Unidade 6
Texto 1
O céu é o limite
Arranha-céus do futuro esticam-se em direção ao céu. O Burj Dubai nos
Emirados Árabes Unidos, o Taipei 101 em Taiwan, o Centro Financeiro Mundial
de Shanghai e as Torres Petronas na Malásia são provas do poder tecnológico
da humanidade.
Há milênios, os edifícios travam uma batalha amigável com as
implacáveis forças da natureza. À medida que os arranha-céus se estendem
ainda mais, a vantagem cresce em favor da natureza. Primeiro, existe a
gravidade. Em um arranha-céu, uma coluna comum no nível da rua deve
suportar não só a área do segundo andar, mas também o peso que se acumula
de cada piso acima daquele. Mas o verdadeiro teste de um edifício é sua
capacidade de aguentar furacões e terremotos.
Engenheiros estruturais e arquitetos têm repensado as estratégias para
combater o vento. Estão prestando muito mais atenção à aerodinâmica dos
edifícios. Graças a testes e simulações de computador, podem chegar a
projetos ideais para suportar ventos fortes.
Que tipo de sombra o novo edifício criará? Como impactará o mercado
imobiliário local? O trânsito na área ficará congestionado demais? O arranhacéu será um perigo em potencial aos aviões? Essas são algumas questões que
precisam ser consideradas.
Mas, antes de mais nada, o que motiva esse tipo de construção? É
provavelmente certo prestígio que vem junto com a altura. Outro fator poderoso
é o ego das construtoras.
Extreme Engineering, v. 10, n. 4, inverno 1999.
Texto 2
A torre inclinada de Pisa*
Esse é o monumento que, entre os outros da “Piazza dei Miracoli”, dá
voltas à imaginação de todos, de idosos a jovens. Primeiro gostaríamos de dar
algumas informações e eventos relacionados à sua longa história.
A construção desse volume imponente começou no ano de 1174 por
Bonanno Pisano. Quando a torre chegou ao terceiro andar, os trabalhos
pararam porque o edifício começou a afundar no solo. A torre permaneceu
assim por noventa anos. Foi concluída pelo arquiteto Giovanni di Simone. (…)
Pode-se subir ao topo da Torre Inclinada por 294 degraus que sobem
em forma de espiral pelo lado interno das paredes da torre.
(...) Embora possa ser considerado uma verdadeira obra-prima da
arquitetura, esse monumento é famoso sobretudo por sua grande inclinação.
Com relação a essa inclinação, pode-se afirmar seguramente que é devida ao
afundamento do solo ocorrido no momento da construção. Portanto, a hipótese
daqueles que desejam imaginar que a grande torre foi construída inclinada é
totalmente sem fundamento.
Infelizmente, ainda hoje o grande volume continua a afundar bem
devagar. É questão de cerca de 1 mm por ano. Como ninguém pode afirmar
com segurança matemática que esse afundamento continuará no futuro,
soluções para remediá-lo estão sendo avaliadas, baseadas em estudos e
projetos científicos. Enquanto isso, a supervisão com instrumentos de altíssima
precisão é feita continuamente.
http://www.italyguides.it/us/pisa/leaning_tower.htm (Acesso em: 14 out. 2009)
*O povo de Pisa construiu a Torre de Pisa para mostrar ao mundo como eram
ricos. É realmente uma torre de sino sem utilidade construída seguindo a
mesma linha do restante dos edifícios próximos a ela – a catedral, o batistério e
o cemitério.
Unidade 7
Texto 1
O menorá de Natal
Em uma manhã de domingo, pegaram um taco de beisebol e quebraram
a janela da frente de uma casa em Newtown, Pensilvânia. Era a única casa da
rua com um menorá aceso na janela, e os criminosos despedaçaram-no. O
menorá é usado para comemorar o Festival das Luzes judaico, que dura oito
dias. Assim como uma cena natalina faz lembrar aos cristãos de sua herança e
fé, o menorá faz o mesmo aos judeus.
Preconceito não era novidade para a mulher que morava na casa
atacada pelos vândalos.
Ela viera com a mãe, uma sobrevivente do Holocausto, aos Estados
Unidos para fugir da perseguição na antiga União Soviética.
Lisa Keeling, uma vizinha, soube do incidente ao voltar da missa com
sua família. Ela estava perplexa. Nunca havia escutado falar de alguém ser
ameaçado por causa de sua fé ou etnia em Newtown.
