OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
do uso de glifosato. Conclui James que é do interesse do setor
agrícola e da sociedade em geral a questão das interações entre o
glifosato e as doenças de plantas, para que, alertados do problema,
o mesmo possa ser minimizado.
Palestra: ADUBAÇÃO COM MANGANÊS EM SOJA
CONVENCIONAL E SOJA RESISTENTE AO
GLIFOSATO –
Barney Gordon, Kansas State University, Estados Unidos,
e-mail: [email protected] (apresentado por Larry Murphy, Fluid
Fertilizer Foundation, Manhattan, KS, Estados Unidos, e-mail:
[email protected])
Segundo Barney, há evidências que sugerem que a produtividade da soja resistente a glifosato seja menor do que a das
sojas convencionais. Muitos agricultores têm observado que tais
produtividades, mesmo sob condições ótimas, não são tão elevadas, como esperado.
É possível que a adição do gene que dá a resistência ao
herbicida possa ter alterado outros processos fisiológicos. Barney
explicou que as aplicações de glifosato podem retardar o metabolismo do Mn na planta bem como ter um efeito adverso nas populações de microrganismos do solo que são responsáveis pela redução do Mn em forma disponível para a planta; e que a adição
de Mn suplementar, no período adequado, pode corrigir os sintomas de deficiência e resultar em maiores produtividades de
soja (Figura 1).
lisada por uma enzima que tem necessidade absoluta de Mn. Os
ureídeos respondem pela maior parte do N transportado na seiva
do xilema para a parte aérea da soja. A deficiência de Mn no tecido
e o estresse por seca podem aumentar a concentração de ureídeos
na parte aérea, sinalizando às bactérias simbióticas que parem com
a fixação biológica de nitrogênio.
Pesquisas desenvolvidas por Barney em Kansas, em solo
com pH 7,0, de textura média, com sulfato de manganês granular,
aplicado em faixas, ao lado da linha de plantio, mostraram que a
variedade tradicional (KS 4202) produziu cerca de 470 kg ha-1 a mais
que sua isolinha resistente ao glifosato (KS 4202 RR), quando na
ausência de Mn. Porém, com adições crescentes de Mn a soja resistente ao glifosato respondeu favoravelmente à aplicação, enquanto a variedade tradicional apresentou queda de produtividade nas
doses mais elevadas (Figura 2). No estádio de pleno florescimento,
na condição sem Mn, observou-se que o teor foliar de Mn na soja
resistente ao glifosato era menos do que a metade do observado na
variedade tradicional, e à medida que se adicionou Mn, as duas
variedades se comportaram de maneira semelhante (Figura 3).
Figura 2. Resposta da soja ao manganês aplicado no sulco de semeadura
(2005-2006).
Figura 1. Sintoma de deficiência de manganês.
Comentou que a fotossíntese de plantas superiores, em geral, e a evolução fotossintética do O2, no Fotossistema II, em particular, são os processos que respondem mais sensivelmente à deficiência de Mn. Quando a deficiência de Mn torna-se severa, o conteúdo de clorofila diminui e a ultra-estrutura dos tilacóides muda
drasticamente.
O Mn age como um cofator, ativando cerca de 35 diferentes
enzimas, comandando desde a biossíntese de aminoácidos aromáticos até a de produtos secundários, como lignina e flavonóides. E
os flavonóides, nos extratos radiculares das leguminosas, estimulam a expressão do gene da nodulação. Baixas concentrações de
lignina e de flavonóides em tecido deficiente em Mn são responsáveis também pela diminuição na resistência às doenças. Em leguminosas noduladas, como a soja, as quais transportam o nitrogênio
na forma de alantoína e alantoato para a parte aérea, a metabolização desses ureídeos nas folhas e na película da semente é cata-
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Figura 3. Concentração de Mn no tecido foliar de soja (folha trifoliada
expandida superior, em pleno florescimento) em função da aplicação de manganês no sulco de semeadura (2005-2006).
Testando a aplicação de quelato de Mn líquido via foliar
(Tabela 1) visando prevenir e corrigir deficiências, observou-se que
a produtividade da soja era maximizada com três aplicações, nos
estádios V4, V8 e R2.
Estas pesquisas confirmam que as variedades de soja resistentes ao glifosato não acumulam Mn da mesma maneira que as
variedades convencionais e que podem responder à aplicação de
Mn em ambientes altamente produtivos.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 117 – MARÇO/2007
OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
Tabela 1. Resposta da soja RR à aplicação de manganês via foliar1.
