C A SA M O - C LI M CADERNO CIENTÍFICO Realização da versão original: Mohamed ABDESSELAM Consultor AIRAB Em colaboração com: Paul BREJON e Dominique CAMPANA, Centro de Pesquisa em Energia - École des Mines de Paris; www.cenerg.ensmp.fr Alain CHATELET e Pierre FERNANDEZ, GRECO – Laboratório de Arquitetura Bioclimática da Escola de Arquitetura de Toulouse; www.toulouse.archi.fr François GREAUME, A.F.M.E. Tradução para língua portuguesa: Arquiteta Viviane Nayala Cörner, M. Sc. [email protected] Revisão técnica: Claudia Barroso-Krause, D. Sc. e Oscar Daniel Corbella, Ph. D. [email protected] e [email protected] Edição original: Agência Francesa para a Gestão de Energia Serviço de Formação 27, Rue Louis Vicat 75015 Paris (1) 47.65.24.78 Difusão original: LOGEDIC 8, Rue des Ursiles 70000 Vesoul (16) 84.76.04.01 Informação para usuários: Mohamed Abdeselam: AIRAB Consultant 1, rond-pont du Mimosa59143 Watten (16) 21.88.06.27 [email protected] 1ª edição brasileira: Área de Conforto Ambiental e Eficiência Energética PROARQ – FAU – UFRJ Rio de Janeiro, maio de 2002 www.fau.ufrj.br/proarq e [email protected] - II - SUMÁRIO NOMENCLATURA _____________________________________________ 1 Capítulo I - AS CONDIÇÕES DE CONFORTO HIGROTÉRMICO____________ 3 I. 1 - MÉTODO DE CARACTERIZAÇÃO__________________________________ 3 I. 2 - TRÊS TIPOS DE RESULTADOS ___________________________________ 4 I.2.1 - Valores horários da evolução da temperatura ____________________________________ 4 I.2.2 - Os índices sintéticos________________________________________________________ 4 I.2.3 - O diagrama de conforto _____________________________________________________ 5 Capítulo II - CLIMA E MEIO AMBIENTE ____________________________ 9 II. 1 - AS SEQUÊNCIAS METEOROLÓGICAS: ESCOLHA E PERÍODO ___________ 9 II.1.1 - As diferentes possibilidades._________________________________________________ 9 II.1.2 - Período crítico ___________________________________________________________ 10 II.1.3 - Duração da simulação. ____________________________________________________ 10 II. 2 - TEMPERATURA E HIGROMETRIA _______________________________ 10 II.2.1 - Registro dos dados reais. __________________________________________________ 10 II.2.2 - Dados reconstituídos. _____________________________________________________ 11 II. 3 - INSOLAÇÃO _______________________________________________ 12 II.3.1 - Condições climáticas usuais.________________________________________________ 12 II.3.2 - Condições de céu claro. ___________________________________________________ 13 II. 4 - EFEITO DO SOMBREAMENTO INTEGRADO E DISTANTE _____________ 15 II.4.1 - Definição dos elementos de sombreamento. ___________________________________ 15 II.4.2 - Cálculo do fator de insolação._______________________________________________ 16 II. 5 - TROCAS COM O CÉU_________________________________________ 16 II. 6 - TROCAS TÉRMICAS COM O SOLO E O ENTORNO ___________________ 17 II.6.1 - Trocas com o solo (via embasamento da construção) ____________________________ 17 II.6.2 - Trocas com o entorno. ____________________________________________________ 18 II. 7 - ZONAS CONTÌGUAS _________________________________________ 19 Capítulo III - ENVELOPE CONSTRUTIVO E TROCAS TÉRMICAS _________ 20 III. 1 - TROCAS CONVECTIVAS _____________________________________ 20 III.1.1 - Ambiente exterior. _____________________________________________________ 20 III.1.1 - Ambiente interno________________________________________________________ 21 III. 2 - RADIAÇÃO SOLAR _________________________________________ 22 III.2.1 - Parede opaca: face externa. _______________________________________________ 22 III.2.2 - Parede opaca: face interna. _______________________________________________ 22 III.2.3 - Superfícies envidraçadas __________________________________________________ 23 III. 3 - RADIAÇÃO INFRAVERMELHA _________________________________ 24 III.3.1 - Trocas com o exterior. ___________________________________________________ 24 III.3.2 - Trocas internas _________________________________________________________ 26 III. 4 - VENTILAÇÃO _____________________________________________ 27 III.4.1 - Renovação do ar no local _________________________________________________ 27 III.4.2 - Renovação do ar no ático._________________________________________________ 28 III. 5 - PONTES TÉRMICAS ________________________________________ 28 III. 6 - CARGAS INTERNAS ________________________________________ 29 III. 7 - SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO _________________________________ 30 Capítulo IV - O MODELO TÉRMICO DO ENVELOPE ___________________ 31 IV. 1 - HIPÓTESES GERAIS ________________________________________ 31 IV. 2 - DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL___________________________________ 31 IV.2.1 - Princípio geral. __________________________________________________________ 31 IV.2.2 - Discretização de uma parede. ______________________________________________ 31 IV.2.3 - Os fechamentos envidraçados ______________________________________________ 33 IV.2.4 - O ático ________________________________________________________________ 34 IV.2.5 - Ambiente do local principal ________________________________________________ 35 IV. 3 - FORMULAÇÃO MATRICIAL DO SISTEMA _________________________ 36 IV. 4 - DISCRETIZAÇÃO TEMPORAL E RESOLUÇÃO DO SISTEMA____________ 36 IV. 5 - EXEMPLO DE DISCRETIZAÇÃO ________________________________ 37 IV. 6 - EFICÁCIA DO MODELO ______________________________________ 38 Capítulo V - VALIDAÇÃO DO MODELO ____________________________ 39 V. 1 - VALIDAÇÃO POR COMPARAÇÃO COM MODELO DETALHADO DE REFERÊNCIA: MINERVE [27] _______________________________________ 39 V.1.1 - Análise das hipóteses. _____________________________________________________ 39 V.1.2 - Casamo-Clim e Casamo-Confort _____________________________________________ 40 V.1.3 - Principio da validação _____________________________________________________ 40 V.1.4 - Resultados ______________________________________________________________ 41 - IV - V. 2 - VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL___________________________________ 43 V.2.1 - Metodologia_____________________________________________________________ 43 V.2.2 - Resultados ______________________________________________________________ 43 Capítulo VI - CONCLUSÕES: OS LIMITES DO MODELO ________________ 49 Limites do programa Casamo-Clim __________________________________ 49 BIBLIOGRAFIA _____________________________________________ 51 LÉXICO ___________________________________________________ 54 ANEXO 1 – OS PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO TÉRMICA _______________ 60 ANEXO 2 – PROPOSTA DE NORMALIZAÇÃO ________________________ 79 - V - NOMENCLATURA 1 No intuito de possibilitar uma boa leitura e compreensão no correr do texto e, ao mesmo tempo, não perder as informações técnicas do mesmo optou-se por traduzir, na medida do possível, a simbologia e a nomenclatura francesas com os termos propostos no projeto do CB-02- Comitê Brasileiro de Construção Civil; Desempenho térmico de Edificações; Parte 1: Definições, símbolos e unidades; Origem: 02:135.07-001:1998; CE-02:135.07 - Comissão de Estudo de Desempenho Térmico de Edificações, atualmente em tramitação na ABNT, e que pode ser consultado na íntegra ao final deste documento. Tabela 1:Símbolos e Nomenclatura. Símbolo em francês Definição francesa Definição em português Símbolo em português C Capacité calorifique Capacidade térmica C c Chaleur massique Calor específico c ca Chaleur massique de l'air Calor específico do ar - Fij G Facteur de forme Fator de forma Radiação solar total G Gdf Irradiation global sur plan horizontal D Irradiation diffuse Radiação solar difusa he Coefficient de convection extérieur Coeficiente de troca térmica por convecção externo hi Coefficient de convection intérieur Coeficiente de troca térmica por convecção interno HR Humidité relative Umidade relativa UR i, j Índice de parois Índice atribuído a uma superfície - Q Débit d'air Vazão de ar Var R Résistence thermique Resistência térmica R S Surface de parois Superfície do fechamento - Ta Température ambiente Temperatura ambiente - Tc Température du ciel Temperatura do céu - 1 As variáveis utilizadas uma só vez no texto não aparecem nesta lista. Te Température extérieur Temperatura externa - Tev Température moyenne de l'environnement Temperatura média do entorno (meio ambiente) - Tf Température fixe de consigne Temperatura de projeto - Tp Température de surface Temperatura da superfície de parois - Tr Température résultante Temperatura resultante - TL v Trouble de Linnk Vitesse d'air Coeficiente de turvamento Velocidade do ar V ε Émissivité Emissividade ε Φ Flux thermique Fluxo térmico Φ σ Constante de Plank Constante de StefanBoltzmann σ α Coefficient d'absoption Coeficiente de absorção α θ, Angle Ângulo θ, ρ Masse volumique Massa específica ρ Convenções: [X], matriz de X - 2 - CAPÍTULO I - AS CONDIÇÕES DE CONFORTO HIGROTÉRMICO I. 1 - MÉTODO DE CARACTERIZAÇÃO Existem duas maneiras de avaliar o conforto térmico de um ambiente: 1. Análise dos parâmetros físicos como a temperatura do ar, as temperaturas das paredes, a umidade, o movimento de ar... 2. A modelagem biofísica do balanço térmico sobre um indivíduo padrão. A segunda maneira está fora da esfera da maior parte de programas de simulação térmica da construção, uma vez que necessita de cálculos de velocidade do ar médios dentro do ambiente. Assim, é no quadro da primeira abordagem que se situa o método Casamo-Clim. Este método limita-se ao estudo dos aspectos higrotérmicos do conforto. De um modo geral, os aspectos culturais (p. ex: dificuldade de perceber as correntes de ar em certas tribos africanas), ou psicológicas (p. ex: da influência das cores "amarelo" como cor quente ou "verde, cor fria") não podem ser objeto de um estudo racional e qualitativo. Já a componente higrotérmica da noção de conforto tem relação com as trocas de calor e umidade e estes fenômenos são quantificáveis. O objetivo do método, neste contexto, é fornecer ao projetista uma maneira de ponderar o papel de filtro do envelope que, a partir do ambiente externo, permita criar um microclima o mais agradável possível. Um modelo de avaliação do conforto que resulte em um único índice pode parecer atraente, mas apresenta o inconveniente de ocultar a complexidade e variedade dos fenômenos em jogo. As causas do "desconforto", informação indispensável ao projetista, nem sempre são transparentes. Em matéria de concepção, o conhecimento e a observação dos fatores que determinam a sensação de conforto ou do desconforto são indispensáveis. São eles: - A temperatura do ar seco - A temperatura radiante - A umidade - A velocidade do ar - A atividade - A vestimenta parâmetros relativos ao envelope parâmetros relativos ao indivíduo Na medida em que o interesse é de conceber o envelope construtivo, os parâmetros ligados ao indivíduo não são explicitamente estudados no programa Casamo-Clim. Três tipos de resultados foram alcançados, o que permite fazer uma boa apreciação do conjunto do ambiente obtido. I. 2 - TRÊS TIPOS DE RESULTADOS I.2.1 - Valores horários da evolução da temperatura Com exceção da velocidade do ar, os parâmetros do ambiente são calculados hora a hora. Estes resultados são apresentados na forma de tabela e visualizados em curvas de evolução diária. São eles: - A temperatura do ar, - A umidade relativa, - A temperatura resultante. Em termos de temperatura, este último resultado é mais representativo para o conforto do ambiente, na medida que integra o efeito da radiação infravermelha das paredes e da temperatura do ar (Ta). No programa Casamo-Clim, esta temperatura resultante (Tr) é avaliada de forma aproximada pela fórmula: Tr = Sendo: Ta +1 2 2 ∑ Si × Tpi ∑ Si Si, superfície interna da parede do local estudado. Tpi, temperatura superficial interna da parede. A rigor, seria necessário levar em conta a velocidade do ar para avaliar exatamente a contribuição das trocas convectivas (primeiro termo da fórmula) no cálculo da temperatura resultante. A influência das trocas infravermelhas é avaliada a partir das temperaturas "radiativas" das paredes, ou proporcionalmente às suas superfícies. I.2.2 - Os índices sintéticos Considerando que um projeto é o resultado de várias tentativas, o cálculo dos valores médios de certos parâmetros é particularmente útil para a comparação de alternativas da construção. O índice de conforto proposto (Iconf) integra os valores de temperatura do ambiente que excedem um valor predefinido de limite de conforto. - 4 - Para levar em conta o fator humano, a integração do "superaquecimento" é ponderada no período de ocupação2: t2 I conf 1 + = ⋅ [Ta − Ts] dt ou ∆t??? t 2 − t1 ∫ t1 t1, t2: tempos inicial e final de ocupação. Ta: temperatura do ar Ts: temperatura de projeto + [] : somente os valores positivos são levados em conta No que concerne à temperatura de projeto (Ts), pode-se tomar, por exemplo, 28 °C, temperatura acima da qual o organismo em repouso começa a suar. Este índice é interessante porque é possível examinar o superaquecimento durante os períodos determinados a partir do uso do local em estudo (sala de aula, quarto, escritório); Porém, se optar por Ts = 0, obtém-se assim um índice mais conhecido, o da temperatura média no período de ocupação. Alguns parâmetros (simples) completam estes elementos da análise térmica do local, são eles: - A temperatura resultante máxima, que representa melhor o efeito da inércia; - A umidade máxima, uma vez que o excesso de higrometria é causa de desconforto. I.2.3 - O diagrama de conforto Esta é uma informação mais visual do que pedagógica, que consiste em colocar os pontos característicos do ambiente estudado sobre um diagrama psicrométrico, onde estão definidas uma ou mais "zona de conforto". Optou-se pela representação proposta por GIVONI (Figura 1), remetendo-se ao diagrama psicrométrico que tem por coordenadas a temperatura do ar seco e a umidade absoluta✳. Este diagrama 2 O período de estudo do conforto não precisa ser necessariamente contínuo: o programa efetua também o cálculo de índice de conforto para horas descontínuas de ocupação do local. Nota da tradutora: Naquela época o diagrama bioclimático de Givoni não era tão conhecido como hoje, decorre daí o maior detalhamento de seu uso. Posteriormente o diagrama foi adaptado para clima tropical úmido. [GONZALEZ, ] ✳ - 5 - apresenta a vantagem de já ser usualmente utilizado para o cálculo de sistemas de ar condicionado. LEGENDA: A – zona de conforto; B – zona de conforto se houver ventilação complementar. Figura 1:Diagrama bioclimático de conforto, segundo Givoni. A posição do conjunto de pontos (temperatura x umidade) representativos do ambiente estudado em relação a uma zona de conforto permite, em uma rápida olhada, apreciar as qualidades do edifício. Isto abre a oportunidade de comparar o desempenho: Das alternativas de projeto, De uma variante com condições climáticas diferentes: o papel de filtro da edificação pode então ser questionado. O significado das zonas de conforto tem relação com os critérios de apreciação da qualidade do conforto. A definição dos limites de um polígono de conforto não é absoluta: ela constitui uma indicação representativa da percepção do conforto higrotérmico sobre uma escala que vai do "agradável" ao "insuportável". - 6 - A - Os polígonos de conforto O diagrama se apresenta em duas dimensões (temperatura e umidade). Mas na realidade o conforto térmico deveria ser representado em um espaço com dimensões mais amplas (temperatura das paredes, velocidade do ar, atividade do indivíduo, vestimenta). Então, dentro do diagrama assim demarcado (Ta, UR), as zonas de conforto são definidas sobre as seguintes hipóteses ou condições: 1. Tp ≈ Ta (verdadeiro para um local de pouca inércia e em evolução livre) 2. Certos parâmetros são fixos: - Vestimenta (leve e adaptada à temperatura) - Atividade (sedentária ou pouca) 3. a velocidade é considerada com dois valores: - Ar parado - Local bem ventilado ou se beneficiando de uma brisa. Chega-se, assim, a definição de duas zonas de conforto: • Zona A: zona de conforto agradável nas condições de ar parado, • Zona B: com condição de conforto menos agradável do que em A, mas aceitável se houver uma velocidade de vento razoável (na ordem de 1m/s). No interior de uma zona de conforto, os pontos não são equivalentes: quanto mais se aproximam do limite da zona, mais o conforto térmico diminui (e inversamente no exterior destas zonas). - 7 - CAPÍTULO II - CLIMA E MEIO AMBIENTE II. 1 - AS SEQUÊNCIAS METEOROLÓGICAS: ESCOLHA E PERÍODO II.1.1 - As diferentes possibilidades. Para a simulação do comportamento de uma construção ao longo de um dia é necessário que sejam fornecidos os valores horários da temperatura externa, umidade, velocidade do ar e de insolação. Estes dados podem ser obtidos de duas maneiras: - Utilizando os dados correspondentes de um dia real de um arquivo meteorológico, ou - Reconstituindo estes dados segundo certas convenções. A escolha de uma ou outra abordagem depende dos objetivos do usuário e dos dados meteorológicos disponíveis. A - Dias reais. Sobre um ano (ou de modo mais geral, um período) real, deve-se selecionar uma seqüência representativa dos riscos de desconforto habituais. Afora os problemas de fidelidade dos dados (particularmente para aqueles de insolação), esta abordagem nem sempre é possível por vários motivos: - Arquivos de dados meteorológicos anuais dificilmente disponíveis ou inexistentes, - Certos países têm uma rede de estações meteorológicas pouco desenvolvida sem determinadas medições (insolação, por exemplo). Além disso, eventualmente, a seleção de seqüências climáticas, mais a classificação e a gestão de um grande número de localidades pode levar a uma certa dificuldade no tratamento dos dados. B - Dias reconstituídos. A utilização de dados meteorológicos reconstituídos permite liberar-se do problema de classificação (especialmente no estágio de anteprojeto) e da indisponibilidade de arquivos com dados reais para certas localidades. De qualquer maneira, esta abordagem implica que, para cada nova localização, se conheça a principal característica do clima (dados mensais médios, por exemplo). II.1.2 - Período crítico A escolha de dados representativos do período crítico para o clima estudado apela para o discernimento do usuário. Ele deve ser capaz de hierarquizar as "fontes de desconforto", a saber: - Insolação, - Temperatura, - Umidade, e situar a época na qual a combinação destes três fatores é a mais desfavorável para o conforto térmico. O dia ou os dias (se se estudam mais que um período do ano) selecionados para o estudo do conforto não deve ser, como regra geral, nem médios nem extremos. II.1.3 - Duração da simulação. O programa Casamo-Clim efetua as simulações sobre seqüências meteorológicas que constituem uma sucessão de dias idênticos (característicos do clima do local estudado). O interessante em uma simulação é a exploração dos resultados obtidos em "regime periódico estabelecido". Se as condições iniciais são convenientemente escolhidas, este regime é praticamente "alcançado" ao fim de: 2 ou 3 dias para uma construção leve (exemplo: paredes de madeira e cobertura de telha); aproximadamente cinco dias para construções pesadas (exemplo: laje de concreto, parede de bloco de concreto). Pode-se certificar dos resultados prolongando a simulação até constatar a igualdade, ou quase igualdade, das evoluções temporárias das temperaturas no período de 24 horas✳. II. 2 - TEMPERATURA E HIGROMETRIA II.2.1 - Registro dos dados reais. Os registros são efetuados sob forma de tabelas horárias ou tri-horárias. No que concerne a umidade, o parâmetro de registro é a umidade relativa. Nota da tradutora: onde os valores resultantes para a hora "zero" sejam idênticos aos da hora "24", com a velocidade atual dos processadores, basta, em geral, incluir um número alto de dias (8, por exemplo) para alcançar o regime periódico estabilizado. ✳ - 10 - II.2.2 - Dados reconstituídos. Temperatura e umidade relativa são simulados por arcos de senóides definidos por quatro parâmetros que o usuário deve fornecer: os valores máximos e mínimos, e as respectivas horas de ocorrência3 (Figura 2). Figura 2: Senóide de temperatura máxima e mínima. De modo explícito, as fórmulas utilizadas são duas porções de senóide, nas quais a continuidade é assegurada nos pontos extremos: t ∈ [0, t min ] ou [t max ,24] ( ) ( ) Tmax + Tmin − Tmin ) (T Te = max × sen [ω2 × (t − t 2 )] + 2 2 t ∈ [t min , t max ] Tmax + Tmin − Tmin ) (T × sen [ϖ 1 × (t − t1 )] + Te = max 2 2 3 As máximas de temperatura ocorrem, à falta de dados preciso, nas horas de ocorrência das mínimas de umidade e vice-versa. - 11 - Com e ω1= 6 / (tmax - tmin) t1, t2 e ω2= 6 / (24 - tmax + tmin) as respectivas defasagens. Para determinar estes quatro parâmetros, os dados mensais médios são suficientes. Pode-se procurá-los: - Na estação meteorológica mais próxima da localidade estudada, ou - Na literatura cientifica (método Carrier, Atlas climático, etc.). Exemplos de seleção de dados meteorológicos estão ilustrados em [25] e [26]. II. 3 - INSOLAÇÃO As radiações solares direta, difusa e refletida sobre um plano qualquer (parede opaca, envidraçada ou abertura) do envelope são calculadas: - A partir da entrada de dados horários de radiação solar incidente sobre o plano horizontal; ou - Por simulação – o programa efetua o cálculo de radiação solar na condição específica de dia claro (sem nuvens). Esta segunda solução evita, é claro, que o usuário tenha que coletar e inserir dados medidos. II.3.1 - Condições climáticas usuais. A radiação global e a componente difusa são dados usualmente medidos nas estações meteorológicas. O programa deixa ao usuário a possibilidade de recorrer aos dados equivalentes, como a fração de insolação diária. O cálculo da radiação solar sobre um plano qualquer acontece em quatro etapas: - Cálculo da componente difusa horária "D", da radiação solar sobre o plano horizontal (se ela não foi medida); - Cálculo da radiação solar difusa "Dp", sobre o plano considerado; - Cálculo da componente direta incidente sobre o plano "Ip"; - Avaliação da radiação refletida pelo solo "Ds". a) Cálculo da componente difusa sobre o plano horizontal: A maior parte dos modelos existentes confunde a relação D/G (relação da radiação difusa com a irradiação global sobre o plano horizontal) com a relação G/Ge (Ge designando a radiação solar sobre um plano horizontal fora da atmosfera). O modelo aqui utilizado é o de ORGILL e HOLLANDS [10], simples, pertinente e fácil de manejar. Propondo-se KT = G/Ge, este se apresenta sob a fórmula analítica a seguir. - 12 - D/G = 1 – 0,249 . KT se KT < 0,35 Céu nublado ou coberto D/G = 1,557 – 1,84 . KT se 0,35 < KT < 0,75 Céu médio D/G = 1,77 se KT > 0,75 Céu claro Estes valores foram estabelecidos para diversas condições climáticas. b) Radiação difusa sobre o plano inclinado: A hipótese simplificada "clássica" é de considerar a radiação isotrópica (igual distribuição da radiação solar difusa em todas as direções). Esta hipótese foi adotada, mas, na realidade, a radiação difusa tem uma característica anisotrópica. Os modelos que levam em conta estes fenômenos são evidentemente mais precisos. c) Componente direta sobre um plano qualquer: Ela é calculada pelas relações astronômicas clássicas a partir do valor da radiação direta sobre o plano horizontal, que é igual a G – D. Obtém-se a expressão: I p = ( G − D) ⋅ cos(θ) sen(h) Ip = 0 para 0 < h < 90 para h=0 Sendo h: altura angular do sol , υ: ângulo de incidência (ângulo entre o raio de sol e a normal ao plano considerado) d) Radiação refletida pelo solo; Recorre-se ao modelo isotrópico (ver § II.6.2) II.3.2 - Condições de céu claro. O conhecimento da componente direta da radiação incidente normal In e do valor da radiação difusa sobre o plano horizontal Do permite determinar o valor da radiação solar sobre um plano inclinado, a partir de relações astronômicas e de um modelo de reconstituição da difusa sobre um plano inclinado. Se se dispõe de valores horários destas componentes, existem relações empíricas para avaliar In e Do, sob certas condições: céu claro, sem nuvens. Nota da tradutora: é o ângulo entre o raio solar e sua projeção no plano horizontal. - 13 - O modelo de KASTEN [20] efetua o cálculo ligando In e Do às condições de turvamento características da atmosfera sem nuvens para um lugar e uma época dadas: In = I'o exp [− m ⋅ TL / (0,9 ⋅ m + 9,4 )] e Do = I 'o 25 ⋅ sen (h) [ ⋅ TL − 0,5− sen (h) ] TL representa o coeficiente de turvamento; m = 1 / sen h para h > 10°; h = altura angular do sol, I'o = 1370 W / (m².K), é a constante solar . O coeficiente de turvamento é o número de atmosferas puras e secas que são necessárias somar para obter a mesma atenuação da radiação direta que aquela que foi constatada. Por exemplo: TL = 2 corresponde a um céu muito limpo e seco; = 4 corresponde a um céu limpo; = 6 corresponde a um céu nublado; A área de variação do modelo é relativamente larga, mas ela exclui as condições de céu encoberto ou cuja insolação difusa é preponderante. Não obstante, o modelo é particularmente bem adaptado para simular os períodos climáticos para os quais os riscos de desconforto são mais elevados, por exemplo: condição de céu ligeiramente encoberto em clima tropical úmido, ou condição de céu limpo em clima tropical seco. O coeficiente de turvamento depende principalmente da umidade e da quantidade de partículas d'água (medidas pelo coeficiente de Ångström). O programa não efetua cálculo do coeficiente de turvamento; é um dado que o usuário deverá fornecer. Existem várias fórmulas para calcular TL. Pode-se, por exemplo, utilizar a fórmula de PERRRIN DE BRICHAMBAUT [19]: TL = 1,6 + 16 ⋅ β + 0,5 ⋅ Log (pv) Sendo coeficiente de Ångström [variando de 0.01 a 0.2 (zona industrial)] pv, pressão de vapor d'água [Pa]. Nota da tradutora: nos melhores livros sobre Energia Solar o valor que se utiliza para a constante solar é de 1353 W/m² K. - 14 - É possível, também, determinar TL empiricamente utilizando o seguinte procedimento: comparam-se as curvas horária da radiação global medidas nas estações meteorológicas com aquelas simuladas pelo programa, fazendo variar o TL; obtém-se um valor próximo de TL quando for constatada uma boa superposição das curvas. II. 4 - EFEITO DO SOMBREAMENTO INTEGRADO E DISTANTE O efeito de um elemento de sombreamento é avaliado, em um dado instante, em relação a um ponto de uma fachada do envelope, ou em relação a uma superfície, parte de uma fachada. Caracteriza-se pelo valor do fator de insolação, quer dizer a fração de radiação solar global incidente sobre o plano da superfície sombreada efetivamente recebida pela superfície, tendo em conta a presença do elemento de sombreamento. II.4.1 - Definição dos elementos de sombreamento. Costuma-se distinguir dois tipos de elemento de sombreamento que podem agir simultaneamente: - Elemento distante: está ligado ao meio entorno da superfície estudada (relevo, construções vizinhas). Levando em conta a distância deste, o cálculo da sombra é efetuado pontualmente, no centro zero da superfície sombreada. O elemento de sombreamento é definido pelas coordenadas (azimute e altura angular) de uma série de pontos, ligado entre eles dois. Os segmentos de reta, chamados de elementos primários de sombreamento, são ordenados começando pelo lado direito . A altura angular de cada ponto é calculada a partir da altitude do ponto e da distância ao centro zero de sua projeção no plano horizontal que passa por zero. Estes dados são levantados diretamente no local ou extraídos de uma planta de situação. - Elemento integrado: está situado na proximidade da superfície, normalmente integrado ao envelope construtivo. Este tipo de elemento de sombreamento requer um cálculo da sombra mais preciso; não se pode limitar a um estudo pontual no centro zero da superfície sombreada. Assim, é necessário levar em conta sua geometria. O elemento de sombreamento integrado é definido tendo como referência os elementos de sombreamento típicos (ver Manual de Utilização): plano vertical, aresta horizontal, composição das arestas verticais e horizontais, etc. Nota da tradutora: todo o princípio da descrição do programa Casamo-Clim pressupõe que o observador está no interior do ambiente simulado, olhando para fora. - 15 - II.4.2 - Cálculo do fator de insolação. a) Radiação direta - Elemento de sombreamento distante: para cada elemento que sombreia a superfície, é testado se, no instante considerado, o sol está visível ou não no centro zero da mesma. O fator de insolação instantâneo do elemento de sombreamento distante, fL, pode ter então um valor de 1 ou 0. - Elemento de sombreamento integrado: as relações geométricas determinam a projeção do elemento de sombreamento integrado (sombra) sobre a superfície, conforme a direção dos raios de solares diretos. O fator de insolação instantâneo do elemento de sombreamento integrado, fP, é igual à relação entre a região ensolarada e o total da superfície. O fator de insolação, f1, dos elementos de sombreamento associados, integrado e distante, é calculado pela relação: f 1 = f P . fL b) Radiação difusa Um elemento de sombreamento que faz obstáculo a uma parte da radiação difusa emitida pela calota celeste modifica, também, a radiação refletida pelo entorno, geralmente reforçando-a. Na hipótese isotrópica da difusa, o cálculo do fator de ângulo da calota celeste vista pela parede, levando em conta os elementos de sombreamento seria desejável. Mas, a modelagem do efeito do entorno resulta extremamente complexa. Portanto, admite-se que a atenuação da radiação difusa celeste por um elemento de sombreamento é compensada em média pelo efeito reforçado exercido sobre a radiação