LACTEC Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento Disjuntores 16/11/2000 21/08/2001 o Eng Ricardo Luiz Araújo O que é um disjuntor? É um mecanismo destinado a interromper correntes elétricas de forma eficaz: •no menor tempo possível; •causando pouco distúrbio no sistema; •com segurança pessoal e patrimonial; •com confiabilidade operacional. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 1 Processo de interrupção da corrente Elétrica. O processo de interrupção de uma corrente normalmente resulta na formação de um arco elétrico entre os contatos recém separados !!! O fenômeno do arco elétrico libera rapidamente uma grande quantidade de energia, e é este o maior desafio existente durante a interrupção de uma corrente elétrica através de um disjuntor !!! Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC A formação do arco durante a interrupção de uma corrente a) Circuito fechado, circulação normal de corrente. A pressão entre os eletrodos reduz acentuadamente a resistência de contato. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 2 LACTEC A formação do arco durante a interrupção de uma corrente b) A pressão entre os eletrodos diminui, a corrente passa a circular por rugosidades das superfícies dos contatos; Como a área de contato agora é diminuta, nos pontos de interligação entre os eletrodos há um forte aquecimento por efeito Joule. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC A formação do arco durante a interrupção de uma corrente c) A alta temperatura existente no momento pré-separação, faz com que se inicie um processo de termoemissão de elétrons, que irá dar início à ionização do meio dielétrico. No momento pós separação, o campo elétrico aumenta consideravelmente, acelerando ainda mais os elétrons liberados por termoemissão. Os elétrons acelerados irão colidir com os átomos e moléculas do dielétrico, ionizando este meio através de choques de partículas. Com o meio ionizado, está formado o caminho de condução da corrente do arco. Esta corrente é constituída de elétrons que saem do cátodo com direção ao ânodo. Nota - a ionização por choque é a separação do átomo em íons e elétrons resultando em um meio ionizado também conhecido como plasma. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 3 LACTEC A formação do arco durante a interrupção de uma corrente d) Com a crescente separação dos eletrodos, e por um processo de convenção térmica, o arco se alonga, esfria, as colisões entre partículas diminuem e o arco termina por se extinguir (figura e). Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Características do arco Tensão e corrente no arco Um arco irá existir enquanto houver o equilíbrio térmico entre a energia fornecida ao arco e a energia liberada para o meio Formas de extinguir um arco: •retirada de calor da região do arco; •substituição do meio ionizado por dielétrico não ionizado; •sopro magnético. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 4 LACTEC Características do meio de extinção Para que haja a desionização do meio e a conseqüente extinção do arco, o interior de uma câmara deve conter principalmente as seguintes características: 1 - Boa condutividade térmica para a retirada de calor da região do arco. 2 - Pressão adequada do meio, que resultará em alta densidade de dielétrico, sendo este um fator inibidor da existência de ionização Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 Detalhes construtivos Um disjuntor é constituído basicamente por: - Unidade de controle, comando e supervisão; - Sistema de acionamento ou mecanismo de operação; - Unidades Interruptoras. O disjuntor é um dos componentes mais caros e críticos de um sistema elétrico, devendo possuir alta confiabilidade operacional aliada a custos reduzidos de aquisição, reposição de peças e manutenção. Deve haver garantia de qualidade da produção, desde o momento da aquisição de matéria prima, indo-se até os passos de construção, montagem de sistemas, transporte, instalação e start-up. Existe uma infinidade de aspectos construtivos que variam de fabricante para fabricante, sendo estes por vezes grandes segredos industriais. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 5 LACTEC Unidades de controle, comando e supervisão É um componente dedicado a cada tipo de disjuntor, sedo construído com técnicas e sistemas que variam de acordo com cada fabricante. Normalmente é constituído por um painel instalado ao tempo, sendo geralmente abrigado junto com o sistema de acionamento. Possui funções de monitoramento das funções do disjuntor, controle da operação, comunicação remota e etc Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Unidade de Acionamento É o mecanismo responsável pela ação de movimento dos contatos do disjuntor, deve ser robusto e confiável. Deve prover ao disjuntor o armazenamento de energia, responsável pela abertura dos contatos do mesmo. Acionamento por solenóide: É baseado no fechamento do disjuntor através do movimento de um braço fixado ao núcleo móvel de uma bobina. É pouco utilizado devido à pouca energia capaz de prover ao sistema de abertura de contatos do disjuntor. 6 LACTEC Unidade de Acionamento Acionamento a mola: É um mecanismo em que a energia tanto para o fechamento quanto para a abertura dos contatos é proveniente de um motor ou um mecanismo manual de carga. É um mecanismo simples, não necessitando de supervisão, o que o torna ideal para médias tensões. Não possibilita a verificação prévia de falhas de operação,o que o torna pouco confiável. Apresenta um elevado nível de ruído durante a operação. Utilizado em disjuntores com no máximo 145 kV de tensão nominal. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Unidade de Acionamento Acionamento a mola: Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 7 LACTEC Unidade de Acionamento Acionamento a Ar Comprimido: Acionamento muito utilizado em alta e extra-alta tensão, principalmente em disjuntores que empregam como meio extintor de arco o ar comprimido. Porém também é largamente utilizado em disjuntores a óleo e SF6 Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Unidade de Acionamento Acionamento a Ar Comprimido: Disjuntor a SF6, 145 kV, acionado por ar comprimido Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 8 LACTEC Unidade de Acionamento Acionamento Hidráulico: Acionamento muito utilizado em extra-alta tensão, principalmente em disjuntores que empregam como meio extintor de arco SF6, e que possuem requisitos especiais de funcionamento, como duplo ciclo e inserção de resistência de abertura e fechamento de contatos. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Câmaras de Extinção É um conjunto de componentes responsável pela extinção do arco,como o próprio nome indica. Pode conter diferentes meios construtivos e dielétricos de extinção e isolamento. São compostos por um conjunto de peças fixas e de peças móveis movimentadas pelo mecanismo de acionamento. É a parte mais complexa de um disjuntor Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 9 LACTEC Disjuntor a sopro magnético Neste tipo de disjuntor, o arco é forçado para dentro de câmaras de extinção, que são formadas de placas de material refratário, isolante especial ou ainda uma combinação dos dois. A arco é impelido na direção da câmara de extinção através de efeitos térmicos e magnéticos ou ainda por um sopro pneumático auxiliar. O sopro magnético é realizado por uma bobina energizada pela própria corrente que forma o arco. Por não possuir material inflamável é seguro, podendo ser montado em painéis abrigados. Tensões até 24 kV, Grande ruído durante a operação. Queima o ar durante a extinção do arco, o que oxida rapidamente os contatos, exigindo assim manutenção freqüente Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Disjuntor a sopro magnético Bornes Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 10 LACTEC Disjuntor a sopro magnético LACTEC Disjuntor a Óleo O óleo mineral foi utilizado desde o início da fabricação de disjuntores com meio isolante e extintor. Existem dois efeitos na interrupção do arco: •O efeito do hidrogênio liberado durante o arco (condutividade térmica); •o fluxo líquido do meio, retirando calor do arco. O hidrogênio surge durante o arco e o fluxo líquido se dá naturalmente e de forma forçada, através de pistões e êmbolos Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 11 LACTEC Disjuntor a Grande Volume de Óleo São utilizados em tensões de até 230 kV; Possuem grande capacidade de interrupção de correntes de curto circuito; São tecnicamente ultrapassados, mesmo assim devido a custos competitivos ainda são largamente utilizados, sobretudo nos Estados Unidos; O óleo se decompõe, o que exige cuidado; Não são bons para o chaveamento de bancos de capacitores e linhas a vazio. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Disjuntor a Grande Volume de Óleo Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 12 LACTEC Disjuntor a Grande Volume de Óleo Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Disjuntor a Pequeno Volume de Óleo Axial Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 13 LACTEC Disjuntor a Pequeno Volume de Óleo Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Disjuntor a Pequeno Volume de Óleo São utilizados para até 63 kA em médias tensões; Para 138 kV possuem capacidade máxima de 20 kA; Para evitar reacendimento, com linhas a vazio e bancos de capacitores, a tensão é limitada a 65 kV por câmara. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 14 LACTEC Disjuntor a Vácuo O disjuntor a vácuo representa a princípio um paradoxo, como pode o arco se formar sem um caminho de partículas !!!! Na verdade este caminho de partículas que liberam íons positivos e elétrons é formado no memento da separação dos contatos, quando as superfícies destes se aquecem, evaporando e formando uma nuvem metálica que vai servir de meio de propagação do arco. A recuperação do dielétrico é rápida,o que permite altas capacidades de ruptura e pequeno período entre operações sucessivas. O arco pode difuso e contraído em função da corrente a ser interrompida. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Disjuntor a Vácuo Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 15 LACTEC Disjuntor a Vácuo Características e aplicações: - Grande tendência mundial; - Segurança de operação pois não necessitam de suprimento de gases ou líquidos que possam entrar em combustão; - Praticamente não requer manutenção, possuindo vida extremamente longa para manobras a plena carga e curto; - Requer pouca energia mecânica; - Operação silenciosa com acionamentos leves; - A relação ruptura/volume é elevada, tornando-se apropriado para uso em cubículos; -Requer muito cuidado na construção; Comparado com um disjuntor PVO de 25 kA: pode fazer 100 manobras com esta corrente enquanto o PVO realiza apenas 4. Possui problemas de reignição. LACTEC Disjuntor a Ar Comprimido É um princípio de interrupção bastante antigo, porém amplamente utilizado ainda nos dias de hoje. O ar comprimido é utilizado com duas funções distintas, o acionamento e a extinção do arco. Para a extinção, o ar comprimido é jateado sobre o arco no momento da interrupção, isto repõe no meio matéria não ionizada, além de resfriar o arco. A pressurização é é realizada através de centrais compressoras com características especiais como filtragem retirada de umidade do ar. É utilizado principalmente em tensões elevadas, sobretudo 230 kV. Gera uma grande quantidade de ruído o que o torna impraticável em instalações urbanas. A central geradora de ar comprimido é muito cara, bem como a distribuição de condutores de ar no pátio da SE. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 16 LACTEC Disjuntor a Ar Comprimido LACTEC Disjuntor a Ar Comprimido Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 17 LACTEC Disjuntor a SF6 O SF6 é gás inerte, incombustível, não venenoso, incolor, inodoro e devido composição molecular simétrica é altamente estável, o que o torna estável e inerte até aproximadamente 500 graus celsius (comporta-se como um gás nobre). É pesado, o que requer cuidado com o manuseio de grandes volumes que podem se depositar em poços ou trincheiras, podendo gerar mortes por asfixia. O gás se decompõe no momento do arco em S e6F,o que é revertido quando a temperatura diminui. A reação inversa não é totalmente executada devido a combinação com metais vaporizados. Pode existir a formação de fluoretos de cobre ou tungstênio, e compostos secundários de enxofre, não condutores. Quando existe a presença de umidade no interior da câmara, existe a formação de ácido fluorídrico altamente corrosivo a materiais e também tóxico. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Disjuntor a SF6 São utilizados principalmente em altas e extra-altas tensões. Para o chaveamento de altas tensões com linhas a vazio, precisam de resistores de pré inserção. Possuem simplicidade de construção e operação. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 18 LACTEC Disjuntor a SF6 Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Disjuntor a SF6 Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 19 LACTEC Transitórios O sistema elétrico é composto de diversos componentes, cada qual com suas características físicas e elétricas e elétricas com capacitância, resistência e indutância. Em momentos de modificação da configuração física do sistema elétrico (chaveamento de linhas, ligação de circuitos, etc) existem um grande trânsito de energias em acomodação, o que resulta em distúrbios comumente conhecidos como transitórios. Os transitórios são caracterizados por oscilações de alta freqüência, com grandes valores de pico de tensão e corrente, o que pode danificar equipamentos, instalações ou mesmo causar acidentes. Os transitórios são mais severos quanto maior for o tamanho e a potência do sistema elétrico. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Transitórios Correntes de Curto Circuito Um curto circuito gera grandes distúrbios em um sistema elétrico, devendo ser rapidamente extinto pelo meio mais adequado, que é o disjuntor. A corrente de curto caracteriza-se como sendo muito alta em determinados casos e predominantemente indutiva. Durante a abertura de um curto circuito, devido ao defasamento de 1200 elétricos existente entre as fases do sistema, isto faz com que um dos pólos do disjuntor seja submetido por um curto período de tempo a uma corrente maior que a própria corrente de curto, isto se deve ao grau de assimetria existente neste momento neste sistema. 20 LACTEC Transitórios Efeitos das Correntes de Curto Circuito no Disjuntor Efeitos dinâmicos de forças mecânicas que variam em função da corrente; Efeitos térmicos que variam com o quadrado da corrente; Efeitos locais do arco em função da magnitude e duração da corrente. Os efeitos citados acima podem danificar o disjuntor por efeitos térmicos como por exemplo a soldagem dos contatos e o empenamento de peças móveis. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Transitórios Efeitos Dielétricos das Correntes Interrompidas no Disjuntor São efeitos que ocorrem no instante após a interrupção da corrente nos contatos do disjuntor. O principal fenômeno é a Tensão de Restabelecimento Transitório - TRT (TRV Transient Recovery Voltage). É caracterizado por uma grande sobre-tensão aplicada aos terminais do disjuntor. Como o disjuntor ainda está com seus contatos aquecidos e o gap ainda apresenta uma condutividade residual após alguns micro-segundos de sua operação, a alta tensão TRV pode vir a romper novamente o dielétrico por mais meio ciclo, com toda a intensidade da corrente de curto. Ondas viajantes podem causar ainda mais reacendimentos !!!!! Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 21 LACTEC Transitórios TRV Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC Transitórios TRV Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 22 LACTEC Transitórios Abertura de bancos de capacitores Abertura de circuitos magnéticos Pequenas correntes indutivas Geram cortes prematuros da corrente, o que pode resultar em transitórios de alta freqüência !!! LACTEC Especificação Norma NBR 7118 Características nominais: - Tensão Nominal; - Freqüência Nominal; - Corrente Nominal; - Nível de Isolamento Nominal; - Capacidade de Interrupção Nominal em Curto Circuito; - Tempo de Interrupção Nominal; - Tensão de Restabelecimento; - Capacidade de Estabelecimento Nominal em Curto Circuito; - Corrente Suportável Nominal de Curta Duração; - Requisitos de Religamento Rápido; - TRV; Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 23 LACTEC Ensaios de Rotina Norma NBR 7118 Ensaios de rotina, não destrutíveis efetuados durante o recebimento: - Ensaio de tensão suportável à freqüência industrial a seco no circuito principal; - Ensaio de tensão suportável à freqüência industrial nos circuitos de comando; - Medição de resistência ôhmica no circuito principal; - Ensaio de Funcionamento Mecânico; - Verificação do funcionamento mecânico; - Verificações gerais: pintura, placas de identificação, dimensões, etc. Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 LACTEC LACTEC “The end” Eng. Ricardo Luiz Araújo 21/08/2001 24