela lei Waldeck. A ameaça paira também sobre as Sacramentinas... A cada de Romainville foi a primeira atingida, em 15 de julho de 1902. Após esta, várias outras e mais outras... Quarenta casas de nossa Congregação!...Banidas das escolas francesas e de vários hospitais, as Irmãs só pensam em recomeçar, em outro lugar, as tarefas que lhes foram subtraídas. No entanto, o nosso instituto não foi dissolvido. Valeu-nos o título de Congregação ao serviço dos enfermos, além de educadoras. E o Ministério da Saúde necessitava de hospitaleiras. Retiradas do “Monsteiro de São Justo”, em Romans, um decreto do governo permitiunos ter, em Valence, no parque de São Vitor, a Casa-Mãe e seu noviciado. Pela Concordata, bem conhecida na História, Napoleão Bonaparte “restabelece” a paz religiosa. A Congregação do SS. Sacramento beneficiou-se também com esta resolução imperial. Por um decreto de Napoleão (30 de julho de 1804) recebemos uma grande parte do antigo Mosteiro de São Justo, em Romans, para nosso estabelecimento. Antes de nos ser entregue, este local tinha servido de caserna para militares, desde 1798. Em número de cinco, as irmãs aí se instalaram (setembro de 1804), em presença do administrador de Romans – Sr. Dochier, que fez lavrar a ata de posse. Paralelos aos das sete primeiras irmãs da Congregação nascente, os nomes destas devem ser conservados, como as Restauradoras: Madre Sta. Júlia AFFORTI - Superiora Ir. Sto. Agostinho FORÊT Ir. S. Luiz PAYAN, (de Boucieu) Ir. S. Regis MERCIER Ir. Philipe BENOIT Felizmente, a religião, perseguida em algumas partes do mundo, goza em outras, de uma liberdade mais ou menos relativa. Por sua iniciativa, Madre Sta. Emerenciana colabora na expansão da Igreja, para além das fronteiras da pátria francesa. Ela procura encontrar, em terras estrangeiras, as possibilidades quase destruídas ou diminuídas na França, de servir a Deus e ao próximo. O caminho do além mar estava aberto... Madre Santa Emerenciana confiava no Senhor... Suas filhas confiavam no Senhor! Da confiança a realização – um passo? Não! Muitos passos... E o Brasil aparece, em 1903, como “A SALVAÇÃO PARA O PRESENTE E A ESPERANÇA PARA O FUTURO”. E o Senhor lhes indicou o Brasil, por D. Jerônimo Tomé da Silva ao lhes oferecer Feira de Santana, no Estado da Bahia... Após uma viagem marítima, com seus incidentes normais para a época (de 20 de março a 3 de abril de 1903), em que apenas elas sofreram o inevitável enjoo, as saudades e o natural “receio do desconhecido”, aportaram as Irmãs-pioneiras, em Salvador, às 16h do dia 3 de abril. PARTEM AS PIONEIRAS Missionárias? Por que não? Missionário, não é todo aquele que deixa tudo e sai a espalhar a semente da palavra de Deus, tornar conhecida sua Presença, sentido o seu Amor?! Foi isto o que elas pretenderam fazer e o realizaram até hoje... Como missionárias, aceitaram o chamado de Cristo, a “missão”, longínqua e desconhecida; como Missionárias, despediram-se da Pátria, da família e de sua comunidade. Cenas comoventes de fé e de coragem, de amor ao Cristo e ao próximo, amor à Congregação e sua prosperidade!... Aproxima-se o “dia 20 de março”. Perspectivas... Que ele venha rápido?”