ASP ECTS OF THE LIFE HISTORY OF WORK AND HEALT H IN HEALTH CENTERS–I JUÍ–RS USERS IN THE DEBATE OF DOCTOR AND P ATIENT REL ATIONS HIP IN THE E LDERLY Aut hors: JOÃO CARLOS LISBOA - UNI JUÍ-RS – fam [email protected] MARIA CRISTINA PANSE RA-DE- ARAÚJO- UNIJUÍ-RS –pansera@unijui .tche. br RUT H MARI LDA FRICKE- UNIJUÍ -RS –f ricker [email protected] m.br UNI JUÍ-RS – UNI VERSIDADE RE GIONAL DO NOROESTE DO ES TADO DO RIO GRANDE DO SUL THE FIRST INTERNATIONAL CONGRESS OF QUALITATI VE INQUIRY UNI VERSIT Y OF I LLINOI S AT URBANA- CHAMPAIGN 200 5 ASP ECTS OF THE LIFE HISTORY OF WORK AND HEALT H IN HEALTH CENTERS–I JUÍ–RS USERS IN THE DEBATE OF DOCTOR AND P ATIENT REL ATIONS HIP IN THE E LDERLY Aut hors: LISBOA, J. C.; PANSERA-DE-ARAÚJO, M. C.; F RICKE, R. M. UNI JUÍ-RS ABS TRACT: Int roduct ion: T he users of the public services of health in the elder ly can be stu died f rom the perspective of each in dividual’s singularity. The pr ocess of con stitui tion of the subjects hap pens i n the social relat ionshi ps, instances of power that interfere in the process health-deseases and i n the relati onship among docto rs and patients. We eval uate t he history of work life and of healt h in t he per specti ve of the co nstruction of the subjectiviti es in this debate in the Publi c Heal th Centers – I juí - RS. Methodo logy: Resear ches quantit y-qual itativ e accomplished in the per iod in Decem ber /2002 to August /2003 in t hree h ealth center s publ ic of Ijuí (RS ) for sampli ng constitut es by 103 individuals wi th 60 year-old age and p lus, bei ng guaranteed a maximum margin of er ror of 5% wi ch was random selected. The stati stics approach is the Analysis of Mu ltiple Classificat ion of Fricke (200 4) that codi fies all sep aretly of th e arguments of the “speeches”, count ed histories for the inter viewees. The resul t show a prevalence of activit ies to the home (43,7%), the count ry wit h 35,9% and domest ic ser vices with 26,2% as it evidences thi s “speaks”: “he worked in the colon y, taking care of the ho use, m aking food f or the far mers, it rem oved m ild an d make cheese.” The hist ory of life of health shows that 43% of the individuals have a past absol utely healthy. In the gr oup wi th rel evant clinical diseases in the past, 19,4% presented cardiov ascular problems. These lif e hist ories are fundamen tal in the debate of the relat ionshi p among doctors and pat ient. ASP ECTS OF THE LIFE HISTORY OF WORK AND HEALT H IN HEALTH CENTERS–I JUÍ–RS USERS IN THE DEBATE OF DOCTOR AND P ATIENT REL ATIONS HIP IN THE E LDERLY Os usuári os idosos do Servi ço de Saúde podem ser estudados a partir da perspectiva da sin gulari dade de cada indivíduo. Os suj eitos singul ares são a exp ressão da su bjetividade constr uída ao long o da vida. O processo de const ituição dos sujei tos ocorre f undamentalmente nas inter-relações sociais, inst âncias de pod er que refletem o jogo d a vida. Segundo Li sboa ( 2004), a realidade do mu ndo oci dental contemporâneo é essenci alment e medi calizada, colocando com muita freqüênci a o indivídu o frente ao médico . A busca ex agerada por atenção médi ca é est imulad a por uma fo rma hegemôni ca de pensar , medi cament e determinada, de tal sor te que a vida de cada um sofre influência permanente da Medi cina. Som os produtos da nossa história. É i m p o r ta n te an alisar , n o e n tan to , a in f lu ên c ia d a Med ici n a e d as p r á ticas atu ais n a co n st r u ção d as su b jetiv id ad es , n a d eter m i n ação d o s co m p o r tam en to s a p ar t ir d e in ter n alizaç ão d as n o r m a s e p r escr iç õ es m éd icas. Tal p r o cesso é h is tó r ico e so c ialm en te d et er m in a d o . É b em v er d ad e q u e o c o n tex t o so ci al se m o d if i ca e a r esis tên cia ao m o d elo h eg em ô n ic o , m ed ico cên tr ico d e ass istên c ia à s aú d e p r o p ici a o su r g im en to d e n o v o s p ar ad i g m as, n o v as m o d ali d ad es d e r el ação e n tr e m éd ico s e p ac ien tes . Lisb o a, 2 0 0 4 , p g . 