Vol 2 e 1 números 6 e 7
ESTUDOS LITERÁRIOS
IMAGENS SOMBRIAS DA INDIVIDUALIDADE - RESENHA DO FILME 1984
SOUZA, Cláudio Morais e & GOMES, Ivan Marcelo
Resumo: Esta resenha pretende discutir as possibilidades da ação individual no filme 1984. Foram utilizadas falas e cenas do filme com o intuito de
ilustrar o objetivo proposto. As discussões realizadas apontam para a tentativa de eliminação das ambivalências na modernidade, sendo abafados os
aspectos subjetivos em prol de uma ordem coletiva.
Palavras-Chave: Individualidade, Estado-Nação, Modernidade.
DA LÍRICA MODERNA AO PROJETO IDEOLÓGICO E ESTÉTICO DA LÍRICA CONTEMPORÂNEA
MANTOVANELLO, Cleusa F. O.
Resumo: Neste artigo refletimos as inovações da linguagem ocorridas na forma de poetar a partir do modernismo. Para tal, buscamos efetuar um
rápido panorama das mudanças ocorridas na poesia brasileira, a partir da modernidade. Assim, analisamos diferentes autores e observamos os
acontecimentos histórico-sociais que levaram os poetas modernos e contemporâneos a divergir de seus antecessores, no modo de pensar e expressar o
sentimento do eu-lírico. Sentimento que agora utiliza a linguagem, ao mesmo tempo, subjetiva e universal para representação do mundo, o que os
transforma em sujeitos de uma lírica hermética, à qual o homem comum, por vezes, tem dificuldade de compreender. Desta forma, a poesia torna-se
estranha àqueles a quem se destina. O grande público, em sua maioria, não adquire condições de fruir desta forma de arte, visto que a atualidade
oferece outros meios de fruição que exigem menor esforço e, aos quais ele se volta. A nova forma de expressão faz com que o projeto estético
contemporâneo dê um novo direcionamento à construção metafórica, pois, se localiza em um ambiente diferente, partindo para à cidade. Mote este
iniciado por Baudelaire, o "poeta da modernidade" e principal responsável pela transformação radical da lírica moderna, e ainda para os problemas
sociais, sendo que, ao mesmo tempo, "convida" o leitor a construir e reconstruir, junto com o poeta, o sentido para um nova época na poesia lírica
nacional. "O leitor é convidado - talvez se dissesse melhor, intimado - a ir ao encontro do poeta para acumpliciar-se com ele na empresa de
desconstruir o real de convenção e reagrupar-lhe metaforicamente os detritos no transreal de invenção". (PAES, 1997:28).
Palavras-Chave: Lírica , Linguagem , Moderno/Contemporâneo.
A POLIFONIA NO ROMANCE LA FIESTA DEL CHIVO DE MARIO VARGAS LLOSA
FIGUEIREDO, Adriana Aparecida de
Resumo: O artigo versa sobre as vozes narrativas presentes no romance La fiesta del chivo, do escritor peruano Mario Vargas Llosa, publicado no ano
de 2000. A obra analisada recria ficcionalmente o período da história da República Dominicana que constituiu a ditadura de Rafael Leonidas Trujillo
entre os anos de 1930 e 1961. Na ficção, o ditador é retratado mostrando uma fase de decadência, embora o tirano não tivesse consciência de sua
condição de governante obsoleto. Em uma alternância de três focos narrativos, em que por meio das recordações dos personagens da obra
conseguimos apreender uma faceta da ficção do autor, a trama é construída e se faz visível às várias vozes imiscíveis no texto, em um constante
diálogo. A discussão da polifonia no romance é um trecho da pesquisa que examina os elementos de composição narrativa da obra. As várias vozes
que dialogam no romance, expressando os diversificados pontos de vista dos personagens, propiciam a composição do toda da narrativa por parte do
leitor. A voz de Urânia Cabral é a primeira que surge no romance. É a mulher triste, marcada por um trágico passado que foi ocultado da família e da
sociedade. A outra voz que ecoa é a do ditador que se mostra como o patriarca do país, o ser supremo que veio para exercer o posto de salvador da
pátria. As últimas vozes do romance são as dos homens que organizaram a conjuração para assassinar Trujillo, numa tentativa de libertar o país das
mãos do déspota e também de vingança pessoal por todas as ações violentas do tirano para com os conjurados.
