Influência da Temperatura no Desempenho de
Luminárias LED
Fernando J. Nogueira, Edmar S. Silva, Cláudio R.B.S. Rodrigues, Marcos F.C.Campos,
Danilo P. Pinto, e Henrique A.C. Braga, IEEE Senior Member.
NIMO − Núcleo de Iluminação Moderna – Universidade Federal de Juiz de Fora
[email protected]; [email protected]
Abstract— Recently, many LED luminaries have appeared on the
market, for use on public roads across the globe. These fixtures are
exposed to various levels of temperature and can suffer electrical
and photometric changes from region to region due to changes in
characteristics of LEDs with temperature variation. This paper is
an analysis of experimental data and shows variations in electrical
and photometric characteristics of LED luminaries under
temperature variation. Also, it reveals that those drivers that have
current control become more electrically stable.
Este trabalho apresenta análises de resultados
experimentais de características elétricas de funcionamento de
quatro luminárias LEDs orientadas à iluminação pública de
diferentes modelos, alimentadas em condições nominais e
submetidas a uma extensa faixa de temperaturas. Além dos
testes de características elétricas, foram verificadas com
auxílio de uma esfera integradora as variações fotométricas
que ocorrem em módulos de LEDs quando submetidos a
variação de temperatura.
I. INTRODUÇÃO
Após o desenvolvimento do diodo emissor de luz (ou
LED, do inglês Light Emitting Diode) azul no ano de 1997 e
posteriormente dos LEDs brancos, estes passaram a ter
destaque nas pesquisas e nas aplicações em iluminação
artificial [1]. Atualmente, as luminárias LED já são uma
realidade, tornando-se uma opção nas aplicações de
iluminação. No caso dos sistemas de iluminação pública,
características como o alto índice de reprodução de cor (IRC),
alta eficácia luminosa (lm/W), longa vida útil (até 100.000
horas), alta resistência mecânica e redução da poluição
luminosa, colocam os LEDs como uma excelente opção [2],
[3].
II. CARACTERÍSTICAS DAS LUMINÁRIAS LED
Basicamente, uma luminária LED aplicada à iluminação
pública é composta por quatro partes, como pode ser visto na
Figura 1 [5]: 1) LEDs; 2) Driver; 3) Lente e 4) Dissipador de
Calor.
Com o avanço da tecnologia, muitas luminárias
apareceram no mercado brasileiro, sendo a maioria importada.
Estes equipamentos já vêm sendo utilizados no mundo inteiro,
sendo expostos aos mais diversos níveis de temperatura
ambiente durante o seu funcionamento. A variação de
temperatura a qual é submetida uma luminária a base de
LEDs, pode influenciar diretamente na temperatura de junção
do semicondutor e, portanto, na manutenção do fluxo
luminoso, na cor da luz emitida e na vida útil do LED. Assim,
a escolha de uma luminária LED deve levar em consideração a
temperatura ambiente e a variação da temperatura ambiente à
qual ela ficará exposta [4].
Portanto, uma análise com respeito à variação de
características elétricas e fotométricas de luminárias LED em
função da temperatura ambiente pode trazer informações
relevantes quanto ao seu desempenho.
Os LEDs mais aplicados em iluminação são os PC-LEDs
(do inglês Phosphor converted LEDs) que podem ser
divididos em dois grupos: LEDs de alta potência (HP-LEDs,
do inglês High Power LEDs), utilizados em dispositivos de
elevada potência (correntes nominais típicas maiores que 300
mA até 1,5 A), e os LEDs de alto brilho ( HB-LEDs, do inglês
High Brightnes LEDs) utilizados em dispositivos de baixa
potência (correntes nominais típicas de 20 mA) [6].
O dispositivo eletrônico necessário para o acionamento e
controle dos LEDs é chamado de driver. Este pode ter
características de controle de corrente (mantendo a corrente de
alimentação dos LEDs constante) ou características de
controle de tensão (mantendo a tensão de alimentação dos
LEDs constante).