refletida proveniente do entorno [3]. II. 5 - TROCAS COM O CÉU O envelope de uma edificação troca energia com o céu de duas maneiras: Por radiação difusa emitida pela calota celeste (ver parágrafo precedente) Por emissão infravermelha para a calota celeste. Com efeito, em tempo claro (quando não existem obstáculos como nuvens), o envelope construtivo emite para a calota celeste um fluxo de energia considerável. Para calcular este fluxo define-se a temperatura do céu (ou temperatura de emitância do céu). Rigorosamente, esta temperatura depende da umidade do ar, da altitude e constituição das nuvens. Tc, a temperatura equivalente do céu se calcula pela fórmula: Tc = - 16 - (ε c ) ⋅ Te 4 Onde εc, é a emissividade do céu. Te, a temperatura exterior. A emissividade do céu depende da umidade contida no ar. O modelo adotado para o cálculo de εc, emissividade do céu claro, é aquele proposto por CLARK e ALLEN (1981). ε c = 0,77 + 0,0028 ⋅ Tv admissível com Tv, temperatura de orvalho, em °C. O caso de um céu encoberto não é tratado, pois os períodos mais desconfortáveis correspondem em geral aos dias de céu claro (mais ou menos nublados)✳. II. 6 - TROCAS TÉRMICAS COM O SOLO E O ENTORNO II.6.1 - Trocas com o solo (via embasamento da construção) a) Edifício assentado diretamente sobre o solo. Para o cálculo de transferência de energia térmica, considera-se que a face externa do piso se localiza em local de temperatura fixa para o período considerado. Esta temperatura do solo deve ser inserida pelo usuário em função dos valores meteorológicos disponíveis (na prática ela corresponde à temperatura exterior média do período menos alguns graus). Sobre estes últimos, nota-se que a temperatura do solo varia pouco no período de alguns dias. Assim, considerar a variação desta temperatura no decorrer do dia parece pouco realista levando em conta a precisão e os objetivos do modelo. b) Construção sobre vazio, porão Supõe-se que o espaço vazio seja suficientemente ventilado e considera-se que evolui na mesma temperatura que a temperatura do ar exterior. Nota da tradutora: à falta de valores para clima tropical úmido, pesquisas recentes na Martinica, [MOLLE,...] dão como valor médio para a temperatura equivalente do céu Tcéu = 0,96. VERIFICAR NO TEXTO PORQUE CORBELLA DIZ QUE NÃO É POSSIVEL. ✳ - 17 - II.6.2 - Trocas com o entorno. a) Devido ao sombreamento distante. Eles são chamados pela memória do programa e foram abordados no § II.4. b) Trocas infravermelhas. As trocas infravermelhas com o entorno são calculadas baseadas na seguinte hipótese: a temperatura do entorno (solo, construções, etc.), Tev, evolui da mesma maneira que a temperatura exterior, Te: Tev = Te c) Albedo terrestre. A radiação solar refletida pelo solo, que pode atingir as diferentes partes do envelope construtivo, é avaliada com ajuda do parâmetro albedo terrestre (Figura 3). Figura 3: Radiação solar e albedo terrestre. O fluxo refletido pelo solo é considerado isotrópico. A radiação solar refletida pelo solo e recebida por uma parede qualquer se apresenta sob a forma de: Φ = a⋅G⋅ Sendo 1 − cos(θ) 2 a: albedo do solo, : inclinação da parede, G: radiação solar global recebida pelo solo (considerado como um plano horizontal). - 18 - II. 7 - ZONAS CONTÌGUAS O programa Casamo-Clim simula apenas uma zona térmica, eventualmente ligada a um ático. Cenários aproximados procuram reconstituir o comportamento térmico das zonas vizinhas. Distinguem-se três tipos de ambientes vizinhos, que definem o meio contíguo às faces externas das paredes da zona simulada: Um ambiente semelhante ao do local considerado. A temperatura evolui de maneira idêntica àquela calculada pelo programa Ta (t), com uma defasagem horária (meia hora, uma unidade de tempo de cálculo); Um ambiente com temperatura fixa Tf, definido pelo usuário a priori. Pode ser, por exemplo, a temperatura de projeto para funcionamento do condicionamento de ar, se o local vizinho é resfrigerado, ou também um local enterrado, relativamente isotérmico; Um ambiente vizinho cuja temperatura evolui como a temperatura externa. Por exemplo, um local fortemente ventilado. Estas três possibilidades cobrem uma grande parte das situações encontradas na prática. - 19 - CAPÍTULO III - ENVELOPE CONSTRUTIVO E TROCAS TÉRMICAS III. 1 - TROCAS CONVECTIVAS III.1.1 - Ambiente exterior. Para os fins de uma ferramenta de apoio à concepção bioclimática, no início do projeto, não é necessário fazer uma modelagem muito precisa das trocas convectivas que são extremamente complexas. Então, o programa Casamo-Clim limita-se a expressões usuais de troca linear e modulada em função do vento. Desta forma, o fluxo convectivo da superfície externa de uma parede se exprime sob a forma de: Φ c = he ⋅ ( Tpe − Te ) Sendo Tpe, [W / m2 ] temperatura exterior da parede [°C]. Te, temperatura exterior [°C]. he, coeficiente de troca convectivas [W / (m² K)]. O coeficiente de troca he depende essencialmente da velocidade do vento (intensidade e direção). Correlações foram estabelecidas entre he e v (velocidade do vento). Elas assumem a forma de: he = a + b ⋅ v n O método baseia-se nas correlações propostas pela ASHRAE e estabelecidas por ITO e KINURA: • • Parede que enfrenta o vento dominante (pressão positiva): se v < 2 m/s h e = 12,24 se v > 2 m/s h e ( v ) = 8,05 ⋅ ( v + 6) 0.605 Parede à sotavento (pressão negativa ou ): he ( v ) = 3,04 ⋅ ( v + 6) 0.605 [W / m K ] [W / m K ] 2 2 [W /m K ] 2 O programa Casamo-Clim leva em conta duas velocidades do ar: - Uma representativa do vento médio de diurno; - Outra representativa do vento médio à noturno✳. III.1.1 - Ambiente interno O coeficiente de troca térmica por convecção depende também, da velocidade do ar. Em um ambiente interno esta velocidade pode ser induzida por vários fenômenos: - a ventilação do local (abertura de janelas); - movimentação mecânica do ar (ventilador, sistema de refrigeração). O fluxo se expressa então na seguinte forma: [W / m ] 2 Φ = hi ⋅ ( Tpi − Ta ) Sendo Tpi, temperatura interna da parede. Ta, temperatura do ambiente. Onde hi se expressa em W/m²K com os valores da Tabela 2. Tabela 2: Valores estimados de hi. Superfície Vertical Forro / Teto Piso Ventilação Pouca 2,5 1 1,5 Média 3 2 4 Forte 5 5 5 Os valores propostos foram retirados da análise de diversas fontes experimentais e, portanto não se pretende uma grande precisão. Note-se, entretanto, que uma imprecisão em hi influi muito pouco sobre o balanço global do local. O movimento do ar pode ser gerado por: - Um ventilador em funcionamento, quando o índice de ventilação pode ser considerado como elevado; ✳ Nota da tradutora: Os horários de início dos ventos coincidem com os horários de início dos períodos diurnos e noturnos solicitados pelo programa na entrada dos dados. - 21 - Renovação natural de ar; as velocidades do ar aumentam globalmente com a taxa de renovação do ar. Embora nenhuma relação tenha sido estabelecida, pode-se considerar globalmente as seguintes correspondências: - • fraco índice de ventilação: 1–2 vol/h • médio índice de ventilação: 2 – 20 vol/h • forte índice de ventilação: > 20 vol/h III. 2 - RADIAÇÃO SOLAR III.2.1 - Parede opaca: face externa. O fluxo solar absorvido por uma superfície receptora externa de uma construção é descrito como: Φ s = α e ⋅ Gp Sendo: [W / m ] 2 αe, absortividade da face externa (sem dimensão) Gp radiação solar global incidente sobre a parede [W/m²] Gp é a soma das radiações direta, difusa e refletida recebidas pela parede, calculadas como indicado nos § II.3 e II.6.2 (b). III.2.2 - Parede opaca: face interna. Trata-se do fluxo solar proveniente da superfície envidraçada após sua reflexão sobre as diferentes paredes internas e a multi-reflexão entre elas. A questão da "mancha solar" é elucidada pela seguinte hipótese: as radiações diretas e difusas são consideradas como isotrópicas (esta hipótese é realista para os projetos de edificação tropicais onde uma regra essencial é a de reduzir o mais possível a entrada da radiação solar direta). A repartição da radiação solar no interior de um local é calculada pelo "método das radiações". Seja: Ei: "emittence" radiação incidente sobre a parede i i: energia radiante que entra pela janela na parede i para superfícies envidraçadas). [W/m²] [W] ( i = 0, salvo αi: coeficiente de absorção interna da parede i [sem dimensão] Nota da tradutora: segundo se deduz das fórmulas esta seria a interpretação mais coerente da palavra "emittence" que não tem tradução para o português. - 22 - Si: superfície da parede i. Fij: fator de forma da parede j em relação à parede i, valor aproximado da seguinte maneira: Fij = Si Sk para ∑ j≠i e Fii = 0 k ≠i O balanço de uma parede i se estabelece, então, segundo a relação: S iEi = ∑ Fji [S j (1 − α j )E j + Φ j ] j≠i Chega-se a um sistema de n equações lineares (n representando o número de paredes) escrita sob a forma matricial, em notação simbólica: [E] = [Fα] [E] + [F] [ ] ou [E] = [I - Fα]-1 [F] [ ] As matrizes ou vetores são definidos como: ⇒ [F] matriz de termo genérico Fij ⇒ [Fα] matriz Fα ij = Fij ⇒ [E] vetor da coluna das energias Ei ⇒ [ ] vetor da coluna dos fluxos que entram Sj Si (1 − α j ) i III.2.3 - Superfícies envidraçadas Em relação à transmissão da radiação solar, eles são modelizados classicamente, com coeficientes de transmissão distintos conforme se trate de radiação direta ou difusa. O modelo integra as configurações de vidro simples ou duplo e a presença eventual de um fechamento interno (cortina ou similar). O fluxo total que atravessa uma superfície envidraçada é dado por: Φ = {τ 1 (n) ⋅ R dir + τ 2 (n) ⋅ R dif }F ⋅ S ⋅ rt - 23 - S: superfície da abertura [m²] – vão total na alvenaria (ab); rt; coeficiente de esquadria, relação da superfície da esquadria com a superfície da alvenaria (cd/ab)✳, sem dimensão; a c d b Figura 4: Ilustração de como programa considera o coeficiente de esquadria. n: número de vidros (1 ou 2); F: coeficiente de ocultação τ1: coeficiente de transmissão da radiação direta; τ2: coeficiente de transmissão da radiação difusa; Rdir: radiação solar direta incidente; Rdif: radiação solar difusa; [sem dimensão, variando entre 0 e1]; III. 3 - RADIAÇÃO INFRAVERMELHA III.3.1 - Trocas com o exterior. As trocas radiativas infravermelhas de uma parede com o entorno externo se decompõem, classicamente, em duas partes: - Trocas radiativas com a calota celeste - Trocas radiativas com o entorno imediato O fluxo total trocado (contado positivamente se o fluxo liquido é recebido pela parede) pela face externa da parede escreve-se: ( Φ g = εp ⋅ σ ⋅ Fc Tc4 − Tp4 calota celeste ✳ ) ( 4 + ε p ⋅ σ ⋅ (1 − Fc ) ⋅ Teq − Tp4 ) entorno Nota da tradutora: trata-se do percentual da superfície efetivamente transparente da abertura Por exemplo: blindex = 1, esquadria de alumínio = 0,85, etc. Nota da tradutora: elemento interno de ocultação como cortina, treliça, planta, etc. - 24 - Sendo: εp: dimensão] σ: emissividade da superfície externa da parede constante de Stefan-Boltzmann✳ Fc: dimensão] [sem σ = 5,68 x 10-8 [W/m²/K] fator de forma do céu visto pela parede [sem Tp: temperatura superficial da parede [K] Tc: temperatura do céu (ver § II.5) [K] Teq: temperatura equivalente do entorno (solo, relevo, vegetação, outras construções, ver § II.6) [K] A pequena diferença relativa entre as temperaturas permite tornar linear as trocas infravermelhas, obtendo-se assim: Φ g = h c ⋅ ( Tc − Tp ) + h ev ⋅ ( Tev − Tp ) [ W / m2 ] com: 3 hc = 4 ⋅ ε p ⋅ σ ⋅ Tpm ⋅ Fc e 3 hev = 4 ⋅ ε p ⋅ σTpm ⋅ (1 − Fc ) [ W / m2 K ] Tpm é a temperatura média de troca. Os estudos de sensibilidade colocam em evidência a fraca incidência nos resultados segundo a escolha do valor de Tpm. Por isto, no programa Casamo-Clim, Tpm foi fixada permanentemente em 303 K. O fator de forma do céu visto pela parede é determinado pelo ângulo de inclinação da parede ( ) e presença eventual de um elemento de sombreamento: Fp = 1 + cos(θ) − Fm 2 Com: , ângulo de inclinação da parede Fm, fator angular dos eventuais elementos de sombreamento, visto pela parede Nos dois casos mais comuns de paredes verticais ( =90°) e horizontais ( =0°), e na ausência do elemento de sombreamento (Fm = 0): (Fp) vertical = 0.5 e (Fp) horizontal = 1. Nota da tradutora: no original aparece como constante de Planck, mas trata-se de um erro, pois se refere à constante de Stefan-Boltzmann, como pode ser verificado em qualquer livro de física. ✳ - 25 - III.3.2 - Trocas internas As paredes de uma construção trocam entre si radiação infravermelha. Na medida em que os materiais de construção têm uma emissividade próxima de 1 no infravermelho, adquirem um comportamento semelhante ao do corpo negro. Então, o modelo adotado despreza a reflexão, mas leva em conta a redução da emitância global pelo fator de emissividade. O fluxo trocado entre uma parede i e as outras paredes j do cômodo exprimemse como adiante: (Φ g )i = σ ⋅ ε i ⋅ ∑ Fij ⋅ (Tpj4 − Tpi4 ) [W / m2 ] j≠i Sendo, i: emissividade da face interna da parede i 9: constante de Stefan-Boltzmann Fij: fator de forma da superfície i em relação à superfície j Tpj,Tpi: temperaturas superficiais das paredes i e j Como para as trocas infravermelhas externas, a linearização da fórmula simplifica os cálculos, sem perda sensível de precisão, obtendo-se, assim: (Φ g )i = ε i ⋅ ∑ Fij ⋅ hij ⋅ ( Tpj − Tpi ) j≠i Sendo, 3 hij = 4 ⋅ σ ⋅ ε i ⋅ Tm Tm: temperatura média da parede O coeficiente de troca hij só depende da parede i; ele será escrito doravante como Hi. Formulado de outra maneira, o fluxo ( g) i, se escreve: Φ g = Hi ⋅ ∑ Fij ⋅ ( Tpj − Tpi ) W / m2 j ≠i A Temperatura média é fixada em 303 K. Os fatores de forma são definidos percentualmente às superfícies das paredes, como a seguir: - 26 - Fij = Sj S t − Si Fij = 0 se j≠i se j=i Sj, Si superfícies das paredes i e j [m²] St, superfície total interior [m²] Este modelo não satisfaz rigorosamente a condição de reciprocidade dos fatores de forma: Si Fij = Sj Fji. Entretanto, levando em conta que a forma dos cômodos são geralmente paralelepípedos, esta imperfeição do modelo tem pouca repercussão na precisão das simulações térmicas efetuadas. NP Note-se que fica mantido ∑ Fij = 1 j=i III. 4 - VENTILAÇÃO III.4.1 - Renovação do ar no local A ventilação de um local depende das condições exteriores do vento, da implantação no terreno, da superfície e da posição (abertas ou fechadas) das janelas e do funcionamento de sistemas mecânicos (ventiladores). Uma ferramenta completa que disponha de todas estas entradas deve estimar a vazão de ar em um local e as velocidades do ar no interior. Infelizmente, se a avaliação desta soma já é possível em um microcomputador (30), a pesquisa das velocidades interiores, grande consumidora de tempo de cálculo está no momento fora alcance e fica reservada aos computadores mais potentes que utilizam modelos detalhados. O método Casamo-Clim não efetua mais de uma estimativa de vazão de renovação de ar e de velocidade do ar. Estas