Lisa teve uma ideia. Encontrou-se com outra vizinha, Margie Alexander,
que estava tão horrorizada quanto Lisa quando soube da notícia, e decidiram
agir. A notícia correu, e vários vizinhos cristãos apareceram, perguntando o
que fazer.
Naquela noite, quando a mulher judia virou a esquina da sua rua, parou
maravilhada. Um mar de menorás com luzes cor de laranja a saudava,
brilhando em uma solidariedade silenciosa das janelas de todas as dezoito
casas cristãs do quarteirão. Piscando com lágrimas, ela foi para casa e
recolocou seu próprio menorá de volta na janela.
Margie e Lisa estão usando menorás outra vez neste Natal. “Isso nos
ensinou uma lição maravilhosa. Apenas um passo na direção certa pode tornar
a vida melhor para todos.”
Ladies’ Home Journal, dez. 1997.
Texto 2
Preconceito
Há uma doença atroz que nenhuma pesquisa médica pode curar,
nenhum levantamento de fundos pode prevenir – uma doença na maior parte
das vezes transmitida de pai para filho.
Se essa doença não é controlada nos estágios iniciais, pode ser fatal.
Essa doença é chamada racismo. O sintoma inicial é a crença de que um
grupo racial é de alguma forma superior aos outros. Isso pode levar a uma
mentalidade de “nós” versus “eles”. Em estágios avançados, os sintomas de
racismo são violência, morte e destruição. As causas são medo do estrangeiro
(xenofobia), intolerância à diversidade e atitudes negativas em relação a judeus
e outras minorias.
A cura, porém, existe. Trata-se de uma mudança não cirúrgica do
coração. Requer tempo, esforço e compreensão, compaixão e respeito.
Institute for the Healing of Racism (Instituto para a Cura do Racismo), Utah,
EUA.
Unidade 8
Texto 1
Pise com cuidado sobre a crosta terrestre – ela é fina
Biocapacidade! Que cargas d'água...? [trocadilho com a expressão que, em
inglês, contém a palavra Earth – Terra]
A biocapacidade da Terra é a quantidade de área biologicamente
produtiva – terra de plantio, pasto, floresta e área de pesca – disponível para
suprir as necessidades da humanidade.
A sua Pegada Ecológica é a quantidade de biocapacidade da Terra que
você e sua família consomem para alimentação, moradia, aquecimento,
resfriamento e transporte. Em outras palavras, você pode calcular seu próprio
impacto ecológico sobre a Terra e maneiras para você pisar mais suavemente
sobre este maravilhoso planeta.
E precisamos... Desde o fim dos anos 1980, estamos no vermelho –
nossa Pegada Ecológica excedeu a biocapacidade da Terra. Até 2003 o
excesso havia chegado a 25%.[1] Sim, estamos utilizando 25% a mais do que a
Terra pode suportar.
Como de costume?
As Nações Unidas estimam que até 2050 a demanda da humanidade
sobre a natureza terá atingido duas vezes a capacidade produtiva da
biosfera.[2]
Por exemplo, se a biocapacidade da Terra fosse uma conta bancária,
todos os anos estaríamos sacando mais dinheiro do que teríamos no banco.
Em outras palavras, estamos retirando as reservas da natureza para suprir
nossas necessidades de combustível, energia e alimentos. (…)
A mensagem é clara e urgente
Estamos excedendo a capacidade da Terra de sustentar nosso estilo de
vida. Hábitats estão sendo destruídos, o solo e os cursos d’água estão sendo
irreparavelmente degradados. Precisamos voltar ao equilíbrio!
E podemos. Cada um de nós pode fazer algumas simples mudanças
que contribuirão com uma boa dose de alívio para nosso cada vez mais frágil
planeta. Você gostaria de medir a sua pegada ecológica para ver como o seu
modo de vida está impactando o planeta e o que você pode fazer para reduzir
esse impacto?
Aqui está o endereço de um site onde é possível calcular a sua pegada:
<www.wwf.org.au/footprint/calculator/>.
www.wwf.org.au/footprint/ (Acesso em: 26 fev. 2010)
[1] WWF [World Wildlife Fund – Fundo Mundial para a Natureza] Living Planet
Report – Relatório Planeta Vivo
[2] WWF Relatório Planeta Vivo, Pegada Ecológica da Humanidade
* gha – Unidade para medir nossas demandas sobre a Terra (pegada
ecológica) e a capacidade da Terra de suprir nossas demandas
(biocapacidade)
** Fibre – Inglês britânico
Fiber – Inglês americano
Texto 2
Quem somos – Conservação ambiental
Sobre o WWF*
Há mais de 45 anos, o WWF protege o futuro da natureza. Primeira
organização do mundo para a preservação ambiental, o WWF trabalha em cem
países e é apoiado por 1,2 milhão de membros nos Estados Unidos e quase 5
milhões em todo o mundo. O modo único de trabalho do WWF combina o
alcance global com uma base científica, envolve ações em todos os níveis do
local ao global e assegura o fornecimento de soluções inovadoras que supram
as necessidades tanto das pessoas quanto da natureza.