As lentes e o dissipador de calor geralmente compõem a
carcaça da luminária. As lentes têm como objetivo direcionar,
concentrar ou distribuir o feixe luminoso emitido pelo LED. O
dissipador tem por objetivo fazer a transferência de calor
gerado pela junção dos LEDs para o ambiente de forma rápida
e eficiente para não prejudicar a vida útil do LED.
Na TABELA I são apresentadas características elétricas de
entrada e de saída das luminárias ensaiadas bem como
propriedades dos seus respectivos módulos de LEDs.
T
- Temperatura em Kelvin (K).
e
- Carga elementar (1.602176487 10
IS
- Corrente de saturação reversa, em Amperes.
C)
R S - Resistência parasita série do LED.
Figura 1: Estrutura da Luminária LED [5].
TABELA I: Características das luminárias ensaiadas.
Caracteristicas
elétricas de
entrada
Fabricante
Características
elétricas de saída
por módulo
E g T   E g
220 VAC
60Hz
Iin NI
140W FP≥0.92
A
120 VDC
Iout 300 mA
90 - 260 VAC
60 Hz
Iin NI
132W FP≥0.92
B
24 VDC
Iout 1,4 A
220 VAC
60Hz
Iin NI
96W FP≥0.92
C
72 VDC
Iout 300 mA
220 VAC
60Hz
Iin NI
70W FP NI
D
Características
dos módulos de
LED
24 VDC
Iout 1 A
Leds HP em 4
módulos
paralelos de 32
unidades
Leds HP em 4
módulos
paralelos de 28
unidades
Leds HB em 8
módulos
paralelos de 216
unidades
Leds HP em 2
módulos
paralelos de 28
unidades
Iin NI significa corrente de entrada não informada.
III. O EFEITO DA TEMPERATURA NOS LEDS
Sendo o LED uma junção p-n e, considerando-se apenas a
influência da resistência série, este pode ser eletricamente
modelado pela equação de Shockley modificada [7] mostrada
em (1):
VLED  I LED , T  
nkT  I LED 
.ln 
  RS I LED
e
 IS 
(1)
VLED - Tensão direta do LED.
I LED
- Corrente direta do LED.
n
- Fator de idealidade.
- Constante de Boltzman (1.3806504x10
T 0 K
T

2
J. K ).
(2)
T 
Onde α e são parâmetros de ajuste, dos quais valores
típicos são encontrados na TABELA II.
Considerando o efeito da energia do gap do semicondutor
em função da temperatura, é possível reescrever a equação
modificada de Shockley como visto em (3):
VLED  I LED ,T  
nkT
e
Eg
 I LED 
 RS .I LED 
T 

e
 IS 
ln 
(3)
Pode-se observar experimentalmente que, com o aumento
da temperatura, a tensão direta em um LED diminui.
Analisando (3), observa-se que o primeiro termo é dependente
da temperatura. A resistência série intrínseca RS sofre pouca
variação com o aumento da temperatura na junção do
semicondutor, portanto, o segundo termo é praticamente
imune a variações de temperatura. Já a energia do gap do
semicondutor decresce com o aumento da temperatura [8] e
[9], como pode ser visto em (2). Logo, frente a variações de
temperatura, a contribuição do primeiro termo e da resistência
intrínseca do LED, é muito pequena se comparada com a
contribuição do termo que leva em conta a energia do gap,
fazendo com que a tensão direta em um LED diminua com o
aumento da temperatura [10].
TABELA II: Alguns valores típicos de Eg, α e
Em que:
k
De acordo com a equação (1), a tensão no LED deveria
aumentar com a elevação da temperatura, porém um
comportamento contrário é observado na prática. O parâmetro
que explica a redução da tensão direta no LED (VLED) com o
aumento da temperatura é a energia do gap do semicondutor
(Eg), que decresce com o aumento da temperatura [8], [9]. A
relação entre a energia do gap e a temperatura é mostrada
equação (2).


