ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO VENTILAÇÃO Clever Zárate [email protected] VENTILAÇÃO 1 Ventilação é o processo de renovação de ar de um recinto. O objetivo fundamental da ventilação é controlar a pureza e o deslocamento do ar em um ambiente fechado, embora dentro de certos limites, a substituição do ar também possa controlar a temperatura e a umidade do ar. 2 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL É um método de se evitar doenças profissionais oriundas da concentração de pó, gases tóxicos ou venenosos, vapores, em suspensão no ar. VENTILAÇÃO INDUSTRIAL OBJETIVO GERAL A ventilação industrial visa melhorar a qualidade do ar no interior das fábricas, preservando a saúde do trabalhador. 3 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Controle de contaminantes em níveis aceitáveis (evitar a dispersão); • Diluir concentrações de gases e vapores (prevenir fogo e explosões); • Controlar a temperatura e umidade relativa (promover conforto térmico). DOENÇAS CAUSADAS PELA POLUIÇÃO DO AR • • • • • • • Afecções broncopulmonares Hipertensão arterial Doenças do fígado Doenças nos olhos e mucosas Dermatites Anomalias congênitas Câncer de pele e sangue 4 COMPOSIÇÃO DO AR ATMOSFÉRICO N, gases raros, H.......... 78,00% (em ∀) O2 ................................... 20,69% CO2 ................................. 0,06% Vapor de H2O.................. 1,25% Umidade relativa do ar : 50% ; T = 21°C (recinto com pessoas) CONSUMO NORMAL DE AR litro/dia • Repouso..................10600 • Trabalho leve.......... 40400 (3.8x) • Trabalho pesado..... 62000 (5.8x) 5 PRINCIPAIS POLUENTES DO AR • Fumos: partículas sólidas que resultam de fusões de metais pela condensação de seus vapores, tendem a flocular no ar, são tóxicos e acumulativos, com φ<1µm. (fundição, soldas, corte de metais); • Poeiras: partículas sólidas que resultam da desintegração mecânica de substâncias inorgânicas ou orgânicas, não tendem a flocular exceto com forças eletrostáticas, não se difundem e se precipitam sob gravidade, com 100>φ>1µm; Principais poluentes do ar • Fumaças: resultam da combustão incompleta de material orgânico - lenha, óleo, carvão, papel, cigarro, etc., com φ < 1µm; • Fuligem: produtos finos resultantes da queima de carvão e óleo combustível que saem nos gases de combustão de fornalhas e queimadores, escapamentos, das usinas termelétricas e das queimadas florestais). Toda combustão lança carbono negro no ar. O motor a álcool emite menos. O carro a gasolina, dez vezes mais, e o a diesel, cem vezes mais do que o a gasolina; 6 Principais poluentes do ar • Névoas: gotículas líquidas resultantes da condensação de vapores, ou da dispersão mecânica de líquidos em operações de pulverização, nebulização, respingos, etc.; • Gases e vapores: resultam de processos industriais; • Organismos vivos: pólen (5 - 100µm), esporos de fungos (1 - 10µm), bactérias (0,2 5µm), vírus (0,002 – 0,05µm). ASPECTO ECONÔMICO DA VENTILAÇÃO REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS • Indústria cerâmica, alguns controladores de poluição captam o pó que fica suspenso e usam-no como matéria-prima; • Nas madeireiras, o sistema de purificação de ar pode filtrar as serragens para usálas como combustível; • Nas fábricas de café solúvel, boa parte do pó que fica suspenso no ar poderia ser captado e reaproveitado. 