Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT
Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina
Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem
Publicação Científica do Curso de Bacharelado em Enfermagem do CEUT. Ano 2011(4). Edição 39
Bruna Castro Silva 1
Freddie Mercury de Sousa Rodrigues 1
Marta Candice de Sá Carvalho 1
Márcia Andrea Lial Sertão 2
Originária da África, a Febre do Nilo demonstrou sua força a partir da década de 1990, nos Estados
Unidos. A enfermidade se propaga em alta velocidade e, nos casos mais graves, causa encefalite e
meningite, que levam a complicações neurológicas e à morte. Ainda não existe cura, nem vacina
para a doença. A febre do nilo ocidental pode ter causado a morte de Alexandre, o Grande. No ano
de 323 a.C., aos 32 anos, Alexandre morreu subitamente na Babilônia. A partir da publicação da
matéria Vírus do Nilo aterrissa na América do Sul vejamos as características clínicas e
epidemiológicas da doença, seus aspectos clínicos e laboratoriais, bem como breve histórico da
doença no mundo e situação nacional.
Vírus do Nilo aterrissa na América do Sul3
Cientistas argentinos detectaram em cavalos na Província de Buenos Aires o vírus do Nilo
Ocidental em 2006, causando pânico nos Estados Unidos desde o fim da década passada. Sua
chegada ao Brasil foi provavelmente uma questão de tempo.
Até então, o vírus do Nilo foi isolado em três animais: dois pertencentes a dois haras
distintos no município de Pergamino e um no hipódromo da capital. Todos os três morreram de
encefalite (inflamação no cérebro), sintoma que caracteriza a doença.
Segundo a virologista Silvana Levis, do Instituto Nacional de Doenças Virais Humanas em
Pergamino, o seqüenciamento genético de amostras de vírus nos cavalos indica 97% a 99% de
identificação com duas linhagens do parasita isoladas em Nova York. Ainda não há casos
confirmados em humanos na Argentina. O hipódromo de Buenos Aires disse ontem que não havia
ainda informação oficial sobre o caso.
O vírus do Nilo Ocidental (batizado em homenagem ao distrito de Uganda onde foi isolado
pela primeira vez) é um flavivírus. Ele é parente próximo de elementos reconhecidamente maus,
como os causadores da dengue e da febre amarela. Tem aves como reservatórios e mosquitos como
transmissores --e é capaz de infectar de cavalos a jacarés, passando por seres humanos.
O fato de as cepas serem parecidas com as americanas indica que o micróbio foi trazido para
a Argentina por aves migratórias vindas dos Estados Unidos. O que foi preocupante, pois a rota
desses animais passa antes pelo Brasil.
Diferentemente do causador da dengue, que é transmitido por um mosquito "importado" e
relativamente raro (o Aedes), o vírus do Nilo Ocidental tem como vetor o gênero Culex --o popular
pernilongo--, praga comum em cidades brasileiras. "A gente não tem como controlar o pernilongo",
diz Zanotto.
Figura 1 - vírus da febre do Nilo Ocidental (FNO)
1
Acadêmicos do 4º Período de Enfermagem do CEUT
Professor da disciplina de epidemiologia do CEUT e orientador do Observatório Epidemiológico
3
Fonte: www1.folha.uol.com.br em 28 de fevereiro de 2010.
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Figura 2 – Fêmea de mosquito Culex após sugar sangue humano. Vetor da Febre do Nilo Ocidental
Características Clínicas e Epidemiológicas

Descrição: Infecção viral que pode transcorrer de forma subclínica ou com sintomatologia de
distintos graus de gravidade, que variam desde uma febre passageira a uma encefalite grave, que
ocorre com maior frequência em adultos.

Agente Etiológico: O vírus da febre do Nilo Ocidental (FNO) pertence ao gênero Flavivirus, da
família Flaviviridae. O vírus é comumente encontrado na África, Ásia Ocidental, Oriente
Médio, Europa e, mais recentemente, na América do Norte, Central e do Sul, onde foi registrada
em animais na Colômbia, Venezuela e Argentina.

Reservatório: O vírus pode infectar humanos, aves (principal), cavalos e outros mamíferos.

Vetores: A competência vetorial está diretamente ligada à abundância do vetor no local, além
da prática da antropofilia e ornitofilia. O principal gênero de mosquito identificado como vetor
do vírus da febre do Nilo Ocidental é o Culex. Entretanto, outras espécies de mosquitos já foram
encontradas infectadas com o vírus.

Modo de Transmissão: Não ocorre transmissão de pessoa para pessoa. Ocorre quando um
mosquito infectado pica um humano ou animal para se alimentar.

Período de Incubação: Varia de 3 a 14 dias.

Período de Transmissibilidade: Nas aves, pode variar de 3 a 7 dias, dependendo da espécie.
Não existe confirmação de que outras espécies animais tenham capacidade de transmissão do
vírus, devido ao curto e baixo período de viremia.

Susceptibilidade e imunidade: A suscetibilidade varia entre as espécies. Aves, humanos e
equídeos são as espécies mais acometidas pela doença. No ser humano, indivíduos com idade
superior a 50 anos têm maior frequência de manifestações graves da doença. A doença pode
conferir imunidade duradoura.
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Aspectos Clínicos e Laboratoriais

Manifestações Clínicas: Os primeiros sinais e/ou sintomas da doença são: doença febril de
início abrupto, frequentemente, acompanhada de mal-estar, anorexia, náusea, vômito, dor nos
olhos, dor de cabeça, mialgia, exantema máculo-papular e linfoadenopatia. Aproximadamente,
uma em cada 150 infecções resulta em doença neurológica severa (encefalite do Nilo
Ocidental), cujo maior fator de risco é a idade avançada.

