Esse é o Luciano, um garoto tímido e de poucos sorrisos que mora no bairro do Tambor na
Cidade de Campina Grande-PB. É o mais jovem de uma família composta por cinco filhos. Dona
Lúcia, sua mãe, assumiu o papel de chefe de família desde que o pai do adolescente faleceu há
cinco anos. Muito carinhosa, fez questão de ressaltar o quanto se orgulha por ter um bom filho
dedicado aos estudos.
No entanto, era perceptível a aflição da mãe e o acanhamento de Luciano durante nossa
conversa. Pedi para que ele me contasse o porquê de ficar a todo momento cabisbaixo, recebi
como resposta: “Eu tenho vergonha dos meus dentes, se eu pudesse ajeitar meu sorriso, poderia
sorrir para os outros”.
Ao ver o seu sorriso, entendi a causa de tanto desconforto, imediatamente me veio o
questionamento de como a situação tinha chegado a tal gravidade... Há aproximadamente 5 anos,
Luciano começou a sentir as primeiras dores de dente, nesse momento provavelmente a doença
cárie já havia se instalado, no entanto, a procura ao serviço odontológico não foi imediata, e
segundo uma de suas irmãs, foram usados muitos métodos populares caseiros como perfume.
Após atividades educativas de saúde bucal em sua escola, o
caso de Luciano chamou atenção de agentes comunitários de saúde
e de uma cirurgiã-dentista, tendo sido encaminhado para a Unidade
de Saúde da Família correspondente à área que o mesmo reside. No
entanto, infelizmente o caso do garoto permanece sem solução
tendo em vista a necessidade de tratamento especializado para
além da Atenção básica, dificultando o acesso ao tratamento em
virtude das filas na atenção secundária.
“Eu não tenho condições para pagar um tratamento de dente
para Luciano. Eu reclamava quando meu marido era vivo, me
espancava e bebia muito, mas eu tinha apoio... Hoje tá tudo muito
difícil, tudo caro e eu pago aluguel. Às vezes eu fico pensando: Meu
Jesus, queria dar a assistência aos meus filhos que eu não tive. Minha
satisfação é ver os dentes do meu filho ajeitadinhos, porque assim é
uma tristeza de ver. Quero que ele dê o sorriso que eu não posso
dar!” - Declara a Mãe emocionada.
Luciano finaliza: “Sorrir é bom pra vida da pessoa, eu
quero sorrir, deve ser maravilhoso!”.
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Rebeca Valeska Soares Pereira (Campina Grande