7 5 . Os contextos só cio-cu lturai s e hi stóricos são fundamentos para compreensão da realid ade qu e cerca e constitui cada um. S ão rel ações de poder que caracterizam as relaçõ es sociais e moldam a subjetividade. Podem os pensar a relação entr e méd ico e pacien te com o uma relação de poder, pois é também uma relação soci al. O estudo dessa relação que se est abelece no âmbito da saúde pública r equer, por tanto, que se revi site a história de vida de cada indi víduo. A rel ação entre méd ico e paciente não pode ser unilater al ma se constrói numa sociedade desigual. É n este context o da desigualdade social que deveríamos consider ar a partici pação dos indiv íduos, pois “não p ode, então, haver participação dada, doada, preexistente. S omente exist e na m edida que a conqui starmos, num contexto de esf orço conscientizado das tendências históri cas contrári as.” ( DEMO, 1999, p. 103 9). Par a o resgate dessa participação em seus elementos const itutiv os, for am abo rdados aspectos da histó ria de vida do trabalho e da saúde p or con siderarmos essenci ais na const ituição dos sujeit os e no estabeleci mento de suas rel ações com os médicos. A participação dos pacient es ido sos na relação com o méd ico e a equi pe de saúde ou com a instituição pública dependerá do lugar que ocu pam estes sujeitos na so ciedade a partir do qual vêem o mundo e a si mesmos. As racion alidad es det erminantes m edical izam a sociedade, enaltecem a figura do méd ico co mo agente central em questões relati vas à vida e à mor te e m oldam com portam entos de submissão ou resistências às orientações médi cas. Desta f orma, precisamo s abor dar as ativi dades laborais e de saúde num contexto histórico e cul tural, na perspect iva da influ ência que exercem na rel ação entre m édico e paciente. Est a é um a pesquisa quanti- qualit ativa projet ada e realizada no perío do de dezembro de 200 2 a ag osto de 2003 . A am ostra estudada est á constituída por 103 ind ivíduo s com idade de 60 anos e mais, que f oram entrevi stados numa abordagem quantitat iva com o auxílio de um questi onário semi- estrut urado composto por 21 questões fechad as e 1 2 questões abertas. A abordagem qual itativa constou de três questões relati vas à histór ia de vida de trabalho e de saúde. O m étodo utilizado par a o delineam ento amostral seguiu os parâmetros clássicos da definição de u ma amo stragem quantitati va na qual procurou-se min imizar a int ervenção de erros amostr ais e não am ostrai s típi cos que conduzem a ten dencio sidades perniciosas à análise. A amostragem consiste no [ .. .] ato d e in v estig ar p ar cialm e n te a p o p u la ção co m o p o d er d e g en er aliz ar o c o n h eci m en to ad q u ir id o n a am o st r a p ar a o co n ju n to d a p o p u lação , co m u m a m a r g em d e seg u r an ça d im en s io n áv e l. A c o leta d e d ad o s é, talv ez , a p a r te m a is im p o r tan t e d a p esq u is a p o is q u alq u er er r o , en g an o o u v iés p r esen te n a m esm a se r ef letir á n as c o n clu s õ es b a sead as n es sa co l eta, s eja n a co let a r eal izad a d e f o r m a cen sitár i a o u a m o str a l. ( F R I CK E, 2 0 0 4 , p . 