Missão
A missão do WWF é a preservação da natureza. Usando o melhor
conhecimento científico disponível e desenvolvendo esse conhecimento na
medida do possível, trabalhamos para preservar a diversidade e abundância de
vida na Terra e a saúde dos sistemas ecológicos das seguintes formas:
• protegendo as áreas naturais e populações selvagens de plantas e
animais, incluindo espécies ameaçadas de extinção;
• promovendo abordagens sustentáveis do uso de recursos naturais
renováveis; e
• estimulando o uso mais eficiente dos recursos e da energia e a máxima
redução da poluição.
Estamos comprometidos com a reversão da degradação do ambiente
natural do nosso planeta e com a construção de um futuro em que as
necessidades humanas sejam supridas em harmonia com a natureza.
Reconhecemos a crucial relevância dos números, pobreza e padrões de
consumo humanos para atingir esses objetivos.
Meta
Até 2020 o WWF preservará 19 dos meios naturais mais importantes do
mundo e alterará significativamente os mercados globais para proteger o futuro
da natureza.
www.worldwildlife.org/who/index.html (Acesso em: 17 out. 2009)
*WWF – World Wildlife Fund – Fundo Mundial para a Natureza
Unidade 9
Texto 1
World Wide Web – Rede de Alcance Mundial (1989)
Berners-Lee cria o primeiro site do mundo.
Tim Berners-Lee (nascido em 1955) sabe muito sobre mudar o mundo.
Houve um tempo em que suas páginas eram as únicas da internet.
Filho de pais que haviam se conhecido enquanto desenvolviam um dos
primeiros computadores, Berners-Lee estudou Física na universidade Queen's
College, em Oxford, e então se voltou diretamente para a indústria
computacional. Em 1989 ele estava trabalhando em Genebra, na Suíça, para o
CERN*, laboratório europeu de física de partículas. O CERN estava
interessado em encontrar um modo pelo qual os grupos de pesquisadores
poderiam compartilhar informações mais facilmente. Berners-Lee enxergou o
potencial de casar o hipertexto – uma técnica para unir documentos usando
palavras clicáveis – com a internet, que já era bastante usada pelo CERN.
Trabalhando com seu colega Robert Cailliau, ele propôs um sistema que
chamou de World Wide Web.
O primeiro servidor de rede estava pronto e em operação antes do fim
de 1990. Naquela época, o computador “NeXT” de Berners-Lee não tinha
monitor em cores, e as primeiras páginas da rede eram simples textos em preto
e branco. Agora, menos de vinte anos depois, há mais de cem milhões de sites
na internet. A internet certamente continua a ajudar as pessoas em sua
pesquisa em Física, mas também as ajuda a fazer compras, ouvir música, ler o
jornal matinal e entrar em contato com velhos amigos.
Berners-Lee, que sem dúvida escolheu a melhor parte do mundo para
mudar, é agora o Sr. Timothy Berners-Lee, diretor do Consórcio World Wide
Web, pesquisador sênior no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e
professor de Ciência Computacional na Universidade de Southampton. A
importância de seu trabalho na configuração do início do século XXI é
imensurável.
* Counseil Européen pour La Recherche Nucleaire – Conselho Europeu para a
Pesquisa Nuclear
Jack Challoner (editor geral), 1001 Inventions that Changed the World, GrãBretanha, 2009.
Texto 2
Algumas invenções importantes
A capacidade de inventar da raça humana é um fator chave na nossa
sobrevivência e evolução contínuas.
Estes são alguns avanços científicos e tecnológicos que impactaram a
vida humana ao longo da história e ao redor do globo.
Papel (105)
No ano 105, quando Ts’ai Lun inventou o papel, mal sabia ele que
estava abrindo um dos mais importantes capítulos da história.