devem ser avaliadas a priori. As velocidades do ar próximas às paredes, necessárias ao cálculo dos coeficientes de troca por convecção, são supostas idênticas para todas as paredes. Elas são classificadas segundo três categorias (ver § III.1.2) e a sua escolha é deixada à apreciação do usuário: "ventilação fraca": janelas fechadas "ventilação forte": corrente de ar, ventilador em funcionamento "ventilação média": classe intermediária de ventilação. Para as vazões de renovação de ar, o usuário tem a possibilidade de inserir dois valores prefixados sobre dois períodos do dia (um valor dia e um valor noite✳). O Nota da tradutora: onde NP é o número total de paredes. - 27 - cálculo do balanço térmico devido à renovação de ar se efetua segundo uma fórmula clássica: Φ = ρ a ⋅ c a ⋅ Q ⋅ ( Te − Ta ) Sendo Q: vazão de ar [m³/s] ρa: massa específica do ar [kg/m³] ca: calor específico do ar [J/(K . kg)] Te: temperatura do ar exterior [°C] Ta: temperatura do ambiente [°C] O cálculo da umidade interna se efetua de maneira similar: Umidade trocada = ρ a ⋅ Q ⋅ (U e − U a ) Ue: umidade específica do ar exterior [Kg/kg de ar seco] Ua: umidade específica do ambiente [Kg/kg de ar seco] III.4.2 - Renovação do ar no ático. A ventilação do ático é tratada de maneira idêntica àquela do local, com exceção dos coeficientes de trocas convectivas. Estes são fixados uma única vez sem variar com a intensidade das velocidades do ar (§ III.1). Nenhuma transferência de ar é prevista entre o ático e o local principal. III. 5 - PONTES TÉRMICAS As pontes térmicas têm uma importância significativa quando existe uma diferença notável entre a temperatura interior e a exterior. Com ventilação natural, raramente é o caso. Com sistema de ar condicionado, este diferencial raramente excede 8K na média diária. Contrariamente à prática corrente no caso do cálculo de perdas de sistema de calefação, este efeito pode ser razoavelmente ignorado. ✳ Nota da tradutora: os mesmos períodos mencionados no § III.1. - 28 - III. 6 - CARGAS INTERNAS As cargas internas são caracterizadas por: uma potência nominal; um perfil horário ou cenário - típico de 24 horas. Casamo-Clim distingue as diferentes fontes de contribuição térmica que, conforme a origem, correspondem a uma carga de calor sensível e/ou latente. As contribuições sensíveis são dissipadas de maneira convectiva e por radiação em proporções variáveis conforme sua natureza. Três tipos de cargas internas são considerados. 1) Ocupantes O calor emitido por um indivíduo se separa em energia sensível e calor latente. Esta potência liberada depende da atividade do indivíduo. A proporção sensível/latente da potência térmica liberada depende, rigorosamente, da temperatura resultante do ambiente. Para o programa Casamo-Clim a pessoa é suposta com pouca atividade, do tipo "deitado ou em repouso". A potência térmica sensível liberada foi fixada em 75 W; ela é inteiramente dissipada no ar do local. A potência térmica latente corresponde a uma liberação de vapor d'água pelos seus ocupantes. Nas mesmas condições, a vazão para um ocupante é da ordem de 0.050 kg/h (o programa leva este dado em conta na determinação da higrometria do local). 2) Iluminação O calor devido à iluminação é transmitido integralmente ao local de forma sensível de duas maneiras: por convecção, ao ar do ambiente, e por radiação e condução, às paredes. As proporções consideradas são: - 20% por convecção, - 80% por radiação, mas, rigorosamente, seria necessário distinguir a iluminação fluorescente da incandescente. 3) Aparelhos domésticos e outras fontes Considera-se neste módulo que eles liberam essencialmente calor sensível. Supõe-se que a potência liberada se transmite diretamente ao ar do local (100% de forma convectiva). - 29 - III. 7 - SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO Trata-se de um cálculo preliminar e simplificado de refrigeração. O "sistema" modelizado é supostamente regulado de forma ideal: a potência se adapta – dentro do limite da potência disponível✳ – às necessidades energéticas de refrigeração para manter a temperatura seca do ar ao valor escolhido de projeto. A umidade não é controlada; as cargas latentes devidas à umidade não são, portanto, levadas em conta. O ponto predeterminado de projeto se desloca verticalmente no diagrama de ar úmido de coordenadas de temperatura-umidade . São necessárias duas entradas: ✳ - a potência máxima do aparelho - a temperatura de refrigeração escolhida de projeto (fixa para toda a simulação) Nota da tradutora: entrada inserida pelo usuário. - 30 - CAPÍTULO IV - O MODELO TÉRMICO DO ENVELOPE IV. 1 - HIPÓTESES GERAIS Como a maior parte dos modelos de simulação do envelope construtivo, as hipóteses de base são: - a direção única das trocas condutivas; - a uniformidade da temperatura instantânea do ar dos diferentes ambientes; - a linearidade das trocas por condução, convecção e radiação. Estas três hipóteses simplificam consideravelmente a resolução do sistema de equações que regem as transferências térmicas do envelope. O método de resolução é o método de diferenças finitas. IV. 2 - DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL IV.2.1 - Princípio geral. O princípio geral é o do método das diferenças finitas, tais como os que são encontrados em alguns modelos detalhados de simulação térmica dos envelopes (MINERVE, RIGEL). Cada domínio físico do envelope (paredes, ambientes, etc.) é discretizado em um certo número de "nós" aos quais são associadas uma temperatura que se pesquisa e uma "massa térmica" (que é definida a partir dos materiais especificados). A cada nó efetua-se um balanço térmico instantâneo. Conforme sua localização, o nó faz trocas condutivas, convectivas ou por radiação com os nós vizinhos ou o entorno. A rede de nós obtida (matriz) assemelha-se a um circuito elétrico onde cada nó está ligado a um ou mais nós por resistências, e possui uma capacidade (analogia termelétrica). IV.2.2 - Discretização de uma parede. A discretização proposta por Casamo-Clim atribui sistematicamente três nós a cada parede opaca: - Um nó para cada face; - Um nó no interior da parede. Os nós são locados conforme um critério original de distribuição das capacidades caloríficas. Aos dois nós de superfície, atribui-se uma capacidade Cs definida por: Cs = ρ s ⋅ es ⋅ c s ⋅ S Cs = Ct 10 se se Cs < Ct 10 ρs ⋅ es ⋅ cs ⋅ S > ou Ct 10 Com : ρs, massa específica da película do material da superfície [kg/m³] cs, calor específico do material [J/(kg . K)] es, espessura da camada do material [m] S, superfície da parede [m²] Ct, capacidade térmica total da parede [J/K] (ρ . es . S) Seja representa a massa da fatia do material de separação de espessura es Ct = Nm ∑ ρi ⋅ ei ⋅ ci i=1 Com: Nm, número de materiais constituintes da parede; (ρi . ei . ci) características termo-físicas e dimensionais do material i. O nó interior é colocado no plano que separa a parede em iguais capacidades caloríficas: Ct/2. Chega-se então ao seguinte esquema (Figura 5). exterior interior - 32 - Figura 5:Discretização de uma parede. Sendo: Tc, temperatura do céu Ta, temperatura do ambiente Te, temperatura exterior Tpj, temperatura da parede j Φ s, fluxo solar líquido absorvido fluxo de radiação difusa e infravermelha líquido trocado entre as paredes Φi, internas. Chamando-se a capacidade do nó interior de Co, ela é determinada por: Co = Ct – Cs1 – Cs2 As resistências térmicas R1 e R2 verificam também a condição: R2 + R1 = Σi Ri [K/W] Esta escolha particular de localização dos nós é resultado de estudos sensibilidade efetuados com ajuda do modelo detalhado MINERVE (26). Os nós superfície são afetados por uma fraca capacidade térmica, refletindo muito bem trocas superficiais nas quais as respostas térmicas são rápidas. A maior parte inércia da parede se encontra concentrada no nó interior de de as da A descrição do balanço térmico de cada nó da parede leva a um sistema combinado como a seguir: C s1 ⋅ Co ⋅ dT1 T − T1 Tc − T1 T2 − T1 = e + + + Φs R1 dt Re Rc dT2 T − T2 T3 − T2 = 1 + dt R1 R2 C s2 ⋅ dT3 T − T3 Ta − T3 = 2 + + Φi dt R2 Ri IV.2.3 - Os fechamentos envidraçados Os fechamentos envidraçados têm, por natureza, pouca capacidade térmica: pode-se ignorá-los sem problemas. Isto permite calcular as vidraças em regime permanente. A consideração das trocas por radiação G.L.O. se traduzem no acoplamento dos fechamentos envidraçados com as faces internas das outras paredes (Figura 6). - 33 - exterior vidro simples interior Figura 6:Discretização de um vidro. Os balanços das faces internas e externas de cada superfície envidraçada se expressam por duas equações lineares em Tve e Tvi função de Tc, Te, Ta e das temperaturas da parede Tpj. IV.2.4 - O ático A zona tampão constituída pelo ático compreende duas paredes horizontais (o modelo adotado não oferece a possibilidade de introduzir paredes verticais). Ela é modelizada conforme o esquema análogo a seguir (Figura 7): Figura 7: Discretização do ático. - 34 - A cobertura (em geral de material leve) é descrita por dois nós localizados em suas faces externas e internas. Leva-se em conta uma vazão de renovação de ar no ático, mas supõe-se que não existem trocas de ar entre ele e o local principal. A troca térmica entre o ático e o local principal se dá através do forro do local estudado. Na equação do balanço térmico do ático, despreza-se a capacidade térmica do ar do ático (muito fraca em relação ao material envolvido). 0= Ts1 − Tc Ts2 − Tc + + ρ a ⋅ c a ⋅ Q c ⋅ ( Te − Tcd ) Ra Ra sendo Ra, a resistência convectiva do ar. IV.2.5 - Ambiente do local principal O ar do local principal é considerado com temperatura uniforme. O ambiente, então, é modalizado por um só nó. O balanço do ar do local4 se estabelece assim: dTa = dt Ca ⋅ + 1 1 ∑ R pi ⋅ (Tpi − Ta ) ∑ R v ⋅ (Te v − Ta ) + ρ a ⋅ c a ⋅ Q ( Te − Ta ) +W com Rpi, Rv, paredes opacas i superfícies envidraçadas vazão da renovação de ar do local cargas internas sensíveis, diretamente difundidas no ar resistências convectivas internas resistências térmicas totais das superfícies envidraçadas 4 O mobiliário intervém na inércia térmica do local. Para levar em conta este fenômeno, pode-se introduzir uma parede interna de capacidade e resistência equivalentes aos do mobiliário. - 35 - IV. 3 - FORMULAÇÃO MATRICIAL DO SISTEMA O balanço térmico de cada nó do local assim descrito conduz a um sistema de dupla equação diferencial de primeira ordem. Sob a forma matricial, o sistema se escreve: C⋅ dt(t ) = K ⋅ T( t ) + B ⋅ S ( t ) dt T, vetor coluna das temperaturas nos nós C, matriz diagonal das capacidades (Cii é a capacidade do nó i e Cij = 0 para i≠j) K, matriz quadrada constituída pelas condutâncias de troca entre nós: ela caracteriza as trocas de energia no centro do envelope. S (t), é o vetor coluna das solicitações às quais o local é submetido: temperatura exterior, cargas internas, fluxo solar transmitido, temperatura do céu. B, é a matriz de distribuição das solicitações entre os diferentes nós. As matrizes C e K, levando em conta as hipóteses adotadas, são constantes no tempo, o que torna o sistema linear. O sistema possui tantas equações quantos nós de capacidade térmica. Com efeito, as temperaturas dos nós só de resistência (vidros, temperatura do ático) se exprimem conforme uma combinação linear das outras temperaturas. IV. 4 - DISCRETIZAÇÃO TEMPORAL E RESOLUÇÃO DO SISTEMA A resolução de um sistema como este por um método de diferenças finitas consiste em efetuar uma segunda discretização, a do tempo. Para isto efetua-se um desenvolvimento em uma série de Taylor limitada à primeira ordem, conduzindo a um sistema do tipo: T( t + ∆t ) = A −1 ⋅ B ⋅ T( t ) + A −1 ⋅ [θ ⋅ B ⋅ S ( t ) + (1 − θ) ⋅ B ⋅ S(t + ∆t )] (2) Considerando • ∆T = passo de tempo de cálculos C − θ ⋅K ∆t •0 ≤ θ≤1 •A = e B= C + (1 − θ) ⋅ K ∆t De um modo geral, θ é um parâmetro da resolução, constante, compreendido entre 0 e 1. Quando θ = 0, o esquema de resolução é dito explícito; θ = 1/2 o esquema é dito de Cranck-Nikolson; θ = 1, o esquema é dito implícito. - 36 - Assim a equação (2) permite o cálculo de cada instante das temperaturas nos nós, a partir das temperaturas de um instante precedente e das solicitações exteriores conhecidas. O esquema adotado no programa Casamo-Clim é o de Cranck-Nikolson (θ= 1/2). Ele apresenta a vantagem de ser mais preciso que os outros esquemas e de ser incondicionalmente estável. O lapso de tempo escolhido é de 30 min. Ele constitui um bom compromisso com a precisão e a duração da simulação (48 intervalos de tempo por dia). É também coerente com o lapso de tempo das solicitações climáticas, conhecidas com um intervalo de tempo horário (para os tempos intermediários, procede-se a uma interpolação linear). As principais hipóteses simplificadoras: - Cálculo em regime permanente de certos componentes (vidros, ar do ático); - Utilização de uma discretização espacial reduzida das paredes opacas (três nós), gerando um sistema de equações relativamente reduzido (aproximadamente 20 nós para um local), cuja resolução é compatível com microprocessadores do tipo PC e compatíveis. A adoção de um lapso de tempo de 30 min permite a simulação de um local no período de 3 a 5 dias em um tempo considerado aceitável (ver § IV.6) IV. 5 - EXEMPLO DE DISCRETIZAÇÃO O exemplo proposto é um cômodo exposto ao sul✳ e adjacente a três ambientes (Tsup, Tcont, Ta). O programa Casamo-Clim opera então a discretização visualizada na Figura 8. O esquema analógico obtido está representado na Figura 9. Figura 8: Discretização de um local (corte). ✳ Nota da tradutora: o lado sul no hemisfério Norte recebe sol durante todo o ano. - 37 - Figura 9:Analogia termoelétrica IV. 6 - EFICÁCIA DO MODELO O programa executa a simulação em duas fases. 1) Cálculos preliminares das matrizes K, C, e do vetor B.S (t) do sistema de equações (1) e de matrizes A, A-1 e A-1B, do sistema de equações (2) preparando os cálculos a cada lapso de tempo. Estas matrizes são da ordem de 15 a 24, conforme o número de camadas definidas. No caso de um cálculo com sistema de refrigeração quatro pares de matrizes A-1B e A-1 são calculados correspondendo aos regimes: "evolução livre" e "evolução das temperaturas impostas" nas condições "dia" e nas condições "noite". 