Especificação de Madeira nos Escritórios de Arquitetura Apresentação dos Resultados Apresentação dos Resultados da Pesquisa Especificação de Madeira nos Escritórios de Arquitetura 12 de Agosto de 2015 Introdução Manter a floresta amazônica tem se mostrado essencial não somente pela manutenção do setor florestal, mas prioritariamente para manter a qualidade de vida dos brasileiros. O exemplo mais atual é a forte relação entre a supressão da vegetação amazônica e a atual crise hídrica no sudeste brasileiro. A conversão da floresta por atividades econômicas como pecuária, agricultura ou ampliação de áreas urbanas, bem como a atividade madeireira ilegal, tem relação direta com esses fenômenos climáticos extremos como secas, inundações, má qualidade do ar, entre outros. O setor de base florestal, que abarca desde o manejo até a construção civil, tem interesse na manutenção da floresta e seu uso sustentável, sendo que a reprodução e manutenção das suas atividades necessitam sobremaneira da manutenção da floresta. O estabelecimento de uma cadeia produtiva da madeira baseada na sustentabilidade, legalidade e com garantia de origem é um aspecto fundamental para o desenvolvimento do setor. A construção civil, maior consumidor de madeira da cadeia, está se conscientizando de que esses aspectos são tão importantes quanto qualidade e preço e começam a restringir a aquisição de madeiras de origem desconhecida ou de fontes ilegais. O próximo passo é ampliar essas restrições para a insustentabilidade do manejo. Para essa mudança de comportamento, um ingrediente é fundamental: informação. Acessar as entidades de classe de engenheiros e arquitetos, escritórios e empresas de projetos, revistas especializadas, participação em eventos do setor da construção civil, entre outras estratégias, levando e fazendo conhecer novos produtos e alternativas como as refletidas no Guia de Madeiras Alternativas para a Construção Civil, Guia de Compras Responsáveis, lista de produtores com rastreabilidade e todo o cabedal de conhecimento gerado pelo Programa Madeira É Legal, desde a sua implementação, é primordial para a mudança de percepção da madeira de inimigo da Amazônia a material construtivo sustentável, que gera emprego e renda na região amazônica e de baixa emissão. Porém, o uso da madeira como material básico da construção civil e movelaria tem diminuído significativamente nos últimos tempos, e as entidades signatárias do Programa Madeira é Legal intuem que as causas que estão levando a essa retração de mercado vão desde um processo burocrático desanimador até a competição por preço com a ilegalidade e a falsa legalidade, passando pelo descompasso entre a ponta da produção e a do consumo, bem como sobre a demanda por determinadas espécies em detrimento de outras com índices técnicos similares, entre outras causas. Soma-se a isso a falta de normatização do produto e a pecha de ser a atividade responsável pelo desmatamento e destruição da floresta amazônica. A tese proposta é que esse conjunto de motivos levou os principais consumidores finais a substituir a madeira por materiais mais acessíveis, simples de obter e com preço competitivo. A madeira certificada também encontra dificuldade de mercado e consequente substituição, nem tanto pela visão do impacto sobre a floresta, mas por dificuldades da competição por preço, bem como desconhecimento da oferta. Dessa forma, é fundamental criar um movimento que leve a sociedade a mudar a sua forma de olhar para a madeira, que é um produto que garante a floresta, vem de uma indústria de baixa emissão de gases do efeito estufa e promove a economia regional, bem como a manutenção de milhares de empregos diretamente ligados à manutenção florestal. Para isso, é fundamental que o empirismo seja substituído por dados concretos e os próximos passos nessa direção sejam dados de forma segura. Assim, em uma ação conjunta entre WWF Brasil e AsBEA, no âmbito do Programa Madeira É Legal, visando entender como têm trabalhado os arquitetos com relação ao uso, implementação e especificação de madeira nos projetos de arquitetura, foi elaborada esta pesquisa. Ao compreender melhor o processo de especificação da madeira, é possível detectar as carências encontradas e ao mesmo tempo orientar sobre os trabalhos que estão disponíveis para auxiliar