REDUÇÃO DE U 0 THARCÍSIO 3 8 EM PÓ POR ALUMÍNIO DAMY DE SOUZA PUBLICAÇÃO IEA N , Dezembro — 1970 LIQUIDO SANTOS 226 INSTITUTO DE ENERGIA ATÔMICA Caixa Postal 11049 (Pinheiros) CIDADE UNIVERSITÁRIA "ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA" SAO PAULO — BRASIL REDUÇÃO DE U „ O n EM PÕ POR ALUMÍNIO LÍQUIDO* Tharcísio Damy de Souza Santos Divisão de Metalurgia Nuclear Instituto de Energia Atómica São Paulo - Brasil Publicação IEA Dezembro * - N9 226 1970 Separata de "METALURGIA - REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE METAIS", vol. 26, n? 149 , abril, p. 283-288, 1970. Comissão Nacional de'Energia Nuclear Presidente: Prof.Dr, Hervásio Guimarães de Carvalho Universidade de São Paulo Reitor: Prof.Dr. Miguel Reale Instituto de Energia Atómica Diretor: Prof.Dr. Rómulo Ribeiro Pieroni Conselho Técnico-Científico do IEA Prof.Dr. Prof.Dr. Prof.Dr. Prof.Dr. José Moura Gonçalves José Augusto Martins Rui Ribeiro Franco Theodoreto H.I. de Arruda Souto ) ) ) ) pela USP pela CNEN Divisões Didático-Científicas Divisão de Física Nuclear Chefe: Prof.Dr. José Goldenberg Divisão de Radioquímica Chefe: Prof.Dr. Fausto Walter de Lima Divisão de Radiobiología Chefe: Prof.Dr. Rómulo Ribeiro Pieroni Divisão de Metalurgia Nuclear Chefe: Prof.Dr. Tharcísio D.S. Santos Divisão de Engenharia Química Chefe: Lie. Alcídio Abrão Divisão de Engenharia Nuclear Chefe: Eng9 Pedro Bento de Camargo Divisão de Operação e Manutenção de Reatores Chefe: Eng2 Azor Camargo Penteado Filho Divisão de Física de Reatores Chefe: Prof.Dr. Paulo Saraiva de Toledo Divisão de Ensino e Formação Chefe: Prof.Dr. Rui Ribeiro Franco Divisão de Física do Estado Sólido Chefe: Prof.Dr. Shigueo Watanabe (1) REDUÇÃO DE UsOs EM PÕ POR ALUMINIO LÍQUIDO THARCISIO D . DE SOUZA SANTOS ^ RESUMO Descreve o autor o estudo experimental realizado na Divisão de Metalurgia Nuclear do Instituto de Energia • Atômica, ãe redução de ü O , na forma de pó solto, por alumínio líquido e por ligas líquidas alumínio-urânio, sob proteção de sistema fundido constituído inicialmente por criolita. O estudo visou a obtenção dos dados principais sobre a influência das principais variáveis de operação que afetam o teor de urânio na liga e sua recuperação. Foi realizado em conjunto montado pelo autor, e que consiste essencialmente em cadinho ãe grafita aquecido por alta freqüência (um MHz), o cadinho sendo aberto à atmosfera e podendo ser facilmente retirado para vasamento de seu conteúdo. Os resultados obtidos no decurso de sete séries de experiências, compreendendo 36 operações, mostraram que, em operação com duração total da ordem de 15 minutos, podem ser obtidas ligas de alto teor, até 57,7% U, com recuperações entre 90 e 98%. s 1. INTRODUÇÃO N e s t a contribuição, descreve o A u t o r os e s tudos e x p e r i m e n t a i s realizados nos laboratórios da D i v i s ã o de Metalurgia N u c l e a r do I n s t i t u t o de E n e r g i a N u c l e a r d o I n s t i t u t o de E n e r g i a A t ô m i c a , sobre a "redução de U 0 e m pó por alumínio líquido. 3 8 O projeto d e pesquisa desenvolvido v i s o u a o b t e n ç ã o dos principais dados de operação, t e n d o e m v i s t a o u t r o programa, de t r a t a m e n t o de elem e n t o s c o m b u s t í v e i s para reatores de pesquisa, de t i p o placa, e constituídos por núcleo de dispersão U 0 e m alumínio, revestido por l i g a de alumínio. E s s e . tópico faz parte de p r o g r a m a maior, para desenvolvimento f u t u r o no I n s t i t u t o d e E n e r g i a A t ô m i c a , objetivando o e s t u d o de rep r o c e s s a m e n t o pirometalúrgico de e l e m e n t o s c o m bustíveis, inclusive de combustíveis irradiados, para a s s e g u r a r a separação e recuperação dos produtos de fissão e a recuperação do u r â n i o residual. 