MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA Superintendência Regional do Rio Grande do Sul – SR-11 PRA PLANO DE RECUPERAÇÃO DO ASSENTAMENTO FAZENDA SÃO PEDRO Município de Eldorado do Sul, RS. COPTEC – COOPERATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS LTDA. 2010 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro SUMÁRIO EQUIPE TÉCNICA .......................................................................................................... 4 Núcleo Operacional Eldorado do Sul ........................................................................... 4 Núcleo Sede Porto Alegre ........................................................................................... 4 LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ 5 LISTA DE GRÁFICOS ..................................................................................................... 5 LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... 6 LISTA DE FOTOS ........................................................................................................... 8 1. APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 10 2. IDENTIFICAÇÃO ....................................................................................................... 12 2.1. Empreendedor .................................................................................................... 12 2.2. Entidade Responsável ........................................................................................ 12 3. METODOLOGIA ........................................................................................................ 13 3.1. Da COPTEC ....................................................................................................... 13 3.2. Procedimentos metodológicos das equipes técnicas.......................................... 16 3.2.1. Diagnósticos ................................................................................................. 16 3.2.2. Planos e programas ..................................................................................... 18 4. CARACTERIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO ............................................................ 19 4.1. Identificação geral do imóvel .............................................................................. 19 4.1.1. Geral ............................................................................................................ 19 4.1.2. Específica ..................................................................................................... 19 5. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO ASSENTAMENTO........................ 21 5.1. Localização e acesso.......................................................................................... 21 5.2. Características do meio natural .......................................................................... 22 5.2.1. Geologia ....................................................................................................... 22 5.2.2. Relevo .......................................................................................................... 24 5.2.3. Rede de drenagem....................................................................................... 24 5.2.7. Solos ............................................................................................................ 25 5.2.5. Clima ............................................................................................................ 26 5.2.6. Vegetação .................................................................................................... 27 5.2.6. Fauna ........................................................................................................... 30 5.3. Diagnóstico sócio econômico do município ........................................................ 31 5.3.1. População .................................................................................................... 31 5.3.2. Economia ..................................................................................................... 35 5.3.3. Condição do produtor ................................................................................... 43 5.3.4. Saúde ........................................................................................................... 46 5.3.5. Educação ..................................................................................................... 48 5.3.6. Domicílios..................................................................................................... 51 5.3.7. Políticas públicas.......................................................................................... 53 5.3.8. Indicadores de pobreza e desigualdade....................................................... 55 6. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO............................................. 56 6.1. Condições físicas e edafo-climáticas do assentamento ...................................... 56 6.1.1. Solos ............................................................................................................ 56 6.1.2. Relevo .......................................................................................................... 57 6.1.3. Recursos hídricos......................................................................................... 61 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 2 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 6.1.4. Vegetação .................................................................................................... 63 6.1.5. Fauna ........................................................................................................... 67 6.1.6. Uso do solo .................................................................................................. 71 6.1.7. Capacidade do uso do solo .......................................................................... 75 6.2. Análise sucinta dos potenciais e limitações dos recursos e da situação ambiental do assentamento. ...................................................................................................... 78 6.3. Organização espacial atual ................................................................................. 79 6.4. Situação do meio sócio-econômico e cultural ..................................................... 80 6.4.1. Histórico da luta pela terra na mesorregião.................................................. 80 6.4.2. Histórico do assentamento ........................................................................... 81 6.4.3. População do assentamento ........................................................................ 82 6.4.4. Organização social do assentamento .......................................................... 83 6.4.6. Estrutura social............................................................................................. 84 6.5. Infra-estrutura física, social e econômica ............................................................ 85 6.6. Sistemas produtivos............................................................................................ 85 6.7. Serviços de apoio à produção ............................................................................ 90 6.8. Serviços sociais básicos ..................................................................................... 91 6.8.1. Educação ..................................................................................................... 91 6.8.2. Saúde e saneamento ................................................................................... 92 6.8.3. Lazer e cultura.............................................................................................. 92 6.8.4. Habitação ..................................................................................................... 93 7. Planos ....................................................................................................................... 94 7.1. Organização territorial......................................................................................... 94 7.2. Serviços sociais básicos ..................................................................................... 96 7.3. Sistemas produtivos............................................................................................ 97 7.4. Meio ambiente .................................................................................................. 100 7.5. Desenvolvimento organizacional e gestão do plano ......................................... 102 7.6. Assistência técnica e acompanhamento do plano ............................................ 104 8. PROGRAMAS ......................................................................................................... 107 8.1. Programas regionais ......................................................................................... 107 8.1.1. Programa organizativo dos assentamentos da região ............................... 107 8.1.2. Programa de educação da região Enio Gutierrez ...................................... 110 8.1.3. Programa de saúde da regional Enio Gutierrez ......................................... 113 8.1.4. Programa das hortas e plantas medicinais ................................................ 116 8.1.5. Programa do leite da região Enio Gutierrez ............................................... 120 8.1.6. Programa do arroz agroecológico da região Enio Gutierrez ...................... 124 8.2 Programa social ................................................................................................. 144 8.2.1. Grupo de mulheres..................................................................................... 144 8.3. Programa produtivo .......................................................................................... 145 8.3.1. Produção de arroz irrigado ......................................................................... 145 8.3.2. Programa da merenda escolar ................................................................... 147 8.4. Programa ambiental.......................................................................................... 153 9. PAUTA QUALIFICADA DE REIVINDICAÇÃO ........................................................ 155 9.1. Água para consumo .......................................................................................... 155 9.2. Centro comunitário............................................................................................ 156 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 158 ANEXOS ..................................................................................................................... 161 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 3 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro EQUIPE TÉCNICA Núcleo Operacional Eldorado do Sul Antonio Carlos Cardoso Halinski – Eng. Agrônomo – CREA - pr32095/D. Antonio Carlos Silveira Pereira – Tec. Agropecuária - CREA – 127.193. Celso Alves da Silva – Tec. Em Agricultura – CREA – 110 430 TD. Cleuza de Oliveira Reichembach – Professora Licenciatura Plena – 9394/96. Marcos Vanderlei dos Santos – Administrador – CRA – 29.998. Silvia Andréa Gomes Dias – Médica Veterinária - CRMV – RS 07704. Núcleo Sede Porto Alegre Adalberto Floriano Greco Martins – Eng. Agrônomo – CREA RS 160184. Luis Alejandro Lasso Gutierrez, M.Sc. – Eng. Agrônomo. Rafael Ken Palandi Yanaga – Economista – CRE 3103. Egon Klamt, PhD. Eng. Agrônomo – Consultor Solos. Paulo Schneider, M.Sc. Eng. Agrônomo – Consultor Solos. Themis Alcmena da Silveira Soares – Consultora Geoprocessamento. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 4 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização do município de Eldorado do Sul no estado do Rio Grande do Sul Figura 2 : Região Hidrográfica da Bacia do Guaíba. Fonte: FEPAM, 2004. Figura 3: Rede de drenagem superficial no município de Eldorado do Sul. Figura 4: Faixas de altitude no PA São Pedro. Figura 5: Faixas de declividade no PA São Pedro. Figura 6: Mapa de recursos hídricos no PA São Pedro. Figura 7: Uso do solo após a implantação do PA São Pedro. Figura 8: Mapa das classes de capacidade de uso das terras do PA São Pedro. Figura 9: Mapa regional do Grupo gestor do Arroz Ecológico, Porto Alegre, 2009. Figura 10: Organograma do grupo Gestor do Arroz Ecológico, Porto Alegre, 2009. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Evolução populacional do município de Eldorado do Sul entre 1991 e 2007. Gráfico 2: População residente no meio rural e urbano do município de Eldorado do Sul entre 1996 e 2000. Gráfico 3: Renda dos habitantes com idade maior que 10 anos do município de Eldorado do Sul em 2000. Gráfico 4: Renda dos habitantes com idade maior que 10 anos do município de Eldorado do Sul em 2000 (%). Gráfico 5: Renda dos habitantes com idade maior que 10 anos do Rio Grande do Sul em 2000 (%). Gráfico 6: Composição do PIB do município em 2006. Gráfico 7: Condição do produtor, segundo o número de estabelecimentos. Gráfico 8: Condição do produtor, segundo a área ocupada. Gráfico 9: Número de estabelecimentos em Eldorado do Sul, segundo a condição do produtor. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 5 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 10: Área total ocupada pelos estabelecimentos em Eldorado do Sul, segundo a condição do produtor. Gráfico 11: Área média ocupada pelos estabelecimentos em Eldorado do Sul, segundo a condição do produtor. Gráfico 12: Médicos residentes no município de Eldorado do Sul para cada mil habitantes. Gráfico 13: Número de alunos matriculados em escolas públicas e privadas em 2008. Gráfico 14: Número de docentes em escolas públicas e privadas em 2008. Gráfico 15: Relação alunos por professor em escolas públicas e privadas em 2008. Gráfico 16: Escolas públicas e privadas em 2008. Gráfico 17: Condições domiciliares do município de Eldorado do Sul em 1991 e 2000. Gráfico 18: Índice de Desenvolvimento Humano do Município de Eldorado do Sul. Gráfico 19: Histórico da evolução em área no Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, Porto Alegre, 2009. Gráfico 20: Histórico da evolução em área no Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, Porto Alegre, 2009. Gráfico 21: Áreas totais e de Arroz por status de certificação safra 2009-2010, Porto Alegre, 2009. Gráfico 22: Quantidade de arroz por status de certificação safra 2009-2010, Porto Alegre, 2009. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Pessoal ocupado e coeficiente locacional das seções de classificação de atividades do município de Eldorado do Sul. Tabela 2: Coeficiente locacional dos setores da Indústria extrativa e de transformação do município de Eldorado do Sul. Tabela 3: Produção pecuária do município de Eldorado do Sul. Tabela 4: Coeficientes de produtividade (QPH e QPA) da lavoura permanente do município de Eldorado do Sul. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 6 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 5: Coeficientes de produtividade (QPH e QPA) da lavoura temporária do município de Eldorado do Sul. Tabela 6: Coeficientes de produtividade (QPH e QPA) da extração vegetal e silvicultura do município de Eldorado do Sul. Tabela 7: Agroindústrias rurais. Tabela 8: Equipamentos hospitalares no município. Tabela 9: Estabelecimentos de saúde com atendimento ambulatorial. Tabela 10: Estabelecimentos de saúde com atendimento emergencial. Tabela 11: Estimativa de consumo de produtos alimentícios para o município de Eldorado do Sul. Tabela 12: PROGER no município de Eldorado do Sul em 2007. Tabela 13: Área ocupada pelas diferentes faixas de declividade no PA São Pedro. Tabela 14: classes do solo Tabela 15: Superfície ocupada pelos diferentes usos no PA São Pedro em 04/09/2003. Tabela 16: Superfície ocupada pelos diferentes usos nas APP do PA São Pedro em 04/09/2003. Tabela 17: Unidades de capacidade de uso das terras, suas respectivas áreas e fatores limitantes no PA São Pedro. Tabela 18: População do assentamento. Tabela 19: Infra Estrutura do PA Fazenda São Pedro Tabela 20: Produção animal Tabela 21: Cultura do Arroz Tabela 22: Cultura do Feijão Tabela 23: Pomar Tabela 24: Acácia Tabela 25: Fumo Tabela 26: Produção de Pepinos para conserva Tabela 27: Escolarização das pessoas do PA. Tabela 28: Acesso ao atendimento de saúde. Tabela 29: Situação do Saneamento Tabela 30: Atividades e espaços de lazer no assentamento Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 7 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 31: Tipo e condições das moradias Tabela 32: Assentamentos da região Enio Gutierrez Tabela 33: plano de execução das metas, ações e propostas do programa da saúde regional. Tabela 34: Mapa regional do Grupo gestor do Arroz Ecológico, Porto Alegre, 2009. Tabela 35: Mapa regional do Grupo gestor do Arroz Ecológico, Porto Alegre, 2009. Tabela 36: Localização geográfica e capacidade de armazenagem e beneficiamento das agroindústrias do Grupo gestor do arroz ecológico, Porto Alegre, 2009. Tabela 37: Planejamento estratégico do Grupo gestor do Arroz Ecológico, porto Alegre, 2004. Tabela 38: Áreas totais e de Arroz por status de certificação safra 2009-2010, Porto Alegre, 2009. Tabela 39: Quantidade de arroz por status de certificação safra 2009-2010, Porto Alegre, 2009. Tabela 40: Programa do arroz para os novos assentamentos e planejamento do grupo Tabela 41: Cronograma de atividades Tabela 42: Programa da Merenda escolar Tabela 43: Cronograma de atividades assentamento São Pedro – Grupo Etel Tabela 44: Cronograma de atividades assentamento São Pedro Tabela 45: Cronograma de atividades assentamento São Pedro – grupo São Pedro II LISTA DE FOTOS Foto 1: Pastagem nativa em área úmida no PA São Pedro: carga animal adequada Foto 2: Pastagem nativa em área úmida no PA São Pedro: excesso de carga animal. Foto 3: APP florestal do arroio dos Ratos, PA Fazenda São Pedro Foto 4: APP de sanga em vale assimétrico, PA Fazenda São Pedro. Foto 5: Encostas de morros graníticos com cobertura florestal (SE), PA Fazenda São Pedro. Foto 6: Reunião no assentamento – Elaboração Calda Bordalesa com famílias envolvidas com cultivo de pepino de conserva. Setembro de 2009. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 8 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Foto 7: Reunião no assentamento São Pedro. Foto 8: Foto da produção de mudas de pepino de conserva. Foto 9: Foto de adubação verde para cultivo de pepino de conserva. Foto 10: Cultivo de Pepino semi direto com aveia de cobertura 7.10.2009 Foto 11: e 12: Biofertilizante enriquecido feito em conjunto no assentamento. 17.07.2009 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 9 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 1. APRESENTAÇÃO A Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos Ltda – COPTEC é uma sociedade cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos em áreas de Reforma Agrária, fundada em 1996, com o propósito voltado ao desenvolvimento sustentável dos assentamentos de reforma agrária existentes no Estado do Rio Grande do Sul. Ao longo da sua trajetória, a COPTEC, tem suas ações direcionadas ao apoio aos direitos das famílias assentadas, através da constante assistência técnica manifesta pela elaboração de projetos de desenvolvimento sustentável, participando entre 1997 a 2000 do Programa de Assistência Técnica LUMIAR. Entre os anos de 1999 a 2002, participou de convênio estabelecido com o Governo Estadual do Rio Grande do Sul, dando seguimento ao trabalho técnico. As atividades continuaram com apoio do INCRA através de convênio até outubro de 2008. Dentre os trabalhos que realiza, deve-se destacar o acompanhamento intensivo e a orientação aos núcleos de famílias. A elaboração de diagnósticos e projetos por meio do trabalho de assistência técnica e extensão rural das famílias assentadas no processo de reforma agrária, valendo-se sempre de metodologias participativas, com destaque para o Método de Validação Progressiva - MVP. A elaboração de programas de formação dos agricultores assentados proporciona a apropriação do conhecimento, resgate e sistematização das experiências próprias dos camponeses. O objetivo é integrar diferentes Instituições para atuar nas áreas de assentamento. Ainda, a COPTEC elabora e acompanha a execução de convênios ou de projetos de crédito que envolva as famílias beneficiadas, segundo o encaminhamento das entidades competentes. Estes visam à melhoria e o aumento da produtividade e da produção e sempre contemplam as condições climáticas de cada região do Estado, mediante linhas de produção saudáveis e respeitosas com o meio ambiente. Deste modo, o que se busca na essência de suas ações técnicas é que estas se pautem em formatos tecnológicos ambientalmente estáveis, economicamente viáveis e socialmente justos. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 10 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro A COPTEC, dentre de suas atribuições de oferecer serviço de assistência técnica, social e ambiental às famílias assentadas, participou em dezembro de 2008 da licitação pública do INCRA, estabelecendo contrato a partir de 15 de janeiro de 2009, para entre outras atividades, elaborar 15 Planos de Desenvolvimento do Assentamento e 122 Planos de Recuperação dos Assentamentos, distribuídos em 8 núcleos operacionais da ATES (Tupanciretã; Nova Santa Rita; Eldorado do Sul; Santana do Livramento; Candiota; Pinheiro Machado; São Luiz Gonzaga e São Miguel das Missões). É com satisfação que apresentamos este relatório, como produto do esforço conjunto das equipes técnicas e das famílias assentadas, em vistas da constituição de planos que apontem o real desenvolvimento sustentável dos assentamentos de reforma agrária no Estado do Rio Grande do Sul. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 11 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 2. IDENTIFICAÇÃO 2.1. Empreendedor Razão social: Ministério do Desenvolvimento Agrário – Instituto de Colonização e Reforma Agrária – INCRA/RS CNPJ: 00375972001302 Endereço: Avenida José Loureiro da Silva 515, 4 andar CEP: 90010-420 Porto Alegre/RS. Telefone: (51) 3284 3415 Representante legal: Mozar Artur Dietrich – Superintendente Regional 2.2. Entidade Responsável Razão social: COPTEC – COOPERATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS LTDA. Inscrição no CNPJ: 01.440.209/0001 – 39 Endereço, Telefone, Fax, e-mail: Dr. Lourenço Zácaro 1078, Sala 2 CEP 92.480-000 Nova Santa Rita/RS - Fone/Fax: (051) 3221-9348 e-mail: [email protected] ou [email protected] Representante legal: Mauro Cibulscki - Presidente da COPTEC Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 12 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 3. METODOLOGIA 3.1. Da COPTEC A COPTEC está dividida em oito núcleos operacionais no Estado do Rio Grande do Sul, além de contar com um núcleo de coordenação central que cumpre a função de orientar as equipes técnicas na consolidação de um processo homogêneo de elaboração dos PDA e PRA nos assentamentos de Reforma Agrária. O planejamento de um assentamento da Reforma Agrária é um processo permanente de levantamento e análise de informações referentes tanto ao cenário interno, suas potencialidades, limitações e condicionantes, quanto ao externo, ambiental e sócio-econômico, numa perspectiva dinâmica e prospectiva que permita traçar um caminho, ou vários, para atingir os anseios, metas e objetivos desejados pelos assentados. O presente documento é composto por duas partes distintas, diagnóstico e planejamento. Inicialmente foi elaborado um diagnóstico ambiental e sócio-econômico da área de entorno do assentamento, mais especificamente do município em que o assentamento está localizado, e um diagnóstico ambiental e sócio-econômico do próprio assentamento. Após a elaboração dos diagnósticos eles foram apresentados às famílias para a validação e complementação das informações, mas, principalmente para o empoderamento destas informações pelos assentados e para subsidiar a elaboração participativa do planejamento. Para elaboração dos diagnósticos ambientais tanto do entorno do assentamento, quanto dos próprios assentamentos, foram utilizados os relatórios ambientais elaborados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) contratada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em assentamentos federais, e os relatórios ambientais elaborados pelo Gabinete de Reforma Agrária e Cooperativismo (GRAC), em assentamentos estaduais e as Licenças de Instalação e Operação (LIOs) dos assentamentos que já às obtiveram. Como alguns assentamentos não possuíam relatórios ambientais a COPTEC consolidou uma equipe de especialistas para elaborá-los. Essa equipe fora formada pelos engenheiros agrônomos Egon Klamt Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 13 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro e Paulo Schneider e pela consultora em geoprocessamento Themis Alcmena da Silveira Soares. Esta equipe contou com a colaboração dos técnicos da COPTEC em suas visitas a campo e com a equipe de coordenação dos PDAs e PRAs do Núcleo Operacional de Porto Alegre da COPTEC. Nos casos em que já existia relatório ambiental a elaboração do diagnóstico ambiental, do entorno e do assentamento, consistiu em reunir e abreviar as informações constantes nestes documentos para que os técnicos se apropriassem das informações ambientais e fisiográficas e assim pudessem apresentá-las às famílias de forma compreensível. Onde foi necessário construir os relatórios ambientais o trabalho se deu primeiramente em escritório. Foi realizada a análise e organização das informações da bibliografia especializada e análise estereoscópica de fotos aéreas, ou de satélite, dos mapas dos assentamentos para identificar as classes de capacidade de uso dos solos. Após foram realizadas visitas de campo para realizar a checagem das informações trabalhadas em escritório e levantamento de outras informações, tais como recursos hídricos, fauna e flora. O diagnóstico sócio-econômico do entorno do assentamento foi elaborado pelo Núcleo Sede de Porto Alegre a partir de bases estatísticas de institutos de pesquisa, principalmente de publicações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), informações disponibilizadas por ministérios e prefeituras, além disso, contou com o conhecimento dos próprios técnicos dos respectivos Núcleos Operacionais sobre o histórico e atividades econômicas nos municípios. Estas informações, que abrangem um amplo leque de temas como população, economia, condições do produtor no campo, serviços sociais básicos, políticas públicas e indicadores de pobreza e desigualdade, têm como finalidade informar as famílias, os técnicos e demais leitores sobre as condições do cenário sócioeconômico no qual os assentamentos estão inseridos. O diagnóstico sócio-econômico do assentamento foi elaborado pelos técnicos de cada Núcleo Operacional baseado em um roteiro sugerido pelo INCRA. Além do roteiro, o INCRA solicitou que fossem preenchidas as “Planilhas Síntese”. Estas planilhas consistiram em um conjunto de informações sócio-econômicas de cada assentamento abrangendo dados da população, serviços sociais básicos, infra-estruturas, organização Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 14 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro social, sistemas produtivos, habitação e crédito. Para qualificar a metodologia de levantamento das informações sócio-econômicas a COPTEC realizou atividades de formação em “Sistemas Agrários”, para a tipificação dos sistemas produtivos, permitindo assim uma melhor compreensão das formas de se produzir e de uso do espaço nos assentamentos, ministrada pelo médico veterinário Elenar Ferreira. Uma oficina foi realizada no assentamento Integração Gaúcha em Eldorado do Sul entre os dias 8 e 10 de julho de 2009. A segunda oficina aconteceu no assentamento Everton Pereira em Bossoroca entre os dias 21 e 23 de setembro de 2009. As equipes técnicas tiveram autonomia para decidir a forma de fazer o levantamento das informações, com as famílias durante as visitas técnicas, ou em assembléias e reuniões, ou junto às coordenações dos assentamentos. Elaborados os diagnósticos ambientais e sócio-econômicos dos municípios e dos assentamentos, eles foram apresentados às famílias para que estas se apropriassem das informações do meio em que vivem e assim começassem a apontar os problemas, os anseios e os recursos dos assentamentos. Para construção dos Planos e Programas as equipes técnicas da COPTEC participaram de uma atividade de formação em metodologia de planejamento com o engenheiro agrônomo Horácio Martins de Carvalho, no assentamento Sepé Tiarajú em Viamão nos dias 2 e 3 de outubro de 2009. Definiu-se que os Planos teriam um caráter estratégico (longo prazo) e que deveriam ser explicitadas as Potencialidades, Limitações e Condicionantes dentro de cada eixo proposto pelo INCRA (Organização Territorial; Serviços Sociais Básicos; Sistemas Produtivos; Meio Ambiente; Desenvolvimento Organizacional e Gestão do Plano; e Assistência Técnica). Os Programas, de caráter tático (médio prazo), seriam elaborados a partir do que as famílias se dispusessem a realizar, ou na forma de um planejamento das ações de assistência técnica. Também ficou definido que no caso de haver anseios que estivessem fora do controle das famílias (construção de estradas, instalação de redes de energia elétrica, demarcação de áreas, construção de escolas, etc.) seriam construídos programas que descrevessem as demandas, mas que apontassem os órgãos responsáveis. Esses programas foram chamados de Pauta Qualificada de Reivindicação. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 15 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro As informações obtidas neste longo trabalho, foram divididas em três momentos. Foi entregue um primeiro relatório com o diagnóstico (área de influência e do assentamento). O segundo relatório continha os planos e programas e o terceiro, denominado de relatório final, que reuniu os dois primeiros com as devidas correções sugeridas pela entidade empreendedora (Incra), acrescidos do mapa de ocupação territorial, denominado aqui de Mapa Pôster. Além do presente documento cada PDA ou PRA é acompanhado de sua Planilha Síntese e de um Mapa Pôster que contêm o mapa do assentamento com o loteamento e as classes de capacidade de uso dos solos com descrição e indicações de uso, além do georreferenciamento das habitações e estruturas físicas do assentamento. 3.2. Procedimentos metodológicos das equipes técnicas 3.2.1. Diagnósticos Sensibilização Em geral as equipes técnicas dos diferentes Núcleos Operacionais da COPTEC aproveitaram as reuniões Bimestrais nos assentamentos, pactuadas nas metas do contrato de prestação de serviço, para realizar a tarefa de sensibilização das famílias para o processo dos Planos de Desenvolvimento/Recuperação dos Assentamentos (PDAs/PRAs). A sensibilização consistiu em reuniões com as coordenações ou assembléias, onde foram apresentados os objetivos dos PDAs/PRAs, o método de trabalho e os resultados esperados. Em alguns casos (Núcleos Operacionais Nova Santa Rita e Eldorado do Sul) foram constituídas coordenações internas para conduzir o processo. A mobilização para essas reuniões ocorreu através de articulação com as lideranças internas dos assentamentos, visitas dos técnicos às famílias e, no caso do Núcleo Operacional Candiota, pela Rádio Comunitária. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 16 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Coleta de dados primários Os primeiros levantamentos de dados primários foram realizados através de reuniões nas coordenações e em assembléias, nas quais as informações eram coletadas com os assentados presentes. Nestas reuniões algumas equipes técnicas buscaram identificar os sistemas produtivos e tipologias de sistemas produtivos em unidades de produção (lotes). As equipes técnicas de São Miguel das Missões e São Luiz Gonzaga utilizaram questionários previamente formulados para orientar as entrevistas. O Núcleo Operacional Santana do Livramento adotou dinâmicas dividindo os presentes em dois grupos, um que montou as informações estruturais do assentamento e outro que levantou os sistemas produtivos existentes. No Núcleo Operacional Nova Santa Rita, em alguns assentamentos foram definidos grupos compostos por lideranças e jovens para realizar as coletas de dados. Os Núcleos Nova Santa Rita, Pinheiro Machado e São Miguel das Missões vários assentamentos realizaram, também, reuniões nos grupos, bolsões e núcleos de base para aprofundar o debate e o levantamento das informações. Os Núcleos Tupanciretã, Candiota, Santana do Livramento e Eldorado do Sul realizaram, após as reuniões e assembléias, visitas aos “agricultores tipo”1 para qualificar as informações dos sistemas produtivos. Organização de dados secundários Além da organização dos dados secundários com base nos materiais fornecidos pelo INCRA e pelo Departamento de Desenvolvimento Agrário da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio do Rio Grande do Sul (DDA-SEAPPA), dos dados disponíveis em sites da internet, as equipes realizaram visitas às prefeituras e outros órgãos públicos para qualificar esses dados. 1 Refere-se à metodologia de “Sistemas Agrários” que procura “tipificar” os agricultores, ou seja, identificar as unidades de produção que seriam modelos representativos dos sistemas produtivos dos assentamentos. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 17 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Validação dos diagnósticos A validação dos diagnósticos foi realizado junto às famílias em reuniões das coordenações e em assembléias. Além da apresentação e debate em torno do diagnóstico, em muitos casos foram elencadas as principais demandas internas para dar início à confecção dos Planos e Programas e Pautas Qualificadas de Reivindicação. 3.2.2. Planos e programas Houve rodadas de reuniões com as coordenações dos assentamentos, assembléias e diálogos com lideranças para elaborar os Planos e Programas. Nestas reuniões o debate iniciava do que havia sido discutido na Validação do Diagnóstico, ou de uma síntese do diagnóstico construído. A partir desta apresentação refletiu-se sobre os Eixos de Trabalho (Planos) e sobre as demandas (Pauta Qualificada de Reivindicação). Em alguns casos foram elaborados Programas nestas mesmas reuniões. Em sua maioria, as equipes técnicas elaboraram propostas de Programas e em novas reuniões dialogaram com as coordenações, lideranças, grupos de produção e/ou assentados reunidos em assembléias sobre os tópicos dos Programas (ações e atividades, prazos e responsáveis). O Núcleo de Santana do Livramento trabalhou com a metodologia da Matriz Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (FOFA), em reuniões com as coordenações. Após a formulação deste relatório final, as equipes técnicas foram a campo, como meta pactuada no contrato de prestação de serviço, para avaliar e ajustar os planos e programas estabelecidos. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 18 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 4 - CARACTERIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO 4.1. Identificação geral do imóvel 4.1.1. Geral • Denominação do imóvel: Projeto de Assentamento Fazenda São Pedro • Código SNCR: 851.094.016.799-7 • Processo de desapropriação: 01210/008795/85 • Processo do projeto de criação: 41200.004417/86 • Data da criação: 14/10/1986 • Código SIPRA: RS0005000 4.1.2. Específica • Área total do projeto: 2.256,86 hectares • Número de famílias assentadas: 100 famílias. • Área média dos lotes: 25,08 hectares • Número de módulos fiscais: 161,20 • Município: Eldorado do Sul/RS • Zoneamento agroecológico: O zoneamento agrícola (SA/RS, 1978) aponta como culturas preferenciais para o município de Eldorado do Sul: arroz irrigado, alfafa (a oeste), citros (laranja e bergamota, a leste, bergamota e limão, a oeste), sorgo, forrageiras de clima temperado (aveia, azevém, centeio, etc.). • Áreas de preservação permanente: 140,77 Hectares. • Áreas de preservação permanente preservada (mata nativa): • Áreas de preservação permanente a recuperar: • Área de reserva florestal legal exigida por lei: 45,37 Hectares. • Área de reserva florestal legal averbada: Zero. • Capacidade de assentamento do imóvel em termos das famílias: 100 famílias. • Área média das parcelas: 25,08 Hectares. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 19 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro • Número de famílias atual x capacidade de assentamento prevista a portaria de criação: 100 famílias. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 20 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 5 - DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO ASSENTAMENTO 5.1. Localização e Acesso O município de Eldorado do Sul localiza-se na região leste do Estado do Rio Grande do Sul, na microrregião Porto Alegre e dista 10 km de Porto Alegre. Limita-se norte com Charqueadas e Triunfo, a leste com Porto Alegre, ao sul com Guaíba, a sudoeste com Mariana Pimentel e a oeste com Arroio dos Ratos. Pertence ao Corede Metropolitano Delta do Jacuí e enquadra-se na divisão fisiográfica do Estado na região Depressão Central. O acesso ao município se dá pela BR 290 e a BR 116 conforme Figura 1 (INCRA, 2007, p. 3). Figura 1: Localização do município de Eldorado do Sul no Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: INCRA, 2007, p. 3. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 21 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Distâncias em relação ao Centro de Eldorado do Sul: • Porto Alegre:12km • Guaíba: 15 km • Caxias do Sul: 140 Km • Santa Maria: 280 km • Pelotas: 240 km • Osório: 110 km 5.2. Características do Meio Natural 5.2.1. Geologia O município de Eldorado do Sul está inserido predominantemente no Domínio Morfoestrutural dos Depósitos Sedimentares. O sul-sudoeste do município, entretanto, encontra-se no contato com o Domínio Morfoestrutural de Complexos graníticos e situase na região geomorfológica da Depressão Central Gaúcha no contato com a região geomorfológica do Planalto Sulriograndense (IBGE, 1986). O substrato rochoso (Figura 2) é constituído de rochas vulcânicas intrusivas do Grupo Cambaí, formado por migmatitos e granitos associados e pelo granito Canguçú. Depósitos sedimentares do Quaternário, relacionados à Formação Chuí e de Aluviões Recentes, constituem os principais materiais dos quais se formaram os solos deste projeto de assentamento (RIO GRANDE DO SUL, 1974). De granito originaram-se os solos localizados na agrovila do projeto. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 22 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Figura 2: Mapa geológico da região onde se situa o município de Eldorado do Qc Yb PRÉ- PEC CAMBRIANO Qr QUATER-NÁRIO Sul. Sedimentos fluviais atuais e ALUVIÕES sub-atuais: cascalhos, areias, argilas FORMAÇÃO CHUÍ Areias e argilas fluviais e praiais Migmatitos e granitos associados GRUPO CAMBAÍ Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC Granito Canguçú 23 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 5.2.2. Relevo O relevo regional em que se enquadra o município de Eldorado do Sul varia de plano a forte ondulado, o que é característico no contato da Depressão Central Gaúcha com o Planalto Sul-riograndense. As altitudes no município variam de 1 m até cerca de 250 m, com declividades acentuados, estando as áreas mais declivosas geralmente associadas às encostas das partes mais altas situadas a sul e sudoeste do município, enquanto que as planícies, com relevo suave ondulado a plano, ocorrem ao longo dos cursos d’água, principalmente na planície do rio Jacuí e Lago Jacuí. 5.2.3. Rede de Drenagem A rede de drenagem regional apresenta um padrão predominante dendrítico a subdentrítico, distribuída em duas bacias hidrográficas: à do Lago Guaíba e à do Baixo Jacuí, pertencentes à região hidrográfica do Guaíba, de acordo com o Departamento de Recursos Hídricos (DRH) do Estado do Rio Grande do Sul. Ao longo dos cursos d’água secundários existem pequenos açudes. A Figura 3 mostra a rede de drenagem superficial da região e do município de Eldorado do Sul, com base nas cartas topográficas em escala 1:250.000 da região. O projeto de assentamento Colonia Nonoaiense localiza-se na porção sul do município, vinculado à bacia hidrográfica do Lago Guaíba, mais especificamente na sub-bacia do arroio do Conde, que divide o município com o de Guaíba; enquanto que parte do arroio dos Ratos constitui a divisa do município com Charqueadas e com o município de Arroio dos Ratos, na sua porção oeste. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 24 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Figura 3. Rede de drenagem da região do município de Eldorado do Sul Fonte: INCRA, 2007. 5.2.7. Solos No relatório ambiental do Assentamento São Pedro (INCRA, 2007) aparece registrado que as principais classes de solos que ocorrem na região são os Argissolos (aproximadamente 52% do território) e Planossolos (cerca de 37% do território). Com menor expressão encontra-se ainda Neossolos (cerca de 7% do município). Os Neossolos litólicos ocorrem predominantemente nas áreas forte onduladas no extremo sudoeste da região, enquanto que os Neossolos flúvicos nos albardões do Rio Jacuí. Os Argissolos, predominantemente vermelhos, ocorrem nas coxilhas onduladas situadas ao sul e sudoeste da região. Nas áreas planas, de cultivo de arroz, além dos Planossolos, também são encotrados Gleissolos e Plintossolos, este último em superfícies ligeiramente mais elevadas e melhor drenadas que as planícies. Os Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 25 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gleissolos e Plinossolos, por restrição de escala, não foram representados nos mapas de solos citados 5.2.5. Clima Com base no período 1968-1990 do Banco de Dados da Fepagro (Fepagro, 2005), e na estação meteorológica de Guaíba, atualmente localizada no município de Eldorado do Sul, com coordenadas 30°04’25”Se 51°43’42”W e altitude de 46 metros; registra uma temperatura média anual de 18,5°C, tendo em janeiro e fevereiro seus meses mais quentes, com temperatura média de 24,1°C, e em junho seu mês mais frio, com temperatura média de 12,8°C. A precipitação total anual é de 1.335 mm, não havendo grandes diferenças de distribuição entre as estações do ano. A diferença entre a estação mais seca, o verão e a mais chuvosa, o outono, é de apenas 53 mm. O mês que registra a maior precipitação é junho, com 159 mm e o de menor precipitação é dezembro, com 91 mm. Esses valores quando submetidos à classificação proposta por Köppen (1948), indicam um clima do tipo Cfa. Esse tipo climático é característico das regiões de menor altitude do Estado, evidenciando condições subtropicais, com verões quentes de temperaturas médias superiores a 22°C, invernos amenos de temperatura superior a 3°C e distribuição uniforme de precipitação ao longo do ano.. O curso médio do balanço hídrico climático calculado pelo método de Thorthwaite e Mather (Cunha, 1992), para uma capacidade de armazenamento de 75 mm,indica a existência de um déficit hídrico de 36 mm entre os meses de dezembro e fevereiro, sendo janeiro o mês mais crítico, com um déficit de 16 mm. A associação entre as altas temperaturas destes meses, a diminuição dos índices de precipitação e a média capacidade de armazenamento de água no solo explicam a ocorrência desta indisponibilidade de água no verão. Durante o período de maio a novembro há excedente hídrico e nos meses de março e abril não há déficit nem excesso. A soma do excedente no ano resulta num saldo de 474 mm. Junho e agosto são os meses de maior excedente, respectivamente com 131 e 90 mm, justificados pelas baixas temperaturas desta época do ano e precipitação mais elevada. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 26 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 5.2.6. Vegetação No município de Eldorado do Sul encontram-se três regiões fitoecológicas, segundo IBGE (1986), sendo elas a Região Fitoecológica da Floresta Estacional Semidecidual, da Savana1 e das Áreas das Formações Pioneiras (Figura 4). O município possuía, originalmente, 49,7% de Áreas de Formações Pioneiras, 48,9% de Estepe e 1,4% de Floresta Estacional Semidecidual, (Hasenack & Cordeiro, 2006). As Áreas das Formações Pioneiras deste município têm influência fluvial ou lacustre, a Estepe do tipo gramíneo-lenhosa, e a Floresta Estacional Semidecidual do tipo aluvial ou submontana. Quanto à vegetação, a Depressão Central é uma região mista (Rambo,1956). Recebe influência pouco sensível da vegetação do litoral à leste com alguns representantes das restingas. À oeste recebe influência pouco sensível dos campos limpos e secos da Campanha. As duas principais influências que a vegetação da Depressão Central recebe são: da Serra do Sudeste na margem meridional do rio Jacuí e da vegetação da Serra Geral ao norte do mesmo rio. Ainda segundo Rambo (1956), na porção sul do rio Jacuí predomina o campo seco, devido àproximidade com a Serra do Sudeste, repartido por pequenas faixas de matas de galeria e pequenas porções de mata brejosa. Estas matas de galeria assemelham-se muito àquelas da região da Campanha. No lado norte do rio Jacuí também aparece o mosaico de campos, com matas de galeria nas baixadas.. Na região de inundação do rio Jacuí aparecem os juncais e a mata brejosa. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 27 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Figura 4. Regiões fitoecológicas de Eldorado do Sul Fonte INCRA/RS, 2007. Na região das estepes (savana) da Depressão Central, segundo IBGE (1986) dominam gramíneas como Andropogon lateralis (capim-caninha), Paspalum notatum (grama-forquilha), Axonopus compressus (gramatapete-verde), Axonopus fissifolius (grama-jesuíta), Aristida pallens (barba-de-bode), Eryanthus angustifolius (macegaestaladeira), gramíneas mesotérmicas hibernais, como Briza spp., Stipa spp, Piptochaeta spp. e muitas outras gramíneas, ciperáceas, umbelíferas e compostas, que formam agrupamentos muito variados. A Savana (IBGE, 1986) é a formação que cobre maior superfície no RS. Na Depressão Central Gaúcha a Savana está localizada sobre terrenos suave ondulados a ondulados, em altitudes máximas de 300m. Quanto à vegetação florestal Rambo (1956) distingue diversas, sendo as principais formações : matas de galeria, os capões e os parques. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 28 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro As matas de galeria da Depressão Central são mais ricas em espécies e mais volumosas em extensão do que aquelas da Campanha e da Serra do Sudeste, devido à proximidade com a mata virgem da Serra Geral (Floresta Estacional Decidual) e ao solo pantanoso de grandes trechos das margens dos rios e arroios. Nestas florestas são características as seguintes espécies: salgueiro (Salyx humboldtiana), leiterinho (Sebastiania brasiliensis), branquilho (Sebastiania commersoniana), batinga (Eugenia ramboi), sarandi (Sebastiania schottiana), maricá (Mimosa bimucronata), jerivá (Syagrus romanzoffiana), angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), chal-chal (Allophylus edulis), aguaí-mata-olho (Pouteria gardneriana), ingá-de-beira-de-rio (Ingá vera) além de muitas outras. Na região leste da Depressão Central as matas de galeria são enriquecidas com muitas espécies atlânticas que tem aí seu limite de distribuição austral, como por exemplo: canela-ferrugem (Nectandra oppositifolia), guaricana (Geonoma schottiana), ipê-amarelo-da-várzea (Tabebuia umbellata), e outras. Os capões são manchas de mata delimitadas pelo campo por todos os lados. Na sua borda são características espécies heliófitas e xerófitas das formações parque, como a aroeira-salsa (Schinus molle) e a assobiadeira (Schinus polygamus), além de espécies arbustivas principalmente vassouras da família Asteraceae e trepadeiras como o rasga-canela (Dioscorea campestris). Ocorrem também muitas espécies de ampla distribuição que não são seletivas nem de lugares secos nem úmidos, como chá-debugre (Casearia sylvestris), mamica-de-cadela (Zanthoxyllum rhoifolium), camboatávermelho (Cupania vernalis), entre outros. Mais para o interior, aparecem espécies mais características da mata virgem da Serra Geral, como o cedro (Cedrela fissilis), a cangerana (Cabralea canjerana), o louro (Cordia trichotoma), canelas (Ocotea spp e Nectandra spp.). O parque na Depressão Central tem como principal espécie a aroeira-salsa (Schinus molle) disseminada pelo campo, isolada, junto a formações arbustivas, na beira dos capões, ou acompanhada pelo chá-de-bugre (Casearia sylvestris), timbaúva (Enterolobium contortisiliquum), o branquilho (Sebastiania serrata), o esporão-de-galo (Celtis sp.) entre outras. Outro componente importante na região é a vegetação aquática, que pode ser flutuante ou fixa em áreas rasas próximas à margem. Encontra-se principalmente nas Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 29 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro partes sem correntezas dos rios, em curvas ou margens com bancos de sedimentação. As espécies mais características da vegetação flutuante são o aguapé (Eichornia crassipes), o repolho-d’água (Pistia stratiotes), Salvinia sp., Azolla sp., enquanto que as espécies mais características da vegetação aquática enraizada na margem são: o chapéu-de-couro (Echinodorus grandiflorus), Sagittaria montevidensis, Regnelidium diphyllum, entre muitas outras. Os prados úmidos são porções próximas à margem dos rios, e que podem ser inundadas sem reterem água em estagnamento. As gramas são muito baixas e verdes. Deste local também são característicos os maricazais, formação quase homogênea formada pelo maricá (Mimosa bimucronata), que pode aparecer em formação parque ou em densos agrupamentos. Os banhados ou pantanais possuem como característica a dominância de espécies de gramíneas, ciperáceas, o gravatá-do-banhado (Eryngium pandanifolium), a margarida-do-banhado (Senecio bonariensis), a taboa (Tipha dominguensis). Aparecem numerosos indivíduos de corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli), espalhados pelos charcos. 5.2.6. Fauna A mastofauna (mamíferos) nesta região, devido ao intenso uso e ocupação humana, é constituída por espécies tolerantes a este panorama. Do grupo dos Marsupiais, o gambá de orelha branca (Didelphus albiventris) é o mais conhecido na região. Entre o grupo dos Xenarthos (tatus e tamanduás), ocorrem o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), mulitinha – orelhudo (D. Hybridus), mulita (D. septencintus) e o tatu – peludo (Euphractus sexcinctus). O tamanduá mirim (Tamandua tetradactula) é o mais comum da família Mirmecophagidae, encontrado na região, apesar de muito esporadicamente também aparecer o tamanduá – bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Quanto aos primatas, este grupo é representado pela espécie Alouatta guariba clamitans (bugio-ruivo) (PRINTES et al., 2001), atualmente ameaçada de extinção no estado (FONTANA et al, 2003). A Ordem Carnivora é representada por quatro famílias : CANIDAE, MUSTELIDAE, PROCYONIDAE e FELIDAE. O lobo guará (Chrysocyon brachyurus) é o representante deste grupo incluso na categoria ameaçada de Extinção Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 30 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro no RS. O graxaim-do-campo (Lycalopex gymocercus) e o graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), também ocorrem com freqüência. Sete das oito espécies da família FELIDAE registradas no Rio Grande do Sul apresentam possibilidade de ocorrência na Depressão Central: puma (Puma concolor), gato-mourisco (Puma yagouaroundi), gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), gatomaracajá (Leopardus Wiedii), gato-do-mato-grande (Oncifelis geoffroyi), gato palheiro (Oncifelis colocolo) e jaguatirica ( Leopardus pardalis). Essas espécies perduraram após a intensificação dos processos de eliminação dos hábitats, porém são registradas esporadicamente. Da família MUSTELIDA, o furão (Galictis cuja) e o zorilho (Conepatus chinga) são de ocorrência comum em quase todas as regiões do estado. Nos curso d’água ocorre a lontra (Lontra longicaudis) e irara (Eira Barbara), mas esta última de ocorrência muito limitada (Fontana et al, 2003). Além disso, uma grande variedade de espécie de peixes, de cágados e outras espécies ocorre nos cursos d’água. Da família CERVIDAE estão presentes o veado-catingueiro (Mazama gouazoupira), o veado mateiro ( Mazama americana) e o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus ), esta última tipicamente campestre e criticamente ameaçada de extinção no estado (Fontana et al 2003). No grupo dos roedores podemos destacar a ocorrência da capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), ratão-do-banhado (Myocastor coypus), o tuco-tuco (Ctenomys torquatus) e a paca ( Cuniculus paca), esta última em perigo de extinção. As aves nativas são representadas por uma grande variedade de espécies, sendo que as garças, biguás, marrecas, entre outras, encontram-se em grandes bandos nas áreas de cultivo de arroz. 5.3. Diagnóstico Sócio econômico do município 5.3.1 População Em 2007, foram contabilizados 31.316 habitantes no município de Eldorado do Sul (IBGE, 2009g), o que resultou em uma densidade demográfica de 61,4 habitantes Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 31 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro por km². Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2000, 30% dos habitantes viviam no meio rural enquanto 70% estavam no meio urbano (IPEA, 2009). Conforme o Gráfico 1, de 1991 até 2007, a população cresceu 77%. Porém, tem ocorrido uma leve queda nas taxas de crescimento. Observando a variação da população rural e urbana de 1991 a 2000, pode-se se afirmar que o aumento da população residente em Eldorado do Sul se deve tanto ao aumento da população urbana quanto rural, ainda que a variação da população urbana tenha sido mais elevada. A distribuição da renda no município está representada no Gráfico 3, indica de concentração da riqueza muito parecida com a Rio Grande do Sul, em 2000, conforme os Gráficos 4 e 5. Em Eldorado do Sul, 70,29% da população encontra-se no nível de renda que vai desde sem renda até 2 salários mínimos, enquanto que no Rio Grande do Sul a porcentagem de população no mesmo nível de renda é de 67,94%. Gráfico 1: Evolução populacional do município de Eldorado do Sul, entre 1991 e 2007. 35000 nº de habitantes 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 1991 1996 2000 2007 evolução populacional Fonte: IBGE, 2009d, 2009e, 2009f e 2009g. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 32 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 2: População residente no meio rural e urbano do município de Eldorado do Sul entre 1991 e 2000. 30000 nº de habitantes 25000 20000 15000 10000 5000 0 1991 1996 População residente rural 2000 População residente urbana Fonte: IPEA, 2009. Gráfico 3: Renda dos habitantes com idade maior que 10 anos do município de Eldorado do Sul, em 2000. m ai s de 20 20 e sd m ai m ai s de 5 10 a a 10 5 m ai s de 3 a m ai s de 2 1 de m ai s a 3 2 a 1 at é se m re nd im en to nº de habitantes nº de habitantes por faixa de renda 9.000 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 salários Fonte: IBGE, 2009e. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 33 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 4: Renda dos habitantes com idade maior que 10 anos do município de Eldorado do Sul em 2000 (%). 38,41 17,09 14,90 10,17 9,54 6,50 20 20 de m ai s m ai s de de m ai s 10 a 5 3 de m ai s 1,11 a 10 5 a 3 a 2 m ai s de 1 se m m ai s de re nd im at é a 1 2 2,29 en to % da população proporção de habitantes por faixa de renda 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 salários Fonte: IBGE, 2009e. ,98 44 4 2 1, 8 20 ma is de 0 a2 10 de is ma ma is de 5a 3a de ma is de is ma 10 5 3 2a 2 ma is de 1a at é en se m re nd im 1 3 ,5 2 8, 8, 8 9, 4 4 15 17 ,93 ,04 34 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 to % pop ulação Gráfico 5: Renda dos habitantes com idade maior que 10 anos do Rio Grande do Sul em 2000 (%). Renda (nº de salários) Fonte: IBGE, 2009e. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 34 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 5.3.2 Economia Histórico O município de Eldorado do Sul foi criado em 8 de junho de 1988. Porém, sua historia começa na metade do século XVIII, quando foi ocupado por estancieiros açorianos pertencentes ao grupo pioneiro Jerônimo de Ornellas. Em 1930 a região a margem direita do Guaíba começou a ser ponto turístico como balneário e também um meio de transporte para se chegar a capital. Em 1960 surgiu o balneário de Sans Souci graças a colonizadores alemães. Até essa data a região era composta por propriedades particulares que se dedicavam à pecuária e produção de arroz. Nesse período as áreas começaram a serem fracionadas em chácaras e lotes menores e assim vendidas com fins de moradia. Nos anos 70 houve aumento na procura dessas áreas dando origem a Vila Medianeira. O crescimento populacional foi intenso na década de 70 até inicio de 80 e após muitas reivindicações em 1985 começaram os trabalhos de emancipação buscando melhorias para os bairros, Medianeira, Itaí, Bom Retiro, Sans Souci, Picada e Guaíba Country Club. O nome do município significa Terra Do Ouro e hoje possui na sua economia, a indústria, 242 contribuintes, o comércio, 3599 contribuintes e autônomos, 8334 contribuintes. O município de Eldorado do Sul ainda conta com a produção da agricultura familiar e de assentamentos, com produção basicamente de arroz irrigado, leite, hortaliças, acácia e produtos de ciclos curtos e destinados a alimentação das famílias e vendendo o excedente. Existe uma concentração de grandes granjas produtoras de arroz convencional, há muito tempo, o carro chefe da agricultura do município. Produto Interno Bruto No ano de 2006, o município de Eldorado do Sul apresentou um PIB de R$ 754.083.000,00 e um PIB per capita de R$ 21.961,00 (IBGE, 2009l). O PIB do município, em 2006, foi composto conforme o Gráfico 6. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 35 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 6: Composição do PIB do município em 2006. Composição do PIB 12% 2% 30% 56% Valor adicionado na agropecuária Valor adicionado na Indústria Valor adicionado no Serviço Impostos sobre produtos líquidos de subsídios Fonte: IBGE, 2009l. Atividades Econômicas As seções de classificação de atividades econômicas do município estão descritas na Tabela 1. Para identificar as principais atividades econômicas do município, apresenta-se na Tabela 1, além do pessoal ocupado, o coeficiente locacional. O coeficiente locacional (QL) “indica a concentração relativa de uma determinada indústria numa região ou município comparativamente à participação desta mesma indústria no espaço definido como base” (SUZIGAN et al 2003, p. 46)2. No caso da Tabela 1 indica a concentração relativa do pessoal ocupado em determinada seção de atividades econômicas no município de Eldorado do Sul comparativamente à 2 Passos do cálculo do QL em Suzigan et al (2003, p. 46). Em suma o coeficiente locacional indica o grau de concentração do pessoal ocupado nas diferentes atividades econômicas o que pode ser um indicador de especialização nesta atividade. Um QL igual a 1 indica que relativamente ao espaço base, não há concentração relativa, ou seja o município possui a mesma proporção de pessoas ocupadas nesta atividade que o Estado. Um QL elevado indica especialização setorial (nos caso de análise de setores industriais) ou concentração de pessoal ocupado relativamente ao espaço base e, inversamente um QL abaixo de 1 indica que o município é menos especializado em determinada atividade do que a média do Estado. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 36 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro concentração do pessoal ocupado nas seções de atividade econômica no Estado do Rio Grande do Sul. Como se pode observar, o município de Eldorado do Sul apresenta concentração de pessoal ocupado relativamente maior que o Estado do Rio Grande do Sul nas seções de atividade: Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas; Transporte, armazenagem e comunicações; Indústrias de transformação; e Indústrias extrativas. Tabela 1: Pessoal ocupado e coeficiente locacional das seções de classificação de atividades do município de Eldorado do Sul3. Seção de classificação de atividades A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal B Pesca C Indústrias extrativas D Indústrias de transformação E Produção e distribuição de eletricidade, gás e água F Construção G Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos H Alojamento e alimentação I Transporte, armazenagem e comunicações J Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados K Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas L Administração pública, defesa e seguridade social M Educação N Saúde e serviços sociais O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais P Serviços domésticos Q Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais Pessoal ocupado QL 26 28 2749 11 215 1345 180 704 0,28 1,21 1,25 0,21 0,35 0,57 0,55 1,45 33 3111 962 36 24 102 - 0,18 3,82 0,69 0,13 0,07 0,29 - Fonte: Elaboração com base em IBGE, 2009b e Suzigan et al, 2003. A partir de dados da Rais 2000, a Redesist (2009) apresenta o QL em termos de número de estabelecimentos/unidades locais para indústrias extrativas e de transformação, conforme Tabela 2. Estes dados indicam especialização espacial relativa do município, para o ano de 2000, nos setores de Óleos vegetais, Rações, 3 Os dados com menos de 3 (três) informantes estão desidentificados com o caracter X. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 37 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Eletrônicos e de comunicação, Arroz, Celulose e papel, Máquinas, equipamentos e instalações e Outros produtos minerais não metálicos. Tabela 2: Coeficiente locacional dos setores da Indústria extrativa e de transformação do município de Eldorado do Sul. Setores de atividades – Ind. Extrativa e de Transformação Óleos Vegetais Rações Eletrônicos e de Comunicação Arroz Celulose e Papel Máquinas, Equipamentos e Instalações Outros Produtos Minerais Não Metálicos Extração Minerais Não Metálicos Plásticos Produtos Diversos Outros Produtos Metalúrgicos Borracha Outras Indústrias Alimentares Automobilística Produtos Químicos Diversos Metalurgia de Não Ferrosos Siderurgia Cimento Calçados Madeira QL 66.56 33.37 6.47 6.23 4.83 4.61 2.54 0.94 0.78 0.30 0.19 0.15 0.07 0.07 0.05 0.03 0.02 0.02 0.01 0.01 Fonte: Redesist, 2009. Zoneamento agroecológico Segundo a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul (1994 apud INCRA, 2007, p. 8), o zoneamento agrícola aponta como culturas preferenciais para o município arroz irrigado, alfafa (à oeste), citrus (laranja e bergamota, à leste; bergamota e limão, à oeste), sorgo, forrageiras de clima temperado (aveia, azevém, centeio, etc). É tolerado o cultivo de da alfafa (à leste), cebola, alho, citrus (limão, à leste; laranja, à oeste), mandioca e soja. Entretanto, o déficit hídrico pode ser um empecilho para culturas de verão não irrigadas. O município é considerado marginal para as culturas tradicionais como fumo (em grande parte, exceto à sudeste, onde é inapto), feijão, milho, pessegueiro e trigo (à oeste), e inapto para abacaxi, banana, batatinha, trigo (à leste), videiras americana e européia. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 38 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Atividades Agropecuárias As principais atividades agropecuárias do município de Eldorado do Sul foram consideradas sob três aspectos, para cada setor agropecuário (pecuária, lavoura permanente, lavoura temporária e, extrativismo e silvicultura): valor da produção4; coeficiente de produtividade por habitantes5 (QPH); e coeficiente de produtividade por área6 (QPA). Na Tabela 3 apresentam-se as quantidades produzidas, o QPH e o QPA da produção pecuária do município de Eldorado do Sul. Pode-se observar que há especialização comparativamente ao Estado do Rio Grande do Sul na produção de bubalinos e de coelhos. 4 O IBGE não apresenta valores monetários para a produção pecuária. O coeficiente de produtividade por habitantes (QPH) está baseado na metodologia do cálculo do QL. A fórmula para seu cálculo é: QPH= (quantidade produzida do produto X no município Y / nº de habitantes do município Y) / (quantidade produzida do produto X no Estado do Rio Grande do Sul / nº de habitantes do Rio Grande do Sul). Por exemplo, um QPH de índice 2 significa dizer que a quantidade produzida por habitantes no município é 100% maior que a mesma relação para o Estado, inversamente, índice 0,5 é equivalente a dizer que a produtividade por habitantes do município é 50% menor do que esta relação para o Estado. 6 O coeficiente de produtividade por área (QPA) está baseado na metodologia do cálculo do QL. A fórmula para seu cálculo é: QPH= (quantidade produzida do produto X no município Y / área do município Y) / (quantidade produzida do produto X no Estado do Rio Grande do Sul / área do Rio Grande do Sul). Por exemplo, um QPA de índice 2 significa dizer que a quantidade produzida por área total do município é 100% maior que a mesma relação para o Estado, inversamente, índice 0,5 é equivalente a dizer que a produtividade por área total do município é 50% menor do que esta relação para o Estado. 5 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 39 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 3: Produção pecuária do município de Eldorado do Sul. Pecuária do município Bovinos - efetivo dos rebanhos Eqüinos - efetivo dos rebanhos Bubalinos - efetivo dos rebanhos Asininos - efetivo dos rebanhos Muares - efetivo dos rebanhos Suínos - efetivo dos rebanhos Caprinos - efetivo dos rebanhos Ovinos - efetivo dos rebanhos Galos, frangas, frangos e pintos - efetivo dos rebanhos Galinhas - efetivo dos rebanhos Codornas - efetivo dos rebanhos Coelhos - efetivo dos rebanhos Vacas ordenhadas - quantidade Ovinos tosquiados - quantidade Leite de vaca - produção - quantidade Ovos de galinha - produção - quantidade Ovos de codorna - produção - quantidade Mel de abelha - produção - quantidade Casulos do bicho-da-seda - produção - quantidade Lã - produção - quantidade Unidade Quantidade cabeças 11.255 cabeças 558 cabeças 394 cabeças cabeças cabeças 172 cabeças 109 cabeças 991 cabeças 7.375 cabeças 1.980 cabeças cabeças 290 cabeças 648 cabeças 883 Mil litros 1.421 Mil dúzias 17 Mil dúzias Kg 12.644 Kg Kg 4.989 QPH 0,27 0,41 1,88 0,01 0,39 0,08 0,02 0,03 1,06 0,15 0,09 0,14 0,02 0,58 0,16 QPA 0,44 0,68 3,07 0,02 0,64 0,14 0,03 0,05 1,73 0,25 0,14 0,24 0,03 0,94 0,26 Fonte: Elaboração a partir de IBGE, 2009k. As principais atividades agrícolas7, em valor, do município em 2008 foram: - Lavoura permanente: Laranja (R$ 141.000,00); - Lavoura temporária: Arroz (R$ 23.080.000,00), Melancia (R$ 1.150.000,00) e Batata-doce (R$ 506.000,00); - Extração vegetal e silvicultura: Madeira em tora (R$ 7.166.000,00); Madeira em tora para papel e celulose (R$ 5.143.000,00) e Madeira em tora para outras atividades (R$ 2.022.000,00). Como se pode observar na Tabela 4, o município de Eldorado do Sul só produz, em termos de lavoura permanente, laranja e não é especializado nesta atividade comparativamente ao Estado do Rio Grande do Sul. 7 Serão apresentados apenas os 3 principais produtos, em valor, de cada categoria, quando houver 3 ou mais produtos em cada categoria que são produzidos no município. São elas: Lavoura permanente, Lavoura temporária (IBGE, 2009) e Extração vegetal e silvicultura (IBGE, 2009). Portanto, podem não aparecer nesta listagem produtos com valor monetário mais acentuados do que os que aparecem em categorias diferentes. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 40 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 4: Coeficientes de produtividade (QPH e QPA) da lavoura permanente do município de Eldorado do Sul. Lavoura Permanente do município Laranja QPH 0,36 QPA 0,59 Fonte: IBGE, 2009i. Na Tabela 5, pode-se observar que comparativamente à produção de lavoura temporária do Estado do Rio Grande do Sul, o município de Eldorado do Sul apresenta especialização na produção de melancia, arroz e batata-doce. Tabela 5: Coeficientes de produtividade (QPH e QPA) da lavoura temporária do município de Eldorado do Sul. Lavoura Temporária do município Arroz (em casca) Batata – doce Cana-de-açúcar Cebola Feijão (em grão) Fumo (em folha) Mandioca Melancia Milho (em grão) QPH 2,53 1,68 0,11 0,00 0,16 0,06 0,20 3,56 0,01 QPA 4,14 2,74 0,17 0,00 0,27 0,10 0,33 5,83 0,02 Fonte: IBGE, 2009i. A extração vegetal e silvicultura do município de Eldorado do Sul apresenta uma forte especialização, em termos de produtividade comparada com a do Estado do Rio Grande do Sul, na produção de madeira em tora para papel e celulose, madeira em tora e madeira em tora para outras finalidades, conforme a Tabela 6. Tabela 6: Coeficientes de produtividade (QPH e QPA) da extração vegetal e silvicultura do município de Eldorado do Sul. Extração vegetal e silvicultura do município Produtos da Silvicultura - madeira em tora Produtos da Silvicultura - madeira em tora para papel e celulose Produtos da Silvicultura - madeira em tora para outras finalidades QPH 11,72 23,87 5,11 QPA 19,16 39,03 8,35 Fonte: IBGE, 2009j. Agroindústrias rurais No município de Eldorado do Sul pode-se observar que há uma quantidade mais expressiva de agroindústrias rurais que utilizam matérias-primas derivadas da produção Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 41 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro pecuária, destacando-se as agroindústrias de queijo e/ou requeijão, manteiga e embutidos. Há, também agroindústrias de doces e geléias e uma agroindústria aguardente de cana. Tabela 7: Agroindústrias rurais8. Agroindústria Arroz em grão Fubá Café torrado em grão Café torrado e moído Farinha de mandioca Tapioca e/ou goma Algodão em caroço Algodão em pluma Queijo e/ou requeijão Manteiga Aguardente de cana Rapadura Polpa de frutas Doces e geléias Carne tratada Embutidos Carvão vegetal Produtos derivados de madeira Estabelecimentos Produção com matéria-prima Própria (t) 19 4 1 11 1 - Adquirida (t) 8 1 x 3 x - Quantidade vendida (t) 3 x - 7 x - x - x - Valor da produção (1 000 R$) 31 1 x 3 x - Fonte: IBGE, 2009c. As principais linhas de produção dos assentamentos de Eldorado do Sul , são o arroz orgânico e o convencional, a hortas, padarias familiares e a produção de Leite. O arroz orgânico é certificado pela IMO e comercializado através da COOTAP, COOPAT e COOPAN .São essas cooperativas pertencentes aos assentados da região e a dos municípios de Tapes e Nova Santa Rita. Arroz convencional e o arroz orgânico sem certificação é comercializado através de uma empresa parceira aqui da região a Rampinelli. Empresa essa de grande porte com sede em Forquilhinhas/SC, possui uma de suas unidades no município de Eldorado do Sul, relativamente perto do assentamento Padre Josimo, em torno de 2,5 km, do assentamento Colônia Nonoaiense, 2 km e do mais novo assentamento do município, o Apolônio de Carvalho, ficando aproximadamente 9 km de distância. 8 Os dados com menos de 3 (três) informantes estão desidentificados com o caracter X. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 42 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro A Cerealista Forquilhinha, que tem como marca o produto Arroz Rampinelli, compra o arroz convencional de grande parte das famílias assentadas. Segundo as famílias, normalmente esse engenho financia a semente, o adubo e a uréia para as famílias. Esse financiamento é pago no final da safra de produção de arroz. As hortas e padarias familiares (dentro dos assentamentos) comercializam seus produtos no município nas feiras e em Porto Alegre na feira agroecológica. O leite começou a ser recolhido por uma rota própria através da Cootap e hoje entrega por volta de 70mil litros de leite na COSUEL , além dessas empresas algumas famílias entregam para outras empresas e comercializam ainda leite e derivados in natura. As famílias assentadas participam direta ou indiretamente de alguns projetos e programas da região entre eles o Programa Leite Sul, Terra Sol – Somar. Sendo que, através desse está sendo realizado o projeto da construção do silo secador que beneficiará assentados da região. Este será construído no PA Apolônio De Carvalho. Algumas famílias estão na produção da merenda escolar, sendo diversos os produtos a serem entregues, essas famílias formaram grupos dentro dos assentamentos para planejar a produção, bem como a comercialização desses produtos, sendo essas uma grande aposta das famílias assentadas no município de Eldorado do Sul. 5.3.3 Condição do produtor Os dados apresentados no Censo Agropecuário 2006 permitem observar que o município de Eldorado do Sul possui uma proporção de estabelecimentos cujo produtor é assentado sem titulação (12%) muito acima da proporção desta condição de produtor referente ao Estado do Rio Grande do Sul (1,5%). A área ocupada cujo produtor é assentado sem titulação no município de Eldorado do Sul (3,5%), também é maior que a proporção ocupada no Estado (0,8%), no entanto, esta proporção ainda é muito baixa. Conforme Gráficos 7 e 8. A maior parte dos estabelecimentos do município pertencem a proprietários privados (257 estabelecimentos). Somando os estabelecimentos de assentados sem Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 43 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro titulação e ocupantes obtem-se 87, o que representa mais de 22% do número de estabelecimentos, conforme o Gráfico 9. No entanto, a área ocupada por produtores nestas condições é muito baixa (somados representam 4,5% da área ocupada) comparativamente a estabelecimentos cujo produtor está em situação diferente (proprietários, arrendatários e parceiros), conforme o Gráfico 10. Isto pode ser notado com mais clareza no Gráfico 11 que apresenta a área média dos estabelecimentos, pode se notar que, em média, as áreas média ocupadas por proprietários, arrendatários e parceiros, chegam a ser 5 vezes maior que a dos assentados sem titulação, pode se notar também que a área média dos estabelecimentos cujo produtor é ocupante chega a ser irrisória se comparada com a média das demais categorias de estabelecimentos. (%) Gráfico 7: Condição do produtor, segundo o número de estabelecimentos. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 ria óp Pr s n se As do ta se m t ç la it u ão va iti in f de s da r Ar da en Rio Grande do Sul rc Pa ia er O d pa cu as Eldorado do Sul Fonte: IBGE, 2009c. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 44 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro cu pa d as er ia As se n ta do se m tit ul aç ão Ar r O en de Pa rc pr ia Pr ó da da s fi n iti va 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 s (%) Gráfico 8: Condição do produtor, segundo a área ocupada. Rio Grande do Sul Eldorado do Sul Fonte: IBGE, 2009c. Gráfico 9: Número de estabelecimentos em Eldorado do Sul, segundo a condição do produtor. nº de estabelecimentos Número de estabelecimentos 300 257 250 200 150 100 49 43 50 12 Próprias Assentado sem titulação definitiva Arrendadas Parceria 38 Ocupadas número de estabelecimentos Fonte: IBGE, 2009c. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 45 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 10: Área total ocupada pelos estabelecimentos em Eldorado do Sul, segundo a condição do produtor. Área ocupada 30 000 24 615 hectares 25 000 20 000 15 000 10 000 5 000 1 012 Próprias Assentado sem titulação definitiva 2 717 553 Arrendadas Parceria 290 Ocupadas área ocupada Fonte: IBGE, 2009c. Gráfico 11: Área média ocupada pelos estabelecimentos em Eldorado do Sul, segundo a condição do produtor. hectares/estabelecimento Área média dos estabelecimentos 120,00 100,00 95,78 80,00 63,19 60,00 46,08 40,00 20,64 20,00 0,13 0,00 Próprias Assentado sem titulação definitiva Arrendadas Parceria Ocupadas área média dos estabelecimentos Fonte: IBGE, 2009c. 5.3.4 Saúde Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 46 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Segundo o IBGE (2009a), em 2005, contabilizava-se 04 estabelecimentos de saúde no município de Eldorado do Sul, todos públicos municipais. Não há leitos hospitalares no município. Faltam vários equipamentos hospitalares essenciais no município, como pode ser observado na Tabela 8. Há 04 estabelecimentos com atendimento ambulatorial, todos com atendimento médico em especialidades básicas e atendimento odontológico com dentista e 02 com atendimento médico em outras especialidades, conforme Tabela 9. Há apenas um estabelecimento que presta atendimento emergencial com cinco especialidades (pediatria, obstetrícia, clinica, traumato ortopedia e outros), Tabela 10. Há 04 estabelecimentos que prestam serviço ao SUS Ambulatorial, 1 que presta atendimento emergencial e 1 que oferece leitos para a internação, nenhum oferece serviço para o SUS Emergência. O número de médicos residentes para cada mil habitantes passou de 0,4, em 1991, para 0,64, em 2000. A proporção de médicos residentes (por mil hab.) do município de Eldorado do Sul está abaixo da média do Estado do Rio Grande do Sul, além de ter apresentado uma leve queda enquanto que a do Estado aumentou no período, conforme o Gráfico 12 (IPEA, 2009). Tabela 8: Equipamentos hospitalares no município. Mamógrafo com comando simples Mamógrafo com estéreo-taxia Raio X para densitometria óssea Tomógrafo Ressonância magnética Ultrassom doppler colorido Eletrocardiógrafo Eletroencefalógrafo Equipamento de hemodiálise Raio X até 100mA Raio X de 100 a 500mA Raio X mais de 500mA 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 1 0 Fonte: IBGE, 2009a. Tabela 9: Estabelecimentos de saúde com atendimento ambulatorial. Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com especialidades básicas Estabelecimentos de Saúde com outras especialidades atendimento ambulatorial total atendimento ambulatorial sem atendimento médico atendimento ambulatorial com atendimento médico em 4 0 4 atendimento ambulatorial com atendimento médico em Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 2 47 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Estabelecimentos de Saúde com atendimento ambulatorial com atendimento odontológico com dentista 4 Fonte: IBGE, 2009a. Tabela 10: Estabelecimentos de saúde com atendimento emergencial. Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com Estabelecimentos de Saúde com atendimento de emergência total atendimento de emergência Pediatria atendimento de emergência Obstetrícia atendimento de emergência Psiquiatria atendimento de emergência Clínica atendimento de emergência Cirurgia atendimento de emergência Traumato Ortopedia atendimento de emergência Neuro Cirurgia atendimento de emergência Cirurgia Buco Maxilofacial atendimento de emergência Outros 1 1 0 1 1 0 1 0 0 1 Fonte: IBGE, 2009a. Gráfico 12: Médicos residentes no município de Eldorado do Sul para cada mil habitantes. Médicos residentes (por mil habitantes) 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 1991 2000 Eldorado do Sul Rio Grande do Sul Fonte: IPEA, 2009. 5.3.5 Educação No município de Eldorado do Sul, em 2008, 98% dos estudantes freqüentavam escolas públicas. Os estudantes do ensino fundamental são os que mais dependem das instituições públicas de ensino. Com relação a alunos por professor, no nível préescolar de escolas privadas a relação é mais alta, porém, no nível fundamental a relação nas escolas públicas é o dobro da relação nas escolas privadas. Não há Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 48 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro escolas de ensino médio privadas no município. 97% dos docentes são funcionários das escolas públicas e mais de 94% das escolas são públicas. Não há instituições de ensino superior no município. A relação de alunos matriculados em escolas públicas e privadas pode ser observada no Gráfico 13. O número de docentes em escolas públicas e privadas está apresentado no Gráfico 14. A relação alunos por professor em escolas públicas e privadas, no Gráfico 15. E, o número de escolas públicas e privadas no Gráfico 16. Gráfico 13: Número de alunos matriculados em escolas públicas e privadas em 2008. nº de alunos matriculados 6000 5523 5000 4000 3000 2000 1000 1216 403 114 31 0 0 0 0 Pré-Escola Ensino Fundamental escolas públicas Ensino Médio Ensino Superior escolas privadas Fonte: INEP, 2009a e 2009b. Gráfico 14: Número de docentes em escolas públicas e privadas em 2008. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 49 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 250 228 nº de docentes 200 150 100 45 36 50 9 2 0 0 0 0 Pré-Escola Ensino Fundamental escolas públicas Ensino Médio Ensino Superior escolas privadas Fonte: INEP, 2009a e 2009b. Gráfico 15: Relação alunos por professor em escolas públicas e privadas em 2008. nº de alunos por professor 30 25 20 15 10 5 0 Pré-Escola Ensino Fundamental escolas públicas Ensino Médio Ensino Superior escolas privadas Fonte: INEP, 2009a e 2009b. Gráfico 16: Escolas públicas e privadas em 2008. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 50 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 20 18 nº de escolas 18 16 14 12 10 10 8 6 3 4 2 1 1 0 0 0 0 Pré-Escola Ensino Fundamental escolas públicas Ensino Médio Ensino Superior escolas privadas Fonte: INEP, 2009a e 2009b. 5.3.6 Domicílios Condições domiciliares No município de Eldorado do Sul, o número de domicílios aumentou em 66% entre 1991 e 2000. O número de domicílios particulares permanentes e com instalação elétrica é muito próximo do total de domicílios e apresentou uma variação praticamente igual no período. Já o número de domicílios instalações sanitárias apresentou uma brusca queda, em 1991 representava 35% do total de domicílios e em 2000 não chegou a 1%9 (IPEA, 2009). No Gráfico 17 podem-se observar as condições dos domicílios de Eldorado do Sul. Gráfico 17: Condições domiciliares do município de Eldorado do Sul entre 1991 e 2000. 9 Apesar de que a fonte da informação seja confiável, acredita-se que ela esteja equivocada. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 51 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 28000 nº de domicílios 24000 20000 16000 12000 7918 8000 4757 4736 7826 7743 4394 4000 1662 73 0 1991 2000 total dedomicílios dom. particulares permanentes dom. com instalações elétricas dom. com instalações sanitárias Fonte: IPEA, 2009. Padrão de consumo Baseado na metodologia de pesquisa participativa de mercado (ASSUMPÇÃO, 2009, p. 25-32), calculou-se a estimativa de consumo de produtos alimentícios no município de Eldorado do Sul, utilizando dados da POF 2002-2003 e do Censo demográfico de 2000. A estimativa abrange mais de 400 produtos, porém selecionou-se apenas aqueles de maior destaque ou aqueles que são reconhecidos como produtos rotineiros da alimentação. A elaboração desta estimativa deverá servir futuramente para dar parâmetros às famílias para fazerem o planejamento de sua produção. Tabela 11: Estimativa de consumo de produtos alimentícios para o município de Eldorado do Sul. Produtos alimentícios Arroz Milho Feijão Hortaliças folhosas e florais Hortaliças frutosas (inclui cebola e tomate) Cebola Tomate Hortaliças tuberosas (inclui alho, batatas, cenoura e mandioca) Alho Batata inglesa Batata doce Cenoura Mandioca Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC tn/ano 379,2 76,4 147,8 51,1 160,2 57,0 53,7 306,9 1,5 129,1 23,3 19,9 105,2 52 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Abacate Abacaxi Banana Goiaba Laranja Limão Mamão Manga Maracujá Melancia Melão Tangerina Caqui Maçã Pêra Pêssego Uva Carnes bovinas de primeira Carnes bovinas de segunda Carnes bovinas outras Carnes suínas com osso e sem osso Carnes suínas outras Carnes de outros animais Pescados de água salgada Pescados de água doce Pescados não-especificados Aves Ovos Leite de vaca fresco Leite de vaca pasteurizado Queijos e requeijão Iogurte Manteiga Mel de abelha 1,5 3,3 112,4 0,0 64,5 1,9 18,4 8,1 0,9 43,1 4,7 30,0 1,7 32,2 1,8 7,7 9,4 55,0 157,6 98,9 80,6 61,3 30,0 6,0 3,6 7,0 243,8 55,9 284,8 490,7 26,6 30,3 2,1 4,7 Fonte: Elaboração a partir de Assumpção, 2009, IBGE, 2009e e 2009h 5.3.7 Políticas públicas Bolsa família Segundo o IPEA (2009), em Eldorado do Sul, o número de famílias beneficiadas, em dezembro, com transferências de renda pelo Programa Bolsa Família passou de 1377, em 2006, para 1297, em dezembro de 2007, caindo para 1122, em dezembro de 2008. As transferências são mensais, assim como as variações no número de famílias, mas os dados apresentados no IPEADATA referem-se somente às famílias Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 53 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro beneficiadas no mês de dezembro de cada ano de referência. Já valor nominal total, em dezembro, dos benefícios de transferência de renda pelo Programa Bolsa Família aumentaram 13,3% entre 2006 e 2008. Em dezembro de 2008 o valor médio pago por beneficiário foi de R$ 80,49. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS, 2009) divulgou que em maio de 2009, no município de Eldorado do Sul, 1160 famílias foram beneficiadas pelo Programa Bolsa Família e o valor total nominal dos benefícios foi de R$ 94.940,00, 5% maior do que valor nominal total de dezembro de 2008. Neste período o valor médio pago por beneficiário também foi de R$ 81,84. Proger Os Programas de Geração de Emprego e Renda (PROGER) são um conjunto de linhas especiais de crédito que tem por objetivo gerar e manter emprego e renda. Faz parte do Programa do Seguro-Desemprego, complementando outras ações integradas da Política Pública de Emprego, como a qualificação profissional e a intermediação ao emprego. Os recursos são provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, e este, por sua vez, advém, em sua maioria, das contribuições devidas ao PIS e ao PASEP. O relatório estatítico do PROGER para o município de Eldorado do Sul para o ano de 2007 está apresentado na Tabela 12. Tabela 12: PROGER no município de Eldorado do Sul em 2007. Agente BB BB BB BB BB BB BB BB BB Programa Modelo de financiamento FAT-GIRO RURAL Capital de Giro FAT-MATERIAL DE CONSTRUÇÃO PROGER URBANO PROGER URBANO PROGER URBANO PROGER URBANO PROGER URBANO PROGER URBANO PRONAF Aquisição de mat. de constr. Capital de Giro Capital de Giro Capital de Giro Investimento Investimento Investimento Custeio Agrícola Público Alvo Coop e assoc. de prod. Pessoas físicas PMEs PMEs PMEs PMEs PMEs Professores PMEs Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC Qtd de operações Valor contratado 1 2.226.885,00 20 24.628,31 65 30 42 3 3 1 17 150.742,65 61.146,32 31.209,77 118.184,00 98.436,08 2.965,00 34.136,00 54 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro BB PRONAF BB PRONAF BB PRONAF BNDES PRONAF CAIXA CAIXA CAIXA Total PROGER URBANO PROGER URBANO PROGER URBANO Custeio Pecuário Investimento Agrícola Investimento Pecuário Investimento Agrícola Capital de Giro Capital de Giro Investimento PMEs 11 17.534,00 PMEs 11 99.000,00 PMEs 1 6.000,00 PMEs 1 14.959,82 PMEs PMEs PMEs 1 1 1 209 29.960,00 11.207,53 89.703,21 3.016.697,69 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE, 2009) Como se pode observar através da Tabela 12, há uma desigualdade nas linhas de crédito dos programas de geração de emprego e renda. De um total de 209 operações, uma delas foi beneficiada com financiamento que corresponde a 74% do total de recursos do FAT para o município. 5.3.8 Indicadores de pobreza e desigualdade O índice de Gini10 do município de Eldorado do Sul, que mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita, era 0,42 em 2003 (IBGE, 2009e e 2009h). O índice de desenvolvimento humano (IDH)11 do município de Eldorado do Sul era 0,74 em 1991, que corresponde a um nível médio de desenvolvimento, já em 2000 o IDH passou a ser de 0,803, considerado como um alto grau de desenvolvimento, conforme o Gráfico 18. 10 “Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula)”. Disponível em http://www.pnud.org.br/popup/pop.php?id_pop=97. 11 “É obtido pela média aritmética simples de três subíndices, referentes a Longevidade (IDHLongevidade), Educação (IDH-Educação) e Renda (IDH-Renda)”. “Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um”. Disponível em http://www.pnud.org.br/idh/. “O IDH até 0,499 expressa baixo desenvolvimento humano. Índices entre 0,5 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano. IDH superior a 0,8 indica desenvolvimento humano alto.” Disponível em http://www2.camara.gov.br/homeagencia/materias.html?pk=71308. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 55 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 18: Índice de Desenvolvimento Humano do Município de Eldorado do Sul. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 0,81 0,8 0,79 0,78 0,77 0,76 0,75 0,74 0,73 0,72 0,71 0,7 0,803 0,74 1991 2000 Fonte: IPEA, 2009. 6. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO 6.1 Condições Físicas e Edafo-climáticas do Assentamento 6.1.1. Solos Segundo o Relatório Ambiental do INCRA 2007, os tipos de solos encontrados para o solo do município de Eldorado do Sul, são: Argissolo Vermelho-Escuro Àlico Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 56 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro PE a7 - Podzólico Vermelho-Escuro álico e distrófico Tb abrupto e não abrupto. A moderada textura arenosa/argilosa e média/argilosa + Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado textura média relevo suave ondulado. Neossolo Litólico Ae1 – Solos Aluviais eutróficos e distróficos A moderada textura indisc. relevo plano. Rd9 – Associação Complexa de Solos Litólicos distróficos A moderado e proeminente textura média casc. migmatito com Cambissolo distrófico Tb A moderado e proeminente textura média casc. e arg. casc + Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico TB A moderado textura média cascalho./arg. relevo forte ondulado e montanhoso + Afloramentos de Rocha. Planossolo PLe2 – Planossolo eutrófico Ta A moderado textura arenosa/média e média/argilosa + Glei Pouco Húmico eutrófico Ta A moderado textura média e argilosa relevo plano. 6.1.2. Relevo O relevo do PA São Pedro foi analisado a partir de dados altimétricos das cartas em escala 1:50.000 da DSG, utilizados para a elaboração de um Modelo Numérico do Terreno (MNT) e cálculo das declividades. A Figura 10 e a Tabela 11 mostram, respectivamente, a distribuição espacial e a superfície ocupada por diferentes faixas altimétricas no imóvel. A Figura 6 e a Tabela 21 mostram, respectivamente, a distribuição espacial e a superfície ocupada por diferentes faixas de declividade. Analisando-se esses dados pode-se observar que o relevo do imóvel correspondente ao PA São Pedro é predominantemente plano. As altitudes variam aproximadamente entre 20 e 260 metros. As declividades se distribuem de forma Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 57 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro relativamente homogênea pelo imóvel, com a predominância de inclinações muito suaves. A maior parte da área apresenta inclinações inferiores a 5%, em torno de 1.410, 6 ha constitui pendentes bastante suaves que totalizam aproximadamente 60,07% da superfície total do imóvel. As áreas com mais de 5% de inclinação são menos expressivas, constituindo principalmente áreas de relevo suave ondulado e forte ondulado, em torno de 93,69 ha, 39,93% da área. Desse total, em torno de 3, 76 ha (0,16%), são Áreas de Uso Restrito. Tabela 20. Área ocupada pelas diferentes faixas de declividade no PA São Pedro. Faixa de declividade (m) 0 a 5% 5 a 10% 10 a 15 % 15 a 25 % 25 a 47% 47 a 100% Total Área (ha) 1.410,60 341,59 289,68 223,80 78,86 3,76 2.348,29 Área (%) 60,07 14,55 12,34 9,53 3,36 0,16 100,00 Fonte: INCRA, 2007. Figura 4. Faixas de altitude no PA São Pedro. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 58 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Fonte: INCRA, 2007. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 59 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Figura 5. Faixas de declividade no PA São Pedro. Fonte: INCRA, 2007. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 60 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Devido o assentamento ser muito grande e dividido pela BR 290, tem uma diferenciação grande entre o relevo do PA nos dois lados da BR, proporcionando uma diferenciação muito grande entre a paisagem e a diversidade de culturas desenvolvidas no PA. 6.1.3 Recursos hídricos O imóvel tem um arroio (denominado Arroio do Pesqueiro), o qual divide parte o imóvel. Além deste arroio encontra-se um canal de irrigação e suas derivações, o qual fornece ao imóvel água recalcada do rio Jacuí, após passar por outras três propriedades. Também tem dois poços artesianos para o abastecimento humano e de animais através de bebedouros. O imóvel não tem açudes artificiais, provavelmente devido à falta de declividade do terreno e por conseqüente, falta de uma bacia de captação. (Fonte: Laudo de Avaliação de Imóvel Rural INCRA, 2007.) O assentamento enfrenta um sério problema, pois quase toda sua área é apta para o cultivo de arroz, sendo essa atividade também predominante nos assentamentos da região, mas o assentamento depende de comprar água de terceiros para poder cultivar a área de arroz. No período de estiagem do verão, os lotes ficam com dificuldades para abastecimentos de água para os animais, tendo que ir até o arroio em busca de água e o mesmo fica raso ou quase seco. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 61 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Figura 6. Mapa de recursos hídricos no PA São Pedro. Fonte: INCRA, 2007. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 62 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 6.1.4. Vegetação No Relatório Ambiental do INCRA 2007, foi encontrado no Assentamento Fazenda São Pedro, do município de Eldorado do Sul. A partir de uma avaliação rápida, onde foram registradas 164 espécies de plantas, 116 florestais e 48 espécies campestres (está informação merece maior atenção, pois tem muito mais espécies do que a floresta). Destas 70 espécies são arbóreas, 48 espécies de herbáceas, 17 espécies de epifíticas, 19 espécies de arbustivas, 7 espécies de trepadoras -apoiantes e 3 espécies de ripícolas . Considerações sobre a vegetação campestre Predomina neste PA a fisionomia de campo (55,66%), onde a vegetação campestre nativa é composta por diversas espécies, entre as quais muitas são utilizadas como alimento pelos herbívoros, ou seja, são forrageiras. Estas espécies forrageiras são utilizadas tanto pela fauna nativa (capivara e veado), quanto pelos herbívoros domésticos (bovinos ovinos e eqüinos). O fato das espécies nativas servirem de alimentos por animais, esta vegetação tem um caráter de pastagem nativa. A pastagem nativa do assentamento São Pedro é constituída por grama forquilha (Paspalum notatum), capim caninha (Andropogon lateralis), capim touceirinha (Sporobolus indicus), capim das roças (P. urvillei), (Eleusine tristachya), (Aristida jubata), e rabo de raposa (Setaria parviflora). Entre as gramíneas, e azedinho (Oxalis sp.), orelha de rato (Dichondra sericea), roseta (Soliva pterosperma), (Eleocharis sp, Centella asiática, Cerastium glomeratum), (Kyllinga sptiririca) (Cyperus sp.). Este tipo de campo, quando manejado adequadamente, sem excesso de carga animal, aparece espécies mais arbustivas como carqueja (Baccharis trimera), caraguatá (Eringium horridum), macega esta ladeira (Erianthus angustifolius), cola de burro (Schizachyrium sp.) e alecrim (Vernonia nudiflora) formando um segundo estrato. O manejo com carga animal mais baixo possibilita um melhor desempenho animal e contribui para existência de uma maior diversidade de espécies vegetais. Alguns locais neste PA apresentam-se bem manejados, com a vegetação campestre abundante (Foto 1). Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 63 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Porém outras áreas apresentam - se super pastoreadas, ou seja, em uma situação de baixa oferta de forragem, (Foto 2). Este super - pastejo diminui o crescimento do pasto, deixando o solo exposto e impedindo que diversas espécies se desenvolvam, afetando o desempenho animal. Foto 1: Pastagem nativa em área úmida no PA São Pedro: carga animal adequada. Fonte: INCRA, 2007. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 64 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Foto 2: Pastagem nativa em área úmida no PA São Pedro: excesso de carga animal. Fonte: INCRA, 2007. Sugestões para a valorização e utilização sustentável da flora nativa A utilização da pastagem nativa no PA São Pedro pode ser melhorada através da utilização da integração lavoura-pecuária, destinando algumas áreas permanentes para a pastagem nativa e com a criação de outras espécies animais como os ovinos e caprinos, que auxiliam na moldagem da estrutura da vegetação, permitindo que espécies prostradas de melhor qualidade aumentem sua freqüência. A adubação e o deferimento da pastagem nativa também podem ser adotados para obtenção de melhores resultados produtivos e econômicos. O ajuste da carga animal é imprescindível para obtenção de um melhor desempenho animal e para manter a qualidade do solo, da vegetação e dos recursos hídricos. Isto pode ser feito adequando o número de animais por área e a categoria animal utilizada em cada potreiro. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 65 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Considerações sobre a vegetação florestal A vegetação florestal original da região pertence à Floresta Estacional Semi decidual e ocupava originalmente as áreas de encostas e aquelas próximas aos cursos d água. Sua área original foi reduzida, através da conversão em áreas agrícolas, gerando não somente uma redução espacial, mas também uma modificação em relação a sua composição florística. A partir da interpretação da imagem Landsat não foi detectada uma redução expressiva da área ocupada por esta vegetação florestal, no PA São Pedro desde sua implantação. Porém a campo, observou-se o corte da vegetação florestal nativa em APP. O PA São Pedro tem terras baixas, situadas nas planícies e em relevo suavemente ondulado da Depressão Central. Já a outra parte do PA tem cerros, pertencendo a Serra do Sudeste. Nas partes baixas aparecem: a vegetação campestre, os amaricazais, as matas de galeria do Arroio dos Ratos, extensas áreas de plantações de eucaliptos e de acácias-negras. A parte alta do PA se caracteriza pela presença de uma crista de morros isolada. Nos topos desses morros aparecem lajedos e campos rupestres, através das características destes ambientes espécies raras e ameaçadas da flora do RS. Nas encostas destes cerros, encontram vertentes e também fragmentos de mata nativa. Nos topos dos cerros existem lotes em área de APP (Área de Preservação Permanente), com campo rupestre, onde foi plantada acácia-negra numa parte. Foi relatado falta de água por um dos moradores do topo do cerro, havendo água durante cinco meses do ano. Em outra parte do PA, nas coxilhas menores logo abaixo dos cerros, a mata ciliar foi completamente suprimida em um longo trecho da lavoura. O remanescente que restou foi apenas uma cerejeira (Eugenia involucrata), com uma bromélia, (Bilbergia zebrina) sobre ela (Figura 23A). Na outra margem, a mata não foi suprimida. A floresta intacta e a floresta que foi derrubada caracterizam um estádio avançado de sucessão, tendo espécies de grande porte, características de florestas mais antigas. Há também grande presença de epífitas, como a bromélia (Bilbergia zebrina), espécie ameaçada que consta na Lista Oficial da Flora Ameaçada do RS na categoria Vulnerável. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 66 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro No outro lado da margem, a floresta ainda em pé, tem espécies dominantes fisionomicamente o araçazeiro-do-mato (Myrcianthes gigantea), o guamirim araçá (Myrcia glabra). Foi registrada a presença de guabiroba-crespa (Campomanesia rhombea) de grande porte muito antiga. Está floresta tem vários estratos, tendo o estrato inferior com predominância de grandes de cafeeiro-do-mato (Faramea montevidensis) e cincho (Sorocea bonplandii). E também muito taquarembó (Chusquea ramosissima), gramínea trepadeira na floresta, formando locais quase intransponíveis devido a sua grande densidade. E por fim, uma trilha na floresta, para chegar até a lavoura do outro lado. 6.1.5. Fauna Para a avaliação da masto fauna, principalmente de médio e grande porte, realizou-se uma amostragem caracterizando qualitativamente a composição da parcela da fauna, as condições dos habitats disponíveis para as espécies em questão e os impactos decorrentes da implantação do PA Fazenda São Pedro sobre a masto fauna da região. A amostragem foi realizada através de um levantamento das espécies de mamíferos, com base em visualizações, vestígios e relatos de moradores. Para isto, o assentamento foi percorrido, priorizando-se locais de possível uso ou refúgio destes animais e as Áreas de Preservação Permanente (APP) (Fotos 1,2 e3). Considerações sobre a fauna As espécies registradas no PA Fazenda São Pedro são espécies comuns em sua maioria, de ampla distribuição geográfica e ocorrência esperada para a região, representando um conjunto bastante reduzido da fauna de mamíferos que potencialmente poderia ocorrer na região. Pela escassez de registros e pelos relatos dos assentados é possível dizer, sobre o alto grau de depauperação das espécies da masto fauna local em conseqüência da grande alteração e perda de habitats existentes pela ocupação e Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 67 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro intensificação do uso da terra, comum em torno do assentamento e também anterior a este. Neste PA os principais refúgios para a masto fauna de médio e grande porte são as APP do arroio dos Ratos (foto 1), APP de sangas em vales assimétricos (foto 2) e encostas dos morros graníticos da porção sudeste do PA (foto 3). As ARL não estão contempladas. Através dos relatos, fica evidenciado que a eventualidade dos registros de fauna se deve grandemente à pressão de caça local, exercida desde a implantação do PA, apesar da existência de legislação vigente proibindo está prática. Os relatos também enfatizam a atual redução dos eventos de caça, não relacionada à redução da atividade e sim pela diminuição da abundância das espécies caçadas. O pequeno número de registros demonstrou que, mesmo aquelas espécies comum registradas sob altas pressões antrópicas, como (Hydrochaeris) (capivara), (Dasypus sp e Myocastor coypus) (ratão-do-banhado), demonstram uma grande diminuição populacional. Com distribuição provável para área em questão, parece ser a caça o motivo do desaparecimento local de (Mazama SP) (veado). Também é notória a ausência de Tamanduá (tetradactyla) tamanduá-mirim, espécie freqüentemente registrada em florestas ciliares. É possível reconhecer pelas entrevistas, que a pressão de caça atualmente exercida não está restrita às espécies cinegéticas, (pela utilização do couro, da carne ou eliminação de animais problema), ocorrendo á eliminação de preás, zorrilhos, mãospeladas e gambás. Em relação á família (dasipodidae), tem vestígios de pegadas e tocas são encontradas freqüentemente, mas não permitem a diferenciação entre a maioria das espécies, permanecendo o registro como (Dasypus SP). É necessário, que os registros de gato-do-mato (Cerdocyon thous) sejam averiguados, pois há uma grande concentração de cães e gatos próximos aos locais de registros. Nestes casos metodologias específicas desconsideram registros próximos às residências, porém para este trabalho estas informações persistem, embora avaliadas com cautela. Caso o registro de "gato-do-mato" seja confirmado, independente da espécie, a presença de um predador é um indicativo importante da necessidade de cumprimento da legislação em relação às APP, especialmente do arroio dos Ratos, pela Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 68 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro formação de um corredor florestal e por ser um dos últimos refúgios para espécies de maior porte. As observações em campo demonstraram que o desflorestamento para a implantação de lavouras avança gradativamente sobre a APP no curso d'água (foto 1). A averbação de ARL também é importante para a conservação da masto fauna regional e neste caso, poderia ser considerada como a área localizada a sudeste do PA, que abrange os morros graníticos e as florestas de encosta contínuas. (foto 1). Foto 3. APP florestal do arroio dos Ratos, PA Fazenda São Pedro. Fonte: INCRA, 2007. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 69 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Foto 4. APP de sanga em vale assimétrico, PA Fazenda São Pedro. Fonte: INCRA, 2007. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 70 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Foto 5. Encostas de morros graníticos com cobertura florestal (SE), PA Fazenda São Pedro. Fonte: INCRA, 2007. 6.1.6. Uso do Solo Segundo informações contidas no Laudo de Avaliação do Imóvel feito pelo INCRA, as terras do assentamento são 80,79% de capacidade de uso para o cultivo do arroz ou criação de gado. Portanto, tendo um grave problema, pois a cultura do arroz irrigado exige grande infra-estrutura e maquinário, o que não é a realidade dos assentamentos novos. E a criação de gado não é viável nem em grandes extensões de terras, muito menos em lotes de 12 hectares que tem que sobreviver uma família tem no Maximo 5 pessoas. Segue informação contida nos Laudos de Avaliações do Imóvel Rural INCRA, 2007. De acordo com a tabela abaixo, conclui-se que a terra deste imóvel enquadra-se em sua grande maioria na Classe II: definidas como terras aptas para o cultivo de arroz irrigado. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 71 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 21: Classes do solo Classes das Terras II IV VIII Total Área equivalente (ha) 769,8044 98,437 84, 6137 952,855 % 80,79 10,33 8,88 100 Fonte: INCRA, 2007. As classes de uso do solo, e cobertura do solo, apontados no Relatório Ambiental foram: Tabela 22: Superfície ocupada pelos diferentes usos no PA São Pedro em 04/09/2003. Classe de uso Agricultura/solo exposto Água Arroz Campo seco Campo úmido Construções Mata Nativa Pousio Silvicultura TOTAL Nº de manchas 106 21 3 10 7 1 70 22 3 Área (ha) 635,50 31,21 9,31 1.031,99 274,88 0,90 313,33 50,04 1,13 2.348,29 Área (%) 27,06 1,33 0,40 43,95 11,71 0,04 13,34 2,13 0,05 100,00 Fonte: INCRA, 2007. Tabela 23: Superfície ocupada pelos diferentes usos nas APP do PA São Pedro em 04/09/2003. Classe de uso Agricultura/solo exposto Água Campo seco Campo úmido Mata nativa Pousio TOTAL Nº de manchas Área (ha) Área (%) 40 3 29 10 28 8 18,13 1,63 51,96 15,39 52,38 1,29 140,78 12,88 1,16 36,91 10,93 37,21 0,92 100,00 Fonte: INCRA, 2007. Neste período, após a implantação do PA São Pedro, continua o predomínio das classes de Campo nativo seco e úmido ocupando respectivamente em torno de 1.031, 99 ha (43,95% do total) e 274, 88 ha (11,71% do total), somando juntas em torno de 1.306, 87 ha (55,65% do total), representadas por 17 manchas, tendo dez manchas de campo nativo seco e sete manchas de campo úmido. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 72 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro As áreas exploradas por lavouras, mapeadas nas classes Agricultura e Arroz representam juntas uma área produtiva de aproximadamente 644, 81 ha (27,46% do total), distribuídas em 109 manchas, tendo 106 manchas com agricultura e 3 manchas com arroz irrigado. Respectivamente estas classes ocupam em torno de 635, 5 ha (27,06 % do total) e 9, 31 ha (0,40% do total). Posteriormente a implantação do assentamento a classe Mata nativa ocupava em torno de 313, 33 ha (13, 34% do total) apresentando 70 manchas distribuídas no assentamento São Pedro. Neste período, verifica-se o surgimento da classe Pousio que representa nas áreas anteriormente preparadas para o plantio e que depois não foram novamente utilizadas. Essas áreas encontram - se em sua maioria cobertas por vegetação campestre nativa em regeneração, com a predominância de espécies pioneiras. As áreas de pousio ocupavam em torno de 50, 04 ha, (2,13% do total). Essa classe é representada por 22 manchas identificadas na área do PA. A classe que representa os corpos d’água ocupava em torno de 31, 21 ha, (1,33 % da área total) representada por 21 manchas distribuídas no PA. Foi identificado neste período a classe Silvicultura ocupando em torno de 1, 13 ha, (0,05% do total), representada por três manchas na área do PA. A classe Construções permanece a mesma após a implantação do PA com a mesma área em torno de 0, 90 ha (0,04% do total) representado por uma mancha no PA. No que se refere à situação das Áreas de Preservação Permanente (APP) após a implantação do PA, verifica-se que em torno de 19, 42 ha, (13,79% do total da APP) encontravam-se já impactadas por usos antrópicos (agricultura e pousio). O restante da superfície de APP, em torno de 121, 36 ha, 86,21% encontrava - se ainda sob cobertura vegetal nativa de campo seco e úmido, mata nativa ou água. As classes de uso e cobertura dos solos identificados para o período posterior á implantação do PA São Pedro são mostradas na Figura 4 e a área ocupada pelas diferentes classes que são listadas nas Tabelas 20 e 21. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 73 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Figura 7: Uso do solo após a implantação do PA São Pedro. Fonte: INCRA, 2007. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 74 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 6.1.7 Capacidade do uso do solo O sistema de capacidade de uso das terras foi desenvolvido pelo Serviço Nacional de Conservação do Solo dos Estados Unidos da América no ano de 1951, segundo Klingebiel & Montgomery, (1961). Seu enfoque está relacionado com a conservação dos solos, onde são analisadas as potencialidades dos mesmos, com maior ênfase nas suas limitações. Este sistema é recomendado para áreas que tem levantamentos pedológicos em nível detalhado ou no máximo semi detalhado considerando ainda que o nível de manejo deve ser de médio a alto. É importante ressaltar que o mapa de capacidade de uso das terras pode ser obtido a partir de um levantamento pedológico semi detalhado ou detalhado ou ainda por meio de um levantamento denominado utilitário. O levantamento utilitário é um inventário de dados essenciais às características e propriedades da terra relevantes para a sua classificação de uso e necessárias para o planejamento conservacionista. Estas informações referem-se a certos atributos do solo, á declividade do terreno, à erosão das terras, a fatores limitantes da terra, uso atual da área e ao estágio de desmatamento, entre outras características gerais (Anexo I). Avaliação de capacidade de uso A avaliação da capacidade de uso do PA São Pedro foi realizado um levantamento utilitário, analisando-se in loco as características relevantes do solo para a classificação de uso e outras características importantes para o planejamento conservacionista. A classificação da paisagem através das variáveis acima descritas permitiu obter-se um mapa de capacidade de uso. Também foram incluídas as áreas de preservação permanente (APP), cuja delimitação obedeceu à Resolução do CONAMA 387 (CONAMA, 2006a), de 27 de dezembro de 2006, que trata do licenciamento de projetos de assentamento da reforma agrária. As delimitações das APP. Baseou-se em levantamentos de campo e na cartografia em escala 1:50.000 existente para a área em análise. Dos critérios definidos na Resolução 387, de 27 de Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 75 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro dezembro de 2006, aplica-se ao PA São Pedro em Eldorado do Sul, a delimitação de uma área em torno das nascentes (50 m), das faixas ao longo dos cursos d’água (30 m) e em torno dos corpos d’água naturais ou construídos pelo homem até 20 ha (50 m no presente caso). Não ocorrem no imóvel, áreas de declividades o suficiente para serem enquadradas como APP. O resultado quantitativo da avaliação da capacidade de uso do PA São Pedro pode ser visto na Tabela 24. Tabela 24. Unidades de capacidade de uso das terras, suas respectivas áreas e fatores limitantes no PA São Pedro. Classe de capacidade de Uso lll e, ma III e, ab lV e, t lV a, hi V s, pr VI e, t VII s, pd VIII l, app TOTAL Fator limitante Solo Erosão Erosão Hidromorfismo Erosão Erosão Profundidade Legislação Unidade de Uso Horizonte A muito arenoso Abrúptico Declividade Inundação Declividade Declividade Pedregosidade Áreas de Preservação Permanente Área (ha) Área (%) 64,84 873,12 313,68 496,51 186,58 99,70 173,08 2,76 37,18 13,36 21,14 7,95 4,25 7,37 140,77 2.348,28 5,99 100,00 Fonte: INCRA, 2007. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 76 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Figura 8: Mapa das classes de capacidade de uso das terras do PA São Pedro. Fonte INCRA 2007 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 77 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro O mapa apresentado na Figura 10 e os dados da Tabela 24 mostram que as terras das classes III (III e, ma; III e, ab), com maior ou menor intensidade permitem uso com culturas anuais, ocupando uma área do imóvel de 937, 96 ha, o que representa (39.94% do total). O segundo grupo de terras no imóvel é representado por terras das classes IV (IV e, t; e IV a, hi), totalizando 810,19ha, o que representa quase 34.5% da área. Nas terras IV e, t, as limitações devem-se a topografia, requerendo práticas intensivas de conservação do solo em função da sua suscetibilidade á erosão. E na classe IV a, hi, própria para tipos de exploração específica como a cultura do arroz devido ao risco de inundações e drenagem deficiente no perfil do solo. As terras da classe V s, pr, que apresentam fortes limitações para uso com culturas anuais, ocupam cerca de 186, 58 ha, correspondendo a 7,95% do total. As limitações devem-se á alta suscetibilidade a erosão em função da profundidade, requerendo práticas intensivas de conservação dos solos. Os restantes das terras deste imóvel pertencem ás classes VI e VII (VI e, t; e VII s, pd), totalizando 272, 78 ha, o que representa (18,99%). Na classe VI e, t, a topografia é o principal fator restritivo de uso, requerendo práticas intensivas de conservação do solo em função da suscetibilidade á erosão. E na classe VII s, pd, as limitações são devido as exposições rochosas em quantidade capaz de impedir o emprego de qualquer máquina agrícola. As terras da classe VIII l, app (Áreas de preservação permanente), que não admitem nenhum tipo de uso, ocupam em torno de 140, 77 o que representa em torno de 5,99% do total. 6.2 Análise sucinta dos potenciais e limitações dos recursos e da situação ambiental do assentamento. O assentamento da Fazenda São Pedro tem um fator importante como á experiência e conhecimento das famílias sobre a região e também sobre a área de produção do assentamento, na qual as famílias que tem os filhos mais velhos e casados são os mesmos que permanecem nos lotes. Outro fator importante é abertura Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 78 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro para novas experiências, como a produção de pepinos em processo de produção agroecológico. Um grande fator limitante é o alto índice de pessoas que trabalham fora, ou procuram atividades que necessitem de menos tempo, como é o caso do cultivo de acácia negra, para trabalhar parte do ano. O assentamento tem grande dificuldade de programar uma atividade econômica que envolva as pessoas e ao mesmo tempo em que essa seja permanente, pois tem casos que as famílias desenvolvem as atividades por algum período e logo trocam ou abandonam as atividades como exemplo, o cultivo de citros. Um fator negativo é dificuldade de trabalho em coletivo, pois o assentamento é dividido em três partes, mas nenhum tem atividades de lazer e cultura. Mais elementos serão abordados após conclusão de estudo sobre os sistemas agrários. 6.3. Organização Espacial Atual As famílias do assentamento estão distribuídas nas áreas em forma de agrovilas e em lotes individuais, tendo três agrovilas e muitos lotes foram divididos parte dos lotes chega até a estrada principal, formando um sistema semelhante a agrovilas, mas com as casas distantes umas das outras. Têm muitos lotes inteiros mais que ficaram sem acesso a estrada principal e as estradas secundarias que levem até o lote ficando isolados. O assentamento hoje enfrenta problemas graves com as estradas internas que tem no assentamento, onde os períodos mais críticos são nos meses (agosto e setembro) período de inverno muito chuvoso, as estradas ficam quase intransitáveis, passando só caminhando ou a cavalo. O assentamento precisa de estradas que tenham uma condição melhor de trafegabilidade, para poder passar os implementos agrícolas, caminhões e os próprios assentados. O assentamento não tem sistema de distribuição de água sendo que a grande maioria das famílias pega água em poços cavados de balde. No assentamento não existe escola, a escola mais perto do assentamento é em torno de 1 quilometro, com 1º grau incompleto, as crianças e estudantes são transportados para a escola sede da cidade de Eldorado do Sul. O assentamento tem 2 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 79 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro igrejas católicas 1 igreja evangélica. O assentamento tem dois espaços de sede, muito bem estruturado que hoje é utilizado para a realização das reuniões no assentamento. 6.4. Situação do Meio Sócio-Econômico e Cultural 6.4.1. Histórico da Luta pela Terra na Mesorregião O município de Eldorado do Sul, é muito jovem, teve seu inicio com o movimento emancipacionista no ano de 1985. Quando 16 integrantes das diversas localidades conhecida como Vila Medianeira, Cidade Verde, Sans Souci, Itai, Distrito Eldorado e Bom Retiro, nas quais estavam com precárias condições de serviços em geral. Tais como infra-estrutura, com sérios problemas energia, transporte coletivo, água, calçamento, esgoto, educação, saúde pública, coleta de lixo e assistência social. Neste sentido, formou se uma comissão de pessoas para negociar melhores condições com o prefeito de Guaíba (município mãe destas localidades). Como não teve negociação tomaram a decisão de iniciar um processo emancipação que desencadeou em 08.06.1988, com a promulgação feita pelo Senhor Presidente da Assembléia Legislativa, deputado Algir Lorenzon a partir da Lei nº 8.649, cria o município de ELDORADO DO SUL. Como a cidade de Eldorado do Sul fica muito perto do centro de Porto Alegre, oferecem vários benefícios, como acesso aos grandes Hospitais do estado, a escolas profissionalizantes, diversas Faculdades públicas e privadas, acesso fácil a diversos bancos, a rodoviária, o aeroporto Internacional Salgado Filho, shoppings, empregos, entre outras vantagens. Mas também enfrentam diversos problemas, como a exclusão dos pobres, empurrando os para as cidades periféricas, devido ao alto custo de vida. Com isso, gerando altos índices de criminalidades, aumentando o desemprego, consumo de drogas, prostituição infantil e diversos problemas sociais. O município Eldorado do Sul tem boa estrutura produtiva, rede de alta tensão, com 23.000 v. A subestação transformada é de 30kv/23kv-50mva de potencia, através de quatro alimentadores e um de reserva. Redes de serviços para apoio ás empresas, bem como logística e diversos setores de produção. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 80 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 6.4.2 Histórico do Assentamento O Assentamento São Pedro teve seu inicio no dia 12 de fevereiro de 1986 com 84 famílias oriundas do acampamento Fazenda Annoni. Na área destinada para assentamento comportaria mais 24 famílias em 700 há de terra. PA foi fundado no dia 19 de agosto de 1987, Já nos primeiros anos de assentamento e pelas condições geográficas da área e outros fatores, as famílias se dividiram em três comunidade ou 3 “blocos” conhecido como São Pedro I, II e Etel, cada uma dessas comunidades tem sua organicidade. a) São Pedro I Infra - estrutura: Uma igreja, um centro comunitário já desativado por estar sem condições de uso coletivo. Uma escola estadual (E. E. Roseli Nunes) de primeiro grau completo e segundo incompleto e Eja de primeiro grau completo. A estrada interna do assentamento é razoável, tem luz para todas as famílias e não tem iluminação pública. A água é precária não tem poço artesiano somente poços individuais por família. Produção: plantio de arroz, peixes, hortas, animais de pequeno porte, aipim, batata doce. Organicidade: funciona com a organicidade do MST, tem um grupo de mulheres onde estão re iniciando uma horta medicinal com intencionalidade de produção de remédios caseiros para o consumo próprio das famílias assentadas. Uma parte dos jovens contribui na igreja da comunidade auxiliando na catequese das crianças também no conselho religioso da igreja. b) São Pedro II Infra - estrutura: Duas Igrejas uma evangélica e a outra católica, uma Escola Estadual que se municipalizou neste ano, (E.M.Sepé Tiarajú), com 1º grau incompleto. Estrada boa, luz para todas as famílias. A água é de poço, não tendo poço artesiano. Organicidade funciona com participação das reuniões na sede regional. c) Etel Infra-estrutura – Há um centro comunitário ainda em construção, Uma capela onde as famílias se reúnem para as celebrações, uma escola na qual foi fechada neste ano de 2010. Contudo, o fechamento dessa escola não foi de conhecimento da Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 81 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro comunidade como um todo, apenas os pais dos 25 alunos, porém, os questionamentos estão sendo feito, pois a escola foi conquista da comunidade e não só com os pais dos alunos que estavam estudando. A Estrada é boa, todas as famílias têm luz, mas quando chove ou quando dá temporal, as famílias ficam mais de semana sem luz, A água não é de poço artesiano e sim por pequenos poços individual por famílias. Produção: Hortas, plantio de aipim, milho, feijão, batata doce, e animais de pequeno porte, mas para o próprio consumo das próprias famílias, mais a produção para comercializar é acácia e o fumo. Organicidade: Uma associação que seria das três comunidades, mas hoje a mesma se encontra desativada, a comunidade participa de algumas reuniões da regional e também a comunidade tem um conselho da parte religiosa. 6.4.3 População do assentamento As famílias do assentamento São Pedro chegaram no dia 12 de fevereiro de 1986 com 84 famílias oriundas do acampamento Fazenda Annoni. Na área destinada para assentamento comportaria mais 24 famílias em 700 ha de terra. PA foi fundado no dia 19 de agosto de 1987, Já nos primeiros anos de assentamento e pelas condições geográficas da área e outros fatores, as famílias se dividiram em três comunidade ou 3 “blocos” conhecido como São Pedro I, II e Etel, cada uma dessas comunidades tem sua organicidade. Tabela 25: População do assentamento. Total Nº famílias Nº pessoas 67 147 Composição familiar Idade Crianças Jovens Adultos 42 35 67 Idosos 3 Sexo Masculino Feminino 87 60 Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 82 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 6.4.4. Organização Social do Assentamento O assentamento está organizado em três comunidades, São Pedro I esta organizado em um núcleo com dois coordenadores que representa a comunidade, na mesma tem um grupo de mulheres organizadas, hoje as mesmas estão envolvidas na horta medicinal e artesanato na qual são comercializados nos municípios de Eldorado do Sul, Arroio dos ratos e Porto Alegre. Essas camponesas trabalham de forma coletiva e a renda que gera deste trabalho serve de renda familiar da família camponesa. São Pedro II está organizado num núcleo de famílias na tem um representante na coodernação onde um grupo de famílias que fornecem a merenda escolar. São Pedro III está organizado em um núcleo com coordenador, tem um grupo de mulheres que trabalha com artesanato e também um de famílias que trabalha com a merenda. Foto 6: Reunião no assentamento – Elaboração da Calda Bordalesa com famílias envolvidas com cultivo de pepino de conserva. Setembro de 2009. Fonte: Arquivo COPTEC. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 83 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Foto 7: Reunião no assentamento São Pedro. Fonte: Arquivo COPTEC 6.4.6. Estrutura Social O assentamento é organizado em três comunidades. Na comunidade São Pedro I a estrada interna do assentamento é razoável, tem luz para todas as famílias e não tem iluminação pública. A água é precária não tem poço artesiano somente poços individuais por família. Já na comunidade São Pedro II Estrada boa, luz para todas as famílias. A água é de poço, não tendo poço artesiano. A comunidade conhecida de Etel A Estrada é boa, todas as famílias têm luz, mas quando chove ou quando dá temporal, as famílias ficam mais de semana sem luz, A água não é de poço artesiano e sim por pequenos poços individual por famílias. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 84 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 26: Infra Estrutura do PA Fazenda São Pedro INFRA ESTRUTURA Estradas Nº de lotes sem energia elétrica 0 Ao município: Ruim (1) Boa (2) 1 Internas do assentamento: Ruim (1) Boa (2) 1 Água Origem da água das casas Fonte/ vertente 0 Artesiano 3 Poço 103 Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. 6.5. Infra-estrutura física, social e econômica O assentamento é dividido em três comunidades, considerado pelas famílias como três assentamentos, sendo São Pedro I, São Pedro II, e São Pedro Etel, cada comunidade tem um centro comunitário, mas estes se encontram em situação regular, com poucas atividades e já partindo para uma depreciação forte. No assentamento tem três escolas tendo apenas uma de 2º grau. As atividades esportivas acontecem nas escolas. Não existe agente de saúde no assentamento. As estradas internas estão precisando de manutenção com urgência, tendo alguns pontos que se encontram em situação precária. Outro problema enfrentado há bastante tempo é a falta de água de qualidade em algumas regiões do assentamento, segundo as famílias: OBS: a água na São Pedro I contém FLUOR, carvão, coliformes fecais, inadequada para consumo. Desde 1978 as famílias reivindicam água de qualidade e de consumo humana, pois abastecida com caminhão precária desde 2007. Os três poços são particulares e abastecem somente 3 famílias. Todas as famílias têm energia elétrica. O assentamento tem uma estrutura de secagem e armazenagem, que foi repassada para os produtores de arroz ecológicos da região de Porto Alegre. Não tem outras estruturas coletivas. E por ultimo uma escola tem 360 alunos e 22 funcionários, na já mencionado no inicio do texto. 6.6. Sistemas Produtivos O assentamento na safra agrícola, 2008-2009 as famílias assentadas plantaram feijão, milho, aipim, abobora, moranga, hortaliças. Criação de suínos, aves e de Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 85 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro bovinos. Essa safra quase que totaliza uma produção destinada para o consumo das famílias. Nesta safra 2009-2010 muitas famílias já estão pensando em atividades que consigam gerar renda, destacando as atividades de arroz irrigado, produção de batatadoce, aipim, milho, gado de leite, suínos e aves. Os sistemas produtivos serão abordados com maior ênfase, na seqüencia do trabalho, procurando apontar a quantidade de famílias envolvidas em cada sistema de produção que se pretende se caracterizar. O assentamento p muitas famílias que trabalham fora, segundo informações fornecidas pelas famílias que 90% das famílias trabalham fora. Tendo uma predominância de atividades que não exige muito trabalho, ou trabalho diário, como criação de gado e plantio de acácia. Sendo as principais atividades: acácia, leite, fumo, arroz, produção de auto consumo (batata-doce e aipim), mel, hortaliças como o cultivo de pepino e pomares. Tabela 27: Produção animal Produção primária – animal Leite Nº fam. Nº animais (em prod.) Produção (L/dia) 23 117 460 Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Produção Vegetal Tabela 28: Cultura do Arroz Arroz Nº fam. Hectares (total) Produção (total safra) 9 42 3300 Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Tabela 29: Cultura do Feijão Feijão Nº fam. 10 Hectares (total) Produção (total safra) 8 48 Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 86 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 29: Produção de Hortaliças Hortas Não (Nº fam.) Sim (Nº fam.) Variado (Nº fam.) 43 65 X Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Tabela 30: Pomar Pomar Não (Nº fam.) Sim (Nº fam.) Variado (Nº fam.) 12 96 X Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Tabela 31: Acácia Acácia Nº fam. Hectares (total) Produção (total safra) 63 469 93800m3 Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Tabela 32: Fumo Fumo Nº fam. Hectares (total) Produção (total safra) 10 36 3960 arrobas Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Tabela 33: Produção de Pepinos para conserva Nº fam. 8 Pepinos em conserva Hectares (total) 4 Produção (total safra) ! Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 87 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Foto 8: Foto da produção de mudas de pepino de conserva. Fonte: Arquivo COPTEC. Foto 9 : Foto de adubação verde para cultivo de pepino de conserva. Fonte: Arquivo COPTEC. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 88 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Foto 10: Cultivo de Pepino semi direto com aveia de cobertura 7.10.2009 Fonte: Arquivo COPTEC. Segundo as famílias, a atividade do leite tem seus limitantes: capim annoni, lote pequeno, solo de várzea, fazer forragem, exames e vacinas. Mais é uma atividade que dá um retorno certo, mas que enfrenta dificuldades para conseguir se expandir. Outra atividade que muitas famílias já desistiram, porém dez famílias continuam desenvolvendo a atividade do fumo, segundo as famílias, esses limitantes de atividade, mercado ruim, dependência da empresa, assistência técnica fica somente com o agricultor especializado, mão-de-obra, estiagem e sistema convencional - Universal Souza Cruz. Preço de venda da arroba com boa classificação R$ 84,00. Segundo as famílias, outro sistema de produção, adotado, mas que por si só não consegue trazer bons retornos econômicos é o da acácia. Segundo as famílias “Acácia da corte entre os 5 a 6 anos e produz em média 200m3/ha. O preço de venda médio é de R$ 21,00 a 23,00/m3 = R$3,20/pé. Os limitantes são atravessadores, mercado ruim, empresa de Montenegro Tanac, ataque de lebre e formigas”. O sistema de produção de pepinos para conserva é uma atividade integrada com uma empresa que garante a compra da produção, sendo uma alternativa para ocupar a mão-de-obra das famílias que busca ter um retorno econômico satisfatório, no momento Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 89 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro está se realizando uma experiência nova no assentamento que é produção de pepinos com práticas e manejos agroecológicos com excelentes resultados com acompanhamento da Equipe de ATES. Um fator limitante que o assentamento não consegue adotar um sistema que consiga trazer renda suficiente para as famílias sobrevirem somente do lote. Mais elementos serão trabalhados na seqüencia na aplicação dos sistemas agrários em cada sistema de produção, tendo o objetivo de auferir a renda e mais elementos que consigam contribuir para a discussão e elaboração dos planos e programas. 6.7 Serviços de Apoio à Produção O assentamento está situado num conjunto de 15 assentamentos que tem assistência técnica oficial através do INCRA. A contratada para desenvolver as atividades técnicas no assentamento, é a Cooperativa de Prestação de Serviços técnicos Ltda. – COPTEC. Sendo realizando cursos no assentamento, como introdução a agroecologia, arroz irrigado ecológico, planejamento das unidades de produção e outro. O assentamento recebe a assistência técnica oficial da ATES, sendo prestado o trabalho pela Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos Ltda. – COPTEC. Sendo realizada pela equipe de ATES, algumas experiências de pesquisa no assentamento como a produção de pepinos ecológicos. Existem algumas atividades de capacitação durante o ano realizado pela equipe de ATES, bem como as famílias participam de atividades formativas fora do assentamento. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 90 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Foto 11 e 12: Biofertilizante enriquecido feito em conjunto no assentamento. 17.07.2009 Fonte: Arquivo COPTEC. 6.8 Serviços Sociais Básicos 6.8.1. Educação A educação no assentamento São Pedro é organizada em comunidades. Uma escola na comunidade São Pedro I tem uma estadual (E. E. Roseli Nunes) de primeiro grau completo e segundo grau incompleto e Eja de primeiro grau completo. Neste caso o segundo grau é concluído na cidade de Eldorado. Na comunidade São Pedro II tem uma Escola Estadual que se municipalizou neste ano, (E.M.Sepé Tiarajú), com 1º grau incompleto. Contudo, o fechamento dessa escola não foi de conhecimento da comunidade como um todo, apenas os pais dos 25 alunos. Entretanto, as crianças passam a estudar nas escolas do Município de Eldorado. Tabela 34: Escolarização das pessoas do PA. Educação Escolas no assentamento Grau de instrução dos assentados Analf. 7 1º G. 1º G. incomp. comp. 238 27 2ºG. 17 Sup. 6 1º Creche Grau 0 2 Escolas próximo assent. 2º Grau: Creche 1 0 1º Grau 1 2º Grau 0 Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 91 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 6.8.2 Saúde e Saneamento O assentamento fica mais perto do distrito de Guaíba City cerca de três quilômetros, onde existe posto de saúde na qual as famílias buscam o atendimento, mas pela população de assentamento, ainda falta um acompanhamento de agente de saúde. Quando em necessidade de ir ao hospital as famílias vão diretas a Porto Alegre. Tabela 35: Acesso ao atendimento de saúde. Serviços sociais básicos Saúde UBS Hospital Assentamento Próximo Distância (km) Agente saúde Distância Não 5 km 5 km Não 30 km Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. O assentamento foi beneficiado pelo projeto de habitação rural do governo federal, sendo neste ano foi realizada atividade de formação sob o destino corretos do lixo, com apoio da COPTEC, o assentamento não enfrenta problemas com essa situação. Tabela 36: Situação do Saneamento Serviços sociais básicos Saneamento Banheiro Esgoto Completo Incompleto Fossa Ar livre 105 - 105 - Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. 6.8.3 Lazer e Cultura O assentamento tem as atividades de lazer realizadas nas escolas existentes no assentamento, ou no distrito que fica perto do assentamento, onde muitos assentados costumam freqüentar. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 92 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 37: Atividades e espaços de lazer no assentamento Serviços sociais básicos Lazer Praticados Futebol Escola Vôlei Bocha Não Estruturas no assentamento Outro Outro Ginásio Não Campo fut. - Cancha bocha - Outro - Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. 6.8.4. Habitação Com o projeto de habitação quase todas as casas foram reformadas, e muitas foram construídas novas. Dando um melhor embelezamento ao assentamento, e proporcionando mais conforto para as famílias. Tabela 38: Tipo e condições das moradias Acesso e condições de moradia Acesso Condição geral da Tipo de parede Alvenaria 103 Tipo cobertura Madeira Lona Telha barro 9 - - moradia Telha amianto Palha/lona Boa Ruim 112 - 110 2 Fonte: Pesquisa de campo COPTEC. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 93 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 7. PLANOS 7.1 Organização Territorial Os assentamentos para o MST são compreendidos como uma unidade de gestão política, onde se procura gerar práticas políticas com novos referenciais que permitam ir além da prática reivindicatória, construindo processos participativos para tomada de decisão, gerando práticas libertadoras que rompam com a dominação política, com a exploração econômica e com o controle ideológico. Assim, os assentamentos ao expressarem a luta social e a constituição de novas relações sociais e formas de organização do território, devem gerar processos de governança sobre esses territórios onde existia o latifúndio, constituindo um novo território. O Território não é apenas um espaço neutro, contendo recursos ambientais a serem explorados. Trata-se de um espaço construído histórica e socialmente, no qual seus habitantes se sentem constitutivamente integrados a esse espaço. A preocupação sistêmica central do desenvolvimento territorial é a integração e a coordenação entre as atividades, os recursos e os atores, em oposição a enfoques setorializados ou corporativistas. A identificação de conflitos pelo uso de recursos e a organização espacial atual fornecida pelo diagnóstico desenvolvido no primeiro relatório são pontos de partida para a definição dos princípios, conceitos e diretrizes orientadores da organização territorial do Assentamento. Potencialidades O assentamento Fazenda São Pedro as famílias estão organizadas em três “blocos” de subsistência onde todas as famílias moram no seu lote, desenvolve suas atividades econômica, ambiental e buscam a cooperação em algumas demandas pontuais. Todas as atividades realizadas no assentamento acontecem nestas três comunidades, separadamente, principalmente por questão geográfica. A BR 290 divide Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 94 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro o assentamento em dois, ao norte denominado são Pedro I e sul são Pedro II e Etel com facilidade de locomoção e escoamento da produção. O PA está localizado próximo dos grandes centros consumidores, Eldorado do Sul, Barra do Ribeiro e entorno de 40 km da Capital que tem apresentado grande demanda de produtos como hortaliças principalmente em feiras, universidades e mercados de produtos naturais. Limitantes O assentamento vem passando por um processo de redefinição dos lotes. Uma parcela da área em que aproximadamente 40 famílias estão instaladas não pertence ao INCRA e passa por um processo de retomada pelas famílias pelo processo de uso capião. Área esta que compreende toda a é Pedro I e algumas famílias da Etel, ainda não definida pelo INCRA e as famílias estão com processo em tramitação. Nos últimos anos, a situação de inadimplência das famílias junto às instituições financeiras tem bloqueado a possibilidade de captar recursos para custeio e investimentos em estruturas produtivas. Condicionantes A organização interna do assentamento em três comunidades dificulta a unidade das famílias em tratar das questões pertinentes ao assentamento. Com isso as três comunidades tem deixado de ser um espaço de discussão e encontros das famílias, em conseqüência a não conservação destas estruturas que se encontra em condições precárias. Com a dificuldade de consolidar sistemas de produção para geração de renda monetária, as famílias realizaram o plantio de acácia em 469 hectares o que representa 63% das famílias envolvidas. Com esta ação membros das famílias buscam a renda fora do assentamento, o que tem dificultado a renda do lote e a produção de alimento. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 95 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 7.2 Serviços Sociais Básicos Este plano visa ser desenvolvido de maneira interligada ao plano de organização territorial, de modo a estabelecer as estruturas necessárias ao funcionamento dos serviços sociais básicos à comunidade. Para tanto se devem estabelecer estratégias para atingir os objetivos idealizados pelos assentados com relação à saúde, educação, esporte, habitação, cultura e lazer. Deveremos, portanto garantir as condições básicas de um padrão civilizatórias digno de uma sociedade que se pretende desenvolvidas. Recriar o espaço para a comunidade é condição básica para o estimulo a convivência entre as pessoas, ganhando destaque a presença da juventude. Por isto, criar condições para o pleno desenvolvimento cultural destes jovens é essencial para o futuro do assentamento, requerendo espaços para a inclusão digital, para o pleno desenvolvimento das capacidades artísticas e desportivas. Potencialidades O assentamento possui duas escolas, uma de primeiro grau incompleto e outra de ensino fundamental e médio, que acolhe os filhos dos assentados e da comunidade vizinha. Pretende-se, enquanto ATES, desenvolver atividades nestas escolas, com objetivo de desenvolver ações que possam ser implementadas nos lotes das famílias e, fortalecer os trabalhos nas questões ambientais e sociais e produção de alimento e geração de renda no assentamento.. As atividades de comunidade pretendem-se fortalecer com grupo de mulheres e que estas realizem um planejamento para envolver toda a comunidade do assentamento. O assentamento mantém representante no conselho municipal da agricultura, a presidência do sindicato rural é do assentamento, que tem um papel fundamental para organização do assentamento, nas ações administrativas e produtivas. Em relação a saúde, o posto fica menos de 30 km do assentamento de Eldorado do Sul e a menos de 3 km do distrito de Guaíba City onde tem um posto de saúde. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 96 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro É importante criar condições de agentes de saúde faça um trabalho juntamente com o assentamento envolvendo os adultos, jovens e crianças. Principalmente na prevenção de doenças, higiene, alimentação saudável, visto que é um assentamento com faixa etária alta e com dificuldades de locomoção. O grupo de mulheres vem criando condições para construção de um espaço para a farmácia alternativa. Com o programa de habitação as famílias implementaram o saneamento ecológico, foi um grande avanço em tratamento de dejetos, com baixo risco de contaminação da natureza. Limitantes Os três centros comunitários encontram-se em péssimas condições o que em muitas situações tem desmotivados as pessoas a participares e criarem espaços de recreação dentro do assentamento, não tendo uma sistemática de encontros e eventos, que contribui para a juventude se distanciar da comunidade. A questão da saúde das famílias foi apontada anteriormente a dificuldades em função do deslocamento e faixa etária das pessoas. Condicionantes É necessário investimentos e reforma para terminar um centro comunitário que encontra-se em situação de precariedade e pouco freqüentado. Construir dois centros comunitários. A Unidade de atendimento emergencial fica no sub-distrito de Eldorado do Sul e no Município tem somente pronto atendimento e os Hospitais em Guaíba e na Capital, o que deixa as famílias apreensivas com questão da saúde. 7.3 Sistemas Produtivos Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 97 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro O objetivo do Plano de Ação na dimensão produtiva é estruturar o processo de apoio técnico ao desenvolvimento rural, a partir do fortalecimento da agricultura familiar camponesa, como segmento gerador de trabalho e renda. Baseado no princípio de gestão participativa, este plano contempla os interesses expressados pelas famílias que organizam o processo produtivo. A ênfase está dada à diversificação com trabalho familiar e cooperado na construção de um padrão de desenvolvimento sustentável, que vise o aumento e a diversificação da produção, aumento da produtividade do trabalho e o conseqüente crescimento dos níveis de renda, proporcionando bem-estar social e qualidade de vida às famílias assentadas. A organização MST tem como um dos princípios a produção de alimento com base nos princípios da agroecologia, com respeito ao meio ambiente, as relações socioeconômicas, culturas e política com a valorização do saber e da observação dos camponeses preocupados com a questão ecológica e qualidade de vida. A característica do assentamento São Pedro é produção de alimento para subsistência e, atividades para geração de renda estão: a) bovinocultura de leite, que vem ganhando força com o início da coleta em 2009 organizado pela cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre – LTDA, que tem criado condições para as famílias iniciarem e investirem na atividade, assim, como melhoria no preço pago pelo leite. b) Produção de arroz irrigado em 42 hectares que é potencial dentro do assentamento pelas condições topografia e aptidão para atividade, vem tendo incentivo pela ATEs e Grupo Gestor do Arroz agroecológico e, há interesse na produção de base ecológica pelas 9 famílias envolvidas. c) Produção de hortaliças para subsistência e geração de renda do excedente através da compra da merenda escolar que vem ganhando força, principalmente com raízes e frutas. Para feiras no município é relatado a dificuldade de logística de transporte e mão-de-obra já que a maioria dos filhos dos assentados trabalham fora do assentamento. d) Produção de acácia para geração de renda. As famílias relatam que iniciaram o plantio de acácia por questão de mão-de-obra para trabalhar em cultivos anuais e faixa etária. Outra questão colocada é a ilusão e promessa de compra da produção por Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 98 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro valor alto, o que não acontece da prática, que é realizado o plantio em parceria de fora do assentamento. Há uma forte tendência de diminuir o plantio nos próximos anos. e) Plantio de fumo. Plantio com parceria entre famílias e empresas fumageiras. Atualmente 10 famílias se envolvem com atividade. É relatada a dificuldade de comercialização e intoxicação com veneno e nos últimos anos as empresas têm ficado somente com os agricultores chamados especializados. Potencialidades Como caracterizado anteriormente os recursos naturais do assentamento permite desenvolver uma diversidade de atividade que atendam as demandas de subsistência e geração de renda das famílias. Os programas regionais têm fortalecido as famílias a definirem as matrizes de produção no assentamento, como potencial a hortaliças, arroz irrigado e produção de leite. No leite a Cooperativa regional esta com a rota de coleta e entregando para uma agroindústria de terceiro, mas objetivo é beneficiamento na agroindústria dos assentados em projeto e definição da área pela legislação ambienta. Hortaliças a o programa regional das hortas e plantas medicinais discutem a produção, infra-instrutoras, certificação e comercialização em feiras, mercados e merenda escolar. Dentro do assentamento se constituiu dois grupos para entregar produtos para a merenda escolar e em feiras. Arroz o programa regional do arroz agroecológico tem sido referência nos assentamentos, como foi apresentado a ATES a demanda de 9 famílias com 42 há para iniciarem a produção de arroz agroecológico para safra de 2010/2011. Serão realizados encontros de formação em procedimentos de produção agroecológica. A COOTAP Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre Ltda, coordena o grupo gestor arroz agroecológico da região de Porto Alegre e é responsável pela comercialização dos produtos dos assentados da região. As condições ecológicas da área verificada dão condições de produção agroecológica, áreas não fazem divisa com lavouras convencionais e água de irrigação um ponto de tomada deve ser monitorado a qualidade devido passar por lavouras de Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 99 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro vizinhos que realizam práticas convencionais. Os demais pontos de captação da água de irrigação é interna dentro do assentamento. Limitante Para o processo de produção agroecológica certificado o grande limitante é questão da água de irrigação, de um dos pontos de captação, que passa por lavouras de terceiros que realiza práticas convencionais com produtos proibidos. É fundamental que as famílias busquem a cooperação nas estruturas de produção, como máquinas e equipamentos, estruturas de armazenagem de grãos, resfriadores de leite e cooperação no meio de transporte para feiras de hortaliças. Condicionantes Para iniciarem o processo de transição de sistema de produção convencional para agroecológico com status de orgânico as famílias necessitam adequar o sistema de produção para pré-germinado que é de menor dependência das condições agroclimáticas e possibilita realizar o manejo de plantas indesejadas com a cultura do arroz. A condição de inadimplência das famílias junta bancos dificulta recursos para investimento tanto nas adequações da área como em meios de trabalho como máquinas e equipamentos. Autorização do plantio de arroz pelo INCRA deve ser considerar que as atividades acontecem o ano inteiro, como manutenção de canais de irrigação e drenagem, manejo da resteva, preparo do solo e manejo da cultura e colheita. 7.4. Meio Ambiente Meio é sede de inter-relações. Ambiente é estado consciente que emerge do significado das relações. Recursos naturais, seres humanos, materiais de construção Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 100 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro são, entre outros, componentes do meio que eventualmente podem ser fatores para a emergência de ambiente. O desenvolvimento horizonte temporal coloca-se décadas ou mesmo séculos adiante, destacando-se a necessidade do amplo conhecimento das culturas e dos ecossistemas locais, sobretudo em como os assentados se relacionam com a natureza e como eles enfrentam seus dilemas cotidianos; bem como, seu envolvimento no planejamento estratégico do assentamento. O tipo de desenvolvimento que pretendemos, para cada assentamento e região, deve insistir nas soluções específicas de seus problemas particulares, levando em conta os dados ecológicos da mesma forma que os culturais, as necessidades imediatas como também aquelas em longo prazo Assim, este plano deve objetivar ao manejo sustentável e adequado, por parte dos assentados, visando ao aproveitamento consciente dos recursos naturais disponíveis, bem como a recuperação daquelas áreas degradadas, de modo a cumprir com as exigências mínimas constantes na legislação ambiental. Potencialidades As famílias enfrentaram grandes problemas de intoxicação com veneno e estão buscando e retornando a produção de alimento sadio preservando a saúde do homem e do meio ambiente. Os agricultores envolvidos com programa da merenda escolar e o grupo do arroz vêm demandando da ATES formação e capacitação em praticas de manejo agroecológico, baseados nas ações dos programas regionais que tem como princípio a produção agroecológica. Na área do assentamento são 08 nascentes apontadas no relatório ambiental, destas 07 são intermitentes. Os açudes têm potencial de fornecer a água de irrigação para as lavouras. A APP foi considerada no relatório ambiental como 140,77ha. O assentamento é bem arborizado, a maioria das famílias tem árvores frutíferas para consumo e comercio do excedente. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 101 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Limitantes É necessário consolidar processo de gestão dos recursos hídricos comunitários (açudes) no assentamento, para garantir a preservação, o abastecimento racional e segurança desta riqueza tão importante para a vida. Necessita de manejo do solo que promova a manutenção e incremento da fertilidade com material orgânico, adubação verde, adubação orgânica, rotação de culturas e eliminação de uso de produtos químicos, principalmente com cultivos anuais. Em áreas com declividade acentuada realizar cultivos perenes, cultivos em faixas e cordão verde de contenção, trabalhando principalmente com cobertura permanente do solo e pastagens para os animais. No laudo ambiental A ARL não foi definida no assentamento, o que deveria ser de 20% na área de cada lote ou da área de todo o assentamento. Condicionantes Definição clara da área de reserva legal ARL para garantir a preservação da fauna e flora e a situação ecológica da área. O PA vem passando por um processo de redefinição da área, processo explicado anteriormente. Erosão do solo pelos cultivos anuais sem curva de nível e barreiras de contenção. É necessário realizar cultivos de proteção do solo e criar barreiras de com cultivos prenes. 7.5 Desenvolvimento Organizacional e Gestão do Plano Na compreensão do Movimento o desenvolvimento rural seria a garantia de progresso econômico e social para todos os que vivem no campo, de uma forma sustentável equânime, justa e respeitosa aos recursos naturais. De maneira a garantir melhorias permanentes das condições de vida, para todos, e não só para alguns, nos aspectos materiais (alimentação, moradia, transporte, ética), culturais e espirituais. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 102 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Nesse sentido, pretende-se que a organização social dentro do assentamento fortaleça e gere processos de participação, diálogo e convergência de interesses, que promova uma distribuição equitativa de benefícios com prioridade aos interesses familiares e comunitários, e que estabeleça vínculos com os diferentes níveis de planificação local, regional e nacional. Sendo a promoção de processos organizativos um fundamento dentro deste plano, é aqui o espaço para orientar essa tarefa. É necessário basear-se no diagnóstico do primeiro relatório para apontar às debilidades organizativas e traçar as diretrizes gerais e os princípios que irão fundamentar as estruturas organizativas criadas para desenvolver a gestão dos planos. Potencialidades Definição claramente a área de reserva legal ARL para garantir a preservação da fauna e flora e a situação ecológica da área. O PA vem passando por um processo de redefinição da área, processo explicado anteriormente. Erosão do solo pelos cultivos anuais sem curva de nível e barreiras de contenção. É necessário realizar cultivos de proteção do solo e criar barreiras de com cultivos perenes. Limitantes Participação das famílias e envolvimento com as definições dos planos e programas. O assentamento com a três comunidades somente se reúnem separadamente, e as questões que são de demanda em comum a todo o assentamento pode não haver unidade e entendimento para o desenvolvimento do assentamento. A coordenação atual reúne-se somente por demanda pontual e com dificuldade de quem assume a coordenação, não tem uma dinâmica de encontros. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 103 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Condicionantes Pendências com o INCRA sobre as questões de regularização, infra-estrutura de água, ARL. Participação do INCRA em algumas atividades para e restabelecer novas ações para resolver das questões pendentes, que desrespeita aos INCRA e as famílias assentadas, pendências estas, desde o início do assentamento. Atualmente a associação do assentamento não opera e nem tem demanda concreta. 