no processo, bem como mostrar que o uso de madeira bem especificada incentiva a produção legal do produto e evita o desmatamento das florestas. O questionário teve como objetivo entender como é feita a especificação de madeira nos projetos de arquitetura nas suas diferentes aplicações: Estrutural – quando a estrutura ou parte dela usa esse material. Acabamentos – quando é usada para revestimentos em geral, como piso, parede, teto, bancada e outros. Esquadrias – internas e externas para portas e janelas. Mobiliário – quando é usada em móveis e peças de decoração. O resultado da sistematização desse questionário nos deu importantes pistas para reconduzir os trabalhos da Campanha Madeira na Rua, que tem como objetivo mudar a imagem da madeira e criar novas formas de comércio da madeira e novos produtos que viabilizem a cadeia produtiva da madeira como um todo e da madeira responsável em especial. Questionário O questionário ESPECIFICAÇÃO DE MADEIRA NOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA foi estruturado em uma plataforma digital e respondido on-line pelos escritórios de arquitetura de maneira voluntária. O universo foi de 28 empresas com sede em São Paulo, que responderam ao questionário estruturado a partir de escolhas fechadas e complementação por questões abertas. Assim, o produto final apresentado aos escritórios foi o seguinte: APRESENTAÇÃO Empresa: Nome: Atuação: Numero Funcionários: Estimativa de projetos (m² de projetos por ano – 2013 e 2014): INTRODUÇÃO Você especifica madeira para quais usos? Estrutural / Acabamento / Esquadrias / Mobiliário MADEIRA PARA ESTRUTURA Em qual tipologia de edificação? Residencial Unifamiliar / Residencial Multifamiliar Horizontal / Residencial Multifamiliar Vertical / Corporativo / Serviço / Institucional Qual elemento estrutural? Pilares e Vigas / Pilares / Vigas / Cobertura / Pérgola / Outros:_______ Qual tipo de madeira normalmente especifica? _____________ Tem apoio de consultoria? Se sim fornecer nomes. Sim / Não Consultor: ___________ Especifica o fornecedor? Se sim fornecer nomes. Sim / Não Fornecedor: ___________ Numere de 1 a 5 (sendo 5 a menos importante e 1 a mais importante) os critérios que usa para escolher o tipo de madeira? Custo / Disponibilidade / Durabilidade / Estética / Segurança Especifica o tratamento? Se sim qual (descrever) Sim / Não Tratamento: ___________ MADEIRA PARA ACABAMENTO Em qual tipologia de edificação? Residencial Unifamiliar / Residencial Multifamiliar Horizontal / Residencial Multifamiliar Vertical / Corporativo / Serviço / Institucional Qual tipo de acabamento? Piso / Parede / Forro / Brises / Bancada / Guarda-Corpo / Corrimão / Outros:_______ Qual tipo de madeira normalmente especifica? _____________ Tem apoio de consultoria? Se sim fornecer nomes. Sim / Não Consultor: ___________ Especifica o fornecedor? Se sim fornecer nomes. Sim / Não Fornecedor: ___________ Numere de 1 a 5 (sendo 5 a menos importante e 1 a mais importante) os critérios que usa para escolher o tipo de madeira? Custo / Disponibilidade / Durabilidade / Estética / Segurança Especifica o tratamento? Se sim qual (descrever) Sim / Não Tratamento: ___________ MADEIRA PARA ESQUADRIAS Em qual tipologia de edificação? Residencial Unifamiliar / Residencial Multifamiliar Horizontal / Residencial Multifamiliar Vertical / Corporativo / Serviço / Institucional Qual tipo de esquadria? Janelas Externas / Janelas Internas / Portas Externas / Portas Internas / Portão / Outros:_______ Qual tipo de madeira normalmente especifica? _____________ Tem apoio de consultoria? Se sim fornecer nomes. Sim / Não Consultor: ___________ Especifica o fornecedor? Se sim fornecer nomes. Sim / Não Fornecedor: ___________ Numere de 1 a 5 (sendo 5 a menos importante e 1 a mais importante) os critérios que usa para escolher o tipo de madeira? Custo / Disponibilidade / Durabilidade / Estética / Segurança Especifica o tratamento? Se sim qual (descrever) Sim / Não Tratamento: ___________ MADEIRA PARA MOBILIÁRIO Em qual tipologia de edificação? Residencial Unifamiliar / Residencial Multifamiliar Horizontal / Residencial Multifamiliar Vertical / Corporativo / Serviço / Institucional Qual tipo de mobiliário? Banco / Mesa, Aparador e Criado Mudo / Cadeira / Painel / Cama / Cabeceira / Objetos de decoração / Outros:_______ Qual tipo de madeira normalmente especifica? _____________ Tem apoio de consultoria? Se sim fornecer nomes. Sim / Não Consultor: ___________ Especifica o fornecedor? Se sim fornecer nomes. Sim / Não Fornecedor: ___________ Numere de 1 a 5 (sendo 5 a menos importante e 1 a mais importante) os critérios que usa para escolher o tipo de madeira? Custo / Disponibilidade / Durabilidade / Estética / Segurança Especifica o tratamento? Se sim qual (descrever) Sim / Não Tratamento: ___________ CONSIDERAÇÕES GERAIS Sente dificuldade de especificar? Se sim exemplifique? Sim / Não Exemplifique: ___________ Tem todas as informações que necessita para especificar? Sim / Não Exemplifique: ___________ Sente resistência dos clientes para o uso de madeira? Sim / Não Explique: ___________ Propõe o uso de madeira ou recebe orientação seguindo padrão do cliente? Propõe - Usos: _____ (se sim descrever usos) / Recebe orientação - Usos: _____ (se sim descrever usos) Teve algum problema com aplicação da madeira (em qualquer uma das utilizações)? Sim / Não Explique: ___________ Ao fazer a especificação opta com maior frequência por espécies plantadas (espécies de reflorestamento) ou madeira nativa? Plantada / Nativa Exige documentos que garantem a origem da madeira plantada (espécies de reflorestamento)? Se sim qual? Sim / Não Documentos: ___________ Exige documentos que garantem a origem da madeira nativa? Se sim qual? Sim / Não Documentos: ___________ Ao fazer a especificação opta por madeira certificada? Se sim qual? Sim / Não Exemplifique: ___________ Conhece programas que tratam de uso da madeira? Sim / Não Exemplifique: ___________ Conhece publicações que tratem do uso da madeira? Sim / Não Exemplifique: ___________ O que acha que falta para incentivar o uso de madeira em projetos? ____________ Espaço aberto para considerações e sugestões: _____________________________ Resultados Caracterização dos Participantes Estimativa em m² de projetos por ano Número de funcionários 11% entre 0 e 5 4% 30% 11 a 20 18% até 100m² 6 a 10 19% 39% 4% 8% 21 a 50 22% 15% 51 a 100 mais de 100 15% 15% entre 101 e 1.000 m² entre1.001 e 10.000 m² entre 10.001 e 50.000 m² entre 50.001 e 100.000 m² acima de 100.000 m² Os escritórios participantes caracterizam-se por terem, na sua maioria, no máximo 20 funcionários, 67%, sendo que 30% deles são escritórios menores, com até 5 funcionários.. São escritórios com estimativas anuais de projetos na sua maioria, 58%, acima de 50.000 m² por ano, que especificam prioritariamente acabamento, com 43% das respostas. Caracterização dos Participantes Especifica para quais usos? 17% 17% Esquadrias Acabamento 23% Mobiliário 43% Estrutura Esquadrias, estrutura e mobiliário são especificações mais ou menos equivalentes em porcentagem de resposta. Especificações Madeira para Estrutura Tipologia de Edificação Residencial Unifamiliar Residencial Multifamiliar horizontal 13% 29% 13% Corporativo Residencial multifamiliar vertical 10% 16% 19% Serviço Institucional 29% dos escritórios que responderam ao questionário especificam para edificação residencial unifamiliar. Porém, edificações residenciais multifamiliares horizontais e edificações corporativas representam significativos 25% das citações. É importante destacar que os escritórios trabalham com mais de uma tipologia. Pilares, vigas e pérgola são os elementos estruturais mais citados pelos participantes, com 91% das citações. Piso, pela disponibilidade no mercado e pelo potencial industrial nas áreas de produção, apareceu apenas em 3% dos casos como elemento estrutural especificado. Madeira para Estrutura Elemento Estrutural Pilares e Vigas 3% 3% 3% 35% 32% Cobertura Pérgola 24% Pisos Tipo de Madeira Normalmente Especificada sem difinição diversos itaúba laminados de… depende da função e… certificada e tratada pinus peroba sarrafos de pinho… cumaru teca garapeira eucalipto 0 2 4 6 8 10 Os escritórios envolvidos, na maioria dos casos, especificam eucalipto tratado ou peças coladas. Se incluirmos pinus e teca, teremos uma predominância de espécies plantadas nas especificações As nativas que aparecem são poucas em citações e espécies, limitadas à itaúba, garapeira, cumaru e peroba. Respostas genéricas, como sem definição, diversos e depende da função, também surgem esporadicamente. É interessante que 75% dos