Código Morse (1844)
Com o nome de seu inventor, Samuel Morse, o Código Morse é um
código simples em que as letras são representadas por pontos e traços. O
código, que é um marco na comunicação de longo alcance, foi desenvolvido
para que operadores de telégrafo pudessem se comunicar via uma série de
sinais elétricos. Em 1844, vários anos depois de Morse e seu parceiro Alfred
Vail terem criado o código, Morse demonstrou ao Congresso Americano o
poder do telégrafo usando o código. Hoje ele é usado esporadicamente,
sobretudo em navios.
Automóvel (1886)
É difícil, se não impossível, imaginar um mundo sem o automóvel.
Quando o engenheiro alemão Karl Benz dirigiu um triciclo motorizado em 1885
e os colegas alemães Gottlieb Daimler e Wilhelm Maybach converteram uma
carruagem puxada a cavalo em um automóvel de quatro rodas em agosto de
1886, nenhum deles poderia prever os efeitos de sua nova invenção.
Vacina BCG (1921)
Desde que foi pela primeira vez desenvolvida pelo bacteriologista Albert
Calmette e seu colega, o cirurgião veterinário Camille Guerin, em 1921, a
vacina BCG já foi dada a mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo para
prevenir a tuberculose.
Ultrassonografia médica (1953)
Desde seu tímido início, a técnica de diagnóstico por imagem por
ultrassom – que utiliza ondas sonoras para visualizar os órgãos internos do
corpo – encontrou seu lugar na maior parte das áreas da medicina.
Jack Challoner (editor geral), 1001 Inventions that Changed the World, GrãBretanha, 2009.
Unidade 10
Texto 1
Vivemos dentro de uma bolha: a vida com tecnologia versus a vida sem
tecnologia
É difícil perceber como sua vida pode ser isolada, quão diferente do
resto do mundo você é, até que você experimente como é viver do outro lado.
É quase impossível negar que vivo, respiro e experiencio tecnologia de ponta
na minha vida cotidiana. (…)
Depois de passar 12 dias longe da tecnologia durante o acampamento
de verão de Hidden Villa, descobri como pode ser divertido viver sem depender
tanto da tecnologia na minha vida diária. Há todo um mundo lá fora, esperando
para ser explorado. Há milhares e milhares de espécies de árvores e plantas e
animais que não usam um pingo de eletricidade. Há até pessoas que não têm
computador e a vida delas parece ir muito bem.
Dentro da bolha, a vida é tão previsível. Tão chata. Tão comum. Tão
planejada. Tão estressante. Eu me sinto pressionado a tuitar sobre o que estou
fazendo toda hora. (...) Eu me sinto pressionado a sempre comprar as coisas
mais novas quando são lançadas. De vez em quando confundo a internet com
o universo e não posso imaginar a vida sem acesso à internet.
Tenho internet aonde quer que eu vá. Nunca estou desconectado. Se
por acaso tenho algo que tenho vontade de compartilhar, então com certeza eu
posso e vou compartilhá-lo naquele instante. Tenho internet em casa, claro.
Mas também tenho internet no telefone. E tenho conexão 3G no laptop.
Quando estou conectado, sinto como se estivesse numa bolha. (...) Não
importa se estou sentado em casa na minha escrivaninha ou por aí fazendo
alguma coisa. Se algo acontece, sou notificado imediatamente. Quando
Michael Jackson morreu, eu estava almoçando fora, mas soube imediatamente
porque eu estava com meu smart phone. (…)
Sinto como se eu estivesse tendo uma vida definida pela conectividade.
Fico com a impressão de que não há nada para fazer quando o sistema falha
ou cai. Sinto como se tivesse que estar conectado o tempo todo.
Quando estava me preparando para o acampamento, fiquei pensando
em quão difícil para mim seria sobreviver sem conexão de internet. (...) Mas,
então, percebi que tinha que aguentar os 12 dias. (...) Com essa atitude fui
para o acampamento, onde fiz coisas como preparar batatas fritas com batatas
que colhemos e até passeei com um bode pelo bosque. Tudo isso sem
conexão de internet.
Foi tudo bem. Na verdade, foi espetacular. (...) Estou agora de volta em
casa, onde tenho internet outra vez. Mas agora não acho a internet tão incrível
quanto achava antes. (...) Muitas coisas apareceram desde que parti, mas não
me importo. O que eu queria realmente fazer era sair e me divertir no mundo
real.
