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©2015 Sueli Soares dos Santos Batista; Emerson Freire (Orgs.)
Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra
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em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a
permissão da editora e/ou autor.
B333 Batista, Sueli Soares dos Santos; Freire, Emerson
Educação Profissional e Tecnológica: Perspectivas e experiências/
Sueli Soares dos Santos Batista; Emerson Freire (Orgs.). Jundiaí,
Paco Editorial: 2015.
252 p. Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-8148-907-0
1. Educação profissional 2. Educação tecnológica 3. Cultura 4. Formação para
o trabalho. I. Batista, Sueli Soares dos Santos II. Freire, Emerson.
Índices para catálogo sistemático:
Educação
Educação profissional
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
CDD: 370
370
378.013
A todos envolvidos com o ensino profissional e tecnológico, docentes, alunos e funcionários administrativos, em
especial àqueles do Centro Paula Souza que celebrou seus
45 anos de existência em outubro de 2014.
Agradecemos a todos os professores e alunos vinculados ao
Núcleo de Estudos e Tecnologia e Sociedade (NETS) e a todos
professores que contribuíram direta ou indiretamente para a realização e publicação desta obra.
Por mais familiar que seja seu nome, o narrador não está de
fato presente entre nós, em sua atualidade viva. Ele é algo de distante, e que se distancia ainda mais. Descrever um Leskov como
narrador não significa trazê-lo mais perto de nós, e sim, pelo
contrário, aumentar a distância que nos separa dele. Vistos de
uma certa distância, os traços grandes e simples que caracterizam
o narrador se destacam nele. Ou melhor, esses traços aparecem,
como um rosto humano ou um corpo de animal aparecem num
rochedo, para um observador localizado numa distância apropriada e num ângulo favorável. Uma experiência quase cotidiana
nos impõe a exigência dessa distância e desse ângulo de observação. É a experiência de que a arte de narrar está em vias de
extinção. São cada vez mais raras as pessoas que sabem narrar
devidamente. Quando se pede num grupo que alguém narre alguma coisa, o embaraço se generaliza. É como se estivéssemos
privados de uma faculdade que nos parecia segura e inalienável:
a faculdade de intercambiar experiências.
(Benjamin, Walter. O narrador, 1936)
Sumário
Apresentação..........................................................................13
PARTE I – Cultura, Sustentabilidade e Inovação:
Perspectivas para a educação profissional e tecnológica...........25
CAPÍTULO 1
Emerson Freire
Discussões sobre Sociedade, Tecnologia e Cultura: O cinema
na sala de aula........................................................................27
CAPÍTULO 2 Rodolfo Eduardo Scachetti
Vanina Carrara Sigrist
Artes Visuais, Ciências e Tecnologias: Uma triangulação
possível?.................................................................................45
CAPÍTULO 3
Juliana Rink
Cláudia Aparecida Longatti
Carolina Mandarini Dias
Educação Ambiental na Educação Profissional Técnica de
Nível Médio: Um breve panorama das dissertações e teses
brasileiras (1987-2009)..........................................................61
CAPÍTULO 4
Adriana Perroni Ballerini
Cinthia Rolim de Albuquerque Meneguel
A Importância da Educação Profissional e Tecnológica na
Gestão de Eventos Inovadores e Sustentáveis..........................79
CAPÍTULO 5
Fabrício José Piacente
Wagner de Almeida Dias
Uma Breve Discussão sobre o Sistema Nacional de Inovação:
Marco institucional e regulatório brasileiro............................95
CAPÍTULO 6
Diane Andreia de Souza Fiala
Luis Enrique Aguilar
Resultado das Pesquisas Iniciais sobre a Educação Tecnológica
na América Latina................................................................111
PARTE II – Experiências e Propostas para a Educação
Profissional e Tecnológica....................................................135
CAPÍTULO 7
Mariluci Alves Martino
Rosália Maria Netto Prados
Michel Mott Machado
A Experiência dos Planos de Gestão e a Concepção do
Planejamento Regional das Fatecs: Desafios à gestão da
unidade de ensino superior de graduação do
Centro Paula Souza...............................................................137
CAPÍTULO 8
Sueli Soares dos Santos Batista
Diane Andreia Souza Fiala
Juliana Augusta Verona
Mostrando e Transformando a Educação Profissional e
Tecnológica: Um estudo sobre a feira tecnológica do Centro
Paula Souza (2007-2014).....................................................155
CAPÍTULO 9
Lívia Maria Louzada Brandão
Teresa Helena Buscato Martins
Célio Aparecido Garcia
Estudos Enunciativos de Cartazes Vestibulares das Faculdades
de Tecnologia (Fatec/Ceeteps).............................................183
CAPÍTULO 10
Sasquia Hizuru Obata
Rogério Teixeira
Certificação Profissional e Responsabilidade Social: Proposta
de estruturação para ações certificadoras...............................201
CAPÍTULO 11
Teresa Helena Buscato Martins
Subsídios para Elaboração de Testes na Área de Ensino de
Línguas Estrangeiras para Cursos Superiores de
Tecnologia...........................................................................223
Sobre os Autores...................................................................241
APRESENTAÇÃO
Richard Buckminster Fuller (1895-1983) foi uma daquelas
mentes brilhantes que costumam receber uma série de rótulos
em função da diversificação de suas áreas de atuação: arquiteto,
engenheiro, geômetra, cartógrafo, filósofo, futurista, inventor do
domo geodésico. Em 1996, o Prêmio Nobel de química foi concedido aos descobridores de uma nova molécula de carbono. Os
cientistas ganhadores do prêmio, como homenagem, a batizaram
de “buckminsterfullerene” ou “buckyball”, pois a molécula tinha
exatamente o formato do domo geodésico de Fuller. Em 2010,
pesquisadores da Nasa auxiliados pelo telescópio Spitzer observam pela primeira vez “buckyballs” no espaço sideral.