participantes afirmaram valer-se de consultoria para especificação de madeira estrutural. Considerando que 6 em 9 escritórios utilizam o serviço da Ita Construtora, referência em estruturas de eucalipto, identifica-se a concentração dessa espécie nas especificações desse grupo. Madeira para Estrutura Apoio de Consultoria Importância para Especificação 8 1 5 25% 9 1 6 9 1 9 9 2 4 7 2 7 sim não 75% importância baixa para especificação importância média para especificação importância alta para especificação Quando avaliamos as respostas referentes à importância das variáveis custo, disponibilidade, durabilidade, estética e segurança para o grupo de escritórios que trabalham com estruturas de madeira, percebemos que as maiores distâncias entre importância alta e baixa são estética, com a maior diferença, custo e disponibilidade com a mesma distância, significativa. Surpreendentemente, durabilidade e segurança têm exatamente o mesmo comprimento de respostas para alta e baixa importância para especificação. Madeira para Estrutura Especifica o Tratamento? sim 44% 56% não Mais da metade dos escritórios especifica o tratamento que a madeira estrutural deve receber, sendo o tratamento anticupim a especificação mais citada. Madeira para Acabamento Tipologia do Imóvel Residencial Unifamiliar 16% Residencial Multifamiliar horizontal 19% Corporativo 10% 10% 16% 29% Residencial multifamiliar vertical Serviço Institucional 29% dos escritórios que responderam ao questionário especificam para corporativas, sendo a significativa maioria desse grupo. Porém, edificações residenciais multifamiliares verticais e edificações institucionais e residenciais unifamiliares representam significativos 51% das citações. É importante destacar que os escritórios trabalham com mais de uma tipologia. Pisos são os acabamentos mais lembrados quando o tema é especificação com madeira e representam 22% das respostas, o que contrasta com o número da caracterização dos escritórios, que indicava uma participação baixa desse acabamento nas operações das empresas. Parede e forro, somados, representam 32% das citações. Madeira para Acabamento Tipo de Acabamento Piso Parede 10%1% 9% 2% 22% 14% 10% 16% 16% Tipos de Madeira Especificadas PAU-FERRO Forro NOGUEIRA Brise EUCALIPTO Bancada MDF Lambris MADEIRAS DE LEI ESPECÍFICAS Corrimão Guarda corpo Marcenaria em geral 1 1 MADEIRA DE DEMOLIÇÃO 3 1 1 1 1 2 1 3 2 CEDRO 3 2 2 FREIJO CUMARÚ 3 0 1 2 7 4 3 4 5 6 7 Percebe-se uma variabilidade um pouco maior quando comparado com as madeiras estruturais, porém a baixa diversidade continua acentuada e espécies plantadas continuam na preferência dos especificadores, com o freijó em destaque. 8 Madeira para Acabamento Consultoria para Especificação 20% sim não 80% É interessante que 80% dos participantes afirmaram não se valer de consultoria para especificação de madeira para acabamento. Os 20% restantes se apoiam em dois consultores que foram lembrados. Ao contrário, 67% especificam o fornecedor de madeira para acabamento, que são empresas renomadas no mercado Madeira para Acabamento Importância para a Especificação Especifica Fornecedor sim 33% 67% 5 3 6 13 3 8 14 2 8 14 3 9 não Especifica o Tratamento 12 sim 38% 62% importância alta para especificação importância mediana para especificação importância baixa para especificação Quando avaliamos as diferenças das distâncias das respostas referentes à importância para especificação, percebemos que a segurança foi unanimidade entre os pesquisados. Disponibilidade, durabilidade e estética mantiveram uma distância favorável à alta importância para especificação. O quesito custo apresentou uma equidade na distância entre as respostas, o que chega a ser surpreendente. Esse grupo especifica mais sobre o tratamento do que o grupo de estruturas, com foco nos fungicidas, cupins e vernizes. não Madeira para Esquadria Tipologia de Edificação Residencial Unifamiliar Residencial Multifamiliar horizontal 11% 9% 37% 14% 9% Corporativo Residencial multifamiliar vertical 20% Serviço Institucional 37% dos escritórios que responderam ao questionário especificam prioritariamente para edificações residenciais unifamiliares, sendo a significativa maioria desse grupo quando comparado às demais tipologias. Porém, edificações residenciais multifamiliares horizontais e verticais