Coletânea Convivência e Segurança Cidadã:
Guias de Gestão Territorial Participativa
Empoderando vidas.
Fortalecendo nações.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Comunicação e Mobilização
Social em Convivência
e Segurança Cidadã
1
Coletânea Convivência e Segurança Cidadã:
Guias de Gestão Territorial Participativa
Guia de Comunicação e
Mobilização Social em
Convivência e Segurança Cidadã
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
1ª Edição
2
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Brasil
ARNAUD PERAL
Representante
Residente Adjunto
MARISTELA MARQUES BAIONI
Representante
Residente Assistente
Coordenação | Érica Mássimo
Machado – PNUD Brasil
Edição | Bruna Pegna Hercog e
Marialina Côgo Antolini
Equipe Técnica | Alline Pedra, Bruna
Pegna Hercog, Cíntia Yoshihara,
Cristiano Pereira da Silva, Joselita
Frutuoso de Araujo Macêdo Filha,
Juliana Mattedi Dalvi, Marialina Côgo
Antolini, Paulo Ricardo de Souza e
Paiva, Ricardo de Lacerda Ferreira e
Rita de Cássia Lima Andrea
Colaboradores | Claudia Ocelli,
Daniel de Castro, Daniel Luz, Débora
Sol, Eugenia Piza-Lopez, Fernanda
dos Anjos, Gabriela Dutra, Gerardo
Berthin, Hugo Acero, Jairo Matallana,
João José Barbosa Sana, José Carlos
Arruti Rey, Lina Salazar, Maristela
Marques Baioni, Moema Freire,
Nicolas Garrigue, Norma Peña
Textos | Bruna Pegna Hercog, Cíntia
Yoshihara, Joselita Frutuoso de Araujo
Macêdo Filha, Juliana Mattedi Dalvi e
Marialina Côgo Antolini
Projeto gráfico e editoração |
Valentina Garcia
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada
a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Para elaboração dos textos desta Coletânea, optou-se pelo uso de linguagem
não discriminatória em relação a gênero, raça, etnia ou classe social. Em
muitos casos, foi necessário o uso genérico do masculino, a exemplo do termo
“ator social”, ou de termos neutros como “crianças, adolescentes e jovens”.
Mesmo nesses casos, entende-se que o genérico do masculino refere-se
a homem e mulher e que os termos neutros reúnem as especificidades e
direitos adquiridos de cada cidadão e cidadã aqui representados.
Publicado pelo Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD).
© PNUD 2013
Projeto Gráfico: Valentina Garcia
Primeira edição: dezembro de 2013
Tiragem: 800 exemplares
Impressão: Estação Gráfica Ltda
Guia de comunicação e mobilização social em convivência e segurança cidadã. –
Brasília : PNUD, 2013.
48 p. – (Coletânea convivência e segurança cidadã : guias de gestão territorial participativa).
Incl. bibl.
ISBN: 978-85-88201-14-9
1. Segurança Cidadã 2. Direitos civis e políticos 3. Direitos humanos 4. Tolerância
5. Cultura de paz 6. Segurança humana 7. Participação social 8. Participação comunitária
9. Administração pública 10. Diagnóstico 11. Política de desenvolvimento 12. Desenvolvimento humano
13. Brasil 14. Guias I. PNUD
Impresso no Brasil
PREFÁCIO
A Redução da Vulnerabilidade e a Promoção da Segurança Cidadã formam
um dos pilares da atuação do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) no Brasil. São claras as evidências de que os altos
índices de criminalidade e de insegurança nos países da América Latina e
Caribe têm imposto entraves significativos para o pleno desenvolvimento
econômico e social da região, mesmo face às recentes melhorias na
governança e na qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Neste
sentido, o PNUD Brasil compartilha da prioridade brasileira de promover
melhorias na segurança pública como caminho necessário ao que chamamos
de desenvolvimento humano sustentável.
A contribuição a esta área vem da atuação de nossas equipes a partir da
perspectiva conceitual da Convivência e Segurança Cidadã, que envolve
a adoção de um enfoque integral, local e participativo no tratamento da
segurança pública. Isto nos permitiu acumular, nos últimos anos, experiência
corporativa relevante na área de Segurança, tanto em âmbito nacional quanto
local, como resultado de várias atividades de prevenção do conflito, reforma
institucional e construção de capacidades para a governabilidade democrática.
Por meio de práticas efetivas em gestão da Segurança Cidadã, o PNUD vem
desenvolvendo um conjunto de metodologias, instrumentos e ferramentas que
visam apoiar e fortalecer os municípios no âmbito das políticas de prevenção à
violência. São instrumentos que recuperam experiências de sucesso da região
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
JORGE CHEDIEK
Representante Residente
5
SUMÁRIO
em segurança cidadã e também colocam à disposição dos governos suas
redes de especialistas certificados, com experiências concretas e exitosas em
diversos países.
Um dos frutos desta experiência é esta Coletânea: Convivência e Segurança
Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa. As metodologias aqui
apresentadas resultam do crescente compartilhamento de responsabilidades
na prevenção e no enfrentamento da violência, do âmbito nacional ao local,
revelando o quanto a participação das comunidades é fundamental para o
sucesso de projetos e programas na área da segurança.
A Coletânea foi elaborada a partir da experiência de execução do Programa
Conjunto Interagencial da Organização das Nações Unidas (ONU) Segurança
com Cidadania: prevenindo a violência e fortalecendo a cidadania, com foco em
crianças, adolescentes e jovens em condições vulneráveis nas comunidades
brasileiras. Essa experiência de cooperação técnica foi desenvolvida entre os
anos de 2010 e 2013, em três unidades territoriais das cidades brasileiras de
Contagem (MG), Lauro de Freitas (BA) e Vitória (ES). A Coletânea apresenta não
só as metodologias utilizadas, como também fatos e histórias marcantes, que
ocorreram ao longo da implementação do Programa nos três municípios e que
ilustram a riqueza e a diversidade de experiências bem-sucedidas e o impacto
gerado nessas localidades.
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Dessa forma, nosso objetivo é oferecer a governos, organizações, movimentos
sociais, entre outros, materiais de referência para uma atuação local, integral e
participativa na construção de uma cultura de prevenção à violência.
6
APRESENTAÇÃO 6
O QUE É E POR QUE IMPLEMENTAR DIRETRIZES DE COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL
DE CONVIVÊNCIA E SEGURANÇA CIDADÃ?
8
Como implementar diretrizes de comunicação e mobilização social
de convivência e segurança cidadã?
11
Partilhando a gestão: comissão de comunicação e mobilização social
12
Pegue Visão Cidadão, Pegue Visão Cidadã!
17
Comissão de Comunicação e Mobilização Social Puxaí
18
Entendendo âmbitos e fluxos da comunicação
19
Policial militar escuta notícia no rádio e muda de rumo
22
Definindo atores sociais estratégicos 24
Definindo ferramentas 25
Roda de Diálogo: jovens se expressam e constroem conceitos coletivos
27
Site do Programa Conjunto dinamiza acesso a informações
32
Relacionando-se com a imprensa
37
Na contramão dos fatos: o papel da assessoria de imprensa
38
Dia Internacional da Paz: um exemplo de mobilização da imprensa
43
Desejamos uma excelente leitura a todas e todos bem como nossos votos
de que este material encontre uso efetivo na promoção da Convivência e da
Segurança Cidadã neste país.
Monitorando e avaliando os resultados
44
Jorge Chediek
O QUE A PRÁTICA ENSINA
45
Coordenador-Residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil e Representante-Residente do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil
Referências bibliográficas46
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APRESENTAÇÃO
8
O Guia de Comunicação e Mobilização
Social em Convivência e Segurança
Cidadã faz parte da Coletânea
Convivência e Segurança Cidadã: Guias
de Gestão Territorial Participativa
do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD),
composta por um encarte conceitual
e sete Guias: Preparação, Curso de
Convivência e Segurança Cidadã,
Diagnóstico Integral e Participativo,
Plano Integral e Participativo,
Intercâmbio de Experiências,
Monitoramento e Avaliação e
Comunicação e Mobilização Social
e o Jogo Fica Seguro, que convida –
de forma lúdica e dinâmica – para
a vivência de todas as etapas da
implementação de um projeto de
Convivência e Segurança Cidadã.
O objetivo do PNUD é oferecer a
governos, organizações e movimentos
sociais, entre outros, materiais de
referência para a atuação local
na construção de uma cultura de
prevenção da violência.
Este Guia apresenta uma metodologia
para o desenvolvimento de Diretrizes
de Comunicação e Mobilização Social
em planos, programas ou projetos
de Convivência e Segurança Cidadã.
Aborda a importância de se planejar,
executar, avaliar e monitorar estas
diretrizes, com foco na participação
comunitária e na democratização
da informação. Neste sentido, são
apresentados alguns caminhos,
ações, estratégias e ferramentas,
além de relatos de experiências, dicas
e sugestões para contribuir com o
desenvolvimento de uma boa prática
em Comunicação e Mobilização Social.
Desenho sobre foto de ação
do Programa Conjunto da ONU
”Segurança com Cidadania”
ator social
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Um determinado
indivíduo é um
ator social quando
representa algo
para a sociedade,
encarna uma ideia,
uma reivindicação,
um projeto, uma
promessa, uma
denúncia. Uma
classe social, uma
categoria social ou
um grupo podem ser
atores sociais, assim
como instituições:
partidos políticos,
jornais, igrejas etc.
(SOUZA, 1991). Os
atores sociais, são
portanto, todos
aqueles que tenham
interesse na questão
da convivência e
segurança cidadã.
São, prioritariamente,
aquelas que
integram o território
trabalhado, podendo
se estender a todos
que atuam com a
temática. (Souza,
1991) e (RGCI, 2007)
10
Quando falamos em comunicação,
estamos falando, necessariamente,
de troca. Comunicar-se é dialogar,
escutar, pensar, sentir, falar, organizar
e transmitir ideias. Como a própria
palavra sugere, comunicação é uma
ação comum, é partilhar.
Para se comunicar é preciso
mobilização: mobilização de ideias,
sentidos, diferenças, pessoas, lugares,
interesses, processos. Mobilizar é
movimentar, articular, envolver para
multiplicar, ou, nas palavras do jovem
capixaba Ernauro Feijó: “mobilizar
é despertar o olhar de possibilidade
no outro”.
Comunicação e Mobilização Social,
portanto, são indissociáveis e
complementares. É preciso mobilização
para garantir uma comunicação
efetiva e é necessária a comunicação
para que a mobilização aconteça de
forma estratégica e eficaz. Neste
sentido, pode-se afirmar que as
políticas e práticas de Comunicação
e Mobilização Social desempenham
papel fundamental no processo de
fortalecimento da identidade social, à
medida que contribuem para estimular
atores sociais a exercerem o controle
democrático e o desempenho de novos
papéis nas comunidades onde vivem
e atuam. Principalmente, quando
aplicadas em projetos de Convivência
e Segurança Cidadã, que pressupõem
o fortalecimento de pessoas, relações,
instituições e governos para o
desenvolvimento de um ambiente
seguro que incentive a convivência dos
diferentes atores sociais e a resolução
pacífica dos conflitos.
É preciso, portanto, que estes fatores
sejam levados em consideração ao se
elaborar Diretrizes de Comunicação
e Mobilização Social. Pois é na
construção dessas diretrizes que se
definem missão, princípios, estratégias
e públicos, para, que, em seguida,
possa ser traçado um plano de ação.