3 ) . O t amanho da am ostra result ou da aplicação do método Cochran (apud FRI CKE, 2 004), que consider a a homogeneidade da população definida como os usu ários com 60 anos e mais em cada um dos tr ês Cen tros d e Saúde investigad os, e cal culada a par tir da variância apresentada na dist ribuição por idade dos ent revist ados que apr esento u 11,7 % de variabi lidade, o gr au de precisão traduzido pel a marg em de erro m áxima admiti da no delineamento amost ral fi xada em 5% e na confiabilidade pré-fixada em 90%, resultando num a amostra de tamanho n ≥ 102 . As q uestões aber tas foram tr atadas conforme o Método de Cl assifi cação Múl tipla de Fri cke (2 004), que codifica isoladament e todo s os argumentos apr esentados nas “fal as”, r espost as dadas pel os usuários entrevistados nas questõ es abertas d o inst rument o. A análise da hi stória de vi da do trabal ho, em nossa amostra, permit e div idi-la em tr ês categori as: ß trabalhad ores em ativ idades rurai s: roça, jar dineir o, pom ar ou horta; ß trabalhad ores em atividades domésticas, que podem ser rem unerad as com o lavadeiras, faxi neiras, doméstica/ empregada, e não-r emuner adas, com o as i dentif icadas pela terminologia do lar; ß trabalhad ores em atividades urbanas, que podem ser dividi dos em aut ônomos e não -autôn omos. Os aut ônomos são os comerciant es, funcionár ios pú blicos, prof essores e marcenei ros; o s não- autônomos são os in dustri ários, comer ciários e os trabalhador es da constr ução Figura civil. : História de vida de trabalho por tipo de atividade. Ijuí - 2003 Presente Presente 52,4% 45,6% 47,6% 54,4% Ausente Ausente Atividades domésticas Presente 35,9% Ausente 64,1% Atividades rurais Atividades urbanas Fonte: PC LISBOA, J. C. Orientadoras: PANSERA de ARAÚJO, M. C., FRICKE, R. M. Mestrado de Educação nas Ciências - UNIJUÍ Fig u ra 2 – Hist ó ria d e v id a d e tr ab alho po r t ip o de ativ id ad e. Na histórIju iaí –de20 0vida d o trab alho, encont ramos na população um 3. predomíni o de atividades vo ltadas ao lar, com 43,7% , e à roça, com 35,9%, e nos ser viços domést icos com 26, 2%, como evi denciam estas decl arações de ent revist ados: Tra balhav a na c olôn ia , cuid and o d a ca sa , fa ze n do co mid a p a ra p e on a da . S emp r e cui dei de famil iares, tira v a leit e, faz ia q u e ijo . Muito s ofrid a , p ob r e, n a ro ça a té os 5 0 a no s, vei o para a cid ad e co m o s f ilh os. (E -8 ). Est es dados ref letem a orig em rur al e as baixas condições socioecon ômicas da maioria da pop ulação estudada. As atividades do lar são exercidas principalmente por mulh eres e não são rem uneradas. Os trabalhos na roça são do tipo autô nomo e infor mal e são desempenhados, principalmente, pelos hom ens, auxiliados pelas mulheres. TABELA 1 Distribui ção dos entr evistados segundo a hist ória de vida do tr abalho (% de ind icações). Pesquisa em CAS da Rede Pública de Ijuí – 2003 História de vid a do trabal ho Do lar/casa Roça Ser viço d omésti co Produção/ indúst ria Com ércio e serviços Construção civi l Ser viços gerais/event uais Ser viço p úblico Ati vidades rurais Art esanat o/manu faturado Professor a Oco rrênci as N° % 45 43, 7 37 35, 9 27 26, 2 16 15, 5 10 9,7 10 9,7 7 6,8 7 6,8 6 5,8 4 3,9 3 2,9 Fon te: PC LISBOA, J. C. Ori en tad o ras: P ANSERA d e AR AÚJO, M. C.; FRI CKE, R . M. – Mestr ad o d