ÁREA: CV (x) CHSA ( ) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected]; [email protected] PREVALÊNCIA DE FLUOROSE DENTÁRIA EM ESCOLARES DE TERESINA-PI Pablo Renan Ribeiro Barbosa (bolsista do PIBIC/UFPI), Marcoeli Silva de Moura (Orientadora, Depto de Patologia e Clínica Odontológica da UFPI) Introdução O uso de fluoretos tem contribuído substancialmente para o controle da cárie dentária (BRATTHALL et al. 1996; TENUTA & CURY, 2010). Como risco inerente à medida tem-se a possibilidade da ocorrência de fluorose dentária em crianças que ingerem o íon em fase de formação dos dentes (ECKERSTEN et al., 2010). Essa ingestão pode ocorrer de forma direta pelo consumo de água fluoretada ou alimentos preparados com a mesma, ou de forma indireta pela ingestão acidental ou involuntária de dentifrícios por menores de seis anos. A exposição crônica do germe dentário em desenvolvimento resulta em uma hipomineralização do esmalte devido a retenção de proteínas (amelogeninas) na matriz durante a fase inicial de calcificação (ROBINSON et al., 2004). Com a redução dos índices de cárie dentária a atenção dos pesquisadores e profissionais tem se voltado para a fluorose dentária. Pesquisa realizada em Teresina nos anos de 2005/2006 apontou uma prevalência de fluorose dentária de 63% entre escolares da rede municipal de ensino. As crianças avaliadas nesse estudo não se beneficiaram da fluoretação da água nos primeiros anos de vida – período de risco para o desenvolvimento da fluorose, visto que nasceram nos anos de 1993/1994, época em que houve a interrupção da fluoretação, passando a ter contato com a água fluoretada a partir dos quatro anos de idade (MOURA et al., 2010). Metodologia Este estudo, delineado como observacional transversal seguiu as normas que regulamentam pesquisa em seres humanos dispostas na Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996) e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí – UFPI (03963912.7.0000.5214). A amostra foi calculada no software Epi-info 3.5.2, de acordo com o número de adolescentes de 11 a 14 anos matriculadas na cidade de Teresina nas escolas municipais, estaduais e particulares em 2011. Determinou-se uma amostra de 571 crianças que estavam distribuídas por tipo de escolas e pela zona de localização. Previamente ao exame dentário das crianças, os pais assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam questionário com perguntas relativas a aspectos sócio-demográficos e hábitos comportamentais. Para a classificação econômica foi adotado o critério da Associação Brasileira de Pesquisas (2010). Os exames dentários foram realizados nas unidades escolares por um examinador previamente ÁREA: CV (x) CHSA ( ) ECET ( ) calibrado (Kappa=0,83), sob luz natural com as crianças sentadas em carteiras escolares. Os dentes foram escovados previamente e secos com auxílio de compressor portátil e examinados com auxílio de espelho bucal plano e sonada OMS. A fluorose dentária foi determinada examinando as superfícies vestibulares dos dentes envolvidos no sorriso – de incisivos a segundos pré-molares superiores e inferiores, pelo índice Thylstrup-Ferjeskov (TF), que classifica a aparência clínica do esmalte com fluorose. O processamento dos dados e a análise estatística foram realizados através do programa SPSS®, versão 18.0 para Windows, com um nível de significância de 5%. Foram utilizados dados quantitativos discretos e qualitativos nominais e ordinais. Na análise bivariada o TF foi dicotomizado em TF<2 e TF≥3 (significado estético) e utilizado o teste qui-quadrado de Pearson (²) para verificar associação. As variáveis que apresentaram um p<0,20 nessa analise foram selecionadas para comporem o modelo multivariado. Resultados A prevalência de fluorose foi de 78,3% (n=447), o grau predominante foi o TF1 (59%), seguido pelos graus TF2 (25%), TF3 (15%), TF4 (0,2%) e TF5 (0,2%). Os pré-molares foram os dentes mais acometidos e os incisivos inferiores foram os menos acometidos. Os fatores classe social e nascer e sempre morar em Teresina foram de risco para o desenvolvimento de fluorose, enquanto os demais: gênero, escolaridade da mãe, tipo de