4
eV


K 
[11]
 K 
Tipo
E g 0 K 
GaAs
1,519
5,41
204
InP
1,425
4,50
327
Ge
0,744
4,77
235
Si
1,170
4,73
636
  10
Com base na equação (3), a Figura 2 mostra as curvas
características (corrente vs. tensão) de um LED considerando
o efeito de variação da temperatura de junção. Nota-se que se
a tensão sobre o LED (VLED) for mantida constante, a corrente
direta do LED (ILED) eleva-se com o aumento da temperatura.
Esta situação pode ser observada nos casos em que o driver de
acionamento dos LEDs trabalha com controle de tensão, e
tende a manter constante a tensão aplicada ao módulo de
LEDs. Por outro lado, a Figura 3 mostra que quando a
corrente ILED é mantida constante, a tensão sobre o LED
diminui com o aumento da temperatura. Esta situação pode ser
observada quando o driver de acionamento dos LEDs trabalha
com controle de corrente, e tende a manter constante a
corrente aplicada ao módulo de LEDs. É importante salientar
que o fluxo luminoso emitido por um LED é proporcional á
corrente que o percorre, sendo assim, a manutenção da
corrente que percorre um LED é sempre desejável.
A Figura 4 mostra as curvas de variação do fluxo luminoso
em relação à quantidade de horas de uso do LED Luxeon K2
da Philips acionado com uma corrente fixa de 1,5 A para três
temperaturas de junção diferentes. Observa-se que quanto
maior a temperatura de junção, mais acentuada é a
depreciação do fluxo luminoso, diminuindo-se a vida útil do
LED. Além da variação do fluxo luminoso, a variação de
temperatura também pode causar alterações na cor da luz
emitida, uma vez que o comprimento de onda da radiação
emitida é inversamente proporcional a energia do gap [8] e
[10]. Esta situação é ilustrada na Figura 5, onde é mostrada a
curva de distribuição espectral da radiação emitida por um
LED âmbar de AlInGaP em três temperaturas distintas.
Figura 2: Curva de tensão vs. corrente de um LED, mostrando a variação da
corrente com a temperatura, sendo a tensão no LED constante.
Figura 4: Efeito da temperatura de junção na vida útil de um LED [12].
Figura 5: Variação da distribuição espectral da radiação emitida por um LED
âmbar de AlInGaP [8]
IV. METODOLOGIA DE ENSAIO
Os ensaios de variação de temperatura foram realizados
com auxílio de uma câmara climática (WEISS WKL-100). A
câmara climática é um equipamento que pode ser utilizado em
testes de laboratório que necessitam manter a temperatura e
umidade controlada [13]. A faixa de variação de temperatura
utilizada na realização dos ensaios foi de −40°C a 50°C. Esta
faixa de temperatura foi escolhida tomando-se como base a
faixa de temperatura de operação fornecida pelos fabricantes
das luminárias LED (−30°C a 42°C).
As medições dos parâmetros elétricos de funcionamento
foram efetuadas com auxílio de um Wattímetro digital
(YOKOGAWA WT-230) e um Osciloscópio (TEKTRONICS
DPO-3014). As medições foram feitas em degraus de
temperatura de 10°C dentro da faixa estipulada (−40°C a
50°C). Para que garantir o equilíbrio térmico e a estabilização
dos parâmetros elétricos a serem medidos, foi observado um
intervalo de 15 minutos entre os degraus de temperatura.
Foram ensaiadas quatro luminárias
fabricantes, da seguinte maneira:
Figura 3: Curva de tensão vs. corrente de um LED, mostrando a variação da
tensão com a temperatura, sendo a corrente no LED constante.
de
diferentes
A. Toda a luminária inserida no interior da câmara climática
Neste caso, a luminária inteira foi inserida no interior da
câmara climática e submetida à variação de temperatura de
−40°C a 50°C enquanto era alimentada em condição nominal
de tensão.
B. Somente o driver inserido no interior da câmara climática
Neste caso, o driver foi inserido no interior da câmara
climática (Figura 6) e submetido à variação de temperatura
estipulada, enquanto os módulos de LEDs eram acionados do
lado de fora da câmara climática em temperatura ambiente.
