“brazilian people” in the eyes of elites: repertoires and symbolic boundaries of inequality 182 O “POVO BRASILEIRO” VISTO PELAS ELITES: REPERTÓRIOS E FRONTEIRAS SIMBÓLICAS DA DESIGUALDADE BRASILEIRA Resumo Palavras-chave Analisamos os repertórios culturais mobilizados pelas Desigualdade; elites brasileiras para definirem o “povo”. Utilizamos da- Distância social; dos de um survey e de entrevistas em profundidade para Elites; captar como elites políticas, burocráticas e empresariais Fronteiras simbólicas; no Brasil veem temas relacionados à pobreza e à desi- Pobres. g ualdade. Nossos dados indicam que as elites reconhecem a pobreza como um problema estrutural que deve ser resolvido pelo Estado, mas ao mesmo tempo se mostram descrentes quanto à sua solução, demonstrando uma visão fatalista sobre o assunto. Arg umentamos que esse fatalismo está relacionado à maneira como essas elites definem os pobres, frequentemente generalizados como o “povo brasileiro”, visto como pouco organizado, passivo, ignorante e irracional. Argumentamos também que, ao definir os pobres, as elites traçam uma fronteira simbólica entre um setor ativo, que as inclui, e outro passivo, composto pelo povo. O estudo aborda também os efeitos dessas fronteiras simbólicas na desigualdade brasileira. “BRAZILIAN PEOPLE” IN THE EYES OF ELITES: sociologia&antropologia | rio de janeiro, v.05.01: 157 – 182, april, 2015 REPERTOIRES AND SYMBOLIC BOUNDARIES OF THE BRAZILIAN INEQUALIT Y Abstract Keywords We analyze the cultural repertoires mobilized by elites Inequality; to describe “Brazilian people.” We rely on survey and in- Social distance; depth inter view data to capture how political, bureau- Elites; cratic and business elites in Brazil frame poverty and Symbolic boundaries; inequality. Our data suggest that elites acknowledge pov- Poverty. erty as a structural problem for the State to solve, but remain skeptical on the odds of actual solutions, indicating fatalistic perceptions that categor ize the Brazilian poor as unorganized, passive, ignorant, and irrational. Moreover, in their def inition of the poor, elites draw a symbolic boundar y, separating an active sector (which includes the elites) and a passive one (the “people”). The paper also addresses the effects of such symbolic boundaries on the overall picture of Brazilian inequality.