O inventor certamente ficaria feliz com a homenagem e com
o aparecimento das “buckyballs” intergalácticas, não por qualquer tipo de orgulho ou vaidade pessoal, mas por ver que suas
prerrogativas e concepções sobre como pensar a relação entre
ciência, tecnologia e humanidade faziam todo sentido, seja na
perspectiva micro ou macroscópica, ou melhor ainda, na conjunção entre ambas. Trata-se sempre de lidar com o aumento e a
diminuição das lentes, dos olhares, das perspectivas e das experiências tentando encontrar uma distância certa, um foco minimamente possível.
O presente livro ao se deter sobre a especificidade da educação profissional e tecnológica, também se dedica à essa busca
incessante por uma distância certa, não no sentido da melhor resposta para esse assunto, mas da procura por diferentes regulagens
da lente que trazem múltiplas visões. Inicialmente apresenta uma
visão ampla e problematizadora que põe em pauta as diversificadas perspectivas e os entrecruzamentos de interpretações para
as relações entre formação profissional, cultura e o mundo do
trabalho. Isso sem deixar de lançar, num segundo momento, um
olhar mais aproximado e detalhado sobre as práticas e intervenções cotidianas que, junto com a problematização e a reflexão,
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Sueli Soares dos Santos Batista; Emerson Freire (Orgs.)
produzem o que socialmente se considera como formação para
o trabalho. Não se trata de uma separação entre teoria e prática, entre uma abordagem conceitual e outra mais empírica. As
partes complementares deste livro mostram o diálogo necessário
entre as diferentes perspectivas e intervenções que devem existir
e coexistir quando se pensa numa formação emancipadora para
o mundo do trabalho e para o desenvolvimento social como um
todo. O esforço é de expor, mas sobretudo de pensar e refletir
permanentemente.
Retomar o inventor Buckminster-Fuller na apresentação deste
livro, não é por uma questão de estilo ou pretensa sofisticação, mas
pela urgência das questões que ele colocava em suas incansáveis palestras e profícuos escritos, e que têm relação direta com a formação
tecnológica e profissional de qualidade em seu papel estratégico, e
que de certa forma inspiraram a organização deste volume.
Bucky, como era carinhosamente chamado, não escondia em
suas falas e livros que a humanidade passava por uma de suas crises socioambientais mais profundas, mas que a boa notícia era que
o avanço tecnológico poderia ser uma válvula de escape promissora. Mas, o inventor estava longe de qualquer tecnicismo utópico.
Momentos delicados exigem soluções inventivas. Em busca dessas
soluções, Buck-Fuller entendia que o fazer tecnológico não poderia se pautar apenas pela parte técnica imediatista, preocupada
com dinheiro fácil ou com alguma demanda localizada, seja do
mercado ou de alguma instituição particular, mas que a tecnologia precisaria estar em uma espécie de sintonia cósmica, por
questão de sobrevivência no planeta, associando-se à cultura de
maneira mais íntima, e não se opondo à ela, ou vice-versa.
Se é assim, a formação para aqueles que trabalharão e desenvolverão novas tecnologias, como nossos alunos futuros profissionais, não poderia resumir-se a uma boa orientação técnica, fundamental, mas insuficiente se pensarmos para além da
geração de mão de obra para o mercado. Aliás, incorporar esse
método na raiz do processo, numa alfabetização científica e tec14
Educação Profissional e Tecnológica: Perspectivas e Experiências
nológica integra, para usar um termo de Fuller, traria benefícios
não só para o mercado como para o conjunto social. Não se trata
de certificados estampados em produtos/quadros ou de medidas
paliativas segundo interesses diversos, mas de envolvimento visceral, em última instância, com o desenvolvimento tecnológico
para o bem comum. Não é romantismo fugaz, mas questão de
sobrevivência. Sustentabilidade no mais fundamental da palavra,
não no discurso apenas.
Alguns pontos dessa discussão permeiam diretamente a Primeira Parte deste livro intitulada “Cultura, sustentabilidade e inovação: perspectivas para a educação profissional e tecnológica”.
O primeiro capítulo, “Discussões sobre sociedade, tecnologia
e cultura: o cinema na sala de aula”, procura trazer reflexões com
base na experiência com os alunos na disciplina “Sociedade e Tecnologia”, uma das poucas que resistem ao processo de eliminação
progressiva de conteúdo não especificamente técnico nos cursos
tecnológicos do Ceeteps. A preocupação não é com sua extinção, mas com a positividade que pode ser desenvolvida durante o
curso, numa contribuição efetiva para a formação profissional e
tecnológica do aluno, para além de discussões pouco produtivas
que se restringem e insistem em opor cultura e tecnologia. Trata-se de perceber o potencial do cinema, não como ilustração de
um conteúdo programático, mas como aquele que faz emergir
questões fundamentais para o debate sobre o fazer tecnológico e
ajuda a trabalhar habilidades perceptivas no futuro profissional.
Trata-se de um exercício tanto difícil quanto complicado.
Por isso, o segundo capítulo, “Artes visuais, ciência e tecnologia: uma triangulação possível?” prolonga e vai além na discussão ao propor até mesmo a retomada da palavra militância,
uma militância em prol do pensamento, do tempo, da pausa, da
autonomia, da beleza, da sensação, enquanto componentes insubstituíveis na geração de conhecimento. Em cursos de duração mais curta em relação aos bacharelados e licenciaturas, parece
mesmo um desatino reclamar tal pausa. Time is Money, não há
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