C. Somente os módulos de LEDs inseridos no interior da
câmara climática
Neste caso, os módulos de LEDs foram inseridos no
interior da câmara climática e submetidos à variação de
temperatura estipulada, enquanto o driver trabalhava do lado
de fora da câmara climática, em temperatura ambiente.
Figura 7: Valor médio da corrente de saída (mA) x Temperatura (°C).
V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Nesta seção, são apresentados os resultados experimentais
obtidos para cada uma das quatro luminárias analisadas. Em
todos os ensaios a tensão de alimentação foi fixada em 220 V
com frequência de 60 Hz. Foram medidas potência de entrada,
potência de saída, corrente de entrada, corrente de saída,
tensão de saída, fator de potência e distorção harmônica total
(THD) da corrente de entrada nos três casos descritos.
A. Toda a luminária inserida no interior da câmara climática
Neste caso, foi possível verificar o comportamento dos
parâmetros elétricos das luminárias LED quando submetidas a
uma faixa de variação de temperatura de −40°C a 50°C. As
Figuras 7 e 8 mostram, respectivamente, os gráficos do valor
médio da corrente de saída e tensão de saída por módulo de
LED das luminárias em função da temperatura. Na Figura 7 é
possível verificar que as luminárias A, B e C possuem uma
corrente praticamente constante na saída, caracterizando
controle de corrente desempenhado pelos seus drivers. Já a
Figura 8, mostra que a luminária D possui uma tensão de saída
praticamente constante, indicando que o driver desta luminária
trabalha com controle de tensão. Nota-se que as luminárias A,
B e C sofrem poucas alterações nas tensões de saída, que
diminuem muito lentamente com a elevação da temperatura.
Por outro lado, a luminária D sofre maiores variações em sua
corrente de saída, que aumenta significativamente com a
elevação da temperatura. A alimentação de LEDs com
corrente de valor médio acima daqueles indicados pelos
fabricantes provoca a aceleração da depreciação fluxométrica.
Figura 6: Driver no interior da câmara climática.
Figura 8: Tensão de saída (V) x Temperatura (°C)
As Figuras 9, 10 e 11 mostram, respectivamente, os
gráficos de potência de entrada, potência de saída e
rendimento em função da temperatura. No caso da luminária
D (driver com controle de tensão), observa-se uma elevação
nas potências de entrada e potência de saída com o aumento
da temperatura. Isto ocorre porque a tensão de alimentação
dos LEDs é mantida constante e o aumento da temperatura
provoca uma elevação da corrente sobre os LEDs (vide
Figuras 2 e 7). Também pode ser notado que a luminária D é
aquela que sofre a maior variação de rendimento (Pout/Pin) com
a variação de temperatura.
Para os drivers que possuem controle de corrente
(luminárias A, B e C), a corrente nos módulos de LEDs se
mantém constante. O aumento da temperatura faz com que a
tensão dos módulos de LEDs diminua lentamente
(evidenciado pela diminuição da tensão de saída do driver),
provocando a redução da potência de saída e potência de
entrada.
Percebe-se que, dentre os drivers testados, aqueles que
possuem controle da corrente de alimentação dos LEDs,
apresentam melhor rendimento e menor variação das
potências de entrada e saída com a variação da temperatura.
Isto justifica que o uso de técnicas de controle de corrente de
alimentação se mostra a mais apropriada para o acionamento
de LEDs de potência, corroborando informações apontadas
por [14].
perceber que a luminária B sofre uma brusca variação na
corrente de entrada na temperatura de 50°C, provavelmente
por sair da faixa de operação descrita pelo fabricante (−42o C).
Por fim, nota-se que o fator de potência e a THD da corrente
de entrada sofrem poucas variações com a temperatura em
todas as luminárias analisadas.
Figura 9: Potência de saída (W) x Temperatura (°C)
Figura 12: Corrente de entrada (mA) x Temperatura (°C)
Figura 10: Potência de saída (W) x Temperatura (°C)
Figura 13: Fator de potência (adimensional) x Temperatura (°C).