Palavras-Chave: Literatura hispano-americana, polifonia, Vargas Llosa.
MODULAÇÕES DO NARRADOR EM A FOME DE RODOLFO TEÓFILO
ALVES, Kaminski Lourdes
Resumo: Estudo das modulações do narrador em A Fome (1890) de Rodolfo Teófilo, obra considerada pela crítica como primeira referência literária a
tratar do tema da seca em nossa literatura. Trata-se de um texto que se insere na estética de um naturalismo regionalista na medida em que se inscreve
num espaço físico e social abarcado por fatores determinantes. Estudamos a obra na perspectiva do narrador, observando a mudança de tom quando
este pretende mostrar a personagem da seca, indiciando uma postura ideológica para com a mesma, evidenciada no plano da linguagem a partir do
emprego das conotações, símiles e principalmente nas intrusões e juízos de valor com carga semântica depreciativa.
Palavras-Chave: Romance da seca, narrador, modulações.
TRAJETÓRIA POÉTICA E SOCIAL DE HELENA KOLODY
CRUZ, Antonio Donizeti da.
Resumo: O presente artigo visa apresentar o percurso poético e social de Helena Kolody, poeta brasileira, filha de imigrantes ucranianos, que nasceu a
12 de outubro de 1912, em Cruz Machado (PR). Kolody realiza um fazer poético projetado nas formas escolhidas e na busca da síntese. Ela tem
publicado doze livros de poesia. Sua trajetória poética e social é animada pelo sentido de permanência, pois seus textos convertem-se em valores que
são capazes de corporificar palavras e imagens que direcionam para uma dialética permanente.
Palavras-Chave: Lírica, linguagem, trajetória social, Helena Kolody.
NOTAS SOBRE ARTE, CINEMA E LINGUAGEM
SILVA, Acir Dias da.
Resumo. Apresento notas e estudos sobre arte, cinema e linguagem a partir das observações pessoais reunidas numa linguagem oral. O Cinema nasce
da justaposição das imagens e do acompanhamento ou ação em contraste com o som a partir da tradução das narrações de obras literárias. Discursos,
narrações e personagens, imagens e sons que formam a inteligibilidade Oral da nossa sociedade atualmente. Nestas imagens encontramos uma
amalgama de origens artísticas e estilísticas dispersas. Uma genealogia em que pintura, literatura e filosofia etc, estão em intersecção. O cinema
também é originário do diálogo estabelecido com as imagens verbais e narrativas. O culto da moderna arte teve supremacia após a intermediação dos
processos tecnológicos, assim procedeu-se, pois, o resultado de uma sucessão de etapas, imateriais e materiais, nas quais as imagens tomam forma e
significação. Nestas notas problematizo a linguagem cinematográfica, arte, cultura e imaginação.
Palavras-Chave: cinema, cultura, imaginação.
O DRAMA ÉPICO EM BERNARDO SANTARENO
OLIVEIRA, Valdeci Batista de Melo
Resumo: O presente artigo analisa a poética dramática de duas peças do dramaturgo português Bernardo Santareno. Embora a peça O Crime de
Aldeia Velha pertença às peças da fase aristotélica, ela já apresenta procedimentos que não cabem totalmente nessa caracterização. Mas o enfoque
principal recai sobre o drama épico O Inferno, cujo mote é um fait divers sobre o julgamento de um casal serial killer. Santareno plasma esse
julgamento de forma a impedir a adesão afetiva do espectador, levando-o a refletir sobre as contradições do próprio tribunal do júri como órgão
pertencente ao sistema jurídico, posto a serviço do sistema político-econômico dominante.
Palavras-Chave: Teatro, épico, política.