7 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE VENTILAÇÃO Ventilação natural ou espontânea Ventilação forçada ou artificial VENTILAÇÃO NATURAL É aquela que se verifica em virtude das diferenças de pressão naturais, ocasionadas pelos ventos e gradientes de temperaturas existentes, através das superfícies que delimitam o ambiente considerado. 8 VENTILAÇÃO FORÇADA É aquela em que a movimentação do ar se faz por meios mecânicos. A ventilação forçada pode ser geral diluidora ou local exaustora. VENTILAÇÃO NATURAL 9 VENTILAÇÃO NATURAL Ventilação por ação dos ventos Ventilação por diferenças de temperatura VENTILAÇÃO POR AÇÃO DOS VENTOS Os ventos ocasionam escalonamentos das pressões externas no sentido horizontal. 10 VENTILAÇÃO POR AÇÃO DOS VENTOS Pequenas diferenças de pressão são suficientes para obtermos correntes de ar satisfatórias, desde que haja caminho adequado para elas. 11 Portas e janelas colocadas em paredes opostas e na direção dos ventos dominantes têm um importante papel na ventilação de certos ambientes. 12 Em certas regiões de clima tropical, os ventos não são permanentes e é na sua ausência que a ventilação se torna mais necessária, devido à intensificação das cargas de insolação. Nesses casos, não podemos contar com a ação dos ventos como recurso único para uma ventilação contínua e eficiente. 13 14 Efeitos da distância entre obstáculo e edificação com relação ao sentido da Ventilação Natural interna. 15 Ventilação natural por diferença de pressão causada pelo vento Torres de vento 16 17 18 Ventilação unilateral No caso de ambientes sem abertura para saída do vento, tem-se a ventilação unilateral. Uma janela que funciona bem cumpre os seguintes requisitos: Inverno fluxo azul (S e SE) Verão fluxo marron (E e NE) 19 Estimativa do Fluxo de Ventilação gerada por ação direta dos Ventos O uso dos ventos para produção de ventilação deve considerar : • Velocidade média do vento; • Direção predominante; • Variações diárias e sazonais; • Interferências locais por obstruções. Como base de cálculo, dimensiona-se para uma velocidade de 50% do valor da velocidade média sazonal local. Cálculo da Qar (ft3/min) que entra num recinto através de aberturas Qv = φ A V A – aberturas de área total (ft2) V – 50% da velocidade média sazonal dos ventos locais (ft/min). φ (coeficiente de eficiência das aberturas) 0,5 a 0,6 – p/ ventos perpendiculares à parede. 0,25 a 0,35 – p/ ventos diagonais A maior vazão de ar por unidade de área é obtida quando as áreas de entradas e de saídas são iguais. Quando são diferentes, faz-se o cálculo, considerando-se a menor das áreas de passagem do ar, e acrescenta-se um aumento de vazão obtido no gráfico adiante: 20 Gráfico para obtenção do aumento de vazão causado pelo excesso de área de uma abertura sobre a outra Exemplo.: Qual a vazão de ar que entra num recinto perpendicular a uma parede onde há 4 aberturas de (4 x 1,50) m2 sendo a velocidade média sazonal do vento de 2 m/s ? A = 4 x (4x 1,50) = 24 m2 V = 0,5 x 2 m/s = 1m/s Φ = 0,5 vento perpendicular à parede Qv = 0,5 x 24 x 1 = 12m3/s = 720 m3/min ≅ 25350 ft3/min Esta produção potencial de ventilação comparada aos “Padrões de Ventilação Geral” aprox. 