3 8 A l é m do i n t e r e s s e que r e p r e s e n t a o reprocess a m e n t o pirometalúrgico de e l e m e n t o s combustíveis, m e s m o no c a s o de e l e m e n t o s de r e a t o r e s de pesquisa, o trabalho desenvolvido p e r m i t e ainda a r e c u p e r a ç ã o direta de urânio, contido n a f o r m a de U O , e m resíduos e e m m a t e r i a i s e x p e r i m e n tais, r e s u l t a n t e s dos e s t u d o s de d e s e n v o l v i m e n t o de fabricação dos e l e m e n t o s c o m b u s t í v e i s para o reator A r g o n a u t a . E s s e s e s t u d o s de desenvolv i m e n t o f o r a m realizados c o m U O natural, pro3 s 3 (1) (2) s Contrbuição Técnica n.» 865. Apresentada ao XXIV Congresso Anual da ABM; São Paulo, SP; julho de 1969. Membro da ABM; Chefe da Divisão de Metalurgia Nuclear, Instituto de Energia Atômica; Professor Catedrático e Chefe do Departamento de Engenharia Metalúrgica, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. s i duzido n a própria D i v i s ã o d e Metalurgia N u c l e a r , e f o r a m objeto de d i v e r s a s publicações anteriores ( . ). J 3 P a r a definir as c o n d i ç õ e s de redução de U O p u l v e r u l e n t o e para e s t u d a r a influência de a l g u m a s das principais v a r i á v e i s , foi organizado u m e x t e n s o p r o g r a m a de e s t u d o s e x p e r i m e n t a i s , o s quais f o r a m realizados de julho de 1968 a abril de 1969, c o m a l g u n s períodos de interrupção m a i s longos. E m a l g u n s casos, v i s a n d o elevar o t e o r d e u r â n i o n a l i g a obtida, foi f e i t a r e d u ç ã o c o m p l e m e n t a r de U F p o r a l u m í n i o líquido. E s s a p o d e constituir u m a das f o r m a s a s e r e m utilizadas para aquele objetivo, p r i n c i p a l m e n t e quando fôr desejável t e o r de u r â n i o m a i o r d o q u e o corresp o n d e n t e à d a c a r g a de U O e alumínio, contidos n a placa e l e m e n t o combustível. 3 s 4 3 s O u t r a contribuição técnica c o n d e n s a os principais resultados obtidos no t r a t a m e n t o d i r e t o de placas e l e m e n t o s c o m b u s t í v e i s contendo n ú c l e o de d i s p e r s ã o U 0 - A 1 . S 2. 8 PROCESSO ADOTADO O p r o c e s s o adotado nos e s t u d o s e x p e r i m e i g tais adiante relatados, baseia-se e s s e n c i a l m e n t e na r e a ç ã o : 3 U 0 3 8 + 16 A l ^ 8 A1 0 2 3 + 9 U (1) V i s t o c o m o a a l u m i n a produto da r e a ç ã o estaria h o e s t a d o sólido à t e m p e r a t u r a e m q u e s e realiza o processo, é n e c e s s á r i o dissolvê-la e m líquido que d e v e n ã o r e a g i r c o m os d e m a i s const i t u i n t e s do s i s t e m a . O s o l v e n t e q u e satisfaz a e s s a s condições é a criolita, f l u o r e t o duplo d e alumínio e sódio, cujo ponto de f u s ã o é de 1000°C. O e m p r e g o de criolita p a r a e s s e objetivo é c o n h e - — 283 — 284 REDUÇÃO D E U O 3 ( 4 ) eido . A solubilidade da alumina na criolita foi estudada por numerosos autores, em trabalhos clássicos ' K Nessas condições constituem-se dois líquidos em equilíbrio: inferiormente, solução metálica de urânio e alumínio, e, superiormente, solução de A1 0 em criolita líquida (ou em sistema constituído por A1F e NaF ou outros fluoretos, como se verá mais adiante). A solução metálica fica assim protegida pelo líquido criolítico superior, este podendo ficar exposto ao ar. Como se disse, em alguns casos pode ser desejável aumentar o teor de urânio na liga, à custa de UF (ou de UF , inclusive no caso de urânio enriquecido). Nesses casos deve ser considerada a seguinte equação: ( 5 2 I — E M PÓ POR ALUMÍNIO Principais característicos e cadinhos. LIQUIDO das bobinas e 3 3 4 3 UF« TABELA s Característico Número de espiras Altura total das espiras, mm Diâmetro espiras, Diâmetro Diâmetro interno do tubo ' das mm interno das espiras, mm externo cadinho, mm Conjunto menor Conjunto maior 6 96 105 6 9 9 90 117 102 77 54 Diâmetro interno cadinho, mm Altura total cadinho, mm 130 Profundidade útil cadinho, mm 120 74 134 124 6 + 4 Al —• 4 AIF3 + 3 U (2) As reações (1) e (2) desenvolvem-se no sentido indicado, conforme