2) Cálculo a cada intervalo de tempo das variáveis de conforto para uma seqüência n de dias consecutivos. Esta fase consiste em resolver a cada lapso de tempo o sistema de equações (2). Com um IBM-PC a fase (1) demora 20 a 60 segundos do tempo de cálculo e a fase (2) requer aproximadamente 20 a 30 segundos por cada dia simulado. Com um IBM-AT ou compatíveis de maior performance, os tempos são divididos por três, ou mais: os cálculos são quase imediatos. - 38 - CAPÍTULO V - VALIDAÇÃO DO MODELO V. 1 - VALIDAÇÃO POR COMPARAÇÃO COM MODELO DETALHADO DE REFERÊNCIA: MINERVE [27] V.1.1 - Análise das hipóteses. Minerve é um programa de modelagem térmica detalhada do envelope construtivo, implantado sobre um sistema de tamanho médio (IBM 4341). Ele baseiase sobre uma análise fina das hipóteses físicas das equações de evolução. É, antes de tudo, uma ferramenta de pesquisa em térmica das construções. Uma comparação das hipóteses de base dos dois modelos é apresentada na Tabela 3, a seguir: Tabela 3: Comparação das hipóteses de base de Casamo-Clim e Minerve. CASAMO-CLIM MINERVE DIVISÃO EM ZONAS Uma zona principal Multizonas com adesão entre elas Zonas vizinhas: - com temperatura constante - com temperatura idêntica a do local estudado - com temperatura igual à temperatura exterior METEOROLOGIA Simulação sobre um dia típico (dados Dados meteorológicos reais reconstituídos ou reais) PERÍODO DE ESTUDO Limitados em alguns dias (estabilização do Simulação sobre um período de duração regime permanente estabelecido) qualquer (até um ano) TROCAS CONVECTIVAS Exterior: Valores horários, velocidades do vento - vento; leva em conta dois valores préestabelecidos (dia/noite) Interior: - diferenciação de paredes verticais/paredes horizontais - três cenários de ventilação TROCAS POR RADIAÇÃO INFRAVERMELHA Exterior: é considerado pelo programa Interior: - modelo simplificado para o cálculo do fator de forma - reflexão entre as paredes é negligenciada Exterior: é considerado pelo programa Interior: método das radiações. COMPONENTES CALCULADOS EM REGIME ESTÁTICO Vidros e ar no ático calculados em regime Todos os componentes são calculados em permanente regime dinâmico. DISCRETIZAÇÃO Passo de tempo fixo simulado a cada 30 Passo de tempo de simulação livre. min Malha espacial livre. Malha espacial; três nós por parede opaca V.1.2 - Casamo-Clim e Casamo-Confort A validação se baseou no programa Casamo-Confort que é o protótipo do Casamo-Clim. Mas certos resultados obtidos podem ser transpostos, na medida que este último é uma versão melhorada de Casamo-Confort. Eles diferenciam-se nos seguintes pontos: A consideração da radiação infravermelha exterior; A consideração da absorção solar; A definição da malha espacial. Os resultados obtidos com Casamo-Confort constituem um limite superior das diferenças que se pode observar entre o programa Casamo-Clim (modelo mais preciso) e o modelo final Minerve. V.1.3 - Principio da validação Os resultados dos dois programas são comparados tendo como base as construções definidas por S. ROUSSEAU, na ocasião da "Descrição de 20 testes que devem ser realizados pelos métodos do coeficiente B que postulam a certificação definitiva" [28]. As seqüências meteorológicas utilizadas são representativas do clima de Carpentras no mês de junho✳. A metodologia prevista consiste em fazer estudos comparativos destinados a quantificar as variações devidas às simplificações operadas. Nota da tradutora: Carpentras se localiza na latitude ≈ 44°, ao sul da França, cujo verão acontece entre junho e agosto. ✳ - 40 - V.1.4 - Resultados a) Regime estático Uma construção submetida a solicitações constantes, evolui para um regime permanente. As comparações efetuadas entre os dois modelos intervem sucessivamente em uma escala: de temperatura exterior de renovação do ar de cargas internas A concordância bastante satisfatória – 0,6% de variação sobre a amplitude da evolução da temperatura do ar – observada em regime permanente não é surpreendente. Com efeito, demonstrou-se que o valor de convergência não depende da descrição escolhida pelo esquema Cranck-Nikolson (incondicionalmente estável). Não obstante, ele ilustra a validade das fórmulas de trocas térmicas (Capítulo III). As variações eventuais ligadas às escolhas de discretização espacial devem ser testadas em regime dinâmico. b) Regime dinâmico O uso de métodos numéricos com diferenças finitas condiciona a qualidade dos resultados obtidos na escolha dos parâmetros de discretização. Um modelo como Minerve evita os erros induzidos pela malha graças a uma discrição de tempo e espaço rigoroso (por exemplo, uma dezena de nós para uma parede e um lapso de tempo de 15 min). O modelo simplificado Casamo-Clim é limitado pelas capacidades de cálculo dos microcomputadores: ele utiliza um número reduzido de nós (ver § IV.4) Para testar a precisão dos resultados obtidos por esta descrição, as comparações são efetuadas sobre dois locais chamados I (local de média inércia térmica) e II (local de grande inércia térmica). Duas temperaturas são observadas: - A temperatura do ar - A temperatura superficial do forro. As variações máximas registradas são da ordem de 0,2 a 0,3 K. A variação máxima não excede meio grau. A descrição espaço-temporal obtida parece satisfatória para responder aos objetivos fixados. c) Reconstituição das zonas Casamo-Clim simula apenas uma zona por vez. Os ambientes contíguos estão supostamente dentro de uma das seguintes configurações: (a) com temperatura constante (b) com temperatura idêntica àquela do local estudado (c) com temperatura idêntica ao ar exterior - 41 - O caso mais desfavorável para esta modelagem se produz quando um local multizona está totalmente em evolução livre. A aplicação que se segue tem lugar justamente neste caso: Com Minerve, um apartamento simulado integralmente, é composto de quatro zonas: sala de estar, cozinha, entrada e banheiro. Com Casamo-Clim, escolhe-se para simular a peça principal, ou seja, a sala de estar. As zonas adjacentes são "reconstituídas" por hipótese (b) – temperatura idêntica. A comparação dos resultados obtida (Figura 10) põe em evidência as variações na ordem de 1K a 1,5 K. Relacionando com a amplitude diária a variação relativa de aproximadamente 10%. Neste caso, as zonas adjacentes são bem reconstituídas graças à hipótese (b). Figura 10: Reconstituição das zonas vizinhas. Comparação Minerve/Casamo-Clim. - 42 - V. 2 - VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL A validação acompanhada anteriormente é essencialmente um teste sobre a pertinência do método de resolução numérica utilizado por Casamo-Clim. As simplificações relativas às transferências de calor não são exclusivas de Casamo-Clim. Em se tratando de: a uniformidade das temperaturas das zonas, a unidirecionalidade das transferências térmicas, a linearidade das trocas, isotropia da radiação, a falta de cálculo da vazão de ar, etc. pareceu razoável validar os resultados da simulação por comparação aos resultados experimentais. É dentro deste objetivo que uma série de medidas foram tiradas pelo CERER (Centro de Estudos e de Pesquisa sobre as Energias Renováveis do Senegal), em uma célula-teste em Dakar e numa construção existente em Kaolack . Estas medições in situ são comparadas aos resultados obtidos por simulação. V.2.1 - Metodologia A comparação entre as variáveis medidas e aquelas calculadas, se apóiam sobre os principais parâmetros resultantes da simulação: - A temperatura do ar interior - A temperatura resultante do ar. A metodologia utilizada consistiu em: 1. Inserir os dados relativos às construções e suas diferentes configurações; 2. Entrar com os dias reais, correspondentes a dados climáticos medido, em lugar do dia típico; 3. Simular a evolução térmica da construção (por um tempo suficiente para "alcançar" o regime periódico estabelecido); 4. Comparar as temperaturas medidas com as calculadas. V.2.2 - Resultados a) A célula teste Trata-se de uma construção com as seguintes características: • Média inércia: paredes em bloco de concreto, piso de concreto, cobertura leve (telha de barro + forro em cimento amianto); Nota da tradutora: Dakar e Kaolack se localizam na costa oeste da África com latitude ≈ 14°. - 43 - • • Volume de 12 m³; • Superfície do piso: 6 m² • Abertura: uma janela envidraçada de 1,56 m² na fachada sul (equador); Vazão de ar: variável conforme o caso. Os testes foram efetuados em três seqüências meteorológicas. Observaram-se as variações entre as temperaturas resultantes mínimas e máximas, assim como as variações-típicas sobre a temperatura resultante e a temperatura do ar. Note-se: δ, variação tipo medida/simulada ∆, variação da temperatura medida/simulada Trmax., temperatura resultante máxima Trmin., temperatura resultante mínima Tar, temperatura do ar Tabela 4: Relação de resultados das seqüências. Seqüência 1 Seqüência 2 Seqüência 3 30 out. – 4 nov. 10 ago. – 17 jul. 7 Jan. – 5 fev. ∆ Trmax 1,1 - 0,2 ∆ Trmin 1,7 0,9 0,5 δ Tr 1,01 0,51 0,44 δ Tair 0,96 0,46 0,99 Ver: Figura 11 Figura 12 Figura 13 Seqüência 1: a simulação traduz bem o aquecimento depois do meio-dia (dias com forte radiação). O resfriamento noturno foi um pouco superestimado. Seqüência 2: durante esta seqüência, a janela envidraçada estava bloqueada. O resfriamento noturno é mais rápido, conseqüência certamente de uma estimação incorreta do Dtcéu; (um erro de 10 K tem um impacto importante). A ocorrência máxima de temperatura difere de uma a duas horas. Seqüência 3: tratam-se de condições climáticas na estação fria. Os perfis de temperatura resultante e interiores são muito bem reproduzidos. b) A construção de Kaolack O local simulado é a sala de estar de uma casa: Média inércia: paredes externas em bloco de cimento, piso de concreto (10cm), forro e cobertura em cimento amianto (3 mm) Aberturas: uma janela direção NE, superfície de 1,62 m²; uma porta envidraçada direção SO. - 44 - Uma só seqüência de medidas (11 a 13 dezembro) pode ser explorada (ver Figura 14). A simulação mostra que o resfriamento noturno é muito bem reproduzido (∆Trmin = 0,2 K). O aquecimento diário do local foi ligeiramente superestimado e defasado (∆tmax = 1,2 k), a variação tipo média é da ordem de 0,7 K. c) Conclusões parciais A boa concordância de resultados mostra a coerência do conjunto do modelo. As variações observadas ficam entre 1 e 1,5 k, apesar da modelagem muito grosseira da renovação de ar. É uma margem de erro aceitável tendo-se em conta o objetivo principal deste tipo de ferramenta que é o de avaliar a contribuição das variantes na arquitetura para o conforto térmico dos ocupantes. LEGENDAS: Temperatura do ar simulada Temperatura do ar medida Temperatura resultante simulada Temperatura resultante medida Figura 11: Seqüência 1, célula teste de Dakar; comparação das temperaturas simuladas/medidas. - 45 - Figura 12: Seqüência 2, célula teste de Dakar; comparação das temperaturas simuladas/medidas. Figura 13: Seqüência 3, célula-teste de Dakar; comparação das temperaturas simuladas/medidas. - 46 - Figura 14: Construção de Kaolack, seqüência de 11 a 13 de dezembro; comparação das temperaturas medidas/simuladas. - 47 - Capítulo VI - CONCLUSÕES: OS LIMITES DO MODELO Limites do programa Casamo-Clim Os limites de utilização do programa Casamo-Clim resultam: Das simplificações da modelagem De não se considerar certos fenômenos. A - Número de zonas. O programa só simula uma determinada zona com um ático eventual. O entorno é reconstituído com ajuda de hipóteses simplificadoras (ver § V.1.4.5). Para o estudo de multizona de uma construção, pode-se proceder por etapas: 1. Escolher zonas representativas do comportamento do conjunto do edifício (exemplo: escolher zonas com orientação solar diferente) 2. Simulação separada de cada uma destas zonas. Em evolução livre (caso mais corrente de utilização do programa), os resultados obtidos são corretos, quando a construção tem uma constituição homogênea. Caso contrário – por exemplo, uma construção de pouca inércia encostada em construção pesada – comportamento térmico muito diferente pode induzir erros de defasagem. B - Períodos de estudos. Os dados meteorológicos utilizados são uma seqüência de dias iguais. A simulação em regime variável sobre um período de dias consecutivos diferentes não é possível. O programa oferece apenas a possibilidade de estudar o regime transitório ligado às condições iniciais do envelope (3 a 5 dias) e, apenas no regime periódico estabelecido (n reproduções, consecutivas, das solicitações periódicas do dia meteorológico estabelecido). C - Fenômenos ligados ao ar. Problema de estratificação. A temperatura da zona é considerada uniforme, o que exclui o estudo dos problemas de estratificação. Este fenômeno intervém essencialmente nos locais com grande altura (4,5 m ou mais). Na estação quente, o aquecimento de ar se localiza na camada superior do ar do ambiente. Uma temperatura média traduz imperfeitamente o estado do conforto do local. Condensação do ar Sob o efeito de resfriamento noturno ou sob ação de um sistema de refrigeração, podem se produzir fenômenos de condensação sobre ou dentro das paredes. Casamo-Clim ignora este tipo de fenômeno. Também as transferências de umidade através das paredes (cujo efeito térmico pode ser ignorado) não são consideradas. Avaliação vazão de ar A ventilação natural, sob efeito de campo de pressão diferencial nas fachadas e o efeito termossifão não são abordados. Deixa-se a cargo do usuário efetuar um cálculo prévio, por exemplo, da vazão de ar média diurna/média noturna. Pode se consultar a bibliografia referida [30], [31] e [32]. Avaliação das velocidades do ar A modelagem da velocidade do ar ainda é objeto de pesquisa. Ela se encontra fora da capacidade de cálculo dos microcomputadores comuns. O sistema de refrigeração O objetivo do programa Casamo-Clim é principalmente estudar os parâmetros ligados ao envelope. A escolha ou a simulação de um sistema de refrigeração não faz parte das funções do programa. De qualquer modo, o cálculo da carga de refrigeração permite pré-quantificar o impacto energético de diferentes escolhas arquitetônicas para um dado projeto. - 50 - BIBLIOGRAFIA [1] D. CAMPANA, F. NEIRAC, G. WATREMEZ. Elaboration d'un logicel sur microordinateur pour l'aide à la conception en climat tropical sec. Rapport REXCOOP (AFME-MRE), 1984. [2] M. ABDESSELAM, G. WATREMEZ. Vallidation du logiciel casamo-confort. Rapport interne Center d´Energétique- Ecole des Mines, 1984. [3] D. CAMPANA, F. NEIRAC, G. WATREMEZ. Casamo Tropical, logiciel sur microordinateur pour l´aidde à la conception thermique des bâtiments en climat tropical. Séminaire REXCOOP, 1985. [4] M. FARAH. Contribuition à la validation expérimentale du logiciel Casamo-clim. Rapport D.E.A, 1986. [5] B.Y.H. LIU-R.C. JORDAN. The interrelationship and characteristic distribuition of direct diffuse and total solar radiation. Solar Energy, vol. 4, 1960. [6] D.G. ERBES et AL. Estimation of the diffusse radiation fraction for hourly, daily and monthly global radiation. Solar Energy, vol 19 no 4, pp 357-359, 1977. [7] V.M. PURI et ALII. Total and non isotropic diffuse insolation on tilted surfaces. Solar Energy, vol.25, 1979. [8] M. IQBAL. Prediction of hourly diffuse solar radiation from measured hourly global radiation on a horizontal surface. Solar Energy, vol 24, 1979. [9] R. BRUNO. A correction procedure for separating diret and diffuse insolation on a horizontal surface. Solar Energy, vol.20, 1977. [10] F.J. ORGILL AND K.G.T. HOLLANDS. Correlation equation for diffuse radiation on a horizontal surface. Solar Energy, vol.19, no 4, pp. 357-359, 1977. [11] BOES et