e Ed u ca ção n a s Ciên cias d a Un ij u í. As atividades d e produção, de indústria e mecânicos const ituem 15, 5%, seguida daquel es do comércio e serviços (9,7 %) e da construção civil (9, 7%). Como ev idênci a observa-se esta fala de uma entrevistada: Tra balhou na fá brica de cal çado s, pintu ra em co u ro , em Po rto Al eg re n o Ho sp ita l como cozi nheira . (E -21 ). As demais, com exceção daquelas voltadas ao comér cio e serviços, são tam bém caracter izadas pela utilização da força físi ca ger ada pelo cor po saudável. Est e cenário destaca o corpo com elemento central no processo produti vo. A disciplin a dos corpos é important e na r acionalidade da pr odução e associa-se ao con ceito de saú de. Os cuidados voltados para o corpo têm uma pr eocupação com a cap acidad e de t rabalho e co m a manutenção da saúde. Ter saúde é ser capaz de pro duzir e trabalhar. Estar doent e é estar incapaci tado para o trabal ho. Com o envelheci mento, a lim itação imposta pel a menor reserva fun cional , sobr etudo da massa muscular, pode representar uma perda ir reparável na cap acidad e do corpo-m áquina de pr oduzir trabalho. T al sit uação pode f avorecer a dep ressão . Por outro lado, a cont inuidade do trabal ho, remunerado ou não, dentro dos limit es fisiológi cos associad os ao envelhecimento, aumenta a auto-estim a e fav orece o desenvolvi mento de independência e autonomia. Os indivíduos idosos que trabalham, em ger al, são mais saudáveis, não só do ponto de vista físico, mas tam bém psicológico e emocional. Comecei e m Ca tu ípe. Desd e q ue me co n heç o po r g ente, eu tr a ba lh o . Aos 7 a n o s a ju dava a entre ga r p ã o numa g aiot a . No q u arte l em S a nto A n g elo . Via je i a S. Pa ulo co m tro pas de burro s em 6 0 d ia s , co nf o rme c o rria o temp o . Ita petin i ng a , t in ha b urro q u e val ia 8 c ontos de réi s que era u m d in he irã o - até 1 20 0 mu la s. t inh a 1 3 an o s . Tire i mu it a a re ia. De pois f ui col ono . (E- 21 ). Aqu eles que desempenham ati vidades remuneradas, mui tas vezes, rep resent am a f onte d e rend a principal da fam ília, sendo essenciais no equi líbrio fin anceir o, o que inf luenci a muit o favo ravelm ente n a sensação de auto-estim a elevada. O trabalho confere digni dade e dá sentido à vida, torn ando a velhi ce uma fase ativ a e pr odutiva, contrariando os ester eótipos de declíni o, improduti vidade e dep ressão , prom ovendo desse modo a cidadania e a sensação de li berdade. Est es usu ários são mais exi gentes com r elação aos serviços prestados e são mais int erativ os na consul ta com o médico e a equi pe. A autonomia e a independência associadas ao t rabalh o conf erem cidadan ia que se explicit a nas relações sociais, ref letind o-se, portan to na relação entr e médi co e pacient e. É i mportante co nsider ar tam bém o histór ico de vida de saú de da pop ulação idosa, no sentido de avaliar a infl uência do pr ocesso saúde-doença, na con stitui ção dos sujeitos e na relação que estabelecem com os serviço s e os pro fissio nais da equi pe de saúde. Para 43% dos indi víduos, o seu passado é absolutam ente saudável. O estilo de vida, car acteri zado por ati vidade física vig orosa e regu lar, consumo de al imento s saud áveis e o contato com a natureza est ão na base explicativa p ara a ausência de doenças e para a boa saúde deste con tingen te populacional. Os idosos orgulham- se de referi r que naquel es tem pos, quando jo vens, trabal havam muito, em at ividades que exigi am mui to vigor