Diagnóstico Diferencial: Meningoencefalite sem causa conhecida, encefalites ou meningites de
provável etiologia viral, além de outras doenças do SNC. Além de casos de doenças febris
agudas, suspeitos de dengue, leptospirose, febre maculosa, entre outros.

Diagnóstico Laboratorial: O teste diagnóstico mais comum é a detecção de anticorpos IgM
para o vírus do Nilo Ocidental, em soro ou líquido cefalorraquidiano (LCR), que deve ser
coletado até o 8º dia do início da doença, para a técnica de captura de anticorpos IgM (ELISA).

Tratamento: O tratamento é de suporte, frequentemente envolvendo hospitalização, fluido
intravenoso, suporte respiratório e prevenção de infecção secundária para os pacientes com a
doença em sua forma severa.
Aspecto histórico da distribuição da doença no mundo
De início a distribuição geográfica da Febre do Nilo Ocidental parecia restrita ao Vale do
Nilo na África e ao Oriente médio, posteriormente observou-se a ocorrência da infecção no Oeste
da Rússia, Ásia Central, Europa e África do Sul.
Na década de 50 ocorreram surtos em Israel, Índia, Egito, e outros países Africanos.
Ocorreram isolamentos do vírus na década de 60, em pacientes e mosquitos no delta do Reno no Sul
da França, que se caracteriza pela existência de áreas alagadas, grandes colônias de aves migratórias
e alta concentração de mosquitos. Também ocorreram isolamentos de pacientes e carrapatos no
delta de Volga na Rússia. Posteriormente o vírus do Nilo Ocidental foi isolado no Sul de Portugal
Romênia, Itália, Bulgária, Austria, Iugoslávia.
Na década de 70 o vírus foi isolado no Sul de Portugal, Eslováquia, Moldávia Ucrânia,
Hungria, Romênia, Espanha, Grécia, República Theca, Bulgária, Áustria e Iuguslávia. Na década de
90 observou-se a expansão geográfica da ocorrência de casos humanos e entre cavalos com
detecção de uma freqüência de epidemias na Europa (Romênia, República Theca e Rússia); África
Central (Congo), Norte da África e Argélia.
Além disso, nas áreas de distribuição do vírus existe um grande número de aves que se reproduzem
com um ritmo adequado que e assim conseguem manter o ciclo de infecção.
Nos Estados Unidos da América (EUA), apesar de toda a infra-estrutura de assistência a
saúde e de vigilância epidemiológica, a identificação do agente etiológico não foi imediato e a
doença vem ocorrendo desde 1999, sendo o número mais elevado em 2003 quando ocorreram mais
de 9.000 casos com 264 óbitos e o vírus já se encontrava distribuído em 40 estados; em 2004
ocorreram 2.539 casos com 100 óbitos.
Em apenas dois anos desde a introdução do Vírus do Nilo Ocidental (VNO) na região de
Nova Iorque, o vírus foi detectado ao Norte do Canadá e ao Sul nas Ilhas Cayman região do caribe.
No primeiro semestre 2006 tem-se a informação da ocorrência de um surto no Norte da Argentina
com quatro casos confirmados, fato que demonstra a introdução desse agente etiológico em nosso
país, pois no Brasil por ter condições ecológicas e por apresentar a segunda maior Avifauna do
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globo terrestre, recebe todo ano centenas de espécies de aves migratórias do hemisfério Norte, e
também possui grande diversidade de espécies de vetores o que favorece as possibilidades da
introdução do vírus no país.
Em 2007 nos Estados Unidos da América 121 pessoas morreram devido a Febre do Nilo
Ocidental. Em 2007 a Cruz Vermelha Americana em Porto Rico, notificou ao Departamento de
saúde que três pessoas que haviam feito doação de sangue eram positivas para Febre do Nilo
ocidental, e nenhum dos 3 doadores informaram ter viajado para fora do país no período de 2
semanas (CDC, 2008).
Aspectos Epidemiológicos da febre no Brasil
A infecção cerebral denominada febre do Nilo Ocidental foi identificada pela primeira vez
em Uganda, no ano de 1937. Na década de 50, verificou-se, em Israel, a primeira epidemia, sendo
reconhecido o vírus do Nilo Ocidental, como causador de uma meningoencefalite severa.
Subsequentemente, sua presença foi novamente identificada em Israel, bem como na Índia, Egito e
em outros países da África. Em 1974, ocorreu, na África do Sul, a maior epidemia conhecida
causada por esse agente. Na década de 90, ocorreram surtos nos seguintes países: Argélia (1994),
Romênia (1996-1997), República Checa (1997), República Democrática do Congo (1998), Rússia
(1999) e Israel (2000). Nos EUA, a doença vem ocorrendo desde 1999; em 2002, foram registrados
4.156 casos, com 284 óbitos; em 2003, ocorreram 9.862 casos, com 264 óbitos; em 2004, ocorreram
2.539 casos, com 100 óbitos; e, em 2008, foram notificados 1.338 casos e 43 óbitos, provenientes
de 43 estados daquele país. No Canadá, em 2008 (até novembro), ocorreram 36 casos.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7 ed. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2009.
COELHO, A. B. Febre do Nilo Ocidental. 2008. 54 f. Monografia (graduação em medicina
veterinária). Faculdades Metropolitanas Unidas Medicina Veterinária.
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