500 pessoas em sala de reuniões. Aplicação Q (pés3/min/pessoa) Sala de reuniões 50 Fábricas 10 Laboratórios 20 pode ser atenderia 21 Sensação de resfriamento Velocidade (m/s) (°C) 0,1 0 0,3 1 0,7 2 1,0 3 1,6 4 2,2 5 3,0 6 4,5 7 6,5 8 22 VENTILAÇÃO POR DIFERENÇAS DE TEMPERATURA O aquecimento do ar de um ambiente provoca redução de sua densidade, com a conseqüente formação de ... VENTILAÇÃO POR DIFERENÇAS DE TEMPERATURA ... diferenças de pressão, em relação ao exterior, que se escalonam verticalmente, apresentando seu maior valor na aparte superior. 23 A diferença de pressão criada por uma coluna de ar quente em um ambiente a uma temperatura superior à temperatura exterior, depende dessas temperaturas e da altura da coluna. 24 O efeito de termossifão (ou de chaminé) é uma aplicação do princípio de Arquimedes, o qual afirma que a massa de ar aquecida recebe um impulso, de baixo para cima, igual ao peso da massa de ar frio deslocada. Diferenças de pressão obtidas por termossifão, a partir de uma temperatura exterior de 32°C Diferença de temperatura 3 6 10 H (m) ∆p (N/m2) ∆p (kgf/m2) 2 0,2211 0,02255 4 0,4422 0,04509 10 1,1055 0,11273 20 2,2109 0,22545 30 3,3164 0,33818 2 0,4380 0,04466 4 0,8759 0,08932 10 2,1896 0,22328 20 4,3793 0,44656 30 6,5689 0,66984 2 0,7206 0,07348 4 1,4412 0,14696 10 3,6031 0,36741 20 7,2061 0,73482 30 10,8092 1,10223 25 Os valores das diferenças de pressão conseguidas com as variações de temperatura dos ambientes, em relação à temperatura exterior, são bem menores do que aquelas causadas pelos ventos. Pressão dinâmica da velocidade dos ventos ao nível do mar com 20°C e ρ=1,2kg/m3 Velocidade (km/h) Velocidade (m/s) ∆p (N/m2) 5 1.39 1.16 10 2,78 4,63 20 5,56 18,50 Diferenças de pressão obtidas por termossifão, a partir de uma temperatura exterior de 32°C Diferença de temperatura 6 H (m) ∆p (N/m2) 2 0,4380 4 0,8759 10 2,1896 20 4,3793 26 A característica de permanência dos fenômenos de aquecimento, que ocorre na ventilação por termossifão, enquanto sistema de ventilação natural, faz dela uma técnica muito mais segura do que a ventilação que aproveita os ventos. A ventilação por termossifão pode ser intensificada com aberturas dispostas com o maior desnível possível. Este desnível pode ser aumentado por meio de canais adicionais (chaminés de ventilação), técnica usual na ventilação de minas, túneis e mesmo ambientes industriais. 27 Aberturas em coberturas (residências, industrias, etc.) provocam substancial acréscimo da ventilação natural, alem de permitir arrasto do calor de insolação das coberturas, causa de grande desconforto no verão, na maior parte dos nossos ambientes habitados. 28 Portanto, é indispensável o uso de um forro que permita o deslocamento de uma camada de ar entre este e a cobertura. 29 30 Em grandes ambientes industriais (fundições, siderúrgicas, etc.), onde o aquecimento preponderante é a carga térmica gerada no próprio ambiente, tornando-se a insolação da cobertura pouco significativa, ... 31 ... ou o forro, por questões econômicas ou de segurança não for aceitável, a solução será uma cobertura com disposição shed, ou com lanternins providos de proteção fixa ou mesmo com regulagem. 32 33 CALOR 34 É um risco físico presente em uma série de atividades profissionais desenvolvidas no ramo das industrias que apresentam processos com liberação de grandes quantidades de energia térmica. Está igualmente presente em atividades executadas ao ar livre, tais como a construção civil e trabalho no campo. 35 O homem que trabalha em ambientes de altas temperaturas sofre de fadiga, seu rendimento diminui, ocorrem erros de percepção e raciocínio e ... 