E JÓ JOAQUIM CRIOU A MULHER
FORTES, Rita Felix
RESUMO: No estudo E Jó Joaquim criou a mulher objetiva-se, inicialmente, analisar os prefácios de Tutaméia, nos quais Guimarães Rosa discute
sobre o poder criador da linguagem e sobre o seu processo de composição literária. A seguir, procurou-se demonstrar que o conto Desenredo tematiza
exatamente este processo da criação, ou seja, é um conto sobre a construção do amor através da palavra.
PALAVRAS-CHAVE: Prefácios; Tutaméia; Desenredo.
OS LIMITES INTERTEXTUAIS ENTRE DRUMMOND E ADÉLIA PRADO
BASSO, Rosane Salete da Rosa
RESUMO: O presente trabalho contempla uma análise dos poemas "Com Licença Poética" e "Agora, ó José" de Adélia Prado; "Poema de Sete Faces"
e o poema "José" de Carlos Drummond de Andrade numa perspectiva de estudos sob os pressupostos da intertextualidade, recurso estilístico
amplamente utilizado em estudos da Literatura Comparada. Pretende-se verificar como a poetisa Adélia Prado trabalha com a linguagem do intertexto
re(criando) ou ratificando sentidos em seus poemas.
Palavras-Chave: Poesia, (re)criação de sentidos, intertextualidade.
ESTUDOS LINGÜÍSTICOS
A MÚSICA DO SILÊNCIO: LÍNGUA RELIGIOSA DOS TUPI-GUARANI
ANDRADE, Julieta
Resumo: Neste artigo a autora propõe uma nova abordagem e entendimento das culturas indígenas, a partir da religião e da lingagem referente ao
contexto do sagrado, que têm sido mantidas em sigilo, como recurso de preservação d vida e da própria nacionalidade original dos índios, nos
quinhentos anos posteriores à chegada dos europeus à terra deles. Quando possível, os vocábulos são correlacionados com seus correspondentes no
sânscrito e no grego antigo. (ANDRADE, 2000:70-103).
Palavras-Chave: Religião dos Guarani/Língua Religiosa dos Tupi-Guarani/Tupi, grego e sânscrito.
SOCIOLINGÜÍSTICA: ABORDAGENS QUANTITATIVA E QUALITATIVA
Clarice Nadir von Borstel (Unioeste)
Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir o modelo de pesquisa sociolingüística qualitativa e quantitativa. Estas abordagens e reflexões
utilizadas nos estudos sociolingüísticos têm a ver com as primeiras pesquisas desenvolvidas com base na teoria da variação lingüística. A literatura
avançou muito desde os primeiros trabalhos pesquisados e analisados sob esta concepção. Mas o que está sendo apresentado é o mínimo
indispensável para se enredar em pesquisas e estudos sobre a sociolingüística variacionista.
Palavras-Chave: Variação lingüística; Dados estatísticos; Sociolingüística interacional e, ou interpretativa.
CONTRIBUIÇÕES DA HERMENÊUTICA FILOSÓFICA NA INTERPRETAÇÃO DE DISCURSOS DE FAMÍLIAS DE ESQUIZOFRÊNICOS
SCHNEIDER, Jacó Fernando
Resumo: Esta investigação teve como proposta apontar as contribuições do referencial teórico-filosófico da hermenêutica filosófica de Martin
Heidegger na interpretação de discursos de famílias de esquizofrênicos, como possibilidade de contribuição para os avanços na compreensão da
população estudada. Partindo da interrogação do fenômeno, busquei uma compreensão do sentido de ser familiar de esquizofrênico. Nessa trajetória,
preocupando-me com a natureza do que fui investigar, segui a metodologia fenomenológica ontológico-hermenêutica. Assim, como forma de buscar
desvelar as vivências expressas nos discursos dos familiares de esquizofrênicos, segui os passos, adaptados e implementados, de Giorgi (1985),
chegando ao existir do familiar de esquizofrênico, por meio de nove depoimentos. Foi necessário aprofundar a compreensão das famílias dos
esquizofrênicos, do que emergiu dos seus discursos e por meio disso refletir sobre suas vivências. Assim, a interpretação hermenêutica foi fundada no
vivido do familiar de esquizofrênico, levando-me a pensar que o círculo hermenêutico poderia fechar-se sobre a compreensão que o familiar
desenvolve sobre suas vivências. No entanto, o fenômeno ser família de esquizofrênico, relatado pelos próprios familiares que vivenciam a situação,
emergiu como um detalhado relato do seu mundo-vida, revelando várias situações de ser-no-mundo com um parente esquizofrênico, onde, por meio
da sua fala, mostra-se como um ser humano, com suas idéias, necessidades e sentimentos, apresentando-se enquanto um ser-para-o-mundo. No
entanto, penso que tais vivências não se restringiram a si mesmas, avançando para além do eu - para o não-eu - onde o familiar se mostrou enquanto
um ser humano envolto em um contexto social e histórico.
