O Dica do IF – Campus Barbacena desta semana vai ensinar você a utilizar as plantas
medicinais no dia a dia
No ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma regulamentação
para o uso de plantas medicinais, com o objetivo de popularizar a sua prática. No Instituto Federal
Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena, professores e alunos estudam e pesquisam as
plantas medicinais. Nos estúdios da rádio sucesso, estamos recebendo o vice-coordenador do Curso
Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas, professor José Emílio Zanzirolani, que conversa
com a gente sobre o assunto.
1. Bom dia professor. Explica para a gente o projeto de plantas medicinais do Campus
Barbacena.
O projeto é uma busca das plantas medicinais que ocorrem no Campus Barbacena, sejam plantas
cultivadas ou nascidas espontaneamente. Nesse projeto há dois bolsistas de Iniciação Científica que
são estudantes do Curso Técnico em Agropecuária do IF Sudeste MG. Foram catalogadas mais de
quarenta plantas por cada bolsista. As principais são as de ocorrência natural, como tansagem,
picão, macaé. As plantas foram identificadas no campo, coletadas e mais de dez tipos foram
propagadas e estão em cultivo na Horta de Plantas Medicinais do IF - Campus Barbacena.
2. Quais os benefícios para a saúde do uso das plantas medicinais?
O conhecimento sobre plantas medicinais é milenar e nos foram repassados por nossos pais e avós.
Os benefícios são observáveis aos se utilizar o que vem sendo testado à milhares de anos. Muitos
livros, trabalhos científicos apontam o uso de plantas medicinais (a fitoterapia) como fonte de
recursos que restauram a saúde. Como as plantas ocorrem nos nossos quintais, está ao alcance de
todos pelo fácil acesso – é nossa farmácia verde. Entretanto, tem que ter certeza da identificação dos
sintomas e da identificação correta das plantas. Os benefícios são de interesse da humanidade, tanto
que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já citou em relatório “Salvem plantas que salvam
vidas” - no intuito de incentivar o uso das plantas medicinais pelo mundo – no intuito de controlar o
aumento, sobretudo, das doenças degenerativas que aumentaram no pós-guerra.
3. No dia a dia, as pessoas tomam chás e fazem usos das plantas medicinais. Como essas
plantas devem ser usadas para alcançar os seus reais benefícios?
O uso das plantas pela população ocorre principalmente se estiverem cientes dos problemas que
estão enfrentando, ou seja, de modo geral, a população busca a cura e tem menor esforço quanto à
prevenção. A população usa principalmente a forma de chá preparado com as plantas medicinais. O
chá é elaborado colocando as plantas em contato com a água fervente, após desligar o fogo. Ao
colocar as plantas, marca 15 minutos, mantendo a vasilha tampada, e, em seguida retira a planta ao
coar. O líquido obtido dessa forma é chamado de chá e deve ser ingerido durante o dia do preparo –
não se deve guardar o chá preparado em um dia para tomar em outro dia, pois não tem conservante
e o chá pode estragar. Importante observar nas plantas é o local onde obter as plantas e a dosagem
utilizada. Quanto ao local, pode ser comprada ou coletada; se for coletada, muita atenção para obter
plantas sadias, sem marcas de animais e fungos, por exemplo e mantidas distantes de sujeiras –
evitar coletar na rua ou próximo a rios poluídos. Assim, lembro que já falamos que podem ser
encontradas nos nossos quintais – que são os locais protegidos e neles as plantas crescem longe de
poluentes. Quanto à dosagem, deve-se utilizar a menor dose possível. Como exemplo, em um copo
duplo de água fervente deve-se colocar uma colher das de café de plantas para fazer o chá. Cabe
nesse momento realçar que o valor da planta está mais na qualidade do que na quantidade. Ainda,
pode-se utilizar plantas frescas ou secas, sendo preferidas as plantas frescas se tiverem disponíveis –
entretanto, no caso da folha de abacate é uma exceção, pois o correto é o uso de suas folhas secas à
sombra para auxiliar a controlar o excesso de colesterol, pois as folhas verdes aumetam o ritmo das
batidas do coração.
4. As plantas medicinais substituem o uso de remédios?
Interessante pergunta. Importante responder o que significa remédio. Remédio é tudo aquilo que
alivia sintomas dolorosos e de desconforto. Assim, a água pode ser um santo remédio quando se
está com sede; o funcho pode ser um ótimo remédio nos casos de cólica abdominal, nas lactantes
por aumentar o leite materno. Talvez o importante não seja substituir, mas complementar o
tratamento, pois as plantas medicinais estão ao nosso alcance para nos auxiliar e pode ser de
maneiras diversificadas como tomar o chá à noite para ter um sono reparador auxiliando na
recuperação de muitas doenças. Nesse momento solicito que cada dê uma olhada no seu quintal;
observe se nele há planta medicinal; se houver, verifique qual planta medicinal está crescendo de
modo natural, sem ser cultivada. Essa observação é importante porque em muitas casas em que há
pessoas com pedras nos rins, por exemplo, nascem plantas de quebra-pedra no quintal – justamente
a planta que serve aos problemas de cálculo renal. Assim, ao observar o quintal e perceber as
plantas que nele ocorrem nota-se que elas nascem para nos servir. Ainda, falando sobre remédios, há
muitas plantas que são fontes de medicamentos vendidos em farmácia, como os para aliviar dores.