36 ... aparecem sérias perturbações psicológicas que podem conduzir a esgotamentos e prostrações. REAÇÕES DO ORGANISMO AO CALOR 37 REAÇÕES DO ORGANISMO AO CALOR Vasodilatação periférica Sudorese CONSEQUENCIAS DA HIPERTERMIA 38 CONSEQUENCIAS DA HIPERTERMIA Exaustão do calor Desidratação Câimbras de calor Choque térmico FATORES QUE INFLUEM NAS TROCAS TÉRMICAS ENTRE O HOMEM E O MEIO AMBIENTE 39 FATORES QUE INFLUEM NAS TROCAS TÉRMICAS ENTRE O HOMEM E O MEIO AMBIENTE Temperatura do ar Umidade relativa do ar Velocidade do ar Calor radiante Tipo de atividade Temperatura do ar 40 A quantidade de calor recebida ou cedida por condução-convecção é diretamente proporcional à defasagem existente entre as temperaturas do organismo e do meio ambiente. Equação empírica C = 7 Var0,6 (Tar - Tpele ) Var : Velocidade do ar (m/seg) Tar : Temperatura do ar (ºC) Tpele : Temperatura média da pele (35ºC) 41 Umidade relativa do ar Influi na troca térmica que ocorre entre o organismo e o meio ambiente pelo mecanismo da evaporação. Quanto maior é a umidade relativa do ar, menor será a perda de calor por evaporação, e vice-versa. 42 Velocidade do ar Na condução-convecção, o aumento de velocidade do ar poderá favorecer ou desfavorecer o ganho de calor pelo organismo, caso o gradiente de temperatura seja positivo ou negativo. No caso da evaporação, o aumento da velocidade do ar sempre irá favorece-Ia. 43 Calor radiante O organismo humano absorve calor pelo mecanismo de radiação, quando se encontra perto de fontes apreciáveis de calor radiante. Caso não haja estas fontes ou se estas são controladas, o organismo poderá perder calor pelo mesmo mecanismo. 44 Tipo de atividade Quanto mais intensa for a atividade física exercida pelo indivíduo, maior será o calor produzido pelo metabolismo, constituindo, portanto, parte do calor total ganho pelo organismo. 45 AVALIAÇÃO DO CALOR AVALIAÇÃO DO CALOR Quantificando estes cinco fatores adequadamente, determinam-se os índices de conforto térmico e de sobrecarga térmica para cada local de trabalho, onde se expressam as condições reais de exposição ao calor. 46 Conforto térmico é a resultante da satisfação com as condições térmicas de um ambiente EQUAÇÃO DE BALANÇO TERMICO M: Calor produzido pelo metabolismo C: Calor absorvido ou cedido por condução-convecção R: Calor absorvido ou cedido por radiação E: Calor cedido por evaporação S: Calor acumulado no organismo, SOBRECARGA TÉRMICA 47 O organismo só estará em equilíbrio térmico quando S for igual a zero, ou seja, a quantidade de calor absorvido (metabolismo + calor recebido do ambiente) deve ser igual à quantidade de calor cedido para o ambiente. MEDIÇÃO DOS FATORES 48 MEDIÇÃO DOS FATORES Os fatores ambientais (temperatura, umidade relativa e velocidade do ar, e calor radiante) são quantificados através de instrumentos de medição. MEDIÇÃO DOS FATORES A quantificação do calor produzido pela atividade física do trabalhador é estimada através de tabelas ou gráficos estatísticos. 49 Temperatura do ar Temperatura do ar É medida com termômetro de mercúrio com escala mínima de 0ºC a 100ºC, com subdivisões de 0,2ºC ou menores, e exatidão de ±0,5ºC. A leitura é denominada temperatura de bulbo seco (TBS). 