O que exige, portanto, o estímulo à
formação de redes, para que os fluxos
de comunicação sejam constantes e
horizontais, bem como o estímulo à
participação efetiva dos atores sociais
envolvidos no processo.
Este exercício de cidadania, que
contribui para a garantia do direito
fundamental à Comunicação, pode
ser proporcionado por uma prática
de comunicação e mobilização
social baseada nos princípios da
Comunicação para o Desenvolvimento
e da Educomunicação. É por meio
dele, também, que se criam canais
diretos com os formadores de opinião
da imprensa que se encontram
espalhados pelas mais diversas
mídias. Por sua vez, a mídia exerce um
papel fundamental na formação das
pessoas em relação aos seus direitos e
deveres enquanto cidadãos.
Grande parte dos meios de
comunicação no Brasil reforça
estereótipos sociais, construindo um
senso comum baseado no medo, com
interpretações sensacionalistas e
equivocadas, que nada contribuem
para a promoção da Cidadania e dos
Direitos Humanos. Neste contexto,
a grande mídia tem um papel
fundamental na construção de uma
sociedade mais cidadã que busque a
garantia desses direitos, embora não
seja assim que ela atue na maior parte
do tempo.
A divulgação de pautas sobre crimes
e violência associando negativamente
comunidades periféricas reforça a
imagem negativa de diversos bairros.
A falta de voz diante da sociedade
contribui para que estas comunidades
se sintam isoladas e pouco
empoderadas na construção de um
ambiente que promova a Convivência
e a Segurança Cidadã. Assim, é preciso
gerar pautas, ideias e debates que
abordem temas sociais sob a ótica da
diversidade, do desenvolvimento local
e dos direitos humanos em todas as
suas dimensões, gerando reflexões
críticas sobre os assuntos divulgados.
“O papel da imprensa na discussão sobre os dilemas da violência é de fundamental
importância para o aprimoramento das políticas públicas nessa área. Apesar
das eventuais limitações, observamos que muitos profissionais da mídia têm se
esforçado numa cobertura responsável da temática, o que contribui, inclusive,
para a difusão de programas, metodologias e projetos de prevenção da violência,
implementação da cultura da paz, soluções mediadas de conflitos, criação de redes
comunitárias solidárias, etc. Ou seja, a cobertura do fenômeno da violência pode
oferecer aos cidadãos soluções que suplantam o medo, a sensação de impotência e
de descrédito das instituições, quando o problema é tratado com responsabilidade e
sem sensacionalismo.” (Observatório da Imprensa, Robson Sávio Reis, 2009).
moBilização
social
É uma reunião
de sujeitos que
definem objetivos
e compartilham
sentimentos,
conhecimentos e
responsabilidades
para a transformação
de uma dada
realidade, movidos
por um acordo
em relação a
determinada causa
de interesse público”.
(BRAGA; HENRIQUES;
MAFRA, 2004, p. 36)
pauta
São temas que
podem se tornar
notícia. Os repórteres
recebem pautas
que vão guiar
o seu trabalho.
Elas apresentam
sugestões de como
o assunto pode
ser abordado e de
fontes de entrevistas
indicadas para falar
sobre o assunto.
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O QUE É E POR QUE IMPLEMENTAR
DIRETRIZES DE COMUNICAÇÃO
E MOBILIZAÇÃO SOCIAL DE CONVIVÊNCIA
E SEGURANÇA CIDADÃ?
11
Advocacy
O termo, ainda
sem uma tradução
consolidada para o
português, se refere à
defesa de interesses
relacionados a uma
causa ou ideia.
Com o intuito de
estimular mudança
de comportamentos
e provocar
transformações,
a advocacy busca
suporte para a
promoção ou
defesa de direitos.
Dessa forma,
ações de advocacy
buscam influenciar
a formulação,
a execução, a
transformação e
a implementação
de políticas sobre
determinada ideia ou
causa (CEBDS, 2012; e
AMUCC, 2012).
A Comunicação para o
Desenvolvimento, que foi definida pela
Assembleia Geral das Nações Unidas,
em 1996, como “uma comunicação
multidirecional que possibilite o
diálogo e permita às comunidades
manifestar-se, expressar as suas
aspirações e preocupações e participar
das decisões relacionadas com o
seu desenvolvimento”. Assim, a
Comunicação para o Desenvolvimento
encoraja a mobilização social através
da promoção do diálogo entre a
comunidade e diversos atores
responsáveis pelas tomadas de
decisão nos diferentes níveis: local,
regional e nacional, buscando, dessa
forma, a execução de políticas e
programas que tragam benefícios e
melhore a qualidade de vida de todos
(Nações Unidas Cabo Verde, 2012)
Comunicação para mudança de
comportamento (social e individual)
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Comunicação para mudança social
(indivíduos encontram soluções e
são capazes de quebrar paradigmas
e promover mudanças sociais e o
diálogo entre o público, o privado e a
comunidade em geral)
12
Advocacy (mudança de políticas,
regras, normas e comportamentos)
Criação de um ambiente de
comunicação adequado (inclusão
digital, acesso à informação,
transparência e responsabilidade
social dos indivíduos e instituições)
A Educomunicação, que pode ser
aplicada tanto em espaços de
educação formal (escolas) quanto
em espaços não formais (ONGs,
movimentos sociais, etc.). é apontada
como um caminho para envolver
crianças, adolescentes, jovens e
adultos e estimulá-los a se posicionar
criticamente e desenvolver um olhar
aprofundado para o contexto social
onde estão inseridos. Deste modo,
a Educomunicação contribui para
a democratização da comunicação
e, consequentemente, para a
prevenção da violência por meio da
reconfiguração de espaços simbólicos.
As Diretrizes de Comunicação
e Mobilização Social propostas,
portanto, têm em vista a ampliação
do entendimento com o projeto,
bem como a capilaridade das ações,
buscando a ampla promoção de
uma cultura de paz. O uso educativo
da comunicação, neste sentido, é
apontado como uma das estratégias
possíveis de prevenção da violência
e de reconfiguração de espaços
simbólicos, tendo em vista que
os meios de comunicação estão
entre as instituições de socialização
da população.
Como implementar diretrizes
de comunicação e mobilização social
de convivência e segurança cidadã?
O ato de comunicar é um processo
constante e diário, que se dá em
diversos níveis e de diferentes
maneiras. Para se comunicar de
forma institucional, no entanto, é
preciso planejamento. Para isso é
fundamental conhecer o território de
atuação (onde?), definir os públicos
(para quem?), construir metodologias,
estratégias e ações (como?) e definir
os conteúdos que serão comunicados
(o quê?). As respostas a estas
perguntas dão início ao processo
de Planejamento Estratégico de
Comunicação, fundamental para
garantir a eficiência e a qualidade
das ações. Esse planejamento, no
entanto, precisa ser norteado por
objetivos bem definidos, bem como
por princípios e valores centrais.
A este conjunto de elementos que
irão orientar a ação chamamos
de Diretrizes de Comunicação e
Mobilização Social.
PASSO A PASSO PARA ELABORAR
UM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE COMUNICAÇÃO
1. Realize um Mapeamento
Estratégico/Diagnóstico/Análise
de Situação
2. Identifique e formule o problema
de comunicação e mobilização
social (o quê?)
3. Defina:
Os objetivos (para que comunicar?)
os participantes (quem comunica?)
os públicos (para quem comunicar?)
a rede de produção dos sentidos
e fluxos de comunicação
(como comunicar?)
as responsabilidades
institucionais (quem faz o quê?/
quem responde pelo quê?)
4. Trace as principais ações e os
instrumentos (como e com que
ferramentas comunicar?
que atividades desenvolver?
onde buscar parcerias?
qual o orçamento necessário?)
5. Defina estratégias de avaliação
e monitoramento (indicadores/
como medir?)
educomunicação
Compreende-se a
Educomunicação
na perspectiva
da interrelação
entre os campos
da comunicação
e educação,
materializada em
quatro áreas de
intervenção social:
educação para
a comunicação;
mediação tecnológica
na educação; gestão
comunicativa;
e reflexão
epistemológica.
(SOARES, 1999). Podese definir, também,
a educomunicação
como um processo
de comunicação com
intencionalidade
educacional expressa
e que envolve a
democratização da
produção e de gestão
da informação nos
meios de comunicação
em seus diversos
formatos, ou na
comunicação
presencial (TASSARA,
2008).
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Com base nisso, os alicerces escolhidos para guiar as atividades de Comunicação e
Mobilização Social dentro dos princípios da Convivência e Segurança Cidadã são:
13
Profissionais
responsáveis
por implementar
as iniciativas no
território. Exercem
uma função
técnica que requer
conhecimentos
específicos na
temática de
Convivência e
Segurança Cidadã,
bem como experiência
em mobilização
comunitária, trabalho
com grupos, mediação
de conflitos, análise
de dados e da
realidade local.
Comitê
Gestor Local
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Instância consultiva
e deliberativa de
acompanhamento das
atividades, formada
por representantes
do governo local,
incluindo o Ponto
Focal, do poder
legislativo e da
comunidade local.
14
Em um projeto de Convivência e
Segurança Cidadã, as Diretrizes de
Comunicação e Mobilização Social
devem estar alinhadas com a política
de gestão institucional do projeto.
Para isso é importante que se
estabeleçam instâncias formais de
suporte ao processo de comunicação
e mobilização social, construídas de
forma coletiva por todos os atores
sociais diretamente envolvidos
com a ação, sob a coordenação da
Equipe Técnica, garantindo, assim,
intervenções que sejam de fato
participativas. A Equipe Técnica será
responsável por fazer a ponte entre
as diferentes instâncias de gestão
do projeto. Assim, com a prática
percebeu-se a necessidade de que se
componha dentro da instância gestora
do programa no território - o Comitê
Gestor Local - um grupo que irá cuidar
especificamente das questões de
comunicação e mobilização social. A
este grupo, chamamos de Comissão de
Comunicação e Mobilização Social.
Partilhando a gestão: Comissão
de Comunicação e Mobilização Social
O que é?
A Comissão de Comunicação e
Mobilização Social é um grupo de
trabalho do Comitê Gestor Local,
formado para acompanhar as
atividades do projeto, contribuindo na
difusão, mobilização e divulgação de
informações e conceitos. É composta
por representantes da comunidade
local e outros atores sociais, tais
como representantes de diferentes
setores do poder público (educação,
saúde, cultura, segurança pública,
etc.), da sociedade civil organizada
(ONGs, movimentos sociais, lideranças
juvenis, líderes religiosos, grupos
culturais), entre outros. Como em
todos os processos participativos de
gestão, é importante que a Comissão
tenha equilíbrio na composição de
modo a incluir representação paritária
dos diferentes grupos, garantindo a
sustentabilidade do processo.
Por que é necessária?
Diversos são os fatores e contextos
que podem suscitar a criação de
um grupo articulado para pensar
estrategicamente as ações de
comunicação e mobilização social com
a perspectiva de garantir os processos
participativos. É preciso, portanto,
ter clareza quanto às problemáticas
em questão e estar ciente que, sem
um mapeamento e planejamento
estratégico em comunicação e
mobilização social, não será possível
enfrentá-las, pois é este planejamento
que apontará as estratégias e os
instrumentos necessários para
garantir o fortalecimento das
capacidades locais.