pode ser previsto com base nos valores da energia livre. No caso da reação ( 2 ) , com a elevação do conteúdo de A1F no sistema liquido superior, diminue a solubilidade da alumina, como sabido. Para aumentar a solubilidade, poder-se-á promover a recomposição da composição original do banho, o que pode ser feito por meio de adição de fluoreto de sódio. O processo adotado permite realizar a reação de redução de forno aberto à atmosfera, uma vez que a reação de redução dar-se-á na interface metal-banho líquido superior, este constituído essencialmente por criolita fundida. Nessas condições fica a liga metálica resultante, protegida da ação oxidante da atmosfera pelo banho fundido superior. 3 3. LATERAIS DC TIJOLOS REFRATÁWI0S APARELHAMENTO EMPREGADO O forno utilizado consiste essencialmente em um cadinho de grafita, obtido por usinagem de eletrodo de grafita Acheson, colocado no espaço interior da bobina percorrida por corrente de 1.000.000 ciclos/s (1 MHz) fornecida por um gerador de alta freqüência, de 25 kW de potência máxima. O gerador utilizado é de fabricação de Hochfrequenzwarme Schmidt & Co, Alemanha, tipo DS 1025. A tensão no ânodo das válvulas é de 12,5 kV e a corrente máxima de ânodo é de 3,45A. No sentido de não forçar as válvulas, em todos os trabalhos realizados a potência máxima foi de 12 kW, para o que corresponde tensão no ânodo de 6,8 kW para o cadmuo de maiores dimensões. 1 A tabela I reúne os principais dados referentes às bobinas utilizadas e aos cadinhos correspondentes a essas bobinas. Fig. 1 — Esquema do equipamento empregado para as experiências. A figura 1 mostra os principais detalhes referentes ao arranjo do cadinho dentro do espaço da bobina; ilustra, igualmente, a disposição adotada para proteção térmica parcial, e que consiste em peças refratárias usinadas, as quais eram justapostas à bobina na ocasião da operação. Para a retirada da carga, afastam-se essas peças refratárias e retira-se o cadinho com auxílio de uma pequena tenaz apropriada, sendo seu conteúdo vasado em seguida em lingoteiras metálicas, previamente préquecidas e que tiveram sua parede interna revestida por película protetora adequada, geralmente de suspensão de farinha de ossos calcinados, em água. METALURGIA — VOL. 26 — N.» 149 — ABRIL, 1970 C o m e s s e arranjo é m u i t o fácil o a c e s s o a o cadinho durante o f u n c i o n a m e n t o , podendo ser feitas f a c i l m e n t e as adições pela s u a abertura superior, m e s m o s e m desligar o forno. 4. DESCRIÇÃO DAS D E REDUÇÃO OPERAÇÕES O s c o n s t i t u i n t e s d a c a r g a e r a m cuidadosam e n t e pesados e c o n s e r v a d o s e m recipientes apropriados. O c a d i n h o e r a p r e v i a m e n t e préaquecido, a c e r c a de 1000°C, c o l o c a n d o - o e m vazio no espaço interior à b o b i n a d o f o r n o . U m a v e z concluído o p r é a q u e c i m e n t o , e r a f e i t o o c a r r e g a m e n t o de criolita, o u criolita c o m a g e n t e s de adição indicados, por m e i o d e u m a calha. L i g a d o o forno g e r a l m e n t e a p o t ê n c i a e r a limitada a 5 ou 6 k W a t é q u e s e v e r i f i c a s s e a f u s ã o o que e x i g i a de 6 a 1 0 m i n u t o s , dependendo da carga e d o cadinho e m p r e g a d o ( m a i o r t e m p o para o cadinho de 1 0 2 m m d e d i â m e t r o e x t e r n o ) . U m a v e z fundida a c a r g a de criolita, e r a g e r a l m e n t e f e i t o d e u m a s ó v e z o c a r r e g a m e n t o d e alumínio, e m dois o u t r ê s f r a g m e n t o s . O alumínio ficava recoberto pela criolita, e l o g o fundia. A p ó s a fusão do alumínio é q u e e r a f e i t o o c a r r e g a m e n t o do U 0 pulverulento, por m e i o de u m a pequena c a l h a metálica. A adição era f e i t a p r o g r e s s i v a m e n t e , t o m a n d o 3 e 6 m i n u t o s , e, geralmente, s e m a g i t a ç ã o intercalada. P o d i a ser observado q u e o p ó de U O desaparecia e m s e g u i d a n o b a n h o d e criolita, s ó p e r m a n e c e n d o na superfície u n s poucos segundos, ou quando, por qualquer m o t i v o , a m a s s a caída d e pó era u m p o u c o maior. 