Alii. Distribution of direct and total solar radiation availabilities for the USA. Sandia Report, 1976. [12] M. COLLARES-PEREIRA and A. RABL. Simple procedure for predicting long term avarage performance of non-concentrating solar collectors. Solar Energy, vol. 23, pp. 235-253, 1979. [13] A. LEBRU. Estimation des irradiations solaires horaires dans un plan quelconque. Rapport CSTB, 1982. [14] B. BOURGES, F. LASNIER. Statistical distribution of solar radiation cumulative frequency curves, preparation of an european data set. Rapport CEC ESF-008F, 1983. [15] C.J. WILLMOTT. On the climatic optimization of tilt and azimuth of flat-plat solar collectors. Solar Energy, vol 28, pp. 205-216, 1982. [16] T.M. KLUCHER. Evaluation of models to predict insolation on tilted surfaces. Solar Energy, vol 23, n.o 2, pp. 111-114, 1979. [17] R.C. TEMPS, K. L. COULSON. Solar radiation incident upon slopes of different orientation. Solar Energy, vol 19, n.o 2, pp. 179-184, 1977. [18] G. J. VANDENBRINK. Climatology of solar irradiance on inclined surface. CEC report ESF-006-80 NL, TPD-TNO, Delft 1982. [19] Ch. PERRIN de BRICHAMBAUT, Ch. VAUGE. Le gisement solaire – evaluation de la resource énergetique. Librarie Lavoisier, 1982. [20] P. KASTEN. A simple parametrization of the pyrheliometric formula for determinig the link turdidity factor. Météorologie 33, 1980. [21] P. BREJON, G. WATREMEZ. CASAMO: méthode de calcul du coefficient "B" sur micro-ordinateur. XIIIème Congrès du CFE, Versailles 1982. [22] P. CLAUX, R. GILLES, M. RAUST, ALLI. Méthode 5000. PYC Edition. [23] Regles Th-B – Cahier du CSTB. [24] R. SIEGEL, J. HOWELL. Thermal Radiation heat transfert. Mac graw Hill, 1972. [25] M. ABDESSELAM, G. WATREMEZ, P. BREJON. Etude thermique du comportement d'écoles et de logement au Sénégal. Rapport REXCOOP, 1985. [26] M. ABDESSELAM. Guide de conception thermique du bâtiment en climat tropical humide: application à la Nouvelle Calédonie. Édité par le CSTB, 1987. [27] A. NEVEU. Étude d'un code d'évolution théorique d'une enveloppe de bâtiment. (MINERVE) These de doctorat, juin, 1984. [28] S. ROUSSEAU. Description des 20 tests devant réalisés par les méthodes du coefficient B qui postulent à l'agrément déficitif. [29] Architecture, Climat, Energie. Outils et démarche pédagogiques – Cahiers Scientifiques du Bâtiment – COFEDES, 1986. [30] BEBTP – UTI – BTP Aide à la conception thermique de l'habitat courant en Afrique tropicale. Avril, 1985. [31] Publications REXCOOP • Séminaire Habitat Climatique du 21/12/1983; • Séminaire Habitat Climatique du 21/12/1983; • Publication, 1985. [32] Groupe de travail "Habitat Climatique". Ventilation naturelle. AFME, 1984. [33] AFME, Service Formation. Didacticiel thermique du bâtiment. 1989. Ensoleilement, collection Gradient [34] l'Habitat em Milieu Tropicale Humide. Tese de Doutorado, École Centrale de Arts et Manufactures, Paris, 1984. [35] C. BARROSO-KRAUSE. Coberturas, Conforto Higrotérmico e Edificações: ponderações e propostas para clima tropical úmido em situação de verão. Tese de Mestrado. PROARQ – FAU – UFRJ Riop de Janeiro, 1990. [36] C. BARROSO-KRAUSE. La Climatisation Naturelle: modelisation des objects Architecturaux, aide a la conception en climat treopicale. Tese de Doutorado. CENERG – École Nationale Superieur dês Mines de Paris, Paris, 1995. - 52 - [37] V. N. CÖRNER. A Janela como Elemento Térmico na Construção: considerações para clima tropical úmido, situação de verão. Tese de Mestrado. PROARQ – FAU – UFRJ Riop de Janeiro, 2001. [38] O. CORBELLA e C. STANGENHAUS. Características Térmicas de Materiais de Construção Usados no Rio de Janeiro. Cadernos do PROARQ, PROARQ – FAU – UFRJ, Rio de Janeiro, 1999. - 53 - LÉXICO CARGA INTERNA É a soma dos fluxos de calor cedidos ao local pelas fontes internas, tais como ocupantes e equipamentos. Valores numéricos usuais: - pessoa em repouso 75 W - iluminação média de um cômodo com lâmpadas de tungstênio: 15 a 20 W/m² de piso com o sistema funcionando. CALOR Segundo o primeiro princípio da termodinâmica, o calor é uma forma particular de energia. Está ligado à agitação molecular, que se manifesta nos fluidos por um movimento desordenado das moléculas (movimento browniano). Unidade [J] Símbolo: Q CALOR ESPECÍFICO É a quantidade de calor necessária para elevar de 1 K a temperatura de 1 kg de matéria. Unidade [J/(kg . K)] Valores numéricos usuais: - concreto armado: c = 650 /(kg . K) - lã de vidro: c = 670 /(kg . K) - vidro: c = 800 /(kg . K) CAPACIDADE TÉRMICA É a quantidade de calor necessário para elevar de 1 K a temperatura de um volume V de matéria. Tem-se, então, a seguinte relação: C=ρ.c.V C: capacidade térmica [J/K] ρ: massa específica [kg/m³] c: calor específico [J/(K . kg)] V: volume do material [m³] Nota da tradutora: tal como aparece no programa e no Manual do usuário. COEFICIENTE DE ABSORÇÃO Uma parede opaca que receba radiação solar absorve uma parte, reflete uma outra e transmite, em forma de calor por convecção, o restante. Chama-se coeficiente de absorção a relação entre a radiação absorvida e a recebida. O coeficiente de absorção de um corpo capaz de absorver toda a radiação recebida (corpo negro) é igual a 1. CONDUTÂNCIA Fluxo de calor transmitido por condução através de uma parede homogênea ou heterogênea por unidade de superfície e por graus de diferença de temperatura entre as duas faces da mesma. A condutância térmica (K) é o inverso da resistência térmica (R). K=1/R Unidade [W/(m² . K)] Símbolo: K CONDUÇÃO Modo de transferência de calor que se produz na matéria e mais particularmente nos sólidos. Esta transferência se efetua sem deslocamento aparente da matéria. É devida a agitação molecular (nos fluidos) ou eletrônica (nos sólidos). O calor se transmite por contato entre as zonas quentes, muito agitadas, para as zonas frias, sem agitação . CONDUTIVIDADE Fluxo de calor que atravessa a espessura de 1 metro de material por 1 grau de diferença de temperatura. Pode-se utilizar como ordem de grandeza desta propriedade física: - materiais muito condutores (metais) 50 a 300 W/(m . K) - materiais de construção bons condutores (pedra, concreto) 1 a 2 W/(m . K) - materiais pouco condutores, isolantes (poliestireno, lã de vidro, espuma de poliuretano) 0,03 a 0,1 W/(m . K) Unidade [W/(m . K)] Símbolo: λ Nota da tradutora: da zona de maior para a de menor temperatura. Nota da tradutora: fluxo por uma área perpendicular de 1 m². - 55 - CONFORTO TÉRMICO Qualquer que seja a atividade, o homem deve manter a temperatura do seu corpo em 37 °C. Este é um estágio de equilíbrio térmico resultante da produção de calor interno ligado às funções biológicas e musculares (metabolismo), e das trocas com o meio ambiente exterior por condução, radiação, evaporação e convecção. O conforto retrata uma situação que mantém o equilíbrio térmico e não ocasiona perturbação ou contrariedade. CONVECÇÃO Modo de propagação do calor pelo contato fluidos-sólidos (exemplo: muros, paredes). Ele acontece por proximidade molecular que provoca o movimento do fluido, naturalmente por diferença de massa específica (convecção natural) ou artificialmente por ventilador ou vento (convecção artificial). ENERGIA Um sistema possui energia quando ele é capaz de executar um trabalho. A energia existe sob diferentes formas (mecânica, elétrica, interna), o calor é uma forma particular de energia. A energia total de um sistema isolado se mantém constante quaisquer que sejam as transformações nele efetuadas. Unidade SI: joule [J] Outras Unidades: caloria [1 caloria = 4,18 joules] Watt-hora [1 Wh = 3600 joules] RADIAÇÃO ABSORVIDA Se uma parede recebe uma radiação E, a parte absorvida é igual ao produto do coeficiente de absorção pela radiação recebida. FLUXO DE CALOR Seja uma superfície S que separa dois meios com temperaturas diferentes. O calor se transfere através da superfície S do com maior temperatura para o meio de menor temperatura. Seja dQ a quantidade de calor que atravessa S durante o tempo dT. O fluxo de calor se escreve : Φ = dQ / dT O fluxo tem as dimensões de potência (relação de energia sobre tempo) e se exprime em Watts, unidade equivalente a joules/segundo. Unidade [W] Símbolo: Φ - 56 - FRAÇÃO DA INSOLAÇÃO É a relação, em um dado período, do número de real de horas de sol direto sobre o número máximo de horas de sol. MASSA ESPECÍFICA É a relação entre a massa de um corpo e seu volume. Unidade [Kg/m³] Símbolo: ρ Valores numéricos usuais: - concreto armado: 2500 kg/m³ - água: 1000 kg/m³ - lã de vidro: 200 kg/m³ - vidro: 2700 kg/m³ RADIAÇÃO Modo de transferência de calor caracterizado pela emissão de ondas eletromagnéticas de um material de acordo com a sua energia interna. A distribuição espectral da radiação emitida, entre o infravermelho e o ultravioleta, depende da temperatura do corpo. RADIAÇÃO SOLAR É O sol é energia máximo o conjunto de ondas eletromagnéticas emitidas pelo Sol que atingem a terra. semelhante a um corpo negro de temperatura de 5800 K, que irradia sua com uma distribuição espectral compreendida entre 0,25 e 4 µm, com o da radiação perto de 0,5 µm. A distribuição espectral da radiação solar fora da atmosfera é de: - 7% no ultravioleta (0,25 a 0,40 µm) - 47% no visível (0,40 a 0,75 µm) - 46% no infravermelho (0,75 a 2,50 µm) A radiação solar recebida por uma superfície no limite da atmosfera e perpendicular a direção dos raios é de 1390 W/m² (constante solar). Sobre a terra, em condição de céu claro, um plano qualquer recebe uma radiação que varia muito em função do local, da hora, do período do ano e da orientação (máximo 1000 a 1100 W/m²). REGIME ESTACIONÁRIO De um modo geral, diz-se que o regime é permanente quando as grandezas ligadas ao fenômeno estudado não dependem do tempo. No caso de uma parede, o - 57 - regime permanente corresponde à situação na qual a temperatura em qualquer ponto dele não depende do tempo. Na realidade, este ponto nunca é alcançado, as condições climáticas (insolação, temperatura, etc.) e as condições do ambiente interior variam sem cessar em função do tempo. REGIME VARIÁVEL Diz-se que o regime é variável quando a variação temperatura depende do tempo. RESISTÊNCIA TÉRMICA A diferença de temperatura T2-T1 entre duas faces de uma parede de superfície unitária é proporcional ao fluxo que a atravessa. Chama-se resistência térmica ao coeficiente de proporcionalidade desta relação: T2 – T 1 = R . Φ A resistência térmica de uma parede mostra a sua capacidade de transmitir calor. Para uma película de espessura "e" de condutividade lambda, sua resistência térmica é: R = e/λ As resistências térmicas superficiais caracterizam as trocas de calor por convecção e radiação entre a superfície de uma parede e o meio ambiente exterior. Unidade [m² . K/w] Símbolo: R SOLICITAÇÕES Chama-se solicitação (térmica) uma condição climática geralmente muito variável em função do tempo. As solicitações mais encontradas se referem às variações da temperatura externa ou à radiação solar. SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO Equipamento que permite manter dentro do edifício as condições de conforto térmico solicitadas . Este sistema funciona sempre sobre a temperatura do ar e algumas vezes sobre a umidade. Este tipo de equipamento requer o uso de energia. Nota da tradutora: quando a temperatura é inferior a de conforto. - 58 - TEMPERATURA É uma variável que indica para onde se transfere a energia térmica; da região de maior para a de menor temperatura. Mede-se por escalas termométricas, cujas principais são: - escala centesimal de Celsius [°C] - escala de Farenheit [°F] - escala absoluta de Kelvin [K] As relações que ligam estas escalas são as seguintes: K = °C + 273,15 Unidades: [°C] °C = 5/9 (°F – 32) Celsius [°F] Farenheit Símbolo: [K] Kelvin T COEFICIENTE DE ÅNGSTÖM Ver parágrafo II.3.2. COEFICIENTE DE TURVAMENTO Fator que mede a atenuação da radiação solar direta quando atravessa a atmosfera terrestre (ver § II.3.2.). CALOTA CELESTE Ver parágrafo II.5 e II.3. - 59 - ANEXO 1 – OS PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO TÉRMICA Introdução Os programas de simulação térmica, desenvolvidos por equipes francesas para utilização em micro computadores são, a saber CASAMO-CLIM (École des Mines- Paris) OASIS (Dialogic S.A.) CODYBA (Lab. Equipement de l'Habitat- INSA Lyon) SIMULA (CERMA- Nantes) COMFIE (École des Mines- Paris) os quais procuram determinar, em regime variável, a evolução dos parâmetros climáticos internos de uma construção sob a influência das condições climáticas externas. Se eles procedem da mesma maneira, utilizam no entanto, métodos de aproximação diferentes para resolver problemas complexos, adotando hipóteses simplificadoras próprias: que podem conduzir a resultados diferentes. Por isso, a seguir se apresenta um estudo cujo objetivo é testar os diversos programas, nas mesmas situações, e comparar os resultados obtidos, a fim de melhor delimitar seus domínios de validação, reconhecendo ainda as situações nas quais a utilização de um ou de outro se revela mais adequada. O estudo foi relaizado por Jean SOUM, pesquisador do Laboratoire Architecture Bioclimatique, da École d'Architecture em Toulouse, França. 1 AS CARGAS SOLARES O clima interno e as condições de conforto estão conectados com os elementos do clima externo: a busca de respostas confiáveis necessita então a introdução de valores de parâmetros que estejam o mais próximo possível da realidade estudada. As cargas solares são um destes elementos essenciais, sobretudo para as construções que visam fazer uma significativa economia de energia nos climas temperados, ou para obtenção de condições confortáveis por métodos passivos de resfriamento nos climas quentes. A construção é avaliada com dados de um dia-típico definido. 1.1. DIAS-TÍPICOS CASAMO e OASIS fazem uma avaliação sobre um dia-típico de cada vez; CODYBA e SIMULA sobre um ou mais dias-típicos consecutivos; COMFIE sobre vários dias-típicos consecutivos. Neste quesito, COMFIE é um pouco diferente dos outros quatro programas. Ele efetua uma avaliação dinâmica sobre todo o ano (opção TRY5) ou sobre oito semanas distribuídas durante o ano (duas para cada estação – opção SRY6) a partir de sua biblioteca meteorológica proveniente das estações meteorológicas européias (6 das quais na França). Elas constituem um conjunto de parâmetros climáticos medidos após vários anos (particularmente as radiações solares difusa e total). A menos que seja possível criar um novo fichário meteorológico conhecendo todos os parâmetros climáticos do local ou pelo menos seis semanas representativas do ano (que raramente é o caso), COMFIE não permite ao usuário fixar os parâmetros dos dias a serem estudados. Sendo assim, este programa não se presta em comparações de cargas solares que foram realizadas, e são demonstradas a seguir, com os outros quatro programas. Os dias de estudos são definidos por um lugar (a latitude é suficiente, com o tempo assinalado em horas solares verdadeiras) e uma data (CASAMO não solicita o dia, presume-se que ele faça os cálculos no dia 15 de cada mês). Introdução de valores horários de radiação sobre o plano horizontal (se forem conhecidos) da seguinte forma: - radiação global (CASAMO) - radiação global e difusa (CASAMO – OASIS) - radiação direta e difusa (CODYBA) ou Se não forem conhecidas fazem o cálculo destas radiações a partir de: - fração da insolação diária (CASAMO – CODYBA) - tempo da insolação de dois meio dias (OASIS7) - fração da insolação diária ou horária para o período (SIMULA) 5 TRY – Test Reference Year – ano climático de referência. 