7.6 Assistência Técnica e Acompanhamento do plano O acompanhamento à implementação dos planos por parte das famílias e da equipe técnica é fundamental para o futuro do assentamento. Portanto, cada núcleo, juntamente com a direção da área, deve planejar as atividades a serem empregadas no assentamento para que o plano seja concretizado e monitorado. Um dos princípios orientadores do presente plano é a reconhecida postura pedagógica no duplo sentido, que a Assistência Técnica deve manter. Postura de desprendimento em sempre querer ensinar, repassar seus conhecimentos técnicos aos trabalhadores. E ao mesmo tempo de humildade em respeitar o saber popular e as experiências de vida dos trabalhadores. Desenhar mecanismos de retroalimentação que garantam a apropriação dos resultados das análises e avaliações prévias do andamento dos planos, pelas famílias assentadas. É necessário também garantir uma ampla discussão sobre a aplicação e o acompanhamento dos créditos principalmente em assentamento novo. Potencialidade A COPTEC iniciou oficialmente os trabalhos no assentamento a partir de 15 de janeiro de 2009, através do contrato de ATES - INCRA-COPTEC. Os trabalhos Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 104 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro compreendem desde as questões organizativas, formação e capacitação em sistemas de produção agroecológico e em transição de sistemas de produção convencional para agroecológico, elaboração de créditos, assessoria na consolidação dos programas, bem como acompanhamento e controle dos mesmos. Os programas definidos pelas famílias contam com uma coordenação interna, se integrando aos programas regionais e compondo uma coordenação regional, onde a ATES é definido que cada técnico acompanha um programa de acordo com á área de atuação na grande região e, tem atribuição de acompanhar na formação e capacitação nos assentamento do núcleo operacional e nos demais núcleos da região. A principal ação é atender a demanda das famílias e criando condições de as famílias se apropriarem das técnicas de produção e provocando para implementar manejos de cultivos sustentáveis. O grupo de produtores de hortaliças e de arroz já se iniciou um projeto de transição nos processos de produção para manejos agroecológicos. Limitantes Falta de atuação de uma coordenação dentro do assentamento para avançar no plano do assentamento e de envolvimento das famílias nas ações coletivas propostas. É necessário estabelecer níveis de cooperação para avançar na produção para geração de renda monetária e desenvolver sistemas de produção de base ecológica. O papel da ATES, neste sentido, é a motivação das famílias para tratarem de questões pertinentes ao assentamento, ao nível da coordenação, grupos, dos coletivos e com o objetivo de envolver sempre a família nas decisões e preposições. Acompanhamento nos lotes pelo número de famílias que cada técnico deve acompanhar, sendo necessário criar estruturas e espaços de interesse para dialogar e avanças nos objetivos e metas do plano do PA. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 105 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Condicionantes Consolidação da coordenação do plano do assentamento. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 106 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 8. PROGRAMAS 8.1 Programas regionais Os programas regionais já estão em processo de implementação no assentamento, como é o caso da produção de arroz e de leite. 8.1.1. Programa organizativo dos assentamentos da região O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Brasil – MST só foi possível ser constituído e mantido até o momento atual pela sua capacidade de organização, que construiu e vem mantendo. Nesse sentido a Região Enio Gutierrez (onde os Núcleos Operacionais de Nova Santa Rita e Eldorado do Sul fazem parte), possui uma organicidade que busca tratar e resolver os problemas dos assentamentos, bem como construir alternativas de produção, geração de renda, educação, saúde, meio ambiente, etc. A organicidade na região teve início com a chegada dos primeiros assentamentos na mesma, com os assentamentos Itapuí, São Pedro e Padre Josimo, dando inicio a organicidade que aos poucos foi aumentando com os novos assentamentos que chegaram à região, sendo O Núcleo Operacional de Eldorado do Sul é composto por 15 assentamentos conforme ANEXO 1. Figura 7: Organograma da Região Enio Gutierrez. Direção regional Grupo gestor do arroz, hortas e Grupo gestor Grupo de apoio plantas medicinais. executivo orgânico. ADM Núcleos e grupos de base Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 107 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Os assentamentos possuem sua organização buscando o envolvimento de todas as famílias no processo de construção do desenvolvimento dos assentamentos. Tendo várias instâncias de discussão e encaminhamentos e decisão, partindo dos núcleos/grupos de bases, Direção regional, e participação na direção estadual. Sendo os encaminhamentos e construção das alternativas para os assentamentos desenvolvidos e construídos na Direção Regional, como fomentar a construção e organização das atividades de produção, como algumas que já estão organizadas (arroz, leite e hortas), e outras que ainda precisam se constituir e se organizar como, atividade de piscicultura, apicultura, agroindústrias, e produção de alimentos. É importante salientar que é a direção dos assentamentos que constrói as estratégias para o desenvolvimento dos assentamentos, gerando encaminhamentos, onde muitas vezes uma pessoa vai cuidar de um assunto que diz respeito a todos os assentados da região de Porto Alegre, para conseguir assim manter o desenvolvimento das atividades produtivas, organizativas e administrativas. Objetivos - Manter organizados e em funcionamento os grupos de bases ou núcleos de bases (são formados em média por 10 famílias), sendo os vetores das discussões dos assentamentos. - Nos assentamentos maiores manter atuante as coordenações do assentamento (que é composta por representação de todos os núcleos do assentamento). - Manter atuante a direção regional, que possui um representante para cada 25 famílias dos assentamentos. Sendo a responsável pelas decisões a serem tomadas, como por exemplo, a criação do Grupo Gestor do Arroz Ecológico, criação do Grupo do Leite e criação do Grupo das Hortas e plantas medicinais. Bem como grupos de apoio. - Ter participação ativa na direção estadual dos assentamentos, com dois representantes, para poder participar das discussões, discutir e criar alternativas para as dificuldades de todos os assentamentos do Estado do Rio Grande do Sul. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 108 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro - Manter os assentamentos de forma produtiva, com divulgação do MST e embelezamento dos assentamentos. Tendo em funcionamento as atividades produtivas e sociais. Metas/ações - Reuniões nos núcleos de base 6 vezes por ano, ou por eventuais demandas extraordinárias. - Reunião da direção regional 3 vezes por ano. - Reunião da direção das micro-regionais 3 vezes por ano (sendo as micros de Nova Santa Rita e Eldorado do Sul). - Grupos Gestores produtivos (sendo arroz, leite, hortas e plantas medicianais) tendo 5 reuniões por ano. - 1 Seminário de agroecologia; - Grupo Gestor Executivo (formado por os dirigentes que tocam as atividades da região, mais os dois coordenadores de cada grupo gestor de produção, mais coordenação da equipe técnica, grupo de apoio ADM, mais grupo de apoio da Certificação) reunindo 4 vezes por ano. Justificativa Faz-se necessário manter um sistema de organização para poder desenvolver as atividades da melhor forma possível, buscando eficiência produtiva, desenvolver processos que dêem autonomia nos sistemas produtivos, sociais e culturais para as famílias assentadas. Ter cooperação para poder buscar canais de comercialização. Ter mais força para reivindicar seus direitos básicos, como estradas, luz, água e centros comunitários, etc. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 109 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Metodologia A metodologia a ser desenvolvida para o cumprimento do programa está baseada na participação de todas as famílias interessadas a discutir sua realidade no assentamento, realidade dos demais assentamentos da região, buscando criar alternativas construtivas a serem desenvolvidas dentro dos assentamentos. Onde cada grupo de base, escolherá o seu representante para participar do processo de discussão e planejamento da regional, onde estes terão seus agentes/representantes para fazer a relação com os órgãos públicos. Responsáveis As pessoas para o acompanhamento e que terão a responsabilidade de contribuir para a execução do programa será o grupo gestor executivo regional. 8.1.2. Programa de educação da região Enio Gutierrez Introdução O papel da equipe técnica nas Escolas dos assentamentos da região de Porto Alegre é de fortalecer a concepção de Educação do Campo, atuando com os educandos, educadores e comunidade, trabalhando a vinculação da educação com a terra, com a produção da existência. Objetivos - Educar para a transformação do meio, comprometimento da educação com a vida dos sujeitos envolvidos. - Vincular escola e comunidade dos educandos e educandas. - Educar para cooperação e preservação do meio ambiente. (a importância da água, o desmatamento) Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 110 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro - Compreender a agroecologia como concepção de vida. - Apropriar-se da proposta da Educação do Campo. Metas/ações - Trabalhar com crianças e jovens a educação ambiental e formas de produção. - Discutir organicidade. - Estudar temas como: campesinato, Reforma Agrária e modelo de Agricultura. - Construir a auto-organização dos educandos, incentivando o embelezamento da comunidade. - Pesquisar recursos hídricos, realizando parceria com universidades com análise sobre tipos água, tipos de solos. - Proporcionar, através das bibliotecas das escolas, a interação com a comunidade e incentivo leitura. Justificativa O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem ao longo desses 25 anos discutindo e concretizando práticas de educação desde os primeiros assentamentos na região de Porto Alegre. As 84 famílias do Assentamento São Pedro vieram da Fazenda Anoni em 12 de fevereiro de 1986 sobraram 700 ha que comportou mais 24 famílias que aqui chegaram no dia 24 de Agosto de 1987, sendo que as mesmas formaram outra comunidade No mesmo assentamento. O assentamento ficou distribuído formando São Pedro I, II e III. Devido à proposta do MST de termos escolas nos assentamentos da Reforma Agrária pelo direito das crianças em ter acesso a educação em suas comunidades adaptadas na realidade. A comunidade são Pedro I conquistou a Escola Roseli Nunes através de lutas e envolvimento das famílias a qual hoje oferece 1° Ensino fundamental, ensino médio incompleto e EJA de 1 ° grau completo. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 111 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro A comunidade São Pedro II Conquistou a Escola Estadual Sepé Tiaraju que oferece as séries iniciais do Ensino Fundamental. A comunidade São Pedro III conquistou no ano de 1987 uma escola municipal de ensino fundamental nas séries iniciais funcionou até o ano de 2009 quando foi fechada pelos órgãos responsáveis. Aqui citamos estas três primeiras experiências de escolas de assentamentos na região de Porto Alegre cujo trazem consigo objetivos da educação do campo esta que propõe a ligação dos conhecimentos escolares a serviço da transformação da vida dos sujeitos que vivem no campo. Metodologia A Equipe técnica acompanhará as Escolas de áreas de assentamentos mensalmente onde a atuação desta será feita de forma a implementar os objetivos acima citados, deve levar em conta os projetos que as escolas desenvolvem no decorrer do ano, buscando colaborar com a formação dos educandos e educadores. Durante encontros mensais com os educandos buscando desenvolver oficinas práticas com o cultivo de produção orgânica, impulsionando práticas de organização dos educandos para com a horta e embelezamento da Escola. Impulsionar o uso da biblioteca incentivando os educandos a leitura e produção lúdica como o teatro e contação de histórias. Nos componentes curriculares contribuir nas disciplinas com o estudo sobre temas como campesinato, modelo de agricultura e Reforma Agrária. Participar do Encontro do Estado proposto pelo MST juntamente com os professores buscando aprofundar e praticar a proposta da Educação do Campo. Participar das reuniões pedagógicas de planejamento das Escolas. Construir junto as Escolas através de gincanas o embelezamento da comunidade (Aprender brincando), de forma a realizar conscientização na comunidade e construir uma melhor relação e interação entre escola e meio social dos estudantes. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 112 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 8.1.3. Programa de saúde da regional Enio Gutierrez Justificativa Em primeiro lugar é importante lembrar conforme mencionado no diagnóstico, que ao se falar em saúde nos assentamentos devem-se levar em conta os seus condicionantes como a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, a higiene, e os aspectos do entorno relacionado à comunidade e a natureza. Considera-se a saúde em sua dimensão mais ampla, que não diz respeito somente a hospitais e postos de saúde. Para além de ações de promoção e prevenção da saúde este programa busca potencializar e contribuir com a renda, a qualidade de vida, a participação e a integração entre as famílias assentadas da região. Para este trabalho de saúde as plantas medicinais se tornaram uma ferramenta fundamental, pois as plantas são utilizadas há séculos pelos povos e geram muito interesse, onde as receitas e conhecimentos são passadas de geração a geração, fazendo parte da herança cultural e resistência das famílias camponesas. Muitas dessas plantas medicinais são também utilizadas como alimentos, e, assim, quando falamos de plantas medicinais estamos falando de saúde, alimento, economia, meio ambiente, cultura, organização e participação social. Além destes, e outros aspectos, hoje as plantas medicinais se tornaram uma política pública do SUS – Sistema Único de Saúde, pois o governo federal brasileiro aprovou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, por meio do Decreto Presidencial Nº. 5.813, de 22 de junho de 2006. Nesta perspectiva, a população da cidade e do campo pode ser atendida com remédios naturais e outras práticas complementares de saúde. Mas é preciso atenção, pois os camponeses/as não devem abdicar de suas farmácias verdes, e sua própria produção e organização. Com isto posto destaca-se a participação efetiva das mulheres, uma vez que, sem dúvida, são as camponesas as principais responsáveis pela renda gerada com a produção do “entorno” da casa, seja com as plantas medicinais, seja com a criação de animais de pequeno porte, hortas, agroindústrias, produção de leite e seus derivados, Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 113 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro garantindo a alimentação saudável e diversificada para o auto-sustento, e para a comercialização do excedente, fortalecendo a agricultura camponesa, e combatendo o agronegócio na ação prática. Com destaque especial às questões que envolvem a soberania alimentar, tão importante em nossos dias. A estratégia econômica do lote familiar deve passar, necessariamente, pela diversificação da produção, pela agroecologia, pela renda mensal, pelas sementes, e as mulheres, de modo geral, têm clara esta concepção. O trabalho com a saúde na regional de Porto Alegre já tem uma trajetória percorrida, com várias ações desenvolvidas nos assentamentos, e a consolidação de um coletivo regional de saúde em Nova Santa Rita. No diagnóstico foram levantadas as dificuldades das famílias no acesso a saúde, especialmente políticas públicas voltadas para a promoção e a prevenção. Hoje o atendimento nos postos é feito através de fichas, e nem sempre são disponibilizadas para o mesmo dia, além da falta de atendimento especializado, e a demora para conseguir vaga em outros municípios. Contribuindo para amenizar as dificuldades descritas acima, e buscando potencializar o que já está em processo na região é que se coloca o Programa Regional de Saúde. Objetivos Para este programa foram levantados objetivos concretos, a partir da realidade da região e da organização. 1 - Estimular o uso e a produção de plantas medicinais no cotidiano das famílias camponesas, buscando proporcionar a melhoria da qualidade de vida. 2 - Buscar alternativas de resistência e renda na terra, de forma que estimule a participação, especialmente das mulheres, em todos os espaços da produção e da organização. 3 - Organizar cursos e seminários de formação política e técnica. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 114 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Metas Com a intenção de facilitar o acompanhamento e controle das ações, o Programa indicou Metas relativas à produção, comercialização, capacitação e organização, sendo elas: - Realizar no mínimo nove (9) oficinas ao ano, sendo uma (1) em cada assentamento, de acordo com os temas sugeridos pelos núcleos de base, seja para produção de remédios caseiros, materiais de limpeza, de higiene, de secagem, de manejo, uso das plantas, artesanato, beneficiamento de alimentos, etc.; - Buscar envolver 40% de participação das famílias nas oficinas em cada assentamento entre os dois anos; - Organizar um (1) encontro bimensal do coletivo regional ampliado de saúde, totalizando doze (12) encontros entre 2010 e 2011; - Organizar cartilha com receitas de alimentos produzidos nos assentamentos; - Comercializar a produção coletiva (cremes, xampus, pomadas, aromatizadores, plantas secas, etc.) em todos os encontros, reuniões e seminários organizados na região e no estado, garantindo a participação de representantes do coletivo de saúde regional; - Participar do processo de formação proposto pelo Programa das Hortas e Plantas Medicinais regional, garantindo até 2011 a certificação orgânica da produção e do beneficiamento das plantas medicinais. Metodologia Parte-se da compreensão que todo coletivo social é constituído por sujeitos portadores de interesses, vontades, desejos e aspirações, sejam eles pessoas, famílias, grupos sociais ou povos. E que esses interesses, vontades, desejos e aspirações devem tornar-se o objeto privilegiado da construção de propostas metodológicas. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 115 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Nessa perspectiva, a metodologia de trabalho segue a estrutura organizativa da região e utiliza ferramentas participativas, dinâmicas e místicas em todos os espaços. Cronograma O prazo previsto para execução das metas e ações propostas é para o ano de 2010, dando continuidade em 2011. Tabela 7: plano de execução das metas, ações e propostas do programa da saúde regional. Ações/metas de 2010 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV Dez Oficina nos assentamentos X X X X X X X X X X X X Encontro, bimestral do X X X X X X coletivo de saúde. Encontros/dias de campo do coletivo da saúde X X X X X X regional Visitas técnicas aos hortos X X X X X X Acompanhamento ao horto X X X X X X X X X X X X da regional Reuniões, dias de campo e X X X X oficinas nos PAS Beneficiamento para X X X X X X X X X X X X comercialização Seminários de Estudo entre coletivo de saúde e equipe X X X X técnica Responsáveis pelo acompanhamento e controle do programa O acompanhamento das ações propostas deverá ocorrer através de debates e informes nas reuniões da direção regional, e o controle sistemático e organizado através do grupo gestor executivo (técnicos, dirigentes regionais e estaduais, representantes das hortas e plantas medicinais, arroz ecológico, leite, saúde, Cootap). 8.1.4. Programa das hortas e plantas medicinais A COCEARGS - Cooperativa Central dos Assentados do Rio Grande Do Sul Ltda. congrega 08 cooperativas regionais, 02 associações regionais, 09 cooperativas de Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 116 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro produção agropecuária, 15 associações e famílias em lotes nos Assentamentos da Reforma Agrária, em 21 Regiões do Estado do Rio Grande do Sul. Juntamente com COCEARGS, o Setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente e Assistência Técnica da COPTEC, têm como um dos princípios básicos a produção de ALIMENTOS AGROECOLÓGICOS nos assentamentos, através da organização das famílias assentadas, com independência e soberania como protagonistas deste processo. A primeira experiência com produção de base ecológica, desenvolvida pelas famílias, foi com hortaliças, em pequenas unidades de áreas, comercializando nos mercados locais, entrega direta ao consumidor e em feiras. A partir desta experiência concreta, as famílias iniciaram outras atividades agrícolas com base ecológica como o arroz pré-germinado ecológico. A produção de hortaliças orgânicas nos Assentamentos de Reforma Agrária na Região da Grande Porto Alegre-RS, iniciou com experiência em pequenas áreas , no ano de 1995, basicamente nos Assentamentos da Capela e Itapui (Nova Santa Rita RS), e Integração Gaúcha em Eldorado do Sul. As experiências práticas desenvolvidas pelas três unidades, na produção de hortaliças orgânicas, levaram ao interesse de mais famílias do próprio assentamento e de outros, a produzirem ecologicamente. No ano de 2000 foi conquistado um premio de responsabilidade social através da Fundação Banco do Brasil. Também neste ano foram conquistados espaços de feiras na Região metropolitana de Porto Alegre, as quais seguem até hoje. A COCEARGS, Setor de Produção, Assistência Técnica, juntamente com o grupo das Hortas e Hortos medicinais, tem a responsabilidade de sistematizar e/ou documentar todas as experiências agroecológicas e, através de intercâmbios de troca de experiências, seminários e dias de campo, entre as famílias assentadas da região e de outras regiões, fortalecendo a produção de alimentos agroecológicos, com a independência dos agricultores e apropriação das técnicas de manejo da atividade, com menor impacto a natureza. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 117 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Objetivos Proporcionar alternativas de renda e trabalho para famílias, aproveitar as oportunidades de mercado devido a proximidade do mercado consumidor, usar adequadamente o solo com maior aproveitamento e renda por área, fornecer ao mercado consumidor produtos agroecológicos, de alto valor biológico, proporcionar as famílias uma alimentação mais saudável com o consumo de hortaliças, criando hábitos de alimentação mais saudável. Justificativa As unidades e o sistema de produção apresentam as características a seguir descritas, conforme normas estabelecidas pela certificação de produtos orgânicos, e princípios da produção agroecológica. Estrutura e tamanho das unidades: As famílias Assentadas da Reforma Agrária, tratando-se principalmente das que produzem hortaliças de base ecológica, buscam desenvolver suas atividades de subsistências e geradora de renda nas diferentes estruturas organizativas de produção, como: Associação, associação do grupo do Erval, no assentamento Itapuí com 5 famílias, cultivando uma área de 5 há de hortaliças. Associação 15 de Abril de Charqueadas com produção no Assentamento Trinta de Maio e venda dos produtos na cidade de Charqueadas mesmo, os produtores de Assentamento integração gaúcha de Eldorado Sul cultivam várias espécies de hortaliças para venda em feiras na Grande Porto Alegre em vários pontos em feiras Livres direto ao consumidor Fonte de água: De um modo geral a água é captada de açudes e vertentes. Culturas e métodos de produção: Subsistência em sistema de produção de base ecológica, horta ecológica, apicultura, etc. e arroz agroecológico. Basicamente os eixos centrais de produção, geradora de renda e de manutenção familiar na Região de Porto Alegre - RS estão o arroz irrigado, a bovinocultura de leite e as hortaliças, frutas e plantas medicinais. As demais culturas e criações são caracterizadas basicamente de abastecimento da família. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 118 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Sistema de cultivo de hortaliças e plantas medicinais e manejo do solo. O preparo do solo é feito de forma mecanizada ou com tração animal. Requer do agricultor “um diálogo com a natureza”, entender o ambiente em que está sendo realizadas as práticas de preparo. O tipo de preparo do solo e os implementos utilizados dependem diretamente das condições climáticas (chuva, temperatura, umidade do solo, etc.), bem como a biomassa. Preparo do solo: na maioria das unidades é realizado uma aração e/ou gradagem com o uso de enxada rotativa e sulcador para levantar os canteiros, nas pequena unidades de plantas medicinais o preparo é feito manualmente com o uso de enxada, rastelo. As famílias costumam incorporar os restos culturais, plantas espontâneas e adubação verde na construção dos canteiros. O manejo de plantas espontâneas: as plantas espontâneas desenvolvem-se durante todo o cultivo, e se renovam muitas vezes neste período, criando uma excelente biodiversidade botânica, assim como, habitat para a fauna do ambiente. Assim para controlar estas plantas são feitas capinas manuais, uso de cobertura morta e mulching. Controle de erosão: planejamento dos canteiros conforme a declividade do terreno, o uso de cobertura morta e adubação verde, reduzirem a declividade dos drenos e fazer quebra-ventos no contorno das áreas Adubação foliar: biofertilizante enriquecido com pó de rocha. É um adubo orgânico líquido proveniente da decomposição aeróbica, pelo processo fermentativo em meio líquido, com auxilio de microorganismos. Dessa fermentação resulta o biofertilizante que é usado como adubo foliar, sendo absorvido pelas plantas principalmente pelas folhas através de pulverizações. É considerado um fito protetor natural das plantas e estimulador do crescimento e desenvolvimento vegetativo, bem como estimula a florada. È um complemento orgânico do solo, fornecendo micro e macro nutrientes que são minerais essências ao metabolismo das plantas, devendo ser usado em pequenas doses, para melhor absorção. Como é um complemento na nutrição vegetal, os resultados satisfatórios só são obtidos, se ferem desenvolvidos em conjunto com outras ações de manutenção e incremento na fertilidade do sistema agroecológico. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 119 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro É um produto que promove a independência do agricultor, pois o mesmo é feito com produtos da propriedade no momento que o agricultor desejar. Comercialização A comercialização conforme já relatada é realizada em feiras municipais da Grande Porto Alegre, sendo que os produtores fazem a venda de vários produtos sendo que quem vai a feira vender leva vários produtos sendo estes de mais de um agricultor, isso facilita a logística de entrega porque o mesmo agricultor pode ter produtos em mais de um ponto na mesma hora, outro fato a destacar é que eles trabalham em feiras ecológicas, sendo o consumidor muito exigente e também conhecedor do processo de produção. Essa interação que existe entre produtor e consumidor melhora o processo de comercialização, Metodologia A partir dos grupos de produção constituídos, esses estabelecem as espécies a serem trabalhadas, e o planejamento da produção individual, os grupos se reúnem periodicamente e a cada dois meses em reunião geral do grupo gestor que trata das questões envolvendo a tecnologia de produção, mercado, certificação e Assistência técnica. 8.1.5. Programa do leite da região Enio Gutierrez Em razão da necessidade da família camponesa ter uma renda mensal e uma alimentação Saudável é impossível pensar a agricultura familiar sem produção leiteira. É graças a esta atividade que estas famílias alem da geração de renda conseguem produzir para o Autoconsumo, fazer integração lavoura pecuária e obter ainda poupança viva. Dentre a realidade da região metropolitana onde a produção leiteira está com grandes perspectivas devido a implantação da rota do leite, construção da agroindústria e venda direta para as prefeituras, no programa da merenda escolar, Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 120 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro além de outros mercados; foi construído junto com as demandas das famílias assentadas e a assistência técnica a discussão de que algumas ações são essenciais para aumentar a produção de leite na região, dentre elas temos como principais metas a serem realizadas: - Produção de leite a base de pasto utilizando o sistema de Pastoreio Racional Voisin - Este sistema é incentivado tanto nas visitas técnicas como nas reuniões com os agricultores onde é discutido os programas de recuperação dos assentamentos e os programas de desenvolvimento dos Assentamentos, pois leva a auto-sustentabilidade da família alem de garantir um alimento ecológico e a possibilidade de no futuro se chegar ao leite orgânico. Junto à nutrição animal também é de grande importância a suplementação mineral, em razão de que nossos solos não conseguem suprir todas as necessidades dos animais e devido a isso temos vários problemas na saúde do rebanho leiteiro. Então com o objetivo de sanar estes problemas, além da orientação sobre o uso do suplemento mineral durante o acompanhamento ao lote dos produtores de leite tem-se realizado oficinas de fabricação caseira do suplemento mineral como forma de integração dos grupos de produtores de leite, também uma forma de transmitir o conhecimento para que no futuro os mesmos possam se organizar e fazer seu mineral. Esta oficina tem alcançado bons resultados tanto nos aspectos nutricionais como no custo final do suplemento mineral que fica em torno de 50% do custo do produto com as mesmas características compradas no mercado. Nesse aspecto a discussão se deu na aquisição de animais com aptidão leiteira Principalmente das raças Holandesas, Jersey e também de raças mistas. Estas em razão de serem mais rústicas, além da importância sanitária, por isso o incentivo para a aquisição de animais testado para as principais doenças do rebanho bovino e adaptado ao clima e as condições do campo da nossa região, já que a maioria das áreas de assentamento são baixas e alagadas em períodos do ano. - Criação de Terneiras – um desafio para as famílias camponesas é criarem as suas terneiras e assim garantirem novilhas e vacas de boa qualidade para a produção de leite, também como uma fonte de renda com a venda do excedente de novilhas criadas contribuindo na renda. Esta já é a realidade de alguns assentados da região. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 121 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Para melhorar o trabalho de criação e aproveitar melhor o excesso de colostro das vacas recém paridas algumas famílias estão aderindo ao uso de silagem de colostro, um produto que possibilita a criação da Terneira com um baixo custo e excelente aspecto nutricional. Esta é uma forma de também economizar no uso de leite de qualidade que seria destinado a alimentação da Terneira e que poderá ser comercializado gerando maior renda para a família. - Sanidade animal - quando se pensa na produção leiteira e na qualidade deste produto é necessário entender a importância da sanidade dos animais que vão produzir a matéria prima e o custo para manter estes animais sadios. Por isso quando este assunto é debatido com as famílias durante a realização do PRA e também em reuniões com produtores é discutimos a importância em investir na prevenção e técnicas alternativas como o uso de fitoterápicos e homeopatia veterinária. Objetivos - Aumentar e melhorar a produção leiteira das famílias camponesas garantindo uma renda mensal e melhores condições econômicas às famílias. - Garantir uma produção de base ecológica com produção de leite a pasto. - Garantir a autonomia do mercado desse produto já que quem assumirá a responsabilidade de comercializá-lo será da cooperativa dos trabalhadores assentados na região de Porto Alegre [COOTAP]. Justificativa A produção de leite nos assentamentos da região de Porto Alegre sempre foi considerada importante para o auto consumo e como fonte de renda mensal para as famílias, porém, nunca foi tratada como prioridade ficando sempre ofuscada pela produção de arroz que tem maior destaque e recebe as maiores fatias de investimento tanto por parte dos assentados como pelos programas de incentivo governamentais via INCRA, porém com o inicio da rota do leite na região metropolitana esse cenário tende Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 122 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro a mudar isto devido às origens da maioria famílias aqui assentadas oriundas do norte do estado e estas tem como características aptidão para trabalhar com a produção leiteira. Por estarem aqui na região metropolitana estas famílias já sabem identificar problemas que antes aconteceram e vieram a não receber incentivo da produção leiteira da região alta mortalidade de animais comprados, falta de adaptação a áreas baixas, alagadas e o baixo preço pago aos produtores de mato ( plantio de acácia). Juntando todos esses fatores a principal justificativa e que alem da rota do leite e a possibilidade de comercialização do produto e renda mensal, a produção de leite a pasto promove melhoramento e fertilidade do solo, maior produção por hectare, levando ao auto-sustentabilidade das famílias, melhores condições econômicas garantindo uma produção de base ecológica respeitando o bem estar animal, o ambiente e acima de tudo garantindo melhor qualidade de vida para as famílias assentadas. Metodologia As atividades realizadas terão como objetivo aumentar e melhorar a qualidade do leite nos assentamentos da região de Porto Alegre e para se alcançar essa finalidade será dado seqüência nas ações já realizadas como oficinas, cursos, reuniões técnicas e orientações na área da produção leiteira. As reuniões e oficinas serão construídas junto as famílias camponesas e as necessidades encontradas nas visitas técnicas, como Por exemplo, oficinas de sal mineral, tratamentos alternativos para o uso veterinário com fitoterápicos, uso de vacinas na prevenção de doenças e orientação no controle sanitário do rebanho. Todas essas atividades como também a de orientação e controle da qualidade do leite e seus derivados deveram ser debatidos e pautados em toda região tanto pelos técnicos como pelos camponeses que devem ser os principais gerenciadores da sua produção. Dessa forma espera-se que a região cresça na atividade leiteira e que assim essa produção continue na mão da família camponesa reforçando o projeto de reforma agrária e soberania alimentar. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 123 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 8.1.6. Programa do arroz agroecológico da região Enio Gutierrez A luta pela reforma agrária mobiliza um contingente de camponeses no Brasil e no mundo. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) surgiu há 25 anos, hoje presente em 23 estados brasileiros agregando trabalhadores rurais, meeiros, arrendatários, assalariados e pequenos proprietários excluídos do modelo produtivo agrícola atual. A continuidade do MST somente é possível a partir da organização interna do movimento desde o acampamento até os assentamentos. O sistema organizativo desenvolvido no Movimento prioriza a discussão e tomada de decisão a partir do coletivo resultando na formação de grupos, associações e cooperativas. Diante deste contexto, se pretende relatar uma destas experiências. A produção de arroz (Oriza sativa) orgânico nos assentamentos próximos da cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul (RS) – Brasil demanda um grande esforço, no que se refere à apropriação e o entendimento dos princípios e manejos agroecológicos. Os camponeses assentados buscam se capacitar e trocar experiências entre si e com outros agricultores da região, a fim, de se apropriar de um conjunto de tecnologias e técnicas, aplicáveis a sua realidade. Este processo é desempenhado pelo Grupo Gestor do Arroz Ecológico e exige por parte dos assentados e técnicos um esforço de colocar em prática no dia-a-dia a agroecologia. A atividade orizícola pelos assentados próximos a cidade de Porto Alegre teve início em 1995 com áreas de 10 a 20 hectares por camponês organizados em cooperativas. Estes encontraram muitas dificuldades para se adaptarem às áreas baixas (várzeas), por virem de outras regiões do Estado e do país onde desenvolviam agricultura em cultivos de sequeiro. O sistema produtivo adquirido pelos camponeses nos cultivos de milho (Zea maiz), soja (Glicine max), trigo (Triticum aestivum), era o convencional. No cultivo do arroz irrigado não foi diferente. Neste período, os camponeses conquistaram uma linha de crédito para as cooperativas, incorporando tecnologias necessárias ao cultivo do arroz como a compra de colheitadeira, tratores e outros implementos e benfeitorias como silos, pelas cooperativas. No decorrer dos anos, o sistema produtivo desenvolvido Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 124 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro começou a entrar em crise, principalmente econômica. Segundo relatos de camponeses a crise ocorreu pelos altos custos de produção, desencadeados pelo uso de tecnologias altamente dependentes de energia externa a unidade produtiva. O uso de máquinas pesadas, fertilizantes químicos e pesticidas, levou ao endividamento econômico. Além dos altos custos produtivos, as primeiras safras tiveram uma baixa produtividade, devido à falta de estrutura apropriada e de experiência dos camponeses na atividade orizícola. Outro fato político-econômico relevante neste período foi o acordo do Estado brasileiro com a Argentina e o Uruguai, que em 1999, resolveu baixar as tarifas aduaneiras de alguns produtos, entre eles o arroz. Esta entrada de produto no país ajudou a baixar os preços, colaborando para o endividamento dos camponeses assentados. A qualidade de vida e a saúde dos camponeses também foram decisivas para a conversão agroecológica. Os inseticidas e fungicidas eram aplicados por aviões agrícolas, sendo os próprios camponeses encarregados de sinalizar na lavoura a rota da aeronave. Com a inalação da deriva destes agroquímicos ocorreram diversos casos de intoxicação gerando inclusive pedidos de afastamento das cooperativas. Os fatores acima descritos associados com a necessidade de se produzir um produto diferenciado, devido à escala produtiva nos assentamentos não poder competir com os monocultivos de arroz, foi determinante para a mudança de concepção das técnicas e tecnologias desenvolvidas pelos camponeses. A primeira experiência com produção de base ecológica, desenvolvida pelas famílias, foi com hortaliças, em pequenas unidades de áreas, comercializando nos mercados locais, entrega direta ao consumidor e em feiras. A partir desta experiência concreta, as famílias iniciaram a experiência com arroz pré-germinado ecológico. A produção de Arroz Ecológico nos Assentamentos de Reforma Agrária na Região da Grande Porto Alegre-RS, iniciou com experiência em pequenas áreas (3 a 4 há ), no ano de 1999, basicamente no Assentamento da Capela (Capela RS), com a Cooperativa COOPAN e no Assentamento Lagoa do Junco (Tapes RS) com a Cooperativa COPAT. As experiências práticas desenvolvidas pelas duas unidades, pioneiras, na produção de arroz ecológico, levaram ao interesse de mais famílias do próprio Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 125 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro assentamento e de outros, a produzirem arroz ecologicamente. A partir daí, iniciou as trocas de experiências entre as famílias que vinham produzindo arroz ecológico e as que estavam iniciando ou que tinham interesse na atividade. No ano de 2002 foi organizado um dia de campo entre as famílias que vinham produzindo arroz de base ecológica no Assentamento Lagoa do Junco em Tapes RS, para troca de experiência e estudos em Arroz pré-germinado Ecológico e Rizipiscicultura. A partir deste ano, consolidou-se o Grupo do Arroz Ecológico, como é mais conhecido, que é composto de famílias assentadas que trabalham de forma Cooperativa (CPAs), Associações de agricultores, grupo de agricultores e de forma familiar no lote. Neste encontro ficou definido pelas famílias a organização de dois dia de campo e um seminário por ano para trocas de experiências, estudos de todo o processos produtivos do arroz pré-germinado ecológico, da produção, secagem/armazenagem, beneficiamento/processamento, formas de comercialização. Na safra 2002/2003, iniciou o processo de certificação das unidades de produção, a partir da possibilidade de transações de arroz ecológico. A COCEARGS, Setor de Produção, Assistência Técnica, juntamente com o grupo do arroz agroecológico, tem a responsabilidade de sistematizar e/ou documentar todas as experiências agroecológicos e, através de intercâmbios de troca de experiências, seminários e dias de campo, entre as famílias assentadas da região e de outras regiões, fortalecendo a produção de alimentos agroecológica, com a independência dos agricultores e apropriação das técnicas de manejo da atividade, com menor impacto a natureza, se constituindo nisso uma cooperação de conhecimento, a fim de resolver os problemas demandados. Cabe ressaltar que a partir das experiências organizacionais do Grupo gerou-se uma demanda de planejamento estratégico das unidades e por conseqüência do Grupo Gestor do Arroz Ecológico o que solidificou ainda mais a unidade e constituição organizacional da atividade. A partir da safra 2005-2006, a COCEARGS assume a responsabilidade da certificação e torna-se a mandatária do processo de certificação em todas as unidades do grupo. Esse processo permite ao grupo do arroz ecológico apropriar-se de toda a parte administrativa da certificação e ter o domínio do destino do arroz produzido, secado, armazenado e beneficiado nas unidades. Além de todos os avanços em Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 126 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro autonomia do Grupo acima citados, também no campo da formação em produção ecológica foi obtido interessantes avanços. O resultado disso se observa na realização do IV Seminário do Arroz Ecológico contando com a participação de mais de 50 agricultores e técnicos. As atividades e discussões nesta plenária foram muito produtivas demandando a necessidade de fortalecimento de iniciativas de formação e troca de experiências gerando no na safra 2006-2007 a realização de dia de campo na COOPAN em Nova Santa Rita e a seqüência de formação com o V Seminário do Arroz Ecológico da Grande Região de Porto Alegre. Durante a entressafra de 2008, o grupo do arroz ecológico, junto com as regionais, organiza o primeiro seminário em agroecologia e junta produtores agroecológicos de arroz, de hortaliças, de plantas medicinais, de frutas e de leite no centro de formação de Viamão para debater a questão da produção de base agroecológica, a formação dos diferentes grupos gestores, a capacitação e a comercialização. Após elaboração de um documento completo descrevendo o funcionamento da certificação em grupo, o sistema de controle interno (SIC) do processo de certificação da COCEARGS foi por primeira vez implementada e usada no início da safra 20082009 de arroz. Mais de 100 unidades de produção de arroz ecológico foram inspecionadas e avaliadas pelos inspetores internos, agricultores do grupo capacitados para isso. Para a safra 2008-2009, o grupo do arroz ecológico se compõe de 180 famílias equivalentes a mais ou menos 900 pessoas, organizadas em 76 unidades de produção, numa área total de 2844 hectares de terra dos quais 1254 hectares representam a produção de arroz ecológico certificados. A estimativa de produção de arroz ecológico certificado ou em processo de certificação eleva-se a 106.000 sacos de 50 kg ou 5324 toneladas. Nesta safra 2 engenhos (COOPAN e COOPAT) operam fechando a cadeia produtiva e com capacidade de absorver uma parte da produção regional. Além da projeção de 1 unidade de recepção, secagem e armazenagem de arroz ecológico em Eldorado do Sul. Nestes 10 anos de existência do Grupo do Arroz Ecológico, muitas conquistas foram alcançadas. O grupo atualmente é composto por 211 famílias de assentados, Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 127 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro resultando numa área de 2.10454 hectares de arroz orgânico certificado e em processo de certificação. O projeto abrange 06 municípios, envolvendo 07 assentamentos, sendo eles: Charqueadas (Assentamento 30 de Maio); Eldorado do Sul (Assentamentos Integração Gaúcha e Conquista Nonoaiense); Guaíba (Assentamento 19 de Setembro); Capela (Assentamento Capela); Tapes (Assentamento Lagoa do Junco); Viamão (Assentamento Filhos de Sepé). Deste universo há famílias em diferentes estágios de conversão, podendo comercializar arroz com selo orgânico nos mercados brasileiro, europeu, norte-americano. No decorrer do desenvolvimento deste programa aparecerá maior número de dados relevantes a produção ecológica. Este trabalho é fruto de um esforço coletivo, onde os agentes de todo o processo são os próprios camponeses, que demonstram uma perseverança aos princípios agroecológicos. Todavia, isto só foi possível por que os camponeses tomaram a decisão de lutar por um pedaço de chão, ou seja, buscar seus direitos perante o Estado. As conquistas e as derrotas obtidas durante esta jornada, também passaram por um processo de tomada de decisão, que por vezes não é fácil tomá-las. Mas, sem dúvida serviram de estímulo e aprendizado ao Grupo, que é ciente de que por mais que se faça, sempre tem o que se melhorar, consolidar, almejar e vivenciar. Isso, a fim de compartilhar o conhecimento e a experiência obtida, e possibilitar aos outros camponeses a oportunidade de oferecer alimento saudável aos seus semelhantes. Situação socioeconômica - Caracterização do Programa do Arroz A área de abrangência deste programa, conforme a estrutura organizativa do MST está dividida em três microrregiões: Nova Santa Rita, Eldorado do Sul e Viamão, composta por 23 assentamentos em 14 Municípios, envolvendo um público de 1.322 famílias de assentados/as pela Reforma Agrária. O primeiro Projeto de Assentamento (PA) a ser instalado na região, em 1987, foi o PA Padre Josimo, composto por 24 famílias. O nome deste PA é uma homenagem ao religioso Padre Josimo, assassinado Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 128 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro em maio de 1986 por defender os trabalhadores e lutar pela Reforma Agrária. Os PAs e os Municípios envolvidos estão na área de abrangência do projeto. As principais atividades de produção dos Assentamentos da Região são desenvolvidas em uma área de aproximadamente 25.550 hectares, estando caracterizadas: de subsistência e comercialização do excedente, sendo a produção de arroz irrigado, bovinocultura de leite, bovinocultura de corte, suinocultura, avicultura, hortaliças, milho, feijão, etc. e com maior incremento, devido as características topográficas da região e potencialidade de recursos naturais, o arroz pré-germinado agroecológico e convencional em transição. Com a chegada das famílias assentadas, potencializou a produção de alimento com menor impacto ambiental, com tecnologias sustentáveis, com destaque as hortaliças e o arroz pré-germinado agroecológico. As principais fontes de renda direta são arroz irrigado, com expressiva produção orgânica, no sistema pré-germinado em uma área de aproximadamente de 784,9 ha, horticultura e a atividade leiteira, que geram excedente de produção. - Caracterização do público beneficiário envolvido As famílias assentadas têm em sua base cultural a produção para auto-sustento, dependendo pouco do mercado externo, e vendendo o excedente. A relação com a natureza é a própria do camponês, de integração, onde se busca produzir alimentos saudáveis, que levem em consideração a saúde humana e da natureza. As famílias mantêm hábitos de fazer trocas de produtos e serviços entre vizinhos, realizam festas comemorativas, fazem reivindicações conjuntas, valorizam a cooperação e a ajuda mútua, e buscam ter presente um espírito humanitário e solidário na vida em comunidade. A forma básica de organização são os núcleos de base do Movimento Sem Terra, e congregam entre 10 a 25 famílias cada. Nestes núcleos acontecem discussões que tratam as questões política, técnica, social, cultural e econômica, bem como os problemas enfrentados pelos trabalhadores no assentamento, no município e no estado, procurando garantir a participação de toda a família. Outra forma são os grupos de produção, que podem ser informais, associações ou cooperativas legais, como a Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 129 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro COOPAN12, COOPAC13, COOPAT14 e COOTAP15. Existe uma coordenação por assentamento e uma regional. As coordenações são constituídas por uma mulher e um homem de cada núcleo de base, escolhidas pelas famílias dos assentamentos. As linhas gerais e assuntos de maior importância são tratados em assembléias. O grau de escolaridade entre os assentados da região é diversificado, desde o analfabetismo até o superior; a grande maioria tem escolaridade até a 4ª série do ensino fundamental. Os filhos de assentados estão conseguindo na sua maioria completar o 2º grau, muitos nas escolas do movimento como o Instituto Educar no município do Pontão, e o IEJC/ITERRA em Veranópolis, realizando também cursos profissionalizantes, como Técnicos em Administração de Cooperativas e Técnicas em Agroecologia. A região tem preocupação com a educação; buscando contribuir com a escolarização e formação dos assentados foi realizado um curso de EJA fundamental de segundo segmento, formando 49 pessoas, e já se prepara para executar o EJA ensino médio, para dar seguimento a estes mesmo agricultores que concluíram o fundamental; estas turmas recebem escolarização dentro da pedagogia da alternância, uma proposta do MST para garantir oportunidade de estudo aos camponeses que não podem se deslocar todos os dias até a escola. Os desafios destas famílias são sua produção de forma diversificada combinação de cultivos e criações, produzindo alimentos de qualidade e com excedente. Agregar valor na produção primária de diversas formas, principalmente com agroindústrias. Conseguir aumentar a renda direta mensal das famílias. Criar mecanismos que possam fortalecer o mercado solidário. Dominar a cadeia de produção de alguns produtos para possibilitar aos filhos que continuem trabalhando no campo com uma remuneração justa. Continuar desenvolvendo atividades que busquem um melhor desenvolvimento para a sociedade, como o saneamento ecológico, cultivo de plantas medicinais, continuar produzindo de forma ecológica, avançar no debate da necessidade da produção agroecológica, entre outros. 12 Cooperativa de Produção Agropecuária de Nova Santa Rita. 13 Cooperativa de Produção Agropecuária de Charqueadas. 14 Cooperativa de Produção Agropecuária de Tapes. 15 Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 130 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro - Caracterização da produção agrícola/pecuária: área plantada, produtividade obtida, qualidade da produção, histórico de utilização da área, potencial para crescimento na produção, agroindústrias existentes e tipos de assistência técnica existente, entre outras; A primeira experiência com produção de base ecológica, desenvolvida pelas famílias foi com hortaliças conforme colocado anteriormente, em pequenas unidades de áreas comercializando nos mercados locais, entrega direta ao consumidor e em feiras. A partir desta experiência concreta, as famílias iniciaram a experiência com arroz prégerminado agroecológico. Todos os beneficiários desse projeto têm, após praticamente 10 anos de plantar arroz, acumulado uma sólida experiência na produção de alimentos na várzea, áreas de terra baixa. A pesar da diferencia existente de conhecimento em produção agroecológica de arroz, o fluxo de informação entre os próprios produtores é grande e continuo, assim que o nível de tecnologia vem crescendo ao longo dos anos. - Análise do Mercado: potencial e existente (dimensão e abrangência): O mercado atual já é bastante amplo, pois como as unidades já possuem desde 2003 a certificação orgânica, conseguirem abrir um mercado a nível local, regional, estadual, nacional e internacional. O arroz comercializa-se tanto a granel para os mercados constitucionais (programas do governo) quanto em sacas de 25, 30 e 50 kg e em saquinhos de 1 e 5 kg para vários tipos de mercados, lojas, restaurantes, etc. O volume total comercializado em 2008 superou os 100.000 sacos de 50kg (quantidade calculada em casca) nas mais diversas formas possíveis. Os produtores que ainda não têm estruturas de secagem e armazenagens têm duas opções; fazem parceria com as unidades do grupo do arroz ecológicas mais estruturadas vendem o arroz em casca para os engenhos da grande região metropolitana de Porto Alegre como orgânico (com certificado) ou como convencional quando o mercado do arroz orgânica em casca satura. As unidades mais estruturadas, que possuem secagem, armazenagem, beneficiamento e empacotamento, trabalham com o mercado de consumo direto e as empresas alimentícias que atuam como atravessadores. O mercado do arroz agroecológico está crescendo anualmente, a procura tanto por parte dos consumidores Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 131 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro quanto das empresas do setor de alimentação está cada dia mais voltada aos alimentos livre de agrotóxicos. As condições necessárias em termos de terra, clima, cultura são no Rio Grande do Sul ótima para a produção de arroz e despertam o interesse tanto dos produtores quanto dos consumidores de arroz. Todavia a produção de arroz agroecológico estadual e nacional é pequena e não consegue abastecer a demanda nacional. Por tanto existe um potencial enorme de comercialização já em nível de Brasil e isso sem contar com uma procura muito grande vindo do exterior. O fato de poder contar com uma estrutura de secagem e armazenagem a mais dentro do grupo gestor dos produtores de arroz agroecológico da Grande região de Porto Alegre permitiriam a esses produtores até agora dependentes de estruturas convencionais por um lado poderem recepcionar a própria safra em casa e abastecer as unidades existentes de beneficiamento do grupo e não terem que vender o arroz agroecológico certificado no mercado convencional por falta de espaço e por outro lado esperarem melhores momentos de comercialização. Forma e canais de comercialização: potencial e existente (venda direta, comércio eletrônico, compra antecipada, venda indireta, contratos de integração, mercados institucionais). As duas unidades do grupo que hoje conseguem fechar a cadeia produtiva do arroz agroecológico são a COOPAN e a COOPAT. Essas duas cooperativas estão em fase final de reforma das estruturas e terão a possibilidade de receber, pesar, secar, armazenar, beneficiar e empacotar arroz agroecológico. Nos dois casos, a capacidade das estruturas, o beneficiamento, é superior a capacidade de produção de arroz agroecológico da lavoura. Essas duas unidades têm capacidade de beneficiar o arroz das outras unidades de produção, mas não tem capacidade de armazená-lo, por tanto é necessário descentralizar e multiplicar as opções de secagem e armazenagem para depois poder ao longo do ano abastecer as unidades de beneficiamento com o arroz das outras unidades de produção de lavoura do grupo gestor do arroz ecológico. Essas duas unidades existentes têm desenvolvido ao longo dos últimos 3 anos vários tipos de mercado: a) Mercado de proximidade; loja da reforma agrária em Porto Alegre, lojas de produtos naturais, restaurantes, lojas de produtos convencionais, feiras no Rio Grande Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 132 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro do Sul. Nesses casos o arroz é comercializado beneficiado a granel ou em pacotes de 1 e 5 kg. b) Atravessadores; atacadistas, mini-supermercado, supermercado da reforma agrária. Nesses casos o arroz é comercializado beneficiado em sacas de 25, 30, 50 kg ou em pacotes de 1 e 5 kg. c) Mercado institucional: programas de compra direta, programa de doação, Fome Zero, Convenio com hospitais, convenio com prefeituras (creches, escolas e universidades). Nesses casos o arroz é comercializado em casca a granel ou beneficiado a granel, em sacas de 25, 30 50 kg ou em pacotes de 1 e 5 kg. d) Empresas alimentícias; existe uma relação com varias empresas de comercialização de produtos orgânicos e com as quais a COOPAT e a COOPAN trabalham há 5 anos. O arroz ecológico comercializado para essas empresas é certificado orgânico para os mercados brasileiros (Normas de certificação orgânica BRO, IN N° 64, do dia 18 de dezembro de 2008), europeus (Normas de certificação orgânica CEE 2092/91) e americanos (Normas de certificação orgânica NOP/USDA). O processo de certificação foi iniciado em 2003 pelo grupo a pedido de uma empresa. As perspectivas e os desafios de comercialização encontram-se na estruturação das unidades a fim de lhes permitir aproveitar dos 100% do grão colhido e não ter que vender como convencional. Os mercados ainda não trabalhados que aparecem ainda como potencial de crescimento são: a) as cooperativas de consumidores, b) as prefeituras da Grande região metropolitana de Porto Alegre, c) todas as empresas nacionais de produtos orgânicas que já solicitaram arroz ecológico (a granel, em sacas ou empacotados), d) o mercado solidário interno (assentamentos e cooperativas da reforma agrária) e) o mercado solidário externo (lojas do comercio justo). f) Uma tendência acentuada pela falta de oferta diante uma procura crescente de alimentos orgânicos é o fechamento de contrato pré-plantio. O grupo gestor do arroz ao momento de planejar as lavouras poderá contar com uma variante adicional que é a Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 133 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro demanda especifica de produto em qualidade e quantidade por parte de alguns compradores. Isto permitirá determinar as condições de comercialização antes do plantio e contar com uma segurança maior no retorno econômico dos investimentos. Dados gerais Na seqüência desta breve contextualização regional, se pretende expressar a dimensão do programa do arroz agroecológico. O Grupo que iniciou com uma pequena área de 1,5 ha, hoje conta com mais de 2.000 ha de arroz orgânico e em transição envolvendo 211 famílias num total de quase 1.000 pessoas, veja abaixo. Tabela 8: Mapa regional do Grupo gestor do Arroz Ecológico, Porto Alegre, 2009. Mapa regional Assentamento Municipio N° de unidades certificadas 19 de Setembro Guaiba 5 IRGA Eldorado do Sul 3 30 de Maio Charquedas 5 Lagoa do Junco Tapes 2 Filhos de Sepé Viamão 49 Capela Nova Santa Rita 9 S.R. de Cássia Nova Santa Rita 1 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 134 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 9: dados gerais da produção de Arroz Ecológico da região N°de assentamentos 7 N° de municipios 6 N° de unidades de produção 147 N° de familias diretamente envolvidas na atividade 211 N° de pessoas envolvidas na atividade 872 Area total de arroz orgânico ou em transição 2.104,6 ha Area total no processo de certificação orgânica 4.101,52 ha Produção total estimada de arroz ecológico em sc safra 20092010 177.767 sacas Os dados acima levantados foram sistematizados a partir da documentação de certificação presente no Grupo, levantada a campo e em atividades de reuniões de capacitação e formação. O Grupo hoje conta com uma abrangência acima da esperada pelos seus participantes e o reflexo disso é a aceitação do arroz orgânico nos mercados e pelos agricultores. Um exemplo disso é no Assentamento Capela onde a 10 anos atrás não existia produção de arroz ecológico. Hoje, dos 46 agricultores que cultivam arroz, 42 estão diretamente envolvidos com a produção de arroz ecológico. Toda esta euforia gerada pelo crescimento do Grupo também traz apreensões quanto a estrutura física de poder armazenar toda a produção de 177.000 sacos em estruturas próprias. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 135 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 10: capacidade de armazenagem e beneficiamento das agroindústrias do Grupo gestor do arroz ecológico, Porto Alegre, 2009. Estruturas de secagem e armazenagem capacidade ● COOPAT: Secagem/armazenagem...............9.500sc ● COPAC: secagem/armazenagem...............10.000sc ● COOPAN: secagem/armazenagem...............20.000sc ● COOTAP: secagem/armazenagem................15.000sc ● COOTAP: secagem/armazenagem................15.000 sc Estruturas de beneficiamento e capacidade ● COOPAT..........................................................30sc/hora ● COOPAN.........................................................20sc/hora ● COPAC.........................................................8sc/hora 69.500 sacas (39,1% da prod. total) 58 sc/hora Além das estruturas presentes na tabela 4 o Grupo fomenta a construção de silos de pequena capacidade nas unidades, bem como a construção de uma unidade de arroz parboilizado para a região pois o grupo vem crescendo em média 20% em número de famílias e em área ao ano, gráficos 19 e 20. Gráfico 19: Histórico da evolução em número de famílias no Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, Porto Alegre, 2009 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 136 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 20: Histórico da evolução em área no Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, Porto Alegre, 2009. Os dados obtidos nas tabelas acima representam a espectativa de crescimento do Grupo que na realização do II Seminário do Arroz Agroecológico em 2004 definiu como metas estes valores. Eventos como o Seminário do arroz ecológico serve como espaço de formação, troca de experiência e planejamento estratégico do Grupo, tabela 11. Tabela 11: Planejamento estratégico do Grupo gestor do Arroz Ecológico, porto Alegre, 2004. Planejamento estratégico Objetivos estratégicos Eixos estratégicos 1 – Motivar as Famílias à produção agroecológica como opção de vida; 2 – Produção de arroz ecológico sob o controle dos assentados; Produção, secagem, armazenagem;beneficiamento; Comercialização; 3 – Contraposição ao agronegócio com a afirmação do projeto camponês 4 – Produção de semente de qualidade; 5 - Fazer a relação com a sociedade; 6 – Cuidado com o meio ambiente; 7 – Disputa por políticas públicas de incentivo a agroecologia; 8 – Estratégia de certificação 9 – Mercado: local, procurar outros grupos; 10 – Fortalecer a organização (MST); 1 – Produção de arroz ecológico numa estratégia de conversão do lote para a agroecologia 2 – Certificar conforme ás normas orgânicas 3 – Secar e armazenar Meios 1 – Formação e capacitação 2 – Troca de experiência 3 – Articulação e parceria na formação, capacitação e comercialização 4 – Planejamento estratégico da grande região de POA 4 – Beneficiar 5 – Comercializar 5 – Sistema interno de controle (GG e certificação) 6 – Viabilização de recursos 7 – Assistencia técnica especializada 8 – O seminario anual da agroecologia Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC Metas 1 – Arroz seco e armazenado em 7 unidades (COOPAT, COPAC, COOPAN, Viamão, Guaiba e COOTAP, Eldorado do Sul) 2 – 80% do arroz produzido beneficiado em 4 unidades (COOPAT, COOPAN, COPAC e COOTAP) 3 – Custo de produção médio das unidades de R$ 950,00 / ha 4 – Produzir 100% da semente 5 – Aumentar em 20% o numero de famílias 6 – 150 famílias capacitadas em boas práticas de produção, secagem, armazenagem, beneficiamento e comercialização de arroz agroecológico 137 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro A partir da safra 2004-2005 o planejamento das atividades passou a ser um fator fundamental para o sucesso nas lavouras. A atividade orizícola envolve elevados investimentos em estrutura física e maquinários além do investimento para a viabilização da lavoura. Como passou a ser parte do cronograma de atividades do grupo a realização de um seminário por ano, na safra 2009-2010 foi chegado aos dados preliminares citados anteriormente. A tabela 11 procura localizar geograficamente os grupos, produtividade, necessidade de sementes e local de beneficiamento. Tabela 12: Dados preliminares sobre a localização das unidades e estimativas de produção de arroz ecológico, porto alegre, 2009. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 138 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 21: Áreas totais e de Arroz por status de certificação safra 2009-2010, Porto Alegre, 2009. hectares Areas Totais e de Arroz Por Status de Certificação safra 2009-2010 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1271 972 304 4101,52 2104,6 Tot O 835 819 10 C1 C0 CEE Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC C O C NOP 139 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Gráfico 22: Quantidade de arroz por status de certificação safra 2009-2010, Porto Alegre, 2009. Quantidade de Arroz a colher por Status de Certificação Safra 2009-2010 Mil Sacas 200 150 100 50 178 80 25 0 71 69 109 O C1 C0 O Convencional Arroz Arroz Arroz Arroz Arroz O processo de certificação é realizado por intermédio de um grupo de agricultores que possuem uma estrutura organizativa própria, auditadas por uma instituição de terceira parte que no caso é a empresa suíça com sede no Brasil a IMO Control do Brasil. Neste sentido, o Grupo do Arroz Ecológico conta com uma estrutura funcional orgânica composta por agricultores e técnicos responsáveis por diferentes funções conforme figura 7. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 140 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Figura 7: Organograma do grupo Gestor do Arroz Ecológico, Porto Alegre, 2009. A. Coordenadores do Grupo Gestor do Arroz Ecológico da Grande região de Porto Alegre Presidente e Tesoureiro da COOTAP Responsável SIC Orestes Da Veiga Ribeiro e Altecir Antonio Kaminski B. Serviço de acompanhamento técnico nos assentamentos e cocoordenador SIC Celso Alves da Silva Equipe SIC, controle de qualidade orgânica C. Inspetores internos C.1 Carlos Alberto de Souza Grupo gestor do arroz ecológico de PoA D. Representantes d as unidades de produção E. Equipe técnica 1. Elcio Cavazin 1. Marcos Santos 3. Marildo Molinari 3. Celso Alves 4.01 Augusto Picoloto 4.01 Celso Alves 4-3.10-13 Gilmar Carvalho 4.10-23 Gilmar Carvalho 4.10-13 Celso Alves 5.01 e 5.05 Fabio Lopes 5.01 e 5.05 Antônio H. 6.01-6.65.6 Leonildo Zang 6.01-6.65 Cristiano D. 6.03 a 6.42 Alberto Mazetti 6.03 a 6.42 Cristiano D. 6.06 e 6.20-28 Adão Costa 6.06 e 6.20-28 Marcelo D. 6.60.6-6.66.1Osm ar M. 6.60.6-6.66.10 Marcelo D. 6.09-6.67.11 Vanderlei B. 6.09-6.67.11 Cristiano D. 6.04-6.49.10 Geraldo P. 6.04-6.49.10 Cristiano D. 7.01 Airton Rubenich 7.01 Silvio Bertoni 7.02-10 Revelino F. 7.02-10 Silvio Bertoni 7.20 Jefferson S. Matos 7.20 Cleomar Pietroski 8.01 Altecir e Orestes 8.01 Celso Alves C.2. Elcio Antônio Cavazin C.3 Sidnei Pietroski C.4. Alberto José Mazetti C.5. Jefferson da Silva Matos C.6. Silvino D. da Silva C.7. Alan Bosa C.8. Marildo Mulinari Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 141 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Com uma atividade envolvendo este grande número de pessoas é necessário que sejam planificadas e acordadas as atividades a serem realizadas ao logo do ano para que não ocorra mistura de funções entre os diferentes atores, bem como a falta de realização de uma determinada tarefa pelo motivo de não haver nenhuma pessoa responsável para assumir o compromisso. Neste sentido o Grupo realiza anualmente um cronograma de atividades a serem realizados o prazo e a pessoa responsável. Subprogramas do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico Os espaços de formação e capacitação são momentos fundamentais para a consolidação e planejamento futuro das atividades do Grupo. Desta forma, anualmente é realizado o Seminário do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, sendo em 2009 o VI evento. O VI Seminário do Arroz Agroecológico foi realizado no dia 30.06 de 2009 na Regional em Eldorado do Sul, contando com a presença de mais de 70 agricultores, técnicos, entidades parceiras (INCRA, CONAB). Neste, foi adotado uma dinâmica de trabalho em que cada grupo de agricultor relatasse seus avanços e desafios convergindo com espaço de discussão em grupos para pensar quais seriam as prioridades para o Grupo gestor do Arroz a curto, médio e longo prazo. Os organizadores avaliaram como positiva a dinâmica de trabalho adotada no VI Seminário, visto que foram elaborados 5 subprogramas das prioridades levantadas que são: o Subprograma da Infra-estrutura e Comercialização; o Subprograma das Sementes, o Subprograma dos Assentamentos Novos, o Subprograma da certificação e o Subprograma da Certificação. Dos 5 Subprogramas levantados foram designados técnicos e agricultores a se responsabilizarem pelo andamento das atividades. Abaixo segue um resumo dos subprogramas e os encaminhamentos gerados até então. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 142 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Infra-estrutura e comercialização Uma das metas do Grupo é possuir capacidade de secar, armazenar e embalar todo o arroz produzido. Além de servir como articulador para programas de crédito especiais para os agricultores campesinos. Grupo está se reunindo, em duas frentes. - Estruturas existentes - PAs Novos Fontes de investimento: Terra Sol – Agroindústria e BNDS/BB/DRS Tabela 13: Planejamento de Investimentos PAS novos Assentamentos Estruturas Equipamentos 1 silo secador e Capacidades Situação 15000 sacas Falta definir a gestão e critérios de uso PA 30 de Maio PA IRGA PA Capela – COOPAN PA Viamão COOTAP Grande Região 1 balança 1 silo secador A definir 15000 sacas 1 silo secador Toda estrutura Estrutura completa para arroz parbolizado 15000 sacas A definir A definir Já está operando projeto de 20000 sc Em estudo Em estudo, estrutura para uso coletivo Subprograma das sementes Definir unidades com área, estrutura e capacidade para produzir sementes em quantidade e qualidade para todo o grupo gestor. Pontos a serem avaliados: germinação da semente, manejo da água e fertilidade do solo. Foi definido um planejamento e Cronograma de atividades (ver matriz em anexo) das unidades com a disposição e potencial para produção de semente e desenvolvido um cronograma de atividades. A formação em conjunto com EMBRAPA, sendo as variedades mais plantadas dentro do grupo a IRGA417 e EPAGRI113. A secagem da semente será na unidade da Cootap BR290 em Eldorado do Sul que precisa secar Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 143 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 10.000 sacas para ser viável economicamente. A produção de semente o grupo definiu deve buscar a autonomia em médio prazo, com formação teórico-prático. 8.2 Programa Social 8.2.1. Grupo de mulheres Justificativa As mulheres vêm se desafiando em buscar alternativas para continuarem se mobilizando no assentamento São Pedro I,onde se reúnem seguidamente para discutir e encaminhar as demandas que vem surgindo e também trabalhar no coletivo na busca de uma suplementação na renda familiar através do artesanato em confecção de almofadas e bolsas.Outro tema discutido no grupo é horto de ervas medicinais agroecológicos, assim como, questões de ordem do assentamento. Objetivos a) Conscientização no uso de fitoterápicos no tratamento humanos e dos animais; b) Que as famílias integrem-se no processo de uso e estudo de pnatas medicianis; c) Através do artesanato as famílias busquem o trabalho e complemento da renda da família; d) Construir um espaço para artesanato para confecção e formação das famílias;. Ações Atividades a) Um curso de formação em uso de fitoterápicos; b) Implementar uma unidade de plantas medicinais em cada comunidade; Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 144 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro c) Um curso em confecção em artesanato e formas de comercialização; d) Tratar com a prefeitura da demanda de construir um espaço de formação e confecção de artesanato Ações - Fazer plantio das ervas medicinais Fazer estudo e pesquisa das ervas medicinais; Prazos Até Abril de 2010 Público responsável Ates e coordenação do coletivo Até maio 2010 Ates e coordenação do coletivo Buscar materiais para estudo. Trazer pessoas para dar oficinas referentes ao tema; (horto agroecológicos). Até Abril - 2010 Até Abril - 2010 Ates e coordenação do coletivo Ates e coordenação do coletivo Fazer estudo de mercado – Município e na Capital Até Março - 2010 Ates e coordenação do coletivo 8.3. Programa Produtivo 8.3.1. Produção de Arroz Irrigado Na atividade do arroz irrigado, safra 2009/2010, nove famílias estão envolvidas diretamente, cultivando uma área de 42 hectares. Destas 04 hectares são cultivadas no sistema pré-germinado e 38 hectares no sistema convencional. A estimativa de produção pelas 3.780 sacas de arroz. As famílias já manifestaram interesse em produzir arroz pré-germinado agroecológico com certificação para 2010/2011 e fazerem parte do grande grupo do arroz agroecológico da região. A ATES está programando o encontro com grupo para explicar os procedimentos de produção agroecológica e adequações do sistema convencional para o pré-germinado e procedimentos de certificação orgânica. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 145 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Objetivo geral Consolidação do cultivo da várzea no assentamento com a cultura do arroz irrigado no sistema pré-germinado agroecológico, sobre o controle da famílias assentadas, em conformidade com requisitos técnicos e administrativos desenvolvidos pelos INCRA e vinculado ao programa regional do arroz agroecológico. Objetivos Específicos a. Iniciar a produção de arroz irrigado agroecológico no assentamento, com o envolvimento direto das famílias assentadas. b. Gerar renda, e com isso desencadear num processo de consolidação da vida digna das famílias assentadas. c. Gerar trabalho para as famílias; d. Pretende-se que as famílias se apropriem dos processos de produção e manejo agroeológico do arroz irrigado ; e. Que o conjunto das famílias sejam representadas através de uma coordenação, no grupo gestor dos produtores de arroz agroecológico da Região de Porto Alegre. f. Pretende-se que as famílias participem nos espaços e processo de formação em sistemas de produção agroecológica, realizado no PA e na grande região. Tabela 47: Planejamento do grupo Planejamento arroz 2010/2011 Preparo solo Área a N Famílias Área Produção R$ sistematizar N hs 9 42 4200 4 298 23840 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC Semente colheita Secagem sc R$ 126 5670 terceiro Terceiros 146 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 48: Cronograma de atividades. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Ação – O que Fazer Como? Descrição Quando? Quem? Participa Primeira reunião Grupo Explicação dos procedimentos de produção agroecológica com todas as famílias Mar/abr ATES e Resp grupo Planejamento do grupo Cronograma de plantio, meios e práticas de manejo com todas as famílias Julho ATES e Resp grupo Adequações da área com nível e trator Ago/set ATES e Resp grupo Retro e trator com equipamentos Ago/set Resp grupo Trator equipado com plaina, grade e arado e alisador Ago/set Resp grupo Planejamento topográfico da área Contratação de prestador de serviço adequações Contratação de serviço para preparo do solo Justificativa A atividade do arroz no sistema de produção agroecológica vem crescendo em média 23,5% ao ano em área plantada e 20% número de famílias na grande região de Porto Alegre, caracterizando como uma das principais fontes de rendas das famílias, e vem incentivando e dando segurança para que mais famílias integrem-se no processo, que tem como um dos princípios a busca da qualidade de vida, preservação dos recursos naturais, agricultores apropriando-se dos processos de produção e em busca de controlar todas as etapas da cadeia produtiva e consolidação do processo de cooperação. É nesta perspectiva que as famílias do assentamento vem se desafiando e familiarizando-se com a forma e bases tecnológica de produção, fomentado pela ATEs. 8.3.2. Programa da Merenda escolar A produção de alimento para merenda escolar tornou-se Lei n°11.947, de junho de 2009, e prevê a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar, em no mínimo 30% dos recursos repassados pelo FNDE. Aquisição é principalmente de assentamentos da reforma agrária, indígenas e quilombolas. Em conjunto com a prefeitura de Eldorado do Sul foi realizado o 1° Seminário sobre a Merenda Escolar no Município em 2009, onde se encaminhou para formação dos grupos formais e informais para elaboração dos projetos. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 147 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Justificativa A atividade das hortaliças agroecológica iniciou em 1994 nos assentamentos de Eldorado do Sul e foi o motivo que se avançou em outras atividades produtivas no sistema agroecológico. A partir de 2008 foi criado o programa das hortas e plantas medicinais na grande região de Porto Alegre, para tratar da produção comercialização, certificação e agroindústrias. Esta atividade é uma das principais fontes de renda das famílias assentadas que tem como principal fator a proximidade dos grandes centros consumidores como, feiras, mercados, programa das prefeituras/CONAB e merenda escolar. É uma atividade que causa menor impacto ambiental principalmente pelo manejo e uso dos recursos naturais e praticas e tecnologias de manejo agroecológicas. Objetivo geral Através do programa da Merenda Escolar pretende-se que as escolas e creches recebam produtos diretamente dos assentados, possibilitando a melhoria da qualidade e sanidade dos alimentos que chega a comunidade escolar e geração de renda aos agricultores. Objetivos Específicos a. Produzir hortaliças agroecológicas e fornecer a comunidade escolar, feiras e mercados produtos de qualidade; b. Mais uma fonte de renda permanente e com a possibilidade de organizar a produção para fornecer em feiras e mercados da região e intercâmbios inter municípios. c. Introdução da agroecologia e as tecnologias de manejo na produção de hortaliças; d. Promover encontros para troca de experiências e formação das famílias e iniciar processo de planejamento da unidade de produção; Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 148 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 49: Programa da Merenda escolar. GRUPO: Etel ASSENTAMENTO SÃO PEDRO - ELDORADO DO SUL PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO - 2010/2011 COORDENADORES: Artidor Pires e Silvio Rubenich Produção Período Previsto Família Produtos Unidade Potencial de Oferta 1 José Boneto kg kg kg 2000 2000 800 Todo ano Todo ano Todo ano kg kg kg kg kg 600 500 600 1200 1200 Todo ano A partir de Março Todo ano Todo ano Todo ano Couve folha Molho 14000 Todo ano Melancia Melão Batata doce Aipim Abobora Unidade Unidade kg kg kg 200 300 3000 3000 6000 Fev e Março Fev e Março Todo ano Todo ano Todo ano Laranja kg 6000 Maio a Outubro Limão kg 3000 Maio a Outubro Batata doce kg 6000 Todo ano Feijão Preto Couve folha kg Molho Molho 360 120 500 A partir de Março Todo ano Todo ano kg 120 Todo ano Molho Molho kg 120 1200 4800 Todo ano Todo ano Todo ano kg 500 Todo ano kg Molho kg kg kg 200 1440 480 240 600 Todo ano Todo ano A partir de Março Março a maio Todo ano kg 560 Todo ano Couve folha kg kg Molho 2600 200 720 Todo ano Todo ano Todo ano Tempero verde Molho 880 Todo ano Moranga kg 1900 Todo ano Rabanete kg 960 Todo ano Cenoura Beterraba Repolho 2 Silvio Rubenich Rabanete Feijão Preto Batata doce Moranga Feijão 3 Artidor Pires 4 João C. Borges 5 Luiza da S. Ferreira Couve flor Beterraba Tempero verde Espinafre Batata doce Cebola 6 Nelson Trintin Alho Couve folha Feijão Tomate Pepino Vanderlei S 7 Catarina Couve flor Cenoura Beterraba 8 João Ferreira Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 149 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Aipim Batata doce 9 Pedro P. Bazanella Moranga Abobora Melão Melancia Aipim Batata doce 11 Vera Lucia 1000 1000 1000 500 400 Todo ano Todo ano Todo ano Todo ano Março Unidade kg kg 500 Março 720 720 720 880 Março a maio Todo ano kg Feijão 10 Irineu kg kg kg kg Unidade Milho verde Unidade Moranga Abobora Batata doce Aipim Chuchu Couve folha kg kg Todo ano Tabela 50: Cronograma de atividades assentamento São Pedro – Grupo Etel. ATIVDADES DOCUMENTAÇÃO DAP ELABORAÇÃO DO PROJETO DESCRIÇÃO QUANDO? CPF, RG e Modelo de produtor, verificação se não tem restrição 21/12/2009 Quem emite é EMATER, agendar com escritório os dias para cada família fazer Quem faz programar o elaboração EMATER início da RESPONSÁVEL Cada família Artidor 18/12/2009 Artidor 18/12/2009 Celso CÓPIA DO PLANO PRÓXIMA REUNIÃO ATIVIDADES DE ACOMPANHAMENTO TÉCNICO Passar cópia do planejamento e cronograma de atividade para Artidor Acompanhamento do andamento das atividades Programar as atividades e oficinas técnicas e verificação das instalações 18/12/2009 20/01/2010 Artidor/Silvio e Celso e Emater Artidor/Silvio e ATES 20/01/2010 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 150 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Tabela 51: Cronograma de atividades assentamento São Pedro. ASSENTAMENTO SÃO PEDRO - ELDORADO DO SUL PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO - 2009/2010 GRUPO: Etel COORDENADORES: Artidor Pires e Silvio Rubenich Família 1 José Boneto 2 Silvio Rubenich Unidade Produção Potencial Período Previsto de Oferta Cenoura Beterraba kg 2000 Todo ano kg 2000 Todo ano Repolho kg 800 Todo ano Rabanete Feijão Preto kg 600 Todo ano kg kg 500 600 A partir de Março Todo ano kg kg 1200 1200 Todo ano Todo ano Couve folha Molho 14000 Todo ano Melancia Melão Batata doce Aipim Unidade 200 Fev e Março Abobora Unidade kg kg kg 300 3000 3000 6000 Fev e Março Todo ano Todo ano Todo ano Laranja kg 6000 Maio a Outubro Limão kg 3000 Maio a Outubro Batata doce kg 6000 Todo ano Feijão Preto Couve folha Couve flor kg Molho Molho 360 120 500 A partir de Março Todo ano Todo ano Beterraba kg 120 Todo ano Molho 120 Todo ano Molho 1200 Todo ano Batata doce kg 4800 Todo ano Cebola kg 500 Todo ano kg Molho kg 200 1440 480 Todo ano Todo ano A partir de Março kg 240 Março a maio Pepino kg 600 Todo ano Couve flor kg 560 Todo ano Cenoura Beterraba kg 2600 Todo ano kg 200 Todo ano Molho 720 Todo ano Produtos Batata doce Moranga Feijão 3 Artidor Pires 4 João C. Borges 5 Luiza da S. Ferreira Tempero verde Espinafre 6 Nelson Trintin Alho Couve folha Feijão Tomate 7 Vanderlei S Catarina Couve folha Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 151 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 8 João Ferreira Molho 880 Todo ano Moranga kg 1900 Todo ano Rabanete kg 960 Todo ano Aipim Batata doce kg kg kg 1000 1000 1000 Todo ano Todo ano Todo ano kg Unidade 500 400 Todo ano Março Unidade 500 Março 720 720 720 880 Março a maio Todo ano Tempero verde 9 Pedro P Bazanella Moranga Abobora Melão Melancia Aipim 10 Irineu 11 Vera Lucia Batata doce kg kg Feijão kg Milho verde Unidade Moranga Abobora Batata doce Aipim Chuchu Couve folha kg kg Todo ano Tabela 52: Cronograma de atividades assentamento São Pedro – Grupo São Pedro II. ATIVIDADES DAP e Documentos CÓPIA DO PLANO Produção de hortaliças e as Práticas de manejo agroecológica Horas máquinas Próxima atividade DESCRIÇÃO DAP quem emite é EMATER, bloco de produtor, CPF Passar cópia do planejamento e cronograma de atividade para coordenador Elaborar uma apostila e realizar uma pratica de calda Bordalesa e fito protetor (sulfato de cobre e cal hidratada; cinza de fogão e urina de vaca). Necessário 2 balde e 6 garrafa pety. e pano para coar a calda. Acertar com prefeitura para priorizar o trabalho de preparo do solo para as famílias que estão no programa. (trator, grade e arado) Marcar dia 13.01.2010 QUANDO? RESPONSÁVEL Todos 07.01.2010 13.01.2010 13.01.2010 Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC Celso Celso e coordenação grupo Coordenação ATES 152 e Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 8.4. Programa Ambiental A área do assentamento não foi demarcada pelo INCRA e se coloca como uma das grandes demanda para as famílias assentadas e órgãos governamentais responsáveis pelo assentamento. Com o planejamento de parcelamento do assentamento, serão definidos os lotes, a área de RL, de PP e serão definidas outras questões limitantes no desenvolvimento. Objetivo Geral Com o parcelamento da área do assentamento busca-se a restabelecer a unidade interna do assentamento e desenvolver níveis de cooperação para o desenvolvimento do assentamento do ponto de vista social-cultural, político, ambiental e econômico. Ações/Atividades a. Criar uma coordenação envolvendo representante do assentamento, INCRA e ATES. b. Realizar um diagnóstico apontando os principais limitantes. c. Elaboração de um programa de formação com o propósito de envolver o conjunto das famílias assentadas (LIO, Reserva Legal, e Área de Preservação Permanente). d. Realizar um encontro com representantes do INCRA para tratar das principais atividades dentro do assentamento. e. Realizar um encontro por bloco para tratar dos programas produtivos agroecológico desenvolvidos na grande região. f. Saneamento ecológico para 100% das famílias. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 153 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Ação – O que Fazer Como? Descrição Quando? ATES, INCRA e Coordenação PA e definir Primeira reunião datas e novas ações. Quem? Participa Dep Coordenadores ende agenda PA INCRA Criar uma coordenação Coordenação composta representante PA, programa Coordenação PA INCRA e ATES Encontro com todas as Sensibilizar das questões centrais do meio ATES/INCRA famílias ambiente e ação de todas as famílias coordenadores Sobre questões ambientais e sistemas de ATES/INCRA produção agroecológico Coordenadores Programa de formação e e do PA Planejamento Elaborar com o conjunto das famílias as ATES principais Coordenadores ações e divisão de responsabilidades e do PA Encontros de Avaliação e Verificar o acompanhamento e controle e ATES/INCRA planejamento coordenação redefinição de ações. e Justificativa As ações em torno da questão ambiental devem ser encaradas com prioridade entre INCRA, ATES e famílias assentadas, visto os níveis de degradação e erosão dos recursos naturais. Faz necessário a elaboração de um plano de recuperação da fertilidade do solo, proteção das nascentes e cursos de água com o envolvimento de todas as famílias do assentamento. A participação do INCRA é fundamental para implementação das ações que orientam os manejos e trabalhos no assentamento, que busca a revitalização dos agroecossistemas e melhoria de qualidade de vida das famílias do assentamento. Assim como na obtenção de melhorias na fertilidade do solo, melhores produção de alimento e aumento na renda familiar. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 154 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 9. PAUTA QUALIFICADA DE REIVINDICAÇÃO 9.1 Água para consumo Justificativa A demanda de infra-estrutura para abastecimento de água para a comunidade, assentamento São Pedro, é urgente visto as condições de estruturas existentes serem intermitentes, com níveis de produtos contaminantes e em algus casos com toxidez. Na comunidade, São Pedro I, a água contém alto nível de fluor, carvão, coliformes fecal, inadequada para consumo. A escola localizada nesta comunidade é representada por 360 alunos e 22 funcionários, desde 1978 reivindica água. A partir de 2007 começou a ser abastecida com caminhão da prefeitura de Eldorado do Sul e, enfrenta dificuldade de operação e acarreta em falta de água para Escola. No assentamento são 572 pessoas conforme o primeiro relatório do assentamento. No assentamento são três poços artesianos construídos particulares. As demais famílias á água para consumo é de poços escavados e muitos são intermitentes Objetivo Geral Abastecimento com água potável para todas as famílias assentadas, melhorando a qualidade de vida. Descrição técnica da demanda Perfuração de poços artesianos, rede hidráulica de distribuição da água, reservatórios e relógio para o controle de gastos de água. É necessidade de estudo para identificar o potencial de água e necessidade das estruturas acima. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 155 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Cronograma de atividades Ação – O que Fazer Reunião INCRA, Coordenadores do PA e ATES CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Como? Descrição No assentamento para tratar do problema da água e programar as ações. Quando? Quem? Participa Agenda do incra Coordenadores PA Entidade responsável/recurso INCRA 9.2. Centro comunitário Justificativa A comunidade é fundamental no cotidiano das famílias, local de reflexão e motivação para tratar das ações estratégicas do assentamento e ao mesmo tempo possibilita que os filhos permaneçam no assentamento e possam ajudar no desenvolvimento do mesmo. O assentamento é composto de 572 pessoas, sendo 63,63% de adultos, 20,80% de crianças e 13,4% de jovens. Os centros comunitários tem sido também local de encontros de formação técnica e político das famílias, assim como de comemorações entre as famílias, de lazer e convívio entre as famílias e comunidades vizinhas. Objetivo geral Através dos centros comunitários busca-se a integração, lazer e unidade entre as famílias do assentamento, em torno do desenvolvimento do assentamento. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 156 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro Descrição técnica da demanda As famílias estão organizadas em três blocos, isto é, em três comunidades, onde duas se encontram em condições precárias e uma necessitando de restauração e acabamento. Cronograma de atividades CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Ação – O que Fazer Como? Descrição No assentamento para tratar das infraReunião INCRA, Coordenadores do estruturas do assentamento e PA e ATES programar as ações Quando? Agenda incra Quem? Participa do Coordenadores PA Entidade responsável/recurso INCRA Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 157 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSUMPÇÃO, R. Oficina em metodologia de pesquisa participativa de mercado. IEA/SP, janeiro de 2009. BRASIL, Ministério da Agricultura, Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária, Divisão Pedológica. Levantamento de Reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Recife p.431.1973. (Boletim Técnico,30). ______, Ministério das Minas e Energia, Divisão de Geologia e Mineralogia, 1o. Distrito Regional do DNPM. Mapa Geológico do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1989. CUNHA, G. R. 1992. Balanço hídrico climático, in Bergamaschi, H. (coord.). Agrometeorologia aplicada à irrigação. Porto Alegre, Editora da Universidade. p. 6384. EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Embrapa – SPI, Brasília. p.421.1999. 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Coeficientes de Gini locacionais – GL: aplicação à indústria de calçados do Estado de São Paulo. Nova Economia, Belo Horizonte, v. 13, n. 2, p. 39-60, julho-dezembro de 2003. Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 160 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro ANEXOS Rota do leite Abaixo na tabela 1-consta os pontos de coleta nos assentamentos. Tabela 2-Rota do leite da região. TABELA 1-PONTOS DE COLETA PN° NOME Inicio MUNICIPIO Km Litros casa do NSR 0 0 Paes de NSR 5 69 NSR 6 495 NSR 1 46 Sidnei 001 Eder Almeida 002 COOPAN 003 João Camargo 004 Lucia Teresa NSR 2 50 005 João Portes NSR 1 113 006 Luis Carlos NSR 6 22 007 Carlos Eldorado do sul 48 355 008 Inácio Eldorado do sul 1 115 009 Marildo Eldorado do sul 0 115 010 João Adelar Eldorado do sul 0 250 011 Ângelo pozza São Pedro 40 31 012 Inês Zacarom São Pedro 3 40 013 Francisco B. São Pedro 5 80 014 Cláudio Melo São Pedro 0 35 015 Valdir Ciotta Charqueadas 39 122 016 Silvino Domingues Charqueadas 0 34 017 Adelir Mazetti Charqueadas 1 84 018 Vilmar Volpi Charqueadas 0 126 019 Nelson Portela Charqueadas 1 74 020 Leonir Marcon Charqueadas 1 37 021 COOPAC Charqueadas 1 022 Dionel Marcon Charqueadas 2 165 023 Agustinho frozzi Charqueadas 0 130 024 Altair Odorcik Charqueadas 1 025 Mario Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 161 Plano de Recuperação do Assentamento Fazenda São Pedro 026 Elcio Tabela II : Produtores : Hortas agroecológicas da Região Enio Gutierrez LISTA COMPLETA DOS AGRICULTORES ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA MUNICÍPIO AGRICULTOR ASSENTAMENTO Adir José Pinto Nova Santa Rita-RS Itapui Olimpio Vodzik Nova Santa Rita-RS Itapui Cladir Antonio Hochmann Nova Santa Rita-RS Itapui Olair Nunes dos Santos Nova Santa Rita-RS Itapui Antonio Auri Hamerski Nova Santa Rita-RS Itapui Luis Klein Nova Santa Rita-RS Santa Rita de Cássia II Adir Bourscheid Nova Santa Rita-RS Santa Rita de Cássia II Gabriela severo de Souza Nova Santa Rita-RS Santa Rita de Cássia II Alcemar de Alencastro Nova Santa Rita-RS Sino Verônica Portela Nova Santa Rita-RS Sino Jose Aristeu Alves Nova Santa Rita-RS Sino Luis Carlos Paula Costa Nova Santa Rita-RS Sino Alderi da Silva Porto Eldorado do Sul Integração Gaúcha Miguel Vodzik Eldorado do Sul Integração Gaúcha Tadeu Vodzik Eldorado do Sul Integração Gaúcha Daniel Audibert Eldorado do Sul Integração Gaúcha João Leonço Ferreira Eldorado do Sul Integração Gaúcha Mauro Luiz Cibulscki Eldorado do Sul Integração Gaúcha Eldorado do Sul Integração Gaúcha José Mariano Matias Eldorado do Sul Integração Gaucha Getulio dos Santos Machado Eldorado do Sul Integração Gaúcha Valdomiro Trindade da Silva Guaíba 19 de Setembro Joacir Picoloto Charqueadas Trinta de Maio Gilmar Carvalho da Silva Charqueadas Trinta de Maio Valdir Pedro Wathier Charqueadas Trinta de Maio Adão Fernandes Patrício Charqueadas Trinta de Maio Vera Batisti Guaíba 19 de Setembro Salete Izabel Figlerski Kuppel Cooperativa Prestação de Assistência Técnica Ltda. – COPTEC 162