Agora, quando me vejo grudado ao computador lendo todos os artigos,
penso em como seria divertido estar passeando com um bode. Hoje sei como o
mundo que a mãe natureza criou para nós pode ser divertido. O mundo está
repleto de bilhões de pessoas vivendo sua vida cotidiana como os 12 dias que
passei no acampamento. (…)
Então, talvez a melhor maneira de viver seja no meio. A tecnologia é
algo pelo que sou apaixonado. (...) Não há por que jogá-la fora. Eu
simplesmente não preciso ser tão viciado. Portanto, na próxima vez que meu
computador quebrar, não preciso sentir como se o mundo estivesse
terminando.
http://netspencer.com/2009/08/we-live-inside-a-bubble/ (Acesso em: 16 out.
2009)
Texto 2
Entrevista com...
... Humberto Moreno, produtor musical independente colombiano que
ajudou a apresentar o projeto Aliança Global na Exposição de Música Mundial
(WOMEX) em outubro de 2006 em Sevilha, Espanha.
Você poderia nos descrever a situação atual da indústria da música
independente na Colômbia?
Florescente é a palavra que melhor descreve a indústria independente
neste momento. O fato de que novos projetos requerem orçamentos menores
do que antes levou à criação de inúmeros selos e companhias independentes.
(…)
Como a cena musical mudou desde seu início?
Todo o país conseguiu agarrar os aspectos mais positivos da jornada em
direção à globalização. Nosso país é bastante diverso, criativo, proativo e,
sobretudo, muito jovem. Nos últimos anos, a nova geração envolveu-se cada
vez mais com produção musical, o que significa que há um dinamismo e uma
energia crescentes na cena musical atual. (…)
Qual você acha que é o maior obstáculo ao desenvolvimento da indústria
musical hoje em dia?
Há uma série de obstáculos; o principal é o alto nível de consumo de
bens piratas, que representa mais de 70% do mercado. (…)
Outra dificuldade é o poder de compra limitado de grande parcela da
população, que tem acesso a conteúdos pela pirataria, pois os preços são mais
apropriados para seus recursos. Por essa razão, eles não estão preocupados
com a baixa qualidade ou com a ilegalidade do produto que compram.
Como você vê esse grande problema da pirataria no seu país?
É muito sério e, como eu disse, é um dos principais obstáculos ao
desenvolvimento da indústria musical independente colombiana. A razão pela
qual ela não pode ser simplesmente eliminada é que ela é cultivada pelo nosso
problema socioeconômico. Os vendedores ambulantes são um produto da
economia informal, da qual muitas famílias dependem para sobreviver, e essa
informalidade é, por sua vez, um produto da pobreza. Se há vendedores
ambulantes, a distribuição de produtos piratas é inevitável e, como
consequência, é impossível eliminar ou até mesmo reduzir a extensão desse
crime.
Quais são os prós e contras da mais nova tecnologia para a indústria
musical?
Há pelo menos uma década testemunhamos algumas das
desvantagens: a tecnologia está chegando ao consumidor com tanta rapidez
que os sistemas criados para controlar conteúdo não estão funcionando de
forma completa ou não estão disponíveis, e então certo nível de anarquia tem
reinado.
De forma semelhante, a legislação vigente não foi capaz de prever o
rápido crescimento do uso ilícito de conteúdo. Estamos no meio do processo
de transição entre os formatos físicos e os veículos que usamos para fornecer
conteúdo e formatos digitais, o que, dada a sua natureza, multiplica
exponencialmente as possibilidades de acesso e uso.
Acredito que, assim que pudermos ser mais claros com relação aos
formatos que os consumidores preferirão e pudermos garantir que os meios de
controle sejam suficientemente efetivos e que a legislação seja atualizada, a
indústria musical poderá encontrar formas de explorar o livre uso da música
como seu maior meio de promoção.
O que você sugeriria para otimizar o potencial da indústria musical
colombiana?
Acho que se o governo colombiano desse aos músicos e produtores o
mesmo grau de apoio que dá hoje a produtores de cinema, estilistas, figuras
literárias etc., e se a música recebesse o status que merece dentro da estrutura
política nacional, o potencial da indústria musical seria enorme. Ela seria então
capaz de alcançar seus objetivos, que não consistem apenas em promover a
música como um componente internacionalmente reconhecido da identidade e
da diversidade da cultura colombiana, mas também em garantir que seja
incorporada de forma significativa no portfólio de exportações do país.
http://portal.unesco.org/culture/en/ev.phpURL_ID=32769&URL_DO=DO_TOPI
C&URL_SECTION=201.html
(Acesso em: 26 fev. 2010)
Download

Unidade 6 - Saraiva S/A Livreiros Editores