físico e não senti am nada, sobretudo, como já vi mos, nas ati vidades rurais. No grupo dos que refer em doenças clinicamente relevantes, 19,4% são portador es de problemas car diovasculares. Est es est ão de acordo com a liter atura médica geral , que apr esenta a mai or prevalência destas patologi as, e anteci pam a alta m orbidade por est a causa na p opulação idosa. TABELA 2 Distribui ção dos entr evistados segundo a hist ória d e vida de saúde (% de ind icações). Pesquisa em CAS da Rede Pública de Ijuí – 2003 Pat ologia s Saú de no passad o Saú de no presen te N° % N° % Sem probl emas 45 43, 7 19 18, 4 Car díacos 20 19, 4 41 39, 8 Cir úrgico 12 11, 7 2 1,9 Ind etermi nado/m iscelânea 10 9,7 3 2,9 Ost eo-art icular 9 8,7 23 22, 3 Endocrino lógico s 8 7,8 12 11, 7 Sen tidos 6 5,8 3 2,9 Dig estivo s 6 5,8 7 6,8 Uro lógicos 6 5,8 3 2,9 Neu rológi cos 4 3,9 2 1,9 Dep ressivos/Psi quiátr icos 3 2,9 7 6,8 Respiratórios 2 1,9 7 6,8 Gin ecológ icos 5 4,9 Oncológicos 2 1,9 Fo n te: PC LISBOA, J. C. Ori entad o ras: P ANSERA d e AR AÚJO, M. C., FRICKE, R. M. Mestra d o d e Ed ucaç ão n as Ciên c ias d a UNIJUÍ. Os cuidad os preventiv os têm sido enfati zados desde os est udos de Framingham, a partir dos an os 60, do século passado. As p rincipais or ientações ref erem-se à di eta po bre em gorduras e sal, exercícios fí sicos regulares, control e de peso e da gl icose sanguí nea. Os indi víduos hiper tensos e diabéticos devem con trolar os ní veis de pressão ar terial e a glicemi a regularmen te par a a pr evenção de eventos cardiovasculares graves, mui tas vezes fatais, como o infar to agudo do mio cárdio , insu ficiên cia cardíaca e ren al e o acidente vascular cerebral (derrame cer ebral) . Conf orme declaram alguns dos entrevistados: Não foi n em é d oen te. Alg un s p ro b lema s d e g en te vel h a . (E- 4) Não tinh a p robl ema s, aí co meço u c o m a t ireó id e, co r a çã o , colest ero l. (E -1 4 ) Os problemas cardiovascular es são apont ados como a questão atual de saúde mai s importante para cerca de quarenta por cento do s idosos (39,8%). A sobrecarga das arti culações provoca desgast e e inflamação, que se man ifestam por dor e limitação fu ncional. A associação entre o trabal ho e estas pat ologias é cr ítica, e mui tas delas são consideradas ocu pacionais ou profi ssionais. São respo nsávei s por uma demanda aument ada no s serviços públicos de saúde e rep resent am imp ortant e causa de absenteísmo ao trabalho. Políti cas públicas em saúde do trabal hador visam o atendiment o especializado deste contingente pop ulacio nal. Os idosos que refer em est es distúrbios repr esentam 22,3%, atr ás apenas do s dist úrbios cardi ovasculares em ter mos de freqüência ou prevalência. Est es ido sos têm graus vari ados de limi tação nos moviment os físicos, o que lhes imp õem di minuição de independênci a e au tonomi a. As dores associ adas são lim itantes e exigem t ratamentos f reqüentes, segundo comenta est e entr evistado: Dor na s p ern as, estev e ba ix a do n e ste mê s, mui to esq u ecido . (E -2 6) Out ros pr oblemas são relatados referent es ao aparel ho dig estivo , como evi dencia esta fala d e um entrevi stado: Sér ios, n ão . Te m g ast rite h á un s 3 5 an o s. Na d a me f az b em, tu do me fa z mal. Um p ro blema num te stícul o qu e teve q ue ext rair. (E- 3 ) Cer ca de vinte por cento da popul ação estudada (18, 4%) refere não ter nen hum pr oblema de saúde no momento. Este per centual é estatist icamen te sig nificativo, pois r evela que at é um quinto