5. Muitas pessoas se medicam com plantas medicinais por conta própria. Quais os riscos
desta ação?
Importante pergunta e serve para alertarmos quanto ao uso de plantas. Usem as plantas que são suas
conhecidas, pois temos mais de 30.000 ervas medicinais ao nosso dispor. Se escolher a tansagem, o
romã, o picão, o alecrim-de-jardim, pode-se ter o efeito que seja do seu conhecimento ou que seus
pais e avós lhe falaram. Assim, usando plantas em problemas cotidianos pode-se ter efeito benéfico
e riscos baixos. Há muitos livros interessantes que informam sobre riscos. Saibam que as plantas
servem como forma de tratamento, assim como tantas, que possuem riscos. Ao penasr nos riscos de
usar as plantas, tem-se o reforço da ideia de usar em pequena dose as plantas que são conhecidas.
6. Qual o especialista em plantas medicinais que as pessoas adeptas ao seu uso devem
procurar?
O conhecimento sobre plantas é difundido em toda comunidade. Os especialistas são os que
obtiveram o conhecimento dos seus antepassados e praticam no cotidiano. Cito o meu caso, meu
pai é conhecedor de plantas, sobretudo árvores, e eu o vi coletando e preparando-as ao uso. Os
mateiros, são conhecedores da flora das matas, as benzedeiras e as rezadeiras conhecem as plantas
das hortas, já os biólogos, os farmacêuticos, os médicos naturalistas, os agentes de saúde alternativa
e os agentes das pastorais da saúde conhecem plantas medicinais que podem ser comercializadas.
Com esses exemplos, reafirmo, no meu ponto de vista, que o especialista é aquele que se dedica ao
estudo das plantas e que esse conhecimento está em todo local e não dentro de instituições de
ensino como universidades, escolas, por exemplo. Os especialistas são esses enviados especiais de
Deus.
7. Existe algum livro, revista ou site que as pessoas podem consultar sobre as plantas
medicinais?
Sobre as literaturas que tratam o tema plantas medicinais, gosto muito do livro “Plantas Medicinais”
publicado na UFV e reeditado em 2003. Nele há indicações, contra-indicações, dosagem, tempo de
uso e outras dicas importantes. Aproveito para falar que também escrevi um livro sobre “Plantas
Medicinais” em 2008 no qual coloco 36 plantas medicinais, com fotos coloridas, nome científico,
nome popular, emprego, cuidados (como citei no da UFV). As plantas citadas são as do trabalho que
realizei quando era professor da UFSJ e são plantas encontradas comumente na nossa região. Já na
internet os locais que busco informações são nos trabalhos encontrados no “google acadêmico”, por
ser científico. Nesse sistema de busca usar o “nome científico” da planta. Quando fizer a busca na
internet usando o “nome popular” da planta, utilizar a busca nas “imagens do google”, pois serve
para confirmar pelas fotos se é mesmo a planta de interesse, pois o nome popular muda de um lugar
para outro. Por exemplo, a planta medicinal que conhecemos aqui na nossar região como “Erva-desanta-maria”, no nordeste é conhecida como “Mastruz” e para nós o “Mastruz” é outra espécie de
planta. Assim, aqui na nossa região, a “Erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides)” usada
em caso de vermes intestinais (lombriga)e o “Mastruz (Lepidium virginicum)”, usada como
antiinflamatório. Assim relato que é importante o nome científico ou a foto para ajudar na
identificação correta da planta.
8. Como os alunos do Curso Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas podem
contribuir para as pesquisas sobre as plantas medicinais?
Os estudantes de Licenciatura em Ciências Biológicas interessados no tema podem contribuir na
pesquisa de identificação correta das plantas – área de taxonomia, de estudos anatômicos desses
vegetais que permitem conhecer em qual parte vegetal contêm os componentes ativos -área de
histoquímica, estudar os fatores que influenciam no crescimento e no desenvolvimento das plantas
ou das partes medicinais – área de fisiologia vegetal – e tantas outras. Basta que tenham interesse
que poderão descortinar esse mundo de possibilidades.
Agradecemos o professor José Emílio Zanzirolani pelas informações. Aqueles que tiverem dúvidas
sobre o tema podem procurar o IF Campus Barbacena – no Laboratório de Biologia. E na próxima
terça-feira o Dica do IF Campus Barbacena vai discutir e ensinar a você como armazenar melhor os
alimentos.
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28-06 Como utilizar as plantas medicinais no dia a dia