6 SRY –.Simplified Test Reference Year – ano climático simplificado de referência 7 OASIS calcula e indica a duração teórica da insolação para cada meio dia. - 61 - 1.2. CÁLCULO DA RADIAÇÃO No cálculo das cargas solares, dois fenômenos são perfeitamente conhecidos: • A geometria do movimento aparente do Sol; • A constante solar ou a energia incidente fora da atmosfera (a qual na verdade varia ligeiramente, de acordo com um ciclo anual, e que poucos programas levam em consideração). A partir destes dados pode-se calcular as componentes direta e difusa da radiação solar para um céu claro; considerando a absorção atmosférica, seja com fórmulas simplificadas, seja com formulações mais precisas. Determinar a radiação solar global e difusa a partir de uma fração da insolação para um dia com nuvens passageiras é um problema mais complexo, diversos autores propõem fórmulas de correlação mais ou menos válidas para os diversos climas da Terra, que devem ser confrontadas com as medições locais disponíveis8. Considerando que cada um dos programas testados adotou, com suas hipóteses simplificadoras (equiparação da insolação ao longo do dia, isotropia da radiação difusa), algoritmos diferentes para o cálculo das cargas sobre o plano horizontal, parece necessário comparar os resultados para condições idênticas: as cargas sobre os planos orientados e inclinados da construção são deduzidas a partir daquelas recebidas no plano horizontal por simples considerações geométricas (ângulo de incidência, fator de forma) levando em conta uma componente difusa proveniente do solo, caracterizada pelo albedo. Os resultados foram obtidos diretamente na tela após a definição do dia-tipo com OASIS e CODYBA; hora a hora sem resultado de integração do dia. Para CASAMO, é necessário anteriormente ter definido o plano horizontal e efetuado o cálculo de cargas solares; a energia diária é visualizada na tela ou hora a hora na folha impressa. Estes resultados não são fornecidos diretamente por SIMULA; eles são calculados utilizando fórmulas que aparecem no caderno científico. Elas podem também servir, dentro do limite de sua exatidão, para estabelecer as bases dos dados solares na ausência ou como complemento a outros recursos. Foram efetuadas igualmente comparações com dados provenientes de outras fontes: o programa GISSOL (Raspo, Izard – ABC Marseille) que aplica em uma tabela as fórmulas propostas por Perrin de Brichambaut9, mais apuradas que as outras do mesmo autor, utilizadas por SIMULA; que fornece os valores horários e cotidianos da radiação direta, difusa e global. 8 Estas diversas abordagens estão expostas em: M.Capderou - Atlas Solaire de l'Algérie - Tome 1-1988-EPAU - OPU Alger. 9 Estimativa da radiação solar - Météorologie Nationale-1978. - 62 - O Atlas Solar francês (ATLAS)10 que estima os valores cotidianos da radiação global e difusa para as estações meteorológicas (outras fórmulas de correlação). O Gisement Solaire na França (MESURE)11; com medidas estatísticas da radiação global (estação de AGEN) e da radiação global e difusa (estações de CARPENTRAS e TRAPPES) em valores horários cotidianos. As comparações baseiam-se em: Evolução horária da radiação global para latitude 43° N, pequena altitude e fração da insolação entre 1, 0.5 e 0. Evolução cotidiana da radiação global, mês a mês, para as estações de Agen, Carpentras e Trappes, com as frações de insolações fornecidas em [5]. Para CASAMO e GISSOL, um coeficiente de turvamento (trouble de Link) foi introduzido com os valores 2.5 no inverno, 3.2 na meia estação e 3.8 no verão. Para CODYBA, o fator de transparência da atmosfera introduzido no dia-típico varia de 0.77 no inverno a 0.7 no verão. Para SIMULA, os cálculos foram efetuados com o índice 2 para o clima. 1.3. COMPARAÇÕES 10 Atlas Solaire Français-Gilles, Claux, Raoust, Pessot-PYC Edition-1982. 11 Le Gisement Solaire en France- Météorologie Nationale-1984. - 63 - Gráfico 1: Evolução horária – radiação para céu claro – 43°N (ou fração da insolação = 1) D EZEM B R O – CÉU CLA R O 450 400 350 g issol 300 casam o 250 cod yba 200 oasis 150 sim ula 100 50 0 8 9 10 11 12 Tabela 5: Céu claro – energia global – dezembro GISSOL CASAMO CODYBA OASIS SIMULA 8 18 44 46 41 50 9 154 159 147 159 157 - 64 - 10 298 271 264 265 270 11 396 348 345 336 343 12 430 375 374 361 369 Gráfico 2: Evolução horária – radiação para céu claro – 43°N (ou fração da insolação = 1) JUNHO – CÉU CLARO 1000 800 GISSOL CASAMO 600 CODYBA OASIS 400 SIMULA 200 0 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela 6: Céu claro – energia global – junho. GISSOL CASAMO CODYBA OASIS SIMULA 5 13 65 54 61 67 6 144 199 175 219 222 7 343 391 363 403 417 - 65 - 8 551 571 562 591 611 9 738 744 741 763 782 10 885 880 881 899 913 11 977 966 970 987 996 12 1009 996 1001 1017 1025 Gráfico 3: Evolução horária dezembro – energias globais para céu médio (43°n). DEZEMBRO-Fi=0,5 300 250 GISSOL 200 CARPENTRAS SIMULA 150 CODYBA CASAMO 100 OASIS 50 0 8 9 10 11 12 Tabela 7: Fração da radiação = 0,5 – energias globais - dezembro. GISSOL CARPENTRAS SIMULA CODYBA CASAMO OASIS 8 12 50 34 32 34 23 9 106 111 108 101 99 82 - 66 - 10 206 189 184 181 157 132 11 273 241 235 237 197 165 12 297 265 253 256 212 176 Gráfico 4: Evolução horária junho – energias globais para céu médio (43°n) JUNHO-Fi=0,5 700 600 SIMULA 500 GISSOL 400 CODYBA AGEN 300 CASAMO 200 OASIS 100 0 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela 8: Fração da radiação = 0,5 – energias globais - junho. SIMULA GISSOL CODYBA AGEN CASAMO OASIS 5 46 9 37 45 58 32 6 152 99 120 134 139 109 7 286 237 249 250 238 199 - 67 - 8 419 380 381 380 339 288 9 536 509 508 498 429 370 10 627 610 605 592 500 434 11 683 674 666 650 544 475 12 703 696 687 669 560 490 Gráfico 5: Evolução horária – céu nublado – 43°n. GLOBAL - NUBLADO 140 120 OASIS 100 SIMULA 80 CODYBA 60 GISSOL 40 CASAMO 20 0 8 9 10 11 12 Tabela 9: Fração da radiação = 0 – energias globais - dezembro. GISSOL CASAMO CODYBA OASIS SIMULA 8 4 25 13 21 14 9 31 39 41 62 44 10 60 44 73 94 74 - 68 - 11 79 47 96 115 95 12 86 48 103 121 102 Gráfico 6: Evolução horária junho – céu nublado – 43°n JUNHO - NUBLADO 300 250 OASIS 200 SIMULA 150 CODYBA GISSOL 100 CASAMO 50 0 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela 10: Fração da radiação = 0- energias globais - junho GISSOL CASAMO CODYBA OASIS SIMULA 5 3 50 15 29 19 6 29 79 48 81 61 7 69 96 100 133 115 - 69 - 8 110 107 155 182 169 9 148 115 205 223 216 10 177 120 244 255 252 11 195 123 269 276 275 12 202 124 277 282 283 Gráfico 7: Energias diárias (kWh/m²/dia). ENERGIA GLOBAL – AGEN 7,00 medida 6,00 5,00 casamo 4,00 oasis 3,00 gissol 2,00 codyba 1,00 simula 0,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela 11: Energias diárias (kWh/m²/dia). JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Medida 1,30 1,99 3,00 4,38 4,94 6,16 5,99 5,22 4,14 2,73 1,47 1,13 Casamo 0,83 1,47 2,45 3,47 4,2 5,12 5,49 4,5 3,36 1,99 1,07 0,71 Oasis 0,74 1,08 1,87 2,79 3,3 4,37 4,94 3,95 2,91 1,65 0,86 0,66 - 70 - Gissol 1,2 2,05 3,13 4,43 5,22 5,78 6,05 5,1 4,07 2,52 1,41 1,02 Codyba 1,08 1,83 3,04 4,34 5,14 5,87 6,14 5,24 4,07 2,45 1,3 0,91 Simula 1,06 1,8 3,05 4,41 5,81 6,25 6,56 5,48 4,14 2,53 1,39 0,92 Gráfico 8: Energia Global (kWh/m²/dia)– Carpentras. ENERGIA GLOBAL DIÁRIA MÉDIA MENSAL 8,00 medida 7,00 6,00 casamo 5,00 oasis 4,00 gissol 3,00 atlas 2,00 codyba 1,00 simula 0,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela 12: Energia Global (kWh/m²/dia) – Carpentras. Medida JAN 1,34 FEV 2,38 MAR 3,68 ABR 5,51 MAI 6,00 JUN 7,06 JUL 7,13 AGO 6,32 SET 4,58 OUT 2,77 NOV 1,96 DEZ 1,51 Casamo 1,31 1,96 2,97 4,47 5,57 6,33 6,82 5,73 4,02 2,53 1,56 1,14 Oasis 1,07 1,59 2,56 3,99 4,65 5,83 6,51 5,4 3,68 2,31 1,34 0,94 - 71 - Gissol 1,62 2,48 3,56 5,48 6,07 6,67 7,02 6 4,59 2,96 1,81 1,41 Atlas 1,57 2,36 3,73 5,31 6,45 7,13 7,35 6,23 4,48 3,05 1,81 1,33 Codyba 1,49 2,25 3,41 5,2 6,18 6,83 7,14 6,49 4,53 2,9 1,7 1,3 Simula 1,47 2,22 3,51 5,21 6,24 7,28 7,63 6,48 4,69 2,99 1,82 1,31 Gráfico 9: Energia Global (kWh/m²/dia) – Trappes, GLOBAL-TRAPPES 6 Junho 5 Agosto 4 Abril 3 Outubro 2 Fevereiro 1 Dezembro 0 simula atlas codyba gissol medida casamo oasis Tabela 13: Energia Global (kWh/m²/dia) – Trappes. FEV ABR JUN AGO OUT DEZ Simula 1,30 3,96 5,80 4,98 2,00 0,58 Codyba 1,29 3,93 5,31 4,71 1,83 0,54 Casamo 1,03 3,10 4,66 4,03 1,59 0,48 - 72 - Gissol 1,53 4,00 5,38 4,62 2,00 0,65 Medida 1,34 4,14 5,31 4,65 2,02 0,74 Atlas 1,53 4,12 5,70 4,60 2,04 0,65 Oasis 0,91 2,42 3,72 3,32 1,23 0,49 1.4. OBSERVAÇÕES 1.4. 1 – Absorção Atmosférica Para obter o efeito da influência da absorção atmosférica, na ausência de nuvens, é necessário introduzir nos programas: • Um coeficiente de turvamento (1 a 8) para CASAMO • Um fator de transparência (0 a 0,8) para CODIBA • Uma nebulosidade em octas (0 a 8) para OASIS • Um fator de clima (1, 2 ou 3) para SIMULA. Para os climas temperados e de baixa altitude, Perrin de Brichambaut estima que o coeficiente de turvamento deve ser próximo de 2.5 no inverno, 3.2 na meia estação e de 3.8 no verão (valores adotados para os cálculos de GISSOL e CASAMO). Com as fórmulas simplificadas de OASIS, a variação da nebulosidade (N superior a 1) não causa qualquer variação nos valores da radiação. As correlações em Dezembro, março e junho entre os coeficientes de transparência de CODYBA, o índice de clima de SIMULA e os coeficientes de turvamento foram estabelecidos por comparação com as energias globais dadas por estes dois programas e GISSOL na latitude 43°N. Gráfico 10: Coeficiente de transparência (CODYBA) em função do coeficiente de turvamento. TRANSPARÊNCIA = F(T) 0,8 0,75 codyba dez 0,7 codyba mar codyba jun 0,65 0,6 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 - 73 - 6 6,5 7 7,5 8 Gráfico 11: Índice de clima (SIMULA) em função do coeficiente de turvamento. 1 Céu muito claro 2 Céu claro 3 Céu poluído CLIMA = F(T) 3 simul dez 2 simul mar 1 simul jun 0 1,6 1,9 2,2 2,5 2,8 3,1 3,4 3,7 4 4,3 4,6 4,9 1.4. 2 – Valores Para Céus Claro, Médio e Nublado. Os valores para céu claro inseridos nos diferentes programas são muito próximos: ressalta-se apenas que GISSOL apresenta valores menores no inicio do dia e maiores no meio do dia (sobretudo no inverno), e que SIMULA conduz a resultados ligeiramente superiores no verão, o que pode ser explicado pelo valor 2 introduzido com índice de clima, uma vez que nesta estação o valor 3 seria mais compatível com um coeficiente de turvamento de 3,8. As maiores diferenças nos resultados aparecem com um fator de insolação de 0,5. Pode-se notar uma boa concordância em Dezembro entre as medidas efetuadas em Carpentras (latitude=44,1°, Fi=0,52) e os valores de SIMULA e CODYBA, GISSOL ficando ligeiramente mais alto, CASAMO e, sobretudo OASIS mais baixos. Acontece o mesmo para estes últimos nas simulações de Junho, ao mesmo tempo em que SIMULA apresenta um valor maior que o medido (Agen 44,1°N, Fi=0,51) – ver a observação precedente. Para dias nublados com cargas devidas unicamente à radiação difusa, OASIS apresenta valores maiores, sobretudo em Dezembro, SIMULA e CODYBA dão valores próximos, GISSOL e, sobretudo CASAMO com valores mais baixos. 1.4. 3 – Energias Diárias As mesmas observações se aplicam às energias diárias para Agen, Trappes e Carpentras, com uma boa concordância entre os valores apresentados pelos - 74 - programas e as medidas realizadas nos locais, excetuando CASAMO e, sobretudo OASIS que apresentam resultados fracos e SIMULA com resultados mais altos no verão. Isto decorre de formulações diferentes para levar em conta as radiações difusa e direta; OASIS com uma tendência a subestimar a radiação direta, sobretudo para os valores menores da fração da insolação e CASAMO a radiação difusa. Nota-se este efeito no estudo das radiações de Trappes, ou melhor ainda na evolução em função da fração de insolação. Gráfico 12: Resultados da radiação difusa em Trappes RADIAÇÃO DIFUSA – TRAPPES 3,00 fev 2,50 abr 2,00 jun 1,50 ago 1,00 out 0,50 dez 0,00 medido gissol oasis simula codyba atlas casamo Tabela 14: Resultados da energia difusa em Trappes fev abr jun ago out de medida 0,94 2,17 2,98 2,49 1,15 0,50 gissol 1,00 2,13 2,77 2,31 1,21 0,51 oasis 0,91 1,97 2,62 2,18 1,11 0,49 - 75 - simula 0,82 1,89 2,49 2,07 1,06 0,44 codyba 0,81 1,88 2,37 1,99 1,00 0,42 atlas 0,83 1,83 2,14 1,55 0,72 0,29 casamo 0,55 0,82 1,66 0,78 0,7 0,26 Gráfico 13: Resultados da radiação direta em Trappes RADIAÇÃO DIRETA – TRAPPES 3,5 fev 3 2,5 abr 2 jun 1,5 ago 1 out 0,5 dez 0 simula codyba casamo gissol medido atlas oasis Tabela 15: Resultados da radiação difusa em Trappes Fev abr jun Ago out dez simula 0,49 2,07 3,30 2,91 0,93 0,14 codyba 0,48 2,04 3,04 2,72 0,84 0,13 casamo 0,63 2,20 3,12 2,68 0,91 0,20 gissol 0,53 1,87 2,61 2,31 0,79 0,13 - 76 - medido 0,43 1,97 2,33 2,17 0,86 0,24 atlas 0,83 1,83 2,14 1,55 0,72 0,29 oasis 0,00 0,46 1,11 1,12 0,12 0,00 Gráfico 14: Radiação difusa em função da fração da insolação Fi – Latitude 45°- RADIAÇÃO DIFUSA= F(Fi) 1800 1700 1600 casamo 1500 1400 codyba 1300 1200 simula 1100 1000 oasis 900 800 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 Gráfico 15: Radiação direta em função da fração da insolação Fi – Latitude 45°- RADIAÇÃO DIRETA= F( Fi) 5000 4500 4000 casamo 3500 3000 codyba 2500 simula 2000 1500 oasis 1000 500 0 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 - 77 - 0,7 0,8 0,9 1 1.5. CONCLUSÕES Todas estas estimativas baseiam-se em médias mensais tendo como base as medições de vários anos. Com as hipóteses simplificadoras adotadas (isotropia da radiação difusa, equiparação horária da insolação) pode haver uma grande diferença entre um dia real e um dia calculado, tanto para os valores da energia diária quanto para os valores horários. Os cálculos descrevem um dia teórico (não necessariamente o mais provável). A introdução de frações de insolação horárias em SIMULA (dado, no entanto raramente accessível) torna este programa superior na simulação de um dia particular. 