somadas representam significativos 31% das citações. É importante destacar que os escritórios trabalham com mais de uma tipologia. Portas externas e internas, bem como janelas internas, são as esquadrias mais lembradas quando o tema é especificação com madeira e representam 75% das respostas, o que confirma a sensação geral de comércio de madeira para esquadrias. Madeira para Esquadria Tipo de Madeira Especificada Tipo de Esquadria 12%2% 11% Portas Internas 29% Janelas Externas, Janelas internas 25% 21% 4% Portas Externas Portão 4% 4% 4% 17% 8% 4% 9% Revestimento 17% 17% 8% As esquadrias são o principal item de utilização da madeira nativa quando o assunto é especificação de madeira, segundo as respostas obtidas. Cedro, cumaru e freijó lideram a lista de espécies utilizadas para esse fim. Portas prontas Itaúba Ipê Cedro Angelim Não especifica 4% Cumarú Freijo Massaranduba Pinhos Jatobá Madeiras de lei específicas Madeira para Esquadria Apoio de Consultoria É interessante que, assim como em relação às madeiras para acabamento, 80% dos participantes afirmaram não se valer de consultoria para especificação de madeira para acabamento. 20% sim Os 20% restantes se apoiam em dois consultores que foram lembrados. não 80% Importância para a Especificação 4 4 4 6 8 7 9 0 8 8 0 8 5 4 8 Avaliando a diferença das distâncias entre as respostas referentes à importância para especificação de determinados critérios, diferentemente dos outros tipos, na especificação para esquadria o intervalo referente à importância mediana surge com importância quando o foco é custo, disponibilidade e segurança. Surpreendentemente, a importância baixa para especificação no quesito custo se destacou, da mesma forma que segurança. importância para especificação alta importância para especificação mediana importância para especificação baixa Estética e durabilidade, apesar de serem equilibradas em distância de resposta, são os maiores valores para importância alta para especificação. Madeira para Esquadria Especifica o Tratamento 31% sim não 69% 69% dos que responderam especificam o tratamento das esquadrias, com destaque para os vernizes. Madeira para Mobiliário Tipo de Mobiliário Tipologia de Edificação Residencial Unifamiliar 11% 9% 37% 14% 9% Residencial Multifamiliar horizontal Corporativo 20% Residencial multifamiliar vertical mobiliário corporativo marcenaria em geral objetos de decoração cama cabeceira bancadas painel cadeira criado mudo aparador mesa banco 0 2 4 6 8 10 12 29% dos escritórios que responderam ao questionário especificam prioritariamente para edificações corporativas, sendo a significativa maioria desse grupo quando comparado às demais tipologias. Porém, a equidade de respostas sobre as outras tipologias tornam esse um ponto de atenção quando tratamos de cadeia da madeira. É importante destacar que os escritórios trabalham com mais de uma tipologia. 14 16 Madeira para Mobiliário Tipo de Mobiliário Tipo de Madeira Especificada mobiliário corporativo marcenaria em geral objetos de decoração cama cabeceira bancadas painel cadeira criado mudo aparador mesa banco 12 10 8 6 4 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 cumaru cedro garapeira freijó e… perobinha do… peroba rosa nogueira carvalho madeira de… pinus eucalipto jatobá ipe tauarí teca mapple itauba canela variadas 2 Seguindo a tendência atual para esse tipo de especificação, o cumaru é a madeira mais especificada. A madeira de demolição segue a tendência e aparece bem lembrada, juntamente com o freijó. Apesar de um número maior de espécies lembradas, percebemos uma pulverização muito grande, que não aponta para mudança nesse quadro atual de preferência. Madeira para Mobiliário Especifica o Fornecedor Apoio de Consultoria 25% sim 29% não não 75% 75% das respostas indicam que os escritórios não procuram consultoria para especificar mobiliário e os que fazem valem-se dos fornecedores. sim 71% 71% dos participantes alegam que não especificam o fornecedor, deixando ao contratante a opção pela compra. A minoria orienta a fornecedores de confiança. Madeira para Mobiliário IMPORTÂNCIA PARA ESPECIFICAÇÃO nivel importancia baixo nivel de importancia mediano 9 7 9 4 6 0 5 5 9 nível de importancia alto 9 9 3 5 6 4 Avaliando a diferença das distâncias entre as respostas referentes à importância