PROGRAMA DE ACÇÃO DE CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA DA ESCOLA DE ENGENHARIA JAIME ISIDORO NAYLOR DA ROCHA GOMES FEVEREIRO 2010 INTRODUÇÃO Mais do que uma candidatura à Presidência da Escola, a minha candidatura pretende que se discutam ideias e que se pensem em soluções para os desafios que se adivinham a médio e a longo prazo para a Escola de Engenharia. O Presidente tem desafios como nunca teve antes: menos verba, menos alunos e uma nova estrutura de órgãos e de cursos, estes muito devido ao novo regulamento (RJIES) e ao processo de Bolonha. Tem ainda como Presidente que enfrentar eventuais desequilíbrios entre Departamentos, fruto de recentes exigências colocadas por alguns Departamentos para uma retribuição proporcional à sua dimensão. Precisa de rigor, mas também precisa de flexibilidade e de imaginação para enfrentar estes desafios. No programa eleitoral que se segue, procuro demonstrar como se podem enfrentar estes desafios através de algumas medidas, que podem alguns considerar de rotura com a situação actual, mas que penso serem necessárias para enfrentar os próximos anos que se adivinham difíceis. ESTRUTURA: UNIDADE ORGÂNICA A Universidade do Minho tem na Escola de Engenharia a sua mais evidente demonstração de impacto sobre a Economia do País, quer pela sua vocação industrial quer pela sua vocação de inovação. Abrange áreas tão diversas como as engenharias ditas clássicas, que formam profissionais que sustentam a nossa indústria, às novas tecnologias informáticas que tanto têm influenciado a evolução do País. Importa agora repensar e preparar o futuro potenciando essas áreas naquilo que elas têm em comum e diferenciar aquilo que elas têm de diferente, potenciando desta forma o capital existente nestas áreas através duma abordagem diferenciada. Como consequência do sistema matricial da UM, a informática é uma área transversal aos cursos de Engenharia, aos cursos de Ciências e de outras Escolas e portanto extravasam a Escola de Engenharia. Uma vez que o Departamento de Informática pretende essa diferenciação, considero que chegou a altura de se iniciar o processo de diferenciação de forma a que saiam todos beneficiados. Por isso não defendo uma solução dentro da Escola como pretende o Departamento de Informática, porque ao beneficiar os departamentos com base no número de alunos, iria prejudicar os departamentos mais pequenos que têm outras responsabilidades para com os alunos e para com os sectores que representam, como argumentarei de seguida. Na situação actual uma solução possível será a criação de novas Unidades Orgânicas, com Departamentos Autónomos dependentes directamente da Reitoria, com verbas próprias, enquanto não houver condições para formarem uma Unidade Orgânica. Jaime Rocha Gomes - Candidatura à Presidência da Escola de Engenharia: Programa Página 1 DEPARTAMENTOS Um dos problemas que as Universidades tiveram enfrentar com a entrada dos novos Estatutos, foi o pouco tempo que tiveram para fazerem os estatutos. Isto resultou claramente num regulamento (RJIES) e nuns estatutos (UM e Escolas) feitos á pressa, sem a devida discussão e ponderação. Resulta daqui que não existe um órgão de poder onde estejam representados os Departamentos, embora se tenha instituído o Conselho de Gestão que reúne com o Presidente, sem qualquer poder de decisão por parte dos representantes dos Departamentos, ou direito a voto. Serão ouvidos mas não há a obrigação do Presidente de seguir as suas sugestões ou reivindicações. O Presidente deve por isso colmatar esta falha e dar a importância devida aos Departamentos através deste órgão, comprometendo-se não só a decidir com base nas justas aspirações dos maiores departamentos, mas ponderar a sua decisão, nomeadamente no que respeita à distribuição de espaços e verbas, com base nas necessidades consideradas imprescindíveis pelos departamentos mais pequenos, para este poderem prestar um serviço de qualidade aos seus alunos. Além da disparidade na dimensão entre departamentos, existem diferenças fundamentais no que respeita à componente tecnológica. As Engenharias mais ligadas aos sectores industriais, como a Engenharia Civil, a Engenharia de Polímeros, a Engenharia Mecânica, Engenharia Electrónica, a Engenharia Têxtil e a Engenharia Biológica têm estruturas semelhantes, com laboratórios tecnológicos e estruturas de I&D semelhantes. O critério de distribuição de espaços e as verbas para