Os autores respondem The authors reply Saúde, vida e alegria de ser adolescente! Passos para a ação Health, life and happiness of being adolescent! Steps for the action Diant e de t odos os c onc eit os negat iv os que c erc am a adolesc ênc ia e o adolesc ent e, div ulgados e ref orç ados amplament e pelos meios de c omunic aç ão, é esperado o espant o c ausado pelos result ados t razidos pelos adolesc entes de São Gonç alo (RJ), em que prevalec e a representaç ão soc ial positiva de si mesmo. A surpresa é explíc ita na indagaç ão da brilhante debatedora: adolesc entes tão otimistas, satisfeitos, tranqüilos, c almos e alegres. Será verdade? Ou será que eles assim se expressam até para disfarç arem as angústias e inseguranç as que oc orrem durante as mudanç as c orporais da adolesc Cert êncament ia? e que não seríamos t ão audac iosos a pont o de responder a t al indagaç ão c om af irmaç ões ou negaç ões ingênuas, inc lusiv e por rec onhec er que se t rat a de um tema vasto e impuro (c onc eito de si mesmo) e por ser a adolesc ênc ia uma fase da vida em que ainda há muit o a ser debat ido e est udado. Est udos mais det alhados e aprof undados responderiam mais segurament e a essa quest ão, mas a prov oc aç ão possibilit a ref lexões int eressant es. Em primeiro lugar, a estratégia metodológic a empregada no artigo vê o problema por um ângulo espec ífic o, porém restrito. Permite uma análise em extensividade mas padec e de profundidade. A visão oferec ida da imagem e do sent iment o que os adolesc ent es t êm de si é rest rit a, c arec endo de out ras met odologias qualit at iv as para enriquec er a c ompreensão. Em nosso t rabalho c ont inuado c om adolesc ent es, perc ebemos que essa v isão posit iv a de si mesmo é a mais freqüente nesse grupo, embora mostre ambigüidades e c ontradiç ões que se ampliam à medida que alguns agrav os surgem na v ida desses jov ens, t ais c omo agressões, rejeiç ões, desint eresse, v iolênc ias e, no c aso espec ífic o, baixa auto- estima. Em segundo lugar, os adolesc entes, c omo todos os seres humanos, c arregam em si potenc iais c riativos, de saúde e de doenç a, que podem e prec isam ser est imulados e lapidados pela c ult ura at rav és da qualidade das relaç ões, das normas e dos v alores ét ic os que a soc iedade est abelec e. Em out ro t rabalho t iv emos oport unidade de ent rev ist ar adolesc ent es do sexo f eminino e suas mães, v isando c ompreender o papel de gênero da gênese do c omet iment o do at o inf rac ional ( A ssis e Const ant ino, 2001) . S urpreendeu- nos o abismo ent re essas duas geraç ões no que se ref ere à visão de mundo e expec tativas de vida. Embora faç am parte de uma mesma família e dific ílimas c ondiç ões de exist ênc ia, as adolesc ent es ansiav am sof regament e pela v ida, enquant o suas mães se arrast av am pela realidade, físic a e mentalmente debilitadas. Essa situaç ão nos deixou marc as profundas, indic ando que, em algum ponto da vida, muitos adultos, ao deixarem de desejar, passam a ver o mundo "real" de forma desesperanç ada. Param de usar o potenc ial c onstrutivo, exalando c etic ismo para aqueles que os c erc am, princ ipalmente os filhos. Nesse sentido, a "v erdade" dos pais, c alc ada na experiênc ia de v ida, t alv ez prov oque reaç ões de def esa nos adolesc ent es, que ainda não tiveram testado pela vida seu potenc ial e narc isismo. T ambém vale lembrar que numa mesma pessoa enc ontramos uma "pluralidade de pessoas psíquic as", c om predominânc ias e movimentos antagônic os ou c omplementares entre si (Levisky, 2001). O c onsenso mais importante é o da nec essidade do fortalec imento dos aspec tos positivos ao lidar c om os adolesc entes c omo uma abordagem fundamental na promoç ão da saúde. A mudanç a de enfoque da patologia (c om suas prioridades v olt adas para os c omport ament os de risc o) para a v alorizaç ão da saúde e da c ompet ênc ia é uma est rat égia f undament al às polít ic as de saúde e educ aç ão. Rec onhec er o pot enc ial do adolesc ent e, dot ado de c apac idades e nuanc es indiv iduais, abre espaç o para uma postura mais ativa e partic ipativa do adolesc ente na soc iedade o protagonismo juvenil. O resgate da auto- estima é f undament al para que o jov em seja dono de seu desejo e ac redit e no seu poder de t ransf ormaç ão. Nesse sentido, é c erto que o fortalec imento da auto- estima passa pelo reposic ionamento do adolesc ente na família, na c omunidade, na esc ola e na soc iedade. Rec oloc ar- se nesses ambient es modif ic a o olhar do adolesc ent e sobre si próprio e possibilita uma c onvivênc ia mais harmoniosa. Estimulá- lo a c ompreender seus próprios limites, das pessoas que o c erc am e da soc iedade mais ampliada é um esforç o importante e deve ser feito sob um prisma c onstrutivo, e não sob a égide da inc ompet ênc ia e das proibiç ões. É prec iso que os adult os não se sint am ameaç ados c om a at it ude do adolesc ent e para