para especificação de determinados critérios, na especificação para movelaria o intervalo referente à importância mediana surge com importância quando o foco é disponibilidade. Dessa vez, o intervalo referente ao nível de importância alto foi significativo em todos os aspectos avaliados, com exceção da disponibilidade. Durabilidade apresenta um aspecto interessante de ter ou não ter importância na especificação, sem meio termo. Bonitos, duráveis, seguros e baratos são a preferência em relação aos móveis especificados. Considerações Finais Dificuldade para Especificar Dos especificadores participantes, 57% sentem algum tipo de dificuldade para especificar madeira em seus projetos. Sente Dificuldade para Especificar sim 43% 57% não Fundamentalmente, os custos, manutenção e durabilidade são os pontos de resistência à especificação, seja a partir do especificador, seja a partir do cliente. Esses últimos, em especial, são lembrados pela percepção de que o produto dura pouco e necessita de muita manutenção. Além disso, porcelanatos, alumínios, vinílicos e outros materiais produzidos com “aspecto amadeirado” acabam sempre sendo sugeridos pelo cliente e podem substituir a madeira com melhor custo-benefício. O tratamento necessário é um ponto lembrado como perigoso para a saúde dos envolvidos. A madeira é um produto que não tem conformidade, o que dificulta a padronização das peças, somado a um complexo processo de fornecimento. A manutenção é sempre uma preocupação que causa resistência tanto de especificadores quanto dos clientes, pois o produto reflete uma imagem de pouca durabilidade para estruturas e, portanto, custos maiores e maior frequência de manutenção. Dificuldade para Especificar De todos os participantes, 71% consideram que não têm todas as informações necessárias para especificar madeira ou ampliar o horizonte desse tipo de especificação. Tem Todas as Informações para Especificar 29% sim não 71% Segundo os comentários postados, podemos separar as limitações em dois grandes grupos: falta de informação técnica e falta de informação de mercado. No primeiro caso, foi observada a falta de manuais e/ou listagens e/ou sites ou ainda sessões técnicas no ambiente de trabalho que deem suporte aos aspectos como uso, durabilidade, trabalhabilidade, aplicações recomendadas, detalhes de referência e tratamentos específicos. Essas informações possibilitam, por exemplo, definir o dimensionamento em vista da resistência da espécie a ser utilizada, ou seja, falta informação detalhada sobre as características técnicas em relação aos usos. No caso das informações de mercado, a pouca clareza na forma como as informações sobre a madeira são veiculadas, com destaque para a disponibilidade, custos e procedência, foi o principal destaque. A necessidade de alguma forma para acessar os fornecedores com informações sobre a origem e procedência da madeira, bem como as tipologias disponíveis em cada fornecedor, é bastante destacada. Acesso a informações rápidas de disponibilidade, custo, custo comparativo é fundamental para a tomada de decisão no momento da especificação. Dificuldade para Especificar Os clientes dos escritórios participantes são resistentes ao uso da madeira em 61% das respostas, destacando, por um lado, que os custos comparados com outros sistemas estruturais, como alvenaria e ferro ou de acabamento, como porcelanatos, alumínios, vinílicos e outros materiais produzidos com “aspecto amadeirado”, acabam mostrando um custo-benefício melhor que a madeira propriamente dita. Resistência do Cliente para Uso de Madeira 39% 61% sim não Por outro lado, os clientes resistem à especificação em função da imagem comparativa da durabilidade das peças de madeira em relação a outros processos construtivos, indicando que o custo e a frequência da manutenção serão maiores no caso da madeira. Como os produtos de madeira não apresentam dados de conformidade para uso em construção disponibilizados facilmente, fica difícil de apresentar essa alternativa aos clientes. Finalmente, a complexidade do fornecimento de madeiras nativas para qualquer uso, bem como o desconhecimento dos documentos necessários e certificados, quando é o caso, impedem os clientes de solicitar especificação de madeira, sendo que uma solução apresentada é uma maior disponibilidade de madeiras de