50 51 ESCALAS TERMOMÉTRICAS CONVERSÃO DE ESCALAS 52 Umidade relativa do ar Umidade relativa do ar Mede-se com o psicrômetro ou termohigrometro, constituído de dois termômetros idênticos de mercúrio. Um deles possui o seu bulbo revestido por tecido umedecido com água... 53 Umidade relativa do ar ...destilada e sua leitura é denominada temperatura de bulbo úmido natural (TBU). O outro termometro mede a TBS. Com estas temperaturas é obtida a umidade relativa nas cartas psicrômetricas. TBS TBU 54 Carta Psicrométrica Carta Psicrométrica 55 56 Velocidade do ar Velocidade do ar A medição é feita com anemômetros. Os mais indicados são os sensíveis a pequenos fluxos de ar, que podem fazer leituras contínuas da movimentação de ar não direcional. 57 Calor radiante 58 Calor radiante É medido indiretamente pelo termômetro de globo, que é composto de uma esfera oca de cobre de cor preto-fosco com 15cm de diâmetro e 1mm de espessura. Calor radiante Dentro da esfera é localizado o bulbo do termômetro, cuja leitura é denominada temperatura de globo (TG) 59 60 ÍNDICES DE AVALIAÇÃO DO CONFORTO TERMICO E SOBRECARGA TÉRMICA 61 O objetivo da medição do calor é verificar se a temperatura do núcleo do corpo vai ultrapassar 37°C. Torna-se necessário simular a situação de exposição do homem ao calor, medindo os fatores ambientais. Os diversos índices que correlacionam as variáveis que influem nas trocas térmicas entre o indivíduo e o meio ambiente permitem quantificar a severidade da exposição ao calor. 62 INDICES TEMPERATURA EFETIVA TEMPERATURA EFETIVA CORRIGIDA ÍNDICE DE SOBRECARGA TÉRMICA ÍNDICE TERMÔMETRO DE GLOBO ÚMIDO ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO TERMÔMETRO DE GLOBO TEMPERATURA EFETIVA TE 63 TEMPERATURA EFETIVA - TE Combina a temperatura, a umidade relativa e o movimento do ar num único índice. TEMPERATURA EFETIVA - TE Com o psicrômetro, determinam-se os valores das temperaturas de bulbo úmido (TBU) e seco (TBS) e, com o anemômetro, mede-se a velocidade do ar (V). 64 TBS TBU TE V 65 Exemplo Um determinado ambiente apresentou os seguintes dados: TBS=24°C, TBU=19°C e V=0,5m/s. Calcular a temperatura efetiva TE. Solução TBS=24ºC, TBU=19ºC e V=0,5m/s Resposta: TE=21ºC 66 TEMPERATURA EFETIVA CORRIGIDA TEC TEMPERATURA EFETIVA CORRIGIDA - TEC Combina a temperatura, a umidade relativa e o movimento do ar, junto com o calor radiante do ambiente. 67 TEMPERATURA EFETIVA CORRIGIDA - TEC Numa carta psicrométrica, determina-se o valor da umidade relativa (UR) com TBS e TBU. TEMPERATURA EFETIVA CORRIGIDA - TEC Na carta com a mesma UR e temperatura de globo (TG), em vez de TBS, obtem-se o valor corrigido de TBU (TBUC). 68 TEMPERATURA EFETIVA CORRIGIDA - TEC Com os valores de TG, TBUC e V, determina-se a TEC. Exemplo Um determinado ambiente apresentou os seguintes dados: TBS=33°C, TBU=20°C, TG=40°C e V=1,5m/s. Calcular a temperatura efetiva corrigida TEC. 69 1º Passo TBS=33ºC e TBU=20ºC UR=30% 2º Passo TBS=TG=40ºC e UR=30% TBUC=25ºC 70 3º Passo TBS=TG=40ºC, TBUC=25ºC e V=1,5m/s Resposta: TEC=29ºC ÍNDICE DE SOBRECARGA TÉRMICA - IST 71 ÍNDICE DE SOBRECARGA TÉRMICA - IST Critério de Belding e Hatch Este índice, além das condições ambientais, considera o tipo de atividade exercida pelo indivíduo. Exemplo Um determinado ambiente apresentou os seguintes dados: TBS=90°F, TBU=75°F, TG=110°F, V=100ft/min e M=600BTU/h. Calcular o índice de sobrecarga térmica IST. 72 Solução 1. Partindo com TG até V, no gráfico 1. 2. Descendo ao gráfico 2 até M. 3. Com uma horizontal até o gráfico 3. 