Figura 11: Rendimento do Driver (%) x Temperatura (°C)
As Figuras 12, 13 e 14 mostram, respectivamente, os
gráficos de corrente de entrada, fator de potência e distorção
THD da corrente de entrada em função da temperatura. Notase que a luminária D é a que mais sofre os efeitos da variação
de temperatura, exigindo uma maior corrente de entrada à
medida que a temperatura se eleva. Também é possível
Figura 14: Distorção Harmônica total (%) x Temperatura °C.
B. Somente o driver inserido no interior da câmara climática
Neste ensaio foi possível verificar que nenhum driver
testado sofre desvios significativos de funcionamento ou
variações relevantes de desempenho quando submetido à
variação de temperatura. A TABELA III resume os resultados
obtidos.
Vale a pena ser ressaltado que apesar dos drivers não
sofrerem alteração de desempenho com o aumento da
temperatura, é possível que eles tenham a vida útil afetada
quando operam em temperaturas acima daquelas
recomendadas pelos fabricantes, no entanto esta análise não
foi realizada neste trabalho por fugir ao escopo da proposta.
C. Somente os módulos de LEDs inseridos no interior da
câmara climática
Devido ao fato dos drivers sofrerem pouca ou nenhuma
influência no seu desempenho com a variação de temperatura,
é possível afirmar que são os LEDs os principais causadores
dos diferentes resultados encontrados quando toda a luminária
foi submetida a variações de temperatura.
O ensaio com somente os módulos de LED inseridos no
interior na câmara climática confirma a afirmação anterior. Os
resultados encontrados neste item para os parâmetros elétricos
avaliados foram muito próximos aos encontrados no caso ‘A’,
com desvios máximos de ±1% que podem ser creditados a
ausência do driver do interior da câmara climática.
VI.
possível verificar que em baixas temperaturas os LEDs de
todos os fabricantes possuem maior eficácia luminosa do que
operando em temperaturas mais elevadas.
TABELA III: Parâmetros elétricos de funcionando dos drivers
submetidos a temperatura de −40oC e 50oC.
Fabricante
o
−40 C
50oC
Iin (mA) −40oC
50oC
Pout (W) −40oC
50oC
Iout (mA)* −40oC
50oC
Vout (V)* −40oC
50oC
Rendimento −40oC
(%)
50oC
Pin (W)
FP
THD(%)
−40oC
50oC
−40oC
50oC
A
B
C
D
160
158
733
725
145
143
302
298
123
122
90
90
0,99
0,99
6
6
147
145
715
709
132
129
1400
1380
24
23
89
89
0,96
0,96
10
10
100
99
471
466
87
86
320
311
73
72
88
88
0,96
0,96
19
19
55
56
502
509
45
44
980
1000
24
23
79
79
0,51
0,49
158
165
*Valores de tensão de saída e corrente de saída por módulo
VARIAÇÕES FOTOMÉTRICAS DO LED CAUSADAS PELA
TEMPERATURA
A energia do gap está relacionada com o comprimento de
onda da radiação emitida pelo LED, assim a elevação de
temperatura também pode alterar as propriedades fotométricas
do LED [4]. Cada tipo de LED responde de uma maneira
diferente à variação de temperatura. Nesta seção, serão
testados os LEDs utilizados nas luminárias dos fabricantes B,
C e D com auxílio de uma esfera integradora (Figura 15). Os
LEDs do fabricante A não serão analisados, pois os módulos
são muito grandes para serem ensaiados no interior da esfera
integradora.
Nestes testes os LEDs serão inseridos no interior de uma
câmara climática e submetidos a um resfriamento. Logo após
o resfriamento, os LEDs são retirados da câmara climática e
colocados dentro de uma esfera integradora onde são medidas
as características fotométricas dos LEDs. Imediatamente após
as medições efetuadas pela esfera integradora, é coletada, com
o auxílio de um termômetro digital, a temperatura dos LEDs.
O mesmo processo foi efetuado após o aquecimento dos
LEDs. A potência nos LEDs foi adquirida por meio de
wattímetro digital no mesmo instante em que as medições
fotométricas eram efetuadas.