A seguir, apontamos algumas
possíveis demandas que poderão ser
trabalhadas por uma Comissão de
Comunicação e Mobilização Social:
Dificuldade de comunicação interna
e mobilização entre os integrantes
do Comitê Gestor Local
Dificuldade de sensibilização e
mobilização de liderançasjovens
para participação no Comitê Gestor
e em atividades do projeto
Insuficiência de espaços e
atividades lúdicas de convivência
comunitária ou de convivência nas
comunidades
Insuficiência de informações
públicas sobre cultura de paz e
segurança cidadã
Dificuldade de articulação entre
atores do Sistema de Garantia
de Direitos e os segmentos
comunitários
Frágil mobilização popular no
enfrentamento das diversas formas
de violência
Processo de estigmatização do
território e, consequente, criação
de estereótipos de seus moradores,
reforçado pelo discurso midiático
local e regional
Contexto eleitoral, que exige a
implementação criteriosa de
diretrizes de comunicação e
mobilização social, que garantam
a sustentabilidade das ações
desatrelada de interesses
político-partidários
Qual o seu papel?
A Comissão de Comunicação e
Mobilização Social tem como papel
central facilitar o diálogo entre os
integrantes do Comitê Gestor Local e
a sociedade em geral, mediar conflitos
e interesses, mobilizar e valorizar
desejos, bem como organizar ideias
e propostas e garantir visibilidade
a elas. Exerce papel fundamental
no que se refere à garantia da
pluralidade de vozes e da consequente
descentralização da informação.
Compartilhar informação é
descentralizar o poder, é democratizar
os fluxos de comunicação. E
descentralizar o poder é permitir
que ecoem discursos diversos e,
muitas vezes, contraditórios, para
dar a possibilidade de voz às diversas
opiniões sobre determinada questão.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Equipe Técnica
15
A Comissão tem um papel importante,
também, no que se refere à garantia
da sustentabilidade das ações
traçadas de forma participativa
durante a elaboração do Plano
Integral e Participativo de Convivência
e Segurança Cidadã, por meio do
fortalecimento e da capacitação da
sociedade civil organizada. A grande
força do Plano está na própria
comunidade que participou da sua
construção e tem o maior interesse e
necessidade de ver as ações propostas
sendo executadas. Pensando assim, a
apropriação do Plano pela comunidade
como um todo, e o empoderamento
dela para acompanhar, cobrar e ajudar
na sua implementação, tornam-se
fundamentais. Desta forma, os atores
sociais cumprem seu papel de sujeito
político, exercendo o controle social.
Diferente do controle social exercido
pelo Estado sobre indivíduos e grupos,
o controle social, aqui discutido, referese à participação da sociedade e
grupos organizados na elaboração de
fiscalização de políticas públicas em
espaços democráticos. Estes espaços
de participação, bem como conselhos
setoriais, conferências, dentre outros,
são legitimados pela Constituição
Brasileira de 1988 que assegura
juridicamente a participação
e o controle social como mecanismos
de democratização dos direitos
civis e políticos.
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“A expressão ‘controle social’ tem origem na sociologia. De forma geral é
empregada para designar os mecanismos que estabelecem a ordem social
disciplinando a sociedade e submetendo os indivíduos a determinados
padrões sociais e princípios morais. Assim sendo, assegura a conformidade de
comportamento dos indivíduos a um conjunto de regras e princípios prescritos
e sancionados. (...) No período de democratização do país, em uma conjuntura
de mobilização política principalmente na segunda metade da década de 1980, o
debate sobre a participação social voltou à tona, com uma dimensão de controle
de setores organizados na sociedade civil sobre o Estado. A participação social nas
políticas públicas foi concebida na perspectiva do ‘controle social’ no sentido de
os setores organizados da sociedade participarem desde as suas formulações –
planos, programas e projetos –, acompanhamento de suas execuções até a definição
da alocação de recursos para que estas atendam aos interesses da coletividade.”
(CORREIA, 2003 )
16
O monitoramento e o
acompanhamento das políticas
públicas são estratégias contínuas
de controle social que visam garantir
a transparência na definição das
prioridades das políticas e aplicação
de recursos públicos. A qualidade e
efetividade da participação social
estão diretamente relacionadas
às diretrizes de comunicação e
mobilização social traçadas para lhes
dar sustento.
Afinal, para participar é preciso definir
estratégias e instrumentos adequados,
que garantam o estabelecimento de
fluxos de comunicação e também
a circulação e visibilidade das
informações. Assim, na elaboração
de um instrumento de participação
política, a exemplo do Plano Integral
e Participativo de Convivência e
Segurança Cidadã, é imprescindível
que as ações de comunicação e
mobilização social estejam contidas
no documento, seja por meio de
projetos específicos, seja por meio de
ações transversais a todos os eixos e
projetos previstos.
A criação da Comissão de Comunicação
e Mobilização Social desde o início
do processo de implantação do
projeto facilita e consolida as ações e
discussões em torno da Convivência e
Segurança Cidadã, além de incentivar
uma mudança de cultura acerca do
papel e das contribuições de todos no
nível local para a construção de uma
cultura de paz.
Leia mais sobre
o conceito de
Convivência
e Segurança
Cidadã no Guia
de Apresentação.
Leia mais
no Guia de
monitoramento
e avaliação.
PASSO A PASSO PARA CRIAR UMA
COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL
1. Identifique no Comitê Gestor Local e
na comunidade pessoas que tenham
vínculos com o território de atuação
e interesse/desejo de aprender/
executar ações de comunicação e
mobilização social
2. Realize um encontro de
sensibilização para falar sobre
comunicação e mobilização social,
apresentar a proposta da Comissão e
definir seus integrantes
3. Defina um cronograma para as
reuniões da Comissão
4. Realize uma Oficina de Mapeamento
Estratégico de Comunicação e
Mobilização Social para elaboração
do Plano de Ação de Comunicação e
Mobilização Social do território.
5. Busque parcerias para garantir
uma infraestrutura básica para o
funcionamento da Comissão: espaço
físico para as reuniões, acesso à
internet e telefone
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Leia mais no
Guia do Plano
Integral e
participativo.
17
comissão
Stakeholder
Significa público
estratégico. É uma
palavra muito
utilizada nas áreas
de comunicação,
administração
e tecnologia da
informação, cujo
objetivo é designar
as pessoas e
os grupos mais
importantes para
um planejamento
estratégico ou
plano de negócios,
ou seja, as partes
interessadas.
Estas são perguntas centrais. Sem a
definição do “para quem”, ou seja, do
público alvo das ações de comunicação
e mobilização social (o stakeholder),
é impossível traçar as estratégias
adequadas e definir os instrumentos mais
apropriados para executá-las.
São princípios orientadores da prática:
reconhecimento e respeito à
diversidade, considerando as diferentes
especificidades dos públicos com os
quais a Comissão irá se comunicar
Realização das ações nos espaços
(comunidade), com e para as pessoas
No caso de um projeto de Convivência e
Segurança Cidadã, é importante que a
Comissão dialogue com:
o Comitê Gestor Local
os líderes comunitários de diversas
áreas de atuação (movimentos de
mulheres; movimentos religiosos;
movimento de jovens, etc.)
As associações, ONGs e os sindicatos
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
A comunidade escolar (gestores,
professores e alunos)
18
Todas as pessoas inseridas ou não
no processo, considerando suas
especificidades: geracionais (jovens,
crianças, adolescentes, idosos), étnicas,
raciais, de gênero (mulheres e homens),
de orientação sexual (LGBT) e pessoas
com deficiência, entre outros
Como se organiza?
Para garantir o funcionamento
da Comissão de Comunicação
e Mobilização Social, é preciso
definir sua forma de atuação,
estabelecendo quem coordena e
quem é o responsável pela gestão do
processo, além de se estabelecerem
responsabilidades, tanto das
representações do poder público
quanto da sociedade civil, e elaborar
um Plano de Ação Estratégico de
Comunicação e Mobilização Social.
Este instrumento reúne concepções,
estratégias e instrumentos de
funcionamento da Comissão.
Sua atuação, desta forma, está
organizada em três níveis de
comunicação: interno, externo
e institucional. É, portanto,
imprescindível ter clareza para quem a
Comissão irá comunicar, ou seja, quais
são os seus públicos, seja no nível
interno (restrito), ou no nível
externo (ampliado).
Para que a articulação, o planejamento
e a execução das ações da Comissão
sejam possíveis, é imprescindível que o
projeto disponibilize capacitações para
os seus integrantes. As temáticas
das formações podem ser definidas
juntamente com a Comissão, a partir
da identificação da demanda e
da escolha das ferramentas que
serão utilizadas.
Pegue Visão Cidadão,
Pegue Visão Cidadã!
No bairro de Itinga, Lauro de Freitas (BA) território integrante do Programa Conjunto
da ONU “Segurança com Cidadania”, no
contexto das discussões e dos encontros
realizados para a elaboração do Plano Integral
e Participativo, começou a despontar nas
falas de líderes comunitários e representantes
do poder público local a necessidade de
se incrementar a comunicação como
ferramenta de dinamização do processo
participativo e mobilização comunitária para
o enfrentamento das diversas formas de
violência: “Chega de ficarmos falando uns
para os outros, precisamos ecoar as nossas
vozes”; “Comunicar é mobilizar o outro, é
passar adiante a informação”; “Precisamos
gritar para todo o mundo ouvir”. Essas foram
algumas das falas que demonstraram o
desejo do grupo de utilizar a comunicação
para transformar suas realidades. A partir
desse desejo, foi formada a Comissão de
Comunicação e Mobilização Social de Lauro
de Freitas. O oxigênio dessa comissão foram
as mulheres, a maioria delas ligadas a ONGs e
movimentos sociais, outras ligadas a setores
governamentais. Mulheres cansadas de
verem seus filhos, irmãos, vizinhos perderem
a vida, muitas vezes, de forma brutal.
Mulheres cansadas de verem outras mulheres
sendo violentadas diariamente por seus
companheiros. Mulheres cansadas da violência
cometida por policiais. Mulheres cansadas
de verem seus queridos e queridas morrerem
na fila de um hospital, sem atendimento
médico. Mulheres cansadas de não terem
creches para colocar os seus filhos. Mulheres
cansadas da impunidade. Mas, acima de
tudo, mulheres com esperança. E, mais ainda,
mulheres de atitude. Não é a toa que o lema
escolhido pela Comissão foi “Pegue visão,
cidadão. Pegue visão, cidadã”, uma expressão
muito usada pelos moradores de Itinga para
dizer: preste atenção! A expressão remete
à sua missão: facilitar o diálogo no Comitê
Gestor e na comunidade, mediar conflitos,
animar e entusiasmar; mobilizar e valorizar
desejos; e organizar ideias e propostas. E foi
exatamente o que a Comissão fez. Entre as
suas ações, vale destacar o fortalecimento
de uma rede interna de comunicação com
o Comitê Local, a partir de uma lista de
e-mails, além de envio de torpedos no celular
e mensagens no Facebook, para convidar os
atores sociais a participarem de reuniões e
demais atividades do Programa. A realização
de Rodas de Diálogo sobre a temática da
Convivência e Segurança Cidadã também foi
uma ação de grande impacto realizada pela
Comissão. Importante destacar, ainda, que
foi a criação da Comissão de Comunicação
e Mobilização que impulsionou mudanças
nas diretrizes de comunicação do Programa
Conjunto como um todo. As premissas,
estratégias e metodologias definidas na
Comissão passaram a ser incorporadas pelo
Programa e a metodologia foi reaplicada nos
outros municípios participantes. Este Guia
de Comunicação e Mobilização Social, por
exemplo, é fruto desse processo, uma vez que
representa a sistematização das diretrizes
de comunicação e mobilização social criadas
e implementadas.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Para quem comunicar
e quem deve ser mobilizado?