a manutenção e funcionamento dos laboratórios, não pode ser o mesmo que para departamentos como o de Informática. Por outro lado estes departamentos com mais alunos captam mais verbas para a UM e por conseguinte se fossem autónomos deviam ter maior peso nas verbas e eventualmente noutros recursos a distribuir pela Reitoria. Enquanto houver departamentos tão díspares em termos de estrutura, terá que ser deste modo discriminado que a instituição deve actuar. É na realidade uma situação difícil de sustentar a médio prazo. Como já referi em cima, é altura de pensar numa solução em benefício de todos e preparar uma nova estrutura que abranja o departamento de Informática e eventualmente outros departamentos da mesma índole, assim o queiram, como por exemplo o de Engenharia de Sistemas de Informação e de Produção e Sistemas. Ficaria a Escola constituída por um núcleo duro de Departamentos Tecnológicos, mais fácil de gerir por ser uma estrutura mais homogénea, mais pequena e com departamentos com estruturas muito semelhantes. Cabe ao Presidente, ouvido o Conselho de Escola, propor ao Reitor e por sua vez ao Conselho Geral da Universidade que decidirá. Caso contrário, entraremos em compromissos como já o fizemos no passado e nenhum departamento sairá satisfeito. Outro aspecto que não deixa de ser sintomático da imobilidade dos Estatutos, é a enunciação em anexo dos departamentos que dele fazem parte. Numa sociedade em transformação e com a introdução de novos estatutos, seria de esperar que isso fosse deixado em aberto. O novo Presidente deve, a meu ver, iniciar a discussão de reorganização departamental, tendo em vista a nova realidade, ou seja, áreas tecnológicas transversais como é o caso dos materiais Jaime Rocha Gomes - Candidatura à Presidência da Escola de Engenharia: Programa Página 2 que poderiam ser transformadas em departamentos, juntando os vários núcleos que já trabalham nessas áreas, como os materiais funcionais, os bio-materiais e as novas áreas que se desenvolveram nos últimos anos, como por exemplo, os Nanomateriais. ENSINO A Universidade do Minho e particularmente a Escola de Engenharia atingiram a maturidade no que respeita aos cursos oferecidos. No entanto com a introdução de Bolonha, os cursos assumiram novos contornos, com novas exigências pedagógicas. Tem sido um período de aprendizagem para os docentes e na maior parte dos casos, creio que gratificante. No entanto, é preciso não querer moldar Bolonha ao que já existia. Penso que a Escola de Engenharia até é um bom exemplo quando comparada com outras Escolas de como o processo de Bolonha deve ser implementado, mas aquilo que é a forma pode não corresponder ao conteúdo, que muitas vezes não tem atingido a qualidade desejada. O Mestrado integrado é em muitos casos equivalente à anterior licenciatura e a tese aproxima-se perigosamente do anterior projecto industrial (estágio). Cabe ao Presidente ter na sua equipa um vice-presidente como Presidente do Conselho Pedagógico, que tenha um espírito de inovação para prosseguir com a implementação de Bolonha e um vasto currículo científico que abranja várias áreas para se aperceber se a qualidade dos cursos não estará a ser sacrificada por um seguimento cego das directrizes de Bolonha. CENTROS Os centros de I&D têm plena Autonomia para elaborar os seus estatutos uma vez que não estão regulamentados nos Estatutos da Escola, podendo ter as mais diversas interpretações do que é regulamentado pelos Estatutos da Escola. Como com a entrada do novo estatuto da UM os Centros passaram a ser sub-unidades orgânicas das Escolas, o Presidente tem que ter aqui uma acção niveladora, ouvido o Conselho de Escola. Seria desestabilizador para a Escola que os Centros tivessem estatutos muito diferenciados uns dos outros, sendo de esperar que numa próxima revisão os estatutos dos Centros sejam mais regulamentados pelos Estatutos da Escola. INVESTIGAÇÃO e EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA A Investigação Científica é da esfera dos Centros de I&D. A progressão na carreira não era com os anteriores estatutos controlada pelos Centros mas sim pelos Departamentos. Com os novos Estatutos compete aos Centros organizar todo este processo e existe uma maior coordenação destes dois factores , ou seja entre o currículo científico e a progressão na carreira. No entanto a lógica do investimento no currículo científico por parte dos professores, não deve ser o