3 3 8 s T e r m i n a d a s as adições, f e i t a s da f o r m a indicada e s e m p r e c o m auxílio d a calha, e r a e m seg u i d a f e i t a agitação, c o m auxílio de u m a h a s t e de grafita m o n t a d a e m c a b o apropriado. Com essa h a s t e podia-se perceber, e m alguns casos, a e x i s t ê n c i a d e m a t e r i a l p a s t o s o n a base d o cadinho, ou p r ó x i m o da base. A a g i t a ç ã o m o d e r a d a nesses c a s o s e m geral permitia f a z e r desaparecer essas zonas m a i s pastosas. A o s e r r e t i r a d a a h a s t e do banho, m u i t a s vezes trazia a ela aderent e metal q u e s e o x i d a v a ao ar, p r o v a v e l m e n t e l i g a A l - U de alto t e o r de U, o u ainda m i s t u r a s i n c o m p l e t a m e n t e reduzidas de U O c o m alumínio, s e m completa separação d a a l u m i n a e incorporação na escória. 3 s Concluída a o p e r a ç ã o de redução, era o forn o desligado e retirado o c a d i n h o c o m auxílio de u m a t e n a z e v a s a d o s e u c o n t e ú d o e m lingoteira metálica, a qual f o r a p r e v i a m e n t e préaquecida. Habitualmente, a escória de criolita era b a s t a n t e fluida e a superfície superior n a l i n g o t e i r a m a n tinha-se líquida durante a l g u n s s e g u n d o s a n t e s de s e solidificar; podia-se perceber no v a s a m e n t o a p a s s a g e m da liga Al-U, caracterizada por m a i o r oxidação a o ar. A s l i g a s de e l e v a d o s t e o r e s de 285 urânio, a t é 5 7 , 7 % são m a i s o x i d á v e i s e a haste, quando retirada a o ar, e m i t e f a g u l h a s características d a m a i o r o x i d a ç ã o dessa l i g a rica. Depois da abertura da lingoteira prismática, u m a v e z resfriada a escória, podia e m geral ser perfeitamente separado o lingote metálico correspondente. A l g u m a s v e z e s o c o a l e s c i m e n t o n ã o e r a m u i t o perfeito, e e x i s t i a a l g u m a e s c ó r i a aderida q u e e r a r e t i r a d a por m e i o d e leve percussão. E r a oi bloco m e t á l i c o e m s e g u i d a furado para a retirada dos c a v a c o s p a r a a n á l i s e química. T o m o u - s e s e m p r e a p r e c a u ç ã o de e x e c u t a r diversos f u r o s d e broca q u e a t r a v e s s a s s e m o lingote, de m o do a e v i t a r q u e a a m o s t r a g e m f o s s e f a l s e a d a pela p o s i ç ã o d o m a t e r i a l retirado, o q u e é d e s e prever e m f a c e do g r a n d e i n t e r v a l o d e solidificação dess a s ligas, que d e v e c a u s a r apreciável s e g r e g a ç ã o d e urânio. 5. DADOS DAS EXPERIÊNCIAS RESULTADOS OBTIDOS E 1.5 — Primeira Série — A p r i m e i r a s é r i e d e e x p e r i ê n c i a s foi realizada n o c a d i n h o d e 77 m m de d i â m e t r o e x t e r n o e c o m p r e e n d e u i n i c i a l m e n t e u m conjunto de e x p e r i ê n c i a s p a r a a j u s t a r a s condições d e operação, e, a o m e s m o t e m p o , f o r n e c e r a p r á t i c a n e c e s s á r i a p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o do programa. A tabela II r e ú n e os principais dados refer e n t e s a s e t e e x p e r i ê n c i a s realizadas, b e m c o m o o s resultados obtidos. T o d a s e s s a s o p e r a ç õ e s m o s t r a r a m v a l o r e s b a s t a n t e elevados para os t e o r e s d e u r â n i o n a l i g a obtida e r e c u p e r a ç õ e s elevadas. TABELA II — Dados e resultados da primeira série. Cadinho de 77 mm e cargas com 150 g criolita. Operação Al g uo 1 2 3 4 5 6 7 53,0 52,0 53,0 52,8 56,4 80,0 42,3 80,0 60,0 60,0 52,8 56,4 80,0 52,3 3 8 g Escória g Liga Al-U g U % 160,0 161,6 164,7 174,8 195,0 65,7 75,5 69,5 80,0 115,3 72,2 26,9 48,5 39,9 49,6 35,6 47,6 43,8 Recuperação U % 91© 73 70 90 87 83 84 Os v a l o r e s das r e c u p e r a ç õ e s e s t ã o e m algum a s e x p e r i ê