XV CONIC
XV Congresso de Iniciação Científica da UFPE
29 a 31 de outubro de 2007
70302 - A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA DO IMAGINÁRIO DAS
HISTÓRIAS DA TRADIÇÃO
George Michael Alves de Lima1; Maria Aparecida Lopes Nogueira2
1
Estudante do Curso de Ciências Sociais (Licenciatura) - CFCH – UFPE; E-mail:
[email protected], 2 Docente/Pesquisadora do Dept° de Antropologia- CFCH –UFPE. E-mail:
[email protected]
Resumo: A nossa proposta é identificar a importância pedagógica das histórias da tradição, a
sutura ente saberes científicos e populares, bem como a recriação da realidade de forma lúdica e
prazerosa. A contação de histórias enquanto instrumento pedagógico, entendendo que as
histórias da tradição podem contribuir na formação das crianças. Os contadores de história, estes
“guardiões” das narrativas orais reiteram a importância da contação, esta é uma potencialidade,
um estímulo à formação de leitores, pois desperta o interesse pela leitura. Adotamos uma
metodologia qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas com contadores e crianças do
Centro Social da Torre, sob a égide da observação participante, os resultados obtidos, a partir das
recorrências temáticas demonstraram a importância que os contadores e as histórias têm na
contemporaneidade, bem como a injustiça do nosso sistema educacional que não lhes dá a
visibilidade e não lhes abre espaços nas escolas, nem na grade curricular. As histórias funcionam
como resistência, resistência esta que não deixa o mito se perder, alimentando a vida, o sonho e
fortalecendo a identidade cultural de um povo. Nosso interesse é contribuir para que o contador
possa ser percebido enquanto agente que transmite este capital cultural e sua importância para a
formação de todos nós.
Palavras-chave: contadores; narrativas orais; tradição
INTRODUÇÃO
Apresentamos os resultados obtidos pela pesquisa realizada durante um ano que tem como
projeto-base: Contadores de História.Os educadores que trabalham com a contação de histórias
reiteram a sua importância pedagógica. A contação é uma potencialidade, um estímulo à
formação de leitores, desperta o interesse pela leitura. Dialogamos com o real e o imaginário,
numa ação estimulante e prazerosa.O nosso interesse é contribuir para que este contador, este
“guardião” possa ser percebido enquanto agente que transmite esse capital cultural. O nosso
fundamento teórico está embasado em uma vasta bibliografia sobre o assunto, como por
exemplo, o texto O Narrador de Walter Benjamim onde o contador “adquire a dimensão de um
conselheiro, um sábio com uma experiência a ser transmitida”.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi adotada uma metodologia qualitativa utilizando as técnicas de observação participante e
entrevistas semi-estruturadas. Inicialmente fizemos um levantamento bibliográfico e delimitamos
os locais para a pesquisa de campo, o Centro Social da Torre e o Centro de Cultura Luiz Freire,
locais previamente conhecidos, identificados em outras pesquisas feitas com os contadores, e
ainda com suas singularidades, o Centro Social tem contadores, eles estão lá contando suas
histórias nas salas de aula, existe um horário especifico dedicado a contação, já o Centro Luiz
Freire desenvolveu um trabalho através de um curso de formação para contadores de histórias a
alguns anos atrás. Obviamente os locais foram escolhidos por trabalharem com o tema proposto
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no subprojeto.Fizemos pesquisa de campo, entrevistas semi-estruturadas com 05(cinco) crianças,
duas contadoras do Centro Social da Torre e com uma diretora do Centro Luiz Freire que
trabalhou no curso oferecido aos contadores e também trabalha com contação, estas entrevistas
foram abertas, gravadas com o intuito de coletar dados práticos de como se processa a contação e
o que as pessoas envolvidas diretamente pensam sobre ela.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nossa proposta foi de identificar a importância pedagógica das histórias da tradição, a sutura
entre saberes científicos e populares, bem como a recriação da realidade de forma lúdica e
prazerosa.Durante a análise ficou evidente esta importância, e pudemos enxergar também que a
contação funciona como uma resistência, resistência esta que não deixa o mito se perder,
contação que funciona como um alimento para nosso espírito, e precisamos ingeri-la.