19
Inter
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Comunicação
Institucional
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A Comunicação Institucional |
é aquela que define a identidade
e imagem do projeto. É o núcleo a
partir do qual a comunicação global
pode ser realizada em sua plenitude.
Como os diversos públicos enxergam
e entendem esse projeto? Essa
pergunta deve ser respondida pela
Comunicação Institucional. Diferentes
aspectos comunicacionais estão
inseridos nela. Tanto a Comunicação
o
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n
mu
id
Interna quanto a Comunicação
Externa precisam estar alinhadas
com a Comunicação Institucional
já que têm nela os seus elementos
de origem e de inspiração. Esta
dimensão da comunicação tem
como foco o fortalecimento da
imagem institucional do projeto. A
programação visual, por exemplo, é
um deles. É importante ter cuidado
com a apresentação visual do
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
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militares e integrantes da gestão
municipal.
A primeira ação foi estudar o Plano
Local, para conhecê-lo a fundo,
tirar dúvidas e entender as ações
propostas. A partir de então, a
Comissão deu início ao processo
de planejamento de atividades e à
construção de objetivos para ações.
Uma das atividades já executadas
aconteceu durante a festa de fim
de ano do Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS) de Santo
André, bairro da Grande São Pedro.
Na ocasião, mais de 300 moradores
atendidos pelo CRAS estavam
presentes, principalmente mulheres
e crianças. A comissão propôs uma
troca aos participantes: um sonho
de padaria para saber o sonho
daquelas pessoas. A atividade foi
toda filmada, para gerar um vídeo. O
momento foi importante para a troca
de conhecimento e informações com
a comunidade e entre os membros
da comissão que, pela primeira vez,
organizaram e produziram
juntos uma ação.
e
Em São Pedro, Vitória (ES), a
Comissão de Comunicação
e Mobilização Social surge
com um objetivo definido: dar
sustentabilidade ao Plano Local de
Convivência e Segurança Cidadã,
especialmente após a mudança da
gestão municipal. O pontapé inicial
para a Comissão foi a realização
da Oficina de Comunicação e
Mobilização Social, que reuniu jovens
lideranças da região, moradores,
técnicos da prefeitura que atuam
em São Pedro, policiais militares,
entre outros. Esses atores locais
tiveram a oportunidade de trocar
experiências com uma moradora
de Lauro de Freitas (BA), integrante
da Comissão de Comunicação e
Mobilização Social baiana, que veio
à Vitória para integrar a oficina.
Os participantes puderam discutir
ainda questões diversas ligadas
à comunicação, à segurança e à
cidadania. A partir desse encontro,
a Comissão Puxaí foi formada por
membros voluntários, composta
por moradores da região, policiais
bi
Comissão de Comunicação
e Mobilização Social Puxaí
Para se compreender os fluxos da comunicação, sugere-se, como estratégia
didática, que a comunicação seja compreendida a partir de três dimensões:
institucional, interna e externa.
unicação
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Entendendo âmbitos e fluxos da comunicação
Com
20
comunidade
21
É um conjunto
de elementos
visuais (gráficos,
letras, figuras,
etc) que conferem
uma identidade
a determinada
instituição ou projeto.
Newsletter
ou Boletim
Eletrônico
Informativo
periódico enviado
eletronicamente
(geralmente por
e-mail) para pessoas
previamente
cadastradas no
mailing do projeto.
Seu objetivo é
divulgar as ações
desenvolvidas, a partir
de textos jornalísticos
com depoimentos e
fotografias.
Release
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É um texto para
divulgação de
determinado
assunto e/ou evento,
distribuído para os
diversos veículos de
comunicação.
22
projeto, já que ela se configura em
um fator de identificação. Numa
comunidade, por exemplo, quando
está havendo uma oficina ou palestra,
a logomarca do projeto deve estar
visível. Dessa forma, os presentes
identificarão aquela atividade como
integrante de uma ação maior e não
como um evento isolado. Assim, a
logomarca e uma unidade visual
padrão devem estar presentes nas
diversas peças comunicacionais:
site, e-mails, newsletter e folderes,
entre outros. O conceito que está
sendo trabalhado também deve ser
unificado e amplamente difundido
e praticado. Assim, a descrição do
projeto, seus parceiros e atividades
devem ser os mesmos no site, nos
releases enviados para a imprensa e
nos folderes entregues à comunidade,
entre outros.
A Comunicação Interna | diz
respeito aos fluxos e estratégias de
comunicação e mobilização voltados
para o público que lida diretamente
com o projeto – principalmente o
Comitê Gestor Local. Assim, esse
público está, em alguma medida,
familiarizado com o cotidiano do
projeto, mas muitas vezes não
consegue ter a visão de todo o
processo, por ter acesso apenas a
informações setorizadas. Um dos
pontos chaves de uma comunicação
interna eficiente é a transformação
dos integrantes da ação em agentes
divulgadores do processo. Quando
as pessoas que estão inseridas em
um determinado projeto começam
a entender a importância do que
está sendo desenvolvido, passam de
participantes a difusores, ajudando
na divulgação das atividades e dos
conceitos.
As estratégias de comunicação interna
também visam o fortalecimento dos
laços de coesão e motivação da equipe,
criando espaços e instrumentos de
partilha e alinhamento de propostas,
assim como a facilitação dos fluxos
de comunicação entre todos os atores
institucionais envolvidos na iniciativa.
Uma boa comunicação interna
permite que seja difundido entre os
diferentes envolvidos no projeto as
informações gerais, atividades, agenda
de encontros e eventos e informações
sobre iniciativas semelhantes
que estão acontecendo na região,
entre outras. As ferramentas da
comunicação interna são diversas
e podem se constituir, por exemplo,
de murais em pontos estratégicos,
boletim eletrônico, áreas específicas
dentro de um website exclusivas para
esse público, entre outras.
A Comunicação Externa | referese aos processos e às dinâmicas
de comunicação para a mobilização
comunitária em torno de uma cultura
de convivência e segurança cidadã.
É aquela que lida com o público que
não está diretamente envolvido na
execução do projeto. Esse público é
formado pelos mais diversos atores
sociais, como moradores da região de
abrangência das ações, pesquisadores
da área e cidadãos que tenham
interesse em temas de algumas ações
executadas pelo projeto, entre outros.
Como o público externo é amplo, este
âmbito da comunicação utiliza diversas
ferramentas – cada qual com uma
função e buscando atingir a todos. Aqui,
estão inseridas, por exemplo, ações de
assessoria de imprensa, divulgação de
atividades com carro ou bicicleta de
som, folders e site, entre outras.
É importante destacar que diversas
ferramentas atingem ambos os
públicos. Um site ou um blog, por
exemplo, pode ser acessado tanto por
integrantes do público interno quanto
do externo, assim como uma matéria
publicada em um jornal impresso ou
uma matéria veiculada em uma rádio
poderá ser lida ou escutada por ambos
os públicos.
Ao se planejar e implementar as diretrizes de Comunicação e Mobilização
Social em um projeto de Convivência e Segurança Cidadã é importante, também,
atentar para os processos de sistematização das experiências e monitoramento
e avaliação das estratégias utilizadas e ações realizadas. A sistematização é o
encontro da teoria com a prática que promove a organização do conhecimento
produzido coletivamente durante o processo de vivência.
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logomarca
23
O que são fluxos de comunicação?
mediação
Policial militar escuta notícia
no rádio e muda de rumo
Um exemplo de como uma ação
voltada para o público externo
pode atingir (em cheio!) o público
interno foi o que aconteceu em
Lauro de Freitas (BA). O Soldado
Raianderson Neri conta que estava
começando um dia normal da
sua rotina: vestiu a farda, entrou
no seu carro e enquanto dirigia
a caminho da Base Comunitária
de Segurança de Itinga, resolveu
ligar o som. “Geralmente eu
escuto CD, mas nesse dia deixei
na rádio”, conta Neri. Bom para
ele! Porque foi em um programa
de rádio que ele escutou que
em algumas horas começaria
um Encontro de Mediação para
Líderes Religiosos - uma ação
do Programa Conjunto da ONU
“Segurança com Cidadania”.
Imediatamente, Neri ligou para o
seu superior que autorizou a sua
participação no evento. Ele já era
integrante do Comitê Gestor Local
e havia participado de outras
capacitações do Programa. Essa,
no entanto, foi especial, pois
além de soldado, é universitário e
estudioso de questões religiosas.
“Foi um aprendizado incrível.
Pastores, representantes de
religiões de matrizes africanas,
testemunhas de Jeová, todos
juntos e dialogando. Fiquei muito
feliz de participar”, conta.
São os caminhos de diálogo entre os
diferentes atores sociais envolvidos
no projeto, que se dão nos diferentes
âmbitos da comunicação. É o
processo de difusão das informações.
Para cada contexto será preciso
identificar quais são os fluxos mais
adequados. Compreendendo os fluxos,
compreende-se as relações de poder
e os diferentes lugares de fala.
Para traçar as estratégias é preciso
identificar os fluxos comunicativos.
Nesse sentido, é fundamental um
Mapa de Comunicação capaz de
apontar quais são os diferentes
discursos, de que maneira eles estão
organizados e quais são as relações
hierárquicas que estabelecem entre
si. Em um projeto dessa natureza,
diversos discursos podem estar
presentes: do financiador, dos
organismos institucionais que
executam a ação, do poder público e
dos representantes locais. Portanto,
para sugerir a democratização da
informação e, consequentemente,
a pluralidade de vozes, é preciso
propor uma configuração de fluxos de
comunicação, como exemplifica
a figura abaixo:
âmbito da gestão institucional
comissão de comunicação
departamento de comunicação
do órgão governamental
24
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
comitê gestor local
25
Definindo ferramentas
Quando falamos em Convivência e
Segurança Cidadã e compreendemos
a violência como um fator
multicausal, necessariamente
temos que levar essa dimensão
em consideração no momento
Para fazer chegar uma informação
até o público alvo, existem diversas
formas e ferramentas de Comunicação
e Mobilização Social possíveis. Cada
uma delas tem resultados, custos e
alcances variados. Para escolher qual
delas utilizar, é preciso avaliar uma
série de fatores. O primeiro deles é o
público. A quem essa informação se
destina e que formas de comunicação
esse público utiliza de maneira mais
frequente? Outra questão é o custo.
Quanto há disponível no orçamento
do projeto para a comunicação e de
que maneira esse recurso deve ser
investido ao longo de todo o período de
execução? Quais as possíveis parcerias
que podem ser firmadas para garantir
a realização das atividades? Outro
fator determinante é a seleção de qual
informação deve ser divulgada e em
qual momento.
da elaboração de Diretrizes de
Comunicação e Mobilização Social
do projeto. Ou seja, os atores sociais
estratégicos precisam estar ligados
às mais diversas áreas de atuação,
como ilustra o quadro a seguir.
atores sociais estratégicos
Pontos Focais
Equipe Técnica
Agentes de segurança (guardas municipais,
policiais civis, policiais militares, bombeiros)
Representantes de movimentos sociais/
culturais e organizações da sociedade civil
Chefes do Poder Público
Representantes de secretarias diversas
Educadores e gestores (escolas e
(educação, desenvolvimento, saúde, cultura,
esporte, segurança pública, assistência social,
gestão estratégica, entre outras)
Crianças, adolescentes e jovens
Representantes do Sistema de Garantia de
Direitos (conselheiros de direitos, conselheiros
Órgãos de segurança e justiça
universidades)
Lideranças religiosas
tutelares, promotores de justiça, etc.)