4. Partindo do gráfico 4 com TBS até TBU. 5. Com uma horizontal ao gráfico 5 até V. 6. Com uma vertical ao gráfico 3 até encontrar o traço do item 3, e obtemse IST=90. 73 ÍNDICE TERMÔMETRO DE GLOBO ÚMIDO - ITGU ÍNDICE TERMÔMETRO DE GLOBO ÚMIDO - ITGU Método recentemente desenvolvido nos EUA e apresenta a vantagem de utilizar um aparelho (botsball), que através de uma única leitura fornece o índice de sobrecarga térmica. É recomendável para avaliação do calor intenso 74 ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO TERMÔMETRO DE GLOBO - IBUTG 75 ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO TERMÔMETRO DE GLOBO - IBUTG É um índice definido por uma equação matemática que correlaciona TBS, TBU e TG, e considera a presença ou não de carga solar no ambiente de trabalho. ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO TERMÔMETRO DE GLOBO - IBUTG A legislação brasileira, estabelece que a exposição ao calor deve ser avaliada por meio do IBUTG. 76 MEDIR AS TEMPERATURAS DEFINIR TIPO DE EXPOSIÇÃO SEM CARGA SOLAR IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg COM CARGA SOLAR IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg DEFINIR REGIME DE TRABALHO 77 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA TÉRMICO SOBRECARGA CONFORTO TÉRMICO TÉRMICA IST ITGU IBUTG TE TEC CONCLUSÕES • Observações do rendimento do trabalho em minas na Inglaterra, conduziram ao dado que o mineiro rende 41% menos quando a TEC é de 27 °C com relação ao rendimento à TEC de 19 °C. • Há estudos que correlacionam ambiente termicamente desconfortável com índices mais elevados de acidentes no trabalho. • Esses dados demonstram a importância do projeto de ventilação na produção e na segurança de trabalho. 78 CÁLCULO DA VENTILAÇÃO POR TERMOSSIFÃO Termossifão para diluição de calor ambiente 1. Calcular a velocidade c disponível pelo termossifão, m/s; 2. Calcular o volume de ar V necessário para a diluição da carga térmica do ambiente, m3/s; 3. Calcular a área livre A de referência para as diversas passagens do ar. 79 H : Desnível entre as aberturas de entrada e saída, m. Tint : Temperatura interior, K (K = ºC+273). Text : Temperatura exterior, K. λE : Coeficiente de atrito das aberturas na entrada. λS : Coeficiente de atrito das aberturas na saída. Abertura λ Livre 1,5 Protegida por telas ou venezianas com 70% de área livre 3,0 Protegida por telas ou venezianas com 50% de área livre 6,0 V : Vazão, m3/h Q : Carga térmica global, kJ/h 80 EXEMPLO 1 Dimensionar as aberturas para a ventilação natural por termossifão do pavilhão de uma fabrica, cujas características são: • Entradas de ar pela parte inferior, por venezianas, com 50% de área livre; • Saídas de ar na parte superior por lanternins venezianados, com 70% de área livre; • Dimensões do pavilhão: comprimento: 100m, largura: 80m e altura média, 15m, • Desnível centro a centro entre as venezianas inferiores e as venezianas dos lanternins superiores, 12m; • Carga térmica global do ambiente, incluindo insolação, ocupantes, iluminação e equipamentos, 500.000 kJ/h. • Temperatura externa, 24°C. • Temperatura interna, 30°C. Solução A velocidade disponível: A vazão do ar de ventilação: A área livre das aberturas de passagem do ar de ventilação: 81 EXEMPLO 2 Calcular as aberturas para ventilação natural por termossifão de um sanitário individual com 2m2 de área piso e pé-direito de 2,5m. Temperatura externa, 28°C. Índices de