reflorestamento, mais uniformes e sem tanta complexidade no fornecimento. Dificuldade para Especificar Percebe-se que a distribuição das respostas é exatamente igual, com metade tendo e metade não tendo problemas com a aplicação. Pelo perfil das respostas, isso está intimamente ligado ao fato de o escritório utilizar madeira plantada ou nativa, sendo essa segunda a fonte maior de problemas. Problemas na Aplicação da Madeira 50% 50% sim não Podemos separar esses problemas recorrentes em alguns grupos para facilitar a análise, começando pela qualidade. A qualidade baixa do produto entregue reflete-se em afirmações como “madeira verde”, “trincas”, “patologia”, “piso não seco” ocasionando “empenamento”, “delaminações” e “rompimento estrutural”. Na maioria dos casos, o problema veio de uma má condução de todo o processo de beneficiamento e/ou de instalação. Além disso, a falta de padrão do produto complica em muito a especificação e induz a erros de projeto. Outro aspecto que merece uma avaliação agrupada diz respeito à manutenção, muito ligada à questão da falta de informação sobre as diferentes madeiras. A falta de informação leva a defeitos de manutenção que comprometem principalmente a aparência do produto entregue ou os tratamentos específicos para pragas como, por exemplo, cupins. Alguns escritórios destacam a frequência de manutenção, remoção de auburno e enxerto em peças estruturais, além da estabilidade de estrutura MLC. Dificuldade para Especificar Concluindo, há falta de informação sobre as características das madeiras, cuja diversidade e especificidade . Temos dificuldade em especificar qual melhor madeira para um uso determinado, bem como a falta de padronização do produto implica dúvidas e insegurança na especificação de madeiras nativas. Essas madeiras, aliás, apresentam, segundo os respondentes, uma variedade muito pequena de espécies comerciais, limitando o uso e disseminação do uso. Além disso, a falta de informação técnica deixa os especificadores à mercê de poucos fornecedores, que apresentam as características do material sem praticidade, cujo custo inviabiliza a especificação. Soma-se a isso a insegurança sobre a origem e legalidade da madeira, bem como a confusão entre madeira legal e certificada e seus documentos comprobatórios. Essas respostas estão condizentes com o gráfico abaixo, que retrata as respostas referentes ao uso de madeira nativa ou plantada. Dificuldade para Especificar Plantadas x Nativas 32% plantadas nativas 68% Sobre a questão da exigência de documentação de origem das madeiras plantadas, o gráfico a seguir mostra que a imensa maioria não tem essa preocupação, deixando para os fornecedores a responsabilidade de apresentar essa documentação. Somente os especificadores que trabalham com madeira certificada solicitam o certificado FSC para conferência. Houve afirmações da exigência do DOF, documento não exigido para transporte de plantadas, cujo aparecimento entre as respostas destaca a necessidade de informação sobre essa documentação. Dificuldade para Especificar Exige Documentos de Origem de Madeira Plantada 36% 64% Exige Documentos de Origem de Madeira Nativa 32% sim não sim não 68% Merece destaque por parte desse estudo a alta porcentagem de especificadores que não exigem os documentos de origem da madeira nativa, esse sim obrigatório e que pode se transformar em um problema no futuro. Todos os que afirmam exigir essa documentação citam o obrigatório DOF e o opcional Certificado FSC. Resta saber se os procedimentos de legalidade, como homologação de pátio, por exemplo, são seguidos como exige a lei. O uso da madeira, aliás, é um assunto marginal na realidade dos especificadores, pois a grande maioria deles não conhece nenhuma iniciativa ou programa que trate dessa questão. Dificuldade para Especificar Conhece Programas que Tratem do Uso da Madeira 25% sim não 75% Somente 25% deles responderam conhecer o Programa Madeira é Legal e houve uma citação isolada do FSC. Essa situação é semelhante aos que responderam sobre o conhecimento de publicações a esse respeito. Conforme o gráfico a seguir, somente 29% conhecem essas publicações, com destaque para a publicações “Madeira, uso sustentável na construção civil” (IPT); Aquisição responsável de madeira na construção civil - Guia prático para as