Estádio
Testemunha
V4
V4 + V8
V4 + V8 + R2
DMS 5%
1
Produtividade (kg ha-1)
(%)
4.170
4.573
4.842
5.380
100
110
116
129
(N-uran variável e P e K fixos nas fórmulas 5-15-5; 15-15-5; 30-15-5;
45-15-5 e 60-15-5), total de N aplicado de 200 kg ha-1, os resultados
mostraram que a aplicação de doses mais elevadas de N no sulco
de semeadura geralmente diminuem a população de plantas (Figura 2) e a produtividade (Tabela 1), sendo os melhores resultados
obtidos com as localizações a 5 cm abaixo e 5 cm ao lado das sementes e em sulco, a 20 cm de profundidade.
202
Cerca de 0,34 kg ha-1 de Mn por aplicação.
Palestra: MAXIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MILHO
NAS GRANDES PLANÍCIES CENTRAIS DOS ESTADOS
UNIDOS –
Barney Gordon, Kansas State University, Estados Unidos,
e-mail: [email protected] (apresentado por Larry Murphy, Fluid
Fertilizer Foundation, Manhattan, KS, Estados Unidos, e-mail:
[email protected])
De acordo com Barney, os níveis de fertilidade do solo devem estar adequados para que a planta aproveite as vantagens da
produtividade adicional dos modernos híbridos de milho cultivaFigura 2. Efeito do modo de aplicação e de diferentes fórmulas na populados em altas populações.
ção de plantas de milho.
Pesquisas desenvolvidas pela Fluid Fertilizer Foundation,
nos Estados Unidos, em anos recentes, mostraram que a composição dos adubos fluidos tem Tabela 1. Efeito da adubação starter na produtividade do milho (média de três anos).
grande impacto sobre a produção de milho, parLocalização
ticularmente nos sistemas de cultivo com alta
No
sulco
5
cm
abaixo
Na superfície,
No sulco, a 20 cm
Fórmula
produção de resíduos.
(in furrow) e 5 cm da semente a 5 cm da linha
de profundidade
Experimentos conduzidos na Universida(2 x 2)
(surface dribble)
(deep band)
de de Kansas têm demonstrado repetidamente que
-1
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (t ha ) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - as respostas aos fertilizantes fluidos de arranque
5-15-5
11,6
13,0
12,6
12,0
(starter) N-P-K-S-Zn podem ser melhoradas subs15-15-5
11,9
13,2
13,3
12,1
tancialmente com o aumento da quantidade de
30-15-5
11,7
14,5
14,2
12,9
nitrogênio (N) na fórmula, através da mistura de
45-15-5
11,5
14,4
14,3
13,1
solução de nitrato de amônio-uréia (URAN) com
60-15-5
10,9
14,4
14,3
13,5
polifosfato de amônio (10-34-0) e uma fonte de
Média
11,5
13,9
13,8
12,7
potássio, como tiosulfato de potássio.
Em estudo visando avaliar os métodos
de aplicação de fertilizantes líquidos [no sulco de semeadura; 5 cm
Segundo Barney, os resultados apresentados na Tabela 1
abaixo e 5 cm ao lado da semente; na superfície, a 5 cm da linha de são de interesse para agricultores que utilizam o sistema plantio
plantio; em sulco profundo, a 20 cm de profundidade] (Figura 1) e a direto, devido à flexibilidade na forma de aplicar o adubo de arraque
melhor composição da adubação de arranque para milho irrigado (starter). Disse que a forma tradicional de aplicação do adubo tem
sido 5 cm ao lado e 5 cm abaixo da linha de
plantio, mas, comparando-se a produtividade
desta com a obtida com a aplicação do adubo
na superfície, a 5 cm da linha de plantio, notase que os resultados são muito parecidos. A
implicação desta informação é que as plantadeiras de milho poderão aplicar os adubos fluidos sem a necessidade de incorporação abaixo
da superfície do solo, o que iria requerer maior
potência do trator. Mas, alertou que, para uma
adubação eficiente, a relação N:P tem que ser
de pelo menos 1:1.
Barney questionou se esse manejo seria
o mais indicado para o Brasil, tendo em vista
que o clima é diferente, mais quente, e como o
fertilizante nitrogenado aqui utilizado seria apenas o uran, os problemas com volatilização seriam mais elevados.
Figura 1. Terminologia americana para distribuição de fertilizantes no plantio.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 117 – MARÇO/2007
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