Conselhos de direitos (segurança, educação,
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cultura, etc.)
26
Todas essas questões devem
estar contidas no planejamento
de comunicação do projeto, com
orçamento e calendário previamente
estipulados. É importante, no entanto,
trabalhar com a possibilidade de
imprevistos. Por isso, o planejamento
deve conter folgas de prazos
e orçamento que permitam a
readequação das ferramentas de
comunicação caso seja necessário.
Uma dica importante é atentar sempre
para os instrumentos e as maneiras
de comunicação que já existem e
que são utilizadas nas comunidades
onde o projeto irá atuar. Por isso, a
etapa da realização do Diagnóstico
Integral e Participativo de Convivência
e Segurança Cidadã é fundamental. É
neste momento que se irá identificar se
a comunidade costuma utilizar carros
de som para divulgar eventos locais,
se são os folhetos impressos que têm
maior impacto, ou ainda se o maior
comunicador da região é o vendedor de
botijão de gás ou a vendedora de frutas
na barraca da esquina.
Para definir as ferramentas, é
preciso estar atento e apostar nas
especificidades do local, valorizando os
recursos que já existem, bem como a
criatividade e vivência dos moradores
do território onde o projeto vai atuar.
A seguir, sugerimos algumas opções
de ferramentas de Comunicação
e Mobilização Social, umas mais
específicas, experimentadas em
iniciativas de Convivência e Segurança
Cidadã, e outras mais usuais.
Leia mais
no Guia do
Diagnóstico
Integral e
Participativo.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Definindo atores sociais estratégicos
27
Inspire-se nelas para criar
caminhos e maneiras de comunicar
e mobilizar que mais se identifiquem
com o território.
Rodas de Diálogo sobre Convivência e Segurança Cidadã
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
São espaços de escuta direcionada,
promovidos para diferentes públicos
(agentes de segurança, mulheres,
adolescentes, líderes religiosos) que
têm como objetivo central sensibilizar
os participantes sobre a temática da
Convivência e Segurança Cidadã,
bem como construir conceitos
coletivos sobre o tema. A atividade
tem uma duração média de duas
horas. São exibidas imagens que
estimulam a percepção da
segurança para além das forças
policiais. Uma dica importante
é priorizar – quando possível –
fotografias referentes à realidade da
comunidade onde será realizada a
Roda de Diálogo (ex: foto de um grupo
de capoeira local, de uma rua sem
asfalto, etc.).
28
É importante que todas as falas sejam
respeitadas, pois é um momento
em que os participantes se sentem
seguros para falar o que pensam e
sentem. O facilitador, portanto, deve
ter sensibilidade para saber mediar
possíveis confrontos de ideias entre
os participantes e, também, para
saber o momento certo de “cortar”
uma fala, permitindo, assim, que todos
participem. A criação do conceito
coletivo é a última etapa e tem como
objetivo sistematizar as falas, de forma
que todos se sintam contemplados pela
definição de Convivência e Segurança
Cidadã construída pelo grupo. É
importante, também, que as Rodas de
Diálogo sejam planejadas e executadas
pela Comissão de Comunicação e
Mobilização Social do projeto.
cidadania
Roda de Diálogo: jovens
se expressam e constroem
conceitos coletivos
Uma das Rodas de Diálogo sobre
Convivência e Segurança Cidadã
aconteceu na sede do Centro de
Referência de Assistência Social
(CRAS), em Itinga, Lauro de Freitas (BA).
Adolescentes do Programa Nacional
de Inclusão de Jovens (Projovem)
participaram da atividade, promovida
pela Comissão de Comunicação e
Mobilização Social. O bate-papo
começou e os “motores” foram se
aquecendo. No início, os meninos
e meninas estavam tímidos. Mas,
quando começaram a ver as imagens
selecionadas para a atividade, soltaram
o verbo! Principalmente, quando a rua
de um deles apareceu na tela. “Oxe! Aí
é perto da minha casa. E esse lixo todo
espalhado aí? É assim mesmo, todo dia!”,
disse um dos adolescentes referindo-se
a uma foto que mostrava uma localidade
de Itinga sem coleta de lixo. Fotografias
em que apareciam policiais militares
fazendo a segurança de um bairro
nobre foram o estopim para que várias
falas sobre abordagens agressivas e
preconceituosas aos jovens negros e
moradores de comunidades populares
fossem disparadas. “Já fui abordado de
uniforme, voltando da escola. Não tava
fazendo nada de errado e o policial já
veio logo me chamando de vagabundo”,
disse um dos participantes. Sobre a
pergunta: o que é segurança para você,
as respostas foram as mais variadas:
autoliberdade, se sentir seguro, não
correr risco, se sentir bem, ausência de
medo, confiança em Deus, policiamento
e saber que as pessoas que fazem o
mal não estão por perto foram algumas
delas. Sobre cidadania, foram certeiros: é
todo mundo junto, fazendo a sua parte;
são cidadãos cumprindo seus direitos
e deveres na sociedade. Ao final da
atividade, construíram coletivamente o
conceito: “Segurança com cidadania é
cada um dar as mãos e se conscientizar
de que somos irmãos, independente de
raça, cor, sexualidade, se é pobre ou rico.
É ter respeito e ajudar uns aos outros a
olhar para o nosso próximo com olhar de
esperança para um mundo melhor”.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
As ferramentas são algumas
das possibilidades existentes
de executar as Diretrizes de
Comunicação e Mobilização Social.
29
O Plano Integral e Participativo de
Convivência e Segurança Cidadã foi
criado, de forma participativa, com
o envolvimento da comunidade. No
entanto, para que ele se torne de
fato uma ferramenta de controle
social, é preciso que seja amplamente
divulgado e conhecido pelos diversos
setores e grupos da comunidade.
Assim, a Cartilha foi pensada para
difundir o Plano, como instrumento
de apropriação do conteúdo e de
subsídio para o acompanhamento
de sua execução.
A Cartilha apresenta os projetos,
metas e indicadores do Plano com
uma linguagem simples e diagramação
atrativa, de forma a atingir os
diferentes atores sociais que compõem
a comunidade local. O livreto traz
dados da região, informações sobre o
conceito de segurança cidadã, dicas
sobre controle social e formas de
atuação e cobrança pela sociedade
civil, além do próprio Plano.
Seu principal objetivo é contribuir
com o empoderamento do Plano, por
parte da comunidade, estimulando
os atores sociais locais a conhecer o
documento, para que possam assumir
o compromisso de acompanhar
a sua execução.
PASSO A PASSO PARA ELABORAR A CARTILHA
DO PLANO E O CADERNO DO TERRITÓRIO
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
1. Identifique, na Comissão de
Comunicação e Mobilização Social,
uma equipe para apoiar em todas
as etapas da produção da Cartilha
e do Caderno do Território:
planejamento, produção e
distribuição e definam coletivamente
as tarefas de cada pessoa
30
2.Realize oficinas de educomunicação
com diferentes linguagens (fotografia,
impresso, história em quadrinho,
design) para envolver a equipe na
produção dos textos e da programação
visual (diagramação, ilustrações,
gráficos,etc.) da Cartilha e do Caderno
3. Planeje e execute a edição final
dos produtos
4. Planeje e execute a distribuição da
Cartilha e do Caderno do Território
em locais e para pessoas
consideradas estratégicas
Caderno do Território
O Caderno do Território conta a
história do projeto desenvolvido na
comunidade, com uma linguagem
lúdica, e com a participação dos
atores locais. A ideia é mostrar todos
que fizeram parte das atividades e
como aquelas ações desenvolvidas
fizeram diferença na vida das pessoas,
apresentando a identidade do lugar
e dando rostos e nomes às
informações técnicas.
Para a produção de um caderno
bonito, criativo e que expresse de fato
a identidade do local onde as ações
foram desenvolvidas, é fundamental
um banco de dados bem completo
e organizado. Se esse banco existir,
a diagramação desses dados pode
certamente render um bom caderno.
É importante que ele contenha fotos,
depoimentos, vídeos, registros de
pessoas, datas, locais e atividades,
entre outras informações
consideradas relevantes para
identificar melhor a comunidade.
O ideal, no entanto, é que as
informações para o caderno sejam
coletadas em um trabalho em parceria
com a Comissão de Comunicação
e Mobilização Social. Ao longo do
desenvolvimento do projeto, e nas
ações da Comissão, é importante
registrar tudo que o foi executado.
As Rodas de Diálogo, por exemplo,
geram diversos depoimentos e a
construção de conceitos coletivos.
Todo esse material pode compor, de
alguma forma, o Caderno do Território.
Diversas outras atividades dentro da
comunidade podem ser executadas
para gerar material para o caderno,
tais como: caminhadas fotográficas,
concurso de redação e festival de
desenho com crianças, entre outros.
O Caderno é uma ferramenta
importante, ainda, para reconhecer
o trabalho dos membros do Comitê
Local, assim como o de outras pessoas
da comunidade que se destacam
por sua atuação e participação
nas atividades do projeto. Outros
projetos que desenvolvem trabalhos
interessantes na comunidade e que
são parceiros também podem
ter destaque.
É importante que o Caderno do
Território tenha uma diagramação
limpa, clara e criativa. Ele é uma
ferramenta, tanto de divulgação do
que foi realizado quando de memória
do projeto, voltada para a comunidade.
Assim, é preciso que ela se enxergue
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Cartilha do Plano Integral e Participativo
de Convivência e Segurança Cidadã
31
Conteúdos que o
Caderno pode trazer
Explicação simples sobre o que o
governo local pode fazer em termos
de políticas de segurança, dando
uma dimensão sobre o papel e o
limite de atuação possível, no âmbito
local, por parte do poder público e da
sociedade civil
Entrevistas com membros do comitê
local e pessoas de destaque na
comunidade
Fotos tiradas ao longo da execução
do projeto
Depoimentos colhidos nas diversas
atividades
Artigos e/ou textos dos integrantes
do projeto sobre aspectos diversos
das ações
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Conceitos coletivos criados a partir
de Rodas de Diálogo
32
Fotografias, redações e/ou desenhos
reunidos a partir de gincanas
ou concursos com membros da
comunidade (em escolas, projetos,
entre outros)
Site e Blog
A internet, na maioria dos casos,
é o primeiro lugar ao qual recorremos
na busca de informações. Dessa
forma, um site sobre o projeto
que está sendo executado é uma
ferramenta importante para atingir
públicos diversos: a comunidade onde
as atividades estão acontecendo, os
parceiros institucionais, a imprensa,
os estudiosos do tema e o público
em geral.
Pela velocidade e quantidade das
informações diárias, o site precisa
ser constantemente atualizado e ter
informações completas. É importante
que a ferramenta tenha a identidade
do projeto, para que a comunidade se
enxergue nela, percebendo-se como
parte atuante do processo. Para isso,
é preciso encontrar um equilíbrio entre
informações puramente institucionais
e aquelas que representam, de fato, o
território onde as ações estão sendo
executadas: seus moradores, tradições,
paisagens, desafios e sucessos.
O custo de produção de um site
varia muito, de acordo com suas
especificidades, podendo inclusive
ser produzido gratuitamente
usando formatos e Sistemas de
Gerenciamento de Conteúdo (CMS)
gratuitos e abertos ao público.