n c i a s afetados d e s f a v o r a v e l m e n t e , s e ja por r e t e n ç ã o de glóbulos m e t á l i c o s n o i n t e r i o r do cadinho, n ã o c h e g a n d o a s e r v a s a d o p a r a dent r o da lingoteira, seja pelo a r r a s t a m e n t o do metal, p r i n c i p a l m e n t e s e fôr e l e v a d o o t e o r de urânio, pela h a s t e de grafita utilizada p a r a a g i t a ç ã o . A retirada da h a s t e m u i t a s v e z e s a r r a s t a v a m a s s a s de liga, a s quais s e o x i d a v a m a o ar, causando p e r d a s e f a z e n d o d i m i n u i r a m a s s a d e m e t a l obtido, 286 R E D U Ç Ã O D E UaO» EM PÓ POR ALUMÍNIO falseando assim, para menor, o resultado da recuperação do urânio na liga. 2.5 — Segunda Série — No cadinho de 102 mm de diâmetro externo foram realizadas novas operações para verificar a influência de maior massa de criolita (200 g, em lugar de 150 g ) . Com essa maior massa procurou-se verificar o efeito de eventual insolubilidade residual da alumina, produto da reação. Os valores obtidos constam da tabela III. ABELA III — Dados e resultados da segunda série. Cadinho de 102 mm e cargas com 200 g criolita. Operação 8 9 10 Al g uo g Escória g Liga Al-U g 54,0 53,0 61,0 30,0 50,0 70,0 188,5 186,0 201,0 67,0 74,6 91,0 3 8 U % 36,2 42,2 49,7 Recuperação U % 81 88 72 Os valores da recuperação foram elevados, salvo na última das experiências, onde o baixo valor obtido deve resultar de perda parcial de massa do metal, por arrastamento na haste ou por haver ficado retido no cadinho. 3.5 — Terceira Série — A terceira série foi realizada mais uma vez com cadinho menor, de 77 mm de diâmetro externo, e tomou-se sempre a precaução de vasar as cargas era temperaturas muito elevadas. Já se salientou que o cadinho menor, i>ara as potências empregadas, de 10 kW no máximo, assegura temperaturas mais elevadas, o que podia ser verificado não só pela côr atingida, como também pela inexistência de glóbulos metálicos no interior do cadinho, imediatamente após o vasamento de seu conteúdo. A tabela IV reúne dados e resultados obtidos. Todos os valores da recuperação são bastante consistentes e elevados. TABELA IV — Dados e resultados da terceira série. Cadinho de 77 mm e cargas com 150 g criolita. Operação N.o Al g uo g Liga Al-U g U g Recuperação U % 11 12 13 14 76,0 77,8 80,0 159,0 76,0 77,8 80,0 70,0 111,0 110,0 164,0 183,0 42,7 42,5 30,6 24,6 86 83 87 89 3 8 If.5 — Quarta Série — Esta série de experiências, bem como as subseqüentes, foram realizadas no cadinho de 102 mm de diâmetro externo, e com cargas maiores. Compreendeu 10 operações de redução, 8 com cargas de 150 g de crio- LÍQUIDO lita e 2 com cargas de 200 g. Nessas operações, em 4 delas, utilizou-se exclusivamente U F (reação 2 . ) , duas com sal de origem canadense e duas com sal de origem alemã. Nas outras seis cargas, reduziram-se misturas de U O e UF , este das duas origens apontadas (Tabela V ) . 4 3 s 4 TABELA V — Dados e resultados da quarta série. Cadinho de 102 mm, cargas de 150 g criolita e UF . 4 Operação N.o Al g 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 80,0 80,0 80,0 78,4 75,2 78,5 75,0 80,0 106,4 106,6 uo 3 UF g 8 g — 40,0 39,2 52,6 55,0 22,5 56,0 — Liga Escória Al-U g g 4 80,0a 80,0c 40,0a 39,2c 52,6c 22,5a 52,5c 56,0c 108,4c 106,6a 159,7 166,1 155,5 175,6 175,0 151,2 165,0 131,5 224,8 203,1 108,2 104,3 99,1 93,0 95,0 94,5 107,1 109,3 138,5 119,2 U % Recuperação U % 39,3 42,5 35,2 36,7 36,1 35,8 45,9 41,0 40,5 34,5 62 64 55 55 45 57 80 52 62 45 De uma maneira geral, os rendimentos foram sempre baixos, provavelmente motivados por temperatura ou por tempo insuficiente. Igualmente, foi constatado sempre que a haste de grafita arrastava sempre parte da carga em reação, situada na base do cadinho ou na base no liquido superior. Esse arrastamento provoca naturalmente perdas, influenciando assim desfavoravelmente o rendimento obtido. O aumento da proporção de criolita não melhorou os resultados, quer quanto ao teor de urânio na liga, quer quanto à recuperação do urânio. 