1.6. PRECISÃO DOS RESULTADOS As cargas solares calculadas parecem válidas qualquer que seja o programa para os dias de céu claro ou com forte insolação. Nota-se, no entanto, uma grande diferença para os dias de insolação fraca, SIMULA ou CODYBA parecendo mais confiáveis, CASAMO e OASIS subestimando as energias incidentes, tal como do CASAMO para a radiação difusa e de OASIS para a radiação direta. A consideração da absorção atmosférica se dá de uma maneira grosseira em SIMULA e ainda mais em OASIS, o que pode limitar seu emprego em determinados climas. A utilização de CODYBA e de CASAMO necessita o conhecimento do coeficiente de transparência ou do coeficiente de turvamento do dia climático testado, o que nem sempre é evidente, um erro de estimativa leva a considerações erradas, sobretudo para CODYBA no qual a variação é mais significativa. - 78 - ANEXO 2 – PROPOSTA DE NORMALIZAÇÃO D ESEMPENHO TÉRMICO DE E DIFICAÇÕES P ARTE 1: D EFINIÇÕES , SÍMBOLOS E UNIDADES . Origem: 02:135.07-001:1998 CB-02- Comitê Brasileiro de Construção Civil CE-02:135.07 - Comissão de Estudo de Desempenho Térmico de Edifcações. 02:135.07-001 - Thermal performance in buildings - Terminology, symbols and units Descriptors: Thermal. Performance. Buildings. Terminology. Symbols. Units Palavras-chave: Desempenho térmico. Edificações. Definições. Símbolos. Unidades SUMÁRIO Prefácio 1 Objetivo 2 Definições Anexos A Referências bibliográficas B Tabelas de conversão de unidades Prefácio A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - é o Fórum Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (CB) e dos Organismos de Normalização Setorial (ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros). Os projetos de Norma Brasileira, elaborados no âmbito dos CB e ONS, circulam para Votação Nacional entre os associados da ABNT e demais interessados. As definições, símbolos e unidades adotadas nesta Norma são também utilizados nas seguintes Normas que compõem o conjunto de Normas de Desempenho Térmico de Edificações: Parte 2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator de calor solar de elementos e componentes de edificações; Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social; Parte 4: Medição da resistência térmica e da condutividade térmica pelo princípio da placa quente protegida; Parte 5: Medição da resistência térmica e da condutividade térmica em regime estacionário pelo método fluximétrico. Os anexos12 A e B são de caráter informativo. 1 Objetivo Esta norma estabelece as definições e os correspondentes símbolos e unidades de termos relacionados com o desempenho térmico de edificações. 2 Definições Para os efeitos desta Norma aplicam-se as definições, símbolos e unidades indicadas nas tabelas 1, 2 e 3 conforme o campo de estudo. 12 O anexo A apresenta a fonte de algumas definições abordadas nesta Norma. O anexo B apresenta tabelas de conversão de unidades para facilitar o uso da literatura internacional sobre o assunto. - 80 - Tabela 1 – Características térmicas de materiais, elementos e componentes Construtivos. No 1 2 3 4 Grandeza Calor ou Energia térmica Fluxo de calor ou Taxa de fluxo de calor Densidade de fluxo de calor ou Densidade de taxa de fluxo de calor Condutividade térmica 5 Resistência térmica de elementos e componentes 6 Resistência superficial interna 7 Resistência superficial externa 8 Resistência térmica total 9 Transmitância térmica ou Coeficiente global de transferência de calor Capacidade térmica 10 Definição Ver NBR 12538 Símbolo Q Unidade J Quociente da quantidade de calor que atravessa uma superfície durante um intervalo de tempo pela duração desse intervalo. Quociente do fluxo de calor que atravessa uma superfície pela área dessa superfície (1). Quociente do fluxo de calor pelo gradiente de temperatura (2). Quociente da diferença de temperatura verificada entre as superfícies de um elemento ou componente construtivo pela densidade de fluxo de calor, em regime estacionário. Resistência térmica da camada de ar adjacente à superfície interna de um componente que transfere calor por radiação e/ou convecção. Resistência térmica da camada de ar adjacente à superfície externa de um componente que transfere calor por radiação e/ou convecção. Associação das diversas resistências térmicas do componente em questão com as resistências superficiais interna e externa. Inverso da resistência térmica total. Q W q” W/m2 λ W/(m.K) R (m2.K)/W Rsi (m2.K)/W Rse (m2.K)W RT (m2.K)/W U W/(m2.K) C=dQ/dT, onde dT é o aumento C J/K de temperatura em um sistema, como resultado da adição de uma pequena quantidade de calor dQ (3). (1) Esta grandeza também pode ser expressa por unidade de comprimento. Neste caso, seu símbolo é q’ e sua unidade W/m. (2) Quando existe transferência de calor por condução, convecção e radiação em materiais porosos deve-se usar o termo “condutividade térmica aparente”. (3) Para que esta grandeza seja completamente definida, é necessário que o tipo de transformação seja especificado. \continua - 81 - continuação No 11 Grandeza Calor específico ou Capacidade térmica específica Capacidade térmica de componentes Definição Quociente da capacidade térmica pela massa. Símbolo C Unidade J/(kg.K) CT Quantidade de calor necessária para J/(m2.K) variar em uma unidade a temperatura de um componente, por unidade de área. kg/m3 13 Densidade de massa Quociente da massa pelo volume ρ aparente aparente de um corpo. m2/s 14 Difusividade térmica Quociente da capacidade de um α material de conduzir calor (λ) pela sua capacidade de armazenar energia térmica (ρc). h 15 Atraso térmico Tempo que transcorre entre os ϕ momentos de ocorrência da temperatura máxima do ar no exterior e no interior da edificação quando se verifica um fluxo de calor através de um componente construtivo submetido a uma variação periódica da temperatura do ar no exterior (4). 16 Fator de calor solar Quociente da energia solar absorvida FS por um componente pela energia solar total incidente sobre a superfície externa do mesmo. 17 Emitância Taxa de emissão de radiação por E W/m2 unidade de área em todos os comprimentos de onda e em todas as direções. 18 Irradiância Taxa de radiação incidente sobre um G W/m2 corpo, por unidade de área da superfície, em todos os comprimentos de onda e em todas as direções. 19 Radiosidade Taxa de energia radiante que deixa J W/m2 uma superfície, incluindo a parcela refletida da radiação incidente e a emissão direta da superfície. 20 Emissividade Quociente da taxa de radiação emitida ε por uma superfície pela taxa de radiação emitida por um corpo negro, à mesma temperatura. (4) O atraso térmico depende da capacidade térmica do componente construtivo e da ordem em que as camadas estão dispostas. 12 continua - 82 - continuação No 21 Grandeza Absortância à radiação solar Definição Símbolo Unidade Quociente da taxa de radiação α solar absorvida por uma superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre esta mesma superfície (5). 22 Absortância em ondas Quociente da taxa de radiação αol longas emitida por fontes de baixa temperatura que é absorvida por uma superfície pela taxa de radiação incidente sobre esta mesma superfície (6). 23 Refletância à radiação Quociente da taxa de radiação ρ solar solar refletida por uma superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre esta mesma superfície. 24 Refletância em ondas Quociente da taxa de radiação ρol longas emitida por fontes de baixa temperatura que é refletida por uma superfície pela taxa de radiação incidente sobre esta mesma superfície. 25 Transmitância à radiação Quociente da taxa de radiação τ solar solar que atravessa uma superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre esta mesma superfície. 26 Transmitância em ondas Quociente da taxa de radiação τol longas transmitida por fontes de baixa temperatura que atravessa um corpo pela taxa de radiação incidente sobre esta mesma superfície. (5) A radiação solar está concentrada na região do espectro eletromagnético compreendida entre comprimento de onda de 0,2µm e 3,0 µm. (6) Fontes de baixa temperatura emitem radiação térmica de onda longa com comprimento de onda compreendido entre 3,0µm e 100,0 µm. - 83 - Tabela 2: Características térmicas de ambientes No 27 Grandeza Temperatura radiante plana Definição Símbolo Unidade o Temperatura uniforme do ambiente no qual Trp C o fluxo radiante incidente em um lado de um pequeno elemento plano é o mesmo que no ambiente real não uniforme (7). o 28 Temperatura Temperatura uniforme de um ambiente Trm C radiante média imaginário no qual a troca de calor do corpo humano por radiação é igual a troca de calor por radiação no ambiente real não uniforme. o 29 Assimetria de Diferença entre as temperaturas radiantes C ∆Trp radiação planas medidas em lados opostos de um pequeno elemento plano. o 30 Temperatura É a temperatura uniforme de um ambiente To C operativa negro imaginário no qual o ocupante poderia trocar a mesma quantidade de calor por radiação e convecção que no ambiente real não uniforme. o 31 Temperatura Temperatura de um ambiente com 50% de Tef C efetiva umidade relativa que resulta na mesma perda total de calor pela pele que em um ambiente real. o 32 Temperatura Temperatura operativa para a qual o corpo TN C neutra humano encontra-se em neutralidade térmica. 33 Temperatura Definida de acordo com os princípios da T K termodinâmica termodinâmica (8) o 34 Temperatura t = T – To C t Celsius onde To é fixado por convenção como sendo 273,15 K (9). o 35 Temperatura arTemperatura fictícia que representa o efeito Tar-sol C sol combinado da radiação solar incidente no fechamento e dos intercâmbios de energia por radiação e convecção entre a superfície e o meio envolvente. 36 Taxa de Vazão de ar exterior que circula por um Var m3/s ventilação ambiente através de aberturas intencionais. 37 Taxa de Vazão de ar exterior que circula por um Vi m3/s infiltração ambiente através de aberturas não intencionais. 38 Taxa de Número de trocas de ar de um ambiente Nv Renovaç renovação de ar por unidade de tempo. ões/hora (8) A unidade de temperatura termodinâmica, kelvin (K), é a fração 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água. A temperatura termodinâmica é uma das sete grandezas de base do SI. (9) A temperatura termodinâmica To é, por definição, 0,01 K inferior à temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água. Graus Celsius é um nome especial para a unidade kelvin, para uso na indicação de valores da temperatura Celsius. \continua - 84 - Tabela 3:Grandezas do clima, do ambiente e da fisiologia humana relacionadas ao condicionamento térmico de edificações No 39 Grandeza Conforto térmico Definição Símbolo Unidade Satisfação psicofisiológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente. 40 Neutralidade térmica Estado físico no qual a densidade do fluxo de calor entre o corpo humano e o ambiente é igual à taxa metabólica do corpo, sendo mantida constante a temperatura do corpo. 41 Desconforto local Aquecimento ou resfriamento de uma parte do corpo gerando insatisfação do indivíduo. 42 Taxa metabólica Taxa de produção de energia do TM W/m2 corpo (10). 43 Isolamento térmico das Representa a resistência à troca Ir clo roupas de calor sensível através de um conjunto de roupas (11). 44 Percentagem de pessoas Percentagem de pessoas em um PPI % insatisfeitas com o ambiente que não se encontram ambiente termicamente satisfeitas (12). o 45 Temperatura de bulbo Temperatura do ar medida por um TBS C seco termômetro com dispositivo de proteção contra a influência da radiação ambiente. o 46 Temperatura de bulbo Temperatura do ar medida por um TBU C úmido termômetro cujo bulbo está embutido em uma mecha embebida em água destilada, sobre o qual atua um exaustor de ar, tornando forçada a convecção entre a mecha e o ar. o 47 Temperatura de bulbo Temperatura do ar medida por um TBUn C úmido com ventilação termômetro cujo bulbo está natural embutido em uma mecha embebida em água destilada, o qual está sujeito à circulação de ar existente no ambiente. (10) A Taxa metabólica, função da intensidade da atividade física desenvolvida pelo corpo humano, pode também ser expressa na unidade “met” (do inglês metabolic unit), que corresponde a 58,2 W/m2. (11) É descrito como um isolamento intrínseco da pele para a superfície da roupa, não incluindo a resitência proporcionada pela camada de ar existente entre a pele e a roupa. É expressa em “clo”, do inglês clothing. Desta forma, 1 clo = 0,155 (m2.K)/W. (12) Esta grandeza também pode ser chamada de PPD – Predicted Percentage of Dissatisfied. \continua - 85 - continuação No 48 Grandeza Umidade absoluta do ar Definição Quociente da massa de vapor d’água (em g) pela massa de ar seco (em Kg). 49 Umidade relativa do ar Quociente da umidade absoluta do ar pela umidade absoluta do ar saturado para a mesma temperatura. 50 Velocidade do ar Velocidade unidirecional do ar em relação à um ponto de referência. 51 Zona bioclimática Região geográfica homogênea quanto aos fatores climáticos que interferem nas relações entre ambiente construído e conforto humano. 52 Irradiância solar direta Fluxo de radiação solar direta incidente sobre uma superfície por unidade de área. 53 Irradiância solar difusa Fluxo de radiação solar incidente sobre uma superfície por unidade de área, no conjunto de todas as direções, exceto a de incidência direta (13). 54 Radiação solar refletida Radiação solar refletida por superfícies externas à edificação. 55 Irradiância solar total Fluxo de radiação solar direto e difuso incidente sobre uma superfície unitária, a uma dada inclinação e orientação. (13) Com céu claro a sua distribuição é considerada anisotrópica. - 86 - Símbolo UA UR Unidade g vapor/ kg ar seco % V m/s - - Gdir W/m2 Gdif W/m2 Gr W/m2 G W/m2 Anexo A (informativo) Referências bibliográficas o N da grandeza Fonte 1, 2, 3, 4, 10, 11, 33 e 34 ABNT (1992). NBR 12538 – Grandezas e unidades de termodinâmica. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 27, 28, 29 e 31 ASHRAE (1997). Ashrae Handbook – Fundamentals. Capítulo 8 Physiological principles for comfort and health. ISO 7726 (1996). Thermal environments: Instruments and methods for measuring physical quantities. 30 ISO 7730 (1994). Moderate thermal environments: Determination of the PMV and PPD indices and specification of the conditions for thermal comfort. ASHRAE (1997). Ashrae Standard 55/1992 – Thermal environmental conditions for human occupancy. 42 e 43 ASHRAE (1997). Ashrae Standard – Thermal environmental conditions for human occupancy. - 87 - Anexo B (informativo) Tabelas de conversão de unidades As tabelas B.1 a natureza. B.5 indicam as conversões de unidades conforme sua Tabela B.1 - Medidas lineares Metros 1 0,3048 0,0254 1609,35 Pés 3,281 1 0,08333 5280 Polegadas 39,37 12 1 63360 Milhas 0,0006214 0,0001894 0,00001578 1 Tabela B.2 - Medidas de massa kg 1 0,454 Libra 2,203 1 Tabela B.3 - Energia kJ 1 4,186 1,055 3600,00 kcal 0,239 1 0,252 859,98 Btu 0,948 3,968 1 3412,66 kWh 0,000278 0,001163 0,000293 1 Tabela B.4 - Condutividade térmica W/(m.K) 1 1,163 0,144 kcal/(m.h.K) 0,861 1 0,124 Btu/(pé2.h.°F) 6,94 8,064 1 Tabela B.5 - Temperaturas T [°C] = 5/9 (T [°F] - 32) T [K] = T [°C] + 273,15 T [°F] = (9 T [°C]/5) + 32 T [R] = T [°F] + 459,67 - 88 -