construtoras” (SindusCon/WWF); “Habitação Sustentável” (Cadernos de Educação Sustentável - Governo do Estado de SP); “Construindo cidades verdes - Manual de políticas públicas para construções sustentáveis” (ICLEI). Dificuldade para Especificar Falta de Incentivo ao Uso Conhece Publicações que Tratem do Uso da Madeira 4 CUSTOS COMPETITIVOS 3 NORMATIZAÇÃO 2 CONSCIENTIZAÇÃO 29% 71% sim não INOVAÇÃO TECNOLÓGICA COM… 1 7 APOIO E DIVULGAÇÃO… 3 INOVAÇÃO TÉCNICA COM… 2 DIVULGAÇÃO DE PROJETOS 12 CAPACITAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE… 0 2 4 6 8 10 12 14 A questão final trata da impressão que esses especificadores têm do que falta para incentivar o uso de madeira na construção civil. Apenas como ilustração, agregamos as respostas em núcleos de informação e capacitação e divulgação de informações técnicas e apoio e divulgação comercial são os aspectos que mais necessitam iniciativas de apoio para alavancar o uso de madeira, seja nativa de boa origem e certificada, seja nativa responsável ou certificada. Além disso, ações que tornem o preço do produto mais competitivo, inovações tecnológicas que apresentem soluções aos problemas relacionados à especificação e já relacionados neste trabalho e a urgência por normatização têm um significativo espaço na agenda de trabalho. Uma demanda interessante foi a criação de espaços de intercâmbio e discussão como forma de troca de experiências, tecnologia e debates sobre o tema. Dificuldade para Especificar Dessa forma, promover a divulgação com atualização frequente das espécies disponíveis e suas qualidades, como o trabalho do IPT, que é acessível, mas pouco divulgado, é uma demanda prioritária, pois disponibiliza informações técnicas que facilitam muito a especificação. Divulgar a experiência dos projetos mais qualificados tanto no Brasil como no exterior, destacando que no Canadá são construídos edifícios de até quatro pavimentos de madeira e todos aceitam muito bem, ou seja, ajudar o cliente a mudar a cultura construtiva. Essa mudança deve percolar toda a cadeia produtiva da madeira, desde os consultores até os fornecedores, garantindo conscientização e assegurando o uso adequado. Uma forma de contribuir com essa mudança é criar um demonstrativo claro de que o ciclo de vida de sua produção e utilização apresenta bom custo-benefício ambiental. Para isso, as questões legais e ambientais da produção e comercialização da madeira devem ser amplamente divulgadas. Uma situação vital é a estabilização da oferta, refletida em todas as afirmações da necessidade e importância da disponibilidade do produto e qualidade nessa disponibilidade. O mercado exige soluções integradas de tratamento, fornecimento e normatização de formatos e dimensões, além de mão de obra treinada. Essa situação ajuda na criação de condições técnicas e econômicas, ou seja, disponibilidade e custo. O investimento em formação acadêmica e capacitação profissional é o ponto de partida para uma nova geração voltada à utilização da madeira. Especificamente sobre as madeira plantadas, o grupo entrevistado sugere um aumento do uso de peças de madeiras não nativas e aprimoramento do uso industrializado de pinho e eucalipto. Dificuldade para Especificar Da mesma forma que nas nativas, as plantadas também exigem maior informação sobre madeiras disponíveis e maior disponibilidade de madeiras, bem como uma maior variedade de madeiras de reflorestamento, ampliando o leque de opções, além de apoio técnico e comercial e desenvolvimento de novas opções para aplicações em superfícies diversas. Concluindo, um dos participantes resume a resposta da seguinte forma: “Falta muita coisa, menos madeira.” 1. Falta controle tecnológico e industrialização da madeira para que ela tenha qualidade e custo compatíveis. 2. Falta conhecimento sobre como usar a madeira, assim como componentes auxiliares para estruturar e montar. 3. Faltam indústrias equipadas com maquinário de ponta em toda a cadeia, fornecendo produto industrializado de madeira de qualidade. 4. Falta classificação da madeira na sua extração, assim como normatizações nacionais para madeiras laminadas coladas, entre outros componentes estruturais. 5. Faltam projetos de grande porte em madeira, assim como equipamentos e espaços públicos, para que o material seja visto como algo durável e seguro. Obrigado