Independente do formato escolhido,
é preciso planejar bem a ferramenta
e suas formas de utilização. Como
diversos públicos terão acesso ao
portal, ele deve apresentar linguagem
simples e ser de fácil navegação. A
disponibilização de fotos e vídeos da
comunidade ajuda no processo de
identificação. O blog também pode
ser produzido de maneira gratuita,
por meio de diversas ferramentas
oferecidas online.
Dentre as páginas ou links sugeridos
para a composição de um portal,
destacamos alguns:
Página principal
descrição do projeto
notícias
galeria de fotos
galeria de vídeos
calendário de eventos
contato
Durante o processo de
planejamento da ferramenta, é
importante destacar quem será a
pessoa responsável pela atualização
das informações e por novas
postagens. É importante, a partir
da Comissão de Comunicação e
Mobilização Social, envolver
membros da comunidade na
produção de conteúdos para que
não seja um espaço totalmente
institucional, o que pode ser feito
mais facilmente com conteúdos
como fotos, vídeos e “posts” em
formato “blog” de opinião. Porém,
é preciso ter em mente que a
quantidade de moderadores/
administradores com acesso
a área de gerenciamento deve
ser reduzida para diminuir a
possibilidade de erros.
Atualmente,
Wordpress, Drupal,
Liferay e Joomla!
estão entre os
Sistemas de
Gerenciamento
de Conteúdo (GSC)
mais populares.
Para construção
de um blog podem
ser usadas
ferramentas como
o Wordpress,
Blogspot e Blogger,
entre outras
disponíveis na
internet.
Página/Link
é a ligação entre
arquivos digitais
publicados online.
Pode ser de um
texto para uma
fotografia ou um
vídeo, por exemplo.
Ao clicar em um link,
automaticamente
é aberta uma nova
página de navegação
da internet com o
arquivo citado.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
nas páginas do caderno e perceba a
diferença que o trabalho realizado fez
na vida daquela comunidade. Por isso,
a diagramação, os textos e as fotos
precisam refletir esse sentimento.
33
divulgação
Site do Programa Conjunto
dinamiza acesso a informações
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
O site do Programa Conjunto da ONU
“Segurança com Cidadania” (www.
segurancacomcidadania.org) é um
importante espaço de divulgação.
Nele, são publicadas as matérias
relativas às ações realizadas nos três
municípios participantes, bem como
fotografias de todas as atividades.
A ansiedade para se ver nas fotos
levou os participantes das oficinas,
cursos e outros eventos a acessar
o site e a divulgá-lo para a sua rede
de contatos. Os jovens muitas vezes
utilizam essa ferramenta de forma
instantânea. Um exemplo foi uma
adolescente que participava de uma
Roda de Diálogo sobre Convivência
e Segurança Cidadã, ao saber do
34
site, acessou-o imediatamente do
seu celular e partilhou com o grupo
depoimentos de outros jovens que
estavam publicados on-line. Outro
destaque do site é o Espaço Cidadão,
localizado em sua página principal
(home page), que periodicamente
homenageia um ator local com
sua foto e história. Foi a partir
do site, também, que o programa
passou a ganhar maior visibilidade
na mídia e na sociedade em geral,
e os comunicadores passaram a
ser acionados com frequência por
e-mail e telefone para oferecer
mais informações sobre as ações
executadas.
As redes sociais são uma ferramenta
poderosa na difusão rápida de
informações. As redes se
difundiram e alçaram um público
diverso e plural. Existem diversas
redes sociais com públicos específicos:
redes para relacionamento
profissional, amoroso ou pessoal,
para pessoas que gostam de
leitura, para troca de informações
sobre assuntos variados e para
compartilhamento de arquivos de
música, entre outras. Assim, é preciso
buscar aquela que atenda melhor o
público alvo. Para muitos, inclusive,
essas ferramentas se configuram na
principal fonte de informação e forma
de compartilhamento. Muitos jovens
nem chegam mais a acessar e-mails,
comunicando-se online por meio das
redes sociais.
Assim, para divulgar um projeto
ou evento em uma rede, é preciso
compartilhar informações
direcionadas, buscando e/ou
criando grupos de interesse comum,
desenvolvendo páginas internas
nas redes e diversificando sempre a
maneira de compartilhar a informação:
imagens, arquivos de áudio, textos e
links para outras páginas da internet
são alguns exemplos.
Newsletter
ou Boletim Eletrônico
Informativo periódico, enviado
eletronicamente (geralmente
via e-mail), para pessoas
previamente cadastradas
na mala direta do projeto. Seu
objetivo é divulgar as ações
desenvolvidas, a partir de
textos jornalísticos, com
depoimentos e fotografias,
podendo trazer conteúdo
inédito – de preferência – ou um
apanhado de notícias e histórias
recentes publicadas no site e nas
plataformas sociais.
fonte
Fonte pode ser o local
de onde a informação
foi extraída ou a
pessoa (fonte de
informação) que
forneceu os dados e/
ou foi entrevistada
para construção a de
uma notícia.
Mosquitinho ou Flyer
O mosquitinho ou flyer é umas das
ferramentas de comunicação com
menor custo de produção. Muito
utilizado para divulgar informações
curtas, ele é uma espécie de
folder com tamanho reduzido.
Geralmente é impresso em preto e
branco, com quatro ou seis dele em
uma folha de papel tamanho A4.
Dessa forma, pode ser copiado e
recortado para ser distribuído
em locais e para pessoas
estratégicas. Em geral, o flyer é um
material publicitário pequeno, sem
dobras no papel.
Dentre as Redes
Sociais online
mais populares
atualmente estão:
Facebook, Twitter,
Instagram, Linkdin,
entre outras. A
plataforma Ning
também merece
destaque, já que
permite a criação
de redes sociais
individualizadas,
com o
compartilhamento
de conteúdos
específicos.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Redes Sociais
35
Convites podem ser impressos ou
eletrônicos. De formato simples, podem
ou não ter dobras no papel. É criado
para divulgação dirigida de um evento
específico, com informações claras e
diretas, tais como: nome do evento, a
quem ele é destinado, data, local, hora
e como se inscrever (se for o caso). É
importante que a diagramação seja
feita de acordo com a identidade visual
do projeto e que seja atrativa.
Podcast
Podcast é a distribuição de arquivos
digitais pela internet. Mais popular
para arquivos de áudio, o podcast
permite a atualização a cada nova
versão publicada.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Folder
36
Assim como o convite, pode ser
eletrônico ou impresso. Pode ser criado
para divulgação dirigida de um evento
específico, com informações claras e
diretas, tais como: nome do evento, a
quem ele é dirigido, data, local, hora,
como se inscrever (se for o caso). Pode
também ter conteúdos atemporais
como folderes institucionais ou
educativos, com um tema específico.
É importante que a diagramação
seja feita de acordo com a identidade
visual do projeto. O folder geralmente
tem um custo de produção mais alto,
pois apresenta uma ou mais dobras
e possui uma capa. Para divulgar
eventos específicos no folder é possível
colocar um conteúdo maior, como a
programação completa do evento,
mini currículo de palestrantes, texto
institucional do projeto, etc.
Bicicleta ou Carro de Som
Muito utilizados em bairros e em
cidades do interior, a bicicleta ou o
carro de som têm grande alcance, e
normalmente, são utilizados para a
divulgação de um evento específico.
Para isso, é preciso uma gravação em
áudio, que traga informações claras e
diretas, já que a pessoa que escutar
provavelmente não terá como anotar
o que está sendo dito. É importante
repetir, pelo menos uma vez, as
informações chaves, como o nome do
evento, data, local e horário. O arquivo
de áudio pode ser difundido ainda pela
internet, por meio das redes sociais,
sites e blogs.
Mailing
O mailing é uma ferramenta
fundamental no processo de
mobilização e articulação dos diversos
atores sociais envolvidos no projeto.
Ele reúne contatos das pessoas que,
de alguma forma, possam ter interesse
nas atividades executadas. É a agenda
de contatos do projeto.
Essa é uma ferramenta que deve ser
bem organizada e constantemente
atualizada. O mailing pode ser dividido
por grupos. Por exemplo: uma pasta
para líderes comunitários, uma para
professores da região, outra para
parceiros institucionais, outra para os
principais contatos na imprensa, etc.
Sempre que houver uma atividade, é
importante que os diferentes grupos de
interesse sejam notificados, por meio
de e-mail, convite eletrônico contato
telefônico e mensagem de celular, entre
outros. Diferentes grupos respondem
melhor a diferentes formas de contato.
Por exemplo: para grupos de jovens, a
melhor forma de comunicação podem
ser as redes sociais, enquanto alguns
membros da comunidade só recebem
a mensagem por meio de uma visita
pessoal ou de contato por telefone.
Registros de áudio,
vídeo e fotos
Os registros audiovisuais – fotografias,
vídeos e depoimentos gravados
em áudio – são ferramentas
comunicacionais versáteis e de
fácil assimilação e aceitação. Para
apresentação de um conceito para a
comunidade, por exemplo, discuti-lo
por meio da apresentação de imagens
que promovam o debate pode ser mais
produtivo do que a utilização de textos
e palestras no modelo tradicional. O
registro fotográfico deve estar pautado
em todas as atividades executadas,
com uma pessoa responsável por
isso. É, importante, também para a
construção do banco de imagens do
projeto, o registro do cotidiano da
comunidade na qual as atividades
estão acontecendo, com fotos que
mostrem as diversas faces da realidade
local. Outro tipo de imagem bastante
útil é aquela que ilustra as questões
abordadas. Por exemplo: se está
acontecendo uma atividade sobre
separação do lixo para reciclagem, uma
boa imagem mostra as pessoas com
o lixo separado ou alguém utilizando
coletores para resíduos recicláveis.
Para o registro em vídeo é importante
uma pauta previamente pensada.
Que imagens serão capturadas? Serão
realizadas entrevistas? Com quem? Que
perguntas serão feitas? As respostas
dependem do objetivo do vídeo. De
forma geral, é sempre útil ter imagens
gerais dos eventos e entrevistas com os
participantes e executores da atividade.
Vídeos curtos, com depoimentos,
podem ser postados rapidamente
em sites e redes sociais. Vídeos
mais elaborados dependem de um
processo de edição.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Convite
37
Atualmente, boa parte das câmeras
fotográficas também captura vídeos.
Até mesmo celulares e outros
dispositivos, como tablets, fazem
vídeos com qualidade razoável, que
podem automaticamente ser postados
online. Assim, o processo se torna ágil
e interativo. No entanto, é preciso estar
atento ao conteúdo do que é publicado,
principalmente quando a divulgação
se dá por meios oficiais. É preciso ter
em mente que a qualidade é mais
importante que a velocidade.
Vídeos e fotografias também podem ser
usados como elementos pedagógicos.
É possível a partir de uma oficina com
jovens da comunidade, realizar um
vídeo que poderá ser utilizado para
divulgação, ou ainda, organizar uma
“caminhada” fotográfica e utilizar as
fotos depois para uma exposição ou em
publicações diversas.
Sempre que possível, é importante a
assinatura de um termo de autorização
de uso de imagem. Quando as imagens
envolvem crianças e adolescentes
é fundamental que os responsáveis
autorizem o uso da imagem. Arquivos
de áudio também se configuram numa
ferramenta comunicacional versátil.
Podem ser disponibilizados online, com
entrevistas, ou serem editados
em podcasts sobre assuntos
relativos ao projeto.