renovação de ar (n) Ambiente n Auditórios, igrejas, túneis, estaleiros 6 Fábricas, oficinas, escritórios, lojas, salas de diversões 10 Restaurantes, clubes, garagens, cozinhas 12 Lavanderias, padarias, fundições, sanitários 20 82 EXEMPLO 2 Solução Adotando o índice de renovação de ar do sanitário n = 20, a vazão é V = 20x(2x2,5m3) = 100m3/h. Considerando, que uma pessoa em atividade moderada libera pelo seu metabolismo cerca de 210kJ/h de calor sensível. Pode-se calcular a elevação de temperatura no sanitário: A velocidade de ventilação, com desnível de 2m da entrada (50% livre) e saída (70% livre) A área livre das aberturas de passagem do ar de ventilação: Emissão média de calor por um homem de porte médio ATIVIDADE kcal/h Deitado 74 Sentado e imóvel 96 De pé e imóvel 108 Vestir-se e despir-se 118 Pequena atividade de pé 140 Escrever à máquina (depressa) 142 Executando um trabalho pouco fatigante, de pé,atrás de um balcão 150 Encadernador 155 Trabalho leve de bancada 215 Carpinteiro 240 Empregado de mesa 250 Marcha, velocidade de 5 km/h 270 Dança ou marcha a uma velocidade de 6,5 km/h 350 Pedreiro, canteiro 375 Operário serrando madeira 450 Corrida a uma velocidade de 8,5-9 km/h 580 Esforço máximo segundo a força e resistência individuais 750-1200 83 EXEMPLO 3 Projetar um sistema de ventilação natural por termossifão para uma fábrica de calçados, cujas características são: · Pavilhão industrial de 70 x 30 m, pé-direito de 6 m até o forro, lanternim central duplo com proteção contra chuva de vento; · Os comprimentos 70 m das laterais podem ser utilizados na proporção de 80% para a colocação de janelas tipo basculante com 50% de área livre para a entrada do ar de ventilação; · Carga térmica do ambiente constituída, além da carga térmica residual de insolação da cobertura, que arbitraremos com segurança em 42 kJ/h.m2 , pelas seguintes fontes de calor: Equipamentos: estufas de 80 kW com 10% de utilização = 28.800 kJ/h; estufas de 60 kW com 100% de utilização = 216.000 kJ/h; motores, total de 250 kW com 80% de utilização = 720.000 kJ/h; Total: 964.800 kJ/h (230.480 kcal/h); Iluminação: 20 W/m2 : 72 x 2.100 = 151.200 kJ/h; Pessoas em atividade media: 400 : 400 x 420 = 168.000 kJ/h Solução Considerando uma elevação de temperatura de 5°C em relação ao exterior: a temperatura interna é 37°C (310K). A velocidade disponível, com aberturas livres (λ=6+6=12): A vazão do ar de ventilação: A área livre das aberturas de passagem do ar de ventilação: 84 85 BIBLIOGRAFIA 1 – Ventilação Industrial e Controle da Poluição – A. J. Macintyre – Ed. LTC – 1990; 2 – Manual de Conforto Térmico – Anésia B. Frota e Sueli R. Schiffer – Ed. Nobel – 1988; 3 – Previsão do Tempo e Clima – A. G. Forsdyke – Ed. USP – 1975; 4 – Engenharia de Ventilação Industrial – A. L. S. Mesquita, F. A. Guimarães e N. Nefussi – Cetesb – 1985. 5 – Introdução à Mecânica dos Fluidos – Fox, Mc. Donald e Pritchard, – LTC EdItora – 2006. 6 - Física aplicada à construção-conforto térmico – Ennio Cruz da Costa, - Ed. Edgard Blucher Ltda – 4a. ed. – 2003. 7 – Ventilação - Ennio Cruz da Costa, - Ed. Edgard Blucher Ltda – 1a. ed. – 2005. 8 - Transporte Pneumático – Deodoro Ribeiro da Silva, - Ed. Artliber Ltda. – 2005. 9 – Ventilação Industrial – Carlos A. Clezar e A. C. R. Nogueira – Ed. da UFSC – 2ª.ed – 2009. 10- Ventilação e Cobertas – Gildo A. Montenegro – Ed. Blucher – 8ª. R. – 2008. 86