Comparação da cicatrização de incisões na mucosa oral com bisturi
e laser em exodontias de terceiros molares
SCHWARZ, Vanessa1; BASUALDO, Alexandre2
(1) Aluna do curso de Odontologia – IMED, Brasil .E-mail: [email protected]
(2) Professor orientador do curso de Odontologia da IMED, Brasil. E-mail:
[email protected]
Comparação da cicatrização de incisões na mucosa oral com bisturi
e laser em exodontias de terceiros molares
Resumo: O conforto e a cicatrização eficiente de pacientes submetidos a procedimentos
cirúrgicos odontológicos devem ser metas profissionais. Através de referências bibliográficas,
este estudo teve como objetivo comparar a cicatrização da mucosa oral em humanos. Para isso,
foram selecionados artigos científicos que relataram o processo cicatricial usando diferentes
métodos para realizar as incisões, sendo eles o bisturi de lâmina fria e laser de baixa potência.
Os artigos foram comparados e discutidos concluindo que apesar de não haver estudos
conclusivos em relação ao uso do laser na odontologia, as pesquisas demonstraram que existe
uma melhora na cicatrização das incisões onde foi utilizado o laser, melhora esta observada
desde o ato da incisão, com a diminuição significativa do sangramento e do corte preciso, tanto
no pós-operatório e mesmo no uso do laser como terapia nos mais diversos fins odontológicos.
Palavras-chave: Incisões; Cicatrização; Laser.
.
Abstract: The comfort and efficient healing of patients undergoing dental surgical procedures
should be professional goals. Through references, this study aimed to compare the healing of the
oral mucosa in humans. For this, we selected papers that reported the healing process using
different methods to make the incisions, namely the cold scalpel and low power laser. The articles
were compared and discussed concluding that although no conclusive studies regarding the use of
lasers in dentistry, research has shown that there is an improvement in the healing of incisions
where the laser was used, this improvement observed since the time of incision, with a significant
decrease in bleeding and precise cutting, both postoperative and even the use of laser as a
therapy in various dental purposes.
Keywords: Incisions; Healing; Laser.
1
INTRODUÇÃO
A mídia, a educação e os novos recursos tecnológicos têm incentivado a população
mundial a adquirir hábitos cada vez mais saudáveis, contribuindo assim para um aumento na
expectativa de vida da população. Como consequência, tem aumentado o número de pessoas
longevas, gerando nessa etapa da vida, um caráter preocupante, principalmente aqueles
relacionados aos processos corporais, dentre eles a cicatrização tecidual (BUFALARI et al.,
1996).
As feridas são consequências de uma agressão por agente ao tecido vivo. O tratamento das
feridas vem evoluindo desde 3000 anos A.C., quando as feridas hemorrágicas eram tratadas com
cauterização. O uso de torniquete é descrito em 400 A.C., enquanto a sutura é documentada desde
o terceiro século A.C. Na Idade Média, com o aparecimento da pólvora, os ferimentos tornaramse mais graves (FERNANDES, 2005).
Associados ao processo cicatricial encontram-se as doenças cardiovasculares, diabetes e
neoplasias, sendo comum a desnutrição, deficiências vitamínicas, uso excessivo de medicamentos,
sendo essas situações somadas aos distúrbios da reparação tecidual (FREITAS et al., 2002).
O tratamento de feridas deve ser visto como um processo dinâmico já que na abordagem
terapêutica devem ser incorporados, permanentemente, os conhecimentos técnico-científicos
correlatos. Ao longo da história percebe-se que o tratamento de feridas vem-se modificando de
acordo com os conhecimentos adquiridos em cada época. Esta evolução vem desde a pré-história,
com registros de aplicação de vários agentes sobre as feridas e, na atualidade, os tratamentos têm
bases científicas que levam em consideração a fisiopatologia, fatores extrínsecos e intrínsecos à
ferida com a utilização de um arsenal farmacológico e de equipamentos aperfeiçoados por
modernas tecnologias (NOVATO; CARVALHO, 2000).
Todos estes fatores bem como as grandes mudanças ocorridas nas últimas décadas, no
conceito referente à cicatrização tecidual, têm mobilizado as indústrias a desenvolverem e
colocarem no mercado produtos cada vez mais específicos, eficazes e adequados a cada tipo de
ferida do indivíduo (BUFALARI et al., 1996).
Sendo assim, o objetivo da presente revisão de literatura foi comparar a cicatrização da
mucosa oral em humanos.
2
REVISÃO DE LITERATURA
Bassani (1992) afirma que existem algumas restrições para os lasers de baixa potência,
como nos casos de portadores de marca-passo, epiléticos, em irradiações diretas em glândulas
endócrinas e globo ocular, e em pacientes com neoplasias.
Segundo Catão (2004), as propriedades terapêuticas dos lasers vêm sendo estudadas desde
a sua descoberta, sendo a sua ação analgésica observada particularmente sobre as formas da dor
crônica de diversas etiopatogenias, desde os receptores periféricos ate o estimulo no sistema
nervoso central. Portanto, quando a luz laser interage com as células e o tecido na dose adequada,
certas funções celulares poderão ser estimuladas, tais como: a estimulação de linfócitos, a ativação
de mastócitos, o aumento da produção de ATP mitocondrial e a proliferação de vários tipos de
células.
Na figura1, ilustra-se um caso clínico de um paciente atendido na clínica odontológica IMED.
Figura 1: caso clínico paciente atendido na
clínica Odontológica IMED.
A tendência da odontologia é a incorporação de métodos menos invasivos com a
Figura 1: caso clínico paciente
finalidade de minimizar a dor e o desconforto
durante e após as intervenções odontológicas. Por
atendido na clínica Odontológica
isso, acredita-se que a laserterapia seja uma excelente
IMED.opção de tratamento, já que apresenta
efeitos benéficos para os tecidos irradiados, como ativação da microcirculação, produção de novos
capilares, efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, além de estímulo ao crescimento e à
regeneração celular. A busca constante do equilíbrio biopsicossocial pelo ser humano requer a
inserção de novas e eficazes terapias que adentram num moderno e amplo campo da odontologia.
Assim, na tecnologia laser novas pesquisas indicam novas formas e técnicas do seu uso pelo
cirurgião-dentista. Os fundamentos físicos e a interação dessa luz com os tecidos são
conhecimentos que devem ser esclarecidos e dominados por esses profissionais, possibilitando
diferentes pesquisas e consolidando a laserterapia como opção terapêutica na clínica odontológica.
(CAVALCANTI, 2010)
Já Cerevalli (2001) estudando a radiação do laser sobre culturas de fibroblastos, afirma
que a extensão da interação entre os lasers e o tecido é geralmente determinada por fatores
relacionados ao laser e pelas características ópticas de cada tecido e que a literatura é muito
conflitante com relação aos efeitos dos lasers nesses processos, sendo difícil identificar efeitos
específicos do laser, porque muitos fatores e variáveis modificam seu efeito nos tecidos.
Damante (2003) avaliou clínica e histologicamente os efeitos do laser na aceleração da
cicatrização de gengivoplastias em 13 pacientes. Após a cirurgia o lado direito os pacientes
receberam aplicação do laser a cada 48 horas, durante uma semana, totalizando quatro seções. O
lado esquerdo não foi irradiado. Cinco avaliadores examinaram comparativamente, o aspecto
clínico da cicatrização através de fotografias dos períodos pós-cirúrgicos de 7,14, 21, 30 e 60 dias.
Para a avaliação histológica, foram realizadas biópsias incisionais, próximas da papila mesial dos
caninos, em ambos os lados, no período supracitado. O autor concluiu que os resultados não
mostraram diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, concluindo-se então que do
ponto de vista clínico e histológico, o laser não influenciou na cicatrização da mucosa bucal.
Segundo Fuller (1980), o laser, através do uso de fibra óptica, possibilita a realização de
microcirurgias precisas, mesmo em áreas de difícil acesso. Útil em cirurgias superficiais é
empregado atualmente em cirurgias de laparoscopia, endoscopia, cirurgia torácica, oftalmologia,
ginecologia, cirurgia plástica, urologia, neurocirurgia, otorrinolaringologia e odontologia. Pois
concentra em uma pequena e precisa área, uma grande quantidade de energia, que vaporiza os
tecidos, provocando cauterização instantânea de vasos sanguíneos e linfáticos.
Nas figuras 2 e 3, ilustra-se a diferença das incisões entre o laser e o bisturi, tanto na sua
precisão quanto no sangramento.
Figura 2: incisão com laser em paciente
atendido na clínica Odontológica IMED.
Figura 3: incisão com bisturi em paciente
atendido na clínica Odontológica IMED.
Conforme Henriques et al. (2008) a tendência da odontologia é a incorporação de
métodos menos invasivos com a finalidade de minimizar a dor e o desconforto durante e após as
intervenções odontológicas. Por isso, acredita-se que a laserterapia seja uma excelente opção de
tratamento, já que apresenta efeitos benéficos para os tecidos irradiados, como ativação da
microcirculação, produção de novos capilares, efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, além de
estimulo ao crescimento e a regeneração celular.
Laureano Filho (2007) realizou uma avaliação da eficácia do laser como meio auxiliar na
diminuição da morbidade pós-operatória relacionada à dor, a edema e a trismo em 13 pacientes
submetidos a cirurgias de extração de terceiros molares inferiores inclusos. Realizada a exodontia
eram feitas aplicações com laser. Estas aplicações foram feitas no pré-operatório, no pósoperatório imediato, após 24 horas e com 48 horas. Foram realizadas duas aplicações pontuais
consecutivas em pontos pré-definidos. A região intra-oral, também foi submetida à terapia com
aplicações próximas ao alvéolo envolvido. Nas exodontias do lado oposto, foram feitas aplicações
de placebo. Concluindo que, a laserterapia se mostrou efetiva e útil para a diminuição da dor e do
trismo no pós-operatório da exodontia de dentes inclusos, embora não tenha mostrado ação no
controle do edema durante os tempos estudados.
Lins et al, (2010) avaliaram o fenômeno da bioestimulação do laser de baixa potência na
reparação tecidual, extraindo os elementos dentários 36 e 47 por lesões cariosas extensas e
aplicado laser terapêutico no elemento 47, no 1° dia, no 4° dia, no 8° dia, no 15° dia e no 23° dia,
sendo que o elemento 36 não recebeu terapia a laser, mas também foi avaliado nos mesmos dias
supracitados. Os resultados obtidos foram, onde foi aplicado o laser (elemento 47) houve ausência
de edema e extravasamento de sangue, assim como ausência de dor (máximo grau 2) e no
elemento 36 (onde não foi usado laser) houve edema, extravasamento de sangue e nível de dor
grau 6. Os autores concluíram que apesar de o laser não apresentar eficácia comprovada, o
experimento utilizado indica claramente a diferença na cicatrização.
Mendonça e Coutinho-Netto (2009) estudaram bibliograficamente os diversos aspectos
celulares envolvidos no processo cicatricial, bem como os principais medicamentos utilizados no
tratamento de patologias relacionadas à cicatrização, buscaram identificar também todos os
fatores e células presentes em feridas e no processo de cicatrização das mesmas. Concluíram que
dentre os fatores que possuem ação direta no processo de reparo destaca-se os fatores de
crescimento que estão presentes em alguns medicamentos de uso tópico, alterando o reparo
tecidual e que estes medicamentos são de alto custo, distante da realidade sócio econômica da
população e ainda que outras substâncias que contém agentes enzimáticos apresentam baixa
eficácia na cicatrização de feridas crônicas.
Moriyama (2006) afirma que a luz laser, com seus respectivos comprimentos de onda,
tem sido estudada em varias áreas da odontologia, como em preparos cavitários, periodontia,
redução bacteriana em condutos radiculares, bioestimulação de tecidos moles, condicionamento
de esmalte. Diversas pesquisas vêm sendo desenvolvidas para estabelecer os melhores parâmetros
e técnicas de irradiação, com o intuito de viabilizar seu emprego em diferentes procedimentos
odontológicos.
Piva (2010) através de revisão de literatura realizou um estudo a respeito da terapia com
laser de baixa potência e sua relação com as fases iniciais de reparo.Concluindo que a terapia com
laser de baixa potência exerce efeitos anti-inflamatórios importantes nos processos iniciais da
cicatrização: redução de mediadores químicos, de citocinas, do edema, diminuição da migração de
células inflamatórias e incremento de fatores de crescimento, contribuindo diretamente para o
processo de reabilitação tecidual.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de não haver estudos conclusivos e relação ao uso do laser na odontologia, as pesquisas
demonstram que existe uma melhora na cicatrização das incisões onde foi utilizado o laser,
melhora esta observada desde o ato da incisão, com a diminuição significativa do sangramento e
do corte preciso, tanto no pós-operatório e mesmo no uso do laser como terapia nos mais diversos
fins odontológicos.
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