a mudanç a do espaç o em que v iv e, já que t ransf ormaç ão é a grande ânsia dessa f ase da vida que, orientada, pode ser muito efic iente e produtiva. A o se pensar em propost as que f oc alizem a promoç ão da saúde do adolesc ent e, t orna- se f undament al a intervenç ão da família, dos profissionais de educ aç ão, de saúde, da mídia e da soc iedade c ivil em prol de uma atitude c uidadosa, afetiva e respeitosa c om c rianç as, jovens ou adultos. É prec iso foc alizar não apenas no papel das grandes instituiç ões soc ializadoras, mas também na c apac idade do indivíduo e de outros grupos soc iais na formaç ão e c onsolidaç ão da auto- estima. É nec essário que as pessoas que int eragem diret ament e c om as c rianç as c ompreendam a import ânc ia de suas atitudes e seus julgamentos. Rec onheç am que aç ões violentas, sejam psic ológic as ou físic as, ac arretam efeitos negativos em um dos aspec tos mais valiosos do ser humano, a auto- estima. É prec iso desenraizar alguns valores e c renç as c onsolidados na soc iedade, espec ialment e na área da educ aç ão. Os agravos dec orrentes da humilhaç ão, rejeiç ão e deprec iaç ão do jovem são c ruc iais para formaç ão da autoest ima, lembrando que esse t ipo de agressão est á f reqüent ement e assoc iado aos abusos f ísic os e sexuais ( A ssis & Avanc i, 2003). Não são nec essárias medidas e aç ões prev ent iv as sunt uosas ou requint adas. Pequenas at it udes, c omo c onv ersas atenc iosas e c ompreensivas possibilitam o c omeç o de um resgate de uma atitude de si mais positiva. A gratific aç ão e o alívio dos jovens em serem ouvidos e c ompreendidos é c onhec imento c omum aos profissionais que se dispõem a uma esc uta gentil e firme. Mesmo aqueles jovens c om grande dific uldade de se exporem se sentem felizes c om esses moment os de t roc a. Ent ret ant o, uma abordagem dessa nat ureza ainda é rara e não sist emat izada nas inst it uiç ões esc olares e de saúde, pelo c ont rário, esses espaç os, muit as v ezes, são responsáv eis pela perpet uaç ão de rót ulos negat iv os e dores humanas. A visão que o jovem possui sobre si mesmo, o aspec to valorativo de si, é uma questão que exerc e muita interferênc ia na aç ão individual, motivo que reforç a a sua importânc ia na vida soc ial. Compreender que a autoest ima é import ant e t ant o para o sujeit o quant o para a soc iedade dev e ser regra nas prát ic as educ at iv as e de saúde. Perc ebê- la c omo algo que se c onstrói dia- a- dia na intimidade das relaç ões é o primeiro passo. Quem está at ent o a isso respeit a as dif erenç as indiv iduais, t em c onsideraç ão e respeit o pela pessoa, c ompreende suas pec uliaridades. Não o ridic ulariza nem evidenc ia suas fraquezas. Antes, demonstra ter uma forte c onvic ç ão de que c onfia no seu potenc ial. Por esse motivo, mobiliza esforç os para lhe oferec er oportunidades de exerc itá- lo. Nada mais distante de um trabalho sobre auto- estima do que imaginar que bastam elogios, egos insuflados, narc isismos exac erbados e sent iment os de onipot ênc ia para que se obt enha uma aut o- est ima posit iv a. O que produz mudanç a é inv est iment o na habilidade de aut operc epç ão da c apac idade que se possui, do pot enc ial a ser explorado e a ac eitaç ão dos limites individuais. No país, não há debat es c onsist ent es sobre aç ões ef et iv as que podem ser desenv olv idas na promoç ão da aut oest ima. É prec iso pensar em est rat égias prev ent iv as, t ant o no âmbit o da educ aç ão quant o da saúde. M ais ainda, em aç ões dirigidas às c rianç as, adolesc ent es ou adult os que pensam sobre si mesmo de maneira pouc o af et uosa. Atividades de autoc onhec imento, de imagem c orporal, de estímulo a hábitos de autoc uidado são fundamentais numa est rat égia de resgat e da v alorizaç ão pessoal. Ac eitar os atributos pessoais possibilita um c resc imento e desenvolvimento mais harmônic o. E, exerc itar a busc a e o oferec imento do apoio soc ial, c omo o arc ebispo Anthony Blomm (apud Boulby, 1998) nos lembra: Devemos lembrar que as pessoas são c apazes de grandeza e de c oragem, mas não no isolamento... Prec isam das c ondiç ões próprias de uma unidade humana solidamente entrelaç ada, onde c ada um esteja preparado para assumir responsabilidade pelos outros. Referências bibliográficas Assis SG & Constantino P 2001. Filhas do mundo. Infraç ão juvenil feminina no Rio de. Janeiro Fioc ruz, Rio de Janeiro. Assis SG & Avanc i J 2003. O auto-c onc eito, a auto-estima e a violênc ia. Estudo soc ioepidemiológic o em esc olares de São Gonç alo, RJ . Relatório final de pesquisa. Claves, Rio de Janeiro. Boulby J 2002. Apego. Martins Fonte, São Paulo. Levisky L 2001.Adolesc ênc ia e violênc: ia aç ões c omunitárias na prevenç ão. Conhec endo e artic ulando, integrando e multiplic ando.Casa do Psic ólogo, S ão Paulo. http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232003000300003&script=sci_arttext&tlng=pt