DICAS PARA A ORGANIZAÇÃO DOS REGISTROS AUDIOVISUAIS
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Mantenha cópias de segurança dos
arquivos para evitar perdas
38
Organize fotos e vídeos em pastas
nomeadas, com referência ao evento,
data e nome de quem tirou a foto.
A organização de pastas temáticas
garante mais agilidade ao trabalho,
por exemplo: fotos de lideranças locais,
fotos de reuniões, fotos de paisagens
da comunidade
registre sempre imagens em alta
qualidade, para o caso de precisar
imprimi-las, enviá-las para um jornal
impresso ou programa de TV
ao final de um evento, selecione fotos e
vídeos e já elimine imagens repetidas,
distorcidas, fora de foco ou mal
enquadradas
mantenha sempre um back-up desses
arquivos em locais diferentes (pendrive,
HD externo, etc.)
Relacionando-se com a imprensa
Para garantir a visibilidade do projeto
e, consequentemente, da temática
da Convivência e Segurança Cidadã,
planejar e definir estratégias de
relacionamento com a imprensa é
fundamental. Com o planejamento,
aumentam-se as chances de
se conseguir contribuir para a
qualificação da cobertura da
imprensa sobre temas relativos
à violência, numa perspectiva de
estimular os meios de comunicação
a promover uma cultura de paz e de
convivência cidadã.
O planejamento da comunicação
envolve a assessoria de imprensa e,
dessa forma, desde o início do projeto
é possível montar um cronograma
de intervenções com os veículos de
comunicação. Para isso, é preciso
analisar as atividades previstas
e perceber quais delas têm apelo
midiático, que datas comemorativas
podem ser utilizadas como ganchos
para matérias, que especialistas
estão envolvidos e sobre que
assuntos eles podem dar entrevistas,
entre outras questões.
É importante, portanto, que o projeto
conte, desde sua implementação a
sua finalização, com um trabalho de
assessoria de comunicação - serviço
prestado em instituições diversas,
que engloba todos os aspectos da
comunicação, tais como: jornalismo,
relações públicas, publicidade
e marketing. Já a assessoria de
imprensa é um dos setores da
assessoria de comunicação que
lida diretamente com as redações,
enviando sugestões de pautas e
fornecendo fontes de pesquisa e de
entrevistas, entre
outras atividades.
Dessa forma, o jornalista responsável
pelo projeto deve sempre responder
algumas questões antes de planejar
a divulgação das atividades, tais
como: o que devo e o que não devo
divulgar? Como farei e pra quem?
Quando devo divulgar? É preciso
atenção e parcimônia na seleção do
que será divulgado. Como as redações
recebem centenas de sugestões de
pauta diariamente, assessorias de
imprensa que enviam releases a todo
o momento perdem credibilidade com
repórteres e editores.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Pense sempre em garantir, acima de
tudo, boa qualidade de áudio e imagens
do contexto em discussão, para
serem usadas como ilustrações das
mensagens que serão transmitidas.
Elas ajudam, por exemplo, a cobrir
eventuais problemas (câmara tremida,
iluminação ruim, problema de foco, etc.).
39
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Na contramão dos fatos: o papel
da assessoria de imprensa
40
A mídia pode ser tanto uma aliada, como
trabalhar na contramão dos processos que
estão sendo desenvolvidos. Em Vitória (ES),
duas matérias divulgadas sobre o trabalho
desenvolvido pelo Programa Conjunto
da ONU “Segurança com Cidadania” na
região de São Pedro mostram como o
relacionamento é delicado e precisa ser
constantemente trabalhado. No dia 27 de
agosto de 2012, um dos mais importantes
jornais de circulação estadual trouxe na
capa da editoria de Cidades uma matéria
com o seguinte título: São Pedro, Lugar
onde mora a Violência. A reportagem
continha dados do Diagnóstico Integral
e Participativo da região. No entanto,
o documento trazia dados relativos
aos anos anteriores (2006 a 2010) e
o repórter não foi em busca de dados
atualizados – que apontavam para uma
redução significativa do número de
homicídios na região. Assim, uma matéria
de cunho extremamente negativo, e fora
de contexto, foi publicada, causando
reclamações de diversos setores locais
envolvidos nas atividades do Programa,
especialmente do Governo Estadual, da
Prefeitura e da Polícia Militar. A assessoria
de comunicação do Programa deu início,
então, a um trabalho de entendimento
entre os diversos atores envolvidos.
Foram passados, em parceria com a
PM, os dados atualizados da situação
de homicídios na região, explicando,
novamente, o contexto do diagnóstico e
sua metodologia, as ações que estavam
sendo tomadas no decorrer dos últimos
anos para combater a situação e, ainda, as
atividades do Programa da ONU e o Plano
Local de Convivência e Segurança Cidadã
que acabara de ser lançado. Nos dias que
se seguiram a publicação da matéria, o
jornal não publicou nenhuma informação
complementar sobre a reportagem. Para
o Dia Mundial da Paz, celebrado em 21
de setembro, foi realizada uma grande
ação com a imprensa para o lançamento
do site do Programa. Assim, diversas
redações foram visitadas e diferentes
pautas sugeridas. Uma delas foi a redução
do número de homicídio na região. Então,
neste dia – menos de um mês depois da
publicação da primeira reportagem – o
mesmo jornal divulgou uma matéria de
página inteira com o seguinte título
“São Pedro: Homicídios caem pela
metade”. A matéria, com tom positivo,
trazia moradores da comunidade como
personagens, destacava a atuação da PM e
abordava a atuação da ONU na região.
O planejamento da comunicação
deve incluir uma apresentação
inicial do projeto para os veículos
de comunicação, que pode ser feita
através de uma coletiva de imprensa
ou de uma visita às redações. Esse é
o momento de repórteres e editores
conhecerem o projeto e saberem
que tipo de matéria eles poderão
realizar a partir dele. A entrega de um
presskit contendo informações gerais
do projeto e de suas atividades é
recomendada nesse primeiro contato.
O relacionamento com os jornalistas
deve se manter ao longo de toda a
execução do projeto, mesmo durante
períodos sem execução de atividades
com peso para divulgação, processo
que é conhecido como follow up.
O jornalista responsável pelo projeto deve
se tornar uma fonte sobre a temática da
Convivência e Segurança Cidadã
Quanto mais completo for o release,
menos trabalho o repórter terá, as
chances de erro serão reduzidas e a
probabilidade de a matéria seguir por um
caminho fora do esperado será reduzida
“Enxurrada” de releases nas caixas de
entrada de repórteres e editores diminui
a credibilidade da assessoria. É mais
produtivo enviar menos releses, porém
mais completos e com pautas realmente
interessantes para divulgação
Datas comemorativas que tenham
relação com o projeto são bons
momentos para uma divulgação mais
ampla, com pautas bem produzidas. No
entanto, o trabalho tem que ser planejado
e feito com antecedência
É preciso estar atento aos prazos dos
diferentes veículos. Em média, um
release deve ser enviado com três a
cinco dias de antecedência da data
de publicação. Revistas, no entanto,
É uma entrevista,
geralmente agendada
pela assessoria de
imprensa, que reúne
diversos veículos em
um único momento
para a divulgação de
informações sobre um
determinado assunto.
Press Kit
DICAS PARA MANTER UM BOM RELACIONAMENTO COM A IMPRENSA
O relacionamento profissional com
repórteres e editores deve ser constante
– e não se dar apenas em momentos de
divulgação de atividades
A Coletiva
de Imprensa
geralmente precisam de um prazo maior,
assim como programas televisivos
semanais. Importante, também, ter em
mente os horários de encerramento
de cada veículo, evitando contato
com jornalistas/editores na hora do
“fechamento”
Um banco de fotos e vídeos com
temática correlata ao projeto auxilia
no processo de divulgação. Uma boa
imagem pode garantir uma matéria
de capa
Um banco de dados completo e
atualizado também é importante. A
análise e o cruzamento de dados, por si
só, pode gerar pautas interessantes
As informações devem ser transmitidas
de forma precisa e direta, com
honestidade e transparência, para
a geração de um relacionamento
profissional baseado no respeito e na
confiança entre assessoria de imprensa
e redações
Recomenda-se a criação de
oportunidades para debates com
os jornalistas sobre a cobertura de
determinados assuntos, para garantir
um maior embasamento na geração
de notícias
É um material
preparado para
repórteres e/
ou editores que
apresenta diferentes
informações sobre
determinado assunto.
Normalmente
constitui-se de uma
pasta com release,
outros textos sobre o
tema, dados, tabelas,
gráficos, sugestões
de fontes, dicas de
pautas, arquivo digital
com fotos e/ou
vídeos.
Follow up
É o processo de
acompanhamento do
envio de um release
ou press kit. Consiste
em fazer contato
com os repórteres e/
ou editores para os
quais o material foi
enviado, checando o
recebimento correto
e a necessidade de
agendamento de
entrevistas ou de
complementação dos
dados.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
mídia
41
É uma lista de
contatos de veículos
de comunicação.
Contém os contatos
(telefone, site,
e-mail, endereço)
dos veículos (jornais,
revistas, emissoras
de rádio e de TV) e
dos profissionais
(radialistas,
repórteres, editores).
É interessante que o
mailing seja dividido
por tipo de mídias
(rádio, impresso, TV,
revistas) e subdivido
por editorias (cultura,
segurança, política,
esportes, etc.). Desta
forma, fica mais fácil
direcionar o envio de
releases e pautas.
Dentro do planejamento de
comunicação deve haver um
levantamento dos veículos de
comunicação locais (os comunitários
que atuam somente no território de
execução do projeto), veículos de maior
circulação (meios de comunicação
de alcance estadual e nacional) e
veículos e programas específicos do
tema do projeto (em um projeto sobre
segurança pública executado num
território específico, por exemplo, devese procurar por revistas, programas de
rádio e TV e portais de internet, entre
outros, que trabalhem temas como
segurança ou comunidades).
Um mapeamento da imprensa pode
reunir todos estes dados e auxiliar na
leitura dos veículos mais adequados
para a mensagem que se quer passar.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Outra atividade que deve estar no
planejamento da assessoria de
imprensa é a criação do mailing
do projeto. Esse mailing deve ser
atualizado constantemente, com
atenção para novos veículos e
mudanças nas redações (algo que
acontece com bastante frequência).
42
Para acompanhar o que vem sendo
noticiado na mídia, tanto no que
se refere às temáticas ligadas a
violência e segurança pública, quanto
ao que se refere diretamente ao
projeto em execução no território,
um instrumento importante de ser
criado e alimentado continuamente
é o clipping. Ele contribui, também,
com a sistematização da experiência,
pois traz a memória das ações
realizadas ao longo da execução do
projeto. O clipping também é um
indicador importante no processo
de monitoramento e avaliação
das Diretrizes de Comunicação e
Mobilização Social implementadas.
O clipping é um arquivo digital ou
impresso que reúne as notícias
publicadas nos diversos meios de
comunicação (TV, rádio, revistas,
jornais, internet) sobre um
determinado assunto – que pode ser
um tema específico, uma empresa,
uma pessoa, uma orga nização, etc. É
importante que ele apresente a data, o
nome do veículo, a seção e/ou editoria
na qual a matéria foi publicada e o link
para acesso - caso a notícia esteja
disponível online. Pode ser facilmente
criado por meio de alertas em sites de
busca como o serviço Google Alerts ou
Alertas Google.