da pop ulação com 6 0 anos ou mais est á isen ta de problemas cl inicam ente r elevantes, do seu ponto de vista. Verificase que a longevidade crescente associa- se a um número cada vez maior de ido sos saudáveis. As complicações das doenças crônicas sur gem mais tar diamente, devido aos cuidados pr eventi vos anterior es. O estilo de vida saudável está na base deste cenári o atual, associado cer tament e a fatores genéti co-her editár ios não estudados neste trabal ho. Os núm eros d esta pesquisa perm item i nferir que esta população busca os serviço s de saúde com preocupações principalm ente prevent ivas, pois não apr esentam quei xas ou problemas cl ínicos na at ualidade. El es vêm à consulta para a reali zação de exames co mplementares, laboratori ais ou de im agem, com fi m de detenção precoce de patolo gias graves como câncer , diab etes e outras. Est es asp ectos são im portan tes na relação ent re médico e paciente. Os ido sos saudávei s são mais i nterat ivos e aderem mais facil mente aos pr ocesso s inerentes à rel ação com o m édico e a equipe da saúde; a comunicação é mais fácil, e o s aspectos educati vos relativo s às orientações são mai s faci lmente trabalhados. Os paradi gmas que lim itavam o “investim ento” nos pr ocessos de i nvesti gação e tratament o nas faixas etári as mai s elevadas m udaram com a longevidade. Cada vez mai s avan ça o processo de “geriat rização” do cenári o de assistência a saúde. Os recursos tecnol ógicos, bio- químicos e f armacêuticos relat ivizam o fat or “idade” no bal anço d o cust o/benefício nos cuidados à saú de apl icada a idosos. Os bons resultado s e a possibilidad e de conferi r qual idade aos an os de sobrevida estimulam os invest imentos cada vez m aiores em Geriatri a. Os problemas endocrinológicos são representados basi cament e pela oco rrênci a de diabetes mell itus, doença metabólica, famil iar, que acomete cerca de 10% da população em geral. Neste estudo estev e presente em 7,8% do total como ant eceden te mór bido na hist ória de saúde. É i mportante lembrar que a diabet es é uma doença crônica, com com plicações severas, como insufi ciênci a renal, ceg ueira, probl emas vasculares qu e podem acar retar amputações de extr emidad es por gangr ena. E sta patologi a associa-se à hipertensão art erial sistêm ica em 50% dos indiv íduos. A insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral por art erioesclerose ou sangram ento cerebral são outras compl icações asso ciadas. Esta doença ap resent ava evolução desfavorável até os anos 50-70 do século passado. Nas últim as décadas, apresentou uma evolução diferenciada com o advento de nov as tecnologi as, de novas drogas anti diabét icas e novas formas de i nsulin a, associada às or ientações pr eventi vas, que visam basicamente mudanças no est ilo de vida, cuidad os com dietas e exercíci os físicos r egular es. A doença está muito mai s cont rolada e as compli cações secun dárias manif estam- se cada vez mais tar diamen te. A longevidade nos di as atuais deve-se ao controle de pat ologias como a diabetes e, cada vez mais, temos idosos com manif estações tar dias da doença. A diabetes é o problema atual de saúde par a 11,7% da p opulação est udada. No Br asil, a prevalênci a é de 7,4% na população geral e na faixa etária ent re 60- 69 anos é de 17,4% (FREI TAS et al., 2002, p. 496). Um contingente populacional tão elevado exige uma organi zação da equ ipe de saúde para o seu atendi mento. Assim , foram criados os Grupo s de Diabético s que se reú nem