Educação digital, sim. Não precisamos de aulas de informática. Para os ainda nascidos na gera€•o X, entre 1960 a t‚rmino da d‚cada de 70, pode ter sido comum a introdu€•o de conceitos de informƒtica nos conte„dos escolares. Informƒtica era o fim, a ci…ncia a ser percebida. Aprendia-se a ligar e desligar o computador, processar o sistema operacional, operar um editor de textos, manusear o mouse, etc. Estƒvamos na era do “computador fim”. Com a intensifica€•o da sociedade da informa€•o e a populariza€•o do computador pessoal, aulas “somente” de informƒtica n•o faziam mais sentido nas escolas. Computadores passaram a ser entendidos como realmente deveriam, processadores de solu€ˆes. Buscou-se ent•o o uso da informƒtica para facilitar os processos educacionais, desenvolvendo aspectos como coordena€•o motora, percep€•o visual, fon‚tica e outros elementos. Surgia a informƒtica educacional. Encenƒvamos a era do “computador meio”. A evolu€•o foi sagaz e continuamos apreendendo com as mudan€as sociais. Fomos apresentados a pessoas nascidas ap‰s 1980, pessoas multitarefa, autodidatas, conhecedoras de tecnologia, conectadas e que se desenvolveram numa ‚poca de grandes avan€os tecnol‰gicos: A gera€•o Y, ou a chamada gera€•o da Internet. Com tal gera€•o, toda e qualquer investida e ensinar informƒtica nas escolas se demonstrava uma verdadeira perda de tempo. Eles jƒ sabiam de tudo e mais, sabiam operar palms, smartphones, sistemas operacionais, gps, consoles e outros dispositivos. Informƒtica educacional? At‚ seria viƒvel, n•o fosse a elevadŠssima auto-estima deste grupo, fruto da forma€•o dada por seus paŠs, que os proŠbe de acreditar em qualquer li€•o sem que antes busquem o aval do “Google”. A liberdade que tanto marca esta gera€•o os impede de esperarem passivamente por informa€ˆes ou conhecimento. O MSN ‚ mais importante que o joguinho “chato e l„dico” de “drag and drop”. Estamos lidando com pessoas que nasceram fortemente linkadas com o mundo virtual. E ‚ exatamente neste ponto que percebemos que n•o mais precisƒvamos de aulas de informƒtica nas escolas. Eles jƒ sabem, pois nasceram em um “ber€o digital”. Para estes, ensinar informƒtica seria algo como ensinar a comer ou a se vestir. Chegamos a atual era da evolu€•o da sociedade da informa€•o: A era do “computador como paisagem”. Por‚m, todo este altruŠsmo, alta-estima, vaidade, individualismo, egoŠsmo, umbiguismo trouxeram novas implica€ˆes a esta gera€•o, que norteiam como deve ser a educa€•o da sociedade em rede. Superexposi€•o, intoler‹ncia, aus…ncia de limites, intromissˆes e desrespeito s•o apenas alguns dos fatores geradores do uso reprovƒvel das tecnologias, o que vem gerando danos a estes jovens, que muitas vezes se portam de modo arriscado, para na dizer, imundo, no mundo virtual. E ‚ neste ponto que percebemos a defici…ncia. Filhos digitais educados por pais anal‰gicos, que n•o tinham condi€ˆes ou preparo para ensinar-lhes sobre os riscos do mundo virtual e a forma responsƒvel e ‚tica de se relacionar com este ambiente. Esta ‚ a lacuna que a escola atual deve suprir, a lacuna da educação digital. Educa€•o digital ‚ nitidamente digitalizar valores e normas do mundo fŠsico, conscientizando-se para os riscos reais dos atos virtuais, gerando o uso responsƒvel da tecnologia. N•o precisamos de aulas de informƒtica. Que as escolas possam compreender esta diferen€a e come€ar agora a construir as bases para a pr‰xima gera€•o da sociedade da informa€•o. Jos‚ Antonio Milagre ‚ Advogado e Perito especializado em Seguran€a da Informa€•o. E-mail: [email protected] - Twitter: http://www.twitter.com/periciadigital