O nosso sistema educacional é por demais injusto, e não dá a visibilidade e nem abre os espaços
em salas de aula, na própria grade curricular que deveriam ser abertos aos contadores em escolas,
existe um espaço, mas ele é pouco expressivo e estes contadores ficam a margem, percebemos
isso quando um educador se utiliza das histórias enquanto instrumento pedagógico para passar
conteúdo, o contador ai não aparece, o foco se dá em disciplinas como matemática ou português
e não na contação. Precisamos entender que “contar história é você se transportar” não é um
teatro apenas, tem relação também com as habilidades pessoais de cada contador: de onde ele
vêm e o que traz a respeito da contação de história. Existem muitos contadores que utilizam as
histórias como estratégias pedagógicas com o intuito de passar conteúdos da grade curricular.O
que não observamos nos locais que pesquisamos, o Centro Social da Torre e o Centro de Cultura
Luiz Freire, vale ressaltar que os contadores são pessoas “simples”, e que viajam nesse universo
da contação desde sua infância, alguns têm a contação de histórias como ofício, outros são
anônimos trabalham nas mais diversas áreas sem serem notados.Os contadores apontados em
nossa pesquisa são professores, duas mulheres, as faixas etárias variam, uma tem menos de trinta
anos e a outra mais de cinqüenta, são moradoras da área urbana, a mais velha Dona Gisete é que
nasceu e morou durante boa parte de sua vida no interior em um engenho da zona da mata de
Pernambuco, são mãe e filha e pertencem a classe media. Devemos observar que os contadores
enfrentam o apelo da mídia, dos avanços tecnológicos que sufocam as crianças, impedindo-as de
mergulhar muitas vezes neste universo dos contadores e tudo isso em troca de um pseudo-estado
de satisfação oferecido pelos meios eletrônicos. Não é só a técnica que importa, mas o que está
subjacente a ela, a responsabilidade de transmitir a tradição através de histórias, são poucos os
que a querem ter, e nem todos conseguem, pois só possuem essa habilidade aqueles que a fazem
com paixão, que deixam emanar de seu ser contos surpreendentes que nos transportam e nos
envolvem em devaneios inimagináveis. Necessitamos de um pouco mais de iniciativa, é preciso
uma reeducação cultural que valorize as tradições.
CONCLUSÕES
Os contadores têm a tarefa de trazer à tona a memória dos seus grupos, são enciclopédias vivas,
personagens fundamentais na transmissão de nossa tradição oral.Percebemos que as histórias
alimentam a vida, o sonho, a fantasia, e são o fortalecimento da identidade cultural de um
povo.Através do nosso olhar tentamos mostrar a magia que envolve o contador e suas histórias, a
semente foi plantada e os contadores continuam espalhando-as, plantando no nosso jardim
imaginário, dando lições de vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao CNPq/ PIBIC pela bolsa oferecida durante a pesquisa, ao Centro Social da Torre e
ao Centro Luiz Freire, pela atenção com que me receberam e aos contadores de história, esses
“guardiões” de saberes, que encantam a todos nós.
REFERÊNCIAS
*DURAND,G.,O Imaginário:ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem. 2ª ed. Rio
de Janeiro:Difel. 2001.
*BENJAMIN,W., O Narrador.Considerações sobre a obra de Nicolai Leskov In: Magia e
técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura e história da cultura.7ª ed. Trad. Sérgio
Paulo Rouanet. São Paulo:Brasiliense,1994 (Obras escolhidas,vol. I)
*Wunenburger, Jean-Jacques, Educação e Imaginário: introdução a uma filosofia do
imaginário educacional. São Paulo: Cortez, 2006.
*NOGUEIRA,Maria Aparecida Lopes,Ariano Suassuna, O Cabreiro Tresmalhado-Ariano
Suassuna e a Universalidade da Cultura. São Paulo: Ed. Palas Athena, 2000.
*SILVA,Carlos Aldemir da, Literatura como escola de vida: a propósito das narrativas da
tradição/ Carlos Aldemir da Silva – Natal, 2003.148p.il.
*FONSECA,Maria do Socorro Fonseca Vieira.Contadores de História: tradição e atualidade/
Maria do Socorro Fonseca Vieira Figueiredo.Recife: O Autor, 2005.130 folhas: il.,fotos.
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