... Que venha a passos lentos?” As pioneiras, generosas e sorridentes, fazem os preparativos... orvelhando-os com lágrimas ocultas... E são elas: Ir. São Féliz BAUDET Ir. Marie Hermann COLOMBET Ir. Sta. Rosalie ROCHE Ir. S. François CPTIAUX Ir. Felicité TACHETTI Estes nomes não devem ser esquecidos. Lembrá-los sempre é um preito de gratidão. A véspera da partida de nossas Irmãs para o Brasil marcou um dia memorável nos “anais de nossa Congregação”. Era preciso dizer “adeus”, talvez para sempre, à Madre geral, às Irmãs, companheiras de trabalho, de oração, de lutas e de alegrias durante tantos anos. Como deviam sofrer, ao sentir estas emoções e não desanimar... Chegam, enfim, as primeiras Sacramentinas: pisam em terra firme, terra do Brasil, e veem a porta de um convento abrir-se para elas, ouvem com alegria e emoção sua doce língua materna... perfeitamente falada. Eram religiosas francesas – as Irmãs Urusulinas, cuja superiora Madre Calixto as recebe com afeição. PRIMEIRAS IMPLANTAÇÕES Rumo a Feira de Santana... Primeiros conhecimentos – A 3 de abril, ainda no Colégio das Mercês (Ursulinas), receberam a visita amistosa do capelão de Feira de Santana – o Pe. Olímpio Pereira: acompanhava-o uma das Senhoras de Caridade mas desconhecia a língua francesa. Esta secretária levou as Irmãs Sâo Feliz e Maria Hermann ao jornalista Ernesto Simões Filho, benfeitor do Asilo e que lhes prometeu todo o seu apoio e colaboração. A VIAGEM – 11 DE ABRIL DE 1903 Tomamos um pequeno navio que nos conduziria a Cachoeira, onde deveríamos passar a noite. Chegamos, enfim, a Cachoeira, cidade importante do interior. conduziram-nos a uma casa de família patriarcal e fomos acolhidas com a tradicional hospitalidade brasileira. Passam a noite, e o belo dia de Páscoa, as Irmãs assistem à Missa Matriz e se admiram com a procissão matinal de Jesus Ressuscitado. Prosseguindo viagem – Pela estrada de ferro, poucas horas depois saltaram em Feira de Santana, onde o povo as recebe com entusiasmo. Monsenhor Moisés Couto espera-nos. Com dificuldade atravessamos a multidão para sairmos da estação. Todas emocionadas com a recepção que nos fazem: música pela Banda “25 de março”, Confrarias com seus estandartes, crianças das escolas, pétalas de rosas sobre nossas cabeças etc... e pelo menos mil pessoas, vindas de todos arredores. Chegando ao Asilo, assistem à Missa solene. E o Mestre abençoa a missão sacramentina que começa... TERMO DA POSSE “Presidindo os destinos da Igreja, o Papa Leão XIII de “feliz memória” na Congregação das Religiosas do SS. Sacramento, sendo seu representante na Arquidiocese de São Salvador da Bahia (Brasil) S. Exa. D. Jerônimo Thomé da Silva, vigário da Freguesia – Monsenhor Moisés Gonçalves Couto; Capelão das irmãs, Pe. Olímpio Pereira, a Visitadora – Ir. São Félix BAUDET tomou posse de asilo N. Sra. de Lourdes, de Feira de Santana, aos 12 de abril de 1903. Louvemos ao Senhor”! ASILO NOSSA SENHORA DE LOURDES FUNDADORES – Um vigário da Freguesia – Padre Ovídio Alves de São Boaventura e sua irmã D. Teodolina, à custa de esmolas, orações e sacrifícios, inauguraram em 25 de março de 1879, para proteção e instrução de crianças órfãs ou desvalidas. Colaboração da sociedade de Senhoras de Caridade de S. Vicente de Paulo. Faleceu o Pe. Ovídio a 19 de março de 1886. D. Teodolina assistiu à chegada das Irmãs e lhes entregou, solenemente, as chaves do orfanato que dirigiu como “Mãezinha”, durante 24 anos. Funcionava o Asilo num prédio, onde mais tarde se instalou a “Pensão Universal”; e depois o “Hotel Mandacaru”. Mudaram-se em 1908, para a Rua Barão do Cotegipe, cujas instalações não ofereciam condições para o seu bom funcionamento. Em 1916, nova transferência para um casarão doado pela família Martins Catarino, à Praça da República. Em 1925, sendo superioras a Me. Maria Agostinho, foi lançada a primeira pedra do atual edifício que tanto orgulha Feira e incentiva as irmãs Sacramentinas.