A partir dos dados coletados de fluxo luminoso e potência
dos LEDs foi possível construir a TABELA IV, que mostra a
eficácia luminosa dos LEDs em duas temperaturas distintas. É
Figura 15: Módulo de LED no interior da esfera integradora.
TABELA IV: Eficácia luminosa dos LEDs em diferentes temperaturas
Fabricante
Tmin
medida
Eficácia
luminosa em
Tmin
Tmax
medido
Eficácia
luminosa em
Tmax
B
−20oC
58,3 lm/W
80 oC
55,4 lm/W
46,9 lm/W
64,3 lm/W
o
C
−25 C
49,6 lm/W
90 oC
D
−25oC
85,1 lm/W
70 oC
As distribuições espectrais de radiação dos LEDs dos
fabricantes B, C e D obtidas pela esfera integradora são
mostradas respectivamente nas Figuras 16 a 18. É possível
observar que houve variações na cromaticidade dos três
módulos de LEDs avaliados, causadas pelo deslocamento da
banda azul no espectro (pico próximo aos 450 nm). Este
deslocamento ocorre devido ao aumento da temperatura, que
causa redução na energia do gap, fazendo com que o pico da
banda do azul seja deslocado para um comprimento de onda
maior [8].
Nota-se nas Figuras 16 e 17 que o fluxo radiante é mais
elevado em temperaturas mais baixas, enquanto na Figura 18 o
fluxo radiante é mais elevado para a maior temperatura. Este
comportamento pode ser explicado pelas características dos
drivers empregados por cada fabricante. Enquanto os
fabricantes B e C utilizam drivers com controle de corrente,
que tendem a manter constante a corrente de alimentação nos
LEDs causando menor variação no fluxo radiante, o fabricante
D possui um driver com controle de tensão, que ao tentar
manter constante a tensão de alimentação nos LEDs produz
um aumento na corrente de alimentação à medida que a
temperatura se eleva, aumentando o fluxo radiante.
Figura 18: Distribuição espectral da radiação emitida pelo módulo de
LEDs do fabricante D em dois níveis de temperatura.
VII.
CONCLUSÕES
Os resultados mostram que os LEDs são bastante sensíveis
à variação de temperatura, enquanto os drivers sofrem pouca
mudança no seu desempenho e funcionamento quando estão
sob influência de variação de temperatura.
As luminárias cujos drivers empregam controle de
corrente têm um comportamento mais estável com a variação
de temperatura. Isso acarreta em uma melhor eficiência e
estabilidade tanto elétrica quanto fotométrica.
A luminária do fabricante D, cujo driver trabalha com
controle de tensão se mostrou muito dependente da
temperatura. Isso indica que este tipo de controle não é ideal
para instalação em qualquer ambiente. Em ambientes mais
quentes a corrente de saída deste tipo de driver aumenta
drasticamente e isso poderia acarretar em uma aceleração da
depreciação fluxométrica dos LEDs, reduzindo sua vida útil,
além de produzir um aumento do consumo de energia elétrica
(em relação ao que se esperava do equipamento).
Figura 16: Distribuição espectral da radiação emitida pelo módulo de
LEDs do fabricante B em dois níveis de temperatura.
A variação de temperatura também influência na eficácia
luminosa dos LEDs, que diminui com o aumento da
temperatura. Desvios de cromaticidade também são
observados, através dos deslocamentos dos picos das curvas
de distribuição espectral com a elevação de temperatura.
Neste trabalho foram avaliados apenas equipamentos à
base de LEDs desenvolvidos para aplicação em iluminação
pública viária. No entanto, devido à semelhança da estrutura,
estas conclusões podem ser estendidas para qualquer tipo de
luminárias LED.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao apoio do PROCEL/Eletrobras,
CNPq, PPEE-UFJF e às empresas Fiti, GE, Hexa e Revolight
por terem cedido as luminárias LED analisadas neste trabalho.
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Figura 17: Distribuição espectral da radiação emitida pelo módulo de
LEDs do fabricante C em dois níveis de temperatura.
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Influência da Temperatura no Desempenho de Luminárias LED