mensalmente co m a eq uipe, quando são discuti dos to dos os aspect os ref erentes ao conheci mento e manejo desta pat ologia. A educação , mai s que a simp les informação, é fundam ental no sucesso de prevenção e tratament o dos pacientes di abéticos. Um dado chamat ivo em nossa pesqu isa é que apenas 2, 9% dos entrevistados ref eriram antecedentes de distúrb ios psiquiát ricos, o q ue tal vez esteja associado ao estilo de vi da ati va, de trabalho e o cont ato co m a nat ureza na história de saúde no passado, visto que nos problem as atuais este per centual sobe para 5,8% e são r epresentados, principalm ente, pela depressão e quadros d emenci ais. As limitações f isiológicas do envelheci mento, a red ução do tamanho das fam ílias, a per da da renda com a aposentadori a, e a maior predominância de pat ologias associadas à vel hice contribuem para um aument o de prevalência da dep ressão nas f aixas etárias mais avançadas. Por meio da int ernali zação do olhar nor malizador do médico é qu e os ind ivíduo s internalizam suas norm as e prescri ções, gerando um v erdadeiro estado de autoco ntrole e vig ilânci a que moldar ão com portam entos higien icamen te det erminados. A influência médica na co nstituição d as subjetivi dades é resultado de um amp lo processo histór ico e social . Este se co ncreti za, sobremaneira n as rel ações de pod er, que se estabel ecem na tram a das inter- relações sociais. A r elação entre médico e paciente não é adequadamente discutida no curso méd ico, e se estabelece no cotidi ano dos encontros entre acadêm icos e pacientes. Ten derá a repro duzir a relação entre pr ofessor e al uno em se tr atando de um a rel ação de anterioridade, de autoridade e de poder na int eração com os pacientes. O ensino médico caracteriza-se por uma forma de transmissão ver tical do con hecimento. S egundo Freir e (198 7), o professor “deposit a” o seu saber no aluno, que é passivo, tornad o objeto, receptáculo de todo o saber do m estre. Na relação com os pacientes, tal model o poderá se repeti r. O aluno, na condição de médico, ten derá a simpl esment e transmitir o seu conheciment o e im por suas nor mas e prescriçõ es, não tendo o cu idado de contextualizá-l os adequadam ente. Desta for ma, na relação ent re médico e paciente predominam os aspecto s norm ativos e prescriti vos e a educação t em uma dimensão, que precisa ser buscada p ara al ém destes li mites. A prática m édica está l imitada pelo seu conteúdo técn ico, cada vez mai s elab orado e comp lexo. Na relação entr e médi co e pacient e, o conteúdo do “diálog o” é f ortemente ori entado e for malizado pel o médi co, um a vez que se trata de um procediment o emi nentem ente t écnico . Cabe ao pr ofissi onal criar condições favorávei s à com unicação, estimulando a livre expressão do paciente, sem per mitir que os aspectos técnicos da entrevista m édica limitem e fo rmatem o diálogo entre estes agentes sociais. Ref erênci as DEMO, P. Participação é conqui sta: n oções de pol ítica social . São Paulo: Cortez, 199 9. FRE IRE, P . Ped agogia do op rimido. 17. ed. Rio d e Janeiro: P az e T erra, 1987. FRI CKE, R. M. Est atísti ca e aplicações ao s fenômenos sociai s. Iju í: Ed. UNIJUÍ, 200 5. FRE ITAS, E. V. et al. Tra tado d e geri atria e gerontologia. Rio de Janeir o: Guanabara Koogan, 200 2. LIS BOA, J. C. A educação na relação entre médico e paciente: um estudo de caso com a popu lação geriát rica em Ijuí (RS/BR). Dissertação de mestrado. Iju í (RS ) : Mestrado de Educação nas Ciências – UNIJUÍ – 2004.