(1º texto)
A grande aventura fotográfica do século XIX teve nos registos de viagens ao
Próximo Oriente um dos seus mais extraordinários expoentes, iniciando-se
imediatamente após a divulgação do processo de daguerreótipo (desde c. 1840) e do
calotipo (desde c. 1850), até ao desenvolvimento do processo de colódio húmido,
quando verdadeiramente a fotografia de viagens atingiu a sua plenitude.
Foi então possível conhecer o mundo através de boas fotografias, cuja relação
com a realidade era completamente diferente do desenho e das gravuras, que até
então constituíam os únicos meios de difusão das ideias em imagens.
Nas colecções do Instituto dos Museus e da Conservação existe um núcleo de
imagens fotográficas significativo da grande aventura fotográfica de viagens do século
XIX, entre 1850 e 1890. Aqui se apresenta uma selecção de provas albuminadas
desta época, provenientes de negativos de colódio húmido e cobrindo praticamente
todos os temas e subregiões do Próximo-Oriente. Completa a exposição um conjunto
de imagens em provas actuais retiradas a partir de estereoscopias positivas
pertencentes ao espólio de um dos principais fotógrafos portugueses do século XIX,
Carlos Relvas, que certamente as adquiriu numas das suas estadas em Paris. Tratase de estereoscopias em suporte de vidro, com emulsões de gelatina sal de prata, que
revelam ser reproduções a partir de negativos mais antigos, feitos também em colódio.
(2º texto)
Os quarenta anos certos que medeiam entre a partida de Eça de Queirós para
o Egipto a fim de assistir à inauguração do canal de Suez (1869) e a estada de Leite
de Vasconcelos no Cairo para participar num congresso de arqueologia (1909) são
muito ricos em termos de descobertas arqueológicas, mas também frutuosos no
incremento das viagens ao Oriente, sobretudo ao Egipto e à Palestina.
Durante a inauguração do canal de Suez muitos fotógrafos, idos sobretudo da
Europa, registaram o acontecimento e as grandes festividades, aproveitando também
para fotografar monumentos, paisagens e a população. Alguns montaram estúdios em
Alexandria e no Cairo, para o Egipto, e em Beirute, para a Síria-Palestina, sendo muito
apreciadas na Europa as fotos de temática «oriental», muito abundantes na segunda
metade do século XIX e no século XX.
E se Eça de Queirós trouxe do Egipto ideias que depois se reflectiriam na sua
obra literária, José Leite de Vasconcelos trouxe de lá objectos agora expostos no
Museu Nacional de Arqueologia, por ele fundado em 1893. Um e outro, cada um à sua
maneira, seguram as pontas de um fio condutor que trouxe até nós culturas e
civilizações passadas e presentes do Próximo Oriente – tão próximo geograficamente
mas também culturalmente.
(3º texto)
Em 1909 José Leite de Vasconcelos, fundador e primeiro director do Museu
Nacional de Arqueologia, de quem se comemora em 2008 o 150º aniversário do
nascimento, viajou para o Egipto, onde participou num congresso de arqueologia que
teve lugar no Cairo. No regresso trouxe cerca de oitenta objectos evocativos do antigo
Egipto.
Este acontecimento reflecte simultaneamente a conjugação de dois factores.
Por um lado, a importância que as escavações arqueológicas no Egipto tinham já
adquirido junto da comunidade científica em to do mundo. E por outro lado, o carácter
cosmopolita e a grande reputação internacional de Leite de Vasconcelos, assim como
a sua determinação em fazer do Museu Etnológico Português (o actual Museu
Nacional de Arqueologia) uma instituição aberta ao mundo, dotada de colecções
indispensáveis tanto à formação geral dos visitantes, como à melhor valorização do
património português, pela comparação com o de outras culturas e regiões.
(4º texto – ficha técnica)
Direcção
Luís Raposo
Guião científico
Fotografia
Vitória Mesquita
José Pessoa
Arqueologia
Luís Manuel de Araújo
Investigação
Sofia Torrado
Textos
Exposição
Luís Manuel Araújo
Ana Isabel Santos
José Pessoa
Catálogo
Luís Raposo
Luís Manuel Araújo
José Pessoa
Sofia Torrado
Alexandra Encarnação
Élia Marques
Selecção de colecções
José Pessoa
Luís Manuel de Araújo
Maria José Albuquerque
Ana Isabel Santos
David Martins
Conservação e Restauro
Fotografia
Vitória Mesquita (coord.)
Alexandra Encarnação
Élia Marques
Arqueologia
Mathias Tissot
Reprodução e tratamento de imagem
José Pessoa (coord.)
Reprodução fotográfica
Luísa Oliveira
José António Moreira
Reprodução e tratamento digital
Luísa Oliveira
Alexandra Pessoa
Cláudia Sequeira
Tânia Olim (colab.)
Maria José Nascimento (colab.)
Inventariação e catalogação
Fotografia
Sofia Torrado
Tânia Olim
Arqueologia
Museu Nacional de Arqueologia
Desenho gráfico
???
Montagem museográfica
Museu Nacional de Arqueologia
Divisão de Documentação Fotográfica do IMC
Propriedade das colecções
Museu Nacional de Arqueologia
Divisão de Documentação Fotográfica do IMC
Biblioteca Nacional
Câmara Municipal da Golegã
Obs - Incluir em baixo os logos de MC, IMC, MNA, 150 JLV
Obs:
1. Para além destes textos, haverá as legendas de fotografias e peças em
exposição
2. É de considerar o uso da epígrafe a seguir, seja na vitrina com os materiais de
Eça de Queirós, seja em posição de maior destaque na exposição, em local a
estudar:
«Esta jornada à terra do Egipto e à Palestina
permanecerá sempre como a glória superior da minha carreira.»
Eça de Queirós, A Relíquia
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