escola, higiene bucal, tipo de creme dental, engolir creme dental, presença de cárie, uso de água da agespisa, não apresentaram associação pelo teste 2 qui-quadrado de Pearson ( ). Na análise multivariada foi possível observar que as classes sociais mais baixas constituem fator de risco, enquanto não morar em Teresina e usar creme dental adulto são fatores de proteção. Discussão Houve um aumento na prevalência de fluorose em Teresina-PI, quando comparado com os resultados de um estudo semelhante desenvolvido por Moura et al. (2010), que indicou prevalência de fluorose de 61,5% e 1,7% de casos mais severos (índice TF4). No presente estudo, apenas 0,45% das crianças com fluorose apresentaram índice TF maior ou igual a 4, portanto a fluorose observada apresenta baixos níveis de severidade. Browne et al. (2011) avaliaram o impacto de dentes acometidos por fluorose e concluíram que o ponto de corte com relação ao comprometimento estético era o equivalente ao grau 3 do índice TF. Dos 447 escolares que desenvolveram fluorose apenas 15,6% (n=70) tiveram severidade correspondente ao TF≥ 3, indicando baixa necessidade de intervenção profissional. Neste estudo a prevalência de fluorose se assemelhou a observada por Catani et al. (2007), que apresentou 79,9% em um município que tinha teor homogêneo na concentração de flúor, variando de 0,6-0,8ppm. A fluoretação da água é reconhecida como importante fator para declínio da prevalência de cárie (RAMIRES & BUZALAF, 2007), sendo considerada necessária e segura (BARROS & TOMITA, 2010). Foram avaliados os dentes envolvidos no sorriso (de pré-molares a pré-molares) e a justificativa é comprovada pelos resultados, pois os prémolares foram os dentes mais acometidos, justamente pelo período de maturação do esmalte ser mais prolongado, sendo os incisivos inferiores os dentes menos acometidos. ÁREA: CV (x) CHSA ( ) ECET ( ) Conclusão A prevalência de fluorose foi alta entre os escolares de Teresina-Pi que estiveram expostos à fluoretação da água desde o nascimento. Entretanto, o baixo grau de severidade não caracteriza a fluorose como problema de saúde pública na amostra avaliada. A necessidade de monitoramento da prevalência e severidade de fluorose se faz necessário, pois Teresina é uma cidade com fluoretação da água de abastecimento público. Referências 1. BARROS B.S.A.; TOMITA, N.E. Aspectos epidemiológicos da fluorose dentária no Brasil: pesquisas no período 1993-2006. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, n.1, p.289-300, 2010. 2. BRATTHALL D.; HANSEL-PETERSSON, G.; SUNDBERG H. Reasons for the caries decline: what do the experts believe?. European Journal of Oral Sciences, v.104, n. 4, p.416–422, 1996. 3. BROWNE D.; WHELTON, H.; O’MULLANE, D.; TAVENER, J.; FLANNERY, E. The aesthetic impact of enamel fluorosis on Irish adolescents. Community dentistry and oral epidemiology, v.39, n.2, p.127– 136, 2011. 4. CATANI D.B.; HUGO, F.N.; CYPRIANO, S.; SOUSA, M.L.R.; CURY, J.A. Relação entre níveis de fluoreto na água de abastecimento público e fluorose dental. Revista de Saúde Pública, v.41, n.5, p.732-39, 2007. 5. ECKERSTEN C.; PYLANEN, L.; SCHRODER, U.; TWETMAN, S.; WENNHALL, I.; MATSSON, L. Prevalence of dental fluorosis in children taking part in an oral health programme including fluoride tablet supplements from the age of 2 years. International Journal of Paediatric Dentistry, v.20, n.5, p.347-352, 2010. 6. MOURA M.S.; CASTRO, M.R.P.; ALVES, L.M.; TELES, J.B.M.; MOURA, L.F.A.D. Dental fluorosis in 12-year-old adolescents. Revista Gaúcha de Odontologia, v.57, n.4, p.463-8, 2010. 7. RAMIRES I.; BUZALAF, M.A.R. A fluoretação da água de abastecimento público e seus benefícios no controle da cárie dentária – cinqüenta anos no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v.2, n.4, p.10571065. 2007. 8. ROBINSON C.; CONNELL, S.; KIRKHAM J.; BROOKES, S.J.; SHORE, R.C.; SMITH, A.M. The effect of fluoride on the developing tooth. Caries Research, v.38, n.3, p.268-276, 2004. 9. TENUTA L.M.A.; CURY, J.A. Fluoride: its role in dentistry. Brazilian Oral Research, v.24, SUPPL. 1, p.9-17, 2010. Palavras-chave: Fluorose Dentária. Fluoretação. Epidemiologia.