5.5 — Quinta Série — Esta série visou determinar a influência de teores crescentes de NaCl adicionado à criolita (e de LiF em uma das operações), sobre o teor de urânio na liga e sobre o rendimento de extração de urânio na liga Al-U. Mostram os resultados da tabela VI que teores de NaCl de 5, 10, 15 e 20% na criolita não causaram alterações coerentes, nem ao teor de urânio, nem ao valor da recuperação, sendo de se notar a faixa relativamente ampla de flutuação dos resultados. TABELA VI — Dados e resultados da quinta série. Influências de NaCl e LiF. Cadinho de 102 mm e cargas de 150 g criolita. Operação N.o NaCl g Al g uo 3 s g Liga Al-U U g Recuperação U % • 25 28 27 28 29 30 Nota: 7,5 15,0 22,5 30,0 15,0* 72,4 78,6 77,6 75,4 76,6 78,6 72,4 78,6 77,6 75,4 76,6 78,6 * LiF em lugar dè NaCl 89,3 114,8 93,8 94,2 113,4 77,4 33,1 38,3 28,4 29,6 41,5 57,7 57 77 47 51 76 79 METALURGIA — VOL. 26 — N.° 149 — ABRIL, 1970 Já adição de LiF, na proporção de 15% em relação à criolita, permitiu obtenção de escória bastante fluida; a liga obtida passou a 44,7% U e a recuperação de urânio na liga atingiu 79%. 6.5 — Sexta Série — O resultado animador obtido com a adição de LiF à criolita indicou a conveniência de ser estudada a influência dessa adição sobre a redução. Para isso, foram realizadas três operações sucessivas de redução, com cargas que continham 200 g de criolita e que receberam adições para 5, 10 e 20% de LiF. Os resultados obtidos (Tabela VII), foram muito animadores, pois teores de 48,1 e 44,0% U na liga foram obtidos com recuperações de 90 e de 92%, respectivamente, para adições de 5 e .10% LiF. Para 20% LiF o teor é algo mais baixo (41,3% U), e a recuperação caiu para apenas 64%. Pode entretanto esse resultado ser devido a separação imperfeita do metal obtido. TABELA VII •— Dados e resultados da sexta série. Influência de LiF. Cadinho de 102 mm e cargas de 200 g criolita. Operação N.o LIF g Al g u,o g 31 32 33 10 20 • 40 74,0 80,0 80,0 74,0 80,0 .80,0 a Escória g Liga Al-U g 234,4 232,8 262,5 100,6 120,6 91,8 U % Recuperação U 90 92 64 7.5 — Sétima Série — Havia sido constatado anteriormente pelo autor que a criolita fundida adquiria intensa coloração escura, quase preta, quando recebia a adição de U 0 acima de 10%. Não dispõe o autor de elementos para esclarecer se o U 0 está dissolvido na criolita nessas condições, e nesse caso não se sabendo até que proporção para cada temperatura dada, ou se trata de dispersão mecânica de pó de U O no líquido solidificado de criolita, ou de criolita tendo A1 0 em solução. Essa questão constituirá objeto de estudos posteriores do autor, que pretende assim estudar parte do sistema 3NaF.AlF -U 0 . 3 3 8 3 8 6. CONCLUSÕES 1. O arranjo experimental adotado pelo Autor, e descrito nesta contribuição, permitiu a realização de extensa série de experiências de redução de cargas de U 0 pulverulento por alumínio líquido, o carregamento do U O sendo feito sobre líquido superior, constituido por criolita. 3 8 3 s 8 8 3 2 Procurou-se, por isso, nessa sétima série de experiências, constituir escórias homogêneas, formadas por criolita' com teores crescentes de U 0 adicionado. As cargas líquidas foram a seguir vazadas em lingoteira, de forma a assegurar resfriamento rápido. O exame da fratura mostrava corpo sólido relativamente homogêneo, e de côr escura para preta, dependendo do teor de U 0 adicionado. Posteriormente, foram essas escórias fundidas, e sobre elas, feito o carregamento de alumínio. Em seguida foram os dois líquidos em contacto agitados com auxílio da haste de grafita, e depois vasado o conteúdo do cadinho na lingoteira. Separada a escória, verificou-se haver readquirido a coloração clara de criolita. Os lingotes metálicos foram facilmente separados dessa escória. Os resultados obtidos foram reunidos na tabela VIII, a qual contem também os dados principais referentes às cargas utilizadas. . Conforme se depreende desses resultados, os rendimentos obtidos foram muito elevados, e os teores de urânio nas ligas correspondem aos conteúdos de UaOa nas escórias utilizadas. % 48,1 44,0 41,3 3 287 s 2. Nas condições precedentemente descritas, a redução assegura em geral elevados valores da recuperação e teores de urânio na liga obtida, os quais dependem da massa de U 0 carregada em face da massa de redutor, alumínio ou liga alumínio-urânio. 