Vale ressaltar, ainda, no que tange à
comunicação externa, a importância
de se desenvolver ações de advocacy
com o intuito de estimular, por parte
da imprensa, uma cobertura mais
qualificada e propositiva acerca da
temática da violência e de inserir a
temática da Convivência e Segurança
Cidadã na pauta dos candidatos às
eleições municipais. Como advocacy
implica em influência para a mudança
de políticas e práticas, com ajuda da
imprensa é possível constituir um
dossiê temático – com dados e fatos
convincentes – e, também, com seu
poder de influência, atuar diretamente
na mudança do posicionamento
de políticos e autoridades
governamentais. A realização de
uma capacitação de Convivência e
Segurança Cidadã para os profissionais
da imprensa é uma das ações
apontadas com este propósito.
PASSO-A-PASSO PARA REALIZAR UMA CAPACITAÇÃO
DE CONVIVÊNCIA E SEGURANÇA CIDADÃ PARA A IMPRENSA
1. Defina uma pré-proposta: quais os
possíveis especialistas que podem
conduzi-la; qual o formato ideal;
quais os objetivos; quais os possíveis
produtos; qual o perfil ideal dos
profissionais a serem capacitados
2. Mapeie os veículos de comunicação
locais e organize uma relação
de contatos (mailing) dos seus
dirigentes. É importante neste
momento priorizar os veículos
cuja abordagem de fatos ligados
à questão da violência seja
considerada inapropriada por
reforçar estereótipos, utilizar sempre
as mesmas fontes de informação
e exibir imagens explícitas de atos
violentos, desrespeitar a legislação
a exemplo do que estabelece
o Estatuto da Criança e do
Adolescente, entre outras questões
3. Entre em contato com os dirigentes
dos veículos para apresentar uma
proposta inicial. É muito importante
consultá-los sobre o melhor formato
da oficina, para garantir a presença
dos jornalistas, radialistas e demais
profissionais da imprensa, pois,
como as redações costumam ter
números reduzidos de profissionais
e uma rotina de produção intensa, é
bastante difícil conseguir reuni-los
em capacitações. Mini-oficinas de
duas a três horas de duração dentro
da própria redação costuma ser a
melhor opção
4. Obtenha um perfil detalhado
do veículo de comunicação e, se
possível, dos profissionais que irão
participar da oficina; esta é uma boa
estratégia para garantir a qualidade
da formação, tendo em vista o curto
tempo que se tem para realizá-la.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
mailing
43
Jovens na tv
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
5. Produza um material de suporte
para ser entregue aos profissionais
durante a capacitação que contenha
44
indicação de fontes para entrevista,
dados estatísticos sobre o tema,
orientação de fontes de pesquisa
para aprofundar a temática e de
personagens (histórias de vida
marcantes que contribuam para
“humanizar” a cobertura jornalística)
6. Elenque dicas sobre estereótipos e
expressões a serem evitadas, bem
como dicas de como a imprensa
pode, de forma pragmática, ajudar
a mudar para melhor a realidade
das comunidades. Sensibilizar
os jornalistas sobre o papel que
exercem é fundamental
Dia Internacional da Paz: um
exemplo de mobilização da imprensa
Em Lauro de Freitas (BA), a Divulgação do Dia
Internacional da Paz e o lançamento do site
do Programa Conjunto da ONU “Segurança
com Cidadania” foi uma ação articulada
que envolveu diferentes públicos e teve
grande repercussão. Radialistas de veículos
comunitários e comerciais participaram de um
café da manhã. Além de conhecerem mais sobre
o Programa e sua temática, os profissionais
de mídia foram convidados a refletir sobre o
seu papel na disseminação de uma cultura de
paz no município. Convite que foi feito com um
recurso aparentemente simples, porém bastante
eficaz: a exibição do vídeo documentário da
Peace One Day, organização não-governamental
da Grã-Bretanha. Em menos de 4 minutos, o
documentarista independente Jeremy Gilley
conta como transformou sua angústia em ver
tantos atos violentos espalhados pelo mundo em
uma ação concreta, que se tornou crucial para
estimular a criação do Dia Internacional da Paz,
decretado pela ONU em 21 de setembro de 2001,
como um momento de cessar-fogo e interrupção
de conflitos armados e atos violentos em todo o
mundo. “Incrível como a atitude de uma pessoa
pôde trazer tanto impacto. Quero pensar formas
de fazer isso aqui na comunidade”, destacou
o radialista Paulo Sérgio, da Rádio Panorama
FM. A ação também envolveu visita a alguns
dos principais veículos da grande mídia baiana
para falar pessoalmente com os seus dirigentes.
Durante a conversa, foi possível estimulá-los a
noticiar a violência sobre outros ângulos, a “olhar”
e “divulgar” os jovens moradores de Itinga não
como números estatísticos frios e impessoais,
geralmente relacionados à realização de atos
violentos, mas como meninos e meninas com
nome, idade, história, raiz. Isso foi feito a partir
de exemplos práticos: as chamadas “pautas
jornalísticas”. Uma delas divulga projetos
educacionais voltados para adolescentes e jovens
de Itinga. Um dos resultados desta ação foi a
veiculação pela TV Bahia (filial da Rede Globo de
Televisão) no programa Bahia Meio Dia, de uma
matéria na qual meninos e meninas de Itinga, e
de outros bairros de Lauro de Freitas, tiveram
a oportunidade de falar. Sim, de falar – mesmo
que em poucos segundos – o nome deles e a
mensagem que traziam para um mundo melhor,
com menos violência. Uma mensagem de paz.
Foram falas como a de Michelly Matos, 12 anos:
“Talvez algumas pessoas não reconheçam
a importância deste momento, mas a paz é
essa construção nos pequenos instantes da
nossa vida. É viver bem consigo mesmo, com
o meio, com os outros e deve ser cultivada
todos os dias”, que ecoaram para milhares de
telespectadores. Apesar de não ser possível
aferir quantos dos 90 mil habitantes de Itinga
escutaram essas vozes, é possível ter uma
ideia do impacto que causaram estes poucos
segundos. As palavras do coordenador do
Gabinete de Gestão Integrada do Município de
Lauro de Freitas e Ponto Focal do Programa
Conjunto no período de 2010 a 2012, José Carlos
Arruti, comprovam: “Só quem caminha pelas
ruas de Itinga, que conhece esse lugar, sabe o
quanto foi importante para a comunidade ver os
seus jovens falando na televisão, na Rede Globo,
falando de paz, pedindo paz”.
| GUIA DE COMUNICAÇÃO
Indica-se, também, que o conteúdo
de Convivência e Segurança Cidadã
seja transmitido de forma objetiva,
para além do âmbito estritamente
acadêmico, pois é interessante
que os profissionais compreendam
como podem cobrir fatos violentos,
por exemplo, de uma forma mais
aprofundada, propositiva, indo
além da simples denúncia ou da
reprodução do Boletim de Ocorrência
enviado pela polícia
45
Monitorando e avaliando os resultados
O QUE A PRÁTICA ENSINA?
As ações de monitoramento e avaliação
são fundamentais num processo
de implementação de Diretrizes de
Comunicação e Mobilização Social
e devem ser realizadas ao longo de
todo o processo e sistematizadas ao
final. É importante lembrar que, no
momento de elaboração do Plano de
Ação de Comunicação e Mobilização
Social, deve-se estabelecer metas e
indicadores de avaliação para cada
resultado esperado, tanto em termos
quantitativos, quanto qualitativos.
Assim como as demais
competências desenvolvidas
localmente no âmbito da Convivência
e Segurança Cidadã, a Comissão de
Comunicação e Mobilização Social
constitui-se em uma instância que
manterá sempre em evidência a
necessidade de ação permanente
para o fortalecimento e a ampliação
das conquistas realizadas em prol da
construção de uma cultura de paz. A
Comissão, quando formada de modo
participativo, possibilita a busca de
alternativas coletivas para
a continuidade da promoção do
diálogo entre setor público
e comunidade.
Abaixo, apontamos alguns possíveis
instrumentos e indicadores que podem
ser utilizados para aferir o impacto das
ações e estratégias utilizadas.
Realização de reuniões periódicas
da equipe para planejamento,
reflexão e ajustes
Elaboração e envio de questionários
de avaliação, do formato e conteúdo
dos produtos de comunicação
Implementação de ferramentas de
interatividade no site para avaliar
as ações de comunicação do projeto
(Ex.: enquetes)
Aferição do nível de recepção dos
produtos por meio de depoimentos
Número de acessos registrados no
site do projeto
Número de inserções na mídia das
temáticas relativas ao projeto
Número de inserções na mídia de
matérias sobre o projeto e seus
realizadores
Número de inserções de mídia
espontânea (contatos feitos por
profissionais da imprensa sem
contato prévio feito pela assessoria)
Neste Guia, foi apresentada uma
metodologia para o desenvolvimento
de Diretrizes locais de Comunicação
e Mobilização Social de Convivência e
Segurança Cidadã que garanta que a
prática de comunicação e mobilização
social seja transversal ao projeto, desde
a elaboração até sua implantação.
A Comissão de Comunicação e
Mobilização Social, enquanto instância
animadora deste processo, tem um
papel fundamental para garantir a
governança desta política local que, ao
ser apropriada pelo poder público e pela
sociedade civil e compreendida como
responsabilidade de todos, garante a
sustentabilidade do projeto.
Demandas da imprensa atendidas
pelo jornalista responsável
pelo projeto
Programa Conjunto Indica
Experiências em Comunicação e Mobilização Social
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Vídeos Interessantes
• Intervozes – Levante sua voz. www.youtube.com/watch?v=gf3Votr52QQ
• Anima Mundi – Media. www.youtube.com/watch?v=EFNndi3122M
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• A Voz das Comunidades (www.vozdascomunidades.com.br)
• Nordeste eu Sou (www.nordesteeusou.com.br)
• Agência de Comunicadores para o Desenvolvimento do Subúrbio Ferroviário de Salvador
• Viva Favela (www.vivafavela.com.br)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PORTADORES DE CÂNCER (AMUCC). “Advocacy” quer
dizer o quê?. Disponível em: http://www.amucc.com.br/conteudo/o-que-quer-dizer-advocacy/.
Acesso em: 20 de dezembro de 2012.
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comunicação para mobilização social: em busca da corresponsabilidade. In: HENRIQUES,
Márcio S. (org.). Comunicação e Estratégias de Mobilização Social. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004.
CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELL
(CEBDS). Guia de Comunicação e Sustentabilidade. Rio de Janeiro, 2012.
CORREIA, MARIA VALÉRIA COSTA. Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
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Acesso em: 18 de dezembro de 2012.
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REIS, Sávio Robson. Observatório da Imprensa. Caderno da Cidadania, ano 17, nº 728. Em
08/12/2009, edição 567. Segurança Pública – Mídia, violência e direitos humanos.
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de seus profissionais, in Contato, Revista Brasileira de Comunicação, Arte e Educação, Brasília,
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SOUZA, H. J. Como se faz análise de conjuntura. 11a ed. Petrópolis: Vozes, 1991. 54p.
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TASSARA, Eda. Dicionário Socioambiental: idéias, definições e conceitos.
São Paulo: FAART, 2008.
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Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Casa das Nações Unidas no Brasil
Complexo Sergio Vieira de Mello - Módulo I
Setor de Embaixadas Norte, Quadra 802 - Conjunto C, Lote 17
Brasília – DF CEP: 70800-400
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Comunicação e Mobilização Social em Convivência e