Museu do Chiado Exposição
divulga "diversidade" da
fotografia lusa do século XIX
O Museu do Chiado, em Lisboa, quer divulgar ao público "a grande
diversidade" da fotografia portuguesa do século XIX, numa exposição que
hoje é inaugurada com imagens inéditas de coleções públicas e privadas,
dispersas pelo país.
CULTURA
Lusa
16:10 - 29 de Abril de 2015 | Por Lusa
Numa visita guiada, destinada a jornalistas, as comissárias da exposição "Tesouros da
Fotografia Portuguesa do Século XIX", Emília Tavares e Margarida Medeiros, salientaram
que um dos grandes objetivos deste projeto é "cativar o público para conhecer a fotografia
que era feita em Portugal naquela época".
Emília Tavares indicou que, "apesar de existirem muitos estudos sobre a fotografia
portuguesa nessa época, continuam nas academias, e não são publicados".
Esta exposição, fruto de um projeto de seis meses que continua em curso, reúne, pela
primeira vez, fotografias de coleções públicas e privadas da História da Fotografia
portuguesa, e ficará até 28 de junho no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu
do Chiado (MNAC-MC).
De acordo com as comissárias, grande parte das coleções de fotografia, reunidas nesta
mostra, manteve-se inédita até agora.
Além de revelar obras e autores ao público, outro objetivo do projeto é fazer "um primeiro
contributo para uma moderna historiografia da fotografia portuguesa".
Percorrendo o legado fotográfico produzido em Portugal, entre meados de 1840 e 1900, o
projeto pretende "entender como se elaborou esta nova cultura visual no país, contribuindo
para a compreensão de uma sociedade em profunda transformação", segundo as
curadoras.
De acordo com Emília Tavares, a fotografia portuguesa do século XIX começou por ser
científica, criada por físicos, médicos, químicos e matemáticos, que chegaram a participar
em exposições internacionais.
"Depois, a fotografia tomou uma grande diversidade de temáticas e de géneros, e tem de
ser entendida no contexto social, político e antropológico da época", sublinhou.
Na exposição surgem paisagens urbanas, retratos, paisagens panorâmicas, teatro,
fotomontagem. As imagens surgem ainda como valor identificativo, como nos casos dos
bebés abandonadas na Roda dos Expostos, que ficavam ao cuidado de instituições de
caridade.
"Os bebés eram abandonados com cartas, amuletos ou fotografias dos pais", indicou a
comissária.
Há imagens raras, como uma das primeiras fotos criadas em Portugal, de Wenceslau
Cifka, de 1849, de uma vista para o Castelo de Sintra, ou uma foto dos "Vencidos da
Vida", captada por Augusto Bobone, em 1889.
Outra foto inédita, proveniente de uma coleção particular, de um autor desconhecido,
mostra o escritor Alexandre Herculano e foi captada em Vale de Lobos, Santarém, entre
1857 e 1870.
A dado momento começam a surgir fotografias de património e de acontecimentos
públicos que são alvo de notícia, como o casamento de D. Luís I, em 1862, em Lisboa, ou
da inauguração do Monumentos dos Restauradores, por D. Luís I, em 1886, captada por
Francisco Roechini (1822-1895).
Questionada pela agência Lusa sobre se ainda estão por descobrir os autores de muitas
fotografias, Emília Tavares indicou que, "ainda há bastantes autores desconhecidos, até
porque existem várias coleções privadas e públicas, como a da Sociedade Portuguesa de
Geografia, que se mantém fechada aos investigadores".
Devido à vastidão do conjunto, o projeto foi desdobrado em duas exposições: a primeira
será inaugurada hoje, às 19:00, no Museu do Chiado, em Lisboa; a segunda ficará patente
na Galeria Municipal Almeida Garrett, no Porto, de 30 de maio a 16 de agosto deste ano,
em parceria com a Câmara Municipal.
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