3 8 3 s 3 8 3. Em diversas das experiências realizadas, principalmente com o cadinho de 107 mm de diâmetro externo, e quando a duração total da TABELA VIII — Dados e resultados da sétima série. Redução de criolita com U 0 Cadinho de 102 mm e cargas produzidas com 150 g criolita. s U O na criolita fundida % Criolita com U O g Al g Escória S 20,0 25,0 33,7 84,5 190,3 215,9 84,5 190,3 215,9 65,0 134,3 137,5 a Operação 34 35 36 s 3 s 8 g U % Recuperação % 89,3 194,7 211,0 6,2 17,2 25,1 61 97 98 Liga Al-U REDUÇÃO DE U O EM PÓ POR ALUMÍNIO LIQUIDO 288 3 operação ficou adstrita a cerca de 14 minutos, as recuperações foram, anormalmente baixas. Essa anomalia foi atribuída a insuficiência de temperatura, ou de tempo, as perdas sendo devidas a material retido no cadinho na forma de crostas pastosas, ou em material aderido à haste utilizada para a agitação da carga. A repetição dessas experiências em condições melhor definidas esclarecerá provavelmente a causa desse comportamento anômalo. * 4. A adição de UF à carga para redução, fias condições experimentais descritas, em geral não forneceu rendimentos elevados. Isso foi atribuído à variação da composição do banho superior, resultante da elevação do conteúdo de A1F , diminuindo assim a solubilidade da alumina nesses banhos hipercriolíticos. Foram empregadas amostras de UF de duas procedências distintas, uma de maior densidade aparente solta, e outra de menor; não foram, contudo, encontradas diferenças quanto à redutibilidade dessas amostras. 4 3 4 5. As cargas de criolita que receberam adições de U Os mostraram aspecto homogêneo na fratura, até teores de 20% U 0 . Não dispõe entretanto o autor de elementos para esclarecer se se trata de solução de U O na criolita ou de simples suspensão sólida. AGRADECIMENTOS O autor deseja exprimir seu agradecimento pela colaboração constante que lhe foi dispensada pelo Sr. Arioswaldo Azevedo, assessor técnico da Divisão de Metalurgia Nuclear e que há mais de vinte e cinco anos vem exercendo profícua atividade em pesquisa metalúrgica com o autor. Agradece igualmente ao Sr. Rubens Cima Pezzo, da Divisão de Metalurgia Nuclear, pela execução dos conjuntos de bobinas para a unidade de alta-freqüência, e pela colaboração prestada no desenvolvimento do trabalho, principalmente na manutenção da parte elétrica da unidade de alta-freqüência. O programa de pesquisas exigiu a realização de extenso número de análises químicas das amostras extraídas, as quais foram proficientemente realizadas pela Sra. D. Ludmilla Federgrun da Divisão de Engenharia Química, chefiada pelo Lie. Alcídio Abrão. Pela valiosa colaboração recebida, deseja igualmente o autor manifestar seu agradecimento. BIBLIOGRAFIA 3 3 3 8 s SOUZA SANTOS, T. D.; HAYDT, H. M. & FREITAS, C. T. — "Developments in Fuel Fabrication for Research Reactors in Brazil". Proceeddings, Third International Conference o n the Peaceful Uses o l A t o m i c Energy, v. 10, p. 26-29, Organização das N a ç õ e s Unidas, N e w York, 1965. 2. SOUZA SANTOS, T. D.; HAYDT, H. M. & FREITAS, C. T . — "'Fabricação de elementos combustíveis para o reator Argonauta do Instituto de Engenharia Nuclear". Metalurgia — Rev. Ass. Bras. M e t . v . 21, n.° 90, p . 3Ò9-376, 1965. 3. SOUZA SANTOS, T. D.; HAYDT, H. M. & FREITAS, C. T . — "Principais característicos metalúrgicos dos elementos combustíveis produzidos para o reator "Argonauta" do Instituto de Engenharia Nuclear". Metalurgia — Rev. Ass. Bras. M e t . v . 21, n.° 97, p . 909-921, 1965. 4. WILKINSON, W . D. — Uranium Interscience, N e w York, 1962. 5. F E D O T I E F F , H . & ILJINSKY, Z. — Zeit. Anorganische Chemie, v . 129, p . 93, 1923, in EDWARDS, J . D . , FRARY, F . C. e JEFFIRES, Z. The Aluminum Industry, v. 1. p. 289, McGraw Hill, N e w York, 1930. 6. V A N LANCKER, M. — Metallurgy of Aluminium p . 24, Chapman and Hall Ltd, Londres, 1967. 8 7. Nas melhores condições de operação descritas neste trabalho, foram reduzidas cargas de U O pulverulento por alumínio líquido, protegido por meio de sistema líquido constituído essencialmente por criolita, ou criolita com 10% LiF. Os rendimentos podem atingir 92% e os teores de urânio nas ligas podem passar de 45% U. O processo de redução é rápido, econômico e direto, e dispensa quaisquer outras etapas ou tratamentos anteriores. 3 1. s 6. As escórias de côr preta que continham 20, 25 e 33,7% U 0 , foram submetidas à redução com alumínio líquido, tendo sido obtidas as ligas com teores correspondentes às adições feitas, e sendo bastante elevados os valores da recuperação correspondentes. 3 s Metallurgy, v. 1, p . 167 Alloys, A B S T R A C T The authors describes the experimental studies, carried out at the Divisão de Meta lurgia Nuclear of the Instituto de Energia Atômica, concerning the reduction of U^Og, as a loose powder, with molten aluminum or aluminum-uranium alloy, under the protection of a/ bath of cryolite. The influence of the principal variables affecting the reduction was studied, in view of both high uranium contents in the alloy and high recoveries. The experiments were carried out in an assembly mounted by the author and consisting essentially of an induction heated graphite crucible which could be easily taken out from the coil to pour its molten contents. Power was supplied by a high frequency (1 MHz) generator. The date obtained in seven series of experiences totalling % runs, show that with 1 5 minutes of total operating time, alloys up to 57,if" U were obtained, with recoveries between 90 and 98$. R E S U M E L'auteur décrit l'étude^expérimentale, réalisée dans la Divisão de Metalurgia Nuclear de Instituto de Energia Atômica, de la réduction de UoOg sous forme de poudre libre, par de l'aluminium liquide et pour des alliages liquides aluminium-uranium, sous la protec. tion d'un système fondu constitué initialement par de la criolite. L'étude a pour but l'obtention des données sur l'influence des principales variables de l'opération qui effectent la tenem en U de l'alliage et sa récupération. Elle fut réalisée dans un ensemble monté par l'auteur qui consiste essentiellement en un creuset de graphite chauffe_par induction dans un four haute fréquence (1 M H z ) , le creuset étant ouvert à l'atmosphère et pouvant être facilement retiré pour couler son contenu. Les résultats obtenus au cours de sept series d'expériences, comprenant 36 opérations, ont montré que avec une durée totale de l'ordre de 15 minutes on peut obtenir des alliages de haute teneur, jusqu'à 57,7$ avec une récupération comprise entre 90 e 98$. R E S U M E N Describe el autor el estudio experimental, realizado en la División de Metalurgia Nuclear del Instituto de Energia Atómica, de reducción de U^Os^en la forma de polvo, por aluminio líquido y aleaciones aluminio-uranio, bajo la^protección de sistema liquido constituido inicialmente por criolita. El estudio visualizó la obtención de los datos sobre la influencia de las principales variables de operación que effectan el tenor de U en la alea cion y su recuperación. Ful realizado en un conjunto montado por el autor, y que consiste esencialmente en crisol de grafito calentado por horno de alta frequencia (1 MHz), el crisol siendo abier to a la atmosfera y podiendo ser fácilmente retirado para la extración de su contenido. Los resultados obtenidos en el decurso de siete series de experiencias, comprendiendo % operaciones, mostraron que en operaciones con duración total de 15 minutos, se puedem obtenir aleaciones de alto tenor em U, hasta 57j7í U, con recuperaciones entre 90 e