único factor de orientação científica dos Centros. Há aspectos que são primordiais numa Escola de Engenharia, como a transferência de tecnologia, o registo de patentes e o empreendedorismo. Jaime Rocha Gomes - Candidatura à Presidência da Escola de Engenharia: Programa Página 3 Felizmente estas componentes são mais valorizadas pelo novo ECDU, mas é preciso que as mentalidades mudem para serem de facto valorizadas. Todo este processo passará pelo Conselho Científico, órgão composto pelos vários Centros e por representantes dos professores e investigadores. O Presidente da Escola que preside ao Conselho Científico deve ser um garante que todas estas variantes de I&D sejam acauteladas e incentivadas. Na verdade, estas vertentes de I&D são hoje muito valorizadas na avaliação das Universidades. Uma Universidade que não tem impacto no meio em que está envolvida, seja regional/nacional/internacional ou sectorial, não cumpre cabalmente a sua função que lhe foi atribuída pelo Estado. Embora a UM já cumpre muitas das exigências de alguns sectores industriais através de Unidades de Interface como o PIEP, CCG e o CVR, haverá outros sectores que ainda necessitam desse apoio. Outra forma de introduzir Inovação nos sectores industriais é através da criação de empresas spin-off e embora a UM esteja no “pelotão da frente” no que respeita à sua criação, está particularmente pobre no apoio que presta às empresas spin-off criadas no seu seio. Com a colaboração dos Centros, o Presidente deve promover a instalação de uma incubadora de empresas spin-off de base tecnológica no campus de Azurém e eventualmente de Gualtar. CAMPUS e ESTUDANTES A Escola de Engenharia encontra-se maioritariamente localizada no Campus de Azurém. Os estudantes e restantes utentes do Campus têm aparentemente no Campus de Azurém quase tudo o que necessitam em termos do que é da responsabilidade dos Serviços Sociais. No entanto são as próprias instalações que são desconfortáveis e pouco acolhedoras em termos de salas de estudo e zonas de convívio na zona mais antiga do Campus. Importa alertar a Reitoria para as necessidades prementes em termos de obras. Ocorrem regularmente inundações e as salas de aulas não têm aquecimento capaz no Inverno nem ar condicionado no Verão. Com a saída de responsáveis dos Serviços Técnicos de Azurém, a situação degradouse muito nos últimos anos. A Escola de Engenharia, na pessoa do seu Presidente, deve reivindicar as mesmas condições que existem no Campus de Gualtar. FUNCIONÁRIOS Os Funcionários são o suporte das estruturas pedagógicas e científicas. Sem funcionários motivados a “máquina” não funciona como os docentes desejam. É importante que o Presidente interprete as suas aspirações. Os funcionários estão representados no órgão máximo de poder da Escola, o Conselho de Escola. O seu representante será uma voz que representa os funcionários e que deve ser ouvida com toda a atenção. Jaime Rocha Gomes - Candidatura à Presidência da Escola de Engenharia: Programa Página 4 RESUMO DA CANDIDATURA Resumindo, a minha candidatura é independente de listas eleitas para o Conselho de Escola, não assenta em nenhum grupo de interesses dentro da Engenharia, nem em compromissos entre várias tendências. Não estando ligada a nenhuma lista eleita para o Conselho de Escola, permite a este órgão decidir livremente sem qualquer constrangimento sobre as propostas submetidas pelo Presidente da Escola, com total independência. É uma candidatura autónoma e de RENOVAÇÃO: 1) Na Renovação na Estrutura com a preparação de um núcleo duro de departamentos tecnológicos, de um departamento Autónomo e de novos departamentos em áreas emergentes. 2) Numa equipa escolhida pelo seu currículo científico para as direcções dos vários órgãos que dependem da Presidência, nomeadamente o Conselho Pedagógico. 3) Na Renovação de atitudes perante o Poder Central (Reitoria) no que respeita ao Campus de Azurém. 4) Na Renovação das relações com o exterior, introduzindo novas interfaces e arrancando com uma incubadora de empresas spin-off no Campus de Azurém. Por último, numa perspectiva de médio prazo, proponho-me trabalhar com o Conselho de Escola para a preparação da correcção dos Estatutos da Escola de Engenharia, corrigindo erros e desequilíbrios evidentes nos actuais estatutos e introduzir normas de regulamentação dos Centros de I&D. Jaime Rocha Gomes - Candidatura à Presidência da Escola de Engenharia: Programa Página 5