Palavras-Chave: Hermenêutica; discurso; família; esquizofrenia.
LINGÜÍSTICA: UMA HISTÓRIA DE TENSÃO ENTRE O NATURAL E O SOCIAL
DITTRICH, Ivo José
Resumo: O artigo aborda o desenvolvimento da ciência lingüística, considerando-a em seu movimento de rupturas, retomadas e continuidades. Nessa
dinâmica, manifesta-se uma constante tensão entre o predomínio dos aspectos naturais e sociais na delimitação do objeto teórico. Com os elementos
fornecidos a partir de uma análise assim pensada, caracterizam-se, em traços gerais, os aspectos que atualmente predominam e especula-se a respeito
das possíveis tendências que deverão marcar a Lingüística no futuro.
Palavras-Chave: movimentos, tendências, interdisciplinaridade.
PPRODUTIVIDADE DOS SUFIXOS EM PORTUGUÊS: UMA APLICAÇÃO DA PROPOSTA DE BASILIO
MONTEIRO, Júlio C. N
Resumo: Este artigo é parte de um estudo que propõe analisar a produtividade dos sufixos em português partindo da proposta de Basílio (1980).
Aparentemente, a produtividade dos sufixos em português guarda relação com o acento, ou seja, se o sufixo for acentuado ele é produtivo (ou pelo
menos, mais produtivo do que um sufixo não-acentuado). Neste estudo apresentaremos uma análise mais detalhada de dois sufixos da língua
portuguesa que, a nosso ver, ilustram o fenômeno de modo bastante satisfatório. São eles o -ção e o -ico.
Palavras-chave: morfologia, sufixo, produtividade.
UM ASPECTO DO ASPECTO VERBAL
ROMAN, Elódia Constantino
Resumo: Nosso trabalho compara as diferentes teorias desenvolvidas sobre a categoria lingüística aspecto verbal. Para análise de algumas frases foi
selecionada uma teoria lógico-semântica baseada na noção de intervalo. O aspecto é considerado como a relação de inclusão do tempo de referência
(TR) e do tempo de evento (TE) postulado por Godoy (1992). Consideramos também a propriedade endpoints (Hatav, 1989), que desenvolvemos
como propriedade dos pontos extremos em Roman (1998), por entendermos que uma situação pode ter os pontos extremos, ou ter somente o ponto
inicial ou final, determinado por algum elemento da frase ou pela própria situação. Certamente, toda situação ocorre no tempo, e esse tempo pode ser
representado por um eixo temporal. Nesse eixo, há intervalos em que a situação acontece. Essa situação pode ser (representada por) uma atividade,
um estado, uma culminância ou uma instantaneidade, classes aspectuais determinadas pelos intervalos que se apresentam, na situação, de forma
homogênea ou heterogênea. Levando-se em conta a situação da frase, são as relações de inclusão entre o tempo de referência e o tempo de evento que
determinam o aspecto perfectivo e/ou imperfectivo. O aspecto perfectivo tem o tempo de evento incluído no tempo de referência, apresentando pontos
extremos fechados. É uma propriedade das classes aspectuais culminância e instantaneidade.O aspecto imperfectivo, ao contrário do perfectivo, tem o
tempo de referência incluído no tempo de evento e é próprio de atividade e estado. Nesse caso, os pontos extremos são abertos, mas podem ser
marcados como início ou como final da situação. Discutimos, também, a ocorrência das classes aspectuais nas orações relativas.
Palavras-chave: classes aspectuais; aspecto; pontos extremos
O LUGAR DA ARGUMENTAÇÃO NA HISTÓRIA: UM BREVE PERCURSO HISTÓRICO DA RETÓRICA
COSTA, Terezinha da Conceição
Resumo: Este artigo propõe uma reflexão, pautada no campo da Filosofia, sobre a história da Retórica, hoje mais denominada como argumentação,
com o objetivo de ampliar o conhecimento e, posteriormente, revalorizar o discurso argumentativo na contemporaneidade. Fala-se muito, hoje, em
posicionar-se, defender idéias, argumentar, contra-argumentar. No entanto, pouco se conhece sobre o exercício da argumentação e seu processo de
consolidação através dos tempos, por meio de uma arte conhecida como Retórica que, passando por períodos de reconhecimento e valorização,
conheceu, também, por outro lado, períodos de total esquecimento. Para melhor relato desses acontecimentos, destacaremos, com base na Filosofia, o
papel da Retórica para os sofista (considerados os primeiros mestres na atividade de argumentar, mas que tratavam-na como um discurso apenas, em
que o que realmente contava era convencer, não importando como), para Isócrates (filósofo em quem a Retórica, depois dos sofistas, é resgatada,
valorizada é reconhecida como arte, moralizando-a), Platão (um dos grandes críticos da Retórica, pois analisa-a como uma técnica cega e rotineira,
utilizada apenas para a vaidade do homem) e Aristóteles (Filósofo que devolveu à Retórica, depois de Platão, seu devido lugar: o de arte de
argumentar). Destacaremos a importante contribuição de Aristóteles aos estudos da Retórica e à sua revalorização, quando publica sua obra Técnica
Retórica, por meio da qual dedica-se ao estudo do discurso público enquanto arte da comunicação cotidiana. Resgatando, portanto, os acontecimentos
que envolveram discussões e análise em torno da Retórica, pretende-se, com esse artigo, fazer um breve percurso histórico da Retórica, destacando,
assim, o lugar da argumentação na história, na perspectiva também de devolver à argumentação seu lugar de destaque.
Palavras-Chave: Retórica, argumentação, persuasão.
DAS ESPECULAÇÕES SOBRE A NATUREZA HUMANA INDIVIDUAL À "FICÇÃO" DO HOMEM ECONÔMICO
SILVA, Regina Coeli Machado e
Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar a história da construção da noção de Pessoa Moderna no domínio econômico, caminho necessário para
mostrar o processo histórico que vinculou o trabalho às tematizações da sociedade e da Pessoa Moderna da escola sociológica francesa. Pretendo
descrever a combinação de valores, idéias e significados que propiciou a gênese das reflexões antropológicas sobre a "Pessoa" como uma categoria,
ao mesmo tempo lógica e social. Assim, na primeira seção, pretendo mostrar como as especulações sobre a "natureza humana" estiveram ligadas às
justificativas para a nascente economia capitalista, formulando a "ficção" do homem econômico - em estreita ligação com o trabalho e suas novas
formas na Revolução Industrial - até a "glorificação" do próprio trabalho como transformador da natureza e do próprio do homem, tema da segunda
seção. Na terceira seção descrevo a divisão do trabalho social nos termos durkheimianos, referência sociológica que apreendeu o "individualismo"
como um Valor, base fundamental para um modo societário mantido pelas diferenças, identificado com a modernidade.
Palavras- Chave: Pessoa Moderna; individualismo; trabalho.
A ESCRITA NA ESCOLA E A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE
QUIRINO, Rosana Becker
Resumo: Fundamentando-se nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa e compreendendo a escrita como trabalho social,
serão analisadas as formas predominantes de ensino da escrita na escola: como exercício reprodutivo ou como espaço da criatividade.No decorrer do
artigo, serão analisadas como essas concepções se manifestam nas atividades escolares de ensino e aprendizagem de escrita e o que revelam da
compreensão que se tem da linguagem e do sujeito.
Palavras-Chave: Escrita, escola, subjetividade.
PALATALIZAÇÃO
MOTTER, ROSE MARIA BELIM
Resumo: Este artigo é o resultado de um estudo que teve por objetivo averiguar as transferências da língua materna (Português) para a língua
estrangeira (Inglês) no ato da fala, isto é na pronúncia.Detectamos essa ocorrência tanto no emprego das vogais como das consoantes, porém, o que
descreveremos aqui é somente o fenômeno da "Palatalização" do "t" e "d" ocorrido diante de /i/.
PESQUISAS E TRABALHOS ORIENTADOS
A TEMÁTICA SOCIAL NO CONTO "A MAIOR PONTE DO MUNDO" DE PELLEGRINI JR.
ZARDO, Noiara Paim
Resumo: As narrativas curtas de Domingos Pellegrini deixam à mostra, através de uma linguagem oralizante, a visão de mundo do escritor. "A maior
ponte do mundo", de Domingos Pellegrini Jr., é um conto da década de 1970, época em que a literatura busca mostrar a verve sombria do ser humano,
não apenas na crueldade da violência física, nos desvios de personalidade e no pessimismo de um povo que viveu, até 1974, a ditadura militar, mas na
"maquinização" do homem, nos conflitos de classes sociais e na diversificação do conceito de "direitos e deveres" para patrões e empregados. O
conto, quase tão extenso quanto a própria ponte, tem aspectos que lembram o socialismo de Karl Marx, o desejo de igualdade entre classes
subentendido nos diálogos entre peões e seus superiores (patrões, engenheiros, visitantes, empresários "engravatados").
Palavras-Chave: Pellegrini, ponte, conflito social.
MEMÓRIA EM CARLOS HEITOR CONY
HOLLERWEGER, Jucinéia
Resumo: A literatura contemporânea apresenta divergências quanto a sua própria caracterização. Por isso há uma dificuldade em determinar esse
período, pois apresenta varias tendências, de tratamento temático e estético. Uma dessas tendências é o gênero memorialístico que caminha junto com
a historia, a imaginação, e a biografia. No entanto, se distingue delas. Para uma melhor explicitação do gênero memorialístico analisamos duas
crônicas do autor contemporâneo Carlos Heitor Cony, em que focalizamos o conteúdo memorialístico e histórico. O narrador destas crônicas tenta
mostrar-nos de maneira irônica e critica o abuso de poder que a ditadura militar empreendeu nos idos da década de 1960. Aspectos da ditadura militar
como a presidência de Jango com apoio dos eleitores, a participação das classes médias urbanas, a esperança do povo em Marechal Castelo Branco no
sentido de trazer novas e boas expectativas para a nação são alguns dos elementos históricos estilizados por Carlos Heitor Cony em suas crônicas.
Palavras-Chave: Literatura contemporânea, memória, história.
A DIMENSÃO SIMBÓLICA DO ESPAÇO EM ÓPERA DOS MORTOS
SILVA, Sandro Adriano
Resumo: Este trabalho desenvolve uma análise sobre Ópera dos Mortos (1979) do escritor mineiro Autran Dourado. Nesta análise considera-se o
espaço um dos elementos estéticos mais expressivos, agenciador de um elenco de significações reveladoras do material temático. Retratado a partir de
uma leitura arquetípica, o espaço transforma-se em um elemento vitalizador da narrativa controlando, inclusive, o fluxo do tempo no universo da
diégese, como presença inarredável dessa "ópera" que ajuda a compor e, com maestria, a reger. A partir de uma perspectiva teórica bachelardiana,
tenta-se interpretar as possibilidades de o sobrado da família Cota - protagonista do romance - afigurar-se como espaço de dimensão mítica.
Palavras-Chave: Espaço, arquétipo, literatura.
O SAGRADO E O PROFANO EM ALBERTO CAEIRO
BONIATTI, André e VAILÕES, Silvana de Araújo
Resumo: Este estudo desenvolve uma análise do poema "O Guardador de Rebanhos" do poeta português Alberto Caeiro, um dos heterônimos de
Fernando Pessoa, com o objetivo de observar a expressão da "filosofia" religiosa contida em seus versos que apresentam a revolta que profana ou
simplesmente o olhar profano do autor sobre a organização moral e religiosa da sociedade cristã.
Palavras-Chave: Poema, sagrado, profano.
OS AMORES DE TERESA
VERSA, Cezar Roberto; SCHENATO, Valnei Luiz
Resumo: O ensaio discute a poética e a intertextualidade presente no poema Teresa de Manuel Bandeira, que é plasmado através de um processo
paródico decalcado a partir do precursor poema O Adeus de Teresa, de Castro Alves. Trata-se de autores de épocas distintas, por isso mesmo com
modos diversos de ver, sentir e configurar a poesia lírica, assim como tons e perspectivas diferentes. Entretanto, ambos escolheram o amor como
topos principal de seus poemas líricos.
Palavras-Chave: Lírica, intertextualidade, releitura.
O DISCURSO DO CONTRAPONTO: ONDE ESTÁ O ESTIGMA?
BUSSE
SELLA,
MONTEIRO, Júlio César Neves
,
Aparecida
Sanimar
Feola
Resumo: Pretende-se, com este artigo, discutir o embate ideológico travado nos discursos que, de um lado, defendem o purismo e os modelos
tradicionais do uso da língua, baseados na concepção de língua como bem falar e bem escrever, e, de outro, o reconhecimento das variedades
lingüísticas e a inoperância de certas prescrições presentes nos manuais de gramática tradicional, que, sob o rótulo de norma culta, escondem formas
de exclusão e estigmatização. Para tanto, focalizaremos o discurso do contraponto presente nos textos "Falar e escrever, eis a questão", de João
Gabriel de Lima, e "Polêmica", de Marcos Bagno. Observaremos porções discursivas que denunciem o embate em foco, a partir de considerações
teóricas sobre os lastros sociais da ideologia dominante no uso da língua. Parece que a discussão sobre a funcionalidade das prescrições presentes nos
manuais tradicionais tem redundado, rendido inclusive encenações porque confunde e estigmatiza. Não há em nenhum dos textos perspectivas quanto
ao uso da língua tão pouco quanto à metodologia de seu estudo. Ou seja, discute-se a validade ou não das regras, mas não se apresentam
sistematicamente respostas satisfatórias para o ensino da língua portuguesa.
Palavras-Chave: Língua , gramática , ideologia.
O FAZER INTERCULTURAL NAS ESCOLAS INDÍGENAS: uma reflexão sobre as relações de poder presentes nas práticas discursivas
BELLO,
FOCHZATO, Márcia Andréa dos Santos
Samuel
E.
López
Resumo: Este artigo traz as primeiras reflexões desenvolvidas a partir do projeto de pesquisa Saberes, Discurso e Construção de Significados: um
estudo das relações sócio-culturais expressas através da língua no contexto de vida dos índios kaingáng do Sudoeste do Paraná, inscrito no Mestrado
em Letras da Universidade do Oeste do Paraná UNIOESTE. A intenção inicial deste estudo é buscar através das teorias sociológicas, lingüísticas e
educacionais, compreender o processo de construção de significados de um grupo de professores (a voz dos índios) e um grupo de representantes das
secretarias de educação (a voz da instituição), no contexto educacional indígena, analisando-se as relações de poder estabelecidas através dos
discursos apresentados no momento da produção do currículo diferenciado para escolas indígenas.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEFINIÇÃO DO VERBO
VARGAS
SELLA, Aparecida Feola
JÚNIOR,
Horácio
Alves
de
Resumo: A princípio, o presente trabalho seria um levantamento histórico do verbo como um todo, mas o verbo envolve relações várias na oração e
apresenta um conjunto flexional muito rico: uma só flexão verbal, por exemplo, acarreta subsídios vários para um estudo histórico. Na necessidade de
delimitar o assunto, optou-se por enfocar a definição dada ao verbo, nos momentos aqui escolhidos. Em termos gerais, será apresentado o "aspecto
nocional do verbo", a partir de Aristóteles, e o seu posterior desenvolvimento, com o objetivo de demonstrar que o conceito que hoje se tem do verbo
já estava definido, de certa forma, nos gregos.
Palavras-Chave: Verbo, definição, diacronia.
LINGUAGEM E INTERPRETAÇÃO: SILENCIAMENTO COMO ESTRATÉGIA DISCURSIVA NA MÍDIA
LOPEZ,
DITTRICH, Ivo José
Debora
Cristina
Resumo: O presente artigo pretende discutir o silenciamento como estratégia de formação discursiva no texto apresentado pela revista Época, na
edição número 226, de 16 de setembro de 2002, nas matérias A obstinação refletida em Lula e O jogo difícil do candidato Serra que se referem
aos candidatos líderes no pleito presidencial de 2002, segundo as pesquisas IBOPE. Para tanto, os autores utilizam-se dos conceitos apresentados por
Orlandi, Althier-Revuz e Ducrot, entre outros teóricos da linguagem. Através das noções de discurso silenciador de Orlandi e das estratégias de
silenciamento propostas e discutidas por Ducrot, Maingueneau e Althier-Revuz, busca-se identificar, no discurso utilizado pela revista Época em
relação aos candidatos apresentados, marcas discursivas polifônicas e que visam ao convencimento e à transmissão de uma determinada ideologia ao
receptor. A partir destes conceitos, os autores buscam identificar as principais estratégias discursivas utilizadas pela revista para a transmissão de um
dado conteúdo, como é o caso do ocultamento de fatos históricos, realçado pela acentuação de outros fatos, cada um deles referente a um dos
personagens de que as reportagens analisadas tratam, respectivamente, Luís Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB). Além do direcionamento
das informações apresentadas, a estrutura textual do discurso da publicação também é avaliada, sob a perspectiva de remissão a termos-chave da
histórica política brasileira e a utilização de discursos que contam com a multiplicidade de vozes e, conseqüentemente, propiciam múltiplas
interpretações a esse discurso - interpretações essas que podem variar de acordo com a memória e com a consciência individual do interlocutor.
Palavras-Chave: Silenciamento discursivo, formação discursiva, polifonia.
ESTUDO INTRODUTÓRIO SOBRE A TEORIA DOS GÊNEROS LITERÁRIOS
ANDRADE, Rosilene Camilo M.
Resumo: Este trabalho pretende fazer um estudo de caráter didático sobre a evolução do conceito de gêneros literários, observado a partir das
exigências e transformações culturais e sociais. A divisão da literatura em gêneros já aparece desde a República (2001) de Platão e a Arte Poética de
Aristóteles (1984) como uma das maneiras de realizar a mimesis ou imitação da realidade. As interpretações que os renascentistas e os clássicos
fizeram destes autores levaram a uma noção de hierarquia de gêneros e estilos, maiores ou menores, tornando ainda mais rígida e complexa a divisão
inicial, que de certa maneira permanece, apesar das inúmeras contestações. Modernamente a classificação tríplice é retomada por Staiger (1972) e por
Rosenfeld (1983) A divisão tripartite da literatura concebe: a) a tragédia e a comédia; b) o ditirambo (poesia lírica); c) a poesia épica. Este artigo faz
parte de um estudo maior, porém, dado os limites da discussão, priorizamos para esta produção as abordagens de Emil Staiger (1972) e Luis Costa
Lima (1893), por acreditarmos que tais teóricos perseguem a evolução histórica das discussões em torno do conceito de gêneros literários de forma
bastante elucidativa, o que pode vir a auxiliar acadêmicos em sua reflexão sobre estudos literários, motivando a pesquisa e a formação continuada na
área.
Palavras-